Médiuns Irresponsáveis - Manoel Philomeno de Miranda
Associou-se indevidamente à pessoa portadora de mediunidade ostensiva a qualidade de Espírito elevado.
O
desconhecimento do Espiritismo ou a informação superficial sobre a sua
estrutura deu lugar a pessoas insensatas considerarem que, o fato de
alguém ser possuidor de amplas faculdades medianímicas, caracteriza-se
como um ser privilegiado, digno de encômios e projeção, ao mesmo tempo
possuidor de um caráter diamantino, merecendo relevante consideração e
destaque social.
Enganam-se
aqueles que assim procedem, e agem perigosamente, porquanto, a
mediunidade é faculdade orgânica, de que quase todos os indivíduos são
portadores, variando de intensidade e de recursos que facultem o
intercâmbio com os Espíritos, encarnados ou não.
Neutra,
do ponto de vista moral, em si mesma, a mediunidade apresenta-se como
oportunidade de serviço edificante, que enseja ao seu portador os meios
de auto-iluminar-se, de crescer moral e intelectualmente, de ampliar os
dons espirituais, sobretudo, preparando-se para enfrentar a consciência
após a desencarnação.
Às
vezes, Espíritos broncos e rudes apresentam admiráveis possibilidades
mediúnicas, que não sabem ou não querem aproveitar devidamente, enquanto
outros que se dedicam ao Bem, que estudam as técnicas da educação das
faculdades psíquicas, não conseguem mais do que simples manifestações,
fragmentárias, irregulares, quase decepcionantes.
Não
se devem entristecer aqueles que gostariam de cooperar com a
mediunidade ostensiva, porquanto a seara do amor possui campo livre para
todos os tipos de serviço que se possa imaginar.
Ser
médium da vida, ajudando, no lar e fora dele, exercitando as virtudes
conhecidas, constitui forma elevada de contribuir para o progresso e
desenvolvimento da Humanidade.
Através
da palavra, oral e escrita, quantos socorros podem ser dispensados,
educando-se as criaturas, orientando-as, levando-as à edificação
pessoal, na condição de médium do esclarecimento?!
Contribuindo,
nas atividades espirituais da Casa Espírita, pela oração e concentração
durante as reuniões especializadas de doutrinação, qualquer um se torna
médium de apoio.
Da
mesma forma, através da aplicação dos passes, da fluidificação da água,
brindando a bioenérgia, logra-se a posição de médium da saúde.
Na
visita aos enfermos, mantendo diálogos confortadores, ouvindo-os com
paciência e interesse, amplia-se o campo da mediunidade de esperança.
Mediante
o dialogo com os aturdidos e perversos, de um ou do outro plano da
vida, exerce-se a mediunidade fraternal da iluminação de consciência.
Neste
mister, aguça-se a percepção espiritual e desenvolvem-se os pródromos
das faculdades adormecidas, que se irão tornando mais lúcidas, a fim de
serem usadas dignamente em futuros cometimentos das próximas
reencarnações.
Ser
médium é tornar-se instrumento; e, de alguma forma, como todos nos
encontramos entre dois pontos distantes, eis-nos incursos na posição de
intermediários.
Ter facilidade, porém, para sentir os Espíritos é compromisso que vai além da simples aptidão de contatá-los.
Desse
modo, à semelhança da inteligência que se pode apresentar em indivíduos
de péssimo caráter, que a usam egoística, perversamente, ou como a
memória, que brota em criaturas desprovidas de lucidez intelectual, e
perde-se, pela falta de uso, também a mediunidade não é sintoma de
evolução espiritual.
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