União e Unificação
Filhas e filhos da alma, que Jesus nos abençoe!
A união dos espíritas é ação que não pode ser postergada e a unificação é o laço de segurança dessa união.
A união vitaliza os ideais dos trabalhadores, mas a unificação conduz com equilíbrio pelas trilhas do serviço.
A
união demonstra a excelência da qualidade da Doutrina Espírita nos
corações, mas a unificação preserva essa qualidade, para que passe à
posteridade conforme recebemos do ínclito Codificador.
Em união somos felizes. Em unificação estamos garantindo a preservação do Movimento Espírita aos desafios do futuro.
Em
união teremos resistência para enfrentar o mal que existe em nós e
aquele que cerca o nosso caminho, tentando impossibilitar-nos o avanço.
Em unificação estaremos consolidando as atividades que o futuro coroará
de bênçãos.
Em
união marcharemos ajudando-nos reciprocamente. Em unificação estaremos
ampliando os horizontes da divulgação doutrinária em bases corretas e
equilibradas.
Com
união demonstraremos a nós mesmos que é possível amar sem exigir nada.
Com unificação colocaremos as ideias pessoais em planos secundários,
objetivando a coletividade.
Com
união construiremos o bem, o belo e o nobre. Com Unificação traremos de
volta o pensamento do Codificador, preservando a unidade da Doutrina e
do Movimento Espírita. Com união entre os companheiros encarnados,
tornaremos mais fácil o intercâmbio entre nós outros, os que os
precedemos na viagem de volta, e eles, que rumam pela estrada difícil.
Com unificação estaremos vivenciando o Evangelho de Jesus quando o
Mestre assevera: Um só rebanho , um só pastor.
Unindo-nos,
como verdadeiros irmãos, estabeleceremos o laço de identificação com os
propósitos dos Mentores da Humanidade, que esperam a influência que o
Espiritismo provocará no mundo, à medida que seja conhecido e adotado
nas áreas da ciência, das artes, do pensamento filosófico e das
religiões.
União para unificação, meus filhos, é o desafio do momento.
Rogando a Jesus que nos abençoe e nos dê a sua paz, o servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra
Mensagem
psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, por ocasião do
encerramento do 1º Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro, na
manhã de 25.01.2004, na sede da Federação Espírita do Rio de Janeiro, em
Niterói, RJ.
Em 29.12.2009.
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Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!
quarta-feira, 27 de março de 2013
União e Unificação
Embaixadores do Reino
A
sinfonia da Boa Nova encontrava-se no auge da sua musicalidade,
enternecendo os corações antes em angústia e confortando as mentes que
se encontravam desarvoradas.
Em
toda parte, no abençoado solo de Israel, o doce canto penetrava a
acústica das almas, da mesma forma que o sândalo suavemente é absorvido
por qualquer superfície porosa.
Tratava-se de uma epopeia que atingia o clímax e nunca mais se repetiria na Terra, jamais igualada em todo o seu esplendor.
A
passagem iridescente por onde Ele deambulava, enriquecia-se de belezas
espirituais e uma permanente aragem de esperança e de paz permaneceria
assinalando as ocorrências ditosas.
Em
madrugada que se fazia bordada de luz, Ele reuniu os Seus, em
Cafarnaum, às margens do mar-espelho, e lhes explicou ternamente como
seria o programa de engrandecimento moral que estava traçado para toda a
Humanidade.
Era necessário empreender a desafiadora façanha de informar às gentes de todo lugar o seu conteúdo invulgar.
Na
Sua condição de rei, deveria visitar as regiões bravias e difíceis de
comunicação, nas quais necessitava instalar os alicerces do reino, para
tanto, enviaria embaixadores que se encarregariam de anunciá-lO, de
abrir clareiras nas selvas dos sentimentos devastados pelas paixões
primárias, proporcionando espaços para a fixação dos pilotis do amor e
da compaixão, sobre os quais seria erguido o altar da caridade.
Aqueles eram dias de egoísmo, de soberba, de intérminas batalhas nas quais predominavam os ódios e as rixas perversas.
O
ser humano era escravo dos dominadores mais astutos e impiedosos, que
os submetiam ao talante das suas misérias morais interiores.
Não brilhava o sol da esperança e muito menos a doce possibilidade de compaixão.
A
miséria espiritual transbordava, e as pessoas encontravam-se submetidas
aos preconceitos, às situações, de penúria e de abandono.
De certo modo, ainda hoje é quase assim...
O
processo da evolução íntima do Espírito, que deve abandonar o
primarismo de onde procede, na busca dos alcantis do infinito, é longo e
penoso...
Envolvendo
os discípulos selecionados para o mister especial, tocou-os, um a um,
transmitindo-lhes a santificada energia que O caracterizava, e
esclareceu:
-Ide em paz e com irrestrita confiança no Pai.
Nunca
temais, seja o que for, porquanto estais investidos do mandato superior
e conseguireis avançar imunes às agressões, às picadas dos escorpiões e
das serpentes que ficarão esmagados sob vossos pés, enquanto as vossas
vozes calarão a agressão dos Espíritos perversos, zombeteiros e
causadores do pânico nas multidões desavisadas...
Seguireis
amparados pelas legiões angélicas, encarregadas de trabalhar a
Humanidade e nela renascer através dos séculos para recordar e ampliar
as sublimes propostas que apresentareis.
Inspirar-vos-ão e ouvir-vos-ão, num contínuo intercâmbio de amor.
Ninguém terá como silenciar-vos as vozes, e todos se vos submeterão ao canto incomparável com as revelações da verdade...
Depois, eu próprio vos seguirei, fixando as estrelas do Evangelho no zimbório das almas em escuridão.
Abençoo-vos em nome de meu Pai e despeço-me em paz.
* * *
Eram
setenta discípulos preparados para a propaganda e difusão da Sua
mensagem insuperável. Estavam assinalados pela autoridade moral e
identificados pelo profundo sentimento de fraternidade.
Haviam
renascido para participar da grandiosa envergadura espiritual e
deveriam trabalhar enriquecidos pela alegria inaudita do bem fazer.
Quando
o Sol diluía nas águas doces e transparentes do mar os seus raios de
ouro disparados com certeira pontaria, eles partiram em cânticos de
júbilos...
* * *
A
partitura imensa, na qual estavam grafadas as harmonias da Boa Nova,
alcançava aldeias humildes e cidades orgulhosas, perpassavam pelos
caminhos impérvios e se expandia pelas estradas bem cuidadas, em
perfeita identificação com o Cantor, onde quer que se encontrasse.
A
sociedade terrestre sempre aflita e sofrida, que transpirava horror e
decomposição espiritual, passou a receber o bálsamo sarador e a força
revigorante para que pudesse superar a difícil conjuntura do seu estágio
primitivista.
Ele
inaugurava, naqueles dias, a era das provas e expiações, proporcionando
os recursos valiosos para que se pudessem suportar as dificuldades da
evolução.
O largo período de selvageria e impiedade cederia lugar lentamente a uma fase nova de esperança e de certeza de paz.*
Os dias correram céleres na ampulheta do tempo e os embaixadores desincumbiram-se da responsabilidade que lhes foi concedida.
Num entardecer de sol desfiando plumas de luz de cor variada, eles retornaram exultantes.
Diante da multidão, na mesma praia de Cafarnaum, de onde saíram, eles se apresentaram e depuseram:
Em
toda parte proclamamos a Era Nova, explicando que um reino de paz se
acercava, iniciando-se no coração do ser humano, e que avançará ditoso
no rumo do futuro feliz.
Desafiados
por saduceus hipócritas e pretorianos insensíveis, perseguidos por
fariseus fanáticos e cínicos, assim como pela malta sempre revoltada,
demonstrando o poder que nos foi conferido, curamos as suas mazelas em
nome do nosso Rei, submetemos Espíritos vingativos, saramos feridas,
restituímos visão aos cegos, audição aos surdos, movimentos aos
paralíticos e alegria aos tristes em momentos de inconfundível ligação
com Deus.
Nenhum
mal nos aconteceu, e sempre conseguimos anunciar o amanhecer de um novo
tempo com os olhos iluminados pela alegria e os corações pulsando
felicidade.
Algumas
cidades de prazer e de loucura gargalharam das nossas palavras, mas
sempre encontramos infelizes à espera de compaixão e de ajuda.
Vimos rostos desfigurados pela lepra sorrir de alegria e vidas despedaçadas recompor-se ao toque da esperança.
A
vossa palavra em nossas bocas soava como cânticos nunca dantes
enunciados ou ouvidos e nossas presenças tornaram-se fortaleza para os
fracos e apoio para os oprimidos.
Estão lançadas as balizas do reino que Vos pertence, Senhor!
Jubiloso,o Rabi sábio novamente os abençoou, e dirigindo-se à massa em expectativa emocionada, lamentou:
Ai
de ti, Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidon se
tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se
teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza.
Contudo, no juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidon, do que para vós outras.
Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até o céu? Descerás até o inferno?
Leve
palor tomou-Lhe a bela face, como resultado da percepção de que as
grandiosas Corazins e Betsaidas do futuro, por largo período prefeririam
o bezerro de ouro àave de luz do Seu amor.
*
Passaram-se
muitos séculos. Seus embaixadores continuam renascendo em todas as
épocas, proclamando a Boa Nova, e os ouvintes permanecem moucos com os
sentimentos enregelados nas paixões vergonhosas.
Em
consequência, acumulam-se as nuvens borrascosas na imensa Galileia
moderna, a Sua voz continua chamando vidas para o Seu reino, enquanto o
corcel rápido da fantasia e da luxúria, é conduzido pelos seus
cavalgadores na direção dos abismos...
Ai de vós, que tendes ouvido e visto o amanhecer de bênçãos e optais pela triste noite de pesadelos e de horror!
Os embaixadores estão ao vosso lado: cuidai de ouvi-los, quando se inicia o período de regeneração da Humanidade!
Amélia RodriguesPsicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião da noite de 16 de
julho de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 2.1.2013
Parábolas e símbolos
Pergunta-se, frequentemente, por qual razão falava Jesus por parábolas.
A interrogação pode ser respondida após breve e cuidadosa reflexão.
Desejando
que a Sua mensagem ultrapassasse o tempo em que era enunciada e o lugar
em que se fazia ouvida, não poderia ficar encerrada nas formulações
verbais vigentes, pela pobreza da própria linguagem.
Se assim fora, à medida que o tempo avançasse, ficaria superada em razão da maneira como fora formulada.
