CASA DE EURÍPEDES NO MUNDO MAIOR
Quando o sr. Edem recebeu em
Uberaba, pelo lápis mediúnico de Chico Xavier, a 16 de junho de 1984,
afetuosa carta de sua progenitora, D. Noêmia Natal Borges, prima de
Eurípedes Barsanulfo, não esperava que, juntamente com notícias mais ligadas
ao seu reduto familiar, ela trouxesse amplo noticiário da grande família
“euripidiana” já domiciliada no Plano Espiritual.
De fato, além dos
consangüíneos, existe imensa família de corações, encarnada e desencarnada,
gravitando em torno do missionário sacramentano que se doou à Humanidade,
num apostolado de amor dos mais expressivos. Pois, em suas múltiplas
funções: de destacado homem público, como jornalista e vereador; de emérito
professor, com inovações pedagógicas avançadas para a época, aplicadas no
Colégio Allan Kardec, que ele fundou em 1907; e de dedicadíssimo espírita,
atuante em várias áreas, como orador, doutrinador e especialmente médium,
dotado de várias faculdades, destacadamente a de cura
¾
ele soube exemplificar a fé viva, o trabalho perseverante e a caridade sem
limitações.
E bem sabemos, suas
atividades no Mais Além continuam, invariáveis, desde a sua desencarnação,
em 1918.
Não é de estranhar,
portanto, que a “Casa de Eurípedes”, localizada no Mundo Maior, conforme
descrição da mensagem que transcreveremos a seguir, seja uma imensa
instituição, “de extensão difícil de ser mostrada com frases terrestres”,
refletindo, naturalmente, a extensão de recursos espirituais que irradiam
desse tão querido servidor de cristo:
Meu querido Edem,
Deus nos abençoe.
Agradeço a sua bondade
filial, tendo a obtenção de notícias minhas.
Continuo melhorando, com
calma e fé viva em Deus. A morte ou a separação do corpo pesado, quando se
tem a consciência tranqüila é semelhante ao entardecer, sem nuvens.
Sabia, de antemão, que
não precisava temer visões terrificantes e nem dificuldades sem recursos
para transpô-las. A prece foi para mim uma luz e uma bênção.
De certo, o coração
materno parecia rebentado pelas saudades, que começavam a invadir as minhas
forcas. Ainda assim, as saudades não conseguiram destruir a minha paz e
consegui dormir no grande sono, agradecendo a Deus sem lamentações a vida
simples de mãe que eu tivera.
Os filhos eram a minha
riqueza, o tesouro íntimo que eu transportaria comigo para a existência
nova. Os braços vigorosos de parentes e amigos me sustentaram, para que o
magnetismo do corpo inerme não me influenciasse com apelos inúteis e pude
repousar realmente, procurando embora identificar aqueles rostos amigos que
me sorriam.
Notei instintivamente que
não me cabia esforçar-me em demasia e deixei-me conduzir pelas afeições
queridas que me acolhiam com tanto amor. Creio que se não fosse a bênção do
sono reparador de que me vi beneficiada, não teria forças para me afastar da
família que morava e continua morando em meu coração.
Gastei alguns dias,
segundo imagino, para acordar, de todo, com bastante lucidez e fui informada
de que estava admitida à Casa de Eurípedes, onde cada coração dispõe de
espaço suficiente para aprender e renovar-se. Ali reencontrei a querida vovó
Meca, o pai Manoel, a Eulice, a Mariquinhas, o Homilton, e quanta gente, meu
Deus, que me lembrava o tempo em que perguntava pelos desencarnados queridos
sem resposta.
Não sei como descrever a
moradia de nosso querido Eurípedes, porque numa extensão difícil de ser
mostrada com frases terrestres, ali se dividem o Lar, a Escola, o Hospital,
o Recinto da Oração e os Parlatórios para diálogos entre os residentes e os
visitantes à procura de orientações, incluindo os amigos ainda encarnados
que chegam até nós em transitório desdobramento para receberem instruções
que conseguem guardar de memória, quando despertam no mundo, como intuições
e lembranças que muitos consideram fantasia.
Ali, numa união fraterna
em que se entrelaçam os nossos melhores sentimentos, estavam Amália
Ferreira, Maria da Cruz, Maria Duarte, Sinhazinha Cunha, e outras muitas
companheiras de ideal e trabalho, cuja companhia nos facilita o aprendizado
do amor verdadeiro.
Dentre os mais novos
companheiros recém-chegados, destaco a Corina, em preparativos para novas
atividades na benemerência do ensino; o Ismael, do Alcides, comprazendo-se
em acompanhar a mãezinha e a esposa, os filhos e descendentes com o amor que
lhe conhecemos; o Jerônimo, sempre atraído para as boas obras de Palmelo; a
Edalides, ainda presa a São Carlos: e muitos outros amigos do bem que,
unidos, nos inspiram a felicidade de crer no amor fraterno e no trabalho sem
qualquer idéia de recompensa.
Como observa, estou a me
renovar, porquanto, não mais confinada ao círculo doméstico, posso retornar
aos meus ideais de natureza superior, na procura de conhecimentos novos.
Isso não me faz esquecida do afeto e do carinho familiar. A nossa querida
Sílvia Regina e os netos Fabiano, Fabíola e Edem Junior, para eu referir
unicamente ao seu lado, estão em meu íntimo como sempre.
Meu filho, continue
acreditando na eficácia do bem e não admita o mal em suas cogitações de
homem correto.
