"Não
será assim entre vós, mas todo aquele que quiser entre
vós fazer-se grande, seja vosso serviçal." (Mateus, 20:26)
vós fazer-se grande, seja vosso serviçal." (Mateus, 20:26)
Visitando
as ruínas da Roma antiga, donde o grande Império dominava o mundo,
várias indagações brotaram em nossa mente, entre elas uma
de grande importância: a controvertida questão da estada do apóstolo
Pedro em Roma.
Afirma
a história eclesiástica que Simão Pedro esteve na cidade
de Roma, onde foi crucificado de cabeça para baixo, provavelmente no
ano 67, afirmação essa que conflita com o testemunho de vários
historiadores e mesmo de alguns doutores da igreja, entre eles o Bispo Strossmayer,
que em seu inflamado discurso proferido por ocasião da realização
do Concilio de 1870, disse o seguinte: "Só a tradição,
veneráveis irmãos, é que nos diz ter S. Pedro estado em
Roma; e como a tradição é tão-somente a tradição
da sua estada em Roma, é com ela que me provareis seu episcopado e sua
supremacia? Scalígero, um dos mais eruditos historiadores, não
vacila em dizer que o episcopado de S. Pedro e sua residência em Roma
devem-se classificar no número das lendas ridículas!"
Jesus
Cristo reservou ao apóstolo Paulo de Tarso a tarefa de divulgação
da sua doutrina no seio dos povos pagãos, então chamados gentios,
o que ele próprio confirmou, em Espírito, quando da sua manifestação
a Ananias, logo após a conversão da estrada de Damasco: Este é
para mim um vaso escolhido (médium escolhido) para levar o meu nome diante
dos gentios, dos reis e dos filhos de Israel. (Atos, 9:15).
Os
apóstolos, incluindo Pedro, não tinham muita propensão
para o trato com os chamados gentios; eles preferiam antes o contato com as
ovelhas desgarradas da casa de Israel.
Respeitáveis
historiadores sustentam que a ação dos doze apóstolos (os
onze e Matias) se limitou a Jerusalém e algumas regiões circunvizinhas.
Eles preferiram o controle da situação na antiga Judéia,
e isso era uma necessidade imperiosa, uma vez que o próprio Cristo lhes
havia recomendado essa limitação, pois o povo judeu era o único
que havia sido preparado, no decurso de milênios, para a implantação
do monoteísmo e para em seu seio acontecer o advento de Jesus Cristo.
A ação dos apóstolos no seio de povos politeístas
teria sido extremamente difícil e havia muito trabalho a se fazer entre
os próprios judeus, no sentido de manter viva a chama da nova Doutrina.
Formulando
um apelo para ser julgado pelos tribunais romanos, Paulo de Tarso foi transferido
para Roma, graças ao privilégio que possuía de, além
de ser judeu, desfrutar o status de cidadão romano (Atos, 22:26-27).
A transferência do jovem tarsense para Roma estava, obviamente, nos desígnios
do Plano Maior, a fim de que a palavra de Jesus pudesse também ser difundida
no seio de povos estrangeiros, principalmente da mais importante cidade do mundo
ocidental.
Na
capital do Império, durante dois anos, desfrutou Paulo de relativa liberdade
a fim de apregoar os ensinamentos evangélicos (Atos, 28:30-31). Somente
quando Nero ordenou a perseguição aos cristãos, foi ele
novamente preso, remetido à prisão, e dali saiu condenado, sendo
entregue ao executor. Foi levado para fora da cidade, seguido por uma turba
do mais baixo calão. Chegando ao local fatal, ajoelhou-se junto do cepo;
o machado do algoz reverberou ao sol e caiu; e a cabeça do grande apóstolo
rolou pelo chão.
É
indiscutível, pois, que houve deturpação histórica
no tocante à ida e sacrifício de Pedro em Roma, o que serviu tão-somente
para justificar a transferência da sede da igreja de Jerusalém
para Roma, uma vez que a dispersão dos judeus e o conseqüente domínio
da Palestina pelos árabes, não oferecia seguras condições
para que a velha Jerusalém servisse de sede para um poder que a igreja
objetivava estabelecer sobre o mundo.
Tornando-se
romana, a igreja deixou de ser universal. Logo surgiu o chamado Grande Cisma
do Oriente, com a dissidência da igreja grega. A unidade, que se objetivava
estabelecer, cedeu terreno à discórdia, agravada posteriormente
mais ainda pela reforma protestante.
Tudo,
porém, tem a sua época. Vivemos na atualidade os tempos preditos
pelo Cristo, quando o Cristianismo tem de ser restaurado em suas primícias,
e, como decorrência, o Espiritismo surgiu no momento psicológico
para que o Evangelho seja restabelecido em toda a sua plenitude.
O
Espiritismo vem, pois, assumir o seu relevante papel, representando o fruto
da promessa de Jesus sobre o advento do Espírito Consolador, muito lhe
resta fazer, uma vez que os desígnios de Deus
não são bitolados. Não sabemos quantos séculos serão
necessários. Deus o sabe, mas o Cristianismo terá que ser reimplantado
na face da Terra, para que toda a verdade seja manifesta.
A
religião do futuro terá por base o intercâmbio com o mundo
espiritual e somente o Espiritismo preenche na atualidade esse requisito, cumprindo
aos espíritas vigiar para que a pureza doutrinária da Terceira
Revelação seja mantida, fazendo assim com que Humanidade conheça
a verdade para que ela possa se tornar livre. (Roma, 18 de maio de 1973.)
Paulo
A.Godoy
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