Capítulo VI
Doutrina das Penas Eternas
Ezequiel Contra a Eternidade das Penas e o Pecado Original
25 — Aos que pretendem encontrar na Bíblia a justificação da
eternidade das penas podemos opor os textos contrários, que não permitem
nenhuma dúvida a respeito. As seguintes palavras de Ezequiel são a mais
decisiva negação, não somente das penas irremissíveis, mas também da
possibilidade de recair sobre toda a sua descendência a falta cometida
pelo pai do gênero humano:
1) Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2) Que tendes vós, vós
que acerca da terra de Israel proferiste este provérbio, dizendo: Os
pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? 3)
Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio
em Israel. 4) Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai,
também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. 5)
Sendo, pois, o homem justo e fazendo juízo e justiça; 7) não oprimindo a
ninguém, tornando ao devedor a coisa penhorada, não roubando, dando o
seu pão ao faminto e cobrindo ao nu com vestes; 8) não dando seu
dinheiro à usura, não recebendo juros, desviando a sua mão da injustiça e
fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; 9) andando nos meus
estatutos, guardando os meus juízos e procedendo retamente o tal justo
certamente viverá, diz o Senhor Deus.
10) Se ele gerar um filho ladrão, derramador de sangue, que fizer a
seu irmão qualquer destas coisas. 13) esse filho morrerá, por todas
estas abominações que ele fez e o seu sangue será sobre ele.
14) Eis que, se ele gerar um filho que veja todos os pecados que seu
pai fez e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes, 17) não morrerá
pela iniqüidade de seu pai, mas certamente viverá. 18) Quanto a seu pai,
porque praticou extorsão, roubou os bens do próximo e fez o que não era
bom no meio do seu povo, eis que morrerá por causa de sua iniqüidade.
19) Mas direis: Por que não leva o filho a iniqüidade do pai? Porque o
filho fez o que era reto e justo e guardou todos os meus estatutos e os
praticou, por isso certamente viverá.
20) A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade
do pai, nem o pai a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre
ele e a perversidade do perverso cairá sobre este.
21) Mas se o perverso se converter de todos os pecados que cometeu e
guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e justo,
certamente viverá, não será morto. 22) De todas as transgressões que
cometeu não haverá lembrança contra ele; pela justiça que praticou,
viverá.
23) Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? diz o Senhor Deus.
Não, desejo eu antes que ele se converta do seu caminho e viva.
(Ezequiel, cap, XVIII, vs. 1 a 23.)
11) Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na
morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e
viva. (Ezequiel, cap. XXXIII, v. 11)(24)
(24) Nota-se a falta do versículo 6 do cap. XVIII de Ezequiel. A
omissão foi proposital. Kardec deixou de lado esse versículo porque ele
se refere a ordenações judaicas da lei de pureza (superadas pelo
Evangelho) como se pode ver conferindo-se o texto com a Bíblia. Como se
pode alegar que a omissão oculta segunda intenção o que se já tem feito,
damos aqui esse versículo: "Não comendo carne sacrificada nos altos,
nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel, nem
contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua
menstruação." Como se vê, esse versículo quebra a harmonia do texto em
sua aplicação atual. Os vs. 12, 15 e 16 foram também suprimidos porque
repetem aquelas ordenações.
Tanto no original francês, como em todas as traduções correntes entre
nós ocorreu também um erro de citação, que corrigimos aqui. O versículo
23 do cap. XVIII foi mencionado como pertencente ao cap. XXVIII. Um
pequeno engano, certamente gráfico, ainda hoje mantido nas próprias
edições francesas e belgas. (N. do T.)
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sábado, 25 de janeiro de 2014
Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 132
O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas,
é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações
aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o
texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam
capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para
as perguntas e respostas foi o empregado.
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Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 131
O texto colocado entre aspas, em seguida às perguntas,
é a resposta que os Espíritos deram. Para destacar as notas e explicações
aditadas pelo autor, quando haja possibilidade de serem confundidas com o
texto da resposta, empregou-se um outro tipo menor. Quando formam
capítulos inteiros, sem ser possível a confusão, o mesmo tipo usado para
as perguntas e respostas foi o empregado.
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sexta-feira, 17 de janeiro de 2014
Reminiscência ( Grupo Ismael-1a Mensagem de Bezerra de Menezes)
REMINISCÊNCIA
Medeiros e Albuquerque
O Brasil republicano vagia entre
as faixa do berço, quando conhecí Manuel Ramos, nome pelo qual designarei
um amigo obscuro, que abracei pela primeira vez no curso de breve contenda
com portugueses ilustres, a propósito de Floriano.
Comentávamos desfavoravelmente
as atitudes cordiais do embaixador Camelo Lampreia, que primava pelo
bom-senso, na conciliação dos elementos axaltados, ante os atos do
Consolidador, quando um amigo brasileiro, justamente indignado, se prepara
a revide de enormes proporções, de mundos cerrados e carantonha sombria.
Assustado, procurava eu apartar os contendores, quando surge o Manuel, com
a carcaça de um touro e com a alma de anjo, evitando o pugilato.
Conteve os antagonistas, qual se
fora uma gladiador romano, habituado ao manejo de feras, e eu, tomado de
simpatia, ofereci-lhe a mão, em sinal de reconhecimento, quando os ânimos
irritados possibilitaram a conversa pacífica.
No amplexo amistoso, porém,
observei que Manuel não era servidor comum, que se contentasse com a
gorjeta ou com o elogio fácil.
Surpreendeu-me com o seu olhar
indagador, a fixar-me insistentemente.
E quando preparei, intencional,
as frases da despedida, o musculoso interventor da rixa inesperada me
falou, sem preâmbulos:
Doutor Medeiros, poderá
conceder-me uma palavrinha?
Quem não anuíra em ocasião como
aquela?
O rapaz, contudo, foi breve.
Biografou-se com simplicidade, atrvés de informes curtos e francos.
