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quinta-feira, 11 de abril de 2013

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 93

 
 
Podes observar o fruto de uma árvore, o mais simples que seja: o seu líquido, a essência ou, se assim podemos o chamar, o néctar, sempre se encontra protegido por vários corpos, para que possa cumprir o seu dever de nutrir homens e animais, insetos e aves. Verifiquemos o mel das abelhas, alimento salutar, fortificante incomparável para ., os homens, como vem sendo ele guardado pelas operárias de um apiário: é revestido por muitos processos, que os próprios homens não aprenderam ainda, por serem todos naturais, sem nenhuma perda da substância alimentícia e medicamentos. O Espírito propriamente dito não foge a essa lei: se reveste de muitos corpos e destitui-se dos mesmos quando deles não precisa mais. Enquanto cresce, vai-se desvencilhando das roupagens, que são sempre grosseiras, e tornando-se livre, na liberdade de Deus, Nosso Pai e Criador.
O perispírito, para o Espírito, ainda é uma veste grosseira, no entanto, para os homens, além de ser invisível é, uma substância delicada, com um poder ideoplástico extraordinário, obediente à vontade da alma que o usa como veste temporária. Ele se unifica em tomo do Espírito por uma lei de atração criada pela chama divina que o sustenta e dirige, até quando lhe aprouver. Tem muitas funções, uma das quais é ser intermediário entre o corpo de carne e a alma. Por meio dele, o mundo físico é vitalizado, mantendo a coesão molecular, como a própria vida instintiva dos órgãos. Ainda existem outros pormenores que, com o passar dos tempos serão descobertos. Só temos a dizer que o perispírito é uma grande maravilha para os Espíritos ainda em condições materiais.

Comentários de Miramez  psicografado por João Nunes Maia

Conhecendo o Livro O Céu e o Infernos " Suicidas" parte 6

LUÍS E A PESPONTADEIRA DE BOTINAS

Havia sete para oito meses que Luís G..., oficial sapateiro, namorava uma jovem, Victorine R..., com a qual em breve deveria casar-se, já tendo mesmo corrido os proclamas do casamento.
Neste pé as coisas, consideravam-se quase definitivamente ligados e, como medida econômica, diariamente vinha o sapateiro almoçar e jantar em casa da noiva.
Um dia, ao jantar, sobreveio uma controvérsia a propósito de qualquer futilidade, e, obstinando-se os dois nas opiniões, foram as coisas ao ponto de Luís abandonar a mesa, protestando não mais voltar.
Apesar disso, no dia seguinte velo pedir perdão. A noite é boa conselheira, como se sabe, mas a moça, prejulgando talvez pela cena da véspera o que poderia acontecer quando não mais a tempo de remediar o mal, recusou-se à reconciliação. Nem protestos, nem lágrimas, nem desesperos puderam demovê-la. Muitos dias ainda se passaram, esperando Luís que a sua amada fosse mais razoável, até que resolveu fazer uma última tentativa: - Chegando a casa da moça, bateu de modo a ser reconhecido, mas a porta permaneceu fechada, recusaram abrir-lha. Novas súplicas do repelido, novos protestos, não ecoaram no coração da sua pretendida. "Adeus, pois, cruel! - exclamou o pobre moço - adeus para sempre. Trata de procurar um marido que te estime tanto como eu." Ao mesmo tempo a moça ouvia um gemido abafado e logo após o baque como que de um corpo escorregando pela porta. Pelo silêncio que se seguiu, a moça julgou que Luís se assentara à soleira da porta, e protestou a si mesma não sair enquanto ele ali se conservasse.
Decorrido um quarto de hora é que um locatário, passando pela calçada e levando luz, soltou um grito de espanto e pediu socorro.
Depressa acorre a vizinhança, e Victorine, abrindo então a porta, deu um grito de horror, reconhecendo estendido sobre o lajedo, pálido, inanimado, o seu noivo. Cada qual se apressou em socorrê-lo, mas para logo se percebeu que tudo seria inútil, visto como ele deixara de existir. O desgraçado moço enterrara uma faca na região do coração, e o ferro ficara-lhe cravado na ferida.
(Sociedade Espírita de Paris, agosto de 1858)
1. - Ao Espírito S. Luís. - A moça, causadora involuntária do suicídio, tem responsabilidade? - R. Sim, porque o não amava.
2. - Então para prevenir a desgraça deveria desposá-lo a despeito da repugnância que lhe causava? - R. Ela procurava uma ocasião de descartar-se, e assim fez em começo da ligação o que viria a fazer mais tarde.
3. - Neste caso, a sua responsabilidade decorre de haver alimentado sentimentos dos quais não participava e que deram em resultado o suicídio do moço? - R. Sim, exatamente.
4. - Mas então essa responsabilidade deve ser proporcional à falta, e não tão grande como se consciente e voluntariamente houvesse provocado o suicídio... - R. É evidente.
5. - E o suicídio de Luís tem desculpa pelo desvario que lhe acarretou a obstinação de Victorine? - R. Sim, pois o suicídio oriundo do amor é menos criminoso aos olhos de Deus, do que o suicídio de quem procura libertar-se da vida por motivos de covardia.
Ao Espírito Luís G..., evocado mais tarde, foram feitas as seguintes perguntas:
1. - Que julgais da ação que praticastes? - R. Victorine era uma ingrata, e eu fiz mal em suicidar-me por sua causa, pois ela não o merecia.
2. - Então não vos amava? - R. Não. A princípio iludia-se, mas a desavença que tivemos abriu-lhe os olhos, e ela até se deu por feliz achando um pretexto para se desembaraçar de mim.
3. - E o vosso amor por ela era sincero? - R. Paixão somente, creia; pois se o amor fosse puro eu me teria poupado de lhe causar um desgosto.( grifo do blog)
4. - E se acaso ela adivinhasse a vossa intenção persistiria na sua recusa? - R. Não sei, penso mesmo que não, porque ela não é má. Mas, ainda assim, não seria feliz, e melhor foi para ela que as coisas se passassem de tal forma.
5. - Batendo-lhe à porta, tínheis já a idéia de vos matar, caso se desse a recusa? - R. Não, em tal não pensava, porque também não contava com a sua obstinação. Foi somente à vista desta que perdi a razão.
6. - Parece que não deplorais o suicídio senão pelo fato de Victorine o não merecer... E realmente o vosso único pesar? - R. Neste momento, sim; estou ainda perturbado, afigura-se-me estar ainda à porta, conquanto também experimente outra sensação que não posso definir.
7. - Chegareis a compreendê-la mais tarde? - R. Sim, quando estiver livre desta perturbação. Fiz mal, deveria resignar-me... Fui fraco e sofro as conseqüências da minha fraqueza. A paixão cega o homem a ponto de praticar loucuras, e infelizmente ele só o compreende bastante tarde.(grifo do blog)
8. - Dizeis que tendes um desgosto... qual é? - R. Fiz mal em abreviar a vida. Não deveria fazê-lo. Era preferível tudo suportar a morrer antes do tempo. Sou portanto infeliz; sofro, e é sempre ela que me faz sofrer, a ingrata. Parece-me estar sempre à sua porta, mas... não falemos nem pensemos mais nisso, que me incomoda muito. Adeus.
    Nota - Por isso se vê ainda uma nova confirmação da justiça que preside à distribuição das penas, conforme o grau de responsabilidade dos culpados É à moça, neste caso, que cabe a maior responsabilidade, por haver entretido em Luís, por brincadeira, um amor que não sentia. Quanto ao moço, este já é de sobejo punido pelo sofrimento que lhe perdura, mas a sua pena é leve, porquanto apenas cedeu a um movimento irrefletido em momento de exaltação, que não à fria premeditação dos suicidas que buscam subtrair-se às provações da vida.

