Vida e Valores (A missão da maternidade)
Que mistério é esse que envolve as mães?
Eis
uma pergunta difícil de explicar. Não existe uma única criatura no
mundo que não haja experimentado o envolvimento de sua mãe.
Seja
um envolvimento positivo, amoroso, seja um envolvimento lamentável,
doentio, patológico. Mas, ninguém escapa da presença da mãe.
Alguém pode nascer sem a presença do pai, mas é impossível alguém nascer no mundo sem a presença da mãe.
A mãe é essa criatura tão especial que, muitas vezes, atormenta a vida dos filhos, desejosa de impulsionar as suas vidas.
Muitas vezes abafa o filho, querendo protegê-lo.Quanto é importante essa figura no mundo!
Em O livro dos Espíritos,
de Allan Kardec, ele pergunta aos seres espirituais qual é a missão
mais importante dentre aquelas que Deus concedeu aos homens na Terra. Os
Imortais respondem a Allan Kardec que a missão mais importante é a da
mulher. E complementam – porque é ela que educa o homem.
Quando
pensamos nisso, verificamos a importância da mulher consciente, quando
ela tem esse apercebimento do seu papel e essa certeza de sua
influência, porque não há uma única mãe que não exerça influência sobre
seus filhos.
Podemos
mesmo ousar e dizer que, como base de todo o bruto, de todo o homem
grotesco que houve na Humanidade, havia a figura de uma mulher, sua mãe.
Porque
foi ela que fez com que ele não levasse desaforos para casa, foi ela
que o ensinou a devolver agressão com agressão, ensinou-o a ser egoísta.
Mas,
por baixo da história de todo santo, de todo missionário, de toda
criatura do bem, existe a figura de uma mulher, de sua mãe.
Foi ela que disse: Meu
filho, quando um não quer, dois não brigam. Meu filho, é melhor um
covarde vivo do que um corajoso morto. Meu filho, venha lavar em casa os
problemas da rua, porque em casa você encontrará amor. Roupa suja, meu
filho, se lava em casa.
Assim, encontramos mães que criaram seus filhos para cima, e mães que empurraram seus filhos para baixo.
Encontramos
aquelas que sabem que seus filhos não lhes pertencem, sabem que seus
filhos são filhos de Deus essencialmente, são filhos da vida e que para a
vida elas os deverão educar.
Há
outras que supõem que eles sejam seus pertences, inoculam neles as suas
fragilidades, os seus medos, os seus temores, seus pontos de vista.
Aí,
começarmos a pensar na trajetória da mãe sobre o mundo, quando ela
tiver essa consciência do seu papel junto aos filhos, quando ela admitir
que serão seus filhos os professores de amanhã, os médicos, os
advogados, os juízes, os políticos.
Quando
ela admitir que serão seus filhos que administrarão as cidades, os
Estados, os países, que responsabilidades terão em suas mãos, ela
própria se tratará melhor, para que não tenha a cabeça infernizada por
complexos de culpa, por conflitos e possa passar para os seus filhos
esse respeito à vida, esse respeito aos outros.
Jamais
essas mães ensinarão aos seus filhos que têm que respeitar os mais
velhos, mas ensinarão aos seus filhos que eles têm que respeitar a todo o
ser humano, a todo ser vivente. Ensinarão os filhos a amar os vegetais,
a proteger as florestas, começando a cuidar dos jardins em casa.
Ensinarão o respeito aos animais.
Quem começa das coisas simples, terá capacidade de realizar as coisas complexas.
Ah, mulher mãe! Que mistérios envolverão a sua figura?
* * *
A
missão da mulher é uma missão misteriosa, porque ela consegue penetrar a
alma do seu filho, consegue conhecer seu filho como ninguém.
Se
pararmos para pensar, a mulher passa nove meses lunares carregando nas
entranhas o seu rebento, nove meses em que ela faz um curso de
especialização em percepção fluídica, em percepção psíquica.
Ela
capta as emissões do seu feto, do seu filho ainda feto e as interpreta,
como qualquer sensitivo interpretaria uma influenciação espiritual
sobre seu psiquismo.
É
dessa interpretação, das emissões do filho reencarnante que nascem os
famosos desejos da mulher durante a gravidez. É a interpretação que ela
faz do que está sentindo.
Nem
sempre são verdadeiras as interpretações, como nem sempre as criaturas
transmitem corretamente aquilo que recebem dos seres espirituais. O
fenômeno é o mesmo.
Podemos
afirmar que a gravidez corresponde ao período de maior transe mediúnico
de que se tem notícia. São nove meses em que a mulher mãe filtra o
psiquismo de seu filho. São nove meses em que ela projeta sobre ele seu
próprio psiquismo.
Tanto ele conhece a sua mãe intimamente, tanto ela conhece seu filho como ninguém.
A mãe conhece os filhos pelo andar deles, pelo modo deles respirarem, pelo modo de olharem. Ela conhece seu filho.
Jamais um filho se esconderá de sua mãe porque ela conhece suas emissões, seus fluidos, seu psiquismo.
Do
mesmo modo, jamais uma mãe se esconderá do seu filho. Ele consegue ler
na sua mãe se ela está contente, se ela está triste, se ela está feliz,
se ela está aborrecida. Ele consegue ler sem que ela diga nada, por
causa dessa habitualidade em conviver um com o outro, com essa
intimidade visceral.
As
nossas mães são aquele instrumento de que Deus lançou mão para que Ele
se manifestasse na Terra, enviando-nos à Terra através delas.
A
mulher rica, a mulher inteligente, intelectual quanto a mulher pobre, a
mulher simples e ignorante têm a mesma habilidade para ser mãe. Toda
mulher, psiquicamente, nasce com essa estrutura para a maternidade.
Às vezes, elas não conseguem ser mães de filhos carnais, mas são
mães dos sobrinhos, são mães dos irmãos mais novos, são mães de todas
as crianças que se lhes acerquem, porque é da mulher esse instinto da
maternidade, ainda que não tenha seus próprios filhos carnais.
Verificamos que há um mistério notável na maternidade, e esse mistério se chama amor.
Esse
amor que vem se desenvolvendo do instinto para a razão. É esse amor,
nas devidas dimensões, que faz o ninho entre os irracionais, que faz com
que a galinha guarde seus pintainhos sob as asas, que faz com que os
felinos lambam suas crias, que faz com que os pássaros ponham na boca
dos seus filhotes o alimento que trouxeram no seu próprio estômago.
É
isso que se desenvolveu ao longo dos milênios e explodiu cá em cima na
coroa humana e recebeu o nome de amor de mãe, profundamente irracional.
A mãe ama seu filho independentemente do que ele seja, de quem ele seja.
O maior santo recebe o amor de sua mãe, o maior vilão, o mais espúrio dos seres recebe o amor de sua mãe.
Em
todas as cadeias públicas, nos dias de visita, pode faltar a esposa, o
filho, o amigo, nunca a mãe. Ela estará sempre lá, amando seu filho, na
felicidade ou na desdita, na alegria ou na tristeza. Porque ser mãe é de
fato trazer uma proposta de Deus para aliviar as lutas do mundo.
Enquanto Deus mandar à Terra Seus filhos no seio das mulheres-mães é porque Ele ainda confia no progresso da Humanidade.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 147,
apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da
Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em
abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20,
Curitiba, no dia 10 de maio de 2009.
Em 06.08.2009.
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quarta-feira, 13 de março de 2013
Vida e Valores ( A missão da maternidade )
Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)
Vida e Valores (Amai-vos e instruí-vos)
Não
é difícil prestar atenção no fato de que um dos grandes tormentos da
atualidade, como de todos os tempos do mundo, chama-se ignorância. Todas
as vezes que nos deixamos conduzir pela ignorância ou que alguém
mergulha nesse pântano da ignorância, é natural que muitas coisas
ficarão a dever, muitas coisas se perderão e outras tantas se
confundirão.
