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sábado, 8 de dezembro de 2012
SIRVAMOS SEMPRE
Reunião pública de 06.11.61
1ª. Parte, cap. VII, § 16
Não apenas nos dias de arrependimento e reparação.
Em todas as circunstâncias, o serviço é o antídoto do mal.
***
Caíste na trama de enganos terríveis e arrepiaste caminho, sonhando reabilitar-te.
Não desperdices a riqueza das horas, amontoando lamentações.
Levanta-te e serve nos lugares onde esparziste a sombra dos próprios erros, e granjearás,
na humildade, apoio infalível ao reajuste.
***
Arrostas duros problemas na vida particular.
Livra-te do fardo inútil da aflição sem proveito.
Reanima-te e serve no quadro de provações em que te situas, e a diligência funcionará, por
tutora prestigiosa, abrindo-te a senda ao concurso fraterno.
***
Padeces obscura posição no edifício social.
Segue imune ao micróbio da inveja.
Movimenta-te e serve no anonimato e o devotamento surgir-te-á por luminosa escada á
subida.
***
Sofres o assalto de calúnias ferozes.
Esquece a vingança, que seria aviltamento em ti mesmo.
Silencia e serve, olvidando as ofensas, e conquistarás, no perdão com atividade no bem,
escudo invencível contra os dardos da injúria.
***
Suportas afrontoso assédio de espíritos inferiores, inclinando-te á queda na obsessão.
Abstém-te da queixa improfícua.
Resiste e serve, dedicando-te ao socorro dos que choram em dificuldades maiores, e
surpreenderás, na beneficência, o acesso à simpatia e á renovação dos próprios adversários.
***
Preguiça é o ópio das trevas.
Os que não trabalham transformam-se facilmente em focos de tédio e ociosidade, revolta e
desespero, desequilíbrio e ressentimento, pessimismo e loucura.
***
Sirvamos sempre.
Quem busca realmente servir, nunca dispõe de motivos para se arrepender.
Livro: Justiça Divina
Emmanuel/Chico Xavier
quinta-feira, 6 de dezembro de 2012
Fraternidade
JUVANIR BORGES DE SOUZA
A Mensagem do Cristo de Deus dirigida às Humanidades, que se
sucedem e se renovam, é um apelo permanente à fraternidade entre todos os
homens – irmãos, amigos, ou inimigos.
“Amai-vos uns aos outros”; “Ama ao próximo como a ti mesmo”; “Ama ao
teu inimigo”; “Faça aos outros o que gostarias que te fizessem” – são fórmulas
com fulcro no amor, no entendimento, na compreensão, na fraternidade,
ensinadas e repetidas sucessivamente nos Evangelhos.
O Consolador, prometido e enviado pelo Mestre Incomparável, que já se
encontra entre os homens, reproduz e enfatiza os mesmos ensinamentos,
procurando despertar as almas para as fontes do Bem que todas possuem em
desenvolvimento ou em gérmen.
As vidas que se sucedem, para a ascensão contínua de cada ser espiritual,
são repetidas oportunidades que a Providência Divina oferece para o aprendizado
do amor fraterno entre as criaturas.
Aqueles que já despertaram e reconheceram a necessidade da vivência do
“maior dos mandamentos”- o amor a Deus e ao próximo – tornam-se não somente
os praticantes, mas também os auxiliares da obra divina da implantação da
fraternidade legítima entre os homens.
A tarefa que compete a cada ser realizar em si mesmo resume-se em
expandir seus conhecimentos e aprender a amar, exercitando esse sentimento,
que se desdobra em múltiplas formas no relacionamento com o Criador, com os
semelhantes e com a Natureza.
Todo o esforço, todo o trabalho do Espírito, ligado à matéria ou em estado
livre, constitui o carreiro da evolução, no qual o ser desenvolve a sabedoria e o
senso do Amor e da justiça, que resumem toda a Lei.
A fraternidade é decorrência natural da prática dessa Lei universal.
Dentre os homens, aqueles que, impelidos por idéias, religiões e filosofias
reconhecem o Ser Supremo e suas leis, constróem uma consciência esclarecida
pelo sentimento de amor e justiça. Suas vidas tornam-se exemplos de
fraternidade, de solidariedade e de serviço ao próximo.
O Consolador, a Doutrina dos Espíritos, é um manancial permanente onde
os aprendizes das verdades eternas aperfeiçoam seus conhecimentos e sua
consciência, reeducam-se, renovam-se intimamente, compreendem o porquê da
vida, das desigualdades, do sofrimento, da morte e das transformações.
Na medida em que o adepto espírita aplica sua vontade e determinação em
vivência dos princípios morais e espirituais que abraçou, ele se eleva, domina as
paixões e vicissitudes, que identifica em sua personalidade, renova-se, evolui,
identifica-se com sua verdadeira natureza que, mesmo em conjunção com a
matéria, é essencialmente espiritual.
Na trilha do Cristo e de seus ensinamentos, os trabalhadores da Nova
Revelação, especialmente os que constituíram a falange do Espírito da Verdade e
os que, nos dias atuais, apoiam e incentivam a propagação do Espiritismo no
mundo, dão ênfase especial à necessidade da fraternidade no relacionamento
entre seus seguidores.
Todos os que chegam às fileiras do Consolador despertam de um estado
de consciência anterior influenciado por religiões dogmáticas, ou por filosofias
limitativas, ou pelo materialismo incongruente, ou por uma indiferença
comprometedora quanto ao próprio destino.
Na realidade, são influências de determinado estado de ignorância em que
se encontra o Espírito, cerceando seu desenvolvimento e melhor compreensão de
sua própria natureza e destino.
Esse estágio de ignorância não é um mal em si mesmo, mas uma condição
transitória, superável pelo advento de novos conhecimentos e pela aceitação de
realidades que se tornam patentes.
A evolução é feita pela substituição contínua de conhecimentos e
sentimentos por outros superiores, concordantes coma lei divina.
Uma Doutrina Superior, como a dos Espíritos, em consonância com as
verdades e realidades, isenta dos prejuízos das paixões e interesses humanos,
porque tem origem divina, auxilia de forma decisiva o progresso daqueles que a
aceitam e a praticam com sinceridade.
Ela vem em socorro de todos os que estão à procura de um novo estágio
evolutivo, saturados e inconformados com dogmas impróprios, superados pelas
luzes dos novos conhecimentos.
É o Consolador prometido por Jesus, para repor as coisas nos seus
devidos lugares, retificando entendimentos e interpretações e trazendo novas
idéias, informações e experiências para os homens.
Aceitando a Nova Revelação o homem sente-se como que liberto de liames
de um longo passado de ignorância e de insatisfação. Reconhece ter chegado a
um novo estágio evolutivo, em um terreno favorável ao desenvolvimento de ideais
que o encaminham para o Alto, com a segurança que as leis divinas proporcionam
aos que as praticam.
Nesse despertar para a luz, as reações de cada ser variam de
conformidade com os próprios valores individuais.
Há os que se sentem felizes e libertos, transformando suas vidas e
dominando as vicissitudes e os óbices com vontade e determinação. Tornam-se
servidores conscientes, espíritas sinceros, trabalhadores dedicados da Grande
Causa, nas mais variadas atividades a que se dedicam: oradores, escritores,
dirigentes, médiuns, evangelizadores, obreiros da assistência espiritual e material.
Outros esforçam-se por se modificarem, conscientes de que precisam
dominar ora o egoísmo, ora a vaidade, ora o personalismo que identificam em
suas individualidades. Travam luta interior consigo mesmos, das quais nem
sempre saem vencedores imediatamente. Em todo caso, a lei natural e a Doutrina
Consoladora oferecem tempo indeterminado para a reforma interior, aguardando
que os esforços de cada um produzam seus efeitos, nesta ou noutra vida.
Há, também, os que se entusiasmam com os princípios edificantes, que
lhes descortinam uma nova realidade, nesta e na vida futura, mas que temem
romper com suas antigas concepções religiosas ou filosóficas, dominados que
são por preconceitos arraigados.