CORNÉLIO, O GENTIO

CORNÉLIO, O GENTIO

"E lembrei-me do dito do Senhor: João certamente batizou com água;
mas vós sereis batizados com o Espírito Santo." (Atos, 11:16)
O Centurião Cornélio vivia na cidade de Cesaréia, onde praticava a caridade sob várias formas, vivendo assim os edificantes ensinamentos de Jesus Cristo.
Entretanto, ele era gentio, qualificativo que os antigos judeus davam a todos os estrangeiros, o que aliás impedia que ele viesse a receber os ensinamentos que os apóstolos de Jesus estavam disseminando.
Os Espíritos do Senhor, encarregados do processo de implantação do Cristianismo na Terra, viram-se na impossibilidade de levar a Cornélio qualquer espécie de esclarecimento sobre a Boa Nova, pois os apóstolos se abstinham de quaisquer contatos com povos que esposavam idéias politeístas, não tolerando, como conseqüência, a idéia de levarem a palavra dos Evangelhos aos membros da chamada gentilidade.
Entretanto, Cornélio estava preparado para assimilar esses ensinamentos e as palavras de Jesus deveriam ser levadas ao seu conhecimento.
Nessa altura dos acontecimentos, os Espíritos do Senhor acharam a fórmula mais adequada, para que o nobre Centurião tomasse contato com as verdades da nova revelação. Quando Cornélio fazia sua oração a Deus, manifestou-se diante dele um Espírito que lhe recomendou enviar alguns mensageiros à cidade de Jope, a fim de convocar Simão Pedro para vir instruí-lo no tocante aos ensinamentos cristãos.
Entrementes, Simão Pedro estava irredutível em sua posição de apenas revelar os preceitos do Cristo às ovelhas desgarradas da Casa de Israel, fechando a porta a qualquer entendimento ou contato com estrangeiros, os quais, de um modo geral, eram vistos como autênticos idólatras e réprobos.
Objetivando preparar Pedro para receber os emissários de Cornélio, os Espíritos do Senhor tiveram que produzir convincente e majestosa manifestação espiritual, aproveitando um momento de repouso do antigo pescador da Galiléia.
Um vaso, como se fora grande lençol suspenso pelas quatro pontas desceu até Pedro. O apóstolo, olhando dentro dele, viu enorme quantidade de animais da Terra: quadrúpedes, répteis e aves. Nisso uma voz retumbante se fez ouvir: Levanta-te, Pedro, mata e come.
No entanto, Pedro, vendo ali toda sorte de bichos, retrucou:
De modo algum, Senhor, pois jamais comi coisa alguma comum e imunda!
Os Espíritos, porém, disseram-lhe: Não faças tu comum ou impuro aquilo que Deus criou.
E idêntico fenômeno repetiu-se por três vezes consecutivas, com as mesmas palavras, recolhendo-se enfim aos Céus o vaso em forma de lençol.
Levantando-se bruscamente, Pedro pôs-se a conjeturar sobre o significado daquela manifestação, quando foi avisado que ali estavam três homens procurando-o: Levanta-te, pois e desce, e vai com eles, não duvidando, porque eu os enviei. (Atos, 10:20).
O apóstolo havia compreendido afinal o significado da revelação: não deveria considerar ímpios ou imundos os gentios, criaturas de Deus iguais a ele. Cornélio era um gentio necessitado de esclarecimento.
No dia seguinte um grupo de pessoas, entre eles Simão Pedro, os três enviados de Cornélio e alguns confrades de Jope, demandaram a cidade de Cesaréia.
Ali chegando, Cornélio foi a seu encontro, acompanhado de parentes e amigos. Defrontando-se com Pedro, ajoelhou-se a seus pés, pretendendo adorá-lo, no que foi impedido pelo apóstolo com as seguintes palavras: Não faças isso, pois eu também sou homem. Vós bem sabeis que não é lícito a um judeu juntar-se ou chegar-se a estrangeiro; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.
O apóstolo Pedro revelou a Cornélio os ensinamentos do Cristo, entretanto, quando regressou a Jerusalém, foi acerbamente criticado pelos seus companheiros de apostolado, que diziam: Entraste em casa de varões incircuncisos e comeste com eles (Atos, 11:3), tendo-lhe sido árdua tarefa justificar-se perante a comunidade sobre o que havia feito, tendo mesmo que relembrar a seus companheiros o ensino de Jesus: João certamente batizou com água, mas vós sereis batizados com o Espírito, acrescentando ainda se Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?
A passagem evangélica acima enseja-nos conhecer o quanto estavam errados os cristãos de todos os tempos, principalmente os da idade medieval, os quais, em vez de enviarem os seus porta-vozes e mestres a fim de convencer pela palavra os chamados hereges, fomentaram cruzadas sanguinolentas e instituíram famigerados triibunais, tentando assim convencer os homens pela violência, impondo o direito da força, quando deveriam fazer prevalecer a força do direito.
Paulo A. Godoy
O Evangelho Pedi Licença

NEM NO MUNDO TODO

NEM NO MUNDO TODO
"Levantai os vossos olhos e vede as terras, que já estão brancas para a ceifa." (João 4:35)
Encerrando o seu Evangelho, escreveu João Evangelista que muitas outras coisas Jesus fez e se cada uma das quais fosse escrita, nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem.
Trata-se evidentemente de uma afirmativa um tanto paradoxal e arrojada, sabendo-se da imensidão do nosso mundo. Demais é fora de qualquer cogitação pensar-se que por mais que o Mestre ensinasse ou fizesse, tudo isso não caberia no vasto orbe onde vivemos.
Como nada daquilo que está contido nos Evangelhos deve ser perdido, e considerando-se que João não tivesse cometido mera divagação ao fazer uma afirmação dessa natureza, cumpre-nos procurar extrair das suas palavras um significado diferente, não abrangendo o mundo físico que nos serve de morada, mas o mundo interior do homem.
O Evangelho de Jesus é o Livro da Vida e, como tal, deve estar ao alcance de todos, para a solução de quaisquer problemas que assolam a criatura humana. Os ensinos do Mestre devem avassalar todo o mundo, devem preencher todos os vazios que existem, devem empolgar todos os corações.
A majestade dos ensinamentos contidos nas páginas dos Evangelhos é de tal magnitude que, à semelhança do ar que respiramos, deve penetrar os mais recônditos lugares do mundo.
Esses ensinos devem ser comportados pelo mundo interior dos homens, entretanto, muitos ainda têm os corações empedernidos, impermeáveis a qualquer sorte de ensinamento, tendo mesmo o Mestre, a seu tempo, declarado que muitos dos seus contemporâneos eram criaturas duras de cerviz e incircuncisas de coração.

Os homens demoram na assimilação dos ensinamentos evangélicos, porque isso equivale a entrar pela porta estreita, preconizada por Jesus Cristo em seu Evangelho, quando, na realidade, grande é o contingente de pessoas que porfiam em entrar pela porta larga. Os homens, em seu mundo interior, não se dão conta da necessidade de aproveitarem ao máximo os benefícios das reencarnações, principalmente quando gozam de saúde e desfrutam de bem-estar material. Nessas circunstâncias geralmente relegam para plano secundário o seu processo de reforma interior, caracterizado por Jesus Cristo como sendo a conquista do Reino dos Céus, que entendemos melhor quando dizemos ser nossa evolução espiritual e nossa caminhada rumo a Deus.
Portanto, o dizer de João que, se escrevessem tudo aquilo que Jesus Cristo fez, os livros não caberiam no mundo, equivale a dizer que o mundo interior do homem é tão diminuto, tão acanhado, que não consegue assimilar nem pequena parcela do que foi ensinado, que dirá se absorver tudo aquilo que está contido nos Evangelhos, e mais o que está nas entrelinhas dos ensinamentos exarados pelo Mestre Nazareno.
Paulo A. Godoy
O Evangelho Pedi Licença