A
ignorância é uma das piores tragédias que pode acontecer à alma humana.
Por isso, nessa gama de obstáculos, na nossa vivência social, o
desconhecimento, o não saber tem provocado os mais tremendos e horrendos
fenômenos sócio-morais. Quando pensamos na ignorância, nos damos conta
de que os nobres Mensageiros da Humanidade, aqueles que têm a
incumbência de nos inspirar espiritualmente e que, em todos os povos têm
trazido as mensagens das regiões ignotas do amor e da paz, nos
ensinaram que seria importante adotarmos dois mandamentos. Mandamentos,
instruções, proposições, como quisermos.
O primeiro desses mandamentos: Amai-vos; o segundo, Instruí-vos. Quando pensamos nesta dualidade: Amai-vos e instruí-vos,
certamente que passamos a imaginar a instrução acadêmica. Cada criatura
deveria fazer cursos acadêmicos. É importante que a gente estude.
Importantíssimos são os cursos acadêmicos quando bem feitos, quando com
bons propósitos. Eles penetram nosso cérebro e nos ajudam a ser pessoas
úteis na sociedade.
Mas,
essa instrução que os nobres Espíritos nos levam não é somente a
instrução acadêmica. É a instrução reflexão. Criarmos o hábito de pensar
nas coisas, criarmos o hábito de questionar as coisas, de indagar para
entender melhor.
Quantas vezes vivemos numa rua, anos a fio e, à frente do nosso portão ou do nosso prédio existe uma árvore, que nunca
tivemos a preocupação de saber que árvore é aquela. Como é que se
chama? A que família pertence? Ela é capaz de rachar a calçada ou não? É
uma leguminosa ou não? É uma dicotiledônia? Parecem palavrões esses
nomes, mas fazem parte das classificações dos vegetais.
É muito importante que pensemos nisso. Às vezes, moramos num lugar e há uma grande praça ou uma pequena praça, da qual nunca soubemos o nome. Não nos interessamos! A ignorância se alimenta no desinteresse, a ignorância faz festa na desatenção. É por isso que se torna importantíssimo que nos
instruamos conhecendo coisas, estudando formalmente mas, também
procurando nos assenhorear da vida que nos cerca, daquilo que está à
nossa volta.
Conhecer as cores da roupa que se está usando. Perguntar na loja: Que cor é essa?
Porque há tantas cores artificiais hoje e, muitas vezes, desconhecemos.
Se conversarmos com um decorador, com um arquiteto, eles nos falarão de
cores inimagináveis por nós.
Daí,
como é bom saber, sair da ignorância. E, para que essa sabedoria se
configure como algo de utilidade para nós, refletir, amadurecer. Por que
tal coisa acontece sempre nessa data? Por que determinado fenômeno
ocorre nessas circunstâncias?
Gradativamente,
tomamos do livro, perguntamos a alguém, conversamos com alguém que seja
entendido e vamos diminuindo o nosso grau de ignorância. É tão
importante para que possamos melhorar a condição de vida no planeta,
identificando onde estamos, sabendo porque ali estamos e, por
conseguinte, o que nos cabe fazer nesse lugar, em que ora estamos. Amai-vos e instruí-vos, portanto, é uma legenda para a nossa vida, que não deve ser deixada de lado.
* * *
Nesse
território do conhecimento, é tão bonito chegarmos no museu e
identificarmos um Van Gogh, um Modigliani, um Toulouse, um Rembrandt, um
Picasso. Na medida em que vamos conhecendo essas coisas, a nossa
cultura aumenta em torno das artes plásticas. Ao olharmos uma escultura,
ao invés de dizermos o nome da escultura, é comum dizermos: É um Rodin,
é um Michelângelo, é um Rafael. Começamos a identificar pelos estilos
os artistas plásticos da História do mundo.
Mas
não vivemos apenas de conhecimentos. Os conhecimentos são importantes
para nós, mas o que será o conhecimento sem amor? O Apóstolo Paulo, ao
escrever aos Coríntios e se referir à caridade disse: Ainda
que eu fale a língua de todos os homens, compreenda a linguagem dos
anjos, se eu não tiver caridade, de nada isso me adiantará porque eu
serei como um sino que soa, que faz barulho, mas que não tem vida. Ainda
que eu dê todos os meus haveres para os pobres e meu próprio corpo eu
ofereça para ser queimado na fogueira, se eu não tiver caridade, isso de
nada me servirá.
Quando
pensamos nisso, nos lembramos de que Paulo chamou caridade ao amor
dinâmico. Caridade então significando amor dinâmico, amor em ação. De
que vale a cultura sem amor dinâmico? De que me vale a cultura se eu não
consigo colocá-la a serviço da vida, a serviço do próximo, a serviço do
bem? Por isso, ao lado da instrução, que nos é importantíssima, o amor
nos é fundamental.
Não foi à toa que o Evangelista João estabeleceu que Deus é amor.Quando
falamos em amor, estamos falando a essência da vida, que é o próprio
Criador. E, na nossa relação humana, na nossa relação, aqui na Terra,
como dependemos do amor! Amor que nos permite aconselhar e ouvir
conselhos, abraçar e sermos abraçados. Amor que nos permite chamar
atenção, admoestar, ao mesmo tempo em que nos permitimos ser chamados
atenção, sermos admoestados, quando erramos.
É
o amor que faz com que surjam as amizades, é o amor que nos aproxima,
marido e mulher, que foram um dia enamorados. É o amor que permite que
nos nasçam os filhos. É o amor que nos ensina a conduzir os filhos. É o
amor que nos apascenta nas horas de crise. É o amor que nos fala que, aqui na Terra, não é a nossa casa definitiva, como lembrou Jesus: Meu reino não é deste mundo. Eu me vou para vos preparar o lugar. Se fosse de outro modo, eu já vos teria dito.
Então,
amar e instruir, amar e instruir-se é vital para nós. Não é à toa que o
Espírito de Verdade trouxe para a Humanidade essa proposta: Amai-vos. E o amor comporta entendimento, indulgência, perdão, participação, cooperação. O amor, que é Deus, essencialmente.
E
o conhecimento nos tornará, ao invés de meros conhecedores, nos tornará
sábios. O conhecedor é aquele que detém teorias. O sábio é aquele que
vivencia as teorias que carrega em si. Amai-vos e instrui-vos,
onde quer que estejamos, nas relações quaisquer que sejam. Nunca será
demais sabermos as coisas! Termos essa curiosidade, já que o ser humano é
um animal curioso.
Mas
o amor, que pulsa na intimidade de Deus, é a virtude por excelência que
nos retirará da vaidade que, muitas vezes, o conhecimento nos leva e
nos fará caminhar descalços, pelas alamedas da simplicidade, enaltecendo
em definitivo a nossa caminhada terrestre.
Transcrição
do Programa Vida e Valores, de número 188, apresentado por Raul
Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.
Programa gravado em janeiro de 2009.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 28.03.2010.
Em 07.06.2010.
Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)
Vida e Valores (Educação religiosa dos filhos)
Nem sempre nós observamos que os nossos filhos são seres espirituais.
Nossos filhos são Espíritos. Não importa qual seja
nossa crença, não importa se não tenhamos crença religiosa, o fato é que
os nossos filhos são os filhos de Deus, emprestados aos nossos
cuidados, durante um tempo mais ou menos longo na Terra.
Quando pensamos nisso, nos vem à mente a razão pela
qual a Divindade situa esses filhos junto a nós. Situa Seus filhos junto
a outros filhos que já estejam a mais tempo na encarnação.
Quando pensamos nisso, temos que levar em conta que
há razões bastante ponderáveis, bastante plausíveis para que nós
recebamos, por parte do Criador, um ou mais de Seus filhos sob os nossos
cuidados.
A partir daí então, pensar o que é que Deus quer de nós com relação a esses filhos postos sob nossas mãos.
