Comentário de Miramez:
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domingo, 16 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014
Tiago, 1: 3 a 5
Tiago, 1: 3 a 5
…pois sabeis que a vossa fé, bem
provada, leva à paciência; mas é preciso que a paciência produza uma
obra perfeita, a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma
deficiência.
Este versículo traça o projeto de evolução desejado.
Àquele tempo ele falava para judeus convertidos ao Cristo. Ninguém mais
do que o povo judeu sabia o valor das provações. Este foi um povo que
sofreu; e os que tiveram a compreensão de Jesus como sendo o Messias que
libertava pela transformação moral, foram os que aproveitaram as
provações na edificação de sua fé. Assim, a expressão pois sabeis…, é bastante coerente no texto.
Nós temos aprendido isto também à custa de muitas dores. O Evangelho traz para nós a possibilidade de participar deste sabeis, minorando os nossos sofrimentos. Cabe a cada um de nós “não recalcitrar contra os aguilhões”.
Como dissemos, este versículo traz para nós o projeto de evolução
desejado. É que o Alto quer para nós a vitória espiritual, assim, nos
envia Espíritos, que como Tiago, pela instrução encurta-nos o caminho
evolutivo adiantando-nos o progresso.
A vossa fé, bem provada, leva à paciência; a fé já foi dito, é força que nasce com a própria alma, certeza instintiva na Sabedoria de Deus…1
Podemos dizer que a fé é a lembrança da presença de Deus em nós. Ela
existe em todas as criaturas, porém, é desperta através da evolução, e
cada um a tem num determinado grau de acordo com suas conquistas
individuais.
Do mesmo modo que o aluno matriculado em uma escola precisa se
exercitar para fixar a lição, precisa da prova para sua promoção, o
Espírito, que é um aluno da escola da vida, precisa exercitar a sua fé
para fazê-la crescer e esta precisa ser provada, e bem provada, para
projetar o Espírito em níveis mais elevados. Portanto, a fé bem provada
produz a paciência, que é conquista daqueles que já se elevaram a um
patamar de maior espiritualidade.
A paciência, que é a ciência da paz, ou ciência da pá (significando
instrumento de trabalho), já dissemos, é conquista do Espírito e é uma
conquista imprescindível para a evolução.
A vida vinculada a mundos materiais é um instrumento didático para
trazer ao Ser criado por Deus a verdadeira educação, que nada mais é do
que o despertamento de possibilidades espirituais nele existentes.
Contudo é preciso compreender que este processo é lento, é como o
cultivo de uma determinada semente. Ela é lançada ao solo e só após um
processo que demanda tempo e perseverante trabalho transforma-se em
fruto útil para alimentação do homem. O Educador é como o lavrador, e do
mesmo modo que para este a paciência é uma necessidade, também é para
aquele. E não esqueçamos, todos somos educadores, de outros Espíritos, e
principalmente de nós mesmos. Como consequência precisaremos sempre
deste valioso recurso: paciência; portanto, alegremo-nos ao sermos submetidos às múltiplas provações.
Todavia o apóstolo vai mais além, só ter paciência não basta, é preciso que ela produza uma obra perfeita. É que a paciência ainda é um meio, não o fim. Há grandes Espíritos que ainda não despertaram para o bem que
são já pacientes, e que também usam este recurso para atingirem os seus
fins. Toda virtude tem de ter produtividade no campo do bem, se, portanto, a luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!2 Ensinou Jesus.
Portanto, busquemos produzir uma obra perfeita, não com preciosismo ou
perfeccionismo, mas em tudo que fizermos, fazer bem feito, este tem que
ser o diferencial do cristão verdadeiro, e acima de tudo que a obra mais
importante que fazemos, que é a nossa própria iluminação, seja esta
também uma obra de perfeição. Este é o recado do final do versículo:
…a fim de serdes perfeitos e íntegros sem nenhuma deficiência.
Mensagem semelhante nos deixou Jesus no “Cantar do Monte”:
Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai, que está nos céus.3
Ninguém pode no estágio atual de nossa evolução exigir de si mesmo a
perfeição, porém podemos exigir aperfeiçoamento, ser a cada dia melhor.
No mais a lição do Mestre é de grande sabedoria; ao nos instruir a ser perfeito como o vosso Pai, Jesus
se referia ao entendimento de cada um a respeito do Pai, portanto, é
cada um ser perfeito dentro de suas possibilidades, só que sem
comodismo. À medida que formos evoluindo, compreendendo melhor a
natureza divina, que nos façamos também melhor, sempre perfeitos, íntegros, conforme a perfeição de nosso Pai.
Tiago nos propõe uma melhoria continuada. Compreendamos as nossas
provações (que muitas vezes são tribulações), trabalhando a nossa fé,
assim geraremos a paciência que nos faz perseverar na construção do
homem de bem, a obra perfeita que o Criador espera que um dia sejamos, sem nenhuma deficiência.
Se alguém dentre vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos, sem recriminações…
O autor desta carta sabia que mesmo entre os irmãos de fé muitos não
tinham esta compreensão superior. Esta primeira frase deste versículo
talvez seja um chamamento de atenção para estes.
Sabedoria aqui não significa capacidade intelectual, há muitos
sábios no mundo que são verdadeiros mendigos na espiritualidade. Aliás,
já neste tempo Paulo afirmara:
Onde está o sábio?
Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura,
não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?4
Portanto, sabedoria significa amadurecimento espiritual, ter ciência de algo invisível aos olhos.
A literatura judaica anterior ao Novo Testamento já dizia:
Pois é IHVH quem dá a sabedoria; de sua boca procedem o conhecimento e o entendimento.5
E Salomão com toda a sua sensibilidade escreve sobre a sabedoria:
Ao me dar conta de
que somente a ganharia, se Deus me concedesse – e já era um sinal de
entendimento saber a origem desta graça -, dirigi-me ao Senhor e rezei,
dizendo de todo o coração:
Deus dos pais,
Senhor de misericórdia, que tudo criaste com tua palavra e com tua
sabedoria formaste o homem para dominar as criaturas que fizeste,
governar o mundo com justiça e santidade e exercer o julgamento com
retidão de vida, dá-me a sabedoria contigo entronizada e não me excluas
do número de teus filhos.6
Portanto era uma crença dos sábios judeus que a sabedoria autêntica era
dada somente por Deus, significando assim algo espiritual, além do
domínio da matéria. Por isso é que Tiago escreve: peça-a a Deus, que a concede generosamente a todos…
Generosamente significando sem condicionantes, a todos os que quiserem, simplesmente se ajustando aos Seus Sábios desígnios.
Porém, aqui cabe uma questão: Como Deus dá a sabedoria? Não somos nós quem a conquistamos?
Sim, somos nós quem a conquistamos, porém, só se tivermos a humildade
de saber que ela vem de Deus através das oportunidades de vida, das
experiências que promovem o amadurecimento, experiências estas que podem
significar tribulações para despertar em nós os valores do espírito.
São as vidas sucessivas, a reencarnação promovendo a oportunidade de
reajuste e a glória de melhor servir.
Assim, se tivermos falta de sabedoria, peçamos a Deus como fez Salomão, e Ele dará, nos informa o filho de Alfeu, generosamente.
Ainda vai mais além o apóstolo, Deus a concede, sem recriminações.
A teologia cristã após ter se tornado religião oficial impôs às nossas
mentes a questão do pecado, da culpa, e consequentemente do castigo.