Perdem a oportunidade preciosa que lhe oferece o conhecimento espírita
de uma renovação consciente e proveitosa, preferindo o comodismo a que se
afeiçoaram por séculos.
As ilusões, as miragens e as quimeras próprias de um mundo material de
expiações e provas, como o nosso, exercem poderosa influência sobre as almas,
mesmo sobre as que já vislumbram novos horizontes. Daí a dificuldade da
divulgação das idéias novas superiores e da sua vivência pelos que as aceitam.
Muitos não têm ainda a capacidade de entender e absorver as verdades da
Nova Revelação. Suas inteligências se comprazem no que aprenderam antes, em
conceitos e preconceitos seculares cristalizados de tal forma em seus
entendimentos que se torna inviável removê-los pela razão e pela evidência de
um valor novo. Nesses casos há que se confiar na Providência Divina, que tem
muitos meios para fazer chegar a essas almas as verdades superiores: a dor,
novas reencarnações, novos meios de reeducação, reencontro com novas
oportunidades.
*
Compete a nós, espíritas, que nos sentimos beneficiados pelo
conhecimento da Nova Luz, antes de tudo vivenciar os seus ensinos. Mas
cumpre-nos também levar essa luz aos nossos semelhantes, companheiros de
jornada de diferentes condições individuais.
Divulgar a Doutrina Espírita é, pois, nosso dever, como forma de praticar a
caridade moral do esclarecimento.
Mas é preciso não confundir o dever moral do esclarecimento e da
exemplificação com as imposições, o fanatismo, o desrespeito à pessoa humana,
grandes erros em que incorrem, ainda hoje, fanáticos de diferentes denominações
religiosas.
O Espiritismo é doutrina de amor e de compreensão. Não podemos forçar o
entendimento de quem não tem condições de aceitar seus princípios, como, por
exemplo, a lei das reencarnações, a lei de causa e efeito, a distinção entre Deus,
o Criador de todas as coisas, e Jesus, o Cristo, seu enviado, questões que,
entendidas espontaneamente, conduzem ao sólido terreno de todo o acervo
doutrinário.
Não podemos esquecer que, ao lado do amor ao próximo, como regra de
comportamento, estão também o dever de respeito à liberdade da pessoa
humana, que não devemos violar, sob pena de repetir erros do passado.
O sentimento de fraternidade para com os nossos semelhantes quaisquer
sejam suas condições individuais, conduz-nos com segurança à prática do que
preconiza a Doutrina Espírita, aos seus princípios morais.
É a vivência dos ensinos de Jesus resumidos no grande mandamento do
amor ao próximo como a si mesmo, que não exclui ninguém, nem mesmo os
inimigos.
A fraternidade liga entre si todos os seres, e nesse aspecto, confunde-se
com a solidariedade, já que todos os Espíritos são criaturas do mesmo Criador,
têm o mesmo destino e são regidos pelas mesmas leis.
Não é por outro motivo que os Espíritos Superiores, a serviço do Cristo,
exortam continuamente ao Movimento Espírita, vale dizer a todos os que se unem
sob a égide do Consolador, a cultivarem a fraternidade, a se entenderem como
irmãos.
Como assinala Emmanuel (“O Consolador”, item 349 – FEB), a fraternidade
é a lei da assistência mútua e da solidariedade comum, sem a qual todo
progresso, no planeta, seria praticamente impossível.
Bezerra de Menezes, o incansável trabalhador das hostes espiritistas,
inconfundível batalhador da união fraternal de todos os espíritas, por ocasião da
inauguração da primeira construção da sede da Federação em Brasília,
conclamava a todos à fraternidade, nestes termos:
“Estamos enchendo a nossa Casa com o espírito de amor e com a luz do Espírito
Redivivo, para albergar no seio generoso da fraternidade os que virão depois de nós,
sedentos de luz, necessitados de paz”. (Médium Divaldo P. Franco – REFORMADOR de
junho de 1967 – grifos nossos).
E o Espírito da Verdade, em “O Evangelho segundo o Espiritismo” - Os
Obreiros do Senhor -, assim convoca os trabalhadores dedicados à obra
grandiosa de transformação da Humanidade:
“Trabalhemos juntos e unamos os nossos esforços, a fim de que o Senhor, ao chegar,
encontre acabada a obra”, porquanto o Senhor lhes dirá: ”Vinde a mim, vós que sois bons
servidores, vós que soubestes impor silêncio aos vossos ciúmes e às vossas discórdias,
a fim de que daí não viesse dano para a obra!” Mas, ai daqueles que, por efeito das suas
dissensões, houverem retardado a hora da colheita (...)”. (Grifos nossos)
O desafio que os espíritas, “os trabalhadores da última hora”, que têm os
esclarecimentos e os conhecimentos mais belos e generosos que vieram à Terra,
têm diante de si mesmos é o de assimilá-los e pô-los em prática em seu
Movimento.Revista O Reformador Fevereiro de 1999
quinta-feira, 29 de novembro de 2012
OS TESOUROS DO CORAÇÃO
Queridos irmãos de jornada, devotados companheiros do ideal do Amor e da Luz:
a Bondade de Jesus é o
cântico que, dia a dia, nos alcança, seja através do brilho do Sol, seja
pela riqueza da convivência entre os semelhantes, invariavelmente entre
brisas e flores, trabalho e experiência, esperanças e sonhos...
A vida, mesmo quando as
dores e as provações surgem, é a expressão da Presença de Deus,
osculando-nos as almas e inspirando-nos as virtudes da caridade e do
perdão...
Quando nos dispomos a
aprender e a servir, sob as claridades dos ensinos de Nosso Senhor Jesus
Cristo, fácil se torna para nós a visão espiritual de todas as coisas,
de modo que os tesouros do coração se nos revelam a todo instante,
enaltecendo-nos o existir, os projetos, o comportamento...
Meus amigos: tudo o que o Espiritismo com Jesus nos ensina é o reflexo inteligente e ordenado da Vida Abundante.
Quando uma criança toma
contato com as primeiras letras na Escola, insere-se ela no universo da
cultura e da educação que dignifica a vida social, definindo o caráter
das civilizações. Conhecer os valores eternos da Criação e as realidades
do Espírito em permanente comunhão entre a Terra e o Céu, significa
para um coração encarnado a conquista dos mais valiosos tesouros,
porque, sinceramente, meus irmãos, impossível torna-se a alguém enxergar
a Luz e permanecer totalmente indiferente a seus valores
transcendentais!...
Caminhamos todos de mãos
dadas... às vezes, ocorre alguma deserção que perdura o tempo
necessário à ilusão cultuada do indivíduo, que visitado pelas dores
consequentes à sua deserção e rebeldia, retorna ao aprisco e passa a
valorizar a amizade e a ternura, o serviço do Bem e o Amor de Jesus!
Temos de novo à nossa
frente o Natal... e a sublimidade daquela noite de Belém como que se
reedita, deixando irradiar o excelso Amor que foi depositado na
inesquecível Manjedoura, sob o calor devotado de Maria e José, entre
cânticos de louvores e bem-aventuranças!...
Compreendemos que a
caminhada da nossa ignorância e rebeldia em direção da Grande Luz da
Misericórdia tem sido dura, entre decepções e amarguras, sofrimentos e
dores. No entanto, amigos, como aprender o caminho sem os benditos
aguilhões que nos guiam os sentimentos e os passos?!... como assumir a
espiritualidade latente de nossa alma sem quebrar as carapaças
grosseiras do egoísmo e do orgulho, das vaidades e dos vícios?!...
Temos, todos nós,
infinitos motivos de júbilo e esperança. E é nosso dever moral a
gratidão a Deus, a Jesus, aos Bons Espíritos e também aos semelhantes
encarnados – sejam eles quem sejam!
O universo do Pai é uma
sinfonia de Amor e Alegria! Quando as escamas da presunção caem de
nossos olhos espirituais, o deslumbramento é inevitável e o único
caminho que nos resta, ante a magnificente beleza e perfeição do Pai é o
sentimento reverente, entre a humildade e a doçura de coração – os
tesouros eternos do Espírito!