Sem qualquer dúvida, qualquer de nós que chega à
Terra para uma nova existência, para uma nova experiência, ou se
quisermos, para uma nova encarnação, vem com o propósito de evoluir.
Como um aluno que vai cada dia à classe, cada dia volta à escola para ir
complementando o aprendizado.
Ninguém consegue fazer o aprendizado de um curso inteiro numa única aula, num único mês, num único semestre, nem num único ano.
Por isso, quando nós olhamos para os nossos filhos, é
bom que tenhamos essa percepção de que eles são nossos filhos
biológicos, porque lhes demos um corpo físico. Mas, em realidade, eles
são filhos de Deus como nós. Vieram do grande Rei, do grande Pai, do
grande Senhor do Universo.
E, como nem sempre nós chegamos à Terra zerados, com
relação aos valores atormentados que acumulamos, muitos chegamos
cumulados de tormentos, de angústias, de problemas trazidos de outras
existências, de fobias, de crimes, que precisamos acertar com a
consciência.
Nossos filhos são assim. Muitas vezes são crianças
inteligentíssimas, espertas, cheias de brilho, de viço, capazes de
captar rapidamente tudo quanto nós lhes ensinamos e, às vezes, coisas
que não lhes ensinamos.
O lado intelectual está maravilhoso, mas o que
aprendemos dos bons anjos, dos Espíritos guias, é que a maior parte dos
nossos filhos vêm à Terra para ajustar exatamente o que lhes faltou no
passado, o lado moral, o lado espiritual, o lado ético.
Muitos deles têm muita facilidade de aprender coisas
que mexam com o intelecto. Rapidamente aprendem música, aprendem a tocar
instrumentos de ouvido, aprendem a cantar, são dançantes, bailarinos.
Jogar, praticar esportes dos mais variados, tudo eles aprendem com muita
facilidade.
Mas há um lado que relutam sempre. É o lado que se relaciona com as coisas de Deus.
É muito comum que as crianças não queiram ir à sua
Igreja, ao Centro Espírita, à Sinagoga. É muito comum que as crianças
reajam. E caberá aos pais não forçá-las de modo violento, mas
persuadi-las, a partir de vários recursos, para que elas passem a gostar
de participar dessa vida social religiosa da família.
Não sabemos, em realidade, de onde vêm nossos filhos.
Jesus Cristo estabeleceu, ao conversar com Nicodemos, que o Espírito
sopra onde quer. Nós não sabemos de que realidades eles vêm, nem para
que realidades eles vão.
Por causa disso, vale a pena levar nossos filhos para a experiência da fé religiosa. Para a vivenciação da fé religiosa.
Como é que vamos fazer isto?
Aquela religião que nos alimenta, que nos nutre, que
nos faz pessoas felizes... Essa mesma, vamos procurar oferecer aos
nossos filhos.
Não importa se, mais tarde, quando se tornem
independentes, eles mudem de crença, eles mudem de religião, eles adotem
outro sistema filosófico de crer em Deus.
Mas, enquanto estiverem sob nossos cuidados, enquanto
forem nossos dependentes, nós os levaremos para aquele ambiente, aquele
espaço de crença, de cultivo das idéias Divinas que nos faz feliz, que
nos alimenta, que nos nutre a alma.
Será importantíssimo que nós verifiquemos nesses
Espíritos, nesses filhos nossos, aqueles seres que precisam urgentemente
dessa luz religiosa.
Vale a pena pensar que, se os nossos filhos não são nossos filhos essencialmente, são os filhos e filhas da vida por si mesma, como disse o poeta Kalil Gibran.
Em linguagem religiosa, eles são os filhos de Deus emprestados aos nossos cuidados, para que saibamos reencaminhá-los.
* * *
Quando se fala em levar os filhos para a vida
religiosa, é porque cabe aos pais redimensionar a vida desses filhos,
reencaminhando esses Espíritos para Deus.
É natural pensar que nós encaminhamos nossos filhos
para Deus por diversas estradas. Eles deverão aprender a estudar,
aprender a aprender. Deverão ser boas pessoas, honestas, dignas
criaturas mas, fundamentalmente, aprender elas próprias, nossas
crianças, a manter contato com o Pai Criador.Aprender a se elevar
através do pensamento. A desenvolver dentro de si a sua oração, a ter
mais confiança nos poderes sublimes da vida.
Isso tudo é uma riqueza incomensurável que os pais podemos colocar na alma dos nossos filhos.
Mas, quando falamos em dar uma religião aos nossos
filhos, é importante que não os transformemos em pessoas religiosistas,
acostumadas a irem ao templo, como quem vai ao clube social.
Será importantíssimo que criemos nos nossos filhos a
alma de religiosidade. Aquela reverência profunda e honesta ao Criador
da vida.
Não importa qual seja essa crença, mas deverá ser uma
crença que não possa ser desmentida pelos fatos, desmentida pelo
progresso da Ciência. Porque, todas as vezes que ensinarmos aos nossos
filhos coisas que logo mais a Ciência demonstrará em contrário, que os
fatos do cotidiano os levem a entender diferente e a constatar
diferente, eles deixarão de crer naquilo que nós lhes estamos
apresentando. Também deixarão de crer em tudo quanto diga respeito à
religião.
Vale a pena levar nossos filhos para uma religião
amadurecida, cujos princípios estejam assentados nas Leis da Natureza,
para o que as descobertas da Ciência, as vozes da Ciência sirvam de
reforço, de embasamento, de instrumentalização.
Por isso, saber que nossos filhos são Espíritos nos
ajuda muito, nessa proposta de orientá-los para o bem. Jamais apresentar
a eles os maus exemplos de nossa conduta ou apresentar-lhes como bons
exemplos os maus exemplos dos outros.
Levar nossos filhos a entender que o mau exemplo de
alguém jamais deverá ser seguido por nós, por mais que esse alguém nos
seja próximo, nos seja familiar, nos seja uma pessoa amiga.
Mas, o erro não pode servir de padrão para as nossas
vidas. E é a partir disto, que nós verificaremos que o sentimento
religioso é vida e, como Jesus Cristo nos veio dizer que nos trouxera
vida abundante, será sempre importante vivenciar junto aos nossos
filhos, esses princípios que queremos que eles aprendam, vivenciar junto
a eles aquilo que queremos que eles vivenciem na sociedade, vivenciem
junto aos outros.
Será um valor, um tesouro, uma herança que os nossos
filhos jamais perderão.Vale a pena, dessa maneira, pensar na instrução
religiosa. Levar nossos filhos ao templo. Ensinar aos nossos filhos a
prática da oração. Mas, fundamentalmente, levá-los a vivenciar a prática
do amor, a resistência ao mal, às tentações do mal, resistir a todas as
intempéries morais que se abatem sobre a Terra.
Para isto, não basta freqüentar uma casa religiosa. É
preciso ter aprendido a verdade ensinada por Jesus Cristo, seja qual
for a interpretação, desde que esta interpretação nos eleve, nos
amadureça, nos transforme em homens e mulheres de bem e os nossos filhos
aos quais amamos tanto, serão convertidos igualmente em homens e
mulheres de bem.
A religião não deve ser uma arma, uma esgrima com a
qual digladiamos com os outros. E Jesus Cristo não pode ser transformado
por nós, numa muralha divisória entre as criaturas. Jesus terá que ser
um toldo de unidade, de fraternidade.
Se estivermos elegendo para nossos filhos uma
educação não cristã, se estivermos nas práticas Muçulmanas, nas práticas
do Judaísmo, do Taoísmo, do Budismo, não importa. Todas essas práticas
levam à proposta do bem, induzem os indivíduos à prática do bem.
Por isso, será fundamental que trabalhemos com eles a importância da vivência do bem, não importa qual seja a religião.