Assim, apesar de Jesus ter nos mostrado um Pai que é Amor e
Misericórdia, insistimos no nosso entendimento de um Deus que pune, que
condena, que recrimina. Esta não era a idéia daqueles que estiveram
próximos de Jesus.
A Doutrina Espírita ao ampliar nossa compreensão de Deus nos mostra que
Ele nem perdoa nem condena, Deus simplesmente dá a oportunidade de
reconstruirmos o que foi destruído. Assim, tudo nos provê generosamente, concedendo-nos a oportunidade de nos fazermos sábios, sem recriminações. Apenas,
por ampliar a nossa consciência, pois a evolução é o despertamento
desta, nos faz mais responsáveis à medida que nos entendemos como
partícipes da criação imortal.
1 Pensamento e Vida, cap. 6
2 Mateus, 6: 23
3 Mateus, 5: 48
4 1 Coríntios, 1: 20
5 Provérbios, 2: 6
6 Sabedoria, 8: 21 e 9: 1 a 4
SUPORTANDO COM PACIÊNCIA A PROVAÇÃO
Tiago, 1: 12
Bem
aventurado o homem que suporta com paciência a provação! Porque, uma
vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o
amam.
Bem Aventurado é sinônimo de feliz. E conforme já dissemos em outro momento:
…a
felicidade promovida pelo Cristo, não é a felicidade que conhecemos,
fugaz, momentânea, porque embasada em valores temporários. A felicidade a
que se refere o Evangelho é definitiva, porque é conquistada pelos
valores do Espírito.1
O homem; não está nominado porque é qualquer um que proceder conforme a orientação do evangelista.
O verbo suportar
diz respeito ao resistir às provações. Por si só não há grandes virtudes
em suportar, pois mostra que ainda estamos vinculados à faixa da
justiça, só suportamos porque não há outro modo, suportamos como
consequência de uma ação menos feliz anterior, e que é impositivo da Lei
sofrer as consequências.
Normalmente aquele que
suporta, que tolera, ainda acha que o outro está errado, que ele está
certo, portanto ele suporta o outro achando-se superior.
A virtude conforme a narrativa do apóstolo está em suportar com paciência,
pois aí há uma ação construtiva no bem, há um ensinamento velado que é
transmitido a todos mostrando a faixa espiritual que vibra aquele que
pratica esta ação pacificadora, pois suportar com paciência é o mesmo
que compreender seja a própria provação ou as pessoas por meio das quais
ela vem.
Compreender é no mínimo
enxergar o outro, saber de suas necessidades, saber qual a sua
capacidade e agir com proveito em favor do crescimento tanto do outro
quanto de si mesmo. E compreender a provação é saber avaliar a sua
necessidade e desativar os pontos que geram sofrimento contribuindo
assim para a manutenção da harmonia.
Provação; no grego é peirasmos, uma palavra que pode ser traduzida tanto por provação quanto por tentação.
Em português há diferenças. Provação é o ato ou efeito de provar; prova, teste. É uma situação aflitiva ou de sofrimento que põe à prova a força moral. Tentação é o impulso para a prática de alguma coisa censurável ou não recomendável; desejo veemente ou violento2.
Dentro do contexto deste
versículo achamos melhor a tradução da Bíblia de Jerusalém que usa
provação ao invés de tentação como usa Almeida. É que aqui o autor da
epístola fala em suportar com paciência; denota um sofrimento que
põe à prova a força moral da criatura. A tentação às vezes cumpre o
mesmo papel, por à prova a força moral da criatura, porém no caso da
tentação há uma ressonância na intimidade da criatura com o objeto de
tentação, no caso da provação o elemento que prova pode simplesmente ser
uma situação exterior. O Exemplo clássico desta colocação está na
passagem em que Jesus é colocado no deserto para ser posto à prova pelo
Adversário (Mateus, 4: 1 a 11; Marcos, 1: 12 e 13; Lucas, 4: 1 a 13).
Alguns tradutores informam que Jesus teria sido “tentado” pelo
Adversário, o que nós achamos mais correto dizer que Jesus foi provado
pelo Adversário, pois em Jesus não há a menor chance de haver tentação
por se tratar de um Espírito Puro, que segundo os Espíritos informam a
Kardec, não sofre nenhuma influência da matéria, pois tem superioridade
intelectual e moral absoluta.3
Porque, uma vez provado,
continua Tiago, querendo dizer, tendo passado no teste com sucesso,
tento mostrado que superou a dificuldade, o que significa o fim de um
ciclo em relação àquela necessidade, receberá a coroa da vida. David Stern4
traduz: “receberá como sua coroa a Vida…”. Acho mais bonita esta
tradução sendo esta vida a Vida Abundante prometida por Jesus, porém
esta só acontecerá em nós no fim de um ciclo maior de vitória sobre as
imperfeições. A carta escrita por Tiago nos fala deste momento também,
mas atende-nos em cada vitória que alcançamos sobre a menor das
provações.
A coroa é o símbolo do
coroamento, é o emblema da vitória, e aqui ela significa a vitória sobre
a provação que nada mais é do que o ato de vencer a imperfeição que fez
necessária a prova. Como é coroamento é o fechamento de ciclo; para
cada vitória sobre cada imperfeição a vida nos autoriza uma coroa, e
quando atingirmos a vitória final sobre nossas imperfeições, o que
chamamos de redenção, e que a Bíblia comumente chama de salvação,
receberemos como coroa a Vida Abundante, Vida esta que foi o motivo da
vinda até nós de Jesus, o Cristo de Deus.
…eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância.5
Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida.6
…que o Senhor prometeu aos que o amam; A
Vulgata neste verso substitui Senhor por Deus, o que leva alguns
analistas a entender que o Senhor aqui é Deus. Não sabemos definir aqui o
que pensava o autor da carta. Esta dificuldade acontece principalmente
porque a teologia tradicional confundiu Jesus com Deus, no fundo os dois
são segundo esta a mesma pessoa.
A expressão coroa da vida
só acontece no Novo Testamento, aqui em Tiago e no Apocalipse (2: 10).
Pedro também fala sobre o mesmo tema (1 Pedro, 5: 4) como coroa da
glória, Paulo (1 Coríntios, 9: 25) em coroa incorruptível, em todos
estes textos, mesmo em Paulo que não é tão explícito, a promessa se
refere a Jesus. A promessa só remonta Deus se interpretarmos colocações
da Bíblia hebraica como a “árvore da vida” e a “terra prometida” como
sendo sinônimos desta coroa da vida.
Para nós o mais importante
não é saber se é Deus ou Jesus que promete, até porque o próprio Cristo
disse que não trazia nada Dele, mais do Pai que O enviou. Ou seja,
Jesus é o “Procurador” oficial de Deus no planeta Terra sendo assim, em
última instância a Promessa é de Deus.
O que conta aqui é como alcançá-la, e isto fica claro: aos que o amam.
Amar a Deus é o primeiro mandamento e o Deuteronômio nos ensina que é amar com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua força.7; isto
é tão complexo que para analisar todo este mandamento foi escrito o
livro mais famoso da humanidade: a Bíblia, pois em verdade esta gira
toda em torno deste mitzvah dado a Moisés.
Jesus com a Sua pedagogia superior nos ensinou que amar a Deus é amar ao próximo, e amar como Ele Jesus nos amou.
Está é a síntese que nos
instrumentaliza para a conquista desta coroa citada por vários enviados
do Senhor e que Paulo com toda segurança afirmou ser a maior de todas as
virtudes, o amor, que dinamizado é caridade.