Utilizando-se, porém, da parábola, do conhecimento dos símbolos, deu-lhe caráter de permanência em todas as épocas.
A
Semiótica ou disciplina que estuda os símbolos, demonstra a facilidade
que os mesmos representam para o entendimento de tudo quanto é
transcendental ou subjetivo, tornando-o de fácil identificação. Talvez o
símbolo seja o recurso mais recurso de comunicação entre os seres
humanos.
Especialistas
em paleontologia encontraram-nos gravados em cascas de ovos há mais de
sessenta mil anos, o que confirma a sua perenidade.
Todo
símbolo reveste-se de um significado, não somente num como em todos os
lugares, em qualquer idioma ou dialeto, facilitando o entendimento da
sua representação.
Demais,
uma narrativa amena, em forma de parábola, facilmente é entendida, ao
mesmo tempo, memorizada, e quando é narrada, embora se alterem as
palavras, o símbolo nela incluído ressalta e preserva-lhe o significado.
Convivendo
com mentes pouco esclarecidas culturalmente, numa época de
obscurantismo e de graves superstições, deveria superar os limites de
então e coroar as futuras conquistas do conhecimento intelectual.
Concomitantemente,
o seu objetivo era o de insculpir o pensamento no imo das emoções, e as
parábolas, por centrarem o seu significado nos símbolos, jamais seriam
olvidadas ou adulteradas.
Caberia
à psicologia do futuro penetrar nos arcanos do inconsciente humano, no
qual se arquivam todos os acontecimentos e se transformam em símbolos,
que se fazem decompostos à medida que são liberados em catarse
espontânea...
Uma figueira brava e uma rede de pescar, uma pérola e uma semente de mostarda em qualquer idioma e em todas as épocas preservam a sua realidade, facilitando o entendimento da narrativa na qual comparecem.
Desejando apresentar o reino dos Céus de
forma inconfundível como deveria ser, totalmente desconhecido então,
explicitado num símbolo adquiria fácil compreensão dos ouvintes e mais
acessível assimilação emocional.
A
moderna psicologia analítica, assim como a psicanálise penetram nos
símbolos para interpretar os arquétipos, as heranças ancestrais, os
mitos e contos de fadas, que se encontram arquivados nos recessos
profundos do inconsciente humano.
Recorrem
aos sonhos e às associações, para desvelar as imagens sombreadas e
guardadas em símbolo que, interpretados, facultam trabalhar-se os
conflitos, a fim de dilui-los.
Jesus
foi e permanece sendo o mais qualificado psicoterapeuta da Humanidade,
antecipando as doutrinas psicológicas, a fim de iluminá-las quando
surgissem.
* * *
Todos os seres humanos têm no seu jornadear conflitos semelhantes aos do filho pródigo, que
foge do lar, atraído pela ilusão do prazer e, tombando na realidade
angustiante que desconhecia, retorna à segurança do pai generoso...
Como expressar em profundidade excepcional a lição do bom samaritano, propondo o amor ao inimigo em forma de caridade compassiva, senão conforme o fez Jesus?
A reflexão em torno das virgens loucas, insensatas e das prudentes, que se preservaram, teoriza, de forma segura, o significado da fidelidade ao dever de maneira muito especial.
O pastor que
vai em busca da ovelha extraviada, assim como a mulher que procura a
dracma perdida, são especiais e inesquecíveis ensinamentos sobre a
valorização e a dedicação pessoal.
As
extraordinárias imagens simbólicas de que Ele se utilizou para ser
compreendido e dizer da Sua grandeza sem autoencômios nem relevações
desnecessárias, refletem-Lhe a sabedoria:
- Eu sou a luz do mundo...
- Eu sou a porta das ovelhas...
- Eu sou o caminho, a verdade e a vida...
- Eu sou o pão da vida...
- Eu sou a videira...
-Aquele que beber da água que eu lhe der...
Nas admoestações, os Seus célebres ais ainda convidam à meditação:
- Ai de vós os ricos!...
-Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida!...
-Ai do homem pelo qual vem o escândalo...
-Ai de vós escribas e fariseus...
-Ai de vós, porque sois semelhantes aos túmulos...
Não menos enriquecedores são os postulados de amor e de promessa de plenitude em favor daqueles que Lhe forem fiéis:
- O que fizerdes a um destes em meu nome...
- Eu vos apresentarei a Meu Pai...
-Eu vos mando como ovelhas mansas...
-Eu os aliviarei...
As canções de exaltação penetram, ainda hoje, a acústica de todas as almas, que Lhe ouvem os enunciados incomparáveis:
- Um homem tinha dois devedores...
- Ide convidar os estropiados, os excluídos, os infelizes...
- O Reino dos Céus é semelhante a um homem que...
-Eu estarei convosco para sempre...
* * *
As suaves parábolas de Jesus são o coroamento melódico da sinfonia das bem-aventuranças que a Humanidade jamais olvidará.
Todos os seres
humanos estão incluídos no sermão do monte, quando o amor se transforma
na fonte inexaurível da trajetória evolutiva dos Espíritos.
Por fim, Ele exclamou:
- O Reino dos Céus está dentro de vós...
Exultai!
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião
mediúnica de 6 de novembro de 2012, no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 11.3.2013.
mediúnica de 6 de novembro de 2012, no Centro Espírita Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 11.3.2013.
domingo, 24 de março de 2013
01 - JESUS E DESAFIOS
01
- JESUS E DESAFIOS
JESUS
E DESAFIOS
O processo de evolução constitui para o Espírito um grande
desafio.
Acostumado às vibrações mais fortes no campo dos sentidos físicos, somente quando a dor o visita é que ele começa a aspirar por impressões mais elevadas, nas quais encontre lenitivo, anelando por conquistas mais importantes.
Vivendo em luta constante contra os fatores constringentes do estágio em que se demora, vez por outra experimenta paz, que passa a querer em forma duradoura.
No começo, são as dores com intervalos de bem-estar que o assinalam, até conseguir a tranquilidade com breves presenças do sofrimento, culminando com a plenitude sem aflição.
De degrau em degrau ascende, caindo para levantar-se, atraído pelo sublime tropismo do Amor.
Acostumado às vibrações mais fortes no campo dos sentidos físicos, somente quando a dor o visita é que ele começa a aspirar por impressões mais elevadas, nas quais encontre lenitivo, anelando por conquistas mais importantes.
Vivendo em luta constante contra os fatores constringentes do estágio em que se demora, vez por outra experimenta paz, que passa a querer em forma duradoura.
No começo, são as dores com intervalos de bem-estar que o assinalam, até conseguir a tranquilidade com breves presenças do sofrimento, culminando com a plenitude sem aflição.
De degrau em degrau ascende, caindo para levantar-se, atraído pelo sublime tropismo do Amor.
Conseguir
o estágio mais alto, significa-lhe triunfar.
Aturdido e inseguro, descobre uma conspiração quase geral contra o seu fatalismo. São as suas heranças passadas que agora ressurgem, procurando retê-lo na área estreita do imediatismo, em nível inferior de consciência, onde apenas se nutre, dorme e se reproduz, com indiferença pelas emoções do belo, do nobre, do sadio.
Anestesiado pelas necessidades vegetativas, busca apenas o gozo, que termina por causar-lhe saturação, passando a um estado de tédio que antecipa a necessidade premente de outros valores.
Lentamente desperta para realidades que antes não o sensibilizavam e, de repente, passam a significar-lhe meta a conseguir, sentindo-se estimulado a abandonar a inoperância.
O psiquismo divino, nele latente, responde ao apelo das forças superiores e desatrela-se do cárcere celular, qual antena que capta a emissão de mensagens alcançadas somente nas ondas em que sintoniza.
O primeiro desafio, o de penetrar emoções novas, o atrai, impelindo-o a tentames cada vez mais complexos, portanto, mais audaciosos.
Experimentando este prazer ético e estético, diferente da brutalidade do primarismo, acostuma-se com ele e esforça-se para novos cometimentos que, a partir de então, já não cessam, desde que, encerrado um ciclo, qual espiral infinita, outro prazer se abre atraente, parecendo-lhe cada vez mais fácil.
Tudo na vida são desafios às resistências.
A "lei de entropia" degrada a energia que tende à consumpção, para manter o equilíbrio térmico de todas as coisas.
O envelhecimento e a morte são fenômenos inevitáveis no cosmo biológico e no universo.
Os batimentos cardíacos são desafios à resistência do músculo que os experimenta; os peristálticos são teste constante para as fibras que os sofrem; a circulação do sangue é quesito essencial para a irrigação das células; a respiração constitui fator básico, sem o qual a vida perece. Tudo isso e muito mais, na área dos automatismos fisiológicos, a interferir nos de natureza psicológica.
É natural que o mesmo suceda no campo moral do ser, que nunca retrocede e não deve estacionar sob pretexto algum.
Aturdido e inseguro, descobre uma conspiração quase geral contra o seu fatalismo. São as suas heranças passadas que agora ressurgem, procurando retê-lo na área estreita do imediatismo, em nível inferior de consciência, onde apenas se nutre, dorme e se reproduz, com indiferença pelas emoções do belo, do nobre, do sadio.
Anestesiado pelas necessidades vegetativas, busca apenas o gozo, que termina por causar-lhe saturação, passando a um estado de tédio que antecipa a necessidade premente de outros valores.
Lentamente desperta para realidades que antes não o sensibilizavam e, de repente, passam a significar-lhe meta a conseguir, sentindo-se estimulado a abandonar a inoperância.
O psiquismo divino, nele latente, responde ao apelo das forças superiores e desatrela-se do cárcere celular, qual antena que capta a emissão de mensagens alcançadas somente nas ondas em que sintoniza.
O primeiro desafio, o de penetrar emoções novas, o atrai, impelindo-o a tentames cada vez mais complexos, portanto, mais audaciosos.
Experimentando este prazer ético e estético, diferente da brutalidade do primarismo, acostuma-se com ele e esforça-se para novos cometimentos que, a partir de então, já não cessam, desde que, encerrado um ciclo, qual espiral infinita, outro prazer se abre atraente, parecendo-lhe cada vez mais fácil.
Tudo na vida são desafios às resistências.
A "lei de entropia" degrada a energia que tende à consumpção, para manter o equilíbrio térmico de todas as coisas.
O envelhecimento e a morte são fenômenos inevitáveis no cosmo biológico e no universo.
