DEFINIÇÃO
PRECISA DA RESPONSABILIDADE PESSOAL
Com
essas considerações em mente, vamos, pois, ao exame do texto.
Segundo
se infere, havia uma parábola entre os judeus que se convertera em provérbio,
e que, aliás, continha uma inverdade, atribuindo a responsabilidade pelo
pecado à alma do inocente e não à do pecador.
Vêm
a seguir os exemplos. O homem bom (justo) poderá contar sem vacilações
com o reconhecimento de sua bondade e retidão - ou seja, sua justiça,
ou melhor ainda, sua justeza. Se, porém, seu filho for um mau elemento,
responderá pelos seus próprios erros, isto é, "o seu
sangue cairá sobre ele". Ele mesmo e não outrem.
Se,
por sua vez, este filho mau tiver um filho bom e que, mesmo ante o exemplo maléfico
do seu pai, proceder corretamente, o que sucederá? O pai não se
livrará, por isso, dos seus erros, enquanto ele, o filho bom, terá
o prêmio da sua bondade, nada tendo a responder pelas faltas do pai.
Há
mais ainda: a culpa não é irremissível, imperdoável,
eterna. Desde que o ímpio se corrija e se dedique à prática
do bem, ficará recuperado. Na linguagem simbólica do texto, "nenhuma
das suas transgressões que cometeu, será lembrada contra ele",
Mas, atenção !, o prêmio continua merecido pela "justiça
que praticou" ou seja, pelo bem que fez e não pelo mal que deixou
de praticar.
Da
mesma forma, aquele que sempre foi bom e, de repente, descamba para a prática
do mal, é prontamente responsabilizado pelos erros que cometer. Ele próprio
e não outra pessoa. Até mesmo o homem bom, que se voltar para
a iniqüidade, responderá por ela como qualquer ímpio. O que
antes fizera de bom não o isenta de tal responsabilidade, porque certifica
nele a persistência de tendências más ainda não superadas.
A
idéia básica de toda essa longa exposição, portanto,
é a de que somos julgados segundo nossos atos: "Portanto, ó
casa de Israel, vos julgarei cada um conforme os seus caminhos". Prestaram
bem atenção? Cada um de acordo com os seus caminhos ou atos e
não pelo que outros tenham feito. O que comeu a uva verde, esse mesmo
é que terá seus dentes estragados, não os seus filhos ou
netos.
Figuremos,
porém, o caso mais comum daqueles que não tiveram o bom senso
e a disposição de se utilizar das oportunidades de conversão
à prática do bem. Seja porque se comprazem no erro, seja porque,
depois do esforço sobre-humano para serem bons, recaíram na prática
do mal ou, ainda, porque tenham praticado crime grave já nos últimos
momentos da vida terrena, sem tempo de corrigirem-se. Que fazer dessas multidões
de seres em falta?
Já
vimos que Deus está disposto a esquecer os erros daquele que se regenera,
desde que ele se confirme na prática do bem. Já vimos também
que Deus não deseja a morte do pecador, ou seja, a sua condenação,
mas que ele renuncie ao erro. E se Deus não o deseja,
hão de ser colocados ao alcance do pecador todos os recursos de que ele
necessitar para recuperar-se, deixando para sempre de pecar. Como, porém,
entender tais oportunidades de recuperação no contexto de uma
só vida na carne? Como poderia o Pai desejar que o pecador se salve sem
proporcionar-lhe os meios para fazê-lo? Não há, pois, como
sofismar ante o esquema básico que se resume a seguir:
•
Cada um responde pelos seus erros e tem o mérito de suas virtudes.
•
Não há sofrimento inocente, nem recompensa imerecida por herança,
contágio, ou por procuração. A cada um segundo suas obras.
•
As oportunidades de reajuste são proporcionadas a todos indistintamente.
•
O processo evolutivo - uma condição cósmica - exige um
mecanismo de reajuste moral que é precisamente o das vidas sucessivas.
Hermínio Miranda
Reencarnação na Bíblia
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