"E
chegou da Judéía um profeta por nome Ágabo. E vindo ter
conosco, tomou a cinta de Paulo,
e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: Assim ligarão os judeus em
Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. " (Atos, 21:10-11)
e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: Assim ligarão os judeus em
Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. " (Atos, 21:10-11)
Esta
narrativa dos Atos dos Apóstolos confirma, uma vez mais, que os primitivos
cristãos se escudavam na orientação dos Espíritos,
quando tinham necessidade de tomar determinadas atitudes.
Paulo,
com alguns dos seus companheiros, hospedou-se na casa de Filipe, o evangelista,
pai de quatro moças que possuíam faculdades mediúnicas
e que, obviamente, serviam de instrumento para que seu pai e os cristãos
que costumeiramente se abrigavam em sua casa, entrassem em comunicação
com o plano espiritual.
Chegou
também ali um médium chamado Ágabo, o mesmo que, segundo
os Atos dos Apóstolos (11:28), havia vaticinado que haveria grande fome
na face da Terra: "E levantando-se um deles de nome Ágabo, dava
a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo,
e isso aconteceu no tempo de Cláudio César". Ágabo,
sem conhecer Paulo, fez uso da sua mediunidade de psicometria; "tomou o
cinto do apóstolo e profetizou tudo aquilo que lhe iria acontecer, inclusive
a sua prisão por meio de correias e subseqüente entrega a um governador
gentio".
Em
seguida a essa profecia, os amigos de Paulo intercederam para que ele não
subisse a Jerusalém, porém o Converso de Damasco repeliu a idéia,
dizendo peremptório: "Que fazeis "Vós, chorando e magoando-me
o coração? Porque eu estou pronto, não só a ser
ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus"
.
Os
Atos dos Apóstolos narram que Paulo subiu a Jerusalém e ali, pregando
no templo, foi reconhecido por alguns judeus da Ásia, os quais deram
início a surda rebelião contra os seus ensinamentos, agitando
assim todo o povo. O tribuno Cláudio Lysias, vendo que a população
estava em pânico, mandou que Paulo fosse atado com correntes e levado
à Fortaleza. Na escadaria da prisão o apóstolo tentou um
discurso em sua defesa, porém foi veementemente repelido pela turba fanática.
O tribuno ordenou, posteriormente, que ele fosse conduzido ao Sinédrio,
onde foi inquerido.
Nessa
altura dos acontecimentos, Paulo foi avisado, por um seu sobrinho, que cerca
de quarenta judeus planejavam uma conspiração e juraram que não
comeriam nem beberiam, enquanto não o matassem, tudo isso sob os olhares
complacentes do Sinédrio pois os conjurados pediram aos membros do Conselho
que solicitassem ao tribuno que lhes enviasse novamente o apóstolo para
maiores inquirições. O plano consistia em abatê-lo no trajeto
entre a fortaleza e o templo.
O
tribuno, sendo informado dessa conspiração, mandou, preparar uma
tropa composta de duzentos soldados, duzentos arqueiros e sessenta cavalarianos
e deu ordens para que Paulo fosse levado a Cesaréia antes da madrugada,
onde o apóstolo foi entregue ao governador Felix. Após interrogatório
levado a efeito pelo governador, Paulo foi atado com correias, cumprindo-se
assim a profecia de Ágabo.
Paulo
esteve detido pelo governador gentio por mais de dois anos, até que,
no governo de Pórcio Festo, apelou ser julgado por um tribunal romano:
"Apelaste para César, para César irás, asseverou o
governador.
No
seio das primitivas comunidades cristãs, o intercâmbio com o plano
espiritual servia de bússola para todas as decisões, por isso
vemos que, logo após a primeira profecia de Ágabo em torno da
fome que assolaria a Terra, os apóstolos se reuniram e resolveram mandar
provisões e socorro para os irmãos que habitavam a Judéia;
na segunda profecia, intercederam junto a Paulo para que não subisse
a Jerusalém, no que não foram atendidos, pois o Apóstolo
dos Gentios desejava, ardentemente, dar testemunho de Jesus em todo o mundo,
a todos povos.
A
comunicação com o mundo espiritual era prática comum entre
os seguidores de Jesus Cristo, prática essa que se prolongou por muitos
séculos, até que, com a oficialização da religião
pelo imperador Constantino, teve início o milenar processo de degenerescência
da Doutrina Cristã, as comunicações passaram a ser coibidas,
pois elas vinham prejudicar os planos adredemente preparados pelas trevas, de
consolidar o conluio entre os poderes temporais e espirituais, pois só
assim poderiam fazer com que a singela e meiga Doutrina, legada pelo Rabi da
Galiléia, sofresse o impacto dos interesses mundanos, deixando de consolar
os pequeninos e sofredores, para servir de esteio para os interesses mundanos
dos grandes e potentados.
Ágabo
era um autêntico médium, por isso Paulo aceitou plenamente o seu
vaticínio e não trepidou em considerá-lo como verdadeiro,
pois em Atos (20:23) vemo-lo proclamar: "E agora, eis que ligado eu pelo
Espírito vou para Jerusalém, não sabendo o que lá
me há de acontecer, senão o que o Espírito, de cidade em
cidade, me revela, dizendo: que me esperam prisões e tribulações".
Paulo
A. Godoy
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