DEFINIÇÃO PRECISA DA RESPONSABILIDADE PESSOAL

Continuação da Lição de Ezequiel

DEFINIÇÃO PRECISA DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Com essas considerações em mente, vamos, pois, ao exame do texto.
Segundo se infere, havia uma parábola entre os judeus que se convertera em provérbio, e que, aliás, continha uma inverdade, atribuindo a responsabilidade pelo pecado à alma do inocente e não à do pecador.
Vêm a seguir os exemplos. O homem bom (justo) poderá contar sem vacilações com o reconhecimento de sua bondade e retidão - ou seja, sua justiça, ou melhor ainda, sua justeza. Se, porém, seu filho for um mau elemento, responderá pelos seus próprios erros, isto é, "o seu sangue cairá sobre ele". Ele mesmo e não outrem.
Se, por sua vez, este filho mau tiver um filho bom e que, mesmo ante o exemplo maléfico do seu pai, proceder corretamente, o que sucederá? O pai não se livrará, por isso, dos seus erros, enquanto ele, o filho bom, terá o prêmio da sua bondade, nada tendo a responder pelas faltas do pai.
Há mais ainda: a culpa não é irremissível, imperdoável, eterna. Desde que o ímpio se corrija e se dedique à prática do bem, ficará recuperado. Na linguagem simbólica do texto, "nenhuma das suas transgressões que cometeu, será lembrada contra ele", Mas, atenção !, o prêmio continua merecido pela "justiça que praticou" ou seja, pelo bem que fez e não pelo mal que deixou de praticar.
Da mesma forma, aquele que sempre foi bom e, de repente, descamba para a prática do mal, é prontamente responsabilizado pelos erros que cometer. Ele próprio e não outra pessoa. Até mesmo o homem bom, que se voltar para a iniqüidade, responderá por ela como qualquer ímpio. O que antes fizera de bom não o isenta de tal responsabilidade, porque certifica nele a persistência de tendências más ainda não superadas.
A idéia básica de toda essa longa exposição, portanto, é a de que somos julgados segundo nossos atos: "Portanto, ó casa de Israel, vos julgarei cada um conforme os seus caminhos". Prestaram bem atenção? Cada um de acordo com os seus caminhos ou atos e não pelo que outros tenham feito. O que comeu a uva verde, esse mesmo é que terá seus dentes estragados, não os seus filhos ou netos.
Figuremos, porém, o caso mais comum daqueles que não tiveram o bom senso e a disposição de se utilizar das oportunidades de conversão à prática do bem. Seja porque se comprazem no erro, seja porque, depois do esforço sobre-humano para serem bons, recaíram na prática do mal ou, ainda, porque tenham praticado crime grave já nos últimos momentos da vida terrena, sem tempo de corrigirem-se. Que fazer dessas multidões de seres em falta?
Já vimos que Deus está disposto a esquecer os erros daquele que se regenera, desde que ele se confirme na prática do bem. Já vimos também que Deus não deseja a morte do pecador, ou seja, a sua condenação, mas que ele renuncie ao erro. E se Deus não o deseja, hão de ser colocados ao alcance do pecador todos os recursos de que ele necessitar para recuperar-se, deixando para sempre de pecar. Como, porém, entender tais oportunidades de recuperação no contexto de uma só vida na carne? Como poderia o Pai desejar que o pecador se salve sem proporcionar-lhe os meios para fazê-lo? Não há, pois, como sofismar ante o esquema básico que se resume a seguir:
• Cada um responde pelos seus erros e tem o mérito de suas virtudes.
• Não há sofrimento inocente, nem recompensa imerecida por herança, contágio, ou por procuração. A cada um segundo suas obras.
• As oportunidades de reajuste são proporcionadas a todos indistintamente.
• O processo evolutivo - uma condição cósmica - exige um mecanismo de reajuste moral que é precisamente o das vidas sucessivas.

Hermínio Miranda
Reencarnação na Bíblia

A LIÇÃO DE EZEQUIEL


Seria esta, porém, uma interpretação sofística(retóricas), artificiosa, forçada, arranjada a posteriori por aqueles que chegaram à certeza das vidas sucessivas? Negativo. Se alguém tem ainda alguma dúvida, há em Ezequiel todo um capítulo - o de número 18 - para definir e exemplificar com a maior nitidez e detalhamento o conceito da responsabilidade pessoal de cada um, destruindo o mito de que os filhos pagam pela iniqüidade dos pais.
Vamos transcrevê-lo na íntegra, para que não haja dúvidas, nem seja necessário buscá-lo alhures. 

Mais uma vez, recorro ao texto da American Bible Society.
- De novo veio a mim a palavra de Jeová, dizendo:
Que quereis vós dizer, usando na terra de Israel deste provérbio: Os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos estão embotados? Pela minha vida, diz o Senhor Jeová, não tereis mais ocasião de usardes deste provérbio em Israel. Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá. Porém, se um homem for justo, e fizer o que é equidade e justiça, e se não comer sobre os montes, nem levantar os seus olhos para os ídolos da casa de Israel, nem contaminar a mulher do seu próximo, nem se chegar à mulher na sua separação; se não oprimir a ninguém, porém tornar ao devedor o seu penhor, se não tirar nada do alheio por violência, se der do seu pão ao que tem fome e ao nu cobrir com vestido; se não der o seu dinheiro à usura, nem receber mais do que o que emprestou, se desviar a sua mão da iniqüidade, e fizer verdadeiro juízo entre homem e homem; se andar nos meus estatutos, e guardar os meus juízos, para proceder segundo a verdade; este tal é justo, certamente viverá, diz o Senhor Jeová. Se ele gerar um filho que se torne salteador, que derrame sangue e que faça a seu irmão qualquer destas coisas, e que não cumpra com nenhum destes deveres, porém, coma sobre os montes, e contamine a mulher do seu próximo, oprima o pobre e necessitado, tire de outro com violência, não devolva o penhor, e levante os seus olhos aos ídolos, cometa abominações, dê o seu dinheiro à usura, e receba mais do que emprestou: acaso viverá ele? Não viverá. Comete todas estas abominações; certamente morrerá, o seu sangue será sobre ele. Eis que se este por sua vez gerar um filho que, vendo todos os pecados cometidos por seu pai, tema e não faça coisas semelhantes, que não coma sobre os montes, nem levante os seus olhos aos ídolos da casa de Israel, que não contamine a mulher do seu próximo, nem oprima a pessoa alguma, que não empreste sobre penhores nem tire de outrem com violência, porém, dê o seu pão ao faminto, e ao nu cubra com vestido, que aparte do pobre a sua mão, que não receba usura nem mais do que emprestou, que execute os meus juízos, e ande nos meus estatutos; este não morrerá por causa da iniqüidade de seu pai, certamente viverá.
Quanto a seu pai, porque oprimiu cruelmente, tirou de seu irmão com violência, e fez o que não é bom entre o seu povo, eis que ele morrerá na sua iniqüidade. Contudo dizeis: Por que não leva o filho a iniqüidade do pai? Quando o filho fizer o que é de eqüidade e justiça, guardar todos os meus estatutos, e os cumprir, certamente viverá. A alma que peca, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade do pai nem o pai levará a iniqüidade do filho. A justiça do justo será sobre ele, e a impiedade do impio será sobre ele. Mas se o ímpio se converter de todos os seus pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é de eqüidade e justiça, certamente viverá, não morrerá. Nenhuma das suas transgressões que cometeu, será lembrada contra ele; na sua justiça que praticou viverá. Acaso tenho eu prazer com a morte do ímpio? diz o Senhor Jeová; não quero eu antes que se converta do seu caminho, e viva? Mas quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer iniqüidade, e fizer conforme todas as abominações que faz o ímpio, acaso viverá ele? Não será lembrado nenhum dos seus atos de justiça que praticou; na sua transgressão com que transgrediu, e no seu pecado com que pecou, neles morrerá. Contudo dizeis: O caminho do Senhor não é igual. Ouvi, pois, ó casa de Israel: Acaso não é igual o meu caminho? não são desiguais os vossos caminhos? Quando o justo se desviar da sua justiça, e cometer a iniqüidade, e nela morrer; na sua iniqüidade que cometeu morrerá. Outrossim, quando o ímpio se desviar da sua impiedade que cometeu, e fizer o que é de eqüidade e justiça, conservará este a sua alma em vida.
Porquanto considera e se desvia de todas as suas transgressões que cometeu, certamente viverá, não morrerá. Contudo diz a casa de Israel: O caminho do Senhor não é igual. Acaso não são iguais os meus caminhos, ó casa de Israel? Portanto vos julgarei, Ó casa de Israel, cada um conforme os seus caminhos, diz o Senhor Jeová. Convertei-vos, e desviai-vos de todas as vossas transgressões; assim a iniqüidade não vos será pedra de tropeço. Lançai de vós todas as vossas transgressões, com que transgredistes; e fazei-vos um coração novo e um espírito novo. Pois, por que morrereis, ó casa de Israel? Porquanto não tenho prazer na morte do que morre, diz o Senhor Jeová; portanto convertei-vos e vivei.

