"E
trouxeram-lhe, numa bandeja, a cabeça de João Batista." (Mateus,
14:11)
Herodias,
pretendendo vingar-se de João Batista, pelo fato de ele ter, de público,
verberado o seu procedimento imoral, instigava sua filha Salomé a solicitar
a sua cabeça numa bandeja. O rei Herodes, não querendo voltar
atrás em sua promessa, ordenou que assim fosse feito.
Esta
passagem evangélica nos propicia uma eloqüente prova de reencarnação,
de ajuste com a justiça divina, e tudo leva a crer que nessa ocorrência
também houve a consumação de um juramento de vingança.
A
reencarnação do Espírito de Elias, na pessoa de João
Batista foi sobejamente confirmada pelo próprio Jesus Cristo (Mateus,
11:13- 14 e 17:11-13): "E se quereis dar crédito, este é
o Elias que havia de vir. E então os discípulos entenderam que
falava de João Batista.
A
narração contida no I livro dos Reis (I Reis, capítulos
18 e 19), afirma que Elias, após fazer uma demonstração
patética, convincente de que o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó
era o Deus verdadeiro, ordenou a decapitação de 450 sacerdotes
de Baal. O rei Acab, de Israel, comunicou o fato à rainha Jezabel, sua
esposa, filha do rei dos sidônios, a qual não era israelita e adorava
também o deus Baal.
Jezabel,
face àquele fato consumado, jurou solenemente "Assim me matem também
os deuses, e façam comigo coisas piores se até amanhã,
a estas horas, não liquidar a vida de Elias, do mesmo modo como ele fez
com os profetas".
Elias
fugiu para Berseba, onde não foi encontrado pelos emissários da
rainha. Com o desenrolar dos tempos, ambos desencarnaram, sem que o juramento
de vingança fosse cumprido.
Quando
nascido na pessoa de João Batista, embora Jesus tivesse afirmado que
"ele era mais do que profeta" e que "era o maior dentre os nascidos
de mulher", ele não pôde subtrair-se às conseqüências
da lei de causa e efeito, tendo que quitar-se com a Justiça Divina.
Inspirada
por Herodias, Salomé pediu sua cabeça numa bandeja. Isso ocorreu
nove séculos após Elias ter ordenado a decapitação
dos sacerdotes de Baal. É bem provável que Herodias também
tenha sido a reencarnação de Jezabel, pois são pródigos
os ensinamentos dos Espíritos em torno de sentimentos de vingança
que perduram séculos e acompanham os Espíritos no decurso de muitas
reencarnações. É provável que, não tendo
ela se vingado de Elias, 24 horas após, conforme pretendia, o tenha feito
900 anos após, na pessoa de João Batista, que era o Elias reencarnado.
Muitos
poderão achar que este período de tempo é demasiado longo.
No entanto, os benfeitores espirituais nos revelam, principalmente através
dos livros recebidos pela psicografia de Chico Xavier, que muitos Espíritos,
animados de sentimentos inferiores, permanecem séculos e séculos
na erraticidade ou em planos menos evoluídos. Nove séculos não
são exagerados no ciclo evolutivo de um Espírito, e isso não
significa que o Espírito de Jezabel não tenha tido outras reencarnações
intermediárias, nas quais não conseguiu apagar do seu coração
os sentimentos de desforra.
Ninguém
tem o direito de tirar a vida do seu semelhante. O profeta Elias poderia ter
demonstrado a excelência do seu Deus, sem contudo ordenar a matança
dos sacerdotes politeístas de Baal.
O
fato de ter João Batista sido o precursor de Jesus Cristo, desempenhando,
portanto, importante papel no seu Messiado, seria o suficiente para ter anulado
aquele delito; no entanto, vemos que o seu Espírito teve necessidade
de se ajustar com a Lei Divina, por isso sua cabeça rolou, a pedido de
Herodias. É a aplicação pura e simples da lei de Causa
e Efeito. "É o quem com ferro fere, com ferro será ferido",
do ensinamento evangélico.
Paulo
A. Godoy
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