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terça-feira, 23 de outubro de 2012

O "Pão Nosso" (V)


Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB - 7ª Edição - 6/1989.

“Perdoai, Senhor, as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”.
Nessa petição, Jesus, o Mestre por excelência, dá-nos a conhecer uma lei eterna e imutável, a cujos efeitos todos, sem exceção, estamos sujeitos.
Trata-se da lei do “dar e receber”, segundo a qual cada um recebe da Justiça Divina exatamente de acordo com o que dá ao próximo.
Há no Evangelho inúmeras referências a respeito. Sirvam de exemplo as seguintes: “Se perdoardes aos homens as ofensas que tendes deles, também vosso Pai Celestial vos perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai Celestial vos perdoará”. (Mateus, 6:14-15) – “Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoais e sereis perdoados. Dai e dar-se-vos-á; qual for a medida de que usardes para os outros, tal será a que se use para vós”. (Lucas, 6:37-38). – “Aquele que semeia pouco, também colhe pouco; mas aquele que semear em abundância, também colherá em abundância”. (II aos Coríntios, 9:6).
Leiamos, ainda, a parábola do credor incompassivo (Mateus, 18:23-35), onde a referida lei é exposta com a máxima clareza e, se quisermos garantir nossa bem-aventurança futura, tratemos de observá-la, atentamente, em nossas relações com os que nos cruzam pelo caminho. Porque, se não formos capazes de perdoar àqueles que nos ofendem ou prejudicam, também não seremos perdoados das ofensas ou prejuízos com que tenhamos agravado os nossos semelhantes e, nesse caso, nenhuma Igreja, nenhum mentor religioso, nenhum sacramento, nenhuma indulgência, poderá valer-nos, de sorte a assegurar-nos a entrada no reino celestial.
Como nos explica Huberto Rohden (Metafísica do Cristianismo), “em todas as línguas a palavra perdoar é um composto de dar ou doar. De maneira que per-doar quer dizer doar completamente, abrir mão de si mesmo, dar ou doar o próprio Eu a outrem; neste caso, o ofensor. Em vez de imolar o ofensor a seu ódio, o perdoador imola-se a si mesmo, o ofendido, na ara do seu amor, abrindo assim de par em par as portas de sua alma ao influxo das torrentes divinas”.
Outrossim, ensinando-nos a dizer: “Perdoai, Senhor, as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores”, Jesus nega e renega a doutrina das penas eternas, porquanto, se não devêssemos esperar o perdão de Deus, inútil seria estar a pedi-lo.
Notemos, entretanto, e isso é importantíssimo: - esse perdão que ele nos acoroçoa a pedir, não é a remissão pura e simples da pena em que tenhamos incorrido. Não! O Mestre o condiciona à lei do “dar e receber”: ser-nos-á perdoado “assim como” perdoarmos, o que vale dizer que enquanto formos rancorosos e vingativos haveremos de estar sujeitos às sanções correspondentes, e só quando perdoarmos plenamente aos que ajam mal conosco é que as bênçãos celestiais haverão de envolver nossos corações, impregnando-os de paz e felicidade.
Ora, se Deus faz o esquecimento das ofensas uma condição absoluta, iria exigir de nós, fracos e imperfeitos, o que Ele, onipotente e infinito em perfeição, não fizesse?
Fosse Deus inexorável para o culpado e insensível ao arrependimento dos que O ofendem, negando-lhes por todo o sempre os meios convenientes para que empreendam a própria reabilitação, não seria misericordioso, e, não o sendo, deixarias de ser infinitamente bom.
Resultaria daí que o homem que perdoa aos seus ofensores e retribui-lhes o mal com o bem, seria melhor do que Ele, o que é inconcebível.
Sabendo, pois, que Deus é Amor, mas é igualmente Justiça, e que, pela Sua lei, “é dando que recebemos”, esforcemo-nos no sentido de vencer quaisquer ressentimentos ou propósitos inamistosos; antes de buscarmos o revide, cuja satisfação deixa sempre amargos ressaibos, bendigamos os que nos ferem e humilham, porque são instrumentos providenciais na lapidação de nossas almas, fatores preciosos de nosso progresso espiritual.
Perdoemo-nos uns aos outros, não “até sete vezes, mas até setenta vezes sete”, isto é, ilimitadamente (Mateus, 18:21-22). Assim o fazendo, também o Senhor terá complacência para conosco, cobrindo com Seu amor a multidão de nossas culpas.

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