Por isso, por
compreender todas as dores dos irmãos da Terra, solidariamente
convidamos aos que nos honram com seu carinho e com sua atenção – o que
sinceramente não julgamos merecer – a seguirmos com Jesus, fazendo de
nossa Doutrina Espírita o caminho da Vida, o coroamento das lutas, pela
adoção da Caridade!
Nossos votos de união e fraternidade entre nós. Que o Senhor, através denossa Mãe Santíssima, nos ampare e nos inspire o Bem!
Do irmão e servidor de sempre,
Chico Xavier.
(Mensagem psicografada
pelo médium Wagner G. Paixão, em reunião pública do Grupo Espírita da
Bênção, em Mário Campos, MG, na noite de 12 de novembro de 2012)
terça-feira, 13 de novembro de 2012
EVANGELHO E PAZ
EVANGELHO E
PAZ
Emmanuel
I
Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;
Não vô-la dou como o mundo a dá.
JESUS, JOÃO,
14:27.
O bem
semeia a vida, o mal semeia a morte. O primeiro é o movimento
evolutivo na escala ascensional para a Divindade, o segundo é a
estagnação.
........................................................
O PROBLEMA
da paz é questão de fraternidade, em todas as latitudes. E o Evangelho do
Cristo constitui o manancial divino, em cujas correntes de água viva pode
o coração renovar-se para a vitória do legítimo entendimento.
Guerras,
discórdias, crises, representam a resultante da grande desarmonia que a
ausência do amor estabeleceu no caminho da inteligência.
A
concórdia real jamais será incubada por decretos políticos ou por
princípios apressados de filosofia salvacionista, nas relações dos homens
entre sí, e para a harmonia individual não valem tão-somente a
argumentação da psiquiatria e as descobertas preciosas da ciência médica.
A
incompreensão das criaturas torna sombrios todos os caminhos da Terra e o
valor da carne sofre a influenciação da angústia que ele mesmo projeta.
Outro
recurso não nos resta, além daquele que conduz com a justa retificação.
O Grande
Médico e Sublime Renovador do mundo ainda é o Cristo que revelou o
ministério do sacrifício pessoal por lição inesquecível de ressurreição e
triunfo.
“Ajuda
ao que te persegue e calunia. Ora pelos que te odeiam. Serve sem aguardar
retribuição. Renuncia a ti mesmo, toma a cruz da abnegação em favor dos
que te cercam e segue, de ânimo robusto, para diante. Aquele que te pede a
capa, dá igualmente a túnica. Ao que te exigir a jornada de mil passos,
caminha com ele dois mil”.
Semelhantes ensinamentos pairam sobre a fronte da Humanidade, concitando-a
à vida nova.
A
organização mental é um instrumento que, ajustado ao Evangelho, deixa
escapar às vibrações harmônicas do amor, sem cujo domínio a vida em sí
prosseguirá desequilibrada, fora dos objetivos superiores, a que
indiscutivelmente se destina.
Há
produção de pensamentos no mundo, como existe a produção de flores e
batatas. Criamos, em torno de nós, a atmosfera de ordem ou perturbação,
quanto incentivamos a seara de trigo ou suportamos, por relaxamento, a
colheita compulsória de ervas daninhas.
Induzindo-nos ao trabalho construtivo com bases no devotamento pessoal
pelo bem de todos, a mensagem de Jesus compele-nos a irradiar fé e
paciência, serenidade e bom ânimo, com atividade plena e infatigável a
benefício da alegria comum. Habituamo-nos, assim, a compreender as
necessidades do vizinho, guardando um coração educado para auxiliar
sempre, cedendo de nosso egoísmo ao alheio contentamento.
Sob tais
moldes, a experiência do lar é mais sadia e mais nobre, o clima de
confiança possibilita sólidos alicerces à felicidade e caminhamos para a
frente de espírito arejado, pronto a socorrer todas as dores e a
contribuir na equação dos problemas de quantos procuram a bênção do
progresso junto de nós.
A comunhão
com Jesus sublima as secreções ocultas da alma, proporcionando-nos acesso
fácil ao manancial de forças renovadoras do ser ou de hormônios
espirituais da vida eterna.
Afeiçoando-nos ao Mestre Sublime, seremos verdadeiros irmãos uns dos
outros.
Em nosso
coração e em nossa mente reside a sementeira da luz.
Auxiliando-a com a boa vontade, sob a inspiração ativa e constante da Boa
Nova, no esforço mútuo de compreensão das nossas necessidades e problemas
que exigem o concurso incessante do amor, alcançaremos, mais cedo, a
vitória da saúde e da alegria, do aperfeiçoamento e da redenção.
(Francisco Cândido Xavier por Espíritos Diversos. in: Nosso Livro)
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sábado, 29 de setembro de 2012
COMPANHEIRISMO, RENÚNCIA:
"Quem
quer que seja depositário da autoridade, seja qual for a sua extensão,
desde o senhor sobre o seu servo até o soberano sobre o seu povo, não
pode negar que tem o encargo de almas e responderá pela boa ou má
direção que tenha dado aos seus subordinados, e as faltas que
estes puderem cometer, os vícios a que forem arrastados em consequência
dessa orientação ou dos maus exemplos recebidos recairão
sobre ele. Da mesma maneira, colherá os frutos de sua solicitude, por
conduzi-los ao bem. Todo homem tem, sobre a terra, uma pequena ou uma grande
missão. Qualquer que ela seja, sempre lhe é dada para o bem. Desviá-la,
pois, do seu sentido, é fracassar no seu cumprimento."
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sede Perfeitos, Superiores e Subalternos - François Nicolas Madeleine).
A - COMPANHEIRISMO
O espírito de competição reinante entre grupos e pessoas tem gerado desentendimentos, incompatibilidades, desuniões.
As divergências de opiniões no tocante à Doutrina Espírita, "a maioria das vezes, versam apenas sobre acessórios, não raro mesmo sobre simples palavras. Fora, portanto, pueril constituir bando à parte por não pensarem todos do mesmo modo". (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Capítulo XXIX. Das Reuniões e das Sociedades Espíritas. Rivalidades entre as Sociedades.)
"Os que pretendem estar exclusivamente com a verdade, terão que o provar, tomando por divisa Amor e Caridade, que é a de todo verdadeiro espírita. Quererão prevalecer-se da superioridade dos Espíritos que os assistem? Provem-no, pela superioridade dos ensinos que recebam e pela aplicação que façam deles a si mesmos. Esse é o critério infalível para se distinguir os que estejam no melhor caminho."
Queremos nos referir em particular ao espírito de companheirismo a prevalecer entre os irmãos de ideal espírita, imbuídos todos no aperfeiçoamento próprio e coletivo.
"Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, só poderá fazê-lo melhorando as massas, o que se verificará geralmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos."
"Convidamos, pois, todas as sociedades espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo a outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos, e eis que terão colhido o mal em indeslindáveis malhas."
O que precisamos, estimados confrades, é desenvolver o companheirismo, combatendo o personalismo por todos os meios, para não desviarmos a nossa missão de produzir e propagar o bem que a Doutrina nos ensina.
Citemos, então, ao menos algumas oportunidades que, no nosso entender, possam nos fazer melhores companheiros:
a) Renunciando às nossas posições rígidas tomadas na direção ou na liderança de agrupamentos sociais ou religiosos, quando comprometam a união de esforços no trabalho evangélico;
b) Considerando em igualdade de condições os pontos de vista dos demais integrantes, mesmo que exerçamos o predomínio das idéias no grupo de serviços cristãos;
c) Criando atmosfera impessoal e unindo colaboradores nas tarefas comuns, desenvolvidas na seara do Cristo;
d) Aceitando as idéias ou pareceres dos outros, que mais convenham em resultados produtivos, mesmo que contrários aos nossos;
e) Emprestando a mesma parcela de trabalho em grupo, independentemente da posição de dirigido ou dirigente;
f) Superando os melindres próprios, quando esquecidos em alguma referência ou convite cerimonial;
g) Omitindo-nos sempre que possível nas ocasiões de destaque para fazer sobressair o trabalho de equipe;
h) Evitando a crítica desdenhosa, a colaboradores ou a grupos, por tarefas não cumpridas;
i) Prestigiando as boas iniciativas com nosso estímulo e apoio no âmbito das atividades beneméritas;
j) Esquecendo experiências desagradáveis já passadas, envolvendo irmãos de ideal;
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sede Perfeitos, Superiores e Subalternos - François Nicolas Madeleine).