Os batimentos cardíacos são desafios à resistência do músculo que os experimenta; os peristálticos são teste constante para as fibras que os sofrem; a circulação do sangue é quesito essencial para a irrigação das células; a respiração constitui fator básico, sem o qual a vida perece. Tudo isso e muito mais, na área dos automatismos fisiológicos, a interferir nos de natureza psicológica.
É natural que o mesmo suceda no campo moral do ser, que nunca retrocede e não deve estacionar sob pretexto algum.
No
progresso, a evolução é inevitável. A felicidade
é o ponto final.
Não
cabe ao homem retroceder na luta, senão para reabastecer-se de forças
e prosseguir nos embates.
O crescimento de qualquer ideal é resultado dos estágios inferiores vencidos, das etapas superadas, dos desafios enfrentados.
A sequóia culmina a altura e o volume máximos, célula a célula.
O universo se renova e prossegue, molécula a molécula.
Facilidade é perda de estímulo com prejuízo para a ação.
Toda a vida do Mestre foi um suceder incessante de desafios.
Embates no Seu meio social e familial constituíram-Lhe os primeiros impedimentos, que foram ultrapassados, em razão da superior finalidade para a qual viera.
Ele não aceitou carregar o fardo do mundo em caráter de redenção dos outros, mas ensinou cada um a conduzir o seu próprio compromisso em paz de consciência; não assumiu as tarefas alheias, nem deixou de demonstrar como fazê-las; no entanto, altaneiro, sem presunção, tampouco sem submissão covarde.
Os desafios da sociedade injusta e arbitrária chegaram-Lhe provocadores, mediante situações, pessoas e circunstâncias; apesar disso, sem deter-se, Ele continuou íntegro, enfrentando-os sem ira ou medo.
Passou aquele tempo; todavia, permanecem os resíduos doentios.
Alterou-se a paisagem, não os valores, que prosseguem relativamente os mesmos, gerando obstáculos e insatisfações.
Enfrenta os desafios da tua vida, serenamente.
Não aguardes comodidades que não mereces.
Realiza a tua marcha, indômito, preservando os teus valores íntimos e aumentando-os na ação diária.
Quem teme a escuridão, perde-se na noite.
Sê tu aquele que acende a lâmpada e clareia as sombras.
Desafiado, Jesus venceu. Segue-0 e nunca te detenhas ante os desafios para o teu crescimento espiritual.
O crescimento de qualquer ideal é resultado dos estágios inferiores vencidos, das etapas superadas, dos desafios enfrentados.
A sequóia culmina a altura e o volume máximos, célula a célula.
O universo se renova e prossegue, molécula a molécula.
Facilidade é perda de estímulo com prejuízo para a ação.
Toda a vida do Mestre foi um suceder incessante de desafios.
Embates no Seu meio social e familial constituíram-Lhe os primeiros impedimentos, que foram ultrapassados, em razão da superior finalidade para a qual viera.
Ele não aceitou carregar o fardo do mundo em caráter de redenção dos outros, mas ensinou cada um a conduzir o seu próprio compromisso em paz de consciência; não assumiu as tarefas alheias, nem deixou de demonstrar como fazê-las; no entanto, altaneiro, sem presunção, tampouco sem submissão covarde.
Os desafios da sociedade injusta e arbitrária chegaram-Lhe provocadores, mediante situações, pessoas e circunstâncias; apesar disso, sem deter-se, Ele continuou íntegro, enfrentando-os sem ira ou medo.
Passou aquele tempo; todavia, permanecem os resíduos doentios.
Alterou-se a paisagem, não os valores, que prosseguem relativamente os mesmos, gerando obstáculos e insatisfações.
Enfrenta os desafios da tua vida, serenamente.
Não aguardes comodidades que não mereces.
Realiza a tua marcha, indômito, preservando os teus valores íntimos e aumentando-os na ação diária.
Quem teme a escuridão, perde-se na noite.
Sê tu aquele que acende a lâmpada e clareia as sombras.
Desafiado, Jesus venceu. Segue-0 e nunca te detenhas ante os desafios para o teu crescimento espiritual.
Joanna
de Ângelis
Livro : Jesus e Atualidade
Livro : Jesus e Atualidade
REABILITAÇÃO DE UM CULPADO."...Lembremos por fim, que Jesus veio chamar os pecadores e não os justos. Por isso jamais se defendeu das injúrias e ataques dirigidos à sua pessoa. Contra outra espécie de traidores, ele se insurgiu: os traficantes da fé, os impostores que exploravam o alheio sentimento. A este exprobrou em termos enérgicos. Seu gesto de revolta se verificou, quando expulsava do templo os vendilhões, dirigindo-lhes a seguinte apóstrofe: Fizestes da casa de meu Pai, que é casa de oração, covil de salteadores. Para os algozes que o cravaram na cruz, assim como para a plebe ignara que, aparvalhada, assistia ao seu sacrifício, teve esta frase lapidar: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...."
Depois
de termos falado sobre a Justiça, pratiquemos um ato que a objetive.
Tenhamos a precisa coragem moral de, arrostando preconceitos, propugnar pela
reabilitação de um culpado, cujo delito, de há muito, foi
devidamente reparado, mediante a consumação da justiça
imanente, que reponta dos mesmos erros e delitos, como processo expurgador,
conducente à regeneração.
Queremos nos referir 'coram populo' a Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos do Senhor. Bem sabemos que esse nome tem sido execrado, atravessando os séculos coberto de opróbrio e de ignomínia. Mas é precisamente por isso que, em nome da justiça e, particularmente, em nome do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, ousamos empreender esta tarefa, para o desempenho da qual imploramos o auxílio da luz que vem de cima.
Encaremos o crime de Judas com a devida calma, desapaixonadamente. Raciocinemos e argumentemos com o critério que a gravidade do caso requer. Comecemos levantando esta preliminar: Como foi Judas ter ao apostolado? Por solicitação própria? Não. Foi chamado, conforme peremptória declaração de Jesus, dirigida aos doze: Eu vos escolhi a vós; no entanto, um de vós é demônio. Daqui ressalta outro ponto importante. Jesus sabia que Judas ia cometer o ato delituoso ao qual se referiu por ocasião da última páscoa, dizendo: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
Queremos nos referir 'coram populo' a Judas Iscariotes, um dos doze apóstolos do Senhor. Bem sabemos que esse nome tem sido execrado, atravessando os séculos coberto de opróbrio e de ignomínia. Mas é precisamente por isso que, em nome da justiça e, particularmente, em nome do Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo, ousamos empreender esta tarefa, para o desempenho da qual imploramos o auxílio da luz que vem de cima.
Encaremos o crime de Judas com a devida calma, desapaixonadamente. Raciocinemos e argumentemos com o critério que a gravidade do caso requer. Comecemos levantando esta preliminar: Como foi Judas ter ao apostolado? Por solicitação própria? Não. Foi chamado, conforme peremptória declaração de Jesus, dirigida aos doze: Eu vos escolhi a vós; no entanto, um de vós é demônio. Daqui ressalta outro ponto importante. Jesus sabia que Judas ia cometer o ato delituoso ao qual se referiu por ocasião da última páscoa, dizendo: Em verdade vos digo que um de vós me há de trair.
E
eles, entristecendo-se muito, começaram cada um a perguntar-lhe: Serei
eu, Senhor? E Jesus retrucando, acrescentou: o que mete a mão no prato
comigo, esse me trairá. Judas, então, disse: Porventura sou eu,
Rabi? O Senhor retorquiu: — Tu o disseste. Em verdade, o Filho do homem
vai, como acerca dele está escrito, mas ai daquele por quem o Filho do
homem é traído! Bom seria a esse indivíduo, se não
houvera nascido. De posse destes dados, extraídos dos Evangelhos, portanto
dignos de fé, passemos à ordem dos argumentos.
Jesus veio à terra no desempenho de missão redentora. Para consumá-la se fazia mister tornar-se conhecido dos homens, através de exemplos vivos que testemunhassem o seu acrisolado amor pelos míseros pecadores, mostrando-lhes a estrada da salvação e conduzindo por ela, como guia, toda a humanidade. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.
As velhas profecias vaticinaram os acontecimentos que haviam de se desenrolar no decurso da passagem do Filho de Deus por este orbe. Tudo estava previsto. Jesus se achava perfeitamente enfronhado do que o esperava. Marchou, todavia, resoluto e varonil ao encontro do sacrifício. Pai, afasta de mim este cálice; todavia faça-se a tua vontade, e não a minha.
Iniciando a ingente tarefa, Jesus começa reunindo os que deviam colaborar com Ele na obra da libertação humana. Chega-se a uns pescadores e, sem mais preâmbulos, vai dizendo assim: Acompanhem-me, pois, doravante, sereis pescadores de almas. E tais indivíduos, como que premidos por mola invisível, deixam seus barcos, redes e demais petrechos do ofício e seguem o Senhor. Da mesma forma, com relação a Mateus, portageiro da alfândega, que, abandonando o emprego, se põe ao lado dos demais escolhidos. Deste fato concluímos que aquelas pessoas tinham vindo a este mundo já comissionadas, já designadas a desempenhar certas incumbências junto ao Redentor da Humanidade. Do contrário é inexplicával a facilidade com que todos anuíram ao chamado que lhes foi dirigido por um homem desconhecido, com quem jamais haviam tido qualquer entendimento, e que viram pela primeira vez.
Jesus veio à terra no desempenho de missão redentora. Para consumá-la se fazia mister tornar-se conhecido dos homens, através de exemplos vivos que testemunhassem o seu acrisolado amor pelos míseros pecadores, mostrando-lhes a estrada da salvação e conduzindo por ela, como guia, toda a humanidade. Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim.
As velhas profecias vaticinaram os acontecimentos que haviam de se desenrolar no decurso da passagem do Filho de Deus por este orbe. Tudo estava previsto. Jesus se achava perfeitamente enfronhado do que o esperava. Marchou, todavia, resoluto e varonil ao encontro do sacrifício. Pai, afasta de mim este cálice; todavia faça-se a tua vontade, e não a minha.
Iniciando a ingente tarefa, Jesus começa reunindo os que deviam colaborar com Ele na obra da libertação humana. Chega-se a uns pescadores e, sem mais preâmbulos, vai dizendo assim: Acompanhem-me, pois, doravante, sereis pescadores de almas. E tais indivíduos, como que premidos por mola invisível, deixam seus barcos, redes e demais petrechos do ofício e seguem o Senhor. Da mesma forma, com relação a Mateus, portageiro da alfândega, que, abandonando o emprego, se põe ao lado dos demais escolhidos. Deste fato concluímos que aquelas pessoas tinham vindo a este mundo já comissionadas, já designadas a desempenhar certas incumbências junto ao Redentor da Humanidade. Do contrário é inexplicával a facilidade com que todos anuíram ao chamado que lhes foi dirigido por um homem desconhecido, com quem jamais haviam tido qualquer entendimento, e que viram pela primeira vez.
