CORNÉLIO,
O GENTIO
"E
lembrei-me do dito do Senhor: João certamente batizou com água;
mas vós sereis batizados com o Espírito Santo." (Atos, 11:16)
mas vós sereis batizados com o Espírito Santo." (Atos, 11:16)
O
Centurião Cornélio vivia na cidade de Cesaréia, onde praticava
a caridade sob várias formas, vivendo assim os edificantes ensinamentos
de Jesus Cristo.
Entretanto,
ele era gentio, qualificativo que os antigos judeus davam a todos os estrangeiros,
o que aliás impedia que ele viesse a receber os ensinamentos que os apóstolos
de Jesus estavam disseminando.
Os
Espíritos do Senhor, encarregados do processo de implantação
do Cristianismo na Terra, viram-se na impossibilidade de levar a Cornélio
qualquer espécie de esclarecimento sobre a Boa Nova, pois os apóstolos
se abstinham de quaisquer contatos com povos que esposavam idéias politeístas,
não tolerando, como conseqüência, a idéia de levarem
a palavra dos Evangelhos aos membros da chamada gentilidade.
Entretanto,
Cornélio estava preparado para assimilar esses ensinamentos e as palavras
de Jesus deveriam ser levadas ao seu conhecimento.
Nessa
altura dos acontecimentos, os Espíritos do Senhor acharam a fórmula
mais adequada, para que o nobre Centurião tomasse contato com as verdades
da nova revelação. Quando Cornélio fazia sua oração
a Deus, manifestou-se diante dele um Espírito que lhe recomendou enviar
alguns mensageiros à cidade de Jope, a fim de convocar Simão Pedro
para vir instruí-lo no tocante aos ensinamentos cristãos.
Entrementes,
Simão Pedro estava irredutível em sua posição de
apenas revelar os preceitos do Cristo às ovelhas desgarradas da Casa
de Israel, fechando a porta a qualquer entendimento ou contato com estrangeiros,
os quais, de um modo geral, eram vistos como autênticos idólatras
e réprobos.
Objetivando
preparar Pedro para receber os emissários de Cornélio, os Espíritos
do Senhor tiveram que produzir convincente e majestosa manifestação
espiritual, aproveitando um momento de repouso do antigo pescador da Galiléia.
Um
vaso, como se fora grande lençol suspenso pelas quatro pontas desceu
até Pedro. O apóstolo, olhando dentro dele, viu enorme quantidade
de animais da Terra: quadrúpedes, répteis e aves. Nisso uma voz
retumbante se fez ouvir: Levanta-te, Pedro, mata e come.
No
entanto, Pedro, vendo ali toda sorte de bichos, retrucou:
De
modo algum, Senhor, pois jamais comi coisa alguma comum e imunda!
Os
Espíritos, porém, disseram-lhe: Não faças tu comum
ou impuro aquilo que Deus criou.
E
idêntico fenômeno repetiu-se por três vezes consecutivas,
com as mesmas palavras, recolhendo-se enfim aos Céus o vaso em forma
de lençol.
Levantando-se
bruscamente, Pedro pôs-se a conjeturar sobre o significado daquela manifestação,
quando foi avisado que ali estavam três homens procurando-o: Levanta-te,
pois e desce, e vai com eles, não duvidando, porque eu os enviei. (Atos,
10:20).
O
apóstolo havia compreendido afinal o significado da revelação:
não deveria considerar ímpios ou imundos os gentios, criaturas
de Deus iguais a ele. Cornélio era um gentio necessitado de esclarecimento.
No
dia seguinte um grupo de pessoas, entre eles Simão Pedro, os três
enviados de Cornélio e alguns confrades de Jope, demandaram a cidade
de Cesaréia.
Ali
chegando, Cornélio foi a seu encontro, acompanhado de parentes
e amigos. Defrontando-se com Pedro, ajoelhou-se a seus pés, pretendendo
adorá-lo, no que foi impedido pelo apóstolo com as seguintes palavras:
Não faças isso, pois eu também sou homem. Vós bem
sabeis que não é lícito a um judeu juntar-se ou chegar-se
a estrangeiro; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem chame comum ou imundo.
O
apóstolo Pedro revelou a Cornélio os ensinamentos do Cristo, entretanto,
quando regressou a Jerusalém, foi acerbamente criticado pelos seus companheiros
de apostolado, que diziam: Entraste em casa de varões incircuncisos e
comeste com eles (Atos, 11:3), tendo-lhe sido árdua tarefa justificar-se
perante a comunidade sobre o que havia feito, tendo mesmo que relembrar a seus
companheiros o ensino de Jesus: João certamente batizou com água,
mas vós sereis batizados com o Espírito, acrescentando ainda se
Deus lhes deu o mesmo dom que a nós, quando havemos crido no Senhor Jesus
Cristo, quem era então eu, para que pudesse resistir a Deus?
A
passagem evangélica acima enseja-nos conhecer o quanto estavam errados
os cristãos de todos os tempos, principalmente os da idade medieval,
os quais, em vez de enviarem os seus porta-vozes e mestres a fim de convencer
pela palavra os chamados hereges, fomentaram cruzadas sanguinolentas e instituíram
famigerados triibunais, tentando assim convencer os homens pela violência,
impondo o direito da força, quando deveriam fazer prevalecer a força
do direito.
Paulo
A. Godoy
O Evangelho Pedi Licença
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