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terça-feira, 23 de outubro de 2012

O "Pai Nosso" (II)

rodolfo calligaris

Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB - 7ª Edição - 6/1989.

“Venha a nós o vosso reino”.
Que devemos entender por “reino de Deus” ou “reino dos céus?”.
Em mais de uma dezena de parábolas, todas elas muito engenhosas e edificantes, Jesus focaliza os diversos aspectos que o caracterizam. Eis algumas delas: a do semeador, do joio e o trigo, do grão de mostarda, do fermento, do tesouro escondido, da pérola, da rede, do credor incompassivo, dos trabalhadores e as diversas horas do trabalho, dos dois filhos, dos lavradores maus, das bodas, das dez virgens, etc.
Um exame atento dessas parábolas deixa patente que “o reino de Deus” não é propriamente um “lugar” de delícias, nem uma organização cujos membros se identifiquem por uma determinada fé, mas algo que se verifica no íntimo de nós mesmos: a evolução, o aperfeiçoamento de nossas almas.
Segundo o apóstolo S. Paulo, “o reino de Deus não é comida, nem bebida, mas justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (consciência). (Romanos, 14:17).
Que precisamos fazer para nos tornarmos súditos desse reino?
Isso também foi explanado pelo Mestre com a máxima clareza, constituindo mesmo a idéia central de seus ensinos. Sirvam-nos de exemplo, entre inúmeros outros, os seguintes passos evangélicos: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai”. (Mateus, 7:21). – “Vinde, benditos de meu Pai, possuí o reino que vos está preparado desde o princípio do mundo; porque tive fome, e me destes de comer; tive sede, e me destes de beber; era hóspede, e me recolhestes; estava nu, e me cobristes; estava enfermo, e me visitastes; estava no cárcere, e viestes ver-me. Na verdade vos digo que, quantas vezes fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim é que o fizestes”. (Mateus, 25:34-36, 40). – “E eis que se levantou um doutor da lei e disse, para o tentar: Mestre, que hei de fazer para entrar na posse da vida eterna? Disse-lhe então Jesus: Que é o que está escrito na lei? Como a lês tu? Ele, respondendo, disse: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças, de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo. E Jesus lhe disse: Respondestes bem; faze isso e viverás”. (Lucas, 10:25-28).
Diante de textos tão cristalinos, parece não subsistir a menor dúvida de que nossa entrada no reino de Deus depende, não da simples aceitação de uns tantos dogmas religiosos, nem da submissão a este ou àquele sacramento, mas tão-somente de possuirmos aquelas qualidades morais que exortam o homem justo e bom.
Quando se estabelecerá entre nós esse reino?
Tal pergunta, igualmente, fora feita certa vez pelos fariseus, e a ela o Mestre deu a seguinte resposta, breve, mas profunda: “O reino de Deus não virá com aparência exterior, nem dirão: ei-lo aqui, ou ei-lo acolá; o reino de Deus está dentro de vós”. (Lucas, 17:20-21).
Meditemos bem nestas palavras: “O reino de Deus está dentro de vós!”. Não se trata, portanto, de um evento futuro, remoto, como muitos o imaginam, mas de um fato atual, presente.
Com efeito, se nossa alma é “imagem e semelhança de Deus”, como diz o Gênesis; se fomos gerados, não da carne, nem da vontade do varão, “mas de Deus”, como nos afirma João, o evangelista; se “dele (Deus), por ele e nele existem todas as coisas”, como nos revela S. Paulo, esse reino, inquestionavelmente, está dentro de nós, se bem que em estado latente, à semelhança da planta contida em potencial na semente.
Enquanto o homem ignora a natureza divina de sua alma e vai vivendo egoisticamente, embora o reino de Deus esteja nele, ele não está no reino de Deus e daí a sua inquietação e seus sofrimentos. Quando, porém, faz essa preciosa descoberta e passa a esforçar-se por desenvolver o seu Cristo interno, pautando os atos de sua vida por aquele ideal sublime que consiste em “fazer a vontade do Pai”, o reino de Deus entra a desenvolver-se dentro dele, cresce, expande-se, atinge a plenitude, e sua alma ganha então uma paz, uma tranqüilidade e uma alegria indescritíveis, que nada, vindo de fora, são capazes de destruir.
Posto que o reino de Deus, qual o havemos entendido, não pode ser implantado na Terra sem que antes seja uma realidade em cada ser humano que o habite, ajuda-nos, Senhor, a vencer nossa ambição desmedida, nosso orgulho insensato, nossa prepotência descaridosa, nossa vaidade tola, enfim, todos os sentimentos malsãos que ainda nos mantêm desunidos, dispersos e inimizados!
Dá, ó Pai, que cada um de nós compreenda o dever de cooperar para a civilização universal, sem barreiras de espécie alguma, e que todos sintamos o desejo de viver como irmãos, vinculados pelo amor!

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