A - COMPANHEIRISMO
O espírito de competição reinante entre grupos e pessoas tem gerado desentendimentos, incompatibilidades, desuniões.
As divergências de opiniões no tocante à Doutrina Espírita, "a maioria das vezes, versam apenas sobre acessórios, não raro mesmo sobre simples palavras. Fora, portanto, pueril constituir bando à parte por não pensarem todos do mesmo modo". (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Segunda Parte. Capítulo XXIX. Das Reuniões e das Sociedades Espíritas. Rivalidades entre as Sociedades.)
"Os que pretendem estar exclusivamente com a verdade, terão que o provar, tomando por divisa Amor e Caridade, que é a de todo verdadeiro espírita. Quererão prevalecer-se da superioridade dos Espíritos que os assistem? Provem-no, pela superioridade dos ensinos que recebam e pela aplicação que façam deles a si mesmos. Esse é o critério infalível para se distinguir os que estejam no melhor caminho."
Queremos nos referir em particular ao espírito de companheirismo a prevalecer entre os irmãos de ideal espírita, imbuídos todos no aperfeiçoamento próprio e coletivo.
"Se o Espiritismo, conforme foi anunciado, tem que determinar a transformação da Humanidade, só poderá fazê-lo melhorando as massas, o que se verificará geralmente, pouco a pouco, em consequência do aperfeiçoamento dos indivíduos."
"Convidamos, pois, todas as sociedades espíritas a colaborar nessa grande obra. Que de um extremo a outro do mundo elas se estendam fraternalmente as mãos, e eis que terão colhido o mal em indeslindáveis malhas."
O que precisamos, estimados confrades, é desenvolver o companheirismo, combatendo o personalismo por todos os meios, para não desviarmos a nossa missão de produzir e propagar o bem que a Doutrina nos ensina.
Citemos, então, ao menos algumas oportunidades que, no nosso entender, possam nos fazer melhores companheiros:
a) Renunciando às nossas posições rígidas tomadas na direção ou na liderança de agrupamentos sociais ou religiosos, quando comprometam a união de esforços no trabalho evangélico;
b) Considerando em igualdade de condições os pontos de vista dos demais integrantes, mesmo que exerçamos o predomínio das idéias no grupo de serviços cristãos;
c) Criando atmosfera impessoal e unindo colaboradores nas tarefas comuns, desenvolvidas na seara do Cristo;
d) Aceitando as idéias ou pareceres dos outros, que mais convenham em resultados produtivos, mesmo que contrários aos nossos;
e) Emprestando a mesma parcela de trabalho em grupo, independentemente da posição de dirigido ou dirigente;
f) Superando os melindres próprios, quando esquecidos em alguma referência ou convite cerimonial;
g) Omitindo-nos sempre que possível nas ocasiões de destaque para fazer sobressair o trabalho de equipe;
h) Evitando a crítica desdenhosa, a colaboradores ou a grupos, por tarefas não cumpridas;
i) Prestigiando as boas iniciativas com nosso estímulo e apoio no âmbito das atividades beneméritas;
j) Esquecendo experiências desagradáveis já passadas, envolvendo irmãos de ideal;
l)
Ouvindo críticas pessoais feitas a nós sem irritação,
tirando delas o melhor proveito nas correções que sempre precisamos
fazer;
m) Silenciando o verbo ou a escrita na abertura ao público de aspectos desabonáveis, a pessoas ou a instituições co-irmãs, mesmo em defesa da pureza dos postulados que abraçamos.
m) Silenciando o verbo ou a escrita na abertura ao público de aspectos desabonáveis, a pessoas ou a instituições co-irmãs, mesmo em defesa da pureza dos postulados que abraçamos.
B
- RENÚNCIA
"Vosso
apego aos bens terrenos é um dos maiores entraves ao vosso aprimoramento
moral e espiritual. Com o apego à matéria aniquilais as vossas
faculdades efetivas, voltando-as inteiramente para as coisas do mundo. Sede
sinceros: a fortuna proporciona uma felicidade sem máculas? Quando os
vossos cofres estão abarrotados, não há sempre um vazio
em vossos corações? No fundo dessa cesta de flores, não
há sempre um réptil oculto?"
(Allan
Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVI. Não se
pode Servir a Deus e a Mamom. Item 14. Desprendimento dos Bens Terrenos —
Lacordaire.)
"O esquecimento completo e absoluto das ofensas é inerente às grandes almas, e o rancor é sempre um indício de sentimentos menos edificantes e de pouca evolução espiritual. Não deveis esquecer que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais nos atos do que nas palavras." Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. Item 15. Perdão das Ofensas —Paulo, Apóstolo.)
Como nos manter razoavelmente equilibrados, sobrevivendo hoje com as onerosas despesas sem nos atormentar?
Será possível conciliarmos a preocupação pelo ganho financeiro e o desprendimento dos bens terrenos?
Como vivermos nessa época de lutas pelos valores monetários, renunciando a eles?
Como esquecer os prejuízos que nos causam economicamente, sem contrair desgostos e rancores pelo infrator?
A perícia está em administrar adequadamente os bens e valores, como usufrutuários e depositários, sem deles fazermos exclusivo uso para o nosso prazer, poupando-nos os excessos, distribuindo-os em oportunidades de trabalho, empregando-os para matar a fome, diminuir o frio e proporcionar abrigo a quem esteja na miséria.
O maior engano é fazer das ambições e desejos de possuir móveis, imóveis, veículos, aparelhos domésticos, vestuário e utensílios os principais objetivos do nosso salário, a eles nos condicionando com avidez e desassossego.
Renunciar é principalmente não viver preso à posse de valores monetários. Mas é também estar liberto da importância dada aos valores profissionais, intelectuais, sociais ou políticos.
Em poucas palavras: ninguém precisa ser rico ou socialmente evidenciado para ser respeitado, admirado ou amado. Vejamos o exemplo de Chico Xavier, cuja admiração e respeito do público está no bem que ele realiza.
Vejamos como aplicar a renúncia em algumas das inúmeras ocasiões:
a) Avaliando os principais motivos que nos têm até hoje impulsionado ao trabalho desenfreado, aprimorando daí os nossos propósitos de ganho;
b) Pesando tranquilamente o que possuímos em bens e valores monetários para responder honestamente se os estamos empregando para gerar benefícios ao próximo;
c) Examinando acertadamente de quais necessidades supérfluas precisamos nos libertar;
d) Observando com profundidade se alimentamos quaisquer desejos de proeminência profissional, intelectual, social ou política;
e) Dedicando uma parcela do nosso tempo em algum serviço não-remunerado ao próximo;
f) Atenuando e relegando certas dívidas por empréstimos feitos a nós, que porventura estejam nos aborrecendo;
g) Oferecendo utensílios, objetos e roupas que possuímos em proveito de outros;
h) Inclinando nossos ideais de vida no próprio aprimoramento moral e espiritual de forma mais objetiva.
"Aprendei a contentar-vos com o pouco. Se sois pobres, não invejeis os ricos, porque a fortuna não é necessariamente a felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que esses bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela. Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo." (Capítulo XVI. Não se pode Servir a Deus e a Mamom. Item 14. Desprendimento dos Bens Terrenos — Lacordaire.)
Ney P. Peres
"O esquecimento completo e absoluto das ofensas é inerente às grandes almas, e o rancor é sempre um indício de sentimentos menos edificantes e de pouca evolução espiritual. Não deveis esquecer que o verdadeiro perdão se reconhece muito mais nos atos do que nas palavras." Capítulo X. Bem-aventurados os Misericordiosos. Item 15. Perdão das Ofensas —Paulo, Apóstolo.)
