a  árvore  do  
tempo
      
Irmão X
Quando o Anjo da Morte 
cumpriu suas atribuições junto aos primeiros homens que habitavam a Terra, houve 
grande revolta entre os que eram separados da vestimenta material. O generoso 
missionário sentiu-se crivado de observações ingratas. No íntimo, as almas 
guardavam a certeza, relativamente às finalidades gloriosas de seus destinos. 
Todas haviam sido chamadas à existência para se elevarem ao Trono de Deus; 
entretanto, nenhuma se conformava com a própria situação. 
Debalde o sábio mensageiro 
procurava lembrar o objetivo divino e esclarecer a excelência de sua cooperação. 
Os homens, porém, cobriam-no de impropérios, alegando os trabalhos incompletos 
que haviam deixado sobre a face do mundo. Uns recordavam as famílias ameaçadas 
sem a sua presença, outros comentavam as nobres intenções com que se atiravam na 
Terra aos serviços da evolução. E as lágrimas se confundiam com os gritos de 
desespero irremediável.
*
Acabrunhado pelos 
acontecimentos, o solícito missionário, como quem começa um serviço sem o 
conhecimento de toda a sua complexidade e extensão, suplicou ao Senhor o socorro 
de seu auxilio divino, de modo a fazer face à situação.
Foi por esse motivo que o 
Salvador veio al encontro da grande fileira de Espíritos infortunados, 
acercando-se de suas amarguras com a inesgotável generosidade e sabedoria de 
sempre.
*
_ Ah! Senhor _ exclamou um 
dos infelizes _ O Anjo da Morte nos reduziu à miserável condição de escravos sem 
esperanças. Sabemos que a nossa marcha se dirige ao Altíssimo; entretanto, fomos 
subtraídos ao laborioso esforço de preparação na Terra...
_ Existem, porém, outros 
planos à espera de vossas atividades _ esclareceu o interpelado com bondade 
carinhosa. _ O planeta terrestre não é o único santuário consagrado à vida. Além 
disso, o mensageiro da morte não é um tirano e sim um benfeitor que personifica 
a grande lei de renovação.
A essas palavras, todavia, 
a pequena turba avançou a reclamar lamentosamente, invocando as razões que a 
vinculavam ao mundo terreno.
_ Jamais me poderei 
separar dos filhos idolatrados _ dizia um velhinho de semblante inquieto _ não 
desejo marchar sem a afetuosa companhia deles! Não me submetais ao sacrifício 
insuportável da separação!
*
_ Meu esposo _ bradava uma 
pobre mulher _ clama por mim, dia e noite!... Meu estado de inquietação é 
angustioso!... Não creio que possa ser feliz, nem mesmo nas claridades do 
Paraíso!...
_ E minha fazenda? _ 
Ponderava ainda outro, em tom de súplica. _ Não permitais que meus trabalhos 
sejam interrompidos... Assim procedo, Senhor, em obediência ao dever de velar 
pelos patrimônios que me conferistes!...
_ Nunca julguei _ 
comentava um jovem, desesperadamente _ que o Anjo da Morte me roubasse o sonho 
do noivado, quase no instante de minha desejada ventura... Nada mais conservo em 
meus olhos, senão o derradeiro quadro de minha companheira a chorar... Não 
haverá compaixão no céu para uma aspiração justa e santa da Terra?...
*
Nesse instante, o Senhor 
entrou em grande meditação, mostrando triste o semblante. A pequena multidão 
continuou revelando o grau de seu desespero em rogativas dolorosas. Dando a 
entender pelo seu silêncio a importância e a complexidade das aquisições que os 
Espíritos  da Terra necessitavam realizar, prosseguiu por largo tempo em serenas 
reflexões e, quando se aquietou o ânimo geral, em forte expectativa, tomou a 
palavra na assembléia e falou solenemente:
_ Conheço a extensão das 
vossas necessidades, mas não disponho de tempo para velar pessoalmente pela 
solução dos vossos problemas particulares, mesmo porque não sois os meus únicos 
tutelados. Se pretendesse convencer-vos pela palavra, não sairíamos, talvez, dos 
círculos escuros da contendas e, se desejasse acompanhar-vos, individualmente, 
nas experiências indispensáveis, teria de me acorrentar aos fluidos da Terra por 
milênios, descurando de outros deveres sagrados confiados ao meu coração por 
Nosso Pai! Estarei convosco, por todos os séculos, ligado perenemente ao vosso 
amor, mas não posso estacionar à maneira de um homem. Tenho de agir e trabalhar 
por todos, sem o capricho de amar somente a alguns. 
A presente situação, 
porém, será remediada. Dar-vos-ei, doravante, a árvore bendita do tempo.
Fonte: Livro “Doutrina E 
Aplicação”. - Psicografia Chico Xavier - Espíritos Diversos.
Digitado por: Maria Luiza 
da Silveira Chaves.
 
 
 
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