1 O Sermão do Monte, cap. 1
2 Para estes conceitos me vali do dicionário Houaiss.
3 O Livro dos Espíritos, questão 112.
4 Novo Testamento Judaico, pág. 241
5 João, 10: 10
6 Apocalipse, 2: 10
7 Deuteronômio, 6: 5
FONTE: http://espiritismoeevangelho.blogspot.com.br/
terça-feira, 11 de fevereiro de 2014
O JARDINEIRO DIVINO
10/02/2014
O JARDINEIRO DIVINO
“Obreiros,
traçai o vosso sulco; recomeçai no dia seguinte o afanoso labor da
véspera; o trabalho das vossas mãos vos fornece aos corpos o pão
terrestre; vossas almas, porém, não estão esquecidas; e eu, o jardineiro
divino, as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos.” – Cap. VI – de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”.
O Jardineiro Divino, evidentemente, é Jesus Cristo...
Nossas almas são as “sementes” que Lhe foram dadas a cultivar pelo Dono do Jardim...
Os nossos pensamentos constituem a “gleba” em que, pacientemente, Ele as cultiva...
O Pensamento do Cristo, materializado no Evangelho, representa as suas Mãos incansáveis revolvendo a terra na qual, um dia, deveremos florescer!...
Contudo, é preciso que isto aconteça sem violência – cada “semente” deve germinar no momento de seu próprio amadurecimento...
As experiências que vivenciamos, ao longo das estações que se sucedem, representam o adubo que nos auxilia na tão ansiada germinação...
“Sementes” existem que, em profundo estado letárgico, ainda sequer deram o menor sinal de vida...
Outras poucas, no entanto, já se encontram com longas hastes, prestes a começarem a produzir...
Raríssimas, porém, são as que já produzem sazonados frutos!...
Eis, na prática, o significado da Parábola do Semeador...
Na Revivescência do Evangelho, o Espiritismo é benfazeja chuva de ideias que o Senhor faz cair do Alto para tornar ainda mais fecunda a “gleba” de nossos pensamentos...
Como será que, na condição de “sementes”, estaremos respondendo ao zelo do Jardineiro Divino?!
Ansiamos por acordar, ou pretendemos permanecer em transe por mais longo tempo?!...
Não nos esqueçamos, por outro lado, que não nos bastará germinar e florescer...
Atentemos para o símbolo da Figueira Seca!
Aparência de bondade não é bondade.
Talvez, pior do que não germinar, seja germinar e se negar a produzir bons frutos...
Na
atualidade, a própria Natureza tem nos ensinado que o tempo, embora
eterno, se nos mostra, na Terra, cada vez mais condensado – árvores
frutíferas de enxertia começam a produzir mal tendo se erguido do
solo...
Os Pensamentos do Cristo incidem sobre os nossos à feição de Sublime Enxertia!
Não
esperemos, pois, crescer demasiado para começarmos a produzir o que nos
compete, porque potencialidade para tanto todas as “sementes” possuem.
Se
ainda não estamos algo a produzir, corremos o risco de, por nossa
própria conta, nos reduzirmos à condição da Figueira que secou até as
suas raízes – não porque não era tempo de figos, mas sim porque, à
margem do caminho, se contentara em ostentar apenas ramos e folhas!...
INÁCIO FERREIRA
Uberaba – MG, 10 de Fevereiro de 2014.
Fonte: http://inacioferreira-baccelli.zip.net/
sábado, 8 de fevereiro de 2014
JUSTIÇA E AMOR ..." Não permitas que a justiça de tua alma caminhe sem amor, para que se não converta em garra de violência. Ao pé dos maiores celerados da Terra, Deus colocou mães que amam, embora esses filhos desditosos de suas bênçãos lhes transformem a vida em fonte de lágrimas. Diante, pois, dos vencidos de todas as condições e de todas as procedências, não mostres desprezo, nem grites anátema."
JUSTIÇA E
AMOR
Emmanuel
Questão nº876
Sempre que te reportes à justiça, repara que
Deus a fez assistida pelo amor, a fim de que os caídos não sejam
aniquilados.
Terás contigo a lógica indicando-te os males
e o entendimento inspirando-te o necessário socorro aos que lhes sofrem o
assédio.
Onde passes, compadece-te dos vencidos que
contemples à margem...
Muitos pranteiam as ilusões que lhes
trouxeram arrependimento e remorso e muitos se levantam ainda sobre os
próprios enganos, à maneira de trapezistas inconscientes, ensaiando o
último salto ao precipício da morte.
Dir-te-ão alguns não precisarem de teu
consolo, fugindo-te à presença, com receio da verdade que te brilha na
boca, e outros, que desceram do poder renovador do trabalho, preferem
rolar no vício, descendo, mais cedo, os degraus do sepulcro.
Além deles, porém, surgem outros... Os que
desanimaram em plena luta, recolhendo-se ao frio da retaguarda, os que
enlouqueceram de sofrimento, os que perderam a fé por falta de vigilância,
os que se transviaram à mingua de reconforto e os que se abeiraram do
suicídio, tomados pelo superlativo do desespero...
Tentando dar-lhes
remédio, ergue o mundo penitenciárias e hospitais, reformatórios e
manicômios; no entanto, para ajudá-los, confere-te o Cristo a flama do
amor no santuário do coração.
Todos esses
padecentes da estrada têm algo para ensinar.
Os que tombam
esmagados de aflição induzem-te ao serviço pelo mundo melhor, e os que se
arrojam a monstruosos delitos falam, sem palavras, em. Louvor do
equilíbrio de que dispões, auxiliando-te a preservá-1o.
Não permitas que a
justiça de tua alma caminhe sem amor, para que se não converta em
garra de violência.
Ao pé dos maiores celerados da Terra, Deus
colocou mães que amam, embora esses filhos desditosos de suas bênçãos lhes
transformem a vida em fonte de lágrimas.
Diante, pois, dos vencidos de todas as
condições e de todas as procedências, não mostres desprezo, nem grites
anátema.
Não lhes conheces a história desde o
princípio e não percebes, agora, a causa invisível da dor que os degrada.
Ora e auxilia em silêncio, porque não sabes
se amanhã raiará teu instante de abatimento e de angústia, e manda a regra
divina façamos aos outros aquilo que desejamos nos seja feito.
Justiça sem amor é como terra sem água.
Recorda que o próprio Cristo, reconhecendo
que os vencedores do mundo habitualmente se inclinam à vaidade - perigosa
armadilha para quedas maiores -, preferiu nascer na palha dos que vagueiam
sem rumo, viver na dificuldade dos menos felizes e morrer na cruz
reservada às vítimas do crime e aos filhos da escravidão.
(De "Religião dos
Espíritos", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
MATERIALISTAS "...Proclamam-se campeões da liberdade, e desprezam quem lhes não aceite o figurino mental. "
MATERIALISTAS
Emmanuel
Não podemos afirmar que os materialistas vêm
vindo...
Estão nos tempos modernos, por toda parte,
tentando inconscientemente apagar a luz do espírito.
Assestam telescópios na direção das
galáxias, e supõem resolver os enigmas do Universo pelas acanhadas
impressões dos cinco sentidos da esfera física.
Devotam-se aos mais altos estudos da
Psicologia transcendente, e atestam que o homem não passa de símio
complexo, sem maiores possibilidades de evolução.
Dizem que estamos longe de equacionar os
problemas do destino e do ser, e estabelecem padrões para a genética
humana, tomando por alicerce o comportamento de drosófilas e de ratos nas
atividades reprodutivas.