Não devo alongar-me. Por
isso mesmo, por seu intermédio, deixo a todos os que nos fazem familiares e
amigos as minhas muitas lembranças, pedindo ao seu carinho receber o carinho
imenso da sua mamãe
Noêmia.
Noêmia Natal Borges.
Identificações
1-
Edem
¾
Edem Araújo Borges, farmacêutico, residente na Praça Comendador Quintino,
31, em Uberaba, Minas.
2-
Vovó Meca
¾
Meca era o apelido familiar de Jerônima Pereira de Almeida (Sacramento, MG,
11/10/1859 – 29/1/1952), mãe de Eurípedes Barsanulfo. Na verdade, tia de
Noêmia, mas nos últimos tempos de sua vida física era chamada por quase
todos, carinhosamente, de vovó Meda.
3-
Pai
Manoel
¾
Trata-se, provavelmente, do Dr. Manoel Soares, grande colaborador do Grupo
Espírita Esperança e Caridade, de Sacramento, como médium receitista e
psicofônico. Sete meses após sua desencarnação ocorrida em Sacramento, a
19/11/1937, enviou bela carta ao seu filho Labieno, pelo médium Xavier, em
Pedro Leopoldo, MG, a qual integra o livro enxugando Lágrimas
(F.C.Xavier, Espíritos Diversos, Elias Barbosa, IDE,Cap.9.)
4-
Eulice
¾
Eulice Dillan, irmã de Eurípedes, desencarnada em 1928.
5-
Mariquinhas
¾
irmã de Eurípedes, desencarnada em 1971.
6-
Homilton
¾
Jornalista, poeta, professor e orador, Homilton Wilson foi um dos mais
destacados irmãos de Eurípedes. Espírita dinâmico, muito colaborou com o
Grupo Espírita Esperança e Caridade e com o Colégio Allan Kardec, do qual
foi diretor e professor. Desencarnou no Rio de Janeiro, em 1971.
7-
Amália
Ferreira
¾
Amália Ferreira de Mello (Sacramento, MG, 1888-1963) foi devotada secretária
de Barsanulfo por muitos anos e co-fundadora do Lar de Eurípedes. É um dos
autores espirituais do livro Reencontros (F.C.Xavier, Espíritos
Diversos, H.M.C. Arantes, IDE, Cap. 13 e 14).
8-
Maria da
Cruz
¾
Dedicada seareira, foi pioneira da Campanha do Quilo em Sacramento e
co-fundadora do Lar de Eurípedes. Desencarnada em 1965. biografada no
Anuário Espírita 1975, p.109.
9-
Maria
Duarte
¾
Mais conhecida por D. Cota, foi contemporânea de Barsanulfo.
10-
Sinhazinha Cunha
¾
Eurídice Cunha, mais conhecida por Sinhazinha, irmã de Eurípedes,
desencarnada em 1963.
11-
Corina
¾
Professora, jornalista e escritora, Corina Novelino (1912-1980) sempre
revelou grandes virtudes que caracterizam um espírito missionário.
Co-fundadora e diretora do Lar de Eurípedes, também dirigiu, por longos
anos, o Colégio Allan Kardec, de Sacramento. Em 1957, psicografou o livro
Escuta, Meu filho, de Aura Celeste, e, em 1978, terminou o seu grande
trabalho de pesquisa: Eurípedes
¾
o Homem e a Missão
(Ed. IDE), obra fartamente documentada e ilustrada. Foi biografada no
Anuário Espírita 1981 e em Grandes Vultos do Espiritismo (Paulo
A. Godoy, FEESP, S.Paulo, SP).
12-
Ismael,
do Alcides
¾
Ismael Vilela, filho do casal Elith Irani Vilela (irmã de Barsanulfo) e
Alcides Vilela.
13-
Jerônimo
¾
Jerônimo Cândido Gomide, mais conhecido por Jerônimo Candinho (1888-1981),
foi aluno e discípulo de Eurípedes. Fundou em Goiás, a cidade espírita de
Palmelo, que concentra suas atividades em torno de várias obras
assistenciais e culturais, especialmente os trabalhos de cura do Centro
Espírita Luz da Verdade (Anuário Espírita 1983, p. 189.)
14-
Edalides,
ainda presa a São Carlos
¾
Edalides Milan de Rezende, virtuosa irmã de Barsanulfo, desencarnou em São
Carlos, SP, a 03/3/1984, três meses antes do recebimento dessa carta. (Anuário
Espírita 1985, p. 143.)
15-
Silvia
Regina
¾
Esposa de Edem Araújo Borges. Fabiano, Fabíola e Edem Junior são os filhos
do casal.
16-
Noêmia
Natal Borges
¾
(03-11-1907/18-9-1982). Filha de Olímpio Cassimiro de Araújo (irmão de
Hermógenes Ernesto de Araújo, “Vô Mogico”, progenitor de Barsanulfo) e
Cassimira Maria de Jesus. Desencarnada, aos 74 anos, deixou viúvo Manoel
Borges de Oliveira. Seu filho Edem prestou-nos o seguinte depoimento, em
carta de 21/6/86: “No momento em que recebi a carta mediúnica de Mamãe
Noêmia, me senti bastante sensibilizado. Ela foi uma pessoa muito
compreensiva, conformada e humilde, dedicando toda sua existência ao
próximo, principalmente aos familiares, fazendo jus ao lugar que ocupa na
Espiritualidade. Dentro dos recursos de que era possuidora, sempre se
dedicou profundamente ao Espiritismo.”
Livro
“Vozes da Outra Margem” - Psicografia Francisco C. Xavier - Espíritos
Diversos
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