Como nos manter razoavelmente equilibrados, sobrevivendo hoje com as onerosas despesas sem nos atormentar?
Será possível conciliarmos a preocupação pelo ganho financeiro e o desprendimento dos bens terrenos?
Como vivermos nessa época de lutas pelos valores monetários, renunciando a eles?
Como esquecer os prejuízos que nos causam economicamente, sem contrair desgostos e rancores pelo infrator?
A perícia está em administrar adequadamente os bens e valores, como usufrutuários e depositários, sem deles fazermos exclusivo uso para o nosso prazer, poupando-nos os excessos, distribuindo-os em oportunidades de trabalho, empregando-os para matar a fome, diminuir o frio e proporcionar abrigo a quem esteja na miséria.
O maior engano é fazer das ambições e desejos de possuir móveis, imóveis, veículos, aparelhos domésticos, vestuário e utensílios os principais objetivos do nosso salário, a eles nos condicionando com avidez e desassossego.
Renunciar é principalmente não viver preso à posse de valores monetários. Mas é também estar liberto da importância dada aos valores profissionais, intelectuais, sociais ou políticos.
Em poucas palavras: ninguém precisa ser rico ou socialmente evidenciado para ser respeitado, admirado ou amado. Vejamos o exemplo de Chico Xavier, cuja admiração e respeito do público está no bem que ele realiza.
Vejamos como aplicar a renúncia em algumas das inúmeras ocasiões:
a) Avaliando os principais motivos que nos têm até hoje impulsionado ao trabalho desenfreado, aprimorando daí os nossos propósitos de ganho;
b) Pesando tranquilamente o que possuímos em bens e valores monetários para responder honestamente se os estamos empregando para gerar benefícios ao próximo;
c) Examinando acertadamente de quais necessidades supérfluas precisamos nos libertar;
d) Observando com profundidade se alimentamos quaisquer desejos de proeminência profissional, intelectual, social ou política;
e) Dedicando uma parcela do nosso tempo em algum serviço não-remunerado ao próximo;
f) Atenuando e relegando certas dívidas por empréstimos feitos a nós, que porventura estejam nos aborrecendo;
g) Oferecendo utensílios, objetos e roupas que possuímos em proveito de outros;
h) Inclinando nossos ideais de vida no próprio aprimoramento moral e espiritual de forma mais objetiva.
"Aprendei a contentar-vos com o pouco. Se sois pobres, não invejeis os ricos, porque a fortuna não é necessariamente a felicidade. Se sois ricos, não esqueçais de que esses bens vos foram confiados, e que deveis justificar o seu emprego, como numa prestação de contas de tutela. Não sejais depositários infiéis, fazendo-os servir à satisfação do vosso orgulho e da vossa sensualidade. Não vos julgueis no direito de dispor deles unicamente para vós, pois não os recebestes como doação, mas como empréstimo." (Capítulo XVI. Não se pode Servir a Deus e a Mamom. Item 14. Desprendimento dos Bens Terrenos — Lacordaire.)
Ney P. Peres
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quinta-feira, 27 de setembro de 2012
A ESCOLA DAS ALMAS
Neio Lúcio
Congregados, em
torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva
do Mestre, comentando os sagrados textos.
Quando a palavra
divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta: —
Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar? Contemplou-a
Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos
esclarecimentos, e a matrona acrescentou: — Iniciamos a tarefa entre
flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos.
No começo é a
promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e
dissabores...
Reparando que a
senhora galiléia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em
responder: — O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina
nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.
E, sorrindo,
perguntou: — Que fazes inicialmente às lentilha, antes de servi-las à
refeição? A interpelada respondeu, titubeante: — Naturalmente, Senhor,
cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas.
Depois, devo
temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.
— Pretenderias,
também, porventura, servir pão cru à mesa? — De modo algum — tornou a
velha humilde —; antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me
guardá-lo ao calor do forno.
Sem essa medida...
O Divino Amigo então
considerou: — Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde
nossos sentimentos devem servir à glória do Pai.
O lar, na maioria
das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador.
O que nos parece
aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual.
O coração acordado
para a Vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas
renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando
aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e
suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições.
Nunca notou a
rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da
erva.
Pela manhã emite
perfume, à noite, desaparece...
O lar é um curso
ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna.
Sofrimentos e
conflitos naturais, em seu círculo, são lições.
A sogra de Simão
escutou, atenciosa, e ponderou: — Senhor, há criaturas, porém, que lutam e
sofrem; no entanto, jamais aprendem.
O Cristo pousou na
interlocultora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar: — Que fazes das
lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo? — Ah! sem dúvida,
atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e
confiante.
— Ocorre o mesmo —
terminou o Mestre — com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar.
A luta comum mantém
a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora
do alimento espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não
cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual
foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de
permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os
detritos da Natureza.
Do Livro
Jesus no Lar - Francisco C. Xavier
quarta-feira, 26 de setembro de 2012
NO CULTO DA GENTILEZA
Emmanuel
Lembra-te
que Deus atende aos homens por intermédio das próprias criaturas e faze da
gentileza uma prece constante, através da qual a Celeste Bondade se manifeste.
Muitos
recorrem à Providência Divina, entre a revolta e o pessimismo, olvidando a
necessidade de compreensão para que o bem se exprima em dons de reconforto, ao
redor dos próprios passos, esparzindo a esperança, a fim de que o coração se
mantenha preparado, à frente das bênçãos que se propõe a recolher.
Ninguém na
Terra é tão bom que possa proclamar-se plenamente liberto do mal e ninguém é
tão mau que não possa fazer algum bem nas dificuldades do caminho...
Nos maiores
delinqüentes há sempre um filho de Deus, transviado ou adormecido, aguardando o
toque do amor de alguém, para tornar à trilha certa.
Sê
compassivo e atrairás a bondade!
Sê amigo do
próximo e a amizade do próximo virá ao teu encontro.
O carinho
fraterno é uma fonte de bênçãos a deslizar no chão duro da rotina ou da
indiferença, dessedentando as almas sequiosas que passam.
Realmente, é
sempre uma afirmação de fé a nossa rogativa verbal ao Todo Misericordioso e a
prece sentida é energizante em nosso próprio espírito, erguendo-nos para os
cimos da existência.
O Senhor, no
entanto, espera igualmente que nos façamos bons de uns para com os outros,
assim como exigimos seja Ele para nós o benfeitor infatigável e incessante.
Não te
esqueças de que o Mestre nos espera ao lado das próprias criaturas que caminham
conosco, a fim de auxiliar-nos.
Sejamos,
devotos da cortesia e da afabilidade, em todos os instantes, para que não
aconteça venhamos a dizer, depois da oportunidade perdida: –
–
“Efetivamente, o Senhor estava junto de mim, mas, não pude senti-lo”.
Porque, em
verdade, pelos fios invisíveis do amor, o Divino Mestre permanece
constantemente entrosado à nossa própria vida.
sexta-feira, 17 de agosto de 2012
Mensagens de Gustavo Marcondes
Queridos amigos.
É com alegria que nos dirigimos a vocês para breves palavras de incentivo e gratidão. A obra prossegue, conforme o planejamento estabelecido pelo Mais Alto e todos nos encontramos na condição de beneficiários da Misericórdia Divina na medida em que nos são concedidas as oportunidades de trabalho no bem do nosso próximo. Não percamos de vista, porém, que não há progresso sem interesse sincero pelo bem do próximo. Busquemos, ao lado dos resultados suscetíveis de serem contabilizados no plano material, a renovação necessária de nossas tendências e objetivos, colocando-nos um pouco mais no lugar daqueles que enfrentam dificuldades maiores que as nossas a fim de aprendermos a servir por amor e trabalhar pela causa. Não lamentemos inutilmente as dificuldades e tropeços. Sem as dificuldades não teríamos como fortalecer nosso ideal e, sem eventuais tropeços não teríamos como apurar a nossa perseverança na tarefa que nos reeduca e redime. Sigamos juntos e unidos, passo a passo, ombro a ombro, nos apoiando e compreendendo mutuamente porque o Mestre segue nos compreendendo e apoiando a fim de que o trabalho coroe nossos esforços por uma sociedade mais espiritualizada e pela nossa vinculação definitiva com o Evangelho. Gustavo Marcondes Mensagem psicográfica recebida por Clayton Levy, em reunião da noite de 17/02/2011, do C.E. “Allan Kardec”, de Campinas-SP. |
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
NA INTIMIDADE DOMÉSTICA
Emmanuel
A história do bom samaritano, repetidamente estudada,
oferece conclusões sempre novas.
O viajante compassivo encontra o ferido anônimo na estrada.
Não hesita em auxiliá-lo.
Estende-lhe as mãos.
Pensa-lhe as feridas.
Recolhe-o nos braços sem qualquer idéia de preconceito.
Conduze-o ao albergue mais próximo.
Garante-lhe a pousada.
Olvida conveniências e permanece junto dele, enquanto
necessário.
Abstém-se de indagações.
Parte ao encontro do dever, assegurando-lhe a assistência
com os recursos da própria bolsa, sem prescrever-lhe obrigações.
Jesus transmitiu-nos a parábola, ensinando-nos o exercício
da caridade real, mas, até agora, transcorridos quase dois milênios,
aplicamo-la, via de regra, às pessoas que não nos comungam o quadro
particular.
Quase sempre, todavia, temos os caídos do reduto doméstico.
Não descem de Jerusalém para Jericó, mas tombam da fé para
a desilusão e da alegria para a dor, espoliados nas melhores esperanças,
em rudes experiências.
Quantas vezes surpreendemos as vítimas da obsessão e do
erro, da tristeza e da provação, dentro de casa !
Julgamos, assim, que a parábola do bom samaritano produzirá
também efeitos admiráveis, toda vez que nos decidirmos a usá-la, na vida
íntima, compreendendo e auxiliando os vizinhos e companheiros, parentes e
amigos, sem nada exigir e sem nada perguntar.
(De “Coragem”, de
Francisco Cândido Xavier – Espíritos Diversos)
|
sábado, 11 de agosto de 2012
Disciplina Fraterna
O problema da disciplina no Centro Espírita é dos mais
melindrosos e deve ser encarado entre as coordenadas da ordem e da tolerância.
Não se pode estabelecer e manter no Centro uma disciplina rígida, de tipo
militar. O Centro é, além de tudo o que já vimos, um instrumento coordenador
das atividades espirituais. No esquema das suas sessões teóricas e práticas a
questão do horário é imperiosa, mas não deve sobrepor-se às exigência do amor
fraterno. Não é justo deixarmos fora da sessão companheiros dedicados ou necessitados,
porque chegaram dois ou três minutos atrasados. Vivemos num mundo material e
não espiritual, em que as pessoas lutam com dificuldades várias no tocante à
locomoção, de compromissos diversos, e é justo que se dê uma pequena margem de
tolerância no horário. Essa margem não deve também ser estabelecida com rigor,
mas deixada ao critério do dirigente dos trabalhos, que saberá dosar as coisas
de acordo com as conveniências. O rigor exagerado na questão de horário,
mormente nas cidades mais populosas, causa aborrecimentos e mágoas a pessoas
sensíveis que, depois de aflição e correria para chegar na hora certa, viram-se
impedidas de participar da reunião por alguns segundos ou minutos.
Temperando-se as exigências da ordem cronológica com o dever da atenção aos
companheiros podemos evitar aborrecimentos perfeitamente superáveis. Claro que
esse é um problema a ser sempre esclarecido nas reuniões, para que todos possam
ter conhecimento da flexibilidade possível no horário. O simples fato de haver
essa flexibilidade, já tira à disciplina o seu aspecto opressivo.
Essa mesma dosagem de ordem e tolerância deve ser
aplicada a outros problemas, de maneira a assegurar-se, o mais possível, um
ambiente geral sem prevenções, que muito ajudará na realização dos trabalhos.
Tratamos das almas frágeis no capítulo anterior.
Devemos agora tratar das almas fortes, as mais apegadas ao problema disciplinar.
As almas fortes são aquelas que procedem de linhas evolutivas em que os
espíritos se aperfeiçoam no uso da independência e da coragem. Por isso mesmo
trazem consigo um condicionamento disciplinar que não aceita facilmente as
concessões a que aludimos. Uma palavra rude de uma alma forte, embora não intencional,
pode ferir a susceptibilidade de uma alma frágil, prejudicando-a no seu
equilíbrio por uma insignificância. Ora, segundo a regra geral das relações humanas,
o forte deve proteger e amparar o fraco, para ajudá-lo a se fortalecer. Os
dirigentes de trabalhos devem cuidar de evitar esses pequenos atritos que não
raro têm conseqüências muitas maiores do que se pensa. Por outro lado, as almas
fortes precisam controlar os seus impulsos pelo pedido consciencial da
fraternidade. Há pessoas que, por se sentirem mais fortes, decisivas e poderosas
que as outras, embriagam-se com a ilusão do poder, desrespeitando os direitos
alheios e sobrepondo-se, com rompança às opiniões dos outros. Atitudes dessa
natureza, no meio espírita e no Centro, causam má impressão e constrangimento
no ambiente, fomentando malquerenças desnecessárias. Em se tratando de
Espiritismo, tudo se deve fazer para manter-se um ambiente de compreensão e
fraternidade, sem exageros, tocado o possível de alegria e camaradagem. Num
ambiente assim arejado, desprovido de tensões, a espiritualidade flui com
facilidade e os Espíritos orientadores encontram mais oportunidade de tocar os
corações e iluminar as mentes.
Por menor que seja, o Centro dispõe sempre de mais de
um setor de atividades. Deve-se fazer o possível para que em todos eles reine
um ambiente fraterno, que é o mais poderoso antídoto dos desentendimentos. A
disciplina desses trabalhos, mesmo quando exija maior severidade, como no caso
das sessões de desobsessão, deve ser tocada pela boa vontade e a compreensão
fraterna. Sem isso, particularmente em se tratando de desobsessão, dificilmente
conseguiríamos resultados satisfatórios. Mas a franqueza também é elemento
importante na boa solução dos problemas. Quando necessário, o dirigente deve
chamar o obsedado em particular e expor-lhe com clareza o que observou a seu
respeito, aconselhando-o a mudar de comportamento para poder melhorar. A
verdade deve estar presente em todos os momentos das atividades espirituais,
mas a verdade nunca pode ser agressiva, sob pena de produzir o contrário do que
se deseja.
Não queremos esmiuçar todos os problemas e todas as
situações no funcionamento de um Centro, pois isso seria cansativo e
desnecessário. Tocamos apenas em alguns pontos para abrir diretrizes
aproveitáveis, segundo a experiência de longos anos nas lides doutrinárias.
Outros, com mais capacidade e mais penetração, poderão completar o nosso trabalho
com suas contribuições. Nosso desejo é apenas ajudar os companheiros que tantas
vezes se aturdem com as dificuldades encontradas. Não propomos regras como
possível autoridade, que não somos e ninguém o é, num campo de experiências em
que quanto mais se aprofunda mais se tem a aprender.