O
compromisso, portanto, fora tomado antes, noutro plano da vida. Ora, Judas foi,
a seu turno, solicitado a acompanhar Jesus. Anuiu, como os demais, ao chamamento.
Veio, pois, a este mundo para fazer parte do ministério apostólico.
Nesse caso, acode-nos à mente a seguinte consideração:
se Judas ia fracassar desastrosamente, como fracassou, na qualidade de apóstolo;
se as profecias previram o acontecimento; se, finalmente, Jesus estava ciente
do desastre que esperava aquele discípulo, achando até que melhor
fora ele não ter nascido, isto é, não ter vindo ao mundo,
então por que o incluiu no apostolado? Não seria preferível
afastá-lo, na hipótese de haver partido dele o desejo de participar
da obra messiânica? Como, pois, se compreende ter sido ele chamado?
Não
será lícito estranharmos semelhante procedimento por parte daquele
que veio dar a vida pela redenção dos pecadores? Como, então,
contribuir para a perdição precisamente de um dos seus escolhidos?
Eis a questão que parece inextricável. Mas o Evangelho diz que
não há nada encoberto que não seja descoberto, e nada oculto
que não venha a ser revelado. Portanto, meditemos.
Jesus não podia consentir na perdição de Judas, ao incorporá-lo no colégio apostólico, prevendo a sua ruína. Atribuir-se ao Senhor semelhante cometimento seria rematada heresia. Há, portanto, uma razão que o levou a agir como agiu. Para descobri-la temos que, preliminarmente, estudar o caráter de Judas. Qualifiquemo-lo, tal como se faz aos réus. Judas, além de ambicioso, amigo do dinheiro, sumamente egoísta, era cínico. Este mal, quando empolga os Espíritos, os torna por assim dizer impermeáveis à luz, à verdade e a todas as sugestões e inspirações boas e salutares. Ficam impassíveis às emoções e às influências de ordem moral. Sua sensibilidade se embota, sua consciência se cauteriza, sua razão se obnubila.
Jesus não podia consentir na perdição de Judas, ao incorporá-lo no colégio apostólico, prevendo a sua ruína. Atribuir-se ao Senhor semelhante cometimento seria rematada heresia. Há, portanto, uma razão que o levou a agir como agiu. Para descobri-la temos que, preliminarmente, estudar o caráter de Judas. Qualifiquemo-lo, tal como se faz aos réus. Judas, além de ambicioso, amigo do dinheiro, sumamente egoísta, era cínico. Este mal, quando empolga os Espíritos, os torna por assim dizer impermeáveis à luz, à verdade e a todas as sugestões e inspirações boas e salutares. Ficam impassíveis às emoções e às influências de ordem moral. Sua sensibilidade se embota, sua consciência se cauteriza, sua razão se obnubila.
Mergulhados
na voragem da materialidade, só aspiram à satisfação
dos apetites, debaixo dos seus múltiplos aspectos. Acovardados fogem
das lutas, acocoram-se no comodismo, evitando tudo quanto possa perturbar-lhes
o antegozo dos seus desejos e dos seus pendores inconfessáveis. Ficam,
por assim dizer, cristalizados na esfera bastarda do sensualismo. E aí
permaneceriam eternamente se o 'surge et ambula' não constituísse
a lei soberana que rege o destino das criaturas de Deus. Sim, tal categoria
de indivíduos ficaria estacionária se pudesse furtar-se à
influência incoercível da evolução.
De
repente, surge um imprevisto que os atira para a correnteza das provas. Então,
como que arrastados pelas torrentes caudalosas de profundo rio, vão,
sacudidos pelas ondas, batendo-se contra os rochedos ásperos e arestosos
até que, precipitados no pélago das águas, ao rumor das
quais despertam para a realidade, abrem os olhos para a luz, acordam-se-lhe
a razão e a consciência, raiando a aurora de uma vida de reparação,
era das reabilitações.
Eis aí o que sucedeu a Judas. Era necessário que essa alma fosse profundamente abalada, fosse sacudida até os seus fundamentos, suportasse um tremendo choque, passasse por um verdadeiro cataclismo, para que despertasse. Jesus não viu somente a queda de Iscariotes; viu também a sua redenção, após a prática do ato ignominoso. Por isso consentiu em incluí-lo no número dos apóstolos. Foi dura, foi tremenda a sua expiação, porém era esse o meio de chamá-lo à razão. Seu estado reclamava um drástico enérgico. Esse medicamento lhe foi propinado.
Cumpriu-se a Justiça, de cuja consumação emerge a misericórdia como seu complemento. Pela dor e pelo amor! Uma vez a lei satisfeita, soa a hora da graça. Lei e graça, justiça e misericórdia se entrelaçam na sábia urdidura da obra redentora do Espírito. Prossigamos, no entanto, no esclarecimento e justificação da nossa campanha em prol da reabilitação do grande delinquente. Judas foi tentado. Jesus o afirma, dizendo que Satanás o havia possuído. Se é certo que a influência da tentação não dirime o delito, contudo é inegável que constitui atenuante em favor do criminoso.
Eis aí o que sucedeu a Judas. Era necessário que essa alma fosse profundamente abalada, fosse sacudida até os seus fundamentos, suportasse um tremendo choque, passasse por um verdadeiro cataclismo, para que despertasse. Jesus não viu somente a queda de Iscariotes; viu também a sua redenção, após a prática do ato ignominoso. Por isso consentiu em incluí-lo no número dos apóstolos. Foi dura, foi tremenda a sua expiação, porém era esse o meio de chamá-lo à razão. Seu estado reclamava um drástico enérgico. Esse medicamento lhe foi propinado.
Cumpriu-se a Justiça, de cuja consumação emerge a misericórdia como seu complemento. Pela dor e pelo amor! Uma vez a lei satisfeita, soa a hora da graça. Lei e graça, justiça e misericórdia se entrelaçam na sábia urdidura da obra redentora do Espírito. Prossigamos, no entanto, no esclarecimento e justificação da nossa campanha em prol da reabilitação do grande delinquente. Judas foi tentado. Jesus o afirma, dizendo que Satanás o havia possuído. Se é certo que a influência da tentação não dirime o delito, contudo é inegável que constitui atenuante em favor do criminoso.
As
circunstâncias atenuantes estão previstas até nos códigos
terrenos, apesar das inúmeras lacunas de que eles se ressentem. A culpabilidade
de Iscariotes deve ser julgada através dessa circunstância. O Tentador
o dominou, agindo através dos dois principais defeitos do malsinado apóstolo:
cinismo e grande apego ao dinheiro. Essas duas falhas acentuadas do seu caráter
têm as suas raízes mergulhadas no egoísmo. Com dinheiro
se compram prazeres e deleites que gratificam os sentidos. Com cinismo o indivíduo
faz ouvidos de mercador aos protestos da consciência.
Que
Judas se fascinava pelo dinheiro, di-lo claramente João Evangelista,
reportando-se às suas ladroíces como tesoureiro da comunidade.
Que era um cínico e simulador atesta-o eloquente o seu gesto, na última
ceia, interrogando o Mestre sobre aquele que ia traí-lo metendo a mão
no prato com Jesus, após este haver declarado que tal importaria o sinal
denunciador daquele que o havia de trair. Os maus pendores facilitaram a tarefa
do traidor ou talvez, dos Espíritos das trevas.
Consideremos, agora, outras particularidades dignas de meditação. A missão de Jesus não foi compreendida pelos homens do seu tempo, inclusive pelos próprios discípulos e apóstolos. Estes, só depois do dia de Pentecostes, é que a perceberam e assimilaram. Todos viam no Enviado celeste o libertador do povo de Deus das garras de César. Supunham que Jesus empregaria processos e meios miraculosos para vencer o despotismo romano, expulsando os invasores da Palestina. Aguardavam ansiosamente esse momento. A mente humana, acanhada e regionalista, não abarcava a grandiosidade da obra messiânica. Ninguém pensava na libertação do Espírito da servidão dos vícios e das paixões com sede na carne. Esta questão era demasiadamente transcendental para os homens daquele século.
Judas via em Jesus um místico, com poderes supranormais extraordinários, aguardando o momento oportuno para utilizá-los em favor do seu povo oprimido. Naturalmente, ao negociar com os sacerdotes judaicos a entrega de seu Mestre, Judas supunha que Ele jamais pereceria às mãos dos seus inimigos. Estaria, talvez, convencido de que, na ocasião azada, Jesus os destroçaria, manejando faculdades que tanto o distiguiam, e que Judas tanto invejava. Vários episódios teriam contribuído para alicerçar na mente do grande culpado aquela hipótese.
Consideremos, agora, outras particularidades dignas de meditação. A missão de Jesus não foi compreendida pelos homens do seu tempo, inclusive pelos próprios discípulos e apóstolos. Estes, só depois do dia de Pentecostes, é que a perceberam e assimilaram. Todos viam no Enviado celeste o libertador do povo de Deus das garras de César. Supunham que Jesus empregaria processos e meios miraculosos para vencer o despotismo romano, expulsando os invasores da Palestina. Aguardavam ansiosamente esse momento. A mente humana, acanhada e regionalista, não abarcava a grandiosidade da obra messiânica. Ninguém pensava na libertação do Espírito da servidão dos vícios e das paixões com sede na carne. Esta questão era demasiadamente transcendental para os homens daquele século.
Judas via em Jesus um místico, com poderes supranormais extraordinários, aguardando o momento oportuno para utilizá-los em favor do seu povo oprimido. Naturalmente, ao negociar com os sacerdotes judaicos a entrega de seu Mestre, Judas supunha que Ele jamais pereceria às mãos dos seus inimigos. Estaria, talvez, convencido de que, na ocasião azada, Jesus os destroçaria, manejando faculdades que tanto o distiguiam, e que Judas tanto invejava. Vários episódios teriam contribuído para alicerçar na mente do grande culpado aquela hipótese.
