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terça-feira, 23 de outubro de 2012

MEDIUNIDADE ESTÁTICA


A mediunidade é uma só, é um todo, mas pode ser encarada em seus vários aspectos funcionais, que são caracterizados como formas variadas de sua manifestação. Kardec a dividiu, para efeito metodológico, em duas grandes áreas bem diferenciadas: a mediunidade de efeitos inteligentes e a de efeitos físicos. Essa divisão prevaleceu nas ciências derivadas do Espiritismo. Charles Richet, fundador da Metapsíquica, estabeleceu nessa ciência a divisão das duas áreas com os nomes metapsíquica subjetiva e metapsiquica objetiva, correspondendo exatamente à divisão espírita. Na Parapsicologia atual, fundada por Rhine e McDougal, as duas área figuram com as denominações de: Psigama (de fenômenos subjetivos ou mentais) e Psicapa (de fenômenos objetivos ou de efeitos físicos). A chamada Ciência Psíquica Inglesa, como a antiga Parapsicologia Alemã, a Psicobiofísica de Schrenk-Notzing e outras várias escolas científicas mantiveram essa divisão, o que prova o acerto metodológico de Kardec.
A expressão médium também prevaleceu, chegando até mesmo à Parapsicologia Soviética, materialista, que a conserva em suas publicações oficiais. Só alguns ramos científicos sofisticados, como a Metergia e a Psicorragia inventaram substitutivos para a cômoda e clara palavra médium, mas que não vulgarizam. Na Metergia o médium se chama metérgio e na Psicorragia se chama psicorrágico. Palavrões científicos só usados por alguns médiuns pedantes que não querem dizer-se médiuns. As denominações dadas pela Parapsicologia atual não são pedantescas.
São simples nomes de letras do alfabeto grego, tradicionalmente empregadas nas Ciências para designação de fenômenos. Também não é verdade que a parapsicologia atual tenha dado outros nomes aos fenômenos para se diferenciar do Espiritismo. O problema é outro: na pesquisa científica não se podem usar designações que impliquem em interpretação antecipada do fenômeno. Escolhendo letras gregas para designar os fenômenos a ser investigados, os parapsicólogos usavam palavras neutras, como exige a metodologia científica. Uma questão de método. Apesar deste critério, a palavra sensitivo, por exemplo, escolhida para substituir médium, já foi abandonada por vários psicólogos, que voltaram a expressão médium, como vimos no caso soviético.
A terminologia espírita adotada por Kardec é simples e precisa. Mas no tocante às duas áreas fundamentais dos fenômenos de efeitos inteligentes e efeitos físicos, era necessário um acréscimo. Além dessa divisão fenomênica, havia o problema da divisão funcional. Kardec notou a generalização da mediunidade e os espíritos o socorreram, como se vê no Livro dos Médiuns, com uma especificação curiosa. Temos assim duas áreas de função mediúnica, designadas como mediunidade generalizada e mediunato. A primeira corresponde à mediunidade natural, que todos os seres humanos possuem, e a segunda corresponde a mediunidade de compromisso, ou seja, de médiuns investidos espiritualmente de poderes mediúnicos para finalidades específicas na encarnação.
Como Kardec mencionou a existência de médiuns elétricos e várias vezes comparou a mediunidade com a eletricidade, surgiu mais tarde entre alguns estudiosos, entre os quais, Crawford, a idéia de uma divisão mais explícita, com a designacão de mediunidade estática e mediunidade dinâmica. A primeira corresponde à mediunidade natural, que todos possuem e permanece geralmente em êxtase, com manifestações moderadas e quase imperceptíveis. A segunda corresponde a mediunidade ativa, que exige desenvolvimento e aplicação durante toda a vida do médium.
A falta de conhecimento desta divisão acarreta dificuldades e inconvenientes na prática mediúnica, particularmente nos trabalhos de Centros e Grupos. A mediunidade estática não é propriamente uma forma de energia que permanece no organismo corporal em estado letárgico. É simplesmente a disposição natural do espírito para expandir-se, projetar-se e entrar em relação com outros espíritos. A Parapsicologia atual confirmou a tese espírita das relações telepáticas permanentes na vida social. Nossa mente funciona, segundo acentua John Ehrenwald em seu estudo sobre relações interpessoais, como ativo centro emissor e receptor de pensamentos. Estamos sempre conversando sem o perceber. Muitos dos nosso monólogos são diálogos com outras pessoas ou com espíritos. Mensagens de Emmanuel e André Luiz, através de Chico Xavier, referem-se a inquirições mentais que certos espíritos nos fazem, seja para aliviar nosso estado mental e ajudar-nos a corrigi-lo, seja para fins obsessivos.
Um obsessor aproxima de nós e sugere mentalmente o nome ou a figura de uma pessoa. Começamos a pensar nessa pessoa e a desfilar na mente os dados que possuímos sobre ela. O obsessor insiste e nós, sem percebermos, vamos lhe dando a ficha da pessoa ou as nossas opiniões sobre ela. Ajudamos o obsessor sem saber. De outras vezes ele pretende saber qual a nossa posição em determinado caso de desentendimento a respeito de um seu amigo. Nós a revelamos e ele passa a envolver-nos num processo obsessivo. Por isso Jesus aconselhou: ''Vigiai e orai" . Devemos vigiar os nossos pensamentos e orar por aqueles que consideramos em erro. Se fizermos assim certamente nos livraremos de muitas perturbações e muitos aborrecimentos desnecessários. Os solilóquios do homem são sempre observados pelas testemunhas invisíveis, boas e más, que nos cercam. A mediunidade estática funciona como imanente no nosso psiquismo. Faz parte da nossa natureza, não é uma graça nem uma prova, é um elemento essencial da nossa constituição humana.
Recorrem às casas espíritas muitas pessoas perturbadas e até mesmo obsedadas, que em geral são consideradas como médiuns em fase de desenvolvimento. Muitas delas são apenas vítimas de perseguição de espíritos inferiores, resultantes de inquirições mentais. Por esse ou outros motivos, essas criaturas estão realmente envolvidas num processo de obsessão, mas não são médiuns em desenvolvimento. Precisam de passes, de participação nas sessões, mas não de sentar-se a mesa mediúnica para desenvolver mediunidade. Essas pessoas, tratadas devidamente, livram-se da obsessão mas não revelam mais os sintomas mediúnicos decorrentes da obsessão. Estas pessoas não estão investidas de mediunato, não precisam e nem podem desenvolver a sua mediunidade estática. Esta lhe serve para guiar-se na vida através de intuições e percepções extra-sensoriais. A obsessão ocasional, por sua vez, serviu para aproximá-la do Espiritismo, despertar-lhe ou reanimar-lhe o sentimento religioso, encaminhá-la num sentido mais elevado em sua maneira de viver, na busca de sintonias mentais benéficas e não prejudiciais.
As pessoas não dotadas de mediunato não estão desprovidas dos recursos mediúnicos. Pelo contrário, podem ser muito sensíveis e intuitivas, dispondo de percepções eficazes em todas as circunstâncias. Os dirigentes de sessões não podem esquecer esse problema, que lhes evitará muitos enganos no trato das manifestações mediúnicas. As obsessões não são produzidas apenas por espíritos. Há muitos casos de obsessões telepáticas, provocadas por pessoas vivas. Kardec tratou desses casos referindo-se à telepatia como telegrafia humana. Sentimentos de aversão, de ódio, de vingança, acompanhados de pensamentos agressivos, podem dar a impressão de verdadeiros processo de obsessão por espíritos inferiores. Estes geralmente se envolvem em tais casos e manifestam-se nas sessões com suas costumeiras bravatas, passando como os responsáveis por perturbações em que apenas se intrometem.
Eliminando o processo telepático, esses espíritos se afastam, sentem-se impotentes para prosseguir na temerária empreitada. O Dr. Ehrenwald relata um caso da sua clínica psicanalítica, em que o rapaz era rejeitado pelos companheiros de pensão. A rejeição era oculta, pois todos fingiam apreciá-lo. Só a pesquisa do médico provou o que se passava. Afastando o paciente para outro meio, os sintomas obsessivos desapareceram gradualmente, na proporção que os algozes o esqueciam. Esse famoso médico psicanalista, diante de casos desta ordem, propôs a ampliação dos métodos de pesquisa Parapsicológica com acréscimo dos métodos significativos da Psicologia e dos métodos qualitativos da pesquisa espírita.
Havia realmente chegado a hora em que a Parapsicologia atual devia superar o primarismo dos métodos de investigação puramente quantitativos, sob controle estatístico, para enfrentar o problema das conseqüências da ação telepática no meio social. Posteriormente a Profa. Louise Rhine, esposa e colaboradora do Prof Rhine, publicava o seu livro 'Os Canais Ocultos da Mente', relatando pesquisas de campo sobre os fenômenos paranormais. Alegava que as pesquisas de laboratório eram demasiamente frias e despojavam os fenômenos de sua riqueza emocional e seu significado. O livro da senhora Rhine apresenta uma seqüência impressionante de casos essencialmente espíritas.
Todos os rios levam suas águas para o mar. Todas as ciências psíquicas desembocam fatalmente no delta do Espiritismo. Não podemos desprezar as suas pesquisas e as suas conclusões. Os parapsicólogos verdadeiros, que são cientistas universitários, não devem ser confundidos com sacerdotes inconscientes que apresentam ao público uma deformação sectária e intencional da Parapsicologia. Esses padres, frades e pastores que tripudiam sobre a ignorância e a ingenuidade do povo, são acionados por interesses materiais evidentes e por entidades espirituais inferiores, que servem da mediunidade estática deles mesmos para levá-las a campanhas inglórias e a explorações deploráveis da boa fé dos fiéis. Mas a verdade é que estão nas malhas da mediunidade que negam e combatem.
A mediunidade estática dorme nas suas próprias entranhas, à espera de que se tornem capazes de percebê-la e compreendê-la. Na linha natural dos processos de percepção, a mediunidade estática aflora, às vezes, dadas as circunstâncias favoráveis, numa eclosão semelhante ao desenvolvimento mediúnico. Há casos de premonição que surgem de perigo eventual, casos de vidência passageira, que parecem sintomas de mediunato em eclosão. É difícil saber-se de imediato, o que se passa, principalmente em virtude do estado emocional dos pacientes. Mas basta uma observação paciente, com a freqüência a sessões mediúnicas, para logo se verificar que se trata apenas de ocorrências isoladas e ocasionais. A mediunidade estática tende sempre a voltar à sua acomodação no psiquismo normal. O que às vezes complica essas ocorrências passageiras é a insistência no desenvolvimento mediúnico ou as aplicações terapêuticas de choques e dosagens excessivas de drogas nos receituários médicos.
J. Herculano Pires
Livro : Mediunidade

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