Asseveram que é preciso plasmar elites de
condutores, e dirigem-se à mocidade acadêmica subtraindo-lhe as noções da
alma, à feição de sorridentes carrascos da responsabilidade moral.
Destacam o imperativo da solidariedade, e
preconizam a sumária eliminação dos que nasçam doentes ou incapazes.
Proclamam-se campeões da liberdade, e
desprezam quem lhes não aceite o figurino mental.
Recomendam a investigação das questões do
espírito, e injuriam as inteligências sinceras e desassombra das que a
elas se afeiçoem.
Aconselham o respeito às religiões e, em vez
de ajudá-las no apostolado de amor pela extinção do sofrimento,
solapam-lhes a existência, a golpes de sarcasmos sutil.
Claro que não nos reportamos aos
pesquisadores respeitáveis, porque a ciência - matriz do progresso - será
sempre, no mundo, a interrogação vestida de luz, entesourando
experiências, diante da verdade.
Referimo-nos aos epicuristas de todas as
épocas, sejam eles autores de fulgurantes pensamentos destrutivos, em
alentados livros sobre a Natureza, ou meros conversadores de salão,
interessados nas sensações inferiores, a detrimento da sublimação íntima.
Desde as primeiras horas de nossa formação
doutrinária, os mensageiros do Cristo explicaram que o Espiritismo
contribuirá no aperfeiçoamento da Terra, anulando o materialismo, por
ensinar aos homens a dignificação do futuro, mantendo-os livres de seitas
e cores, castas e privilégios.
Temos, assim, a tarefa de conduzir para a
frente a bandeira da imortalidade, com o trabalho incessante que lhe é
conseqüente, mas, para atingirmos a meta, é imperioso se disponha cada um
de nós a viver em si mesmo os princípios que prega, com a obrigação de
servir e com o dever de estudar.
Do livro Religião dos Espíritos. Psicografia
de Francisco Cândido Xavier.
NA HORA DA CRISE
Emmanuel
Reunião pública de 05/10/59.
Questão 466 (Livro dos Espíritos)
Na hora da crise, emudece os lábios e ouve
as vozes que falam, inarticuladas, no imo de ti mesmo.
Perceberás, distintamente, o conflito.
É o passado que teima em ficar e o presente
que anseia pelo futuro.
É o cárcere e a libertação.
A sombra e a luz.
A dívida e a esperança.
É o que foi e o que deve ser.
Na essência, é o mundo e o Cristo no
coração.
Grita o mundo pelo verbo dos amigos e dos
adversários, na Terra e além da Terra.
Adverte o Cristo, através da
responsabilidade que nos vibra na consciência.
Diz o mundo: Acomoda-te como puderes.
Pede o Cristo: Levanta-te e anda
Diz o mundo: Faze o que desejas.
Pede o Cristo:Não peques mais
Diz o mundo: Destrói os opositores.
Pede o Cristo: Ama os teus inimigos.
Diz o mundo: Renega os que te incomodem.
Pede o Cristo:Ao que te exige mil
passos,caminha com ele dois mil.
Diz o mundo:Apega-te a posse.
Pede o Cristo: Ao que te rogue a túnica cede
também a capa.
Diz o mundo:Fere a quem te fere.
Pede o Cristo: Perdoa sempre.
Diz o mundo: descansa e goza.
Pede o Cristo:avança enquanto tem luz.
Diz o mundo:Censura como quiseres.
Pede o Cristo: Não condenes.
Diz o mundo: Não repare os meios para
alcançar os fins.
Diz o Cristo: Serás medido pela medida que
aplicares aos outros.
Diz o mundo: Aborrece os que te aborreçam.
Pede o Cristo:Ora pelos que te perseguem e
caluniam.
Diz o mundo: Acumula ouro e poder para que
te faças temido.
Diz o Cristo: Provavelmente nesta noite
pedirão tua alma e o que amontoaste para quem será?
Obsessão é também problema de sintonia.
O ouvido que escuta reflete a boca que fala.
O olho que algo vê assemelha-se, de algum
modo, à coisa vista.
Não precisas, assim, sofrer longas
hesitações nas horas de tempestade.
Se realmente procuras caminho justo, ouçamos
o Cristo, e a palavra dele, por bússola infalível, traçar-nos-á rumo
certo.
(De "Religião dos
Espíritos", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel)
Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 138
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Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 136
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Comentário de Miramez:
sábado, 1 de fevereiro de 2014
EADE: Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita-Livro:1 Módulo:2 'O Cristianismo" Roteiro 23:A IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E ORTODOXA
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Retirando-se para Salona, exausto da tarefa governista, ocorre a rebelião militar
que aclama Augusto a Constantino [...]. Junto dele, o Cristianismo ascende à
tarefa do Estado, com o edito de Milão. Emmanuel: A caminho da luz. Cap. 15,
item: Constantino.
• Mas, por volta do ano 381, surge a figura de Teodósio, que declara o Cristianismo
religião oficial do Estado, decretando, simultaneamente, a extinção dos
derradeiros traços do politeísmo romano. Emmanuel: A caminho da luz. Cap.
16, item: Vitórias do Cristianismo.
• A Igreja católica [...], deturpando nos seus objetivos as lições do Evangelho,
se tornou uma organização política em que preponderaram as características
essencialmente mundanas. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 3.
• A Igreja Ortodoxa, uma das três grandes divisões do Cristianismo, [...] também
denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa o grupo
de igrejas que se consideram depositárias da doutrina e do ritual dos padres
apostólicos [guardiões da moral cristã]. Enciclopédia mirador, vol. 11, p.
5969.
IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E ORTODOXA
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Igreja Católica Apostólica Romana
Os Anais de Tacitus nos informam que na noite de 18 para 19 de julho do
ano de 64, três quartos da cidade de Roma foram devastados por um incêndio
que só seria dominado seis dias depois. Acusado da autoria do incêndio, o
imperador Nero não só nega como responsabiliza os cristãos pelo atentado.
Assim, na noite de 15 de agosto de 64, vários cristãos são punidos no circo
de Nero — situado no local onde hoje se ergue a basílica de São Pedro —,
reduzidos a tochas vivas que serviram de iluminação à realização dos jogos e
das diversões que se seguiram ao suplício.
A partir desse acontecimento, as perseguições se tornaram corriqueiras
por mais de dois séculos consecutivos, nos governos de Domiciano (81-96) a
Diocleciano (184-302). A despeito dos suplícios e toda a sorte de infelici-dades,
o número de cristãos aumentava, dia após dia, ao longo dos anos. Em meados
do século III, mais de um funcionário do Império é convertido ao Cristianismo.
“Nós enchemos os campos, as cidades, o Fórum, o Senado, o Palácio”, escrevia
o orgulhoso Tertuliano.
É importante considerar que nessa época começou a surgir a palavra
católico associada aos cristãos. O cognitivo católica (ou católico), significando
universal, foi incorporado às ações e aos escritos das igrejas do Ocidente
(romana) e do Oriente (ortodoxa).