Continuação próxima publicação
Hermínio C. Miranda
Livro: Reencarnação na Bíblia

domingo, 7 de abril de 2013

EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO ..."A diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não...", "...A verdade não surge de fora como em geral se imagina: procede de nós mesmos. O reino de Deus (que é o da verdade) não se manifestará com expressões externas, por isso que o reino de Deus está dentro de vós. Educar é extrair do interior e não assimilar do exterior. É a verdade parcial, que está em nós, que se vai fundindo, gradativamente, com a verdade total que tudo abrange...."

EVOLUÇÃO E EDUCAÇÃO
Educar é tirar do interior.
Nada se pode tirar donde nada existe.
É possível desenvolver nossas potências anímicas, porque realmente elas existem no estado latente. A evolução resulta da involução. O que sobe da terra é o que desceu do céu.

A diferença entre o sábio e o ignorante, o justo e o ímpio, o bom e o mau, procede de serem uns educados, outros, não.
O sábio se tornou tal, exercitando com perseverança os seus poderes intelectuais. O justo alcançou santidade, cultivando com desvelo e carinho sua capacidade de sentir.
Foi de si próprios que eles desentranharam e desdobraram, pondo em evidência aquelas propriedades, de acordo com a sentença que o Divino Artífice insculpiu em suas obras: Crescei e, multiplicai.

A verdade não surge de fora como em geral se imagina: procede de nós mesmos.
O reino de Deus (que é o da verdade) não se manifestará com expressões externas, por isso que o reino de Deus está dentro de vós. Educar é extrair do interior e não assimilar do exterior.
É a verdade parcial, que está em nós, que se vai fundindo, gradativamente, com a verdade total que tudo abrange.
É a luz própria que bruxoleia em cada ser, que vai aumentando de intensidade, à medida que se aproxima do Foco Supremo, donde proveio.
É a vida de cada indivíduo que se aprofunda e se desdobra em possibilidades, quanto mais se identifica com a Fonte Perene da vida universal.
Eu vim a este mundo para terdes vida e vida em abundância.

O juízo que fazemos de tudo quanto os nossos sentidos apreendem no exterior está invariavelmente de acordo com as nossas condições interiores.
Vemos fora o reflexo do que temos dentro. Somos como a semente que traz seus poderes germinativos ocultos no âmago de si própria.
As influências externas servem apenas para despertá-los.
EDUCAR é envolver de dentro para fora, revelando, na forma perecível, a verdade, a luz e a vida imperecíveis e eternas, por isso que são as características de Deus, a cuja imagem e semelhança fomos criados.
Vinícius
Na Escola do Mestre

DEVER PATERNO ..."Educar é salvar. O Espiritismo é a religião da educação. Não há lugar para superstições, na trama urdida pelos postulados cristãos que o Espiritismo veio restaurar em toda a sua verdade...."


Duas verdades muito simples devem estar presentes na imaginação dos pais: de um saco vazio nada podemos tirar; de um terreno inculto, abandonado, nenhum bom grão podemos colher.

Estas duas asserções, banais em aparência, naturalmente servirão para lhes trazer à mente um fato de suma importância: a educação dos filhos.

Sim, se eles descurarem o cumprimento deste dever, chegará o dia em que debalde procurarão obter alguma coisa dos filhos. Estes lhe darão o que se pode tirar de um saco vazio ou aquilo que se pode colher de um terreno abandonado.

A autoridade paterna, elemento indispensável na orientação e direção da mocidade, não surge do vácuo nas ocasiões prementes das grandes necessidades, dos lances aflitivos em que ela é reclamada.
Se essa autoridade existe, apresenta-se, impõe-se, age, luta e consegue. Se não existe, é escusado apelar-se para ela, no paroxismo de qualquer aflição.
A autoridade paterna se desenvolve paulatinamente, como fruto da educação que os pais dão aos filhos, quando essa educação se funda na base sólida de exemplos dignos e elevados. Ela se desenvolve e frutifica como as plantas de valor.

Pretendê-las num dado momento, como façanha de prestidigitador, é ilusão que nenhum pai sensato deve alimentar.

Há exemplos, não contestados, de filhos bons e dignos, à revelia da influência doméstica, e outros que são maus, a despeito dos desvelos paternos; porém tais casos são exceções que não anulam a regra e, menos ainda, os deveres dos pais, no que concerne à formação do caráter de seus filhos.

Sabemos que nossos filhos são espíritos reencarnados, os quais semelhantemente ao vento, segundo disse Jesus ninguém sabe donde vêm.
É possível que sejam espíritos de sentimento e moral elevados; assim sendo, não nos darão maior trabalho: é a exceção. Caso contrário, como é de regra, trarão consigo defeitos, vícios e paixões, para cujo extermínio cumpre providenciarmos, empenhando todos os meios ao nosso alcance.
E isto se obtém, ministrando a educação cristã, firmada sobre os alicerces de exemplificações acordes com aquela doutrina.

Educar é salvar. O Espiritismo é a religião da educação. Não há lugar para superstições, na trama urdida pelos postulados cristãos que o Espiritismo veio restaurar em toda a sua verdade.

Eduquemo-nos, pois, e eduquemos nossos filhos. Um mau chefe de família nunca pode ser um bom espírita.

Vinícius

PELO AMOR E PELA DOR. ..."Não basta que uma nação haja acumulado milhões nas arcas do seu tesouro, dando ao seu povo conforto, bem estar e luxo. É necessário que se tenha em vista o padrão de vida geral, porque o mundo é uma unidade indivisível. Nunca se viu, no mesmo lar, filhos nababos ao lado de irmãos maltrapilhos e famintos. A Humanidade é a grande família de Deus, o Pai celestial que não distingue raças, nações, povos, credos, nem partidos"..

PELO AMOR E PELA DOR
"Não rogo somente por estes, mas por todos aqueles que crerem em mim por meio da tua palavra; a fim de que todos sejam um, e que, como tu, Pai, és em mim e eu em ti, também seja eles em nós...Eu lhes tenho dado a glória que tu me deste, para que sejam um, como nós somos um; eu neles e tu em mim, para que sejamos aperfeiçoados na unidade; e para que o mundo reconheça que tu me enviaste e que tu os amaste, como também amaste a mim". (Evangelho)
As palavras do insigne Condutor da Humanidade, acima transcritas, pronunciadas em forma de rogativa ao pai celestial, nas vésperas do seu sacrifício, são de palpitante atualidade, como, aliás, têm sido através de toda a era cristã. O característico inconfundível da verdade decorre do testemunho dos fatos que a corroboram em todas as emergências e conjunturas da vida.

Nesta época tumultuosa que ora o mundo atravessa, assinalada pelas mais cruenta, brutal e destruidora das guerras, envolvendo povos, nações, raças e continentes, que se entredevoram no paroxismo de uma luta de mútuo extermínio, — uma luz vai, pouco a pouco, surgindo da confusão e do caos reinantes. Essa luz, que emerge das trevas densas de um egoísmo feroz, destacando-se, qual longínqua estrela tremeluzente num céu carregado, de noite caliginosa, é a convicção a que os combatentes vão chegando de que o seus problemas jamais se resolverão pela força; de que é necessário enveredar por outro caminho, além daqueles até aqui palmilhados caminho esse nunca escolhido, por isso que julgado incapaz de conduzir ao porto e salvamento: a confraternização humana nos moldes do Cristianismo redivivo em espírito e verdade.
Os líderes das grandes nações aqueles cujos ombros pesam maiores responsabilidades, começam já a compreender que o mundo precisa ser renovado em seus fundamentos. O isolacionismo, como das ideologias que dimanam das três formas funestas de imperialismos - o político, religioso e o econômico — deve desaparecer do cenário terreno. A humanidade é uma só. Seus problemas, outrossim, são os mesmos; portanto, devem ser tratados e discutidos à luz meridiana, com o concurso de todos.

Nada de conchavos regionalistas, pactos e conluios secretos de um grupo de Estados contra outros grupos! A palavra internacional seja — sim, sim; não, não; pois tudo que vai além disto é de maligna procedência. Provado está, à saciedade, que o fermento da guerra se desenvolve no seio dos referidos imperalismos que, conjugados, constituem o fator daquela e de todas as demais calamidades que infelicitam a humanidade, tais como: o pauperismo, a desocupação, a enfermidade, a corrupção de costumes, o vício e o crime.

