"Senhor,
ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos."
(Lucas, 11:1)
Os
apóstolos pediram a Jesus que os ensinasse a orar, como o fazia o profeta
João Batista com seus discípulos.
O
Mestre ensinou-lhes, então, uma prece que é um modelo de concisão
e de extrema beleza, na qual tudo é pedido a Deus, em troca de quase
nada.
"Pai,
santificado seja o teu nome. Venha a nós o teu reino, seja feita a tua
vontade, assim na terra como no Céu. O pão nosso, de cada dia,
nos dá hoje. E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores. E não nos deixes cair em tentação,
mas livra-nos do mal porque teu é o reino, o poder, e a glória,
para sempre. Que assim seja."
Os
apóstolos, certamente, pediram a Jesus que os ensinasse, porque na época
existia uma oração que os Judeus recitavam, mas, devido a ser
muito longa, certamente não era decorada ou guardada na memória
de muitos por isso, em sua simplicidade, os fiéis seguidores do Mestre
solicitaram-lhe que os ensinasse uma maneira mais simples.
Por
ser demasiadamente longa, daremos a seguir, em resumo, as frases principais
da prece de louvor, agradecimento e evocação messiânica,
usada pelos Judeus daquela época:
-
"Sê louvado, ó eterno Senhor nosso. Deus de Abraão,
de Isaac e de Jacó, e nosso Deus Magno e Todo-poderoso, Supremo Criador
de todas as coisas, viventes ou inertes. Dispensador Invisível de graças
e benefícios.
-
Lembra-te, ó Senhor, da piedade de nossos Pais, e, para nos manifestares
o Teu amor por eles, envia-nos logo o Libertador dos Filhos de Israel, o Bom-portador-de-mensagem
que nos venha glorificar o teu nome.
-
Senhor, faze soar logo a trombeta da Libertação dos Filhos de
Israel, Tu que és o Verdadeiro Libertador de Israel e o mais poderoso
dos Elohim. Desfralda, ó Senhor, o Estandarte Novo sob o qual se reunirão
todos os nossos irmãos dispersos pelos quatro cantos da Terra. Sê
louvado, Senhor, por haveres prometido a nós, pelos Profetas, reunir
breve todo o Teu Povo. Faze para esse fim brotar logo, do tronco de Davi, o
'Rebento Esperado',
ou se Ele já estiver entre nós, O enchas de luz e glórias
com Tua presença n'Ele, com Tua direta assistência a Ele, com Teu
concurso imediato a Ele.
-Só
em Ti, ó Senhor, só em Ti, Deus nosso, repousam a esperança
de salvação. Vem, com Tua presença entre nós, salvar
os filhos de Israel.
-Senhor.
Tu que és o Senhor dos 'vivos' e dos 'mortos' alimenta os 'vivos' com
Tua graça e ressuscita os 'mortos'" com Tua misericórdia.
Cumpre, Senhor, Nosso Deus, a Tua promessa de fazeres voltar a vida os nossos
'mortos'. Sê louvado, ó Eterno Senhor, que ressusciutas os 'mortos'.
Santo és e Santo seja sempre Teu nome.
-
Ó Rei Celeste, Guia nosso, Escudo nosso, Libertador vem a nós
e faze em Sião o teu reino.
-
Pai nosso, perdoa-nos, pois pecamos. Absolve-nos, pois estamos arrependidos
de Te ofender.
-
Vê com bondade nossa miséria, ó Pai que estás nos
Céus. Liberta-nos da miséria em que vivemos, fazendo nascer breve
o nosso Salvador."
Como
se vê, essa prece é longa e cheia de repetições,
e, apenas, citamos as passagens mais vivas e elucidativas.
O
emérito Dr. Canuto de Abreu, além do texto desta prece, nos deu
a seguinte informação:
"Cumpre
aqui salientar que os Judeus nunca oravam de joelhos, nem olhando para o Céu,
como o fazem muitos cristãos. Sabe-se também que, no Templo, os
Judeus oravam de face voltada para o "Santo dos Santos", de olhos
abertos, e de cabeça velada com um véu especial. Fora do Templo,
rezavam de rosto virado para o Templo, se o podiam localizar (o que era fácil
dentro de Jerusalém). Fora da porta ou distantes de Jerusalém,
procuravam sempre orar voltados para a Cidade."
Conforme
se depara da prece acima, os Judeus contemporâneos do Cristo, esperavam
não um Redentor, para que viesse libertar suas almas do obscurancismo,
do fanatismo e dos apegos às tradições inócuas,
mas um Guia político, guerreiro, munido de escudo e espada, para libertar
o povo israelita do jugo do Império Romano. Um Messias nos moldes de
Moisés ou Davi, guerreiro indômito, que, além de expulsar
os invasores romanos, dilatasse as acanhadas fronteiras da velha Palestina .
A
prece do Pai Nosso, também conhecida por Oração Dominical,
por outro lado, encerra um conteúdo muito mais edifícante.
Rogando
a Deus, no sentido de fazer baixar até nós o seu Reino, deve-se
compreender que isso não tem o significado do advento de um reino nos
moldes conhecidos na Terra, mas do surgimento, entre nós, de um reinado
de paz e amor, no qual imperam a fraternidade, a concórdia, o amor e
a infinita misericórdia de deus.
Indubitavelmente,
com o advento desse reino, a Humanidade passará a desfrutar de melhores
dias, quando todas as Lágrimas serão enxutas e todas as dores
minoradas, desconhecendo-se a intemperança, o orgulho, a vaidade e todo
o gênero de maldades. A implantação desse reino se dará
no recesso dos nossos corações.
Pedindo
que nos dê o pão de cada dia, não significa pretender receber
tudo graciosamente, sem o menor esforço, mas nos propiciar meios, modos
de conquistar o sustento para os nossos corpos, através do trabalho edificador,
que conduz ao progresso, e também o pão espiritual, imprescindível
para o soerguimento de nossas almas, fazendo com que elas se aproximem cada
vez mais de Deus.
Imprecando
para livrar-nos das tentações, passaremos a compreender que Deus
é o escudo, para que as nossas almas se livrem de toda a sorte de tentações,
que, muitas vezes, são as causadoras da estagnação dos
Espíritos no decurso da imenso escalada evolutiva, pois as investidas
das trevas obscurecem os caminhos da vida, dificultando aos homens a conquista
da luz interior, indispensável para a libertação espiritual,
para a redenção dos nossos Espíritos.
Paulo
G. Godoy
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