A disciplina de um Centro Espírita é principalmente
moral e espiritual, abrangendo todos os seus aspectos, mas tendo por constante
e invariável a orientação e a pureza de intenções. Os que mais contribuem para
o Centro são os que trabalham, freqüentam, estudam e procuram seguir um roteiro
de fidelidade à codificação Kardeciana. Muito estardalhaço, propaganda, agitação
só pode prejudicar as atividades básicas e essenciais do Centro, humanitárias e
espirituais, portanto recatadas e silenciosas. Os problemas do Centro são de
ordem profunda no campo do espírito. Mas apesar disso não se pode desprezar as
oportunidades de divulgação e principalmente de orientação doutrinária para o
povo em geral. Não precisamos de aumentar forçadamente os nossos grupos, somos
contrário ao proselitismo, sabemos que nem todos podem aceitar os nossos
princípios, mas sabemos também que a Verdade deve sempre ser posta ao alcance
de todos. Quem quiser encontrá-la não precisará procurar lugares especiais,
deve encontrá-la em qualquer parte em que um jornal, um programa de rádio, um
livro, um folheto estiver ao seu alcance. Não convertemos nem devemos tentar
converter ninguém, pois, como ensinava Kardec, nem todos estão em condições de
afinar-se espiritualmente na compreensão dos problemas novos que o Espiritismo
apresenta ao mundo em renovação. Mas aqueles que amadureceram na idade
espiritual serão úteis na batalha para o amadurecimento de outros.
A disciplina autoritária e rígida teve a sua função na
disciplinação dos povos bárbaros após a queda do Império Romano. Essa coerção
prosseguiu pelo tempos sombrios do Medievalismo. Mas a Era da Razão que surgiu
da noite medieval, reivindicou os direitos individuais do homem, na linha
ateniense do esclarecimento cultural. O domínio natural da Igreja esgotou-se
nos albores do Renascimento, mas o domínio artificial, fundado nos poderes
políticos e econômico-financeiros da organização clerical estenderam-se aos
tempos modernos e ainda se exerce, embora enfraquecido e estropiado, no mundo
contemporâneo, em pleno alvorecer da Era Cósmica. Essa anomalia histórica, nos
entrechoques contraditórios da fase de transição, resolve-se aos nossos olhos
num desvio violento provocado pelas forças conjugadas dos interesses em jogo,
voltando-se para a tradição de Esparta. A força e a violência se sobrepuseram
aos ideais atenienses e o indivíduo esmagado pelo peso das massas acarneiradas
refugiou-se na servidão medieval, nas oposições inócuas e na revolta do desespero
insensato. As leis históricas seguem o seu curso regular, mas quando as
acumulações dos fatores a-históricos, como os lastros esmagadores dos instintos
primitivos, acumulados nos socavões do inconsciente coletivo, as obrigam a sair
dos canais naturais, elas se desviam à procura dos pontos de retorno. A volta a
Esparta, que marcou a fase instintiva das explosões totalitárias, mergulhou o
mundo no delírio do arbítrio e da violência. Um terremoto a-histórico rompeu o
chão em que florescia a Belle-Epoque, a fase lírica e romântica que Stephan
Zweig descreveu em “O mundo que Eu Vi”, precipitando no abismo todos os valores
culturais e humanistas dos séculos XVIII e XIX. O próprio Zweig imolou-se, a
seguir, no desespero do suicídio. Os abismos da Terra lacerada impediram-nos o
acesso a Atenas. Mas restou uma passagem secreta, uma ponte sobre o abismo,
sustentada pelas rochas inabaláveis do Evangelho, orientada pelos sinaleiros
subjetivos dos arquétipos de Jung nos rumos da transcendência. Essa ponte era a
do novo Renascimento do homem e do mundo pelas mãos do Cristo. Era o
Espiritismo, que das ruínas da catástrofe histórica fazia ressurgir, ainda cambaleante,
a figura fantasmal de Lázaro.
O Mundo Contemporâneo é Lázaro redivivo, ainda envolto
em mortalha, com a boca amarrada, os braços e os pés atados, mas atendendo ao
chamado do Cristo para reintegrar-se no processo histórico interrompido. Marta
e Maria o restabelecem na paz de Betânia, cercada pelas guerras furiosas e as
atrocidades produzidas na Terra, no Céu e no Mar pela inconformação e a revolta
dos homens. Nessa hora trágica, dantesca (não apenas na imagem do Inferno de
Dante, mas na sua própria essência real) a consciência humana desperta para a
busca de si mesma. O Centro Espírita, na sua singeleza, na sua humildade e na
sua pobreza – pequenina semente que os abismos ameaçam tragar – sustenta a
chama da esperança cristã-humanista e trabalha em silêncio na restauração da
Verdade. Solitário, desprezado pela ignorância arrogante é o Centro – o ponto
ótico ou visual para o qual convergem todas as possibilidades da Ressurreição
do Planeta assassinado. Temos necessidade urgente de compreender esse momento
histórico, decifrar os seus signos para que a Esfinge não nos devore. A rotina
dos trabalhos do Centro, a monotonia das doutrinações exaustivas, a repetição
dos ensinos que chegam a parecer inúteis, a insistência das obsessões
agressivas, a inquietação dos que se afastam em busca do socorro ilusório de
ciências psíquicas ainda informes e retornam desiludidos e cansados – todo esse
ritornelo atordoante pode desanimar os que lutam contra a voragem das trevas.
Mas é preciso resistir e continuar, é necessário enfrentar a ignorância
petulante dos sábios que ainda não aprenderam a lição socrática da humilde
intelectual, do sábio que só é sábio quando sabe que nada sabe.
A hora espírita do Mundo é de agonia e desespero. Mas
foi agonizando na cruz, injustiçado pelos sábios do seu tempo, que Jesus nos
ensinou a lição da ressurreição e da imortalidade espiritual. O Centro Espírita
é a cruz da paciência que Jesus nos deixou como herança do seu martírio. Ele
nos livra da cruz que o Mestre enfrentou entre ladrões, salvando, morrendo com
eles para salvá-los – um através da conformação difícil da dor, outro através
da revolta e da indignação que levam ao arrependimento e à reparação.
Por isso a disciplina do Centro não pode ser a dos
homens, mas a dos anjos que servem ao Senhor tatalando no Céu as asas
simbólicas da Esperança. Deixemos de lado a disciplina exigente, para podermos
manter no Centro a disciplina do amor e da tolerância. Não lidamos com soldados
e guerreiros, mas com doentes da alma. Nossa disciplina não deve ser exógena,
imposta de fora pela violência, mas a do coração. Tem de ser a disciplina endógena,
que nasce da consciência lentamente esclarecida aos chamados de Deus em nossa
acústica da alma.
A evolução humana se processa no concreto em direção ao
abstrato, o que vale dizer da matéria para o espírito ou do corpo para a alma.
Na linguagem platônica diríamos: do sensível para o inteligível. Na Era Cósmica
que se inicia com as façanhas da Astronáutica essa evolução se define em termos
de ciência e tecnologia. O homem das cavernas saiu de sua toca de bicho para
dominar a Terra, edificar casas, palácios e torres, templos que apontam para as
estrelas, e agora, depois de se librar na atmosfera com asas e hélices,
projeta-se além da estratosfera, mergulha no Cosmos, pousa na Lua e regressa à
Terra, servindo-se de propulsores terrenos e das forças da gravidade, como se
tivesse nascido nos espaços siderais e não do barro do planeta.
Quem não vê nesse esquema gigantesco e dinâmico o
roteiro da evolução humana? De outro lado, rompemos os véus misteriosos de Isis
nas pesquisas da Física, em que a matéria nos revela as estruturas atômicas da
realidade aparentemente compacta e opaca, que se mostra fluída e transparente,
e nas pesquisa psíquicas descobrimos que a nossa natureza não é concreta, mas
abstrata, pois não somos corpos, mas espíritos.
Sobre os escombros do passado em ruínas, das civilizações
mortas, das certeza materiais e sólidas transformadas em pó e ante a ameaça dos
cogumelos atômicos desintegrantes, vemos de maneira inegável que a essência de
toda a realidade tangível é na verdade intangível. Reconhecemos os enganos
produzidos pela ilusão dos sentidos materiais em nosso senso abstrato e somos
obrigados a compreender que malbaratamos o tempo nas encarnações desvairadas.
As fachadas suntuosas das catedrais, os gigantescos edifícios das Instituições
cientificas, os Edifícios do Saber em todos os campos – todo esse acervo de
grandiosidade efêmera se reduz a esboços de uma verdade simples que se escondia
por milênios na humildade de um casebre de arrabalde ou de uma choupana da roça
– o Centro Espírita. Só ali encontramos, entre criaturas anônimas, na intuição
dos simples, a Verdade que buscávamos. Assim também aconteceu nas grandes
civilizações do passado, que renegaram os ensinos de um carpinteiro galileu. Na
penumbra do Centro Espírita, suspeita para os sábios e os poderosos, Deus escondera
a chave do mistério.
Livro: O Centro Espírita
Herculano Pires
Livro: O Centro Espírita
Herculano Pires
quinta-feira, 9 de agosto de 2012
O CIRENEU E O SAMARITANO
“E constrangeram um certo Simão
Cireneu, pai de Alexandre e de Rufo, que
por ali passava, vindo do campo, a que
levasse a cruz.”
(Marcos, 15:21)
“E, quando saíam, encontraram um
certo homem cireneu, chamado Simão, a
quem constrangeram a levar a sua cruz.”
(Mateus, 27:32)
“Descia um homem de Jerusalém
para Jericó, e caiu nas mãos dos
salteadores, os quais o despojaram, e,
espancando-o, se retiraram, deixando-o
meio morto. E ocasionalmente descia pelo
mesmo caminho certo sacerdote; e, vendoo,
passou de largo. E de igual modo
também um levita, chegando àquele lugar,
e, vendo-o, passou de largo. Mas um
Samaritano, que ia de viagem, chegou ao pé
dele, e, vendo-o, moveu-se de íntima
compaixão. E, aproximando-se, atou-lhe as
feridas, deitando-lhes azeite e vinho; e
pondo-o sobre a sua cavalgadura, levou-o
para uma estalagem e cuidou dele. E,
partindo ao outro dia, tirou dois dinheiros, e
deu-os ao hospedeiro e disse-lhe: Cuida
dele; e tudo o que de mais gastares eu to
pagarei quando voltar.”
(Lucas, 10: 30-35)
Embora o Cireneu tenha sempre sido tomado como paradigma para a ação de
se auxiliar, voluntariamente, o nosso próximo, o fato é que não houve espontaneidade
no ato, pois, segundo os evangelistas Marcos e Mateus, a ajuda de Simão foi
compulsória: ambos afirmam que houve constrangimento.
O Evangelho de João silencia sobre essa ocorrência. Lucas, por sua vez,
embora não falando em constrangimento, afirma que “tomaram um certo Simão,
cireneu, que vinha do campo, e puseram-lhe a cruz às costas, para que a levasse
após Jesus”, o que redunda na mesma coisa, pois os verbos usados na descrição
deixam transparecer que não houve iniciativa própria do Cireneu em querer auxiliar o
Mestre.
Longe de nós a idéia de querer subtrair a Simão Cireneu o mérito que lhe tem
sido concedido no decurso dos séculos, entretanto queremos apenas frisar que,
quando não há um impulso natural numa ação, o seu mérito fica sensivelmente
diminuído, e preferimos, quando se quer acenar com um paradigma para uma ação
espontânea, completa em todas as direções, sem limitações, que se tome como
bandeira a figura exponencial do Bom Samaritano.
O Samaritano, segundo a descrição de Lucas (10:30-35), encontrou o homem
moribundo à margem da estrada, moveu-se de íntima compaixão, prestando-lhe todo
o socorro que lhe havia sido negado pelo sacerdote e pelo levita que por ali haviam
passado: desceu do cavalo, fez curativos em seus ferimentos, deu-lhe alimento,
colocou-o sobre a sua cavalgadura, fazendo a caminhada a pé, devagarinho, até uma
pousada, onde propiciou-lhe todo o conforto, prontificando-se a indenizar o
hospedeiro por todos os gastos havidos e por aqueles que viessem a ser necessários.
O Samaritano ajudou realmente o ferido a levar a cruz dos seus sofrimentos.
Há, consequentemente, uma diversidade enorme entre as ações desenvolvidas
pelo Cireneu e pelo Samaritano, pois, enquanto na primeira houve constrangimento, a
segunda foi ampla, irrestrita, espontânea e partida do coração.
Tudo sugere que os algozes de Jesus Cristo, temendo que Ele viesse a
desfalecer na rude jornada rumo ao Calvário, sob o peso tremendo do madeiro
infamante, resolveram coagir o Cireneu a ajudá-lo, pois não queriam perder o
espetáculo adredemente preparado de ver o Senhor crucificado entre dois ladrões, o
que viria, segundo a interpretação dos interessados na sua morte, justificar. perante as
massas, aquele inqualificável homicídio.
A história nos dá conta de muitos casos de condenados que, acometidos de
enfermidades graves ou tentando o suicídio para fugir aos horrores do suplício, são
tratados com o máximo empenho e reintegrados em pleno gozo de saúde, para depois
serem submetidos às torturas do gênero de morte estabelecido na condenação.
Os fariseus, os escribas e os principais dos sacerdotes não toleravam a idéia da
morte física do Messias de modo prematuro; como decorrência, não trepidaram em
forçar o Cireneu, que vinha do campo, a secundar o Senhor no transporte da cruz,
pois só assim teriam a certeza de que o drama do Calvário seria consumado em todos
os pormenores.
Padrões Evangélicos- Paulo Alves de Godoy
sábado, 4 de agosto de 2012
Síndrome de Pilatos
Estamos ouvindo um companheiro em sofrimento externando a
própria dor através das lágrimas e aqui estamos com a nossa palavra de
fé e de incentivo ao trabalho de uma casa espírita, que, assim, pode ser
comparada a um hospital erguido entre dois lados Vida...
Desencarnados enfermos e encarnados doentes, todos, ao mesmo tempo, necessitando do concurso do Divino Médico... Mas os enfermeiros, por vezes, também adoecem os médicos, não raro, igualmente, são pacientes; todos somos necessitados de tratamento dentro desse grande hospital... Às vezes, temos a impressão de que estamos em pleno campo de batalha: granadas e metralhas, companheiros feridos, esvaindo-se em sangue, fraturas expostas... Precisamos de amparo mútuo, aquele que possui o movimento das pernas pode carregar aquele que, ferido, se arrasta. E o que está ferido nas pernas, se ainda enxerga, pode guiar quem teve a visão prejudicada... Aparemo-nos uns aos outros, compreendamo-nos nas fraquezas que nos dizem respeito, entendamos a necessidade individual de aprimoramento e nos esforcemos pelo melhor no cotidiano. As dificuldades existem, existirão sempre, a luta prosseguirá... Vez por outra, podemos escutá-los refletindo no silêncio do próprio recolhimento: - Meu Deus, por que tantos conflitos?!... Saibam que quem não incomoda não é incomodado; quem não incomoda o mal não é incomodado por ele; o acomodado permanece inerte, no lugar que lhe diz respeito... Reparemos a história do Cristianismo... Séculos de intrigas, de lutas, ambição pelo poder, sempre o interesse de alguns prevalecendo sobre o de muitos, o interesse do Senhor sendo postergado... Interesses que, infelizmente, ainda prevalecem sobre os interesses divinos... Se não interesse material, emocional; se não interesse emocional, intelectual, se não intelectual, interesse social... Deturpamos as palavras, desvirtuamos assuntos, interpretamos de forma equivocada, induzimos a falsas deduções... Fomentamos a discórdia, melindres e nos consideramos isentos, livres de qualquer responsabilidade... Padecemos da Síndrome de Pilatos: pedimos a bacia com água para lavar as mãos; mergulhamos mãos sujas em águas barrentas... Compreendamos, de forma superior, os acontecimentos; preservemos a obra defendamos a Doutrina, resguardemos o ideal... Responderemos bem pelas mais pelas nossas intenções do que pelos nossos atos! Que o Senhor nos fortaleça, mantenha esta casa em paz, este grupo, os companheiros unidos no trabalho e na fraternidade. Não pedimos ao Senhor a paz que não merecemos, mas rogamos à Ele a paz que nos seja possível, pela intercessão de sua infinita misericórdia! Irmão José Mediunidade Corpo e Alma Carlos A. Baccelli |
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