O termo “católico’’ foi utilizado antes da era cristã por alguns escritores (Aristóteles,
Zanão, Políbio), com o sentido de universal, oposto a particular. Não aparece na Bíblia
nem no Antigo nem no Novo testamento, embora nela se encontre, como conceito
fundamental, a idéia de universalidade da salvação [...]. Aplicado à Igreja [romana e
ortodoxa], o termo aparece, pela primeira vez, por volta do ano 105 d.C., na carta de
Inácio, bispo de Antioquia, aos erminenses. 6
Os escritores cristãos posteriores passaram a empregar o substantivo
catholica como sinônimo de igreja cristã, associando a essa palavra as idéias
de universalidade geográfica e de unidade de fé. Entretanto, somente com o
concílio ecumênico de Constantinopla (no ano 381) foi, oficialmente, aplicada
às igrejas romana e ortodoxa a designação “católica”. Este qualificativo, considerado
como artigo de fé, assim deve ser entendido e aceito pelos fiéis: Creio
na una, santa, católica e apostólica Igreja. Com a reforma protestante, e pela
determinação do concílio de Trento (em 1571), restringiu-se o significado à
expressão “católica’’, que passou a designar, especialmente, a igreja de Roma.
À denominação “igreja católica’’ acrescentou-se a palavra “romana’’. 6
As primeiras raízes do catolicismo surgem, provavelmente, no governo
do imperador Valeriano (253-260) que promoveu impiedoso ataque contra as
comunidades cristãs, buscando atingir, em especial, os seus líderes religiosos
— bispos, padres e diáconos —, com o propósito de eliminar a fé cristã do
império.
A doutrina cristã, todavia, encontrara nas perseguições os seus melhores recursos de
propaganda e de expansão. Seus princípios generosos encontravam guarida em todos
os corações, seduzindo a consciência de todos os estudiosos de alma livre e sincera.
Observa-se-lhe a influência no segundo século, em quase todos os departamentos da
atividade intelectual, com largos reflexos na legislação e nos costumes. Tertuliano apresenta
a sua apologia do Cristianismo, provocando admiração e respeito gerais. Clemente
de Alexandria e Orígenes surgem com a sua palavra autorizada, defendendo a filosofia
cristã, e com eles levanta-se um verdadeiro exército de vozes que advogam a causa da
verdade e da justiça, da redenção e do amor. 12
O trauma resultante das perseguições impeliu os cristãos a desenvolverem
estratégias que, de certa forma, pudessem neutralizar os constantes ataques de
que eram vítimas. Delineia-se, então, a partir desse período, uma organização
institucional que será conhecida como a monarquia papal. Importa considerar
que a organização da Igreja Católica nos conduz, necessariamente, à organização
da igreja cristã primitiva, em Roma, que, por sua vez, reflete a estrutura
organizacional das sinagogas. Originalmente, a igreja cristã consistia de uma
constelação de igrejas independentes cujos adeptos se «[...] reuniam nas casas
dos membros abastados da comunidade. Cada uma dessas casas contava com
seus próprios líderes, os anciãos ou “presbíteros”. 3
Os membros da igreja eram, na maioria, imigrantes, escravos e pessoas
livres. Essa diversidade cultural favorecia a existência de uma malha de rituais e
de doutrinas confusas e conflitantes, ortodoxas e heréticas (pagãs). Diante desse
panorama – perseguições de um lado, conflitos doutrinários de outro –, foi
natural a aceitação, pelos cristãos de Roma, do “episcopado monárquico”.
Esse episcopado, que antecede a monarquia papal, determinou que a
direção da igreja romana caberia a um bispo, sistema oposto ao existente de
administração da igreja por um colégio de anciãos, comuns nas demais igrejas
cristãs do Império. A administração por parte dos anciãos estava fundamentada
nos preceitos da assembléia (ecklesia), herdados das tradições judaicas. 4
2. O Cristianismo como religião do Estado
No século III, o império Romano estava dilacerado pela guerra civil, pela
epidemia da peste e pela vertiginosa sucessão de imperadores, todos apoiados
num exército esgotado pelos ataques inimigos. A instabilidade política
chegou ao extremo de, em quarenta e sete anos, elevar ao poder vinte e cinco
imperadores.
As forças espirituais que acompanham todos os movimentos do orbe, sob a égide de
Jesus, procuram dispor os alicerces de novos acontecimentos, que devem preparar a
sociedade romana para resgates e para a provação. A invasão dos povos considerados
bárbaros é então entrevista. Uma forte anarquia militar dificulta a solução dos problemas
de ordem coletiva, elevando e abatendo imperadores de um dia para outro. Sentindo a
aproximação de grandes sucessos e antevendo a impossibilidade de manter a unidade
imperial, Diocleciano organiza a Tetrarquia, ou governo de quatro soberanos, com quatro
grandes capitais. Retirando-se para Salona, exausto da tarefa governativa, ocorre a
rebelião militar que aclama Augusto a Constantino [285-337], filho de Constâncio Cloro,
contrariando as disposições dos dois Césares, sucessores de Diocleciano e Maximiano.
A luta se estabelece e Constantino vence Maxêncio às portas de Roma, penetrando a
cidade, vitorioso, para ser recebido em triunfo. Junto dele, o Cristianismo ascende à
tarefa do Estado, com o edito de Milão. 13
A história registra que Constantino foi proclamado imperador na Bretanha,
em 306, enquanto Maxêncio conspirava em Roma. Constantino prosseguiu
com suas campanhas na Gália e entrou em Roma com seu exército em
312, derrotando Maxêncio às margens do rio Tibre. Em 324 fez-se imperador
do Ocidente e do Oriente. Em 330 converteu a cidade grega de Bizâncio em
capital do império, com o nome de Constantinopla (em 1453, sob o domínio
turco, foi rebatizada de Istambul).
Embora não fosse cristão, pois só foi batizado em seu leito de morte, Constantino declarava-
se protetor da Igreja. O Cristianismo foi declarado religião oficial do império.
O Concílio de Nicéia (o primeiro concílio ecumênico) foi convocado pelo imperador e
realizou-se, em 325, numa sala do palácio imperial de veraneio. As conclusões do concílio,
compendiadas no símbolo de fé, foram promulgadas como lei do império. 15
Transformar o Cristianismo em religião foi um ato político do imperador,
amparado por suas percepções psíquicas.
O imperador Constantino era pessoalmente dotado de faculdades mediúnicas e sujeito
à influência dos Espíritos. Os principais sucessos de sua vida [...] assinalam-se por intervenções
ocultas. [...] Quando planejava apoderar-se de Roma, um impulso interior
o induziu a se recomendar a algum poder sobrenatural e invocar a proteção divina,
com apoio das forças humanas. [...] Caiu, então, em absorta meditação das vicissitudes
políticas de que fora testemunha. Reconhece que depositar confiança na “multidão dos
deuses’’ traz infelicidade, ao passo que seu pai Constâncio, secreto adorador do Deus
único, terminara seus dias em paz. Constantino decidiu-se a suplicar ao Deus de seu pai
que prestasse mão forte à sua empresa. A resposta a essa prece foi uma visão maravilhosa,
que ele próprio referia, muitos anos depois, ao historiador Eusébio, afirmando-a
sob juramento e com as seguintes particularidades: “Uma tarde, marchando à frente das
tropas, divisou no céu, acima do sol que já declinava para o ocaso, uma cruz luminosa
com esta inscrição: “Com este sinal vencerás’’. Todo o exército e muitos espectadores, que
o rodeavam viram com ele, estupefatos, esse prodígio. Logo foram chamados ourives e
o imperador lhes deu instruções para que a cruz misteriosa fosse reproduzida em ouro
e pedras preciosas. 2
Foi assim que Constantino, em seu caminho de realizações, consegue
proteger o Cristianismo e os cristãos das perseguições.