Era empregado na cozinha de
portugueses acolhedores, que o faziam encarregado da bacalhoada acessível
à numerosa freguesia, em atividade regular no porto. Fluminense de origem,
buscava o Rio com o sonho maravilhoso de todos os moços pobres do
interior, que imaginam na metrópole o Eldorado das miragens de Orellana.
Não conseguira, entretanto, senão a colocação humilde, em casa de pasto,
embora vivesse de livro às mãos.
Estudadva, estudava, mas... –
salientava, desalentado – a sorte lhe fora incrivelmente adversa.
Onerado de compromissos, na
órbita da família, vira o pai morrer, quase sem recursos, minado pela
peste branca, e presenciara a loucura de sua mãe, desvairada de dor sobre
o cadáver do companheiro e mais tarde internada, com ficha de indigente,
em hospício da Capital.
Sobravam-lhe, ainda, quatro
irmãs para cuidar.
Ganhava pouco e mal conseguia
atender ao constante dreno doméstico. Agrupou em palavras rápidas e
respeitosas diversas questões pequeninas que lhe apoquentavam a mente,
detendo-se, porém, no caso materno, com minudências curiosas a lhe
revelarem a grandeza do sentimento afetivo; e, por fim, imprimindo
significativa reverência ao timbre de voz, pediu-me conselho,
asseverando-se informado quanto aos meus estudos de magnetismo.
Não poderia, de minha parte,
prestar-lhe socorro?
Reparando, talvez, a ponta de
sarcasmo que me assomou ao sorriso de gozador impenitente, consertou o
passo, acentuando que, se me não fosse possível a visita direta ao
internato, a fim de aliviar-lhe a genitora doente, esperava que eu lhe
desse, pelo menos, algumas noções alusivas ao assunto.
Ante a sinceridade cristalina e
a beleza do devotamento filial que ele aparentava, por pouco lhe não pedi
desculpas pela ironia silenciosa de momentos antes, e assenti.
Realmente, expliquei, não me
confiava a experiências do teor daquela que me solicitava, mas dispunha de
literatura valiosa e aproveitável.
Ceder-lhe-ia com prazer o
material que desejasse.
Combinamos o encontro para o dia
seguinte.
Apareceu Manuel, pontualmente, à
entrevista, ouvindo-me, atencioso, como se ele estivesse à escuta de
informações relativas a tesouros ocultos.
Acreditando falar muito mais
comigo mesmo. Recordei, para começar, a fugura de Mesmer.
Manuel, contudo, não se mostrou
leigo no assunto, Frederico Mesmer era para ele velho conhecido.
Reportou-se, de modo simples, às leituras em francês a que se consagrava
cada noite, em companhia de anônimo poliglota do subúrbio, e referiu-se à
clínica do grande magnetizador na Place Vendôme, qual se houvera
morado em Paris ao tempo de Luís XVI. Sabia quantos reveses o valoroso
professor havia sofrido para provar as novidades científicas de que se
sentia portador. O rapaz chegava a conhecer o texto do voto vencido, com o
qual De Jussieu, o fundador da botânica moderna, se revelava o único amigo
da verdade, na comissão indicada pela Sociedade Real de Medicina, a fim de
apurar a realidade dos fenômentos magnéticos.
Agradavelmente surpreendido,
senti-me à vontade no comentário aberto.
Recordei De Puységur,
anotando-lhe os experimentos preciosos, quando, modiscado de curiosidade,
passeava no salão a gritar, inquieto, para os ouvidos de seus pacientes: -
“Dorme! Dome!”
E, num desfile de impressões do
brasileiro que vive de frente para a Europa, falei-lhe de Braid, de
Liébeault, Bernheim e Charcot, especificando as características das
escolas de Nancy e de Paris.
Alinhei minhas próprias
observações, e Manuel, então silencioso, me assinalava as palavras como se
fora deslumbrado e ditoso devoto à frente de um semideus.
Recolheu, contente, a copiosa
literatura em português e francês que lhe pus nas mãos ávidas e partiu.
De quando em quando me
procurava, gentil, em visitas apressadas, a que, por minha vez, não
prestava maior atenção.
A vida abriu-me caminho, por
outros rumos, no seio do matagal, ao invés de seguir no curso de águas
pacíficas, e, à maneira do seixo que rola para o mar,
impulsionado pelos detritos que descem da serra, a golpes irresistíveis da
enxurrada grossa, ao invés de seguir no curso de águas, pacíficas, avancei
no tempo, através de peripécias mil, na política e na imprensa, incapaz de
erguer-me à esfera transcendente das cogitações religiosas.
Quando, em 1916, voltei da
Europa com largo programa de serviço pró-adesão do Brasil aos Aliados, na
culminância da batalha jornalística, eis que me aparece o Manuel, em pleno
escritório, num singular extravasamento de alegria.
Forçava portas e afrontara
auxiliares neurastênicos para ver-me e apertar-me nos braços.
Doutor Medeiros! Doutor
Medeiros! Enfim! ... – clamava, ofegante – há quanto tempo, meu Deus! Há
quanto tempo!...
Respondi-lhe ao abraço, com um
sorriso forçado, porque nesse mesmo instante deveria avistar-me com Lauro
Müller, a respeito de solenes decisões na campanha popular desencadeada.
Desejei provocar a retirada do
importuno, que deixava transparecer nas bochechas de quarentão maduro
aquela mesma alegria robusta do tempo de Floriano.
A conversação dele fazia-se
absolutamente imprópria, a meu ver, em semelhante ocasião; entretanto,
Manuel não me ofereceu qualquer oportunidade de censura cordial ao seu
procedimento.
Eufórico, palavroso,
desaparafusou a língua e narrou êxitos sobre êxitos.
O magnetismo desvendara-lhe
estradas novas. Conseguira milagres. Mantinha correspondência ativa com
estudiosos ilustres da França. Apresentava, garboso, conclusões próprias
acerca do desdobramento da personalidade. Enfileirava apontamentos
especiais sobre o sistema nervoso. Engalanava-se com dezenas de casos
raríssimos de cura, inclusive o da própria genitora que se reequilibrara e
ainda vivia.
E acrescentava informes,
referentes ao jardim doméstico, sem me oferecer um minuto para qualquer
consideração.
Casara-se. Possuía três filhos
que pretendia apresentar-me. A esposa e ele acompanhavam, carinhosamente,
as minhas páginas em “A Noite”. Convidava-me a visitar-lhe a família,
quando chega o recinto a ex-ministro, fitando-me com assombro, como se me
surpreendesse na companhia de um louco.
O antigo quituteiro do
restaurante português não se deu por achado ouvindo declinar o nome do
respeitável político. Iluminaram-se-me os olhos, cobrou ânimo novo e, sem
mais nem menos, recomendou-nos freqüência assidua às sessões espirituais a
que se dedicava nas noites de terças e sextas-feiras, junto de amigos e
estudantes do Evangelho, encarecendo a necessidade de homens
espiritualizados na administração do País. Reportou-se a Bittencourt
Sampaio com frases quentes de aplauso. Sacou do bolso, que denotava
prolongada ausência da lavanderia, seboso maço de papéis e leu, em voz
estentórica, a prmeira mensagem de Bezerra de Menezes, no “Grupo Ismael”,
através do médium Frederico Júnior, e, longe de parar, abriu diante de nós
maltratado volume do Novo Testamento, combinando a leitura de alguns
textos com as páginas de Allan Kardec, ao mesmo tempo que indagava de
minhas impressões acerca da Casa dos Espíritos, em Paris.
Mastiguei uma resposta qualquer,
e Manuel, absolutamente incapaz de entender a minha inadaptação às
verdades de que se fizera pregoeiro, continuou exaltando os imperativos de
renúncia e de sacrifício para nós ambos, como se fora trovejante
doutrinador em praça pública.
E quando se inclinava no
comentário de reencarnações passadas, afirmando ter vivido ao tempo de
Gengis Khãn, mal sopitando a vergonha que aquela intimidade me provocava,
recomendei-lhe silêncio em tom autoritário e descortês.
O pobre amigo empalideceu e,
enquanto o ex-ministro de Venceslau Brás erguia para mim o olhar
perscrutador, informei, implacável, indicando Manuel estarrecido:
Lauro, tenho aqui um
ex-empregado requerendo nossos préstimos. Não é má pessoa, mas enlouqueceu
de repente. Guarda a mania do espiritismo e eu desejava seus bons ofícios
para que o infeliz obtivesse tratamento acessível na Praia Vermelha. Creio
que não precisará do internato em regra, mas não pode prescindir de algum
contacto com o hospício.
O grande político levou o caso a
sério e respondeu sem hesitar:
Esteja descansado. Farei por ele
quanto possa.
Nunca me esquecerei do olhar
humilde que Manuel me dirigiu sem a menor reação, com duas grossas
lágrimas, ao despedir-se cabisbaixo, sem mais uma palavra.
Depois, a vida continuou
rolando, arrastando-me em seu torvelinho trepidante, mas o meu antigo
aprendiz de magnetismo não mais me apareceu no caminho.
Política, jornalismo,
aventuras...
Eis o sono, era a morte?
Que sabia eu?
Compreendia apenas que não era
mais possível brincar com a inteligência.
Indefinível pavor do
desconhecido me assaltava o coração, afogado em lágrimas que eu não
conseguia derramar.
Densa noite envolvera-me de
súbito, e eu gritei com toda a força dos pulmões cansados, clamando por
enfermagem e socorro, que se me afiguravam distanciados para sempre.
Em que tenebroso lugar minha voz
vibraria agora, sem eco? que ouvidos me captariam as lamentações?
Por quanto tempo supliquei apoio naquela posição de insegurança?
É inútil formular indagações a
que não podemos responder.
Um instante surgiu, contudo, em
que percebi junto de mim prateada luz.
Alguém se aproximava, dando-me a
idéia de piedoso visitador, remanescente talvez de São Bernardo, o
salvador de viajantes perdidos nas trevas.
Diante do meu deslumbramento, a
claridade cresceu, cresceu, e uma voz, que jamais olvidei, saudou
alegremente:
Doutor Medeiros! Doutor
Medeiros!...
E o Manuel surgiu fulgurante de
rara beleza, ante meus olhos assombrados, estendendo-me os braços
fraternos.
Quietou-se-me, então, o
raciocínio humano, apagaram-se-me os pruridos da inteligência.
Manuel, aureolado de sublimada
luz, era para mim agora um verdadeiro redentor. Confiei-me ao seu carinho,
copiando a rendição da criança assustada, que se refugia no seio materno,
e uma vida nova começou para mim, somente imaginável por aqueles que sabem
sobrepairar ao turbilhão de mentiras humanas, para escutarem, de alguma
sorte, a mnsagem renovadora dos companheiros que atravessaram a cinzenta e
gelada fronteira do túmulo.
De Salomão
Melhor é aquele (*) que se julga insignificante e vive cercado de servos, com os quais trabalha para o bem comum, do que o homem preguiçoso e inútil, faminto de pão, mas sempre interessado em honrar a si mesmo.
Lavra o campo das possibilidades que o mundo te conferiu, para que respires na fartura, porque o homem inativo residirá com a miséria.
Ainda mesmo que a preguiça apareça adornada de ouro, um dia acordará nua e empestada, ao clarão das realidades eternas.
Enquanto as mãos do ímpio tecem a rede dos males, prepara com o teu esforço a colheita das bênçãos.
Tudo passa no mundo.
O mentiroso pagará pesados tributos.
O desapiedado ferirá a si mesmo.
O imprudente acordará nas sombras da própria queda.
O avarento será algemado às riquezas que amontoou.
O revoltado estará em trevas.
Mas o homem justo e diligente vencerá o mundo.
(*) Meditações colhidas no cap. 12 dos Provérbios – (Nota do autor Espiritual)
Livro: Falando à Terra psicografado por Chico Xavier pelos espíritos diversos
Não Basta Ver
“E logo viu, e o foi seguindo, glorificando a Deus. E todo o povo, vendo isto, dava louvores a Deus.” – (LUCAS, 18:43.)
A atitude do cego de Jericó representa padrão elevado a todo discípulo sincero do Evangelho.
O enfermo de boa-vontade procura primeiramente o Mestre, diante da multidão. Em seguida à cura, acompanha Jesus, glorificando a Deus. E todo o povo, observando o benefício, a gratidão e a fidelidade reunidos, volta-se para a confiança no Divino Poder.
A maioria dos necessitados, porém, assume posição muito diversa. Quase todos os doentes reclamam a atuação do Cristo, exigindo que a dádiva desça aos caprichos perniciosos que lhes são peculiares, sem qualquer esforço pela elevação de si mesmos à bênção do Mestre.
Raros procuram o Cristo à luz meridiana; e, de quantos lhe recebem os dons, raríssimos são os que lhe seguem os passos no mundo.
Daí procede a ausência da legítima glorificação a Deus e a cura incompleta da cegueira que os obscurecia, antes do primeiro contacto com a fé.
Em razão disso, a Terra está repleta dos que crêem e descrêem, estudam e não aprendem, esperam e desesperam, ensinam e não sabem, confiam e duvidam.
Aquele que recebe dádivas pode ser somente beneficiário.
O que, porém, recebe o favor e agradece-o, vendo a luz e seguindo-a, será redimido.
É óbvio que o mundo inteiro reclama visão com o Cristo, mas não basta ver simplesmente; os que se circunscrevem ao ato de enxergar podem ser bons narradores, excelentes estatísticos, entretanto, para ver e glorificar o Senhor é indispensável marchar nas pegadas do Cristo, escalando, com Ele, a montanha do trabalho e do testemunho.
Livro: Luz Acima psicografado por Chico Xavier.
Emmanuel
Apelo Espírita
Irmãos! Faze:
De cada ensinamento que recebes uma instrução do Plano Superior;
De cada tarefa, por mínima que seja, uma realização em que deixes os melhores sinais de tua presença;
De cada conversação, um entendimento construtivo;
De cada conversação, um mensageiro de tua cooperação, no levantamento da felicidade geral;
De cada relação nova, uma sementeira de bênçãos;
De cada necessitado, um irmão que te espera o auxílio, em nome da Divina Paternidade;
De cada desapontamento, um teste de compreensão;
De cada hora, uma oportunidade de servir...
Companheiro da Terra és o viajor em trânsito na hospedaria do mundo!... Guarda o coração e a consciência, na prática do bem, de tal modo, que possas receber, com o despertar de cada manhã, um novo renascimento na casa física e, no descanso de cada noite, um ensino de regresso tranqüilo ao teu lar verdadeiro, na Vida Espiritual.
Livro Caminho Espírita psicografado por Chico Xavier
sábado, 11 de janeiro de 2014
Falta de Formação Doutrinária
Falta de Formação Doutrinária
Autor: J. Herculano Pires
Sem a formação doutrinária, não teremos um movimento espírita coeso e coerente. E, sem coesão e coerência, não teremos Espiritismo. Essa a razão por que os Espíritos Superiores confiaram às mãos de Kardec o pesado trabalho da Codificação. Kardec teve de arcar, sozinho, com a execução dessa obra gigantesca. Porque só ele estava em condições de realizá-la. Depois de Kardec, o que vimos? Léon Denis foi o único dos seus discípulos que conseguiu manter-se à altura do mestre, contribuindo vigorosamente para a consolidação da Doutrina. Era, aparentemente, o menos indicado. Não tinha a formação cultural de Kardec, residia na província, não convivera com ele, mas soubera compreender a posição metodológica do Espiritismo e não a confundia com os desvarios espiritualistas da época.
Depois de Denis, foi o dilúvio. A Revista Espírita virou um saco de gatos. A sociedade Parisiense naufragou em águas turvas. A Ciência e a Filosofia Espíritas ficaram esquecidas. O aspecto religioso da Doutrina transviou-se na ignorância e no fanatismo. Os sucessores de Kardec fracassaram inteiramente na manutenção da chama espírita, na França. E, quando a Arvore do Evangelho foi transplantada para o Brasil, segundo a expressão de Humberto de Campos, veio carregada de parasitas mortais que, ao invés de extirpar, tratamos de cultivar e aumentar com as pragas da terra.
Tudo isso por quê? Por falta pura e simples de formação doutrinária. A prova está aí, bem visível, no fluidismo e no obscurantismo que dominam o nosso movimento no Brasil e no Mundo. Os poucos estudiosos, que se aprofudaram no estudo de Kardec, vivem como náufragos num mar tempestuoso, lutando, sem cessar, com os mesmos destroços de sempre. Não há estudo sistemático e sério da Doutrina. E o que é mais grave, há evidente sintoma de fascinação das trevas, em vastos setores representativos que, por incrível que pareça, combatem por todos os meios o desenvolvimento da cultura espírita.
Enquanto não compreendermos que Espiritismo é cultura, as tentativas de unificação do nosso movimento não darão resultados reais. Darão aproximações arrepiadas de conflitos, aumento quantitativo de adeptos ineptos, estimulação perigosa de messianismos individuais e de grupos. Flamarion, que nunca entendeu realmente a posição de Kardec, e chegou a dizer que ele fez obra um tanto pessoal, como se vê no seu famoso discurso ao pé do túmulo, teve, entretanto, uma intuição feliz quando o chamou de bom senso encarnado.
Esse bom senso é que nos falta. Parece haver se desencarnado com Kardec, e volatizado com Denis. Hoje, estamos na era do contra-senso. Os mesmos órgãos de divulgação doutrinária que pregam o obscurantismo, exibem pavoneios de erudição personalista, em nome de uma cultura inexistente. Porque cultura não é erudição, livros empilhados nas estantes, fichário em ordem para consultas ocasionais. Cultura è assimilação de conhecimentos e bom senso em ação.
O que fazer diante dessa situação? Cuidar da formação espírita das novas gerações, sem esquecer a alfabetização de adultos. Mobral: esse o recurso. Temos de organizar o Mobral do Espírito. E começar tudo de novo, pelas primeiras letras. Mas, isso em conjunto, agrupando elementos capazes, de mente arejada e coração aberto. Foi por isso que propus a criação das Escolas de Espiritismo, em nível universitário, dotadas de amplos currículos de formação cultural espírita.
Podem dizer que há contradições entre Mobral e nível universitário. Mas, nota-se, que falamos de Mobral do Espírito. A Cultura Espírita é o desenvolvimento da cultura acadêmica, é o seguimento natural da cultura atual, em que se misturam elementos cristãos, pagãos e ateus. Para iniciar-se na cultura espírita, o estudante deve possuir as bases da cultura anterior. "Tudo se encadeia no Universo", como ensina, repetidamente, O Livro dos Espíritos. Quem não compreende esse encadeamento, tem de iniciar pelo Mobral. Não há outra forma de adaptá-lo às novas exigências da nova cultura.
A verdade nua e crua é que ninguém conhece Espiritismo. Ninguém, mesmo, no Brasil e no Mundo. Estamos todos aprendendo, ainda, de maneira canhestra.
E se me permito escrever isto, é porque aprendi, a duras penas, a conhecer a minha própria indigência. No Espiritismo, como já se dava no Cristianismo e na própria filosofia grega, o que vale é o método socrático.
Temos, antes de tudo, de compreender que nada sabemos. Então, estaremos, pelo menos, conscientes de nossa ignorância e capazes de aprender.
Mas, aprender com quem? Sozinhos, como autodidatas, tirando nossas próprias lições dos textos, confiantes nas luzes da nossa ignorância? Recebendo lições de outros que tateiam como nós, mas que estufam o peito de auto-suficiência e pretensão? Claro que não. Ao menos isso devemos saber. Temos de trabalhar em conjunto, reunindo companheiros sensatos, bem intencionados, não fascinados por mistificações grosseiras e evidentes, capazes de humildade real, provada por atos e atitudes. Assim conjugados, poderemos aprender de Kardec, estudando suas obras, mergulhando em seus textos, lembrando-nos de que foi ele e só ele o incumbido de nos transmitir o legado do Espírito da Verdade.
Kardec é a nossa pedra de toque. Não por ser Kardec, mas por ser o intérprete humilde que foi, o homem sincero e puro a serviço dos Espíritos Instrutores.
É o que devemos ter nas Escolas de Espiritismo.
Não Faculdades, nem Academias, mas, simplesmente, Escolas. O sistema universitário implica pesquisas, colaboração entre professores e alunos, trabalho conjugado e sem presunção de superioridade de parte de ninguém. O simpósio e o seminário, o livre-debate, enfim, é que resolvem, e não o magister do passado. O espírito universitário, por isso mesmo, é o que melhor corresponde à escola espírita. Num ambiente assim, os Espíritos Instrutores disporão de meios para auxiliar os estudantes sinceros e despretensiosos.
A formação espírita exige ensino metódico mas, ao mesmo tempo, livre. Foi o que os Espíritos deram a Kardec: um ensino de que ele mesmo participava, interrogando os mestres e discutindo com eles. Por isso, não houve infiltração de mistificadores na obra inteiriça, nesse bloco de lógica e bom senso, que abrange os cinco livros fundamentais de Codificação, os volumes introdutórios e os volumes da Revista Espírita, redigidos por ele durante quase doze anos de trabalho incessante.
Essa obra gigantesca é a plataforma do futuro, o alicerce e o plano de um novo mundo, de uma nova civilização. Seria absurdo pensar que podemos dominar esse vasto acervo de conhecimentos novos, de conceitos revolucionários, através de simples leituras individuais, sem método e sem pesquisa. Nosso papel, no Espiritismo, tem sido o de macacos em loja de louças. E incrível a leviandade com que oradores e articulistas espíritas tratam de certos temas, com uma falsa suficiência de arrepiar, lançando confusões ridículas no meio doutrinário. Temos de compreender que isso não pode continuar. Chega de arengas melífluas nos Centros, de oratória descabelada, de auditórios basbaques, batendo palmas e palavreado pomposo. Nada disso é Espiritismo. Os conferencistas espíritas precisam ensinar Espiritismo - que ninguém conhece - mas para isso precisam, primeiro aprendê-lo.
Precisamos de expositores didáticos, servidos por bom conhecimento doutrinário, arduamente adquirido em estudos e pesquisas. Expor os temas fundamentais da Doutrina, não é falar bonito, com tropos pretensamente literários, que só servem para estufar vaidade, à maneira da oratória bacharelesca do século passado.
Esse palavrório vazio e presunçoso não constrói nada e só serve para ridicularizar o Espiritismo ante a mentalidade positiva e analítica do nosso tempo.
Estamos numa fase avançada da evolução terrena.
Nossa cultura cresceu espantosamente nos últimos anos e já está chegando à confluência dos princípios espíritas em todos os campos. A nossa falta de formação cultural espírita não nos permite enfrentar a barreira dos preconceitos para demonstrar ao mundo que Espiritismo, como escreveu Humberto Mariotti, é uma estrela de amor que espera no horizonte do mundo o avanço das ciências. E curiosa e ridícula a nossa situação.
Temos o futuro nas mãos e ficamos encravados no passado mitológico e nas querelas medievais.
Mas, para superar essa situação, temos de aprender com Kardec. Os que pretendem superar Kardec, não o conhecem. Se o conhecessem, não assumiriam a posição ridícula de críticos e inovadores do que, na verdade, ignoram. Chegamos a uma hora de definições.
Precisamos definir a posição cultural espírita perante a nova cultura dos tempos novos. E só faremos isso através de organismos culturais bem estruturados, funcionais, dotados de recursos escolares capazes de fornecer, aos mais aptos e mais sinceros, a formação cultural de que todos necessitamos, com urgência.
Texto retirado do livro O Mistério do Bem e do Mal.
Autor: J. Herculano Pires
Sem a formação doutrinária, não teremos um movimento espírita coeso e coerente. E, sem coesão e coerência, não teremos Espiritismo. Essa a razão por que os Espíritos Superiores confiaram às mãos de Kardec o pesado trabalho da Codificação. Kardec teve de arcar, sozinho, com a execução dessa obra gigantesca. Porque só ele estava em condições de realizá-la. Depois de Kardec, o que vimos? Léon Denis foi o único dos seus discípulos que conseguiu manter-se à altura do mestre, contribuindo vigorosamente para a consolidação da Doutrina. Era, aparentemente, o menos indicado. Não tinha a formação cultural de Kardec, residia na província, não convivera com ele, mas soubera compreender a posição metodológica do Espiritismo e não a confundia com os desvarios espiritualistas da época.
Depois de Denis, foi o dilúvio. A Revista Espírita virou um saco de gatos. A sociedade Parisiense naufragou em águas turvas. A Ciência e a Filosofia Espíritas ficaram esquecidas. O aspecto religioso da Doutrina transviou-se na ignorância e no fanatismo. Os sucessores de Kardec fracassaram inteiramente na manutenção da chama espírita, na França. E, quando a Arvore do Evangelho foi transplantada para o Brasil, segundo a expressão de Humberto de Campos, veio carregada de parasitas mortais que, ao invés de extirpar, tratamos de cultivar e aumentar com as pragas da terra.
Tudo isso por quê? Por falta pura e simples de formação doutrinária. A prova está aí, bem visível, no fluidismo e no obscurantismo que dominam o nosso movimento no Brasil e no Mundo. Os poucos estudiosos, que se aprofudaram no estudo de Kardec, vivem como náufragos num mar tempestuoso, lutando, sem cessar, com os mesmos destroços de sempre. Não há estudo sistemático e sério da Doutrina. E o que é mais grave, há evidente sintoma de fascinação das trevas, em vastos setores representativos que, por incrível que pareça, combatem por todos os meios o desenvolvimento da cultura espírita.
Enquanto não compreendermos que Espiritismo é cultura, as tentativas de unificação do nosso movimento não darão resultados reais. Darão aproximações arrepiadas de conflitos, aumento quantitativo de adeptos ineptos, estimulação perigosa de messianismos individuais e de grupos. Flamarion, que nunca entendeu realmente a posição de Kardec, e chegou a dizer que ele fez obra um tanto pessoal, como se vê no seu famoso discurso ao pé do túmulo, teve, entretanto, uma intuição feliz quando o chamou de bom senso encarnado.
Esse bom senso é que nos falta. Parece haver se desencarnado com Kardec, e volatizado com Denis. Hoje, estamos na era do contra-senso. Os mesmos órgãos de divulgação doutrinária que pregam o obscurantismo, exibem pavoneios de erudição personalista, em nome de uma cultura inexistente. Porque cultura não é erudição, livros empilhados nas estantes, fichário em ordem para consultas ocasionais. Cultura è assimilação de conhecimentos e bom senso em ação.
O que fazer diante dessa situação? Cuidar da formação espírita das novas gerações, sem esquecer a alfabetização de adultos. Mobral: esse o recurso. Temos de organizar o Mobral do Espírito. E começar tudo de novo, pelas primeiras letras. Mas, isso em conjunto, agrupando elementos capazes, de mente arejada e coração aberto. Foi por isso que propus a criação das Escolas de Espiritismo, em nível universitário, dotadas de amplos currículos de formação cultural espírita.
Podem dizer que há contradições entre Mobral e nível universitário. Mas, nota-se, que falamos de Mobral do Espírito. A Cultura Espírita é o desenvolvimento da cultura acadêmica, é o seguimento natural da cultura atual, em que se misturam elementos cristãos, pagãos e ateus. Para iniciar-se na cultura espírita, o estudante deve possuir as bases da cultura anterior. "Tudo se encadeia no Universo", como ensina, repetidamente, O Livro dos Espíritos. Quem não compreende esse encadeamento, tem de iniciar pelo Mobral. Não há outra forma de adaptá-lo às novas exigências da nova cultura.
A verdade nua e crua é que ninguém conhece Espiritismo. Ninguém, mesmo, no Brasil e no Mundo. Estamos todos aprendendo, ainda, de maneira canhestra.
E se me permito escrever isto, é porque aprendi, a duras penas, a conhecer a minha própria indigência. No Espiritismo, como já se dava no Cristianismo e na própria filosofia grega, o que vale é o método socrático.
Temos, antes de tudo, de compreender que nada sabemos. Então, estaremos, pelo menos, conscientes de nossa ignorância e capazes de aprender.
Mas, aprender com quem? Sozinhos, como autodidatas, tirando nossas próprias lições dos textos, confiantes nas luzes da nossa ignorância? Recebendo lições de outros que tateiam como nós, mas que estufam o peito de auto-suficiência e pretensão? Claro que não. Ao menos isso devemos saber. Temos de trabalhar em conjunto, reunindo companheiros sensatos, bem intencionados, não fascinados por mistificações grosseiras e evidentes, capazes de humildade real, provada por atos e atitudes. Assim conjugados, poderemos aprender de Kardec, estudando suas obras, mergulhando em seus textos, lembrando-nos de que foi ele e só ele o incumbido de nos transmitir o legado do Espírito da Verdade.
Kardec é a nossa pedra de toque. Não por ser Kardec, mas por ser o intérprete humilde que foi, o homem sincero e puro a serviço dos Espíritos Instrutores.
É o que devemos ter nas Escolas de Espiritismo.
Não Faculdades, nem Academias, mas, simplesmente, Escolas. O sistema universitário implica pesquisas, colaboração entre professores e alunos, trabalho conjugado e sem presunção de superioridade de parte de ninguém. O simpósio e o seminário, o livre-debate, enfim, é que resolvem, e não o magister do passado. O espírito universitário, por isso mesmo, é o que melhor corresponde à escola espírita. Num ambiente assim, os Espíritos Instrutores disporão de meios para auxiliar os estudantes sinceros e despretensiosos.
A formação espírita exige ensino metódico mas, ao mesmo tempo, livre. Foi o que os Espíritos deram a Kardec: um ensino de que ele mesmo participava, interrogando os mestres e discutindo com eles. Por isso, não houve infiltração de mistificadores na obra inteiriça, nesse bloco de lógica e bom senso, que abrange os cinco livros fundamentais de Codificação, os volumes introdutórios e os volumes da Revista Espírita, redigidos por ele durante quase doze anos de trabalho incessante.
Essa obra gigantesca é a plataforma do futuro, o alicerce e o plano de um novo mundo, de uma nova civilização. Seria absurdo pensar que podemos dominar esse vasto acervo de conhecimentos novos, de conceitos revolucionários, através de simples leituras individuais, sem método e sem pesquisa. Nosso papel, no Espiritismo, tem sido o de macacos em loja de louças. E incrível a leviandade com que oradores e articulistas espíritas tratam de certos temas, com uma falsa suficiência de arrepiar, lançando confusões ridículas no meio doutrinário. Temos de compreender que isso não pode continuar. Chega de arengas melífluas nos Centros, de oratória descabelada, de auditórios basbaques, batendo palmas e palavreado pomposo. Nada disso é Espiritismo. Os conferencistas espíritas precisam ensinar Espiritismo - que ninguém conhece - mas para isso precisam, primeiro aprendê-lo.
Precisamos de expositores didáticos, servidos por bom conhecimento doutrinário, arduamente adquirido em estudos e pesquisas. Expor os temas fundamentais da Doutrina, não é falar bonito, com tropos pretensamente literários, que só servem para estufar vaidade, à maneira da oratória bacharelesca do século passado.
Esse palavrório vazio e presunçoso não constrói nada e só serve para ridicularizar o Espiritismo ante a mentalidade positiva e analítica do nosso tempo.
Estamos numa fase avançada da evolução terrena.
Nossa cultura cresceu espantosamente nos últimos anos e já está chegando à confluência dos princípios espíritas em todos os campos. A nossa falta de formação cultural espírita não nos permite enfrentar a barreira dos preconceitos para demonstrar ao mundo que Espiritismo, como escreveu Humberto Mariotti, é uma estrela de amor que espera no horizonte do mundo o avanço das ciências. E curiosa e ridícula a nossa situação.
Temos o futuro nas mãos e ficamos encravados no passado mitológico e nas querelas medievais.
Mas, para superar essa situação, temos de aprender com Kardec. Os que pretendem superar Kardec, não o conhecem. Se o conhecessem, não assumiriam a posição ridícula de críticos e inovadores do que, na verdade, ignoram. Chegamos a uma hora de definições.
Precisamos definir a posição cultural espírita perante a nova cultura dos tempos novos. E só faremos isso através de organismos culturais bem estruturados, funcionais, dotados de recursos escolares capazes de fornecer, aos mais aptos e mais sinceros, a formação cultural de que todos necessitamos, com urgência.
Texto retirado do livro O Mistério do Bem e do Mal.
O Alcoolismo
O Alcoolismo
Autor: Victor Hugo (espírito)
Sem nos determos no exame dos fatores sócio-psicológicos causais do alcoolismo generalizado, de duas ordens são as engrenagens que o desencadeiam, - observado o problema do ponto de vista espiritual.
Antigos viciados e dependentes do álcool, em desencarnando não se liberam do hábito, antes sofrendo-lhe mais rude imposição.
Prosseguindo a vida, embora a ausência do corpo, os vícios continuam vigorosos, jungindo os que a eles se aferraram a uma necessidade enlouquecedora. Atônitos e sedentos, alcoólatras desencarnados se vinculam às mentes irresponsáveis, de que se utilizam para dar larga à continuação do falso prazer, empurrando-os, a pouco e pouco, do aperitivo tido como inocente ao lamentável estado de embriaguez.
Os que lhes caem nas malhas, tornam-se, por isso mesmo, verdadeiros recipientes por meio dos quais absorvem os vapores deletérios, caindo, também, em total desequilíbrio, até quando a morte advém à vítima, ou as Soberanas Leis os recambiam à matéria, que padecerá das dolorosas injunções constritoras que lhe impõe o corpo perispiritual...
Normalmente, quando reencarnados, os antigos viciados recomeçam a atividade mórbida, servindo, a seu turno, de instrumento do gozo infeliz, para os que se demoram na Erraticidade inferior...
Outras vezes, os adversários espirituais, na execução de uma programática de desforço pelo ódio, induzem os seus antigos desafetos à iniciação alcoólica, mediante pequenas doses, com as quais no transcurso do tempo os conduzem à obsessão, desorganizando-lhes a aparelhagem físio-psíquica e dominando-os totalmente.
No estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade.
Não se afastando a causa espiritual, torna-se menos provável a libertação, desde que, cessados os efeitos de quaisquer terapêuticas acadêmicas, a influência psíquica se manifesta, insidiosa, repetindo-se a lamentável façanha destruidora...
A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece.
Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de status, atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.
Pelos idos de 1851, porque enxameassem os problemas derivados da alcoolofilia, Magno Huss realizou, por vez primeira, um estudo acurado da questão, promovendo um levantamento dos danos causados no indivíduo e alertando as autoridades para as conseqüências que produz na sociedade.
Os que tombam na urdidura alcoólica, justificam-lhe o estranho prazer, que de início lhes aguça a inteligência, faculta-lhes sensações agradáveis, liberando-os dos traumas e receios, sem se darem conta de que tal estado é fruto das excitações produzidas no aparelho circulatório, respiratório com elevação da temperatura para, logo mais produzir o nublar da lucidez, a alucinação, o desaparecimento do equilíbrio normal dos movimentos...
Inevitavelmente, o viciado sofre uma congestão cerebral intensa ou experimenta os dolorosos estados convulsivos, que se tornam perfeitos delírios epilépticos, dando margem a distúrbios outros: digestivos, circulatórios, nervosos que podem produzir lesões irreversíveis, graves.
A dependência e continuidade do vício conduz ao delirium tremens, resultante da cronicidade do alcoolismo, gerando psicoses, alucinações várias que culminam no suicídio, no homicídio, na loucura irrecuperável.
Mesmo em tal caso, a constrição obsessiva segue o seu curso lamentável, já que, não obstante destrambelhadas as aparelhagens do corpo, o espírito encarnado continua a ser dominado pelos seus algozes impenitentes em justas de difícil narração...
Além dos danos sociais que o alcoolismo produz, engendrando a perturbação da ordem, a queda da natalidade, a incidência de crimes vários, a decadência econômica e moral, é enfermidade espiritual que o vero Cristianismo erradicará da Terra, quando a moral evangélica legítima substituir a débil moral social, conveniente e torpe.
Ao Espiritismo cumpre o dever de realizar a psicoterapia valiosa junto a tais enfermos e, principalmente, a medida preventiva pelos ensinos corretos de como viver-se em atitude consentânea com as diretrizes da Vida Maior.
Livro: Calvário de Libertação. Psicografia de Divaldo Franco
Autor: Victor Hugo (espírito)
Sem nos determos no exame dos fatores sócio-psicológicos causais do alcoolismo generalizado, de duas ordens são as engrenagens que o desencadeiam, - observado o problema do ponto de vista espiritual.
Antigos viciados e dependentes do álcool, em desencarnando não se liberam do hábito, antes sofrendo-lhe mais rude imposição.
Prosseguindo a vida, embora a ausência do corpo, os vícios continuam vigorosos, jungindo os que a eles se aferraram a uma necessidade enlouquecedora. Atônitos e sedentos, alcoólatras desencarnados se vinculam às mentes irresponsáveis, de que se utilizam para dar larga à continuação do falso prazer, empurrando-os, a pouco e pouco, do aperitivo tido como inocente ao lamentável estado de embriaguez.
Os que lhes caem nas malhas, tornam-se, por isso mesmo, verdadeiros recipientes por meio dos quais absorvem os vapores deletérios, caindo, também, em total desequilíbrio, até quando a morte advém à vítima, ou as Soberanas Leis os recambiam à matéria, que padecerá das dolorosas injunções constritoras que lhe impõe o corpo perispiritual...
Normalmente, quando reencarnados, os antigos viciados recomeçam a atividade mórbida, servindo, a seu turno, de instrumento do gozo infeliz, para os que se demoram na Erraticidade inferior...
Outras vezes, os adversários espirituais, na execução de uma programática de desforço pelo ódio, induzem os seus antigos desafetos à iniciação alcoólica, mediante pequenas doses, com as quais no transcurso do tempo os conduzem à obsessão, desorganizando-lhes a aparelhagem físio-psíquica e dominando-os totalmente.
No estado de alcoolismo faz-se muito difícil a recomposição do paciente, dele exigindo um esforço muito grande para a recuperação da sanidade.
Não se afastando a causa espiritual, torna-se menos provável a libertação, desde que, cessados os efeitos de quaisquer terapêuticas acadêmicas, a influência psíquica se manifesta, insidiosa, repetindo-se a lamentável façanha destruidora...
A obsessão, através do alcoolismo, é mais generalizada do que parece.
Num contexto social permissivo, o vício da ingestão de alcoólicos torna-se expressão de status, atestando a decadência de um período histórico que passa lento e doído.
Pelos idos de 1851, porque enxameassem os problemas derivados da alcoolofilia, Magno Huss realizou, por vez primeira, um estudo acurado da questão, promovendo um levantamento dos danos causados no indivíduo e alertando as autoridades para as conseqüências que produz na sociedade.
Os que tombam na urdidura alcoólica, justificam-lhe o estranho prazer, que de início lhes aguça a inteligência, faculta-lhes sensações agradáveis, liberando-os dos traumas e receios, sem se darem conta de que tal estado é fruto das excitações produzidas no aparelho circulatório, respiratório com elevação da temperatura para, logo mais produzir o nublar da lucidez, a alucinação, o desaparecimento do equilíbrio normal dos movimentos...
Inevitavelmente, o viciado sofre uma congestão cerebral intensa ou experimenta os dolorosos estados convulsivos, que se tornam perfeitos delírios epilépticos, dando margem a distúrbios outros: digestivos, circulatórios, nervosos que podem produzir lesões irreversíveis, graves.
A dependência e continuidade do vício conduz ao delirium tremens, resultante da cronicidade do alcoolismo, gerando psicoses, alucinações várias que culminam no suicídio, no homicídio, na loucura irrecuperável.
Mesmo em tal caso, a constrição obsessiva segue o seu curso lamentável, já que, não obstante destrambelhadas as aparelhagens do corpo, o espírito encarnado continua a ser dominado pelos seus algozes impenitentes em justas de difícil narração...
Além dos danos sociais que o alcoolismo produz, engendrando a perturbação da ordem, a queda da natalidade, a incidência de crimes vários, a decadência econômica e moral, é enfermidade espiritual que o vero Cristianismo erradicará da Terra, quando a moral evangélica legítima substituir a débil moral social, conveniente e torpe.
Ao Espiritismo cumpre o dever de realizar a psicoterapia valiosa junto a tais enfermos e, principalmente, a medida preventiva pelos ensinos corretos de como viver-se em atitude consentânea com as diretrizes da Vida Maior.
Livro: Calvário de Libertação. Psicografia de Divaldo Franco
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