Se formos cristãos, deveremos ter em Jesus Cristo o
nosso Modelo, o nosso Padrão, o Guia da Humanidade. E, somente a partir
dos Seus ensinamentos é que conseguiremos entender que o sentimento
religioso é um sentimento de vida, e Ele, que veio para que tivéssemos
vida em abundância, certamente veio nos ensinar a viver uma
religiosidade abundante, uma religiosidade que, de fato, nos colocasse
nos caminhos que nos endereçassem ao nosso Criador.
Educar os nossos filhos sob todos os aspectos, mas
principalmente, ensinar-lhes a buscar no íntimo de si mesmos, a figura
do nosso Pai Celeste.
Transcrição do Programa Vida e Valores, de número
114, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação
Espírita do Paraná. Programa gravado em outubro de 2007. Exibido pela
NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15 de junho de 2008. Em 26.05.2008.
Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Os Suicidas" parte 4
MÃE E FILHO
Em março de 1865, o Sr. M. C..., negociante em pequena cidade dos arredores de Paris, tinha em sua casa, gravemente enfermo, o mais velho dos seus filhos, que contava 21 anos de idade. Este moço, prevendo o desenlace, chamou sua mãe e teve forças ainda para abraçá-la. Esta, vertendo copiosas lágrimas, disse-lhe: "Vai, meu filho, precede-me, que não tardarei a seguir-te." Dito isto, retirou-se, escondendo o rosto entre as mãos.As pessoas presentes a essa cena desoladora consideravam simples explosão de dor as palavras da Sra. C ..., dor que o tempo acalmaria. Morto o doente, procuraram-na por toda a casa e foram encontrá-la enforcada num celeiro. O enterro da suicida foi juntamente feito com o do filho.
Evocação deste, muitos dias depois do fato. - P. Sabeis do suicídio de vossa mãe, em conseqüência do desespero que lhe causou a vossa perda? - R. Sim, e, sem o pesar causado por essa fatal resolução da parte dela, julgar-me-ia completamente feliz. Pobre, excelente mãe! Não pôde suportar a prova dessa separação momentânea, e tomou, para se unir ao filho, o caminho que dele mais deveria afastá-la. E por quanto tempo! Assim, retardou indefinidamente uma reunião que tão pronta teria sido se sua alma se conformasse submissa às vontades do Senhor; se fosse resignada, humilde, arrependida diante da provação que se lhe impunha, da expiação que deveria purificá-la! Orai, oh! orai por ela!. .. e sobretudo não a imiteis, vós outras, mães que vos comoveis com a narrativa da sua morte. - Não acrediteis que ela amasse mais que as outras mães, a esse filho que era o seu orgulho, não; é que lhe faltaram a coragem e a resignação. Mães, que me ouvis, quando a agonia empanar o olhar dos vossos filhos, lembrai-vos de que, como o Cristo, eles sobem ao cimo do Calvário, donde deverão alçar-se à glória eterna. Benjamin C...
Evocação da mãe. - R. Quero ver meu filho. Tendes o poder de dar-mo? Cruéis!... Tomaram-mo para levá-lo à luz, e a mim me deixaram em trevas. Quero-o... quero-o porque me pertence!... Nada vale então o amor materno? Pois quê! tê-lo carregado no ventre por nove meses; tê-lo amamentado; nutrido a carne da sua carne, sangue do seu sangue; guiado os seus primeiros passos; ensinado a balbuciar o sagrado nome de Deus e o doce nome de mãe; ter feito dele um homem cheio de atividade, de inteligência, de probidade, de amor filial, para perdê-lo quando realizava as esperanças concebidas a seu respeito, quando brilhante futuro se lhe antolhava! Não, Deus não é justo; não é o Deus das mães, não lhes compreende as dores e desesperos ... E quando me dava a morte para me não separar de meu filho, eis que novamente mo roubam!... Meu filho! meu filho, onde estás?
Evocador. - Pobre mãe, compartilhamos da vossa dor. Buscastes, no entanto, um triste recurso para vos reunirdes ao vosso filho: - O suicídio é um crime aos olhos de Deus, e deveis saber que Deus pune toda infração das suas leis. A ausência do vosso filho é a vossa punição.
Ela. - Não; eu julgava Deus melhor que os homens; não acreditava no seu inferno, porém cria na reunião das almas que se amaram como nós nos amávamos... Enganei-me... Deus não é justo nem bom, por isso que não compreende a grandeza da minha dor como do meu amor!... Oh! quem me dará meu filho? Tê-lo-ei perdido para sempre? Piedade! piedade, meu Deus!
Evocador. - Vamos, acalmai o vosso desespero; considerai que, se há um meio de rever vosso filho, não é blasfemando de Deus, como ora o fazeis. Com isso, em vez de atrairdes a sua misericórdia, fazeis jus a maior severidade.
Ela. - Disseram-me que não mais o tornaria a ver, e compreendi que o haviam levado ao paraíso. E eu estarei, acaso, no inferno? no inferno das mães? Ele existe, demais o vejo...
Evocador. - Vosso filho não está perdido para sempre; certo tomareis a vê-lo, mas é preciso merecê-lo pela submissão à vontade de Deus, ao passo que a revolta poderá retardar indefinidamente esse momento. Ouvi-me: Deus é infinitamente bom, mas é também infinitamente justo. Assim, ninguém é punido sem causa, e se sobre a Terra Ele vos infligiu grandes dores, é porque as merecestes. A morte de vosso filho era uma prova à vossa resignação; infelizmente, a ela sucumbistes quando em vida, e eis que após a morte de novo sucumbis; como pretendeis que Deus recompense os filhos rebeldes? A sentença não é, porém, inexorável, e o arrependimento do culpado é sempre acolhido. Se tivésseis aceito a provação com humildade; se houvésseis esperado com paciência o momento da vossa desencarnação, ao entrardes no mundo espiritual, em que vos achais, teríeis imediatamente avistado vosso filho, o qual vos receberia de braços abertos. Depois da ausência, vê-lo-íeis radiante. Mas. o que fizestes e ainda agora fazeis, coloca entre vós e ele uma barreira. Não o julgueis perdido nas profundezas do Espaço, antes mais perto do que supondes - é que véu impenetrável o subtrai à vossa vista.
Ele vos vê e ama sempre, deplorando a triste condição em que caístes pela falta de confiança em Deus e aguardando ansioso o momento feliz de se vos apresentar. De vós, somente, depende abreviar ou retardar esse momento. Orai a Deus e dizei comigo: "Meu Deus, perdoai-me o ter duvidado da vossa justiça e bondade; se me punistes, reconheço tê-lo merecido. Dignai-vos aceitar meu arrependimento e submissão à vossa santa vontade."
Ela. - Que luz de esperança acabais de fazer despontar em minha alma! É um como relâmpago em a noite que me cerca. Obrigada, vou orar... Adeus.
- Nota - A morte, mesmo pelo suicídio, não produziu neste Espírito a ilusão
de se julgar ainda vivo. Ele apresenta-se consciente do seu estado: - é que
para outros o castigo consiste naquela ilusão, pelos laços que os prendem ao
corpo. Esta mulher quis deixar a Terra para seguir o filho na outra vida: era,
pois, necessário que soubesse aí estar realmente, na certeza da desencarnação,
no conhecimento exato da sua situação. Assim é que cada falta é punida de
acordo com as circunstâncias que a determinam, e que não há punições uniformes
para as faltas do mesmo gênero.
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domingo, 10 de março de 2013
Filhos com Deficiência
Filhos com Deficiência
A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas.
Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas consciências e nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações.
Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados?
Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino?
Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham seus filhos inseridos, enchem-se de ternura, de dedicação, vendo nos rebentos, achacados no corpo ou na mente, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos.
Seu filho com deficiência, não o descreia, é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida.
Seus filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade.
Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro, para destruir vidas no mundo, para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral.
Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psico-cerebrais, tangidos pela Síndrome de Down, mas, também, os que resolveram mergulhar nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, mantendo-se com os fulcros de energias perispirituais sob graves distúrbios que deverão ser recompostos por meio da reencarnação.
Indivíduos que, no passado, se atiraram à insana destruição corporal, arremessando-se de altitudes, ou sob pesados veículos, ou deixando-se afogar no bojo de massa líquida, podem retornar agora na posição de filhos da sua carne, marcados por hemi, para ou tetraplegias, por cegueira, mudez, surdez ou outras dramáticas situações que estão situadas no território das teratologias.
O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias; o domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos.
Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psico-nervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de freqüência variada, de caráter simples ou crônico.
Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superar as próprias deficiências, colocando-se aparelhados de resignação e esforço íntimo para que suplantem-se a si mesmos, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade.
Ame seus rebentos problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com o preito da ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador.
Forre-se de carinho, de paciência, de tranqüilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.
Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles.
Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte, mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos descabidos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador, sofrendo por seu turno o ter que vê-los resgatar, sem outra opção que não seja abraçá-los e se colocarem, você e eles, sob a luz do amor de Deus, resignadamente.
Teresa de Brito.
Raul Teixeira
A expectativa que toma conta do período de gestação da mulher é tão especial e admissível que se justifica a frustração ou a amargura que envolve tantos corações, quando constatam que seus rebentos, ansiosamente aguardados, são portadores de deficiência física ou mental ou a conjugação de ambas.
Compreensíveis a dor e a surpresa que se alojam nas consciências e nas almas paternas, ao começarem a pensar nas limitações e conflitos, agonias e enfermidades que acompanharão os seus filhos, marcados, irremediavelmente, para toda uma existência de dependências e limitações.
Quantos são os pais que, colhidos no amor próprio, fogem da responsabilidade de cooperar com os filhos debilitados?
Quantas são as mães que, transformadas em estátuas de dor ou de revolta, abandonam os filhos à própria sorte, relegando-os aos ventos do destino?
Entretanto, levanta-se um enorme contingente de pais e de mães que, ao identificarem os dramas em que se acham seus filhos inseridos, enchem-se de ternura, de dedicação, vendo nos rebentos, achacados no corpo ou na mente, oportunidades de crescimento e enobrecida luta em prol do futuro feliz para todos.
Seu filho com deficiência, não o descreia, é alguém que retorna aos caminhos humanos, após infelizes rotas de desrespeito à ordem geral da vida.
Seus filhos lesados por carências corporais ou psíquicas estão em processo de ressarcimento, havendo deixado para trás, nas avenidas largas do livre-arbítrio, as marcas do uso da exorbitância, da insubmissão ou da crueldade.
Costumeiramente, os indivíduos que se valeram do brilho intelectual ou da sagacidade mental para induzir ao erro, para destruir vidas no mundo, para infelicitar, intrigando e maldizendo, reencarnam com os centros cerebrais lesados, em virtude de se haverem atormentado com suas práticas inferiores, provocando processos de desarranjo nas energias da alma, localizadas na zona da estrutura cerebral.
Não só intelectuais degenerados renascem com limitações psico-cerebrais, tangidos pela Síndrome de Down, mas, também, os que resolveram mergulhar nas valas suicidas, destroçando o cérebro e os seus núcleos importantes, mantendo-se com os fulcros de energias perispirituais sob graves distúrbios que deverão ser recompostos por meio da reencarnação.
Indivíduos que, no passado, se atiraram à insana destruição corporal, arremessando-se de altitudes, ou sob pesados veículos, ou deixando-se afogar no bojo de massa líquida, podem retornar agora na posição de filhos da sua carne, marcados por hemi, para ou tetraplegias, por cegueira, mudez, surdez ou outras dramáticas situações que estão situadas no território das teratologias.
O despotismo implacável pode gerar neuroses ou epilepsias; o domínio cruel de massas indefesas e desprotegidas pode produzir os mesmos efeitos.
Os homicídios cruéis podem acarretar infortunados quadros epilépticos, produzindo sobre a rede psico-nervosa adulterações nas energias circulantes, provocando panes de freqüência variada, de caráter simples ou crônico.
Seus filhos com deficiências podem estar em alguma dessas condições, necessitados da sua compreensão e assistência, para que sejam capazes de superar as próprias deficiências, colocando-se aparelhados de resignação e esforço íntimo para que suplantem-se a si mesmos, rumando para Deus, após atendidos os projetos redentores da Divindade.
Ame seus rebentos problematizados do corpo ou da mente, ou de ambos, cooperando com eles, com muita paciência e com o preito da ternura, para que possam sair vitoriosos da expiação terrena, avançando para mais altos vôos no rumo do nosso Criador.
Forre-se de carinho, de paciência, de tranqüilidade interior, vendo nesses filhos doentes as jóias abençoadas que o Pai confia às suas mãos para que as burile.
Por outro lado, vale considerar que se você os tem nos braços ou sob a sua assistência e seus cuidados, paternais ou maternais, é em razão dos seus envolvimentos e compromissos com eles.
Você poderá tê-los recebido por renúncia e elevado amor de sua parte, mas, pode ser que você esteja diretamente ligado às causas que determinaram os dramas dos seus filhos, cabendo-lhe não alimentar remorsos descabidos, mas, sim, auxiliá-los e impulsioná-los para a própria recomposição, enquanto você, igualmente, avança para o Criador, sofrendo por seu turno o ter que vê-los resgatar, sem outra opção que não seja abraçá-los e se colocarem, você e eles, sob a luz do amor de Deus, resignadamente.
Teresa de Brito.
Raul Teixeira
Os Ricos e o Reino."...A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres....","...A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha....","...A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. ..."
Os Ricos e o Reino
A condenação de Jesus aos ricos, tão clara no Evangelho de Lucas, não se refere à fortuna em si, mas ao apego à fortuna. Se Jesus considerasse o dinheiro como maldição não diria ao moço rico que o distribuísse aos pobres. A riqueza individual e familiar é uma forma de acumulação com vistas ao futuro da coletividade. Kardec examinou suficientemente esse problema e deixou evidente o papel social da riqueza. Mas justamente por isso ela se torna, como dizem constantemente os espíritos, uma das provas mais perigosas para o espírito encarnado.
Podemos compará-la à saúde. O homem são e forte em geral se embriaga com a sua condição e se afasta dos problemas do espírito. Esquece o que é e que terão de voltar ao plano espiritual. A prova da saúde é tão perigosa como a da fortuna. Mas ambas têm por finalidade adestrar o espírito na luta com as ilusões, com as fascinações da vida. É nessa luta que o espírito desenvolve os seus poderes internos, a sua capacidade de superar a matéria, de dominá-la como o nadador domina a água.
A parábola do jovem rico põe a nu a situação do espírito diante da prova. O jovem queria a salvação e procurava seguir os preceitos da lei para atingi-la. Sua consciência o advertia de que ele não estava fazendo o necessário. Mas quando Jesus lhe disse que se libertasse dos seus bens e os revertesse em favor dos pobres, ele não teve coragem de fazê-lo. Vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados não é apenas dar esmolas. A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres.
A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha. A vida terrena passa breve e o rico egoísta logo se verá diante da porta estreita do Reino sem poder franqueá-la. Quando os homens forem capazes de enfrentar a prova da riqueza para vencer o egoísmo, a miséria desaparecerá do mundo.
A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. Terá de voltar muitas vezes à Terra, aos reinos dos homens, para aprender que a riqueza material só o ajudará quando ele souber trocar as suas moedas de metal por atos de amor.