Consegue [...] levar a efeito a nova organização administrativa do Império, começada no
governo de Dioclesiano, dividindo-o em quatro Prefeituras, que foram as do Oriente,
da Ilíria, da Itália e das Gálias, que, por sua vez, eram divididas em dioceses dirigidas
respectivamente por prefeitos e vigários. [...] Findo o reinado de Constantino, aparecem
os seus filhos, que lhe não seguem as tradições. [...] Mas, por volta do ano 381, surge a
figura de Teodósio, que declara o Cristianismo religião oficial do Estado, decretando,
simultaneamente, a extinção dos derradeiros traços do politeísmo romano. É então
que todos os povos reconhecem a grande força moral da doutrina do Crucificado, pelo
advento da qual milhares de homens haviam dado a própria vida no campo do martírio
e do sacrifício. 16
3. A monarquia papal
Durante o governo de Constantino os bispos de Roma alcançaram um
prestigio jamais imaginado.
Eles [...] se tornaram celebridades comparáveis aos mais prestigiados senadores da cidade.
Era de se esperar que os bispos de todo o mundo romano assumissem, agora, o papel de
juízes, governadores, enfim, de grandes servidores do Estado. [...] No caso do bispo de
Roma, tais funções se tornavam ainda mais complexas, pois se tratava de liderar a Igreja
numa capital pagã que era o centro simbólico do mundo, o foco do próprio sentido de
identidade do povo romano. Constantino lavou as mãos com relação a Roma, em 324,
e tratou de criar uma capital no Leste. Caberia aos papas criar uma Roma cristã. Eles
deram início a tal empreendimento construindo igrejas, transformando os modestos
tituli (centros eclesiásticos comunitários) em algo mais grandioso e criando edifícios
novos e mais públicos, se bem que a princípio em nada rivalizassem com as grandes
basílicas imperiais de Latrão e de São Pedro [esta mandada construir por Constantino].
Nos cem anos seguintes, as igrejas se espalharam pela cidade [...]. 5
Emmanuel, na obra A caminho da luz, nos esclarece o seguinte:
A [...] indigência dos homens não compreendeu a dádiva do plano espiritual, porque,
logo depois da vitória, os bispos romanos solicitavam prerrogativas injustas sobre os
seus humildes companheiros de episcopado. O mesmo espírito de ambição e de imperialismo,
que de longo tempo trabalhava o organismo Império, dominou igualmente a
igreja de Roma, que se arvorou em suserana e censora de todas as demais do planeta.
Cooperando com o Estado, faz sentir a força das suas determinações arbitrárias. Trezentos
anos lutaram os mensageiros do Cristo, procurando ampará-la no caminho do
amor e da humildade, até que a deixaram enveredar pelas estradas da sombra, para
o esforço de salvação e experiência, e, tão logo a abandonaram ao penoso trabalho de
aperfeiçoar-se a si mesma, eis que o imperador Focas favorece a criação do Papado, no
ano 607. A decisão imperial faculta aos bispos de Roma prerrogativas e direitos até então
jamais justificados. Entronizam-se, mais uma vez, o orgulho e a ambição da cidade dos
Césares. Em 610, Focas [imperador romano que viveu entre 602 e 610] é chamado ao
mundo dos invisíveis, deixando no orbe a consolidação do Papado. 15
4. A tradução da Bíblia para o latim
Aproveitando-se das costumeiras disputas políticas existentes entre as
igrejas do Ocidente e as do Oriente, e desejoso de estabelecer a hegemonia do
Cristianismo, segundo as orientações da igreja de Roma, o papa Dâmaso deter345
mina ao seu secretário que traduza para o latim a Bíblia, pois, no seu entender,
‘’era necessário que a Igreja do Ocidente se tornasse latina’’.
O secretário de Dâmaso era Eusebius Hieronymus Sophronius, embora
fosse mais conhecido na igreja por Jerônimo. Ele foi treinado nos clássicos
em latim e grego e repreendia severamente a si mesmo por sua paixão pelos
autores seculares. Jerônimo já havia se tornado um dos maiores estudiosos na
época em que começou a trabalhar para Dâmaso. Desse modo, Dâmaso sugeriu
que seu secretário produzisse uma tradução latina da Bíblia, que eliminasse as
imprecisões das traduções mais antigas. 5
Em 382 Jerônimo inicia a sua obra, terminando a tradução em 405, não
sendo esta, porém, a única.
Durante aqueles 23 anos, ele também produziu comentários e outros escritos. [...] Jerônimo
começou sua tradução trabalhando a partir da Septuaginta, versão grega do Antigo
Testamento. Porém, logo estabeleceu um precedente para todos os bons tradutores do
Antigo Testamento: passou a trabalhar a partir dos originais em hebraico. Jerônimo
consultou muitos rabinos e procurava com isso atingir um alto grau de perfeição. Jerônimo
ficou surpreso com o fato de as Escrituras hebraicas não incluírem os livros que
chamamos hoje apócrifos. Por terem sido incluídos na Septuaginta, Jerônimo foi compelido
a incluí-los também em sua tradução, mas deixou sua opinião bastante clara: eles
eram liber ecclesiastici (livros da igreja), e não liber canonici (livros canônicos). Embora
os canônicos pudessem ser usados para a edificação, não poderiam ser utilizados para
estabelecer doutrina alguma [...]. 1
A biblioteca divina, termo pelo qual Jerônimo se referia à Bíblia, foi finalmente disponibilizada
em uma versão precisa e muito bem escrita, na linguagem usada comumente
nas igrejas do Ocidente. Ficou conhecida por Vulgata (do latim vulgus, comum). [...]
Ironicamente, a tradução da Bíblia no idioma que toda a igreja ocidental pudesse usar,
provavelmente, fez com que a igreja tivesse um culto de adoração e uma Bíblia que nenhum
leigo podia entender [...]. 15
5. As cruzadas
As Cruzadas, tradicionalmente, são conhecidas como expedições de caráter
militar, mas que foram organizadas pela Igreja, com o objetivo de combaterem
os inimigos do Cristianismo. Esse movimento teve início no final do século XI
e se estendeu até meados do século XIII. Os Espíritos superiores relatam que
esse processo começou, na verdade, em séculos anteriores onde a vaidade e o
orgulho contaminaram os responsáveis pelo catolicismo.
Em todo o século VI, de acordo com as deliberações efetuadas no plano invisível, aparecem
grandes vultos de sabedoria, contratando a vaidade orgulhosa dos bispos católicos,
que em vez de herdarem os tesouros da humildade e amor do Crucificado, reclamam
para si a vida suntuosa, as honrarias e prerrogativas dos imperadores. Os chefes eclesiásticos,
guindados à mais alta preponderância política, não se lembravam da pobreza
e da simplicidade apostólica, nem das palavras do Messias, que afirmara não ser o seu
reino ainda deste mundo. 18
O movimento cristão passa então a contar com uma série de modificações,
fundamentadas nas interpretações pessoais dos padres que procuravam adequar
a religião cristã aos seus interesses.