Ele
presenciou o Senhor, quando os judeus tentaram aprisioná-lo. Estava habituado
a vê-lo aparecer inesperadamente entre os discípulos e ausentar-se,
sem que se soubesse para onde teria ido. No Jardim das Oliveiras, Jesus, apresentando-se
aos beleguins romanos guiados pelo mesmo Judas, se transfigura diante deles,
deixando irradiar a luz refulgente do seu Espírito. Diante deste fenômeno
insólito, a soldadesca, aturdida e confusa, cai por terra. Estas ocorrências
todas corroboraram o conceito de Iscariotes, animando-o a executar o plano que
arquitetara.
Quando,
porém, acompanhando com interesse a sucessão dos acontecimentos,
viu que Jesus caminha para o suplício, sem opor embargos aos seus verdugos,
e que, finalmente, sucumbiu no madeiro infamante. Judas estremeceu! Experimentou
dentro de si o rugir duma tormenta, o desabar de um medonho e inconcebível
furacão. O que se teria passado com ele, em tão trágico
lance, a linguagem humana não possui expressões bastante para
relatar. São desses transes que se imaginam, porém não
se descrevem. Perpassou-lhe pela mente o quadro da sua vida ao lado do Mestre.
Lembrou-se das palavras que ouvira dele; da sua bondade e doçura; da
sua dedicação pelos sofredores; dos benefícios que espalhou
por toda parte onde esteve; do caso da viúva de Naim cujo filho redivivo,
restituído a mãe, transformou o seu pranto em alegria; e daquele
filha voltar à vida, quando todos a consideravam morta; e, mais outro
ainda, o de Lázaro, cujas irmãs e amigos pranteavam a morte, ressuscitado
pelo Senhor e entregue ao afeto dos que o amavam. Essas maravilhas todas, de
alta benemerência, e tudo o mais que observara 'de visu', acompanhando
o Mestre em sua peregrinação terrena, se desenharam ao vivo no
delírio febril da sua imaginação.
Sabe-se pela experiência dos que se encontram em perigo iminente de morte que nesses indivíduo se escoa em sua mente, que nestes instante, todo o passado do indivíduo se escoa em sua mente de um modo vertiginoso, porém perfeitamente compreensível. Todo o bem e todo o mal praticado, as conjunturas alegres ou tristes, os atos dignos ou inconfessáveis, tudo, enfim, num esforço rápido e vivo, é percebido e sentido naqueles fugazes momentos. Foi o que se teria verificado com o grande pecador. Sua alma então desperta; as cordas do seu sentimento habituadas à inação vibram agora desusada e descompassadamente. Lavram em seu interior as labaredas rubras do remorso. Sua razão, ora acordada, lhe mostra a vileza e a monstruosidade do seu crime. Judas se contorce no paroxismo da dor, no estertor horrendo da exprobração da consciência revivida, no tormento dantesco do criminoso vergado ao peso da condenação!
Judas enlouquece, Judas suicida-se! Detenhamo-nos aqui. Não tentemos avançar mais para dentro da sua dor, porque há dores cujo abismo causa vertigem aos que delas se aproximam. Descubramo-nos diante da sua grande, imensa e incomensurável tortura; deixemos que esta opere a sua obra de purificação. Executou-se a lei. A lei que pontifica no interior de cada homem, onde ele é juiz de si mesmo. Quanto tempo ficaria o espírito do grande delinquente no estado de desespero em que partiu deste mundo? Não sabemos. O importante é que ele se arrependeu. Deu, portanto, o primeiro passo no caminho da reparação. Após a Justiça consumada, soa, como já o dissemos, a hora da misericórdia.
Sabe-se pela experiência dos que se encontram em perigo iminente de morte que nesses indivíduo se escoa em sua mente, que nestes instante, todo o passado do indivíduo se escoa em sua mente de um modo vertiginoso, porém perfeitamente compreensível. Todo o bem e todo o mal praticado, as conjunturas alegres ou tristes, os atos dignos ou inconfessáveis, tudo, enfim, num esforço rápido e vivo, é percebido e sentido naqueles fugazes momentos. Foi o que se teria verificado com o grande pecador. Sua alma então desperta; as cordas do seu sentimento habituadas à inação vibram agora desusada e descompassadamente. Lavram em seu interior as labaredas rubras do remorso. Sua razão, ora acordada, lhe mostra a vileza e a monstruosidade do seu crime. Judas se contorce no paroxismo da dor, no estertor horrendo da exprobração da consciência revivida, no tormento dantesco do criminoso vergado ao peso da condenação!
Judas enlouquece, Judas suicida-se! Detenhamo-nos aqui. Não tentemos avançar mais para dentro da sua dor, porque há dores cujo abismo causa vertigem aos que delas se aproximam. Descubramo-nos diante da sua grande, imensa e incomensurável tortura; deixemos que esta opere a sua obra de purificação. Executou-se a lei. A lei que pontifica no interior de cada homem, onde ele é juiz de si mesmo. Quanto tempo ficaria o espírito do grande delinquente no estado de desespero em que partiu deste mundo? Não sabemos. O importante é que ele se arrependeu. Deu, portanto, o primeiro passo no caminho da reparação. Após a Justiça consumada, soa, como já o dissemos, a hora da misericórdia.
À
lei sucede a graça, Judas é um regenerado. Para afirmá-lo,
nos baseamos na doutrina que nos foi revelada pela sua vítima. Jesus
estendeu, de há muito, a sua destra benfazeja, amparando e acolhendo
o apóstolo transviado. Perdoou-lhe, como perdoou a Pedro e a Paulo, que
também pecaram. Todos, depois de suportarem a consequência dos
erros praticados, se reabilitaram. Por que Judas não se teria reabilitado
também? — Reabilitou-se, sim, no-lo diz o mesmo Jesus, através
destes preceitos seus: Amai aos vosso inimigos. Fazei bem aos que vos fizerem
mal. Orai pelos que vos perseguem e caluniam. Perdoai e sereis perdoados. Não
julgueis, não condeneis. Com a medida com que medirdes, com essa sereis
medidos. Quem predicou assim não podia abandonar um pecador que deu visíveis
provas de contrição. Jesus é aquele cuja escola é
Ele mesmo, cujas teorias são os seus exemplos, cujas doutrinas são
a sua vida.
Portanto,
é Ele quem nos dá autoridade para propugnarmos no sentido de apagar
o estigma aviltante que envolve a memória de Judas. A gravidade da culpa
depende da previsibilidade do evento criminoso. Ora, Judas não teve a
previsão das consequências do delito que praticou. Só depois
de consumado é que ele mediu o seus efeitos. Não cabe na mente
do egoísta que alguém, dispondo de força excepcionais e
singulares, deixe de utilizá-las em defesa própria. Renúncia
e sacrifício são expressões que carecem de sentido para
as mentalidades imbuídas do egoísmo.
Demais, cumpre acentuar ainda uma particularidade muito curiosa no ato pecaminoso de Iscariotes. O seu crime não foi propriamente de traição. Falta circunstância para que se capitule naquela rubrica: a circunstância da surpresa da vítima. Não pode haver traição, sem que se verifique o sobressalto, o inopinado, o imprevisto. Ora, Jesus, a vítima, estava a par de tudo, vinha acompanhando os passos de seu discípulo, ciente de toda a trama que ele urdira. Onde, pois, a traição?
É verdade que este pormenor não altera, do ponto de vista moral, a natureza do delito ora em apreço. Seja, porém, como for, o fato é que Judas resgatou a sua grande culpa no cadinho de uma imensa dor. As 30 moedas, preço de sua perfídia, ali fundidas, caíram, gota a gota, em seu atribulado coração.
Lembremos por fim, que Jesus veio chamar os pecadores e não os justos. Por isso jamais se defendeu das injúrias e ataques dirigidos à sua pessoa. Contra outra espécie de traidores, ele se insurgiu: os traficantes da fé, os impostores que exploravam o alheio sentimento. A este exprobrou em termos enérgicos. Seu gesto de revolta se verificou, quando expulsava do templo os vendilhões, dirigindo-lhes a seguinte apóstrofe: Fizestes da casa de meu Pai, que é casa de oração, covil de salteadores. Para os algozes que o cravaram na cruz, assim como para a plebe ignara que, aparvalhada, assistia ao seu sacrifício, teve esta frase lapidar: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
Demais, cumpre acentuar ainda uma particularidade muito curiosa no ato pecaminoso de Iscariotes. O seu crime não foi propriamente de traição. Falta circunstância para que se capitule naquela rubrica: a circunstância da surpresa da vítima. Não pode haver traição, sem que se verifique o sobressalto, o inopinado, o imprevisto. Ora, Jesus, a vítima, estava a par de tudo, vinha acompanhando os passos de seu discípulo, ciente de toda a trama que ele urdira. Onde, pois, a traição?
É verdade que este pormenor não altera, do ponto de vista moral, a natureza do delito ora em apreço. Seja, porém, como for, o fato é que Judas resgatou a sua grande culpa no cadinho de uma imensa dor. As 30 moedas, preço de sua perfídia, ali fundidas, caíram, gota a gota, em seu atribulado coração.
Lembremos por fim, que Jesus veio chamar os pecadores e não os justos. Por isso jamais se defendeu das injúrias e ataques dirigidos à sua pessoa. Contra outra espécie de traidores, ele se insurgiu: os traficantes da fé, os impostores que exploravam o alheio sentimento. A este exprobrou em termos enérgicos. Seu gesto de revolta se verificou, quando expulsava do templo os vendilhões, dirigindo-lhes a seguinte apóstrofe: Fizestes da casa de meu Pai, que é casa de oração, covil de salteadores. Para os algozes que o cravaram na cruz, assim como para a plebe ignara que, aparvalhada, assistia ao seu sacrifício, teve esta frase lapidar: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem.
Os
pecadores confessos e contritos encontraram nele refúgio, consolo e salvação.
Duas almas tiveram a primazia na obra de redenção consumada no
Calvário: a primeira foi Dimas, o bom ladrão crucificado à
direita do Cristo de Deus; a segunda foi Judas, o suicida, na demência
do remorso.
Vinícius
O CÁLICE DA AMARGURA (...)"Deste modo, podemos afirmar que nem todos os nossos apelos dirigidos ao Alto podem ser atendidos, uma vez que qualquer desvio em nossa vida poderá representar séculos de retardamento. A satisfação dos nossos desejos representaria postergação de fatores que são imprescindíveis à nossa reforma espiritual....
"Prostrou-se
sobre o seu rosto, orando e dizendo:
Meu pai; se é possível,
passe de mim este cálice" todavia, não seja feito como eu quero, mas como tu
quiseres." (Mateus, 26:39)
passe de mim este cálice" todavia, não seja feito como eu quero, mas como tu
quiseres." (Mateus, 26:39)
Afirma
o evangelista Mateus que Jesus Cristo formulou veemente rogativa a Deus no sentido
de passar dele a necessidade de tragar o cálice de amargura, simbolizado
no sacrifício que se cumpriria no alto do Calvário. Após
repetir a sua prece por trê vezes consecutivas, não houve um deferimento
favorável, e o drama da crucificação se cumpriu em todos
os detalhes.
O
Mestre, que havia preceituado: "Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis
e batei e abrir-se-vos-á" ali estava advogando o cancelamento do
martírio na cruz, entretanto não deixou de condicionar a sua vontade
à soberana vontade de Deus. Nos desígnios do Pai o sacrifício
do Calvário era um imperativo, sem o qual a doutrina que o Mestre viera
trazer, não triunfaria na face da Terra, ao ponto de, em três séculos
apenas, causar a derrocada do Paganismo, solapando as precárias bases
em que se fundamentava a religião dos povos mais poderosos da Terra.
Devemos
nos lembrar que todos nós, em maior ou menor escala, temos um Calvário
em nossa vida, por isso tanto em relação a nós o Criador
não modifica a cada instante os desideratos superiores. Muitas das rogativas
que erguemos não são aceitas porque assumimos compromissos espirituais
importantes antes da nossa encarnação terrena, e se modificando
o curso da nossa vida ao sabor da nossa vontade, é óbvio que ocorreria
uma estagnação e dificilmente colimaríamos o nosso aprimoramento
espiritual.
O
advento de Jesus Cristo na Terra indubitavelmente exigiu intensa preparação
espiritual, principalmente nos séculos que antecederam a sua integração
no ambiente terreno. Se João Batista foi o seu precursor imediato, lembremo-nos
de que muitos profetas de Israel também cooperaram para a sua vinda,
fornecendo detalhes minuciosos sobre a sua inconfundível personalidade
e esboçando, em linhas gerais, a razão primária da sua
missão no seio da Humanidade.
A
tarefa desenvolvida entre nós por Jesus Cristo não foi mera caminhada
pelas estradas da Galiléia. Não foi também uma peregrinação
com o objetivo de curar alguns paralíticos, restaurar a vista a alguns
cegos, limpar alguns leprosos ou expelir alguns maus Espíritos. O advento
de Jesus foi algo sublime demais, pois ele trouxe para a Humanidade uma mensagem
de vida eterna, uma doutrina suscetível de impulsionar o gênero
humano para os seus verdadeiros objetivos, um código
de moral que serviria de fundamento para a reforma moral dos indivíduos.
O Messias veio para curar os doentes da alma e levantar aqueles que estão
alquebrados pelas tribulações da vida terrena. Veio também
para convocar aqueles que malbaratam os "alores que Deus, por excesso de
misericórdia, lhes concedeu, despertando-os de uma inércia incompatível
com a necessidade de reforma interior.
Se
a missão desempenhada por Jesus Cristo demanda séculos de preparação,
devemos também convir que a tarefa de muitos Espíritos que encarnam
na Terra, também exige preparação, planejamento e sobretudo
obedecem a desígnios superiores, previamente estabelecidos.
Deste
modo, podemos afirmar que nem todos os nossos apelos dirigidos ao Alto podem
ser atendidos, uma vez que qualquer desvio em nossa vida poderá representar
séculos de retardamento. A satisfação dos nossos desejos
representaria postergação de fatores que são imprescindíveis
à nossa reforma espiritual.
Sendo
a Terra uma imensa escola, na qual os nossos Espíritos se aprimoram,
despojando-se de suas imperfeições, é lógico que
deveremos assimilar todas as lições que nos são propiciadas
pois, se protelarmos o nosso aprendizado, além de adiarmos nossa evolução,
estaremos também contribuindo para o atravancamento do progresso espiritual
da Humanidade, causando o retardamento no advento de uma nova era, quando o
mundo será mai, espiritualizado, mais moralizado e sobretudo mais evangelizado.
Paulo
A. Godoy
UM MÉDIUM CHAMADO ÁGABO
"E
chegou da Judéía um profeta por nome Ágabo. E vindo ter
conosco, tomou a cinta de Paulo,
e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: Assim ligarão os judeus em
Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. " (Atos, 21:10-11)
e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: Assim ligarão os judeus em
Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. " (Atos, 21:10-11)
Esta
narrativa dos Atos dos Apóstolos confirma, uma vez mais, que os primitivos
cristãos se escudavam na orientação dos Espíritos,
quando tinham necessidade de tomar determinadas atitudes.
Paulo,
com alguns dos seus companheiros, hospedou-se na casa de Filipe, o evangelista,
pai de quatro moças que possuíam faculdades mediúnicas
e que, obviamente, serviam de instrumento para que seu pai e os cristãos
que costumeiramente se abrigavam em sua casa, entrassem em comunicação
com o plano espiritual.
Chegou
também ali um médium chamado Ágabo, o mesmo que, segundo
os Atos dos Apóstolos (11:28), havia vaticinado que haveria grande fome
na face da Terra: "E levantando-se um deles de nome Ágabo, dava
a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo,
e isso aconteceu no tempo de Cláudio César". Ágabo,
sem conhecer Paulo, fez uso da sua mediunidade de psicometria; "tomou o
cinto do apóstolo e profetizou tudo aquilo que lhe iria acontecer, inclusive
a sua prisão por meio de correias e subseqüente entrega a um governador
gentio".
Em
seguida a essa profecia, os amigos de Paulo intercederam para que ele não
subisse a Jerusalém, porém o Converso de Damasco repeliu a idéia,
dizendo peremptório: "Que fazeis "Vós, chorando e magoando-me
o coração? Porque eu estou pronto, não só a ser
ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus"
.
Os
Atos dos Apóstolos narram que Paulo subiu a Jerusalém e ali, pregando
no templo, foi reconhecido por alguns judeus da Ásia, os quais deram
início a surda rebelião contra os seus ensinamentos, agitando
assim todo o povo. O tribuno Cláudio Lysias, vendo que a população
estava em pânico, mandou que Paulo fosse atado com correntes e levado
à Fortaleza. Na escadaria da prisão o apóstolo tentou um
discurso em sua defesa, porém foi veementemente repelido pela turba fanática.
O tribuno ordenou, posteriormente, que ele fosse conduzido ao Sinédrio,
onde foi inquerido.
Nessa
altura dos acontecimentos, Paulo foi avisado, por um seu sobrinho, que cerca
de quarenta judeus planejavam uma conspiração e juraram que não
comeriam nem beberiam, enquanto não o matassem, tudo isso sob os olhares
complacentes do Sinédrio pois os conjurados pediram aos membros do Conselho
que solicitassem ao tribuno que lhes enviasse novamente o apóstolo para
maiores inquirições. O plano consistia em abatê-lo no trajeto
entre a fortaleza e o templo.
O
tribuno, sendo informado dessa conspiração, mandou, preparar uma
tropa composta de duzentos soldados, duzentos arqueiros e sessenta cavalarianos
e deu ordens para que Paulo fosse levado a Cesaréia antes da madrugada,
onde o apóstolo foi entregue ao governador Felix. Após interrogatório
levado a efeito pelo governador, Paulo foi atado com correias, cumprindo-se
assim a profecia de Ágabo.
Paulo
esteve detido pelo governador gentio por mais de dois anos, até que,
no governo de Pórcio Festo, apelou ser julgado por um tribunal romano:
"Apelaste para César, para César irás, asseverou o
governador.
No
seio das primitivas comunidades cristãs, o intercâmbio com o plano
espiritual servia de bússola para todas as decisões, por isso
vemos que, logo após a primeira profecia de Ágabo em torno da
fome que assolaria a Terra, os apóstolos se reuniram e resolveram mandar
provisões e socorro para os irmãos que habitavam a Judéia;
na segunda profecia, intercederam junto a Paulo para que não subisse
a Jerusalém, no que não foram atendidos, pois o Apóstolo
dos Gentios desejava, ardentemente, dar testemunho de Jesus em todo o mundo,
a todos povos.
A
comunicação com o mundo espiritual era prática comum entre
os seguidores de Jesus Cristo, prática essa que se prolongou por muitos
séculos, até que, com a oficialização da religião
pelo imperador Constantino, teve início o milenar processo de degenerescência
da Doutrina Cristã, as comunicações passaram a ser coibidas,
pois elas vinham prejudicar os planos adredemente preparados pelas trevas, de
consolidar o conluio entre os poderes temporais e espirituais, pois só
assim poderiam fazer com que a singela e meiga Doutrina, legada pelo Rabi da
Galiléia, sofresse o impacto dos interesses mundanos, deixando de consolar
os pequeninos e sofredores, para servir de esteio para os interesses mundanos
dos grandes e potentados.
Ágabo
era um autêntico médium, por isso Paulo aceitou plenamente o seu
vaticínio e não trepidou em considerá-lo como verdadeiro,
pois em Atos (20:23) vemo-lo proclamar: "E agora, eis que ligado eu pelo
Espírito vou para Jerusalém, não sabendo o que lá
me há de acontecer, senão o que o Espírito, de cidade em
cidade, me revela, dizendo: que me esperam prisões e tribulações".
Paulo
A. Godoy
A CABEÇA DO PROFETA. (...)"Ninguém tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. O profeta Elias poderia ter demonstrado a excelência do seu Deus, sem contudo ordenar a matança dos sacerdotes politeístas de Baal. O fato de ter João Batista sido o precursor de Jesus Cristo, desempenhando, portanto, importante papel no seu Messiado, seria o suficiente para ter anulado aquele delito; no entanto, vemos que o seu Espírito teve necessidade de se ajustar com a Lei Divina, por isso sua cabeça rolou, a pedido de Herodias"...
"E
trouxeram-lhe, numa bandeja, a cabeça de João Batista." (Mateus,
14:11)
Herodias,
pretendendo vingar-se de João Batista, pelo fato de ele ter, de público,
verberado o seu procedimento imoral, instigava sua filha Salomé a solicitar
a sua cabeça numa bandeja. O rei Herodes, não querendo voltar
atrás em sua promessa, ordenou que assim fosse feito.
Esta
passagem evangélica nos propicia uma eloqüente prova de reencarnação,
de ajuste com a justiça divina, e tudo leva a crer que nessa ocorrência
também houve a consumação de um juramento de vingança.
A
reencarnação do Espírito de Elias, na pessoa de João
Batista foi sobejamente confirmada pelo próprio Jesus Cristo (Mateus,
11:13- 14 e 17:11-13): "E se quereis dar crédito, este é
o Elias que havia de vir. E então os discípulos entenderam que
falava de João Batista.
A
narração contida no I livro dos Reis (I Reis, capítulos
18 e 19), afirma que Elias, após fazer uma demonstração
patética, convincente de que o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó
era o Deus verdadeiro, ordenou a decapitação de 450 sacerdotes
de Baal. O rei Acab, de Israel, comunicou o fato à rainha Jezabel, sua
esposa, filha do rei dos sidônios, a qual não era israelita e adorava
também o deus Baal.
Jezabel,
face àquele fato consumado, jurou solenemente "Assim me matem também
os deuses, e façam comigo coisas piores se até amanhã,
a estas horas, não liquidar a vida de Elias, do mesmo modo como ele fez
com os profetas".
Elias
fugiu para Berseba, onde não foi encontrado pelos emissários da
rainha. Com o desenrolar dos tempos, ambos desencarnaram, sem que o juramento
de vingança fosse cumprido.
Quando
nascido na pessoa de João Batista, embora Jesus tivesse afirmado que
"ele era mais do que profeta" e que "era o maior dentre os nascidos
de mulher", ele não pôde subtrair-se às conseqüências
da lei de causa e efeito, tendo que quitar-se com a Justiça Divina.
Inspirada
por Herodias, Salomé pediu sua cabeça numa bandeja. Isso ocorreu
nove séculos após Elias ter ordenado a decapitação
dos sacerdotes de Baal. É bem provável que Herodias também
tenha sido a reencarnação de Jezabel, pois são pródigos
os ensinamentos dos Espíritos em torno de sentimentos de vingança
que perduram séculos e acompanham os Espíritos no decurso de muitas
reencarnações. É provável que, não tendo
ela se vingado de Elias, 24 horas após, conforme pretendia, o tenha feito
900 anos após, na pessoa de João Batista, que era o Elias reencarnado.
Muitos
poderão achar que este período de tempo é demasiado longo.
No entanto, os benfeitores espirituais nos revelam, principalmente através
dos livros recebidos pela psicografia de Chico Xavier, que muitos Espíritos,
animados de sentimentos inferiores, permanecem séculos e séculos
na erraticidade ou em planos menos evoluídos. Nove séculos não
são exagerados no ciclo evolutivo de um Espírito, e isso não
significa que o Espírito de Jezabel não tenha tido outras reencarnações
intermediárias, nas quais não conseguiu apagar do seu coração
os sentimentos de desforra.
Ninguém
tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. O profeta Elias poderia ter
demonstrado a excelência do seu Deus, sem contudo ordenar a matança
dos sacerdotes politeístas de Baal.
O
fato de ter João Batista sido o precursor de Jesus Cristo, desempenhando,
portanto, importante papel no seu Messiado, seria o suficiente para ter anulado
aquele delito; no entanto, vemos que o seu Espírito teve necessidade
de se ajustar com a Lei Divina, por isso sua cabeça rolou, a pedido de
Herodias. É a aplicação pura e simples da lei de Causa
e Efeito. "É o quem com ferro fere, com ferro será ferido",
do ensinamento evangélico.
Paulo
A. Godoy
A PERSEVERANÇA
"Porfiai
em entrar pela porta estreita." (Lucas, 13:24)
Um
exemplo empolgante de perseverança e luta persistente em favor de um
ideal nos é oferecido por Paulo de Tarso, o valoroso paladino das verdades
cristãs, que levou as palavras do Evangelho ao seio de muitos povos da
sua época.
Em
sua segunda epístola aos Coríntios, o grande apóstolo narra
as suas vicissitudes da seguinte forma:
"Recebi
dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um. "Três vezes
fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri
naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo.
"Em
viagens muitas vezes, em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos
da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade,
em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos.
"Em
trabalhos e fadiga, em vigílias muitas vezes, em fome e sede, em jejum
muitas vezes, em frio e nudez."
Somente
os que são norteados por um idealismo sadio e por uma fé viva
podem suportar, com estoicismo, os sofrimentos dessa natureza, sem que ocorra
qualquer esmorecimento.
A
visão da Estrada de Damasco deu a Paulo de Tarso o dinamismo necessário
para levar avante a sua missão, uma vez que poucos são os homens
que se revestem da couraça da fé para realizar uma tarefa redentora.
Muitos ficam à margem do caminho ou preferem se demorar na estagnação
ou obstado pelo apego ao comodismo ou à observância de vãs
tradições.
À
certa altura da mesma epístola, o Apóstolo dos Gentios proclamou:
"E, para que me não exaltasse pelas excelências das revelações,
foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para
me esbofetear, a fim de me não exaltar. Acerca de qual três vezes
orei ao Senhor para que se desviasse de mim".
Isso
significa que a ação do apóstolo importunou os inimigos
da luz e estes investiram violentamente contra ele, fazendo com que, além
de sofrer as investidas de muitos homens empedernidos de sua época, sofresse
também os obstáculos impostos pela ação de Espíritos
trevosos, interessados na manutenção de um status fundamentado
sobre o império das trevas.
Para
se vencer na luta é imperioso que sejamos norteados por uma disposição
inquebrantável, sem a preocupação com as quedas e as adversidades
que possam surgir.
A
perseverança deverá presidir a nossa ação, quer
estejamos propugnando pela implantação de um ideal nobre, cuja
vitória implicará o advento de relevantes benefícios para
a Humanidade, em cujo caso enquadramos a missão desenvolvida por Paulo
de Tarso,
quer estejamos empenhados numa luta pelo nosso próprio aprimoramento
e cujos únicos bneficiários seremos nós mesmos.
Quando
Jesus Cristo proclamou que "aqueles que perseverassem até o fim
seriam salvos", quis dizer que, qualquer que seja a tarefa que estejamos
desenvolvendo, não devemos jamais permanecer estacionários à
margem do caminho, mas devemos emprestar dinamismo e persistência na luta
que travamos até que surja a vitória final.
Os
Evangelhos registram vários ensinamentos importância da perseverança.
Quando
Jesus Cristo foi procurado pela Mulher Cananéia, a princípio não
atendeu a sua rogativa, afirmando que havia sido enviado tão-somente
às ovelhas desgarradas da Casa de Israel, entretanto a mulher persistiu,
seguiu-o, clamou, suplicou, acabando por merecer do Mestre a tão almejada
cura para a sua filha.
Maria
Madalena, após defrontar-se com o Mestre, optou por uma persistente batalha
em favor da sua reforma interior, perseverando na luta íntima e conseguindo
colimar apoteótica vitória sobre os vícios que a atormentavam,
merecendo por isso o prêmio de ser a primeira pessoa a ser visitada pelo
Espírito de Jesus, logo após o episódio da crucificação.
O Mestre havia sentido que Maria fora a mulher que havia travado e vencido uma
das mais gigantescas lutas contra o império do mal.
O
publicano Zaqueu alimentava o propósito de dialogar com Jesus e perseverou
até o fim, chegando mesmo a subir numa figueira, onde recebeu o convite
generoso do Mestre para o tão almejado diálogo, no qual, após
se predispor a distribuir metade da sua fortuna com os pobres, mereceu as célebres
palavras proferidas pelo Senhor:
"Zaqueu,
hoje entrou a salvação em tua casa".
João
Batista, o precursor de Jesus, perseverou na ingente tarefa a que se havia proposto,
combatendo o erro e ensinando como evitá-lo, chegando por isso mesmo
a enfrentar o ódio de Herodes. Ele só pôs um paradeiro em
sua luta quando, após enviar dois dos seus emissários a Jesus,
certificou-se de que ali estava realmente o Messias prometido, o que significava
que a sua missão estava cumprida.
Existe,
no entanto, a perseverança na prática do mal, a qual tem conseqüências
danosas e imprevisíveis.
Judas
Escariotes dispôs-se a trair o Mestre, recebendo em troca trinta moedas
de prata. Na última ceia teve uma autêntica advertência e
uma oportunidade ímpar de voltar atrás. Mas a persistência
no erro fez com que realizasse o seu intento, o que redundou em seu próprio
suicídio e obviamente em longos séculos de sofrimentos espirituais.
Os
escribas e fariseus tiveram a demonstração mais viva de que Jesus
Cristo era o tão aguardado Messias, no entanto, preferiram perseverar
na cegueira e na incompreensão, não encerrando a perseguição
enquanto não viram o Mestre suspenso no madeiro infamante.
Devemos,
pois, perseverar até o fim, mas sempre no caminho do bem, na senda da
reforma interior, na luta em favor do aprimoramento espiritual da Humanidade.
Paulo
A. Godoy
sábado, 23 de março de 2013
EXISTÊNCIA DA ALMA
XI -
EXISTÊNCIA DA ALMA
André Luiz
EVOLUÇÃO MORFOLÓGICA E MORAL – A evolução morfo16gica prosseguiu,
emparelhando-se com a evolução moral.
O crânio avançou, com vagar, no rumo de aprimoramento maior, os braços
refinavam-se, as mãos adquiriam excelência táctil não sonhada, e os
sentidos, todos eles, progrediam em acrisolamento e percepção.
Todavia, com o advento da responsabilidade que o separara da orientação
direta dos Benfeitores da Vida Maior, entregou-se o homem a múltiplos
tentames de progresso no campo do espírito.
No regime interior de livre indagação, conferia asas audaciosas ao
pensamento, e, com isso, mais se lhe acentuava o poder de imaginar,
facilitando-se-lhe a mentalização e o desprendimento do corpo espiritual,
cujas células em conexão com as células do corpo físico se automatizavam
assim, na emancipação parcial, através do sono, para acesso da alma a
ensinamentos de estrutura superior.
Guarda a criatura humana, então, consigo, na tessitura dos próprios
órgãos, a herança dos milhões de estágios diferentes, nos reinos
inferiores, e, no fundo, sente-se inclinada a viver no plano dos outros
mamíferos que lhe respiram a vizinhança, com o instinto absoluto dominando
sem restrições; no entanto, com a evolução irreversível, o amor
agigantou-se-lhe no ser, sugerindo-lhe novas disposições à pr6pria
existência.
NOÇÃO DO DIREITO – Em razão do apego aos rebentos da própria
carne, institui a propriedade da faixa de solo em que se lhe encrava a
moradia e, atendendo a essa mesma raiz de afetividade, traça a si próprio
determinadas regras de conduta, para que não imponha aos semelhantes
ofensas e prejuízos que não deseja receber.
Acontece, assim, o inesperado.
O homem que não pretende abandonar os apetites e prazeres da experiência
animal, fabrica para si mesmo os freios que lhe controlarão a liberdade, a
fim de que se lhe enobreça o caráter iniciante.
Estabelecendo a posse tirânica em tudo o que julga seu, desiste de
aproveitar o que pertence ao vizinho, sob pena de expor-se a penalidades
cruéis.
Nasce, desse modo, para ele a noção do direito sobre o alicerce das
obrigações respeitadas.
CONSCIÊNCIA DESPERTA – É assim que ele transformado interpreta,
sob novo prisma, a importância de sua presença na Terra.
Não mais lhe seduzem a despreocupação e o nomadismo, assim como para o
homem adulto é já passado o ciclo da infância.
Sabe agora que o berço carnal se reveste de significação mais profunda.
Compreende, a pouco e pouco, que a vida lhe registra as contas pessoais,
porquanto aprende que pode negar o braço ao companheiro necessitado de
apoio, sabendo, porém, que o companheiro poderá recusar-lhe o seu, no
momento em que o desequilíbrio lhe bata à porta.
Reconhece que dispõe de liberdade para matar o desafeto, mas não ignora
que o desafeto, a seu turno, pode igualmente exterminar-lhe o corpo ou
amargar-lhe o caminho.
Percebe que os seus gestos e atitudes, para com os outros, criam nos
outros atitudes e gestos semelhantes para com ele.
Com esse novo cabedal de observação, revela-se-lhe a vida mental mais
surpreendente e mais rica e, por essa mais intensa vida íntima, retrata
com relativa segurança as idéias dos Espíritos Abnegados que lhe custodiam
a rota.
Desde então, não guarda a existência circunscrita à romagem berço-túmulo,
por alongá-la, do ponto de vista de causa e efeito, para além do sepulcro
em que se lhe guarda o invólucro anulado ou imprestável.
Incorporando a responsabilidade, a consciência vibra desperta e, pela
consciência desperta, os princípios de ação e reação funcionam, exatos,
dentro do próprio ser, assegurando-lhe a liberdade de escolha e
impondo-lhe, mecanicamente, os resultados respectivos, tanto na esfera
física quanto no Mundo Espiritual.
A LARVA E A CRIANÇA – Nesse sentido, importa lembrar aqui, com as
diferenças justas, o símile que a vida assinala entre as alterações da
existência para a alma humana e para os insetos de metamorfose integral.
A larva que se afasta do ovo ingressa em novo período de desenvolvimento,
que pode perdurar por muito tempo, como ocorre entre os efemerídeos,
mostrando, no começo, a membrana do corpo ainda amolecida e conservando no
tubo digestivo os remanescentes de gema da fase embrionária, para iniciar,
depois da excreção, os processos de alimentação e digestão.
A criança recém-nata retira-se do útero e entra em nova fase de evolução,
que se firma através de alguns anos. A principio, tenra e frágil, retém na
própria organização os recursos sanguíneos que lhes foram doados, por
manutenção endosmótica, no organismo materno, para, somente depois,
eliminar, quanto lhe seja possível, esses mesmos recursos, gerando os que
lhe são próprios.
Avançando na execução dos programas traçados para a sua existência, a
larva cresce e recorre a matérias nutritivas que lhe garantam o aumento do
corpo e, conforme a espécie, promove por si mesma a mudança de pele,
indispensável ao condicionamento de seu próprio volume.
Satisfazendo os imperativos da própria vida, a criança se desenvolve,
tomando o alimento preciso à expansão de sua máquina orgânica, passando a
realizar por si, isto é, ao comando da mente, a renovação celular dos
tecidos e órgãos que lhe constituem o campo somático, de maneira a que se
lhe ajuste a forma física aos moldes do corpo espiritual.
METAMORFOSE DO INSETO – A larva dos insetos de transformação
completa experimenta vários períodos de renovação para atingir a condição
de adulto, embora permaneça com o mesmo aspecto, porquanto apenas depois
da derradeira mudança de pele é que se torna pupa.
Em semelhante estágio, acusa progressiva diminuição de atividade, até que
não mais suporte a alimentação.
Esvaziam-se-lhe os intestinos e paralisam-se-lhe os movimentos.
A larva protege-se, então, no solo ou na planta, preparando a própria
liberação.
Permanece, assim, ó, e não se alimenta do ponto de vista fisiológico,
encrisalidando-se, segundo a espécie, em fios de seda por ela própria
constituídos com a secreção das glândulas salivares, agregados a
pequeninos tratos de terra ou a tecidos vegetais, formando, desse modo, o
casulo em que repousa, durante certo tempo, fixado em alguns dias e até
meses.
Na posição de pupa, ao impacto das vibrações de sua própria organização
psicossomática, sofre essencial modificação em seu organismo, modificação
que, no fundo, equivale a verdadeiro aniquilamento ou histólise, ao mesmo
tempo que elabora órgãos novos pelo fenômeno da histogênese, valendo-se
dos tecidos que perduraram.
A histólise, que se efetua por ação dos fermentos, verifica-se
notadamente nos músculos, no aparelho digestivo e nos tubos de Malpighi,
com reduzida atuação no sistema nervoso e circulat6rio.
Pela histogênese, os remanescentes dos músculos estriados desfazem-se das
características que lhes são próprias, perdendo, gradativamente, a sua
estriação, até que se convertam, qual se obedecessem a processo
involutivo, em células embrionárias fusiformes, com um núcleo exclusivo,
ou mioblastos, que se dividem por segmentação, plasmando novos elementos
estriados para a configuração dos órgãos típicos.
Somente então, quando as ocorrências da metamorfose se realizam, é que o
inseto, integralmente renovado, abandona o casulo, revelando-se por falena
leve e ágil, com o sistema bucal transformado, como acontece na borboleta
de tipo sugador, na qual as maxilas se alongam, convertendo-se numa
trompa, enquanto que o lábio superior e as mandíbulas se atrofiam.
Entretanto, embora magnificentemente modificada, a borboleta alada e
multicor é o mesmo indivíduo, somando em si as experiências dos três
aspectos fundamentais de sua existência de larva-ninfa-inseto adulto,
HISTOGÊNESE ESPIRITUAL – Assim também, a criatura humana, depois
do período infantil, atravessa expressivas etapas de renovação interior,
até alcançar a madureza corpórea, não obstante apresentar-se com a mesma
forma exterior, porquanto somente ap6s o esgotamento da força vital no
curso da vida, através da senectude ou da caquexia por intervenção da
enfermidade, é que se habilita à transformação mais profunda.
Nesse período característico da caducidade celular ou da moléstia
irreversível, demonstra gradativa diminuição de atividade, não mais
tolerando a alimentação.
Pouco a pouco, declinam as suas atividades fisiológicas e a inércia
substitui-lhe os movimentos.
Protege-se, desde então, no repouso horizontal em decúbito, quase sempre
no leito, preparando o trabalho liberat6rio.
Chega, assim, o momento em que se imobiliza na cadaverização,
mumificando-se à feição da crisálida, mas envolvendo-se no imo do ser com
os fios dos pr6prios pensamentos, conservando-se nesse casulo de forças
mentais, tecido com as suas pr6prias idéias reflexas dominantes ou
secreções de sua própria mente, durante um período que pode variar entre
minutos, horas, dias, meses ou decênios.
No ciclo de cadaverização da forma somática, sob o governo dinâmico de
seu corpo espiritual, padece extremas alterações que, na essência,
correspondem à histólise das células físicas, ao mesmo tempo que elabora
órgãos novos pelo fenômeno que podemos nomear, por falta de termo
equivalente, como sendo histogênese espiritual, aproveitando os elementos
vivos, desagregados do tecido citoplasmático, e que se mantinham até
então, ligados à colméia fisiológica entregue ao desequilíbrio ou à
decomposição.
A histólise ou processo destrutivo na desencarnação resulta da ação dos
catalisadores químicos e de outros recursos do mundo orgânico que,
alentados em níveis de degenerescência, operam a mortificação dos tecidos
e, do ponto de vista do corpo espiritual, afetam principalmente a
morfologia dos músculos e os aparelhos da nutrição, com escassa influência
sobre os sistemas nervoso e circulatório.
Pela histogênese espiritual, os tecidos citoplasmáticos se desvencilham
em definitivo de alguns dos característicos que lhes são próprios,
voltando temporariamente, qual se atendessem a processo involutivo, à
condição de células embrionárias multiformes que se dividem, através da
cariocinese, plasmando, em novas condições, a forma do corpo espiritual,
segundo o tipo imposto pela mente.
DESENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO -Apenas quando os acontecimentos da
morte se realizam, é que a criatura humana desencarnada, plenamente
renovada em si mesma, abandona o veículo carnal a que se jungia; contudo,
muitas vezes aprisionada ao casulo dos seus pensamentos dominantes, quando
não trabalhou para renovar-se, nos recessos do espírito, passa a revela-se
em novo peso específico, segundo a densidade da vida mental em que se
gradua, dispondo de novos elementos com que atender à própria alimentação,
equivalentes às trompas fluidico-magnéticas de sucção, embora sem perder
de modo algum o aparelho bucal que nos é característico, salientando-se,
aliás, que semelhantes trompas ou antenas de matéria sutil estão patentes
nas criaturas encarnadas, a se lhes expressarem na aura comum, como
radículas alongadas de essência dinâmica, exteriorizando-lhes as radiações
específicas, trompas ou antenas essas pelas quais assimilamos ou repelimos
as emanações das coisas e dos seres que nos cercam, tanto quanto as
irradiações de nós mesmos, uns para com os outros.
CONTINUAÇÃO DA EXISTÊNCIA - Metamorfoseada, pois, não obstante o
fenômeno da desencarnação, a personalidade humana continua, além-túmulo, o
estágio educativo que iniciou no berço, sem perder a própria identidade,
somando consigo as experiências da vida carnal, da desencarnação e da
metamorfose no plano extrafísico.
Perceberemos, desse modo, que a existência da criatura, na reencarnação,
substancializa-se não apenas na Terra, onde atende à plantação dos
sentimentos, palavras, atitudes e ações com que se caracteriza, mas também
no Mundo Espiritual, onde incorpora a si mesma a colheita da sementeira
praticada no campo físico, pelo desdobramento do aprendizado com que
entesoura as experiências necessárias à sublime ascensão a que se destina.
Uberaba, 5-3-58.
Livro “Evolução em Dois mundos”
Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Autor Espiritual: André Luiz.
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