Irmão Saulo
Pseudômino de Herculano Pires
Livro: O Reino
A condenação de Jesus aos ricos, tão clara no Evangelho de Lucas, não se refere à fortuna em si, mas ao apego à fortuna. Se Jesus considerasse o dinheiro como maldição não diria ao moço rico que o distribuísse aos pobres. A riqueza individual e familiar é uma forma de acumulação com vistas ao futuro da coletividade. Kardec examinou suficientemente esse problema e deixou evidente o papel social da riqueza. Mas justamente por isso ela se torna, como dizem constantemente os espíritos, uma das provas mais perigosas para o espírito encarnado.
Podemos compará-la à saúde. O homem são e forte em geral se embriaga com a sua condição e se afasta dos problemas do espírito. Esquece o que é e que terão de voltar ao plano espiritual. A prova da saúde é tão perigosa como a da fortuna. Mas ambas têm por finalidade adestrar o espírito na luta com as ilusões, com as fascinações da vida. É nessa luta que o espírito desenvolve os seus poderes internos, a sua capacidade de superar a matéria, de dominá-la como o nadador domina a água.
A parábola do jovem rico põe a nu a situação do espírito diante da prova. O jovem queria a salvação e procurava seguir os preceitos da lei para atingi-la. Sua consciência o advertia de que ele não estava fazendo o necessário. Mas quando Jesus lhe disse que se libertasse dos seus bens e os revertesse em favor dos pobres, ele não teve coragem de fazê-lo. Vender as suas propriedades e distribuir o dinheiro aos necessitados não é apenas dar esmolas. A maior esmola é a que se faz em forma de auxílio e estímulo ao trabalho. As propriedades inúteis do jovem rico podiam ser transformadas em recursos de produção, beneficiando os pobres.
A acumulação da fortuna implica no dever do seu bom emprego em favor da coletividade. Quem não a usa nesse sentido, mas apenas em benefício do seu orgulho e da sua vaidade pessoal, está colocando-se na situação do camelo que não pode passar pelo fundo da agulha. A vida terrena passa breve e o rico egoísta logo se verá diante da porta estreita do Reino sem poder franqueá-la. Quando os homens forem capazes de enfrentar a prova da riqueza para vencer o egoísmo, a miséria desaparecerá do mundo.
A porta do Reino de Deus é estreita, porque só as almas puras, aliviadas da carga da ambição e do orgulho, devem passar por ela. O rico egoísta, apegado aos seus haveres, não consegue entrar, pois não se dispõe a largar os seus fardos do lado de fora. Terá de voltar muitas vezes à Terra, aos reinos dos homens, para aprender que a riqueza material só o ajudará quando ele souber trocar as suas moedas de metal por atos de amor.
Irmão Saulo
Pseudômino de Herculano Pires
Livro: O Reino
sábado, 9 de março de 2013
O Instinto e a Inteligência.
O INSTITUTO E A INTELIGÊNCIA
Emmanuel
A controvérsia
prosseguia...
Alfredo e Pirilo,
dois amigos dedicados ao estudo da filosofia, permaneciam, horas inteiras,
dialogando sobre a função da alma humana.
Qual teria sido a
primeira força a desdobrar-se na criatura recém-criada pela Sabedoria
Divina? A inteligência ou o instinto?
Alfredo admitia que
a inteligência teria tido a prioridade, enquanto Pirilo acreditava que o
instinto teria sido o começo das tarefas evolutivas da alma humana.
O primeiro exaltava
os méritos da razão, filha da inteligência, e o segundo se reportava ao
instinto como sendo o agente da natureza que operava lentamente,
preparando o caminho para o discernimento e, muitas vezes, Pirilo
justificava o seu ponto de vista, acentuando:
-Do instinto para a
inteligência, a estrada é longa a percorrer. De forma em forma ou de
experiência em experiência, o instinto vai despindo a própria
inferioridade, ou perdendo os impulsos selvagens, até conquistar a
inteligência que o conduzirá ao discernimento e à razão. Por isso é que
devemos usar de muita tolerância e paciência, de uns para com os outros,
porque muitos irmãos se fazem delinqüentes por excesso de agressividade,
pelo estado de evolução deficitária em que se encontram.
Alfredo ouvia,
esboçando gestos de incredulidade, até que, um dia, propôs ao amigo:
-Façamos uma
experiência em que provarei a você que a educação cultivada pela
inteligência dispensa todas as afirmativas que colocam o instinto na base
do processo evolutivo. Demonstrarei que basta educar a inteligência e todo
o primitivismo do instinto desaparecerá.
E continuou:
-Compraremos junto
um gato comum, em cuja impulsividade o instinto esteja reinando... O gato
ficará comigo em minha casa e me disponho a educa-lo esmeradamente. Daqui
a um ano; convidarei você para almoçarmos juntos e o animal se portará com
as características de um menino carinhosamente preparado para a vida
social.
Concordaram ambos
com o empreendimento e Alfredo levou o felino para sua própria residência.
Decorrido um ano,
Alfredo solicitava a presença de Pirilo para o almoço do dia seguinte e
comunicou:
-Você verá o
prodígio da educação. O gato assimilou todos os meus ensinos. Tem os
hábitos de um rapaz de certo nível intelectual.
Pirilo aceitou o
convite com satisfação e na hora aprazada pela manhã do dia imediato,
ei-lo com Alfredo na sala de estar. O dono da casa trouxe o gato ao exame
do amigo. O visitante ficou encantando. O felino obedecia a todas as
ordens do dono. Sentava-se, erguia-se sobre as patas dianteiras e
retornava à posição certa, atendendo ao pedido do educador. Ao almoço
alimentava-se em um prato especial, levando a comida à boca com a patinha
direita.
Terminada a
refeição, disse Alfredo, entusiasmado:
-Você viu, Pirilo, a
superioridade da inteligência educada sobre o instinto?
-Estou vendo -
respondeu o amigo.
Foi o momento em que
Pirilo voltou à palavra e pediu ao companheiro que fechasse as portas do
aposento em que se achavam e pediu licença para ver até que ponto chegaria
o experimento do bichano.
Alfredo apoiou a
solicitação, e Pirilo, enfiando a mão direita num dos bolsos do paletó,
dali tirou uma caixinha da qual escapou um rato pequeno que saltou para a
mesa, saltitando e correndo qual se estivesse sedento de liberdade. Bastou
isso e o gato pulou apressado, perseguindo o rato e quebrando todas as
peças em que o almoço fora servido, até que pegou o animalzinho e pôs-se a
devora-lo à vista dos amigos espantados.
Foi quando Pirilo
dirigiu-se a Alfredo, perguntando:
-Você vê, Alfredo, o
poder do instinto que antecede a inteligência e a educação?
Alfredo sorriu com
desapontamento, mas não disse palavra.
Da Obra “A Semente De Mostarda” –
Espírito: Emmanuel –
Médium: Francisco Câncido Xavier
Digitado Por: Lúcia Aydir
Sobre os instintos
Sobre os instintos
(Sociedade Espírita de Paris. - Médium, senhora Costel).
Eu te ensinarei o verdadeiro conhecimento do bem e do mal que o Espírito
confunde tão freqüentemente. O mal é a revolta dos instintos contra a
consciência, esse tato interior e delicado que é o toque moral. Quais são os
limites que os separam do bem que costeia por toda a parte? O mal não é
complexo: ele é um, e emana do ser primitivo que quer a satisfação do instinto
às expensas do dever. O instinto, primitivamente destinado a desenvolver no
homem animal o cuidado de sua conservação e de seu bem-estar, é a única
origem do mal; porque, persistindo mais violento e mais áspero em certas
naturezas, impele-os a se apoderar do que desejam ou a concentrar o que possuem.
O instinto, que os animais seguem cegamente, e que lhes é a própria virtude,
deve ser, sem cessar, combatido pelo homem que quer se elevar e substituir o
grosseiro instrumento da necessidade pelas armas finamente cinzeladas da
inteligência. Mas, pense, o instinto não é sempre mal, e, freqüentemente, a
Humanidade lhe deve sublimes inspirações, por exemplo, na maternidade e em
certos atos de devotamento, onde substitui, segura e prontamente, a reflexão.Minha filha, tua objeção é precisamente a causa do erro, na qual caem os homens prontos a menosprezarem a verdade sempre absoluta em suas conseqüências. Quaisquer que possam ser os bons resultados de uma causa má, os exemplos não devem nunca fazer concluir contra as premissas estabelecidas pela razão. O instinto é mau, porque é puramente humano e a Humanidade não deve pensar que se deve despojar, ela mesma, deixar a carne para se elevar ao Espírito; e se o mal costeia o bem, é porque seu princípio, freqüentemente, tem resultados opostos a si mesmo que o fazem menosprezar pelo homem leviano e levado pela sensação. Nada de verdadeiramente bem pode emanar do instinto: um sublime impulso não é mais o devotamento do que uma inspiração isolada não é o gênio. O verdadeiro progresso da Humanidade é a sua luta e seu triunfo contra a própria essência de seu ser. Jesus foi enviado sobre a Terra para prová-la humanamente. Pôs a descoberto, bela fonte enterrada na areia da ignorância. Não perturbeis a limpidez da divina bebida com os compostos do erro. E, crede-o, os homens que não são bons e devotados senão instintivamente, o são mal; porque sofrem uma cega dominação que pode, de repente, precipitá-los no abismo.
LÁZARO.
Nota. Apesar de todo o nosso respeito pelo Espírito de Lázaro, que nos
tem dado, tão freqüentemente, belas e boas coisas, nos permitimos não ser de sua
opinião sobre estas últimas proposições. Pode-se dizer que há duas espécies de
instintos: o instinto animal e o instinto moral. O primeiro, como o diz muito
bem Lázaro, é orgânico; é dado aos seres vivos para a sua conservação e a de sua
prole; é cego, e quase inconsciente, porque a Providência quis dar um contrapeso
à sua indiferença e à sua negligência. Não ocorre o mesmo com o instinto moral
que é o privilégio do homem; pode-se defini-lo assim: Propensão inata para
fazer o bem ou o mal; ora, essa propensão prende-se ao estado de
adiantamento, maior ou menor, do Espírito. O homem cujo Espírito já está
depurado, faz o bem sem premeditação e como uma coisa muito natural, e é por
isso que se admira sendo louvado. Não é, pois, justo dizer que "os homens que
não são bons e devotados senão instintivamente, o são mal, e sofrem uma cega
dominação que pode, de repente, precipitá-los no abismo". Aqueles que são bons e
devotados instintivamente denotam um progresso realizado; aqueles que o são com
intenção, o progresso está em vias de se cumprir, é porque há trabalho, luta,
entre dois sentimentos; no primeiro a dificuldade está vencida; no segundo, é
preciso vencê-la; o primeiro é como o homem que sabe ler e lê sem dificuldade, e
quase sem disso desconfiar; o segundo é como aquele que soletra. Um, por ter
chegado mais cedo, tem, pois, menos mérito do que o outro?Revista Espírita Fevereiro de 1862
O Instinto e a Inteligência(...)"O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos à realização de atos espontâneos e involuntários, em vista à sua conservação. Nos atos instintivos, não há reflexão, nem premeditação"..., (...)"Quanto ao homem, o instinto domina com exclusividade, no começo da vida; é pelo instinto que o infante faz seus primeiros movimentos, que agarra seu sustento, que chora para exprimir suas necessidades, que imita o som da voz, que ensaia a fala e o andar. Mesmo no adulto, certos atos são instintivos: os movimentos espontâneos para evitar um perigo, para se livrar de um desastre, para manter o equilíbrio; tais são ainda, o piscar das pálpebras para diminuir o brilho da luz, a abertura maquinal da boca para respirar, etc". (...)
Subsídios para as questões 71 a 75 do Livro dos Espíritos:
Do Livro : A Genese Cap. 3
Do Livro : A Genese Cap. 3
O Instinto e a Inteligência
11. Que diferença existe entre o instinto e a
inteligência? Onde termina um e começa a outra? Será o instinto uma
inteligência rudimentar, ou uma faculdade distinta, um atributo
exclusivo da matéria?
O instinto é a força oculta que solicita os seres
orgânicos à realização de atos espontâneos e involuntários, em vista à
sua conservação. Nos atos instintivos, não há reflexão, nem
premeditação. É assim que a planta procura o ar, gira em direção à luz,
dirige suas raízes para a água e para a terra nutritiva; que a flor se
abre e se fecha alternativamente, segundo sua necessidade; que as
plantas trepadeiras se enrolam em torno de seu apoio; ou se enroscam com
suas gavinhas. É pelo instinto que os animais são advertidos do que
lhes é útil ou prejudicial; que, nas estações propícias, se movimentam
em direção aos climas propícios; que, sem lições preliminares,
constróem, com mais ou menos arte, segundo as espécies, acomodações
macias e abrigos para sua descendência, ou armadilhas para prender a
presa de que se nutrem; que manejam com habilidade as armas ofensivas e
defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe
incuba seus filhotes e que estes procuram o seio materno. Quanto ao
homem, o instinto domina com exclusividade, no começo da vida; é pelo
instinto que o infante faz seus primeiros movimentos, que agarra seu
sustento, que chora para exprimir suas necessidades, que imita o som da
voz, que ensaia a fala e o andar. Mesmo no adulto, certos atos são
instintivos: os movimentos espontâneos para evitar um perigo, para se
livrar de um desastre, para manter o equilíbrio; tais são ainda, o
piscar das pálpebras para diminuir o brilho da luz, a abertura maquinal
da boca para respirar, etc.
12. A inteligência se revela por atos voluntários,
refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das
circunstâncias. Incontestavelmente, isto é um atributo exclusivo da
alma.
Todo ato maquinal é instintivo; o que denota reflexão, combinação, uma deliberação, é intelectivo; um é livre o outro não o é.
O instinto é um guia seguro, que jamais se engana; a inteligência, pelo fato de ser livre, é por vezes sujeita a erro.
Se o ato instintivo não tem o caráter do ato
inteligente, não obstante, revela uma causa inteligente, essencialmente
previsora. Admitindo que o instinto tem sua fonte na matéria será
preciso admitir que a matéria é inteligente, e mesmo mais seguramente
inteligente e previdente que a alma, eis que o instinto não se engana
jamais, ao passo que a inteligência se engana.
Se considerarmos o instinto como uma inteligência
rudimentar, como é que assim poderá ser, quando, em certos casos, ele se
demonstra superior à inteligência racional? Como é que proporciona a
possibilidade de executar coisa que a razão não pode produzir?
Se ele é o atributo de um princípio espiritual
especial, o que é feito deste princípio? Depois que o instinto se apaga,
esse princípio seria pois anulado? Se os animais apenas são dotados de
instinto, seu futuro não tem saída; seus sofrimentos não teriam nenhuma
compensação. Tal não seria conforme à justiça e à bondade de Deus. (Cap.
II, Nº 19).
13. Segundo um outro sistema, o instinto e a
inteligência teriam um único e mesmo princípio; chegado a um certo grau
de desenvolvimento, este princípio, que começaria apenas com as
qualidades do instinto, sofreria uma transformação que lhe conferiria as
qualidades da inteligência livre.
Sendo assim, no homem inteligente que perde a razão, e
apenas é guiado pelo instinto, a inteligência voltaria ao seu estado
primitivo; e, desde que recupere a razão, o instinto voltaria a ser
inteligência, e assim alternativamente em cada acesso, o que não é
admissível.
Além disso, a inteligência e o instinto se apresentam
freqüentemente ao mesmo tempo, no mesmo ato. Com o andar, por exemplo,
as pernas se movem de modo instintivo; o homem coloca um pé adiante do
outro, maquinalmente, sem nada considerar; porém, quando quer diminuir
ou acelerar sua marcha, erguer o pé ou desviar-se para evitar um
obstáculo, aí há cálculo, combinação; ele age de modo deliberado. O
impulsionamento involuntário do movimento é o ato instintivo; a direção
calculada do movimento é o ato inteligente. O animal carniceiro é
impelido pelo instinto a nutrir-se de carne; porém, as precauções que
ele toma, as quais variam segundo a circunstâncias, a fim de agarrar sua
presa, sua previsão com relação às eventualidades, são atos de
inteligência.
14. Uma outra hipótese que, por fim, alía-se
perfeitamente à idéia da unidade de princípio, ressalta do caráter
essencialmente previsor do instinto, e concorda com o que o Espiritismo
nos ensina, a respeito das relações do mundo espiritual e do mundo
corporal.
Atualmente, sabe-se que há Espíritos desencarnados
que têm por missão velar sobre os encarnados, de quem são protetores e
guias; que eles os rodeiam com seus eflúvios fluídicos; que o homem age
de maneira inconsciente sob a ação de tais eflúvios.
Por outro lado, sabe-se que o instinto, que por si
próprio produz atos inconscientes, predomina nas crianças, e em geral
nas criaturas cuja razão é fraca. Ora, segundo esta hipótese, o instinto
não seria um atributo da alma, nem da matéria; não pertenceria
propriamente ao ser vivo, mas sim, seria um efeito da ação direta dos
protetores invisíveis que supririam a imperfeição da inteligência,
provocando eles mesmos os atos inconscientes necessários à conservação
do ser. Seria como os andadores com as quais se sustenta a criança que
ainda não sabe andar. No entanto, da mesma forma que se suprime
gradualmente o uso dos andadores, à medida que a criança se sustenta por
si, os Espíritos protetores deixam seus protegidos entregues a si
mesmos, à medida em que eles possam se guiar por sua própria
inteligência.
Assim, o instinto, longe de ser o produto de uma
inteligência rudimentar e incompleta, seria o efeito de uma inteligência
estranha na plenitude de sua força; seria uma inteligência protetora,
que supriria a insuficiência, seja de uma inteligência mais jovem, que
ela impediria à realização inconsciente de seu bem, que ainda seria
incapaz de obter por si própria, seja de uma inteligência madura, mas
momentaneamente entravada no uso de suas faculdades, o que ocorre no
homem em sua infância, e no caso de idiotia, ou de afecções mentais.
Proverbialmente se diz que há um deus para as
crianças, os loucos e os bêbados; este ditado é mais certo do que por
vezes se crê; este deus não é senão o Espírito protetor que vela sobre o
ser, incapaz de se proteger por sua própria razão.
15. Nesta ordem de idéias, pode-se ir mais longe.
Esta teoria, embora seja racional, não resolve todas as dificuldades da
questão.
Se observarmos os efeitos do instintivo, nota-se a
princípio uma unidade de vista e de conjunto, uma segurança de
resultados que não existem mais, desde que o instinto seja substituído
pela inteligência livre; além disso, na adequação tão perfeita e tão
constante das faculdades instintivas às necessidades de cada espécie,
reconhecemos uma profunda sabedoria. Esta unidade de vistas não poderia
existir sem a unidade de pensamento, e a unidade de pensamento é
incompatível com a diversidade das aptidões individuais; somente ela
poderia produzir este conjunto tão perfeitamente harmonioso que se
estende desde a origem dos tempos e em todos os climas, com regularidade
e precisão matemáticas, sem falhar jamais. A uniformidade no resultado
das faculdades instintivas é um traço característico, que implica
necessariamente na unicidade da causa; se esta causa fosse inerente a
cada individualidade, haveria tantas variedades de instinto quantos
indivíduos há, desde a planta até o homem. Um efeito geral, uniforme e
constante, deve ter uma causa geral, uniforme e constante; um efeito que
demonstra a sabedoria e a previdência deve ter uma causa sábia e
previdente. Ora, uma causa sábia e previdente será necessariamente
inteligente, e não pode ser exclusivamente material.
Não se encontrando nas criaturas, encarnadas ou
desencarnadas, as qualidades necessárias para produzir tal resultado, é
preciso subir mais alto, isto é, ao próprio Criador. Se nos reportarmos à
explicação que foi dada sobre a maneira pela qual se pode conceber a
ação providencial (Cap. II, nº 24), se figurarmos todos os seres como
penetrados pelo fluido divino, soberanamente inteligente, logo se
compreenderá a sabedoria previdente e a unidade de vistas que presidem a
todos os movimentos instintivos para o bem de cada indivíduo. Essa
solicitude é tanto mais ativa quanto o indivíduo tenha menos recursos em
si mesmo e em sua própria inteligência; é por isso que ela se mostra
maior e mais absoluta com os animais e com os seres inferiores do que
com o homem.
Conforme esta teoria, compreende-se que o instinto
seja um guia certo e seguro. O instinto material, o mais nobre de todos,
que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria,
acha-se novamente elevado e enobrecido. Em razão de suas conseqüências,
não seria preciso que ele fosse entregue às eventualidades caprichosas
da inte ligência e do livre-arbítrio. Através do órgão da mãe, o próprio
Deus vela sobre suas criaturas nascentes.
16. Esta teoria não destrói de modo nenhum o papel
dos Espíritos protetores, cujo concurso é um fato verificado e provado
pela experiência; porém, deve-se notar que a ação deles é essenciamente
individual, que ela se modifica segundo as qualidades próprias do
protetor e do protegido, e que não tem parte alguma na uniformidade e na
generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz os cegos, mas
confia à inteligência livre o cuidado de conduzir os que enxergam, para
deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos
protetores é um dever que eles aceitam voluntariamente, e que para eles
é um meio de progresso, segundo a maneira pela qual a executam.
17. Todas essas maneiras de considerar o instinto são
necessariamente hipotéticas, e nenhuma delas tem um caráter suficiente
de autenticidade para ser dada como solução definitiva. A questão será
certamente resolvida algum dia, quando se houver reunido os elementos de
observação que agora ainda faltam; até então, é preciso que nos
limitemos a apresentar as opiniões diversas ao cadinho da razão e da
lógica e aguardar que se faça a luz; a solução que mais se aproxima da
verdade será necessariamente aquela que melhor corresponda aos atributos
de Deus, isto é, à sua soberana bondade e à sua soberana justiça (Cap.
II, nº 19).
18. O instinto é o guia e as paixões são as molas das
almas no primeiro período de seu desenvolvimento, e por isso são por
vezes confundidos em seus efeitos. No entanto, há entre estes dois
princípios diferenças que é preciso considerar.
O instinto é um guia seguro, sempre bom; num certo
tempo, pode tornar-se inútil, porém jamais nocivo; enfraquece, pela
predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da alma, têm isso de
comum com o instinto, que os seres são por elas solicitados por uma
força igualmente inconsciente. Elas nascem mais particularmente das
necessidades do corpo, e mais que o instinto, se prendem ao organismo. O
que as distingue do instinto, sobretudo, é que são individuais e não
produzem efeitos gerais e uniformes, como este; ao contrário, vemos que
elas variam de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. Elas
são úteis, como estimulantes, até que se dê a eclosão do senso moral, o
qual, de um ente passivo, faz um ser razoável; nesse momento, elas se
tornam não só inúteis, mas também prejudiciais ao progresso do Espírito
de quem retardam a desmaterialização; elas se enfraquecem com o
desenvolvimento da razão.
9. O homem que não agisse senão pelo instinto, de
modo constante, poderia ser bom, mas deixaria dormir sua inteligência;
seria como o menino que não abandonasse os andadores e não saberia
servir-se de seus membros. Aquele que não se assenhoreia de suas paixões
pode ser muito inteligente, mas ao mesmo tempo, poderá ser muito mau. O
instinto se aniquila por si mesmo; as paixões não são domadas senão
pelo esforço da vontade.
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