O Cristianismo [...] não aparecia com aquela mesma humildade de outros tempos. Suas
cruzes e cálices deixavam entrever a cooperação do ouro e das pedrarias, mal lembrando
a madeira tosca, da época gloriosa das virtudes apostólicas. Seus concílios, como os de
Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia, não eram assembléias que imitassem as
reuniões plácidas e humildes da Galiléia. A união com o Estado era motivo para grandes
espetáculos de riqueza e de vaidade orgulhosa, em contraposição com os ensinos
dAquele que não possuía uma pedra para repousar a cabeça dolorida. As autoridades
eclesiásticas compreendem que é preciso fanatizar o povo, impondo-lhe suas idéias e
suas concepções, e, longe de educarem a alma das massas na sublime lição do Nazareno,
entram em acordo com a sua preferência pelas solenidades exteriores, pelo culto fácil
do mundo externo, tão do gosto dos antigos romanos pouco inclinados às indagações
transcendentes. 17
Dessa forma, com a expansão muçulmana, entre 622-1089, iniciam-se
as cruzadas, guerra religiosa estabelecida para combater, inicialmente, os seguidores
do Islã, mas que atingiu todos os povos não-cristãos, cognominados
infiéis. As cruzadas foram em número de oito.
A primeira, decidida no concílio de Clemont, sob a direção do papa Urano
II, em abril de 1096, foi comandada por Pedro, o Eremita, e Gautier Sans
Avoir, produzindo o massacre dos judeus na Renânia. A segunda, realizada em
14 de dezembro de 1145, por ordem do papa Eugénio III, é coordenada pelo
rei da França Luis VII e pelo imperador alemão Conrado III. Surge a figura
muçulmana de Saladino, que muito trabalho deu aos cruzados. A terceira cruzada
foi organizada em 1188, por Frederico Barba-Roxa, imperador alemão,
Filipe Augusto, rei de França, e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, a
pedido do papa Gregório VIII. A quarta cruzada, proclamada em 1198 pelo
papa Inocêncio III, é dirigida por Bonifácio I de Montferrat e Balduíno IX de
Flandres. A quinta cruzada inicia-se em 1215, após apelo do papa Inocêncio III,
no quarto concílio de Latrão. Foi dirigida por João de Brienne, rei de Jerusalém
e André II, rei da Hungria. A sexta cruzada, sob o domínio do papa Gregório
IX, começa em novembro de 1225, tendo como comandante o imperador
Frederico II, de Hohenstaufen. A sétima cruzada é decidida no concílio de
Lyon, em 1248, e tem o comando do rei francês Luís IX (São Luis). A última
cruzada, iniciada em março de 1270 , também é comandada por Luís IX, mas
o exército cruzado, em três meses, é arrasado pela peste, e o que sobrou, foi
dizimado por uma tempestade. 19
A igreja de Roma, [...] herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares,
procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade, modificando
as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis
e organizando, finalmente, o Catolicismo sobre os escombros da doutrina deturpada. [...]
É assim que aparecem novos dogmas, novas modalidades doutrinárias, o culto dos ídolos
nas igrejas, as espetaculosas festas do culto externo, copiados quase todos os costumes
da Roma anticristã. 15
6. Igreja Católica Apostólica Ortodoxa
Nos começos do Cristianismo havia cinco Patriarcas. Cada um deles era o cabeça de
um centro de expansão da nova fé, e cada um deles tinha como função expandir o cristianismo
numa certa direção geográfica. Primeiro o Patriarca de Jerusalém, no Centro,
onde Jesus morreu e ressuscitou. Ao norte, o Patriarca de Constantinopla. Ao sul, o
Patriarca de Alexandria, no Egito. Ao Oriente, o Patriarca de Antioquia. E a Ocidente,
o Patriarca de Roma. 20
O Patriarca de Roma, nos séculos posteriores, passou a ser chamado de
Papa. A Igreja Ortodoxa, uma das três grandes divisões do Cristianismo, «[...]
também denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa
o grupo de igrejas que se consideram depositárias da doutrina e do ritual
dos padres apostólicos [guardiões da moral cristã].» 9 Foram eles: Clemente de
Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Hermes de Roma e Barnabé
de Alexandria.
Representando a fé histórica da cristandade oriental a Igreja Ortodoxa é mais limitativa
do que as Igrejas orientais, não somente por excluir os cristãos orientais que se reuniram
à Igreja Católica Apostólica Romana uniatas, como também por não compreender as
Igrejas que se separaram no século V por motivos doutrinários (nestorianismo, monofisismo).
Oficialmente chamada Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, ou Igreja grega, em
oposição à Igreja latina, católica e romana. A Igreja Ortodoxa abrange os grupos que
se originaram do grande cisma de 1054 e que dependem historicamente de Bizâncio
(Constantinopla). 9
As igrejas orientais se subdividem, por sua vez, em três grupos: a Ortodoxa
do Oriente, as igrejas nestorianas e as dos monofisistas. As igrejas orientais,
embora se aglutinem em torno da igreja Romana, apresentam diferenças quanto
aos ritos e às normas disciplinares.
As igrejas orientais nestorianas têm como base as interpretações de Nestor
(ou Nestório), patriarca de Constantinopla no ano de 428. Nestor afirmava
que em Jesus havia dois “Eu” ou duas pessoas: uma divina, com a sua natureza
divina, e outra, humana, com a sua natureza humana.
Ele rejeitava a utilização do termo Theotokos, uma palavra muito usada para referir-se
a Maria e que significa literalmente Mãe de Deus. Nestor se opôs ao termo não porque
exaltasse a pessoa da Virgem Maria, mas porque abordava a divindade de Cristo de tal
maneira que poderia ofuscar sua natureza humana. Para solucionar o problema Nestor
sugeriu um novo termo – Cristotokos (Mãe de Cristo), querendo com isso afirmar que
Maria não era progenitora da divindade mas apenas da humanidade de Cristo. A discussão
promoveu intrigas e manobras políticas que terminaram na convocação do terceiro
concílio ecumênico, que ocorreu em Éfeso no dia 7 de junho de 431. A polemica ficou
mais uma vez em torno dos alexandrinos e antiocanos, estes apoiavam Nestor enquanto
os primeiros se opuseram fortemente. O concílio terminou em 433 com parecer favorável
a Alexandria, quando o patriarca de Constantinopla foi exilado e posteriormente
transferido para um oásis no deserto do Líbano onde ficou até o fim de sua vida. O
termo Theotokos, designado a Virgem Maria, se tornou dogma da igreja, como sinal de
ortodoxia, tanto para a igreja do oriente quanto à do ocidente. 21
Os monofisistas representavam uma corrente — ainda relativamente
numerosa nos dias atuais — de teólogos cristãos, dirigida por Dióscoro de
Alexandria, que propôs (século quinto) uma doutrina contrária à de Nestor:
que em Jesus haveria um só Eu divino e uma só natureza divina. A sua tese foi
rejeitada, em 451, pelo Concílio de Calcedônia, que decretou: em Jesus há uma
só Pessoa Divina, ou um só Eu, mas duas naturezas (a divina e a humana). 22
Historicamente, essas igrejas têm origem nas comunidades cristãs de Antioquia,
Alexandria, Corinto e Tessalônica. A cisão, ocorrida definitivamente
no século XI, se deu pelo fato de os cristãos orientais não aceitarem a supremacia
dos bispos de Roma, quando a sede do Império romano foi transferida
para Constantinopla, no ano 330. As divergências se acentuam doutrinária
e politicamente, sobretudo nos séculos V e VI. Após o segundo concílio de
Nicéia (em 787), os orientais não aceitam mais o ecumenismo dos concílios, o
celibato dos padres nem a santíssima trindade. 10
A hierarquia sacerdotal é composta de diáconos, padres, bispos, arcebispos,
metropolitas e patriarcas. O celibato é obrigatório apenas para os bispos, não
para os padres, embora o casamento deva ocorrer antes da ordenação. A Igreja
Ortodoxa tem claustros e monges. Costuma ser chamada de Igreja da Ressurreição,
porque dá ênfase à ressurreição do Cristo, em suas prédicas. Tem sete
sacramentos e acredita no Dia do Juízo Final. Os serviços religiosos atraem a
curiosidades popular pela beleza que oferecem. As igrejas são construídas como
o Templo de Salomão, em Jerusalém: há um vestíbulo com a pia batismal; a
nave, onde a congregação permanece durante o ofício religioso; o santuário,
oculto atrás de um biombo, e que corresponde ao «Santo dos santos» do templo
judaico. Apenas o padre tem permissão de entrar no santuário. Durante o serviço
religioso a congregação pode ver, a distância, o santuário. O biombo que
oculta o santuário se chama iconostas (parede de imagens), porque é coberto
de pinturas religiosas, ou ícones, típicos da Igreja Ortodoxa. 11
350
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. CURTIS. A. Kenneth, J. Stephen Lang, Randy Petersen. Os 100 acontecimentos
mais Importantes da história do cristianismo. Tradução de Emirson
Justino. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2003. Ano 405, p. 51-52.
2. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne. 12.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Relação com os espíritos dos mortos),
p. 63-64.
3. DUFY, Eamon. Santos e pecadores; história dos papas. Tradução de Luiz
Antônio Araújo.São Paulo: Cosac e Naify, 1998. Cap. 1 (Sobre esta pedra),
item 1: de Jerusalém a Roma, p.6.
4. _______. Item 2: Os bispos de Roma, p.9.
5. _______. Item 4: O nascimento da Roma papal, p. 28-29.
6. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo, 1995. Vol.
5. Itens 1 e 2, p. 2176.
8. ______. Item 11, p. 2178.
9.______. Vol. 11, p 5969.
10.______. p. 5969-5970.
11. HELLEN, V., NOTAKER, H. E GAARDER,J. O livro das religiões. Tradução
de Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, item:a igreja
ortodoxa, p.191-194.
12. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15 (A evolução do Cristianismo),
item: Os apologistas, p. 135-136.
13. ______. Item: Constantino, p. 137.
14. ______. Item: o papado, p.138.
15. ______. Cap. 16 (A Igreja e a invasão dos bárbaros), item: vitórias do
Cristianismo, p. 139-140.
16. ______. item: Primórdios do catolicismo, p. 140-141.
17 . ______. Item: A igreja de Roma p.141-142.
18. ______. cap. 17 (A idade medieval), item: Os mensageiros de Jesus, p.
147
19. http://www.arqnet.pt/portal/universal/cruzadas/
20. http://www.eduquenet.net/ritoscristianismo.htm
21. http://pt.wikipedia.org/wiki/Nest%C3%B3rio
22. 18 http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=1670
REFERÊNCIAS
• Retirando-se para Salona, exausto da tarefa governista, ocorre a rebelião militar
que aclama Augusto a Constantino [...]. Junto dele, o Cristianismo ascende à
tarefa do Estado, com o edito de Milão. Emmanuel: A caminho da luz. Cap. 15,
item: Constantino.
• Mas, por volta do ano 381, surge a figura de Teodósio, que declara o Cristianismo
religião oficial do Estado, decretando, simultaneamente, a extinção dos
derradeiros traços do politeísmo romano. Emmanuel: A caminho da luz. Cap.
16, item: Vitórias do Cristianismo.
• A Igreja católica [...], deturpando nos seus objetivos as lições do Evangelho,
se tornou uma organização política em que preponderaram as características
essencialmente mundanas. Emmanuel: Emmanuel. Cap. 3.
• A Igreja Ortodoxa, uma das três grandes divisões do Cristianismo, [...] também
denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa o grupo
de igrejas que se consideram depositárias da doutrina e do ritual dos padres
apostólicos [guardiões da moral cristã]. Enciclopédia mirador, vol. 11, p.
5969.
IGREJA CATÓLICA APOSTÓLICA ROMANA E ORTODOXA
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Igreja Católica Apostólica Romana
Os Anais de Tacitus nos informam que na noite de 18 para 19 de julho do
ano de 64, três quartos da cidade de Roma foram devastados por um incêndio
que só seria dominado seis dias depois. Acusado da autoria do incêndio, o
imperador Nero não só nega como responsabiliza os cristãos pelo atentado.
Assim, na noite de 15 de agosto de 64, vários cristãos são punidos no circo
de Nero — situado no local onde hoje se ergue a basílica de São Pedro —,
reduzidos a tochas vivas que serviram de iluminação à realização dos jogos e
das diversões que se seguiram ao suplício.
A partir desse acontecimento, as perseguições se tornaram corriqueiras
por mais de dois séculos consecutivos, nos governos de Domiciano (81-96) a
Diocleciano (184-302). A despeito dos suplícios e toda a sorte de infelici-dades,
o número de cristãos aumentava, dia após dia, ao longo dos anos. Em meados
do século III, mais de um funcionário do Império é convertido ao Cristianismo.
“Nós enchemos os campos, as cidades, o Fórum, o Senado, o Palácio”, escrevia
o orgulhoso Tertuliano.
É importante considerar que nessa época começou a surgir a palavra
católico associada aos cristãos. O cognitivo católica (ou católico), significando
universal, foi incorporado às ações e aos escritos das igrejas do Ocidente
(romana) e do Oriente (ortodoxa).
O termo “católico’’ foi utilizado antes da era cristã por alguns escritores (Aristóteles,
Zanão, Políbio), com o sentido de universal, oposto a particular. Não aparece na Bíblia
nem no Antigo nem no Novo testamento, embora nela se encontre, como conceito
fundamental, a idéia de universalidade da salvação [...]. Aplicado à Igreja [romana e
ortodoxa], o termo aparece, pela primeira vez, por volta do ano 105 d.C., na carta de
Inácio, bispo de Antioquia, aos erminenses. 6
Os escritores cristãos posteriores passaram a empregar o substantivo
catholica como sinônimo de igreja cristã, associando a essa palavra as idéias
de universalidade geográfica e de unidade de fé. Entretanto, somente com o
concílio ecumênico de Constantinopla (no ano 381) foi, oficialmente, aplicada
às igrejas romana e ortodoxa a designação “católica”. Este qualificativo, considerado
como artigo de fé, assim deve ser entendido e aceito pelos fiéis: Creio
na una, santa, católica e apostólica Igreja. Com a reforma protestante, e pela
determinação do concílio de Trento (em 1571), restringiu-se o significado à
expressão “católica’’, que passou a designar, especialmente, a igreja de Roma.
À denominação “igreja católica’’ acrescentou-se a palavra “romana’’. 6
As primeiras raízes do catolicismo surgem, provavelmente, no governo
do imperador Valeriano (253-260) que promoveu impiedoso ataque contra as
comunidades cristãs, buscando atingir, em especial, os seus líderes religiosos
— bispos, padres e diáconos —, com o propósito de eliminar a fé cristã do
império.
A doutrina cristã, todavia, encontrara nas perseguições os seus melhores recursos de
propaganda e de expansão. Seus princípios generosos encontravam guarida em todos
os corações, seduzindo a consciência de todos os estudiosos de alma livre e sincera.
Observa-se-lhe a influência no segundo século, em quase todos os departamentos da
atividade intelectual, com largos reflexos na legislação e nos costumes. Tertuliano apresenta
a sua apologia do Cristianismo, provocando admiração e respeito gerais. Clemente
de Alexandria e Orígenes surgem com a sua palavra autorizada, defendendo a filosofia
cristã, e com eles levanta-se um verