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sexta-feira, 11 de julho de 2014
OBSESSÃO NO CENTRO ESPÍRITA.
Enganam-se quantos imaginam que os espíritos obsessores não tenham acesso à casa espírita, influenciando os medianeiros que nela trabalham.
Os espíritos têm acesso a qualquer lugar para o qual se sintam atraídos, seja pelas atitudes de invigilância ou pelos pensamentos infelizes de quem lhes ofereça sintonia.
Um centro espírita pode, perfeitamente, estar sob a direção espiritual de entidades não evangelizadas, de espíritos que não tenham comprometimento com o Evangelho. Díriramos mesmo que, determinados núcleos espíritas, ou que se rotulem com tais, são verdadeiros quartéis-generais de espíritos inimigos da Doutrina, entidades pseudo-sábias e sofistas cuja única preocupação é a de estabelecer a cizânia.
Na casa espírita onde predominem os bons sentimentos de seus freqüentadores, o desejo do bem e o estudo da Doutrina, os espíritos obsessores não têm acesso podem até, como na maioria das vezes acontece, mover-lhe uma perseguição externa, na tentativa de atingi-la indiretamente, mas não conseguem varar o bloqueio natural que a preserva do assédio direto das trevas.
Existem pontos no centro espírita sobre os quais os seus dirigentes carecem de exercer uma maior vigilância.
Já tivemos oportunidade de nos referir aos perigos de uma reunião de desobsessão desorganizada, levada a efeito sem os devidos cuidados doutrinários. Uma outra atividade, todavia, que pode dar margem a muita perturbação para o grupo é justamente a relacionada ao passe. Como percebemos sempre uma tarefa ligada ao exercício da mediunidade.
Dentro da cabina de passe, os médiuns carecem estar sempre atentos, cooperando na vigilância uns dos outros. Costuma ser ali que os espíritos obsessores, valendo-se da proximidade física das pessoas, encontram facilidade para se insinuarem com os seus pensamentos maledicentes. Nada, por exemplo, de um médium atender sozinho no passe uma pessoa do sexo oposto ou de sentir necessidade de tocar o corpo de quem está se beneficiando dos recursos terapêuticos dispensados no momento do passe. Nada, ainda, de dar passividade pela incorporação às entidades espirituais que possivelmente estejam acompanhando o assistido… A mediunidade legítima é sempre exercida com discrição.
Costumam ser no instante no passe, devido ao grande afluxo de encarnados na instituição, que os médiuns se fragilizam a obsessão, não raro, pode começar a se instalar por um simples olhar invigilante!
O médium ainda algo personalista, querendo se prevalecer sobre os demais, não se contenta com a transmissão do passe transmite, a todo momento, supostos recados do Mais Além a quem sai, fornece diagnósticos a respeito de enfermidades inexistente, fazem previsões absurdas, descrevem quadros de sua imaginação… Este comportamento necessita ser combatido, para que, por exemplo, um médium de faculdades promissoras não extrapole.
É na cabina de passes que muitos medianeiros começam a acalentar a idéia de um trabalho de cura só para si!
Quando o médium perde a simplicidade sentimento de auto defesa que lhe garante imunidade contra a obsessão -, ele se transfigura em intérprete da perturbação, passando a ser na casa espírita um problema de difícil solução.
Odilon Fernandes
CENTROS MAL ORIENTADOS
Infelizmente, algumas casas espíritas prestam um desserviço à Doutrina dão-nos a impressão de que foram construídas apenas para atender a vaidade dos médiuns que as edificaram.
Não somos contrários aos diretores reconhecidamente bem intencionados e idealistas que permanecem por longo tempo nos cargos que ocupam. A causa espírita necessita dos que não abram mão de seus deveres para com ela. Excesso de liberalidade doutrinária é tão prejudicial à casa espírita quanto aos regimes ditatoriais impostos por alguns diretores, que anseiam por se perpetuar nos postos de direção.
Por vezes, a renovação da diretoria é de vital importância para que a casa espírita se renove em suas atividades, com a descentralização do poder. No entanto precisamos reconhecer que, por outro lado, muitos novos diretores costumam ser um desastre, pois, consentindo que o cargo lhes suba à cabeça, tomam atitudes arbitrárias e passam a ser elementos desagregadores.
Não se admite em um núcleo espírita, a luta pelo poder. Jesus nos advertiu quanto aos perigos de uma casa dividida, afirmando que ela não seria capaz de se manter de pé.
Nos centros espíritas de boa formação doutrinária, prevalece o espírito de equipe; ninguém trabalha com o desejo de aparecer, de reter as chaves da instituição no bolso, de modo que certas portas não sejam abertas sem a sua presença… Não se tecem comentários desairosos sobre os companheiros, como se, o que se pretendesse, fosse desestabilizá-los nas tarefas que permanecem sob a sua responsabilidade.
Os dirigentes de uma instituição espírita necessitam ter pulso firme, transparência nas decisões, fraternidade no trato para com todos, submetendo-se sempre à orientação da Doutrina. Pontos de vista estritamente pessoais não devem ter espaços no Movimento.
Centros espíritas mal orientados passam para a comunidade uma imagem deturpada do Espiritismo. A divulgação da Doutrina começa pela fachada de uma casa espírita. Até o seu ambiente físico carece ser acolhedor, iluminado. Construções suntuosas muitas vezes espiritualmente estão vazias. Os centros espíritas devem ter a preocupação de ser a continuidade da Casa dos Apóstolos, em Jerusalém amparo aos desvalidos e luz para os que vagueiam nas sombras, sempre, em nome do Senhor, de portas descerradas à necessidade de quem quer que seja.
Num templo espírita é indispensável à divisão de tarefas; muitos núcleos permanecem de portas fechadas na maioria dos dias da semana, porque os seus dirigentes não sabem promover os companheiros… O ciúme e o apego injustificável de muitos dirigentes acabam por deixar ocioso o espaço de uma casa espírita, quase a semana inteira. Não vale a justificativa de que os seareiros sejam poucos… Cuide-se das atividades doutrinárias de base a evangelização e a mocidade e não se terá o problema de escassez de braços para o trabalho doutrinário.
Nos centros mal orientados, nos quais o campo de serviço é restrito, os Espíritos Superiores não têm muito que fazer. Quanto mais numerosas, diversificadas e sérias as atividades de uma casa espírita, maior a tutela da Espiritualidade e maior a equipe dos desencarnados que com ela se dispõem a colaborar.
Os dirigentes, médiuns responderão pela sua omissão e arbitrariedade à frente de um núcleo espírita.
REUNIÃO DE DESOBSESSÃO I
Há de ser cautela na organização de uma tarefa ligada à desobsessão. Para tanto, o grupo necessita estar bem estruturado, com um tempo mais ou menos longo de convivência entre os seus componentes. O estudo sério e metódico deve anteceder toda prática mediúnica.
A reunião de desobsessão tanto pode ser útil ao equilíbrio do grupo quanto nociva à sua harmonização.
Existem casas espíritas que começam a se desarticular a partir da reunião mediúnica mal orientada, onde predomina o personalismo dos médiuns e de seus dirigentes.
Convém lembrarmos que os desencarnados apenas agem quando encontram campo de atuação. Os obsessores não podem ser responsabilizados diretamente pela desorganização que impera num trabalho de natureza mediúnica.
Os integrantes de uma casa espírita não devem ser afoitos na instalação de uma reunião de enfermagem espiritual aos desencarnados. Semelhante atividade, para ser levada a efeito de maneira proveitosa, carece de recolhimento e seriedade.
Quanto mais o médium se apague, mais a luz da mediunidade nele resplandecerá!
Infelizmente, companheiros existem que, mal informados, direcionam as tarefas mediúnicas que promovem no sentido de atender os seus caprichos – digamos,promovem uma sessão de desobsessão particular, com o intuito de abordarem o Mundo Espiritual com os seus questionamentos pessoais.
Na reunião de desobsessão é onde o espírita tem a oportunidade de praticar a mais legítima caridade nada de indagações ao espírito comunicante, exigindo provas de autencidade, nada de perguntar a ele sobre a vida de outros confrades, valendo-se da oportunidade para saber de terceiros mais do que deve…
A tarefa mediúnica necessita de ordem, disciplina, sinceridade de propósitos. Se a intenção dos médiuns não for boa, breve estarão a mercê de espíritos que os fascinem, mostrando-se completamente refratários às orientações que recebam em advertência.
Atividades mediúnicas sérias solicitam especialização, ou seja: em alguns tem os espíritas, a reunião de assistência espiritual aos desencarnados mistura-se às chamadas reuniões de cura ou, ainda, dedica-se, registrando a palavras dos espíritos, a solucionar problemas de ordem interna. A reunião de desobsessão é organizada com o propósito de auxiliar no esclarecimento dos espíritos infelizes, ainda apegados a questões materiais, e não para submeter as entidades comunicantes a injustificável interrogatório.
Quando a reunião não tem bases sólidas, dá margem a inúmeras mistificações, ensejando que medianeiros desavisados tomem este ou aquele partido.
A faculdade mediúnica não pode ser direcionada para o interesse particular de quem quer que seja incluindo o do medianeiro. Quando tal acontece, ela perde o que lhe confere maior credibilidade a espontaneidade.
Somos, pois, de opinião que a casa espírita não deve priorizar atividades mediúnicas, em detrimento das tarefas doutrinárias de esclarecimento público, mesmo porque as reuniões consagradas ao estudo da Doutrina se constituem em genuínas sessões de desobsessão, pois obram com base na evangelização de encarnados e desencarnados.
A obsessão é um envolvimento psíquico – o que o obsidiado escuta, o obsessor registra. Ninguém sai de um processo obsessivo, sem que se decida pela reforma interior. Não adianta afastar o verdugo da vítima, sem que a vítima tome a decisão de romper com o verdugo!
ODILON FERNANDES- CONVERSANDO COM OS MÉDIUNS
Fontes: http://www.batuiranet.com.br/espiritismo/1510/estudando-a-desobsessao-ii-odilon-fernandes-espirito/
COMO SE ORAVA NO TEMPO DE JESUS?
"Senhor,
ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos."
(Lucas, 11:1)
Os
apóstolos pediram a Jesus que os ensinasse a orar, como o fazia o profeta
João Batista com seus discípulos.
O
Mestre ensinou-lhes, então, uma prece que é um modelo de concisão
e de extrema beleza, na qual tudo é pedido a Deus, em troca de quase
nada.
"Pai,
santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso, de cada dia,
nos dá hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do mal porque teu é o reino, o poder, e a glória,
para sempre. Que assim seja."
Os
apóstolos, certamente, pediram a Jesus que os ensinasse, porque na época
existia uma oração que os Judeus recitavam, mas, devido a ser
muito longa, certamente não era decorada ou guardada na memória
de muitos por isso, em sua simplicidade, os fiéis seguidores do Mestre
solicitaram-lhe que os ensinasse uma maneira mais simples.
Por
ser demasiadamente longa, daremos a seguir, em resumo, as frases principais
da prece de louvor, agradecimento e evocação messiânica,
usada pelos Judeus daquela época:
-
"Sê louvado, ó eterno Senhor nosso. Deus de Abraão,
de Isaac e de Jacó, e nosso Deus Magno e Todo-poderoso, Supremo Criador
de todas as coisas, viventes ou inertes. Dispensador Invisível de graças
e benefícios.
-
Lembra-te, ó Senhor, da piedade de nossos Pais, e, para nos manifestares
o Teu amor por eles, envia-nos logo o Libertador dos Filhos de Israel, o Bom-portador-de-mensagem
que nos venha glorificar o teu nome.
-
Senhor, faze soar logo a trombeta da Libertação dos Filhos de
Israel, Tu que és o Verdadeiro Libertador de Israel e o mais poderoso
dos Elohim. Desfralda, ó Senhor, o Estandarte Novo sob o qual se reunirão
todos os nossos irmãos dispersos pelos quatro cantos da Terra. Sê
louvado, Senhor, por haveres prometido a nós, pelos Profetas, reunir
breve todo o Teu Povo. Faze para esse fim brotar logo, do tronco de Davi, o
'Rebento Esperado',
ou se Ele já estiver entre nós, O enchas de luz e glórias
com Tua presença n'Ele, com Tua direta assistência a Ele, com Teu
concurso imediato a Ele.
-Só
em Ti, ó Senhor, só em Ti, Deus nosso, repousam a esperança
de salvação. Vem, com Tua presença entre nós, salvar
os filhos de Israel.
-Senhor.
Tu que és o Senhor dos 'vivos' e dos 'mortos' alimenta os 'vivos' com
Tua graça e ressuscita os 'mortos'" com Tua misericórdia.
Cumpre, Senhor, Nosso Deus, a Tua promessa de fazeres voltar a vida os nossos
'mortos'. Sê louvado, ó Eterno Senhor, que ressusciutas os 'mortos'.
Santo és e Santo seja sempre Teu nome.
-
Ó Rei Celeste, Guia nosso, Escudo nosso, Libertador vem a nós
e faze em Sião o teu reino.
-
Pai nosso, perdoa-nos, pois pecamos. Absolve-nos, pois estamos arrependidos
de Te ofender.
-
Vê com bondade nossa miséria, ó Pai que estás nos
Céus. Liberta-nos da miséria em que vivemos, fazendo nascer breve
o nosso Salvador."
Como
se vê, essa prece é longa e cheia de repetições,
e, apenas, citamos as passagens mais vivas e elucidativas.
O
emérito Dr. Canuto de Abreu, além do texto desta prece, nos deu
a seguinte informação:
"Cumpre
aqui salientar que os Judeus nunca oravam de joelhos, nem olhando para o Céu,
como o fazem muitos cristãos. Sabe-se também que, no Templo, os
Judeus oravam de face voltada para o "Santo dos Santos", de olhos
abertos, e de cabeça velada com um véu especial. Fora do Templo,
rezavam de rosto virado para o Templo, se o podiam localizar (o que era fácil
dentro de Jerusalém). Fora da porta ou distantes de Jerusalém,
procuravam sempre orar voltados para a Cidade."
Conforme
se depara da prece acima, os Judeus contemporâneos do Cristo, esperavam
não um Redentor, para que viesse libertar suas almas do obscurancismo,
do fanatismo e dos apegos às tradições inócuas,
mas um Guia político, guerreiro, munido de escudo e espada, para libertar
o povo israelita do jugo do Império Romano. Um Messias nos moldes de
Moisés ou Davi, guerreiro indômito, que, além de expulsar
os invasores romanos, dilatasse as acanhadas fronteiras da velha Palestina .
A
prece do Pai Nosso, também conhecida por Oração Dominical,
por outro lado, encerra um conteúdo muito mais edifícante.
Rogando
a Deus, no sentido de fazer baixar até nós o seu Reino, deve-se
compreender que isso não tem o significado do advento de um reino nos
moldes conhecidos na Terra, mas do surgimento, entre nós, de um reinado
de paz e amor, no qual imperam a fraternidade, a concórdia, o amor e
a infinita misericórdia de deus.
Indubitavelmente,
com o advento desse reino, a Humanidade passará a desfrutar de melhores
dias, quando todas as Lágrimas serão enxutas e todas as dores
minoradas, desconhecendo-se a intemperança, o orgulho, a vaidade e todo
o gênero de maldades. A implantação desse reino se dará
no recesso dos nossos corações.
Pedindo
que nos dê o pão de cada dia, não significa pretender receber
tudo graciosamente, sem o menor esforço, mas nos propiciar meios, modos
de conquistar o sustento para os nossos corpos, através do trabalho edificador,
que conduz ao progresso, e também o pão espiritual, imprescindível
para o soerguimento de nossas almas, fazendo com que elas se aproximem cada
vez mais de Deus.
Imprecando
para livrar-nos das tentações, passaremos a compreender que Deus
é o escudo, para que as nossas almas se livrem de toda a sorte de tentações,
que, muitas vezes, são as causadoras da estagnação dos
Espíritos no decurso da imenso escalada evolutiva, pois as investidas
das trevas obscurecem os caminhos da vida, dificultando aos homens a conquista
da luz interior, indispensável para a libertação espiritual,
para a redenção dos nossos Espíritos.
Paulo
G. Godoy
ESTEVE PEDRO EM ROMA?
"Não
será assim entre vós, mas todo aquele que quiser entre
vós fazer-se grande, seja vosso serviçal." (Mateus, 20:26)
vós fazer-se grande, seja vosso serviçal." (Mateus, 20:26)
Visitando
as ruínas da Roma antiga, donde o grande Império dominava o mundo,
várias indagações brotaram em nossa mente, entre elas uma
de grande importância: a controvertida questão da estada do apóstolo
Pedro em Roma.
Afirma
a história eclesiástica que Simão Pedro esteve na cidade
de Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, provavelmente no
ano 67, afirmação essa que conflita com o testemunho de vários
historiadores e mesmo de alguns doutores da igreja, entre eles o Bispo Strossmayer,
que em seu inflamado discurso proferido por ocasião da realização
do Concilio de 1870, disse o seguinte: "Só a tradição,
veneráveis irmãos, é que nos diz ter S. Pedro estado em
Roma; e como a tradição é tão-somente a tradição
da sua estada em Roma, é com ela que me provareis seu episcopado e sua
supremacia? Scalígero, um dos mais eruditos historiadores, não
vacila em dizer que o episcopado de S. Pedro e sua residência em Roma
devem-se classificar no número das lendas ridículas!"
Jesus
Cristo reservou ao apóstolo Paulo de Tarso a tarefa de divulgação
da sua doutrina no seio dos povos pagãos, então chamados gentios,
o que ele próprio confirmou, em Espírito, quando da sua manifestação
a Ananias, logo após a conversão da estrada de Damasco: Este é
para mim um vaso escolhido (médium escolhido) para levar o meu nome diante
dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel. (Atos, 9:15).
Os
apóstolos, incluindo Pedro, não tinham muita propensão
para o trato com os chamados gentios; eles preferiam antes o contato com as
ovelhas desgarradas da casa de Israel.
Respeitáveis
historiadores sustentam que a ação dos doze apóstolos (os
onze e Matias) se limitou a Jerusalém e algumas regiões circunvizinhas.
Eles preferiram o controle da situação na antiga Judéia,
e isso era uma necessidade imperiosa, uma vez que o próprio Cristo lhes
havia recomendado essa limitação, pois o povo judeu era o único
que havia sido preparado, no decurso de milênios, para a implantação
do monoteísmo e para em seu seio acontecer o advento de Jesus Cristo.
A ação dos apóstolos no seio de povos politeístas
teria sido extremamente difícil e havia muito trabalho a se fazer entre
os próprios judeus, no sentido de manter viva a chama da nova Doutrina.
Formulando
um apelo para ser julgado pelos tribunais romanos, Paulo de Tarso foi transferido
para Roma, graças ao privilégio que possuía de, além
de ser judeu, desfrutar o status de cidadão romano (Atos, 22:26-27).
A transferência do jovem tarsense para Roma estava, obviamente, nos desígnios
do Plano Maior, a fim de que a palavra de Jesus pudesse também ser difundida
no seio de povos estrangeiros, principalmente da mais importante cidade do mundo
ocidental.
Na
capital do Império, durante dois anos, desfrutou Paulo de relativa liberdade
a fim de apregoar os ensinamentos evangélicos (Atos, 28:30-31). Somente
quando Nero ordenou a perseguição aos cristãos, foi ele
novamente preso, remetido à prisão, e dali saiu condenado, sendo
entregue ao executor. Foi levado para fora da cidade, seguido por uma turba
do mais baixo calão. Chegando ao local fatal, ajoelhou-se junto do cepo;
o machado do algoz reverberou ao sol e caiu; e a cabeça do grande apóstolo
rolou pelo chão.
É
indiscutível, pois, que houve deturpação histórica
no tocante à ida e sacrifício de Pedro em Roma, o que serviu tão-somente
para justificar a transferência da sede da igreja de Jerusalém
para Roma, uma vez que a dispersão dos judeus e o conseqüente domínio
da Palestina pelos árabes, não oferecia seguras condições
para que a velha Jerusalém servisse de sede para um poder que a igreja
objetivava estabelecer sobre o mundo.
Tornando-se
romana, a igreja deixou de ser universal. Logo surgiu o chamado Grande Cisma
do Oriente, com a dissidência da igreja grega. A unidade, que se objetivava
estabelecer, cedeu terreno à discórdia, agravada posteriormente
mais ainda pela reforma protestante.
Tudo,
porém, tem a sua época. Vivemos na atualidade os tempos preditos
pelo Cristo, quando o Cristianismo tem de ser restaurado em suas primícias,
e, como decorrência, o Espiritismo surgiu no momento psicológico
para que o Evangelho seja restabelecido em toda a sua plenitude.
O
Espiritismo vem, pois, assumir o seu relevante papel, representando o fruto
da promessa de Jesus sobre o advento do Espírito Consolador, muito lhe
resta fazer, uma vez que os desígnios de Deus
não são bitolados. Não sabemos quantos séculos serão
necessários. Deus o sabe, mas o Cristianismo terá que ser reimplantado
na face da Terra, para que toda a verdade seja manifesta.
A
religião do futuro terá por base o intercâmbio com o mundo
espiritual e somente o Espiritismo preenche na atualidade esse requisito, cumprindo
aos espíritas vigiar para que a pureza doutrinária da Terceira
Revelação seja mantida, fazendo assim com que Humanidade conheça
a verdade para que ela possa se tornar livre. (Roma, 18 de maio de 1973.)
Paulo
A.Godoy
AS QUATRO MARIAS
"Disse
então Maria: A minha alma engrandece o Senhor." (Lucas, 1 :46)
Os
Evangelbos nos dão conta da existência de quatro personalidades
com o nome de Maria, todas elas desempenhando tarefas de maior ou menor envergadura,
no Messiado de Jesus Cristo.
Maria
de Nazaré é a que desenvolveu tarefa de maior saliência,
pois, foi o Espírito escolhido por Deus para servir de mãe carnal
de Jesus Cristo. Era uma mulher de condições humildes e extremamente
dedicada. Serviu de medianeira para que o Espírito sublime de Gabriel
revelasse ao mundo o advendo do tão esperado Messias. Maria nasceu na
cidade de Nazaré, na Galiléia.
Quando
ela, em companhia do esposo, levou o menino ao Templo, para que nele se cumprisse
segundo as tradições, ou seja, para ser submetido ao ato de circunscisão,
ali surgiu o médium Simeão que dirigindo-se a Maria, lhe disse:
Eis que este é posto para queda e elevação de muitos em
Israel, e para ser alvo de contradição. E uma espada transpassará
também a sua própria alma, para que se manifestem os pensamentos
de muitos corações.
Maria
de Nazaré assistiu, angustiada, à crucificação do
seu fiilho, e, segundo a tradição, viveu os restos dos seus dias
em companhia do apóstolo João, em Éfeso.
Maria
de Betânia era irmã de Marta e de Lázaro. Seu nome era oriundo
da sua cidade natal, a aldeia de Betânia. Jesus costumava hospedar-se
em sua casa todas as vezes que ia àquela aldeia. Numa dessas visitas
à casa de Lázaro, quando o Mestre confabulava com alguns dos presentes,
Maria assentou-se a seus pés e se preocupou em ouvir suas palavras. Marta,
um tanto irrequieta e preocupada com
os afazeres da casa, indagou do Senhor: Mestre, não te parece injusto
que Maria deveria vir ajúdar-me? Ao que ele respondeu prontamente:
-Marta,
Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas, uma só
é necessária, e Maria escolheu a boa parte, a qual não
lhe será jamais tirada.
Estando
uma vez em Betânia, na casa de Simão, o leproso, aproximou-se de
Jesus a meiga Maria de Betânia, portando um vaso de alabastro, com ungüento
de grande valor e derramou-o sobre a sua cabeça, quando ele estava assentado
à mesa. Houve então um comentário por parte de um dos apóstolos:
Por que este desperdício? Este ungúento poderia ter sido vendido
por grande preço, dando-se o dinheiro aos pobres! Ouvindo esse comentário,
o Mestre sentenciou: Por que afligis esta mulher? Pois ela praticou uma boa
ação para comigo. Porquanto tendes sempre convosco os pobres,
mas a mim não me haveis de ter sempre, acrescentando, logo a seguir:
Em verdade vos digo que onde quer que este Evangelho for pregado, em todo o
mundo, também será referido o que ela fez, para memória
sua.
Maria
Madalena era uma mulher formosa, que vivia transviada nos caminhos da vida.
Sua cidade de origem era Magdala.
Era
dotada de apreciável beleza física e vestia-se ricamente.
Defrontando-se
com ela, Jesus expeliu sete Espíritos obsessores que a atormentavam.
Dali por diante, Maria passou a ser uma das suas mais assíduas assessoras,
seguindo-o, sempre que possível, em suas peregrinações,
deixando para trás toda a sua vida desregrada. A sua reforma íntima
foi tão completa que, após a crucificação, a primeira
pessoa para quem o Espírito de Jesus Cristo apareceu foi para Maria Madalena,
a fim de demonstrar toda a sua admiração pelas lutas íntimas
que ela travou, pois mais do que ninguém ela cometera contra si mesma
tantas arbitrariedades, sobrepujando vícios difíceis de serem
vencidos. Foi a mulher que aceitou em toda a sua plenitude a recomendação
do Mestre: Quem tomar do arado, não deve mais olhar
para trás.
Maria
de Cleofas, era prima-irmã de Maria de Nazaré, mãe de Jesus.
Era desposada com Alfeu ou Klopas, de onde origiou o nome de Maria de Cleofas.
Foi mãe dos três apóstolos: Tiago Menor, Simão Cananita
e Judas Tadeu. Segundo o testemunho dos evangelistas João e Marcos, ela
esteve presente, juntamente com Maria de Nazaré e Maria de Madalena,
por ocasião da crucificação de Jesus, no cimo do Calvário,
participando da dor imensa que assolava os corações dos amigos
do Meigo Nazareno.
Paulo
A. Godoy
quarta-feira, 2 de julho de 2014
Dívida agravada. "...Que paraíso haverá para os corações maternos que choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora esses muitas vezes lhes ocasionam longos dias de angústia? Compadece-te de mim, tua mãe, por enquanto, sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te ama!...
Trecho de uma história para refletirmos sobre o que é uma dívida agravada e a importância de não desanimarmos em nossas lutas diárias para o nosso aperfeiçoamento e harmonização com os nossos irmãos de jornada evolutiva.
Do capítulo " Dívida Agravada"
[...]Nesse ponto da conversação, fomos
interrompidos por dezenas de braços ressequidos a implorarem socorro.
Silas fitava-os, compadecido, mas
sem se deter, até que nosso passo foi cortado por apressada mulher,
exclamando, ansiosa:
-Assistente Silas! Assistente
Silas!...
Nosso amigo identificou-a,
porque, parando de súbito, estendeu-lhe a destra amiga, murmurando:
-Luísa, a que vens?
Defrontavam-se em ambos a
curiosidade e a aflição.
A senhora desencarnada, com
sinais de irreprimível angústia, gritou sem preâmbulos:
-Socorro!...Socorro!...Minha
filha, minha pobre Marina esmorece...Tenho lutado com todas as minhas
forças para furta-la ao suicídio, mas agora me sinto enfraquecida e
incapaz...
Os soluços sufocaram-lhe a
garganta, inibindo-lhe a voz.
-Fala! – disse o orientador de
nossa excursão, em tom imperativo, como se o alarme daquele instante lhe
obscurecesse a serenidade mental, imprescindível ao entendimento da nova
situação.
A infeliz ajoelhada agora ergueu
os olhos lacrimosos e suplicou:
-Assistente pordoe-me a
insistência em falar-lhe de meu infortúnio, mas sou mãe...Minha
desventurada filha pretende matar-se esta noite, comprometendo-se, ainda
mais, com as trevas da sua consciência!...
Silas aconselhou-lhe a volta ao
lar terreno, como lhe fosse possível, e, dando-nos as mãos, promoveu a
viagem rápida para o objetivo a que devíamos atender.
Em caminho, informou:
-Trata-se de companheira da
Mansão, reencarnada há quase trinta anos, sob os auspícios de nossa casa,.
Prestar-lhe-emos o necessário auxílio, ao mesmo tempo em que vocês poderão
examinar um problema de débito agravado.
Notando que o nosso amigo entrara
em silêncio, meu colega externou:
-É impressionante observar o
número de mulheres em trabalho de oração e assistência nessas paragens...
Preocupado qual se achava, nosso
generoso companheiro tentou ensaiar um sorriso que lhe não chegou aos
lábios, e juntou:
-Grande verdade...Raras esposas e
raras mães demandam às regiões felizes sem os doces afetos que acalentam
no seio...O imenso amor feminino é uma das forças mais respeitáveis na
Criação divina.
Todavia, não houve mais tempo
para qualquer outra divagação.
Atingíramos no plano físico;
pequena moradia constituída de três peças desativadas e estreitas.
O relógio acusava alguns minutos
depois de zero hora.
Acompanhando Silas, cuja presença
deslocou diversas entidades da sombra que ali se ajuntavam com a manifesta
intenção de perturbar, ingressamos num quarto humilde.
Percebemos, sem palavras, que o
problema era efetivamente desolador.
Junto de jovem senhora agoniada e
exausta, uma menina de dois a três anos choramingava, inquieta...
Via-se-lhe nos olhos esgazeados e inconscientes o estigma dos que foram
marcados por irremediável sofrimento ao nascer.
Contudo, através da preocupação
indisfarçável de Silas, era fácil reconhecer que a pobre senhora era o
caso mais urgente para os nossos cuidados.
A infeliz, de joelhos, beijava
sofregamente a pequenina, mostrando a indefinível angústia dos que se
despedem para sempre.
Logo após, em movimento rápido,
tomou de um copo em que se encontrava beberagem cujo teor tóxico não nos
deixava qualquer dúvida. Antes, porém de cola-lo à boca em febre, eis que
o Assistente lhe disse em voz segura:
-Como podes pensar na sombra da
morte, sem a luz da oração?
A desventurada não lhe ouvia a
pergunta com os tímpanos de carne, mas a frase de Silas invadiu-lhe a
cabeça qual rajada violenta.
Lampejaram-lhe os olhos novo
brilho e o copo tremeram-lhe nas mãos, agora indecisas.
Nosso orientador estendeu-lhe os
braços envolvendo-a em fluídos anestesiantes de carinho e bondade.
Marina, pois era ela a irmã para
quem aflito coração materno suplicara socorro, dominada de novos
pensamentos, recolocou o perigoso recipiente no lugar primitivo e, sob a
vigorosa influência do diretor de nossa excursão, levantou-se
automaticamente e estirou-se ao leito, em prece...
-“Deus meu, Pai de Infinita Bondade –
Implorou em voz alta -, compadece-te de mim e perdoa-me o fracasso! Não
suporto mais... Sem minha presença, meu marido viverá mais tranqüilo no
leprosário e minha desventurada filhinha encontrará corações caridosos que
lhe dispensem amor... Não tenho mais recursos... Estou doente... Nossas
contas esmagam-me... Como vencer a enfermidade que me devora, obrigada a
costurar sem repouso, entre o marido e a filhinha que me reclamam
assistência e ternura?...”
Silas administrava-lhe passes magnéticos
de prostração e, induzindo-a a ligeiro movimento do braço, fez que ela
mesma, num impulso irrefletido, batesse com força no copo fatídico, que
rolou no piso do quarto, derramando o líquido letal.
Em lágrimas copiosas, a pobre
criatura insistiu, desolada:
-Ó Senhor, compadece-te de mim!...
Reconhecendo no próprio gesto impensado a
manifestação de uma força estranha a entravar-lhe a possibilidade da morte
deliberada naquele instante, passou a orar em silêncio, com evidentes
sinais de temos e remorso, atitude mental essa que lhe acentuava a
passividade e da qual se valeu o Assistente para conduzi-la ao sono
provocado.
Silas emitiu forte jacto de
energia fluídica sobre o córtex encefálico dela, e a moça, sem conseguir
explicar a si mesma a razão do torpor que lhe invadia o campo nervoso,
deixou-se adormecer pesadamente, qual se houvera sorvido violento
narcótico.
O Assistente interrompeu a
operação socorrista e falou-nos bondoso:
-Temos aqui asfixiante problema
de contra agravada.
E designando a jovem mãe, agora
extenuada, continuou:
-Marina veio de nossa Mansão para
auxiliar a Jorge e Zilda, dos quais se fizera devedora. No século passado,
interpôs-se entre os dois, quando recém-casados, impelindo-os a
deploráveis, leviandades que lhes valeram angustiosa demência no Plano
Espiritual. Depois de longos padecimentos e desajustes, permitiu o Senhor
que muitos amigos intercedessem, junto aos Poderes Superiores, para que se
lhes recompusesse o destino, e os três renasceram no mesmo quadro social,
para o trabalho regenerativo. Marina, a primogênita do lar de nossa irmã
Luísa, recebeu a incumbência de tutela a irmãzinha menor, que assim se
desenvolveu ao calor de seu fraternal carinho, mas, quando moças feitas,
há alguns anos, eis que, segundo o programa de serviço traçado antes da
reencarnação, a jovem Zilda reencontra Jorge e reatam, instintivamente, os
elos afetivos do pretérito. Ama-se com fervor e confia-se ao noivado.
Marina, porém, longe de corresponder às promessas esposadas no Mundo
Maior, pelas quais lhe cabia amar o mesmo homem, no silêncio da renúncia
construtiva, amparando a irmãzinha, outrora repudiada esposa, nas lutas
purificadoras que a atualidade lhe ofertaria, passou a maquinar projetos
inconfessáveis, tomada de intensa paixão. Completamente cega e surda aos
avisos de sua consciência, começou a envolver o noivo da irmã em larga
teia de seduções e, atraindo para o seu escuso objetivo o apoio de
entidades caprichosas e enfermiças, por intermédio de doentios desejos,
passou a hipnotizar o moço, espontaneamente, com o auxílio dos vampiros
desencarnados, cuja companhia aliciara sem perceber... E, Jorge,
inconscientemente dominado, transferiu-se do amor por Zilda à simpatia por
Marina, observando que a nova afetividade lhe crescia assustadoramente no
íntimo, sem que ele mesmo pudesse controlar-lhe a expansão...Decorridos
breves meses dedicavam-se ambos a encontros ocultos, nos quis se
comprometeram um com o outro na maior intimidade...Zilda notou a
modificação do rapaz, mas procurava, desculpar-lhe a indiferença à conta
de cansaço no trabalho e dificuldades na vida familiar. Todavia, em
faltando apenas duas semanas para a realização do consórcio, surpreende-se
a pobrezinha com a inesperada e aflitiva confissão... Jorge expõe-lhe a
chaga que lhe excrucia o mundo interior... Não lhe nega admiração e
carinho, mas desde muito reconhece que somente Marina deve ser-lhe a
companheira no lar. A noiva preterida sufoca o pavoroso desapontamento que
a subjuga a, aparentemente, não se revolta. Ms, introvertida e
desesperada, consegue na mesma noite do entendimento a dose de formicida
com que põe termo à existência física. Alucinada de dor, Zilda
desencarnada foi recolhida por nossa irmã Luísa, que já se achava antes
dela em nosso mundo, admitida na Mansão pelos méritos maternais. A
genitora desditosa rogou o amparo de nossos Maiores. Na posição de mãe,
apiedava-se de ambas as jovens, de vez que a filha traidora, aos seus
olhos era mais infeliz que a filha escarnecida, embora esta última
houvesse adquirido o grave débito dos suicidas, em seu caso atenuado pela
alienação mental em que a moça se vira, sentenciada sem razão a
inqualificável abandono... Examinado o assunto, carinhosamente, pelo
Ministro Sânzio, que conhecemos pessoalmente, determinou ele que Marina
fosse considerada devedora em contra agravada por ela mesma. E, logo após
a decisão, providenciou a fim de que Zilda fosse recambiada ao lar para
receber aí os cuidados merecidos. Marina falhara na prova de renúncia em
favor da irmã que lhe era credora generosa, mas condenara-se ao sacrifício
pela mesma irmãzinha, agora imposta pelo aresto da Lei ao seu convívio na
situação de filha terrivelmente sofredora e imensamente amada. Foi assim
que Jorge e Marina, livres, casaram-se, recolhendo da Terra a comunhão
afetiva pela qual suspiravam; entretanto dois anos após o enlace,
receberam Zilda em rendado berço, como filhinha estremecida. Ms... Desde
os primeiros meses do rebento adorado, identificaram-lhe as dolorosas
prova. Zilda, hoje chamada Nilda, nasceu surda-muda e mentalmente
retardada, em conseqüência do trauma perispirítico experimentado na morte
por envenenamento voluntário. Inconsciente e atormentada nos refolhos do
ser pelas recordações asfixiantes do passado recente chora quase que dia e
noite... Quanto mais sofre, porém, mais ampla ternura recolhe dos pais que
a amam com extremados desvelos de compaixão e carinho... A vida corria-lhe
regularmente, não obstante atribulada pelas provas naturais do roteiro,
quando, há meses, Jorge foi apartado para o leprosário, onde se encontra
em tratamento. Desde então, entre o esposo doente e a filhinha infeliz,
Marina, em seu débito agravado, padece o abatimento em que a encontramos,
martelada igualmente pela tentação do suicídio.
Silenciou o Assistente.
Achávamo-nos, eu e o Hilário,
assombrados e comovidos.
O problema era doloroso do ponto
de vista humano, contudo encerrava precioso ensinamento da Justiça Divina.
Silas acariciou a moça prostrada
e acentuou:
-Auxiliar-nos-á o Senhor para que
se recupere e reanime.
Nesse instante, a irmã Luísa
penetrou no recinto entre deprimida e ansiosa.
Inteirou-se de todas as
ocorrências e agradeceu, enxugando as lágrimas.
Silas, no entanto, interessado em
conduzir o socorro até ao fim, administrou novos recursos magnéticos à
mãezinha debilitada, e então presenciamos um quadro inesquecível.
Marina ergueu-se em Espírito
sobre o corpo somático e pousou em nós o olhar vago e inexpressivo...
Nosso diretor, porém, com o
despertar-lhe as percepções do Espírito, afagaram-lhe as pupilas, com as
mãos aureoladas de fluídos luminescentes e, de repente, à maneira do cego
que retorna à visão, a pobre criatura viu a genitora que lhe estendia os
braços amigos e carinhosos. Com lágrimas a lhe correrem dos olhos,
refugiou-se-lhe no regaço, gritando de alegria:
-Mãe! Minha mãe!...Pois és tu?
Luísa acolheu-a docemente no colo
afetuoso, qual se o fizesse a uma criança doente e, mal reprimindo a
emoção, falou-lhe, triste:
-Sim, filha querida; sou eu, tua
mãe!... Rendamos graças a Deus por este minuto de entendimento.
E, beijando-a ternamente, embora
aflita, continuou:
-Por que o desânimo, quando a
luta apenas começa? Ignoras que a dor é a nossa custódia celestial? Que
seria de nós, Marina, se o sofrimento não nos ajudasse a sentir e
raciocinar para o bem? Regozija-te no combate que nos acrisola e salva
para a obra de Deus... Não convertas o amor em inferno para ti mesma e nem
creias consigas aliviar o esposo e a filhinha com a ilusão da fuga
impensada. Lembra-te de que o Senhor transforma o veneno de nossos erros
em remédio salutar para o resgate de nossas culpas... As enfermidades de
nossas Jorge e as provações de nossa Nilda constituem não somente o
caminho abençoado de elevação para eles mesmos, mas igualmente para teu
espírito que se lhes associa à experiência na trama da redenção!...
Aprende a sofrer com humildade para que a tua dor não seja simplesmente
orgulho ferido... Que fizeste do brio de mulher e do devotamento de mãe?
Olvidaste o culto da oração que o lar te ensinou? Enganaste-te, assim
tanto, para abraçar a covardia como glória moral? Ainda é tempo!...
Levanta-te, desperta, luta e vive!... Vive para recuperar a dignidade
feminina que tisnaste coma nódoa da traição...Recorda a irmãzinha que
partiu, acabrunhada ao peso do fardo de aflição que lhe impuseste, e paga
em desvelo e sacrifício, ao pé da filhinha doente, a conta que deves à
Eterna Justiça!... Humilha-te e resgata a própria consciência, com o preço
da expiação dolorosa, mas justa...Trabalha e serve, esperando em Jesus,
porque o Divino Médico te restituirá a saúde do esposo, para que, juntos,
possamos conduzir a pequenina enferma ao porto da necessária restauração.
Não penses estar sozinha, nas longas e ermas noites em que te divides
entre a vigília e a desolação!...Comungamos os mesmos sonhos, partilhamos
as mesmas lutas!... Que paraíso haverá para os corações maternos que
choram, além do túmulo, senão a presença dos filhos abençoados, embora
esses muitas vezes lhes ocasionam longos dias de angústia? Compadece-te de
mim, tua mãe, por enquanto, sentenciada ao sofrimento pelo amor com que te
ama!...
Calou-se Luísa, pois que
singultos incessantes lhe abafaram a voz.
Marina, agora, ajoelhada e
lacrimosa, osculava-lhe as mãos, clamando em súplica:
-Mãe querida, perdoa-me!
Perdoa-me!...
Luísa ergueu-a com esforço e,
dando-nos idéia dos calvários maternais que costumam prender as grandes
mulheres, depois da morte, conduziu-a em passos vacilantes até à criança
enferma e, acarinhando a fronte da pequenina, empapada de suor, implorou,
humilde:
-Filha querida, não procure a
porta falsa da deserção... Vive para tua filhinha, como permite o Senhor
para eu continuar vivendo por ti...
A moça, renovada, rojou-se sobre
a menina triste, mas, como se a emotividade daquela hora lhe sufocasse a
mente desperta, foi repentinamente atraída pelo corpo de carne, como o
grânulo de ferro pelo imã, e vemo-la acordar, em pranto copioso, bradando,
inconsciente:
-Minha filha!...Minha filha!...
O Assistente, respeitoso,
despediu-se de Luísa e afirmou:
-Louvado seja Deus! Nossa Marina
ressurge, transformada.
Afastamo-nos sem palavras.
Lá fora, no céu, nuvens distantes
coroavam-se de luz aos clarões purpúreos da aurora e, de alma embriagada
de reconhecimento e esperança, meditei na Infinita Bondade de Deus, que
faz raiar, depois de cada noite, a bênção do novo dia.
Livro: Ação e Reação
André Luiz , espírito e psicografado por Chico Xavier
A comuna de Koenigsfeld, mundo futuro em miniatura. "...A comunidade de Koenigsfeld nos oferece em miniatura o que será o mundo quando for regenerado..."
Revista Espírita 1865, julho. Estudos Morais.
A comuna de Koenigsfeld, mundo futuro em miniatura
Lê-se no Galneur de Colmar:
“A
comuna de Koenigsfeld, perto de Villingen, na Floresta Negra, que tem
cerca de 400 habitantes, forma um estado modelo em miniatura. Há
cinquenta anos, que é o tempo de existência dessa comuna, jamais
aconteceu que um só habitante tivesse tido envolvimento com a polícia;
jamais houve casos de delitos ou de crimes; durante cinquenta anos,
jamais houve hasta pública ou nasceu um filho natural. Jamais foi aberto
um processo nessa comuna. Também ali não há mendigos.”
Esta interessante notícia foi lida na Sociedade de Paris e deu lugar à seguinte comunicação espontânea:
“É
belo ver a virtude num centro restrito e pobre; ali todos se conhecem,
todos se veem; a caridade ali é simples e grande. Não é o mais
expressivo exemplo da solidariedade universal essa pequena comuna? Não
é, em miniatura, o que um dia será o resultado da verdadeira caridade,
quando esta for praticada por todos os homens? Tudo se resume nisto,
espíritas: a caridade, a tolerância. Entre vós, a não ser o socorro ao
infortúnio, que é exequível, as relações inteligentes, isentas de
inveja, de ciúme e de dureza, o são sempre.”
LAMENNAIS
(Médium: Sr. A. Didier)
Qual
a causa da maior parte dos males da Terra, senão o contacto incessante
dos homens maus e perversos? O egoísmo mata a benevolência, a
condescendência, a indulgência, o devotamento, a afeição desinteressada e
todas as qualidades que fazem o encanto e a segurança das relações
sociais. Numa sociedade de egoístas não há segurança para ninguém,
porque cada um, buscando apenas o próprio interesse, sacrifica sem
escrúpulos o do vizinho. Muitas pessoas se creem perfeitamente honestas
porque são incapazes de assassinar e de assaltar pelas estradas. Mas
será que aquele que, por cupidez e dureza, causa a ruína de um indivíduo
e o leva ao suicídio; que reduz toda uma família à miséria, ao
desespero, não é pior que um assassino e um ladrão? Ele assassina em
fogo lento, e porque a lei não o condena, porque os seus semelhantes
aplaudem a sua maneira de agir e a sua habilidade, julga-se isento de
censuras e caminha de cabeça erguida! Além disto, os homens sempre
desconfiam uns dos outros; sua vida é uma ansiedade perpétua; se não
temem a espada nem o veneno, estão às voltas com a astúcia, a inveja, o
ciúme, a calúnia, numa palavra, com o assassinato moral. Que seria
preciso para fazer cessar esse estado de coisas? Praticar a caridade.
Tudo se resume nisto, como diz Lamennais.
A
comunidade de Koenigsfeld nos oferece em miniatura o que será o mundo
quando for regenerado. O que é possível em pequena escala sê-lo-á em
grande escala? Duvidar seria negar o progresso. Dia virá em que os
homens, vencidos pelos males engendrados pelo egoísmo, compreenderão que
seguem o caminho errado, e Deus quer que eles encontrem o caminho à sua
custa, porque lhes deu o livre-arbítrio. O excesso do mal lhes fará
sentir a necessidade do bem, e eles se voltarão para este lado, como
para a única tábua de salvação. Quem os levará a isto? A fé séria no
futuro, e não a crença no nada após a morte; a confiança num Deus bom e
misericordioso, e não o medo dos suplícios eternos.
Tudo
está submetido à lei do progresso; os mundos também progridem
fisicamente e moralmente; mas, se a transformação da Humanidade deve
esperar o resultado da melhora individual; se nenhuma causa vier
apressar essa transformação, quantos séculos, quantos milhares de anos
serão ainda necessários? Tendo a Terra chegado a uma de suas fases
progressivas, basta que não seja mais permitido aos Espíritos atrasados
aqui encarnarem e que, na medida das extinções, Espíritos mais
adiantados venham tomar o lugar dos que partem, para que em uma ou duas
gerações o caráter geral da Humanidade seja mudado. Suponhamos, pois,
que em vez de Espíritos egoístas, a Humanidade seja, num dado tempo,
formada de Espíritos imbuídos de sentimentos de caridade. Em vez de
procurarem prejudicar-se, eles se ajudarão mutuamente. Viverão felizes e
em paz. Não mais ambição de povo a povo e, portanto, não mais guerras.
Não mais soberanos governando ao seu talante. A justiça em vez do
arbítrio, portanto, não mais revoluções. Não mais os fortes esmagando e
explorando o fraco. Equidade voluntária em todas as transações,
portanto, não mais querelas nem trapaças. Tal será o estado do mundo
depois de sua transformação. De um mundo de expiação e de provas, de um
lugar de exílio para os Espíritos imperfeitos, ele se tornará um mundo
feliz, um lugar de repouso para os bons Espíritos; de um mundo de
punição, passará a ser um mundo de recompensa.
A
comuna de Koenigsfeld incontestavelmente é composta de Espíritos
adiantados, ao menos moralmente, senão cientificamente, e que praticam
entre si a lei da caridade e do amor ao próximo. Esses Espíritos se
reúnem por simpatia nesse recanto abençoado da Terra, para aí viver em
paz, esperando que possam fazê-lo em toda a sua superfície. Suponhamos
que alguns Espíritos embusteiros, egoístas e malévolos aí venham
encarnar-se. Em breve semearão a perturbação e a confusão; ver-se-ão
reviverem, como alhures, as querelas, os processos, os delitos e os
crimes. Assim aconteceria com a Terra, após a sua transformação, se Deus
a abrisse ao acesso dos maus Espíritos. Progredindo a Terra, aí eles
estariam deslocados. É por isso que eles irão expiar seu endurecimento e
refazer sua educação moral em mundos menos adiantados.
Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 155
O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas,
é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações
aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o
texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam
capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para
as perguntas e respostas foi o empregado.
Miramez.
Fonte: http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q155c.html
Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 154
O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas,
é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações
aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o
texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam
capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para
as perguntas e respostas foi o empregado.
Fonte:http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev4q154c.html
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Separação da alma e do corpo
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