Capítulo VI
Doutrina das Penas Eternas
Ezequiel Contra a Eternidade das Penas e o Pecado Original
25 — Aos que pretendem encontrar na Bíblia a justificação da
eternidade das penas podemos opor os textos contrários, que não permitem
nenhuma dúvida a respeito. As seguintes palavras de Ezequiel são a mais
decisiva negação, não somente das penas irremissíveis, mas também da
possibilidade de recair sobre toda a sua descendência a falta cometida
pelo pai do gênero humano:
1) Veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: 2) Que tendes vós, vós
que acerca da terra de Israel proferiste este provérbio, dizendo: Os
pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram? 3)
Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, jamais direis este provérbio
em Israel. 4) Eis que todas as almas são minhas; como a alma do pai,
também a alma do filho é minha; a alma que pecar, essa morrerá. 5)
Sendo, pois, o homem justo e fazendo juízo e justiça; 7) não oprimindo a
ninguém, tornando ao devedor a coisa penhorada, não roubando, dando o
seu pão ao faminto e cobrindo ao nu com vestes; 8) não dando seu
dinheiro à usura, não recebendo juros, desviando a sua mão da injustiça e
fazendo verdadeiro juízo entre homem e homem; 9) andando nos meus
estatutos, guardando os meus juízos e procedendo retamente o tal justo
certamente viverá, diz o Senhor Deus.
10) Se ele gerar um filho ladrão, derramador de sangue, que fizer a
seu irmão qualquer destas coisas. 13) esse filho morrerá, por todas
estas abominações que ele fez e o seu sangue será sobre ele.
14) Eis que, se ele gerar um filho que veja todos os pecados que seu
pai fez e, vendo-os, não cometer coisas semelhantes, 17) não morrerá
pela iniqüidade de seu pai, mas certamente viverá. 18) Quanto a seu pai,
porque praticou extorsão, roubou os bens do próximo e fez o que não era
bom no meio do seu povo, eis que morrerá por causa de sua iniqüidade.
19) Mas direis: Por que não leva o filho a iniqüidade do pai? Porque o
filho fez o que era reto e justo e guardou todos os meus estatutos e os
praticou, por isso certamente viverá.
20) A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniqüidade
do pai, nem o pai a iniqüidade do filho; a justiça do justo ficará sobre
ele e a perversidade do perverso cairá sobre este.
21) Mas se o perverso se converter de todos os pecados que cometeu e
guardar todos os meus estatutos, e fizer o que é reto e justo,
certamente viverá, não será morto. 22) De todas as transgressões que
cometeu não haverá lembrança contra ele; pela justiça que praticou,
viverá.
23) Acaso tenho eu prazer na morte do perverso? diz o Senhor Deus.
Não, desejo eu antes que ele se converta do seu caminho e viva.
(Ezequiel, cap, XVIII, vs. 1 a 23.)
11) Tão certo como eu vivo, diz o Senhor Deus, não tenho prazer na
morte do perverso, mas em que o perverso se converta do seu caminho e
viva. (Ezequiel, cap. XXXIII, v. 11)(24)
(24) Nota-se a falta do versículo 6 do cap. XVIII de Ezequiel. A
omissão foi proposital. Kardec deixou de lado esse versículo porque ele
se refere a ordenações judaicas da lei de pureza (superadas pelo
Evangelho) como se pode ver conferindo-se o texto com a Bíblia. Como se
pode alegar que a omissão oculta segunda intenção o que se já tem feito,
damos aqui esse versículo: "Não comendo carne sacrificada nos altos,
nem levantando os olhos para os ídolos da casa de Israel, nem
contaminando a mulher do seu próximo, nem se chegando à mulher na sua
menstruação." Como se vê, esse versículo quebra a harmonia do texto em
sua aplicação atual. Os vs. 12, 15 e 16 foram também suprimidos porque
repetem aquelas ordenações.
Tanto no original francês, como em todas as traduções correntes entre
nós ocorreu também um erro de citação, que corrigimos aqui. O versículo
23 do cap. XVIII foi mencionado como pertencente ao cap. XXVIII. Um
pequeno engano, certamente gráfico, ainda hoje mantido nas próprias
edições francesas e belgas. (N. do T.)
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