Não basta que uma nação haja acumulado milhões nas arcas do seu tesouro, dando ao seu povo conforto, bem estar e luxo. É necessário que se tenha em vista o padrão de vida geral, porque o mundo é uma unidade indivisível. Nunca se viu, no mesmo lar, filhos nababos ao lado de irmãos maltrapilhos e famintos. A Humanidade é a grande família de Deus, o Pai celestial que não distingue raças, nações, povos, credos, nem partidos.
Daí o apelo de Jesus: Não rogo somente por estes, isto é, por uma facção, mas também por todos os que crerem em mim, a fim de que todos sejam um, e que, como tu, Pai, és em mim e eu em ti, também sejam todos eles (os homens) em nós; para que assim o mundo creia que tu me enviaste.

O testemunho do Cristo, portanto, é a unidade. A confraternização dos povos será a prova provada do reino de Deus entre os homens. Até aqui, temos tido o inverso: o reino do demônio expresso no egoísmo desaçaimado, fomentando rivalidades, ciúmes, felonias, dolos e cobiças.

A Casa Grande, destacando-se na montanha, rodeada de míseros casebres de barro, perdeu o seu prestígio, disse, com muita propriedade, o eminente estadista americano Wendell Willkie. A interdependência em que se acham as nações é um fato, hoje, incontestável. Nenhuma delas, mesmo as que dispõem dos maiores recursos, pode viver isolada. O bastar-se a si mesmo é uma utopia que ninguém de bom senso leva a sério.
O mundo se tornou pequeno diante dos progressos de locomoção. Os mares não passam de simples lagos sobrevoados por aviões, pondo em contacto nações e continentes. O que se passa num quadrante do globo terráqueo é logo sabido e comentado em toda parte. Soou, pois, a hora da solidariedade.

Cumpre que se ponha, por acordo comum, as possibilidades e as oportunidades ao alcance de todos, indistintamente. Privilégios raciais, econômicos e religiosos; açambarcamentos, armamentismo, barreiras comerciais e diplomacias de raposa devem ser erradicados sem contemplação, como ervas daninhas e tóxicas, envenenadoras da humanidade.

Todos os homens são iguais, com idênticos direitos à liberdade de pensar e de agir, dentro das normas do respeito mútuo da fraternidade e da cooperação. Cumpre que se conduzam doravante como irmãos desejosos de se ajudar reciprocamente, e não mais como rivais que procuram combater-se e eliminar-se.

Só assim o mundo terá paz e os homens desfrutarão liberdade, vivendo a verdadeira vida humana em marcha para a vida eterna, que paira sobre as contingências do nascimento e da morte. Essa é a glória que tu me deste; para que todos os homens sejam um, como nós somos um. E o mundo, então, verá que tu me enviaste para isso, comprovando o teu amor à humanidade e a mim.
Os homens não quiseram atender ao Verbo Divino que se fez carne e habitou entre eles. Rejeitaram suas advertências prudentes e amoráveis, difundidas com carinho e afeto. Eis que hoje, esses mesmos homens - diante do ribombo dos canhões, do esfuziar das metralhadoras e do ronco sinistro dos aviões, a despejarem, das alturas bombas que dizimam cidades, espalhando a morte e ateando rubros incêndios- começam a entender o sentido profundo das velhas sentenças evangélicas:
"Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei. Buscai em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça; e tudo o mais vos será dado de graça e por acréscimo. Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra!"
Pelo amor e pela dor ! Esta acaba de lançar as bases sobre as quais, em breve, o amor construirá um mundo novo onde habite a justiça !
Vinícius
Na Escola do Mestre

O SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES

CAPÍTULO XXIV
O SERMÃO PROFÉTICO
O SERMÃO PROFÉTICO; O PRINCÍPIO DE DORES
1 - E tendo saído Jesus do templo, se ia retirando. E chegaram a ele os seus discípulos para lhe mostrarem a estrutura do templo.
2 - Mas ele, respondendo, lhes disse: Vedes tudo isto? Na verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra que não seja derribada.
As grandezas do mundo, por mais sólidas que aparentem ser, o tempo as destruirá. Civilizações milenárias desapareceram, cidades populosas se transformaram em pó, e monumentos gigantescos se desfizeram em casos. Tudo o que é matéria, ou que repousa em bases materiais, mais cedo ou mais tarde, terá de sofrer as transformações próprias da matéria. Tal não acontece com os bens espirituais. Os bens espirituais são indestrutíveis; constituem patrimônio da alma, a qual acompanham pela eternidade. Os bens materiais são instrumentos com os quais cada um de nós trabalhará para conseguir os bens espirituais. É por isso que Jesus não ensinou aos homens outra coisa, a não ser como conquistar os bens espirituais.
3 - E estando ele assentado no monte das Oliveiras, se chegaram a ele seus discípulos à puridade, perguntando-lhe:
Dize-nos, quando sucederão estas coisas? e que sinal haverá de tua vinda, e da consumação do século?
Com o afirmar-lhes que do templo não ficaria pedra sobre pedra, compreenderam os discípulos que Jesus lhes predizia uma grande transformação, que nosso planeta sofreria. E ávidos de saber, perguntam-lhe quando teriam lugar os acontecimentos. É a essa transformação que Jesus se refere neste capítulo, e cujos sinais precursores enumera à seus discípulos.
Sabemos que os mundos, de um modo geral, se dividem em cinco classes: primitivos, de expiação e de provas, de regeneração, felizes e divinos. Os mundos, como os indivíduos, também progridem, e de uma classe inferior passam para uma superior. A Terra já foi um mundo primitivo; pertence agora à classe dos mundos de provas e de expiações, e está prestes a passar para a classe dos mundos de regeneração. Todavia, a passagem de uma classe para outra não se opera sem profundos abalos, por vezes penosos, porque é necessário que se destrua tudo o que não for compatível com o grau de progresso que a Terra alcançou. As instituições retardatárias deverão desaparecer, e os indivíduos que não se enquadrarem na nova ordem das coisas, deverão desencarnar e deixar definitivamente o planeta. Eles irão encarnar-se em outros mundos, cujos ambientes estejam de acordo com o grau de desenvolvimento espiritual que já possuem, e onde recomeçarão o trabalho de aperfeiçoamento.
Agora, por alto, Jesus descreve os principais pontos pelos quais reconheceremos, que são chegados os tempos da prestação de contas. Por certo, não será de uma hora para outra que tudo acontecerá; porém, a transformação se processará, gradual e lentamente.
4 - E respondendo, Jesus lhes disse: Vede, não vos engane alguém.
Jesus recomenda vigilância e análise de tudo, a fim de que os que querem acompanhar a evolução da Terra, e prepararem-se para um mundo melhor, não se iludam pelas aparências, nem interpretem de um modo errôneo os ensinamentos recebidos.
5 - Porque virão muitos em meu nome, dizendo: Eu sou o Cristo; e enganarão a muitos.
Em sua marcha evolutiva, a humanidade se defrontará com numerosos problemas espirituais. Aparecem então os pretensos salvadores, que com teorias absurdas, posto que engenhosas, desviam o povo do reto caminho traçado por Jesus em seu Evangelho. Esses falsos Cristãos aparecem não só no terreno religioso, como também no terreno científico. Assim é que temos visto as religiões organizadas, encerradas em suas pompas e práticas exteriores ou no rigorismo da letra, não oferecerem a seus adeptos a compreensão exata das leis divinas entravando temporariamente o progresso espiritual deles. E a ciência, por meio de suas orgulhosas negações, contribuir para que o sombrio materialismo fechasse a porta do mundo espiritual a grande número de almas.
6 - Haveis pois de ouvir guerras e rumores de guerras. Olhai, não vos turbeis; porque importa que assim aconteça, mas não é este ainda o fim.
Para que a humanidade progrida não são necessárias as guerras. A evolução se processa gradativamente, sem provocar abalos, e sem produzir ruínas. Entretanto, como os homens não querem obedecer à lei do progresso, e se apegam em demasia às instituições e às idéias do passado, produzem-se os atritos, os quais incentivados pelo egoísmo humano, degeneram em conflitos, donde advém o caráter penoso das transições.
7 - Porque se levantará nação contra nação, e reino contra reino, e haverá pestilências, e fomes, e terremotos em diversos lugares.
A instituição da fraternidade universal é um dos mais belos aspectos da lei da evolução. As guerras, com seu sinistro cortejo de pestes e de fome, originam-se do fato de os homens não obedecerem à lei da fraternidade. E os terremotos parecem advertir aos homens da fragilidade das coisas terrenas.
8 - E todas estas coisas são princípios das dores.
9 - Então vos entregarão à tribulação, e vos matarão; e sereis aborrecidos de todas as gentes por causa do meu nome.
Realmente, depois da partida de Jesus acelera-se a decadência do Império Romano. Começa o longo período das guerras, que culminou na espantosa catástrofe a que acabamos de assistir. Os discípulos também sofrem cruéis perseguições; a princípio, por parte dos pagãos; depois, pelas religiões oficiais. E ainda hoje, os que procuram seguir os ensinamentos do Mestre, e pregar o Evangelho a seus irmãos, se não sofrem a perseguição física, não escapam à perseguição moral.
10 - E muitos serão escandalizados, e se entregarão de parte à parte, e se aborrecerão uns aos outros.
Os que ainda não desenvolveram dentro de si próprios a fé viva, e a vontade sincera de viverem de acordo com o Evangelho, ao primeiro embate das perseguições e das tentações do mundo, não resistirão, e abandonarão o caminho. Não nos esqueçamos de que a vida do verdadeiro cristão é uma luta incessante contra suas próprias imperfeições. Os pais cristão:, devem ensinar a seus filhos, desde muito cedo, a travarem essa luta. Quanto mais tarde essa luta contra as imperfeições for iniciada, tanto mais difícil será a vitória, por causa dos hábitos errôneos que se contraem. Por esse motivo, o Espiritismo proclama que não bastam afirmações doutrinárias, e exige de seus adeptos uma luta tenaz contra as inclinações inferiores, e prega a renúncia às comodidades, em benefício do próximo. Assim o Espiritismo é freqüentemente abandonado, o que não sucede com as religiões dogmátícas, as quais contam com maior número de adeptos, porque elas nada exigem, a não ser o preenchimento de fórmulas, em que nem o coração nem a inteligência tomam parte.
11 - E levantar-se-ão muitos falsos profetas, e enganarão a muitos.
Os falsos profetas pululam por toda a parte, e em todos os setores das atividades humanas, procurando sempre desviar as criaturas de Deus, e interpretando os mandamentos divinos segundo suas conveniências. Com a autoridade que adquiriram no campo científico, os falsos profetas da ciência pretendem negar as coisas espirituais. E os falsos profetas religiosos, sacerdotes de religiões formalísticas e materializadas, adaptando as leis divinas aos seus interesses, enganam os seus adeptos. No campo do Espiritismo também temos os falsos profetas, constituídos pelos médiuns interesseiros e ambiciosos, desviados de reto caminho, seduzidos pelo brilho das coisas terrenas e corrompidos pela moeda; vendem sua mediunidade, preferindo auferir com ela proveitos materiais e não espirituais.
12 - E porquanto multiplicar-se-á a iniqüidade, se resfríará a caridade de muitos.
13 - Mas o que perseverar até o fim, esse será salvo.
A fim de que cada um possa ser julgado por suas próprias obras, haverá plena liberdade e grandes facilidades, não só para a prática do bem, como para a prática do mal. E como a maioria se inclinará para a prática do mal, a iniqüidade se ostentará como que triunfante. E muitos, percebendo que o mal aumenta na face da terra, perderão a fé e renegarão o Evangelho do Mestre. Aqueles, todavia, que persistirem na fé e na fiel observância dos ensinamentos de Jesus, certos de que na ocasião oportuna o Senhor manifestará sua justiça serão salvos, isto é, terão o direito de viverem na terra regenerada, tranqüila e feliz.
14 - E será pregado este Evangelho do reino por todo o mundo, em testemunho a todas as gentes; e então chegará o fim.
E quando o Evangelho tiver sido pregado a todos os povos, de maneira que ninguém possa alegar ignorância, então Deus fará sua justiça. Parece-nos que já estamos vivendo esse tempo: qual é a parte do mundo em que ainda não penetrou o Evangelho? E o Espiritismo começou acelerar ainda mais a pregação do Evangelho pelo mundo todo. E as calamidades às quais estamos assistindo, provocando o desencarne violento de milhares de espíritos, como que estão separando os que devem ficar e os que devem partir.
O SERMÃO CONTINUA, A GRANDE TRIBULAÇÃO
15 - Quando vós pois virdes que a abominação da desolação que foi predita pelo profeta Daniel, está no lugar santo; o que lê entenda.
O lugar santo é aqui o símbolo das religiões organizadas do planeta, as quais se transformaram em instrumento de opressão dos povos.
A abominação da desolação significa os atos reprováveis cometidos pelos ministros dessas religiões, que se tornaram verdadeiros lobos, de pastores que deveriam ser.
As religiões que se entregam à abominação persistirão durante todo o tempo da transição. Surgindo o Espiritismo, preparador dos tempos novos, esta nova doutrina esclarecerá definitivamente a humanidade. E, uma vez esclarecida, a humanidade abandonará paulatinamente as religiões erradas, as quais desaparecerão da face da terra, cessando assim as abominações que se cometem à sombra dos altares.
16 - Então; os que se acham na Judéia, fujam para os montes.
17 - E o que se acha no telhado, não desça a levar coisa alguma de sua casa.
18 - E o que se acha no campo, não volte a tomar a sua túnica.
Nestes três versículos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia e fugir para os montes significa que se desejarmos ingressar no mundo novo, que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação da vida material, e voltarmos a um viver mais simples e mais espiritualizado. Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado, porqu~ ~:sse mundo que se inaugurará, novos problemas e no~as. ldel~s r:~s aguardam. Não voltar do campo para buscar a tumca, slgmhca devemos ser vigilantes, que quando
Nestes três versÍculos, Jesus fala simbolicamente. Sair da Judéia e fugir para os montes significa que se desejarmos inngressar no mundo novo, que será inaugurado, devemos abandonar a excessiva preocupação da vida material, e voltarmos, a um viver mais simples e mais espiritualizado. Não descer do telhado para levar coisa alguma de sua casa, significa que não devemos levar para o novo mundo as idéias do passado porque nesse mundo que se inaugurará, novos problemas e novas idéias nos aguardam. Não voltar do campo para buscar a túnica, significa que devemos ser vigilantes, para que quando os tempos novos chegarem, estejamos preparados; pois se não o estivermos, não haverá mais oportunidade para que nós nos preparemos.
19 - Mas ai das que estiverem pejadas, e das que criarem naqueles dias.
Tomando a infância como o símbolo da inocência, Jesus nos adverte de que, nos últimos tempos o desvairamento dos homens nos caminhos tenebrosos do mal, não pouparia sequer as criancinhas inocentes nem o sagrado estado das mães. Realmente, foi isso a que assistimos em nossos dias, quando as terríveis forças das trevas bombardeavam cidades, destruindo lares e maternidades.
20 - Rogai pois que não seja a vossa fuga em tempo inverno ou em dia de sábado.
Isto é, devemos orar e vigiar para que, quando tivermos de passar pelas duras provas, estejamos preparados para suportá-las cristãmente, tirando delas o máximo proveito para o burilamento de nossos espíritos. As provas, leves ou penosas são para todos, e não será pelo fato de estarmos estudando e começando a compreender o Evangelho, que ficaremos isento delas.
Em nossa fuga em dia de sábado ou em tempo de inverno, Jesus simboliza o chamado do Altíssimo, que pode dar-se quando menos os esperamos, ou em dias de adversidades.
Nos tempos antigos, principalmente na época de Jesus, em que não havia comodidades para as viagens, o inverno era a estação imprópria para empreendê-las. E o sábado, dado que toda nação hebraica o guardava, era um dia em que dificilmente alguém podia aparelhar-se para viajar. Por conseguinte, o viajor que não se aparelhasse de antemão, depararia com grandes dificuldades.
Assim, o indivíduo que descura do seu preparo espiritual, deixando-o para depois, poderá ser surpreendido na ocasião menos adequada para seu espírito e, além de perder a oportunidade, seu sofrimento será muito grande.
Aqui Jesus adverte também os médiuns de que não se descuidem de estarem sempre alertas para o bom desempenho de seu medianato. Jamais saberemos quando se apresentará a oportunidade de darmos o supremo testemunho de fé, de renúncia e de amor a Deus e ao próximo. Roguemos pois que sejam quais forem as circunstâncias com que nos defrontarmos, nunca recuemos no cumprimento de nossas tarefas mediúnicas, e do preparo de nossas almas.
21 - Porque será então a aflição tão grande, que, desde que há mundo até agora, não houve, nem haverá outra semelhante.
Dado que nos últimos tempos a humanidade passará pelas mais ásperas provas, para que o Altíssimo proceda à seleção dos espíritos, é muito natural que a aflição reinará em toda a face do planeta, provocada pelos próprios homens. Para que cada um tivesse mérito se fosse escolhido e não se queixasse se fosse repelido, os homens teriam plena liberdade de usar o seu livre-arbítrio como melhor entendessem.
22 - E se não se abreviassem aqueles dias, não se salvaria pessoa alguma; porém, abreviar-se-ão aqueles dias em atenção aos escolhidos.
As calamidades provocadas pela maldade dos homens serão tantas, que se não houver a intervenção da Providência Divina, nada será respeitado na terra. Mas, a Providência Divina estará vigilante, e no momento oportuno porá um paradeiro à loucura dos homens, para que não sejam tragados na voragem os espíritos a caminho da regeneração.
23 - Então, se alguém vos disser: Olhai, aqui está o Cristo, ou, ei-lo acolá; não lhe deis crédito.
24 - Porque se levantarão falsos cristos e falsos profetas, que farão grandes prodígios e maravilhas tais, que (se fora possível) até os escolhidos se enganariam.
2.5 - Vede que eu vo-lo adverti antes.
26 - Se pois vos disserem: Ei-lo lá está no deserto, não saiais; ei-lo cá no mais retirado da casa, não lhe deis crédito.
No meio da desordem geral, todos buscarão um recurso para se salvarem. E então aparecerão salvadores, cujo único intuito é tirarem proveito da situação. Os mais absurdos sistemas serão inventados para tirarem a humanidade do caos em que se precipitou. Todavia, os escolhidos, isto é, os espíritos evangelizados, não se enganarão, por uma razão muito simples: porque sabem que a salvação está no Evangelho, cujos preceitos deverão servir de base a toda reforma útil que se fizer nas instituições humanas. É evidente que os que se enganarem deverão queixar-se de si próprios, uma vez que o Evangelho aí está para adverti-los sobre o verdadeiro modo de viverem segundo a vontade divina.
Quanto à salvação, não virá personificada num homem. Mas sim, será o produto do esforço de todos os espíritos do bem, encarnados e desencarnados, para o completo triunfo do Evangelho.
27 - Porque do modo que um relâmpago sai do oriente, e se mostra até ao ocidente, assim há de ser também a vinda do Filho do homem.
28 - Em qualquer lugar onde estiver o corpo, aí se hão de ajuntar também as águias.
Aqui Jesus nos adverte de que sua vinda não se dará em determinado lugar. Com isto nos quer dizer que seus ensinamentos, depois de tanto tempo esquecidos, seriam novamente pregados à humanidade, em espírito e verdade.
E Jesus atualmente está entre os homens, por meio do Espiritismo, o qual prega o Evangelho e concita a todos a lutarem pela implantação do reino de Deus. Com a rapidez de um relâmpago, o Espiritismo se espalhou pelo mundo, despertando a atenção dos homens para o Cristianismo puro, tal qual o fundou Cristo e seus apóstolos.
O corpo é a doutrina de Jesus que, pregada pelo Espiritismo de um modo racional, conclama em torno de si as águias, isto é, os espíritos já esclarecidos e regenerados
O SERMÃO CONTINUA. A VINDA DO FILHO DO HOMEM
29 - E logo depois da aflição daqueles dias, escurecer-se-á, o sol, e a lua não dará a sua claridade, e as estrelas cairão do céu, e as virtudes do céu se comoverão.
30 - E então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu; e então todos os povos da terra chorarão, e verão ao Filho do homem, que virá sobre as nuvens do céu com grande poder e majestade.
31 - E enviará os seus anjos com trombetas e com grande voz, e ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, do mais remontado dos céus até às extremidades deles.
32 - Aprendei pois o que vos digo, por uma comparação tirada da figueira; quando os seus ramos estão já tenros, e as folhas têm brotado, sabeis que está perto o estio.
33 - Assim também, quando vós virdes tudo isto, sabeis que está perto às portas.
Estando os homens preocupados unicamente em salvaguardar seus interesses materiais, e completamente esquecidos do estudo e da observância das leis divinas, as trevas espirituais se tornarão espessas na face do planeta. Quando estas trevas espirituais se tornarem mais densas, de novo os homens verão brilhar nos céus o sinal salvador. Esse sinal já refulge nas sombras da terra, iluminando o caminho para os que choram na escuridão espiritual é o Espiritismo, o qual reafirma na terra o poder e a majestade de Jesus.
Estamos em plena fase evangelizadora; passada ela, proceder-se-á à seleção dos espíritos; os endurecidos no mal e rebeldes à lei divina, serão enviados a mundos inferiores, compatíveis com seus estados, onde reiniciarão o trabalho de aperfeiçoamento de suas almas; os em vias de regeneração poderão continuar no plano terrestre; e a Terra passará a ser um planeta de paz, ordem e espiritualidade.
Quando começarmos a perceber os sinais que Jesus aqui enumera, é porque estamos às portas das grandes transformações morais e materiais, que farão nosso planeta se colocar num plano superior na categoria dos mundos. Não aleguemos ignorância. Se bem analisarmos as condições em que se encontra a Terra atualmente, facilmente perceberemos que estamos vivendo os dias decisivos.
34 - "Na verdade vos digo, que não passará esta geração sem que se cumpram todas estas coisas.
Isto é, a geração que hoje escuta minhas palavras, estará encarnada na terra, quando tiverem lugar os acontecimentos que predigo.

35 - Passará o céu e a terra, mas não passarão as minhas palavras.
Sendo os ensinamentos de Jesus uma lei moral universal emanada de Deus, as coisas materiais poderão desaparecer, sem que suas palavras deixem de prevalecer para os espíritos.
Encerrando estes sombrios presságios, é oportuno transcrever aqui uma página de Emmanuel em seu livro "Há dois mil anos", em que este instrutor reproduz as palavras de Jesus, ditadas num ambiente espiritual, logo depois de sua partida da terra:
"Entre a Manjedoura e o Calvário, tracei para minhas ovelhas o eterno e luminoso caminho. .. O Evangelho floresce agora, como a seara imortal e inesgotável das bênçãos divinas. Não descansemos, contudo, meus amados, porque tempo virá na terra, em que todas as suas lições serão espezinhadas e esquecidas. .. Depois de longa era de sacrifícios para consolidar-se nas almas, a doutrina da redenção será chamada a esclarecer o governo transitório dos povos; mas o orgulho e a ambição, o despotismo e a crueldade, hão de reviver os abusos nefandos de sua liberdade. O culto antigo, com suas ruínas pomposas, buscará restaurar os templos abomináveis do bezerro de ouro. Os preconceitos religiosos, as castas clericais, os falsos sacerdotes, restabelecerão novamente o mercado das coisas sagradas, ofendendo o amor e a sabedoria de Nosso Pai, que acalma a onda minúscula no deserto do mar, como enxuga a mais recôndita lágrima da criatura, vertida no silêncio de suas orações, ou na dolorosa serenidade de sua amargura indizível! ... Soterrando o Evangelho na abominação dos lugares santos, os abusos religiosos não poderão, todavia, sepultar o clarão de minhas verdades, roubando-as ao coração dos homens de boa vontade. .. Quando se verificar o eclipse da evolução de meus ensinamentos, nem por isso deixarei de amar intensamente o rebanho de minhas ovelhas tresmalhadas. Das esferas de luz que dominam todos os círculos das atividades terrestres, caminharei com meus rebeldes tutelados, como outrora, entre os corações impiedosos e empedernidos de Israel, que escolhi um dia, para mensageiro das verdades divinas, entre as tribos desgarradas da imensa família humana ! Quando a escuridão se fizer mais profunda nos corações da terra, determinando todos os progressos humanos para o extermínio, para a miséria e Fé a morte, derramarei a minha luz sobre toda a carne, e todos os que vibrarem com o meu reino, e confiarem nas minhas promessas, ouvirão as nossas vozes e apelos santificadores ! Dentro das suaves revelações do Consolador, pela Sabedoria e pela Verdade, meu verbo se manifestará novamente no mundo, para as criaturas desnorteadas no caminho escabroso. Sim, amados meus, porque o dia chegará, no qual todas as mentiras humanas hão de ser confundidas pela claridade das revelações do céu. Um sopro poderoso de Verdade e Vida varrerá toda a terra, que pagará, então, à evolução de seus institutos, os mais pesados tributos de sofrimento e de sangue... Exausto de receber os fluidos venenosos da ignomínia e da iniqüidade de seus habitantes, o próprio planeta protestará contra a impenitência dos homens, rasgando as entranhas em dolorosos cataclismas. .. As impiedades terrestres formarão pesadas nuvens de dor, que rebentarão no instante oportuno, em tempestade de lágrimas na face escura da Terra. E, então, das claridades de minha misericórdia, contemplarei meu rebanho desditoso, e direi como os meus emissários: Oh, Jerusalém, Jerusalém! ... Mas, Nosso Pai, que é a sagrada expressão de todo o amor e sabedoria, não quer que se perca uma só de suas criaturas transviadas nas tenebrosas sendas da impiedade!. .. Trabalharemos com amor na oficina dos séculos porvindouros, reorganizaremos todos os elementos destruídos, examinaremos detidamente todas as ruínas, buscando o material passível de novo aproveitamento e, quando as instituições terrestres reajustarem sua vida na fraternidade e no bem, na paz e na justiça, depois da seleção natural dos espíritos, e dentro das convulsões renovadoras da vida, organizaremos para o mundo um novo ciclo evolutivo, consolidando, com as divinas verdades do Consolador, os progressos definitivos do homem espiritual."
O SERMÃO CONTINUA. EXORTAÇÃO A VIGILÂNCIA
36 - Mas daquele dia, nem daquela hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, senão só o Pai.
37 - E assim como foi nos dias de Noé, assim será também a vinda do Filho do homem.
38 - Porque assim como nos dias antes do dilúvio estavam comendo e bebendo, casando-se e dando-se em casamento, até ao dia em que Noé entrou na arca.
39 - E não o entenderam enquanto não veio o dilúvio, e os levou a todos, assim será também na vinda do Filho do Homem.
40 - Então, de dois que estiverem no campo, um será tomado, e outro será deixado.
41 - De duas mulheres que estiverem moendo em um moinho, uma será tomada e outra será deixada.
42 - Velai pois, porque não sabeis a que hora há de vir vosso Senhor.
43 - Mas sabeis que, se o pai de família soubesse a que hora hada de vir o ladrão, vigiaria, sem dúvida, e não deixaria minar a sua casa.
44 - Por isso estais vós também apercebidos; porque não sabeis em que hora tem de vir o Filho do homem.
Neste trecho Jesus nos recomenda a máxima vigilância.
Não deixemos para amanhã nossa reconciliação com as leis divinas. Amanhã, poderá ser muito tarde. Só Deus, Nosso Pai, sabe quando se dará a depuração do planeta, e quando cada um de seus filhos será chamado ao mundo espiritual. Por isso, é necessário que estejamos sempre preparados, para que possamos ser contados no número dos escolhidos. Sejamos trabalhadores previdentes, e não sigamos o exemplo dos que se entregam exclusivamente aos gozos e aos vícios e às mil e uma distrações que a matéria proporciona, esquecidos de cuidarem de suas almas, corrigindo suas imperfeições. Estes serão apanhados desprevenidos, de surpresa, e o despertar deles para s realidade que não quiseram ver, lhes será doloroso. Preparemo-nos, por conseguinte, o melhor que pudermos, sem perda de tempo, porque ao se aferirem os valores espirituais dos aprendizes do Evangelho, será aproveitado quem demonstrar boa aplicação das lições recebidas. A vigilância e o preparo devem ser contínuos, em virtude de ninguém saber quando soará sua hora.
A PARÁBOLA DOS DOIS SERVOS
45 - Quem crês que é o servo fiel e prudente, a quem seu senhor pôs sobre a sua família, para que lhes dê comer a tempo?
46 - Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor achar nisto ocupado quando vier.
47 - Na verdade vos digo que ele o constituirá administrador de todos os seus bens.
Há servos fiéis e servos infiéis. Jesus distingue as espécies, enumerando as boas qualidades de uma e as qualidades da outra.
O servo fiel a Deus é o que trata carinhosamente de seu progresso espiritual, sem se esquecer de ajudar a todos os seus irmãos, na medida de suas posses e de seu adiantamento espiritual. Se é bafejado pelos bens terrenos, transforma esses bens em fonte de benefícios. Se é possuidor de grande inteligência, coloca-a ao serviço de iluminação e de instrução de seus irmãos menos evoluídos. Sabendo que seu corpo e sua alma são patrimônios divinos, cuida carinhosamente do corpo, não deixando que ele se arruine pelos vícios, nem pelos desregramentos; cuida de sua alma, llvrando-a das imperfeições, das más paixões, do mal, e da ignorância, dedicando-se ao estudo e à prática das leis divinas. Como médium, faz da sua mediunidade um sacerdócio, usando-a amorosamente a favor de todos os que lhe batem às portas, sem jamais esperar um agradecimento, sequer.
Em quaisquer circunstâncias em que estejamos, lembremo-nos sempre de que somos servos do Senhor a cuidar do seu patrimônio. Temos uma alma e um corpo para zelar. Temos familiares, pais, mães, irmãs, esposa e filhos, pelos quais somos responsáveis. Enxameiam por toda a parte os sofredores aos quais devemos alívio, consolo e amparo; e também encontraremos, por toda a parte, ignorantes necessitados de luz.
No leito do sofrimento, à míngua de humano socorro, curtindo pacientemente nossas dores, ou no esplendor da saúde e dos bens materiais, sejamos servos fiéis de Deus, esforçando-nos por servi-lo. As oportunidades de servir a Deus não faltam a ninguém; mesmo os que estão atravessando dolorosos períodos de sofrimento, podem fazer de suas dores um meio de servir a Deus, dando a seus irmãos o exemplo da fé, da resignação, da paciência e da esperança.
48 - Mas se aquele servo, sendo mau, disser no seu coração: Meu senhor tarda em vir.
49 - E começar a maltratar os seus companheiros, e a comer e beber com os que se embriagam.
50 - Virá o senhor daquele servo no dia em que ele o não espera, e na hora em que ele não sabe.
51 - E removê-lo-á e porá a sua parte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes.
Vejamos agora as características do servo infiel. Há muitas maneiras de sermos servos infiéis; por isso, é preciso muito cuidado e atenção. Os que se entregam aos vícios, a hipocrisias, a maldades; os que se comprazem na ignorância, os que semeiam a descrença, os que murmuram e se revoltam contra a situação em que se encontram; os que pensam unicamente em si, esquecidos dos que os rodeiam; os que colocam a inteligência ao serviço do mal, os que usam da fortuna para estimularem seus apetites e paixões inferiores; os que pelo mau comportamento dão péssimo exemplo a seu próximo; os pregadores que somente pregam o Evangelho com os lábios, e vivem em desarmonia com o que pregam; os médiuns que usam de sua mediunidade para fins puramente materiais; todos esses são servos infiéis. A todos são concedidas oportunidades valiosas de serem servos fiéis; mas o excessivo apego às coisas da terra, despertando e alimentando o egoísmo no coração da maioria, transforma-os em servos infiéis, e maus.
Há outra espécie de servos infiéis, e são aqueles que fazem questão de-acumularem fortuna primeiro, e saciarem-se dos gozos que a matéria pode proporcionar, para depois cuidarem da alma. Esses agem levianamente, pois, como poderão saber se lhes será facultado o tempo de se tornarem servos fiéis?
Outros servos infiéis são aqueles que se riem e motejam, quando se lhes chama a atenção para as coisas espirituais, movidos por falsa superioridade.
Os servos infiéis também serão chamados ao mundo espiritual quando menos o esperarem, e o sofrimento lhes fará chorar e ranger os dentes, até que aprendam a cuidar fielmente dos patrimônios que a Providência Divina lhes confiou.

O Evangelho dos Humildes.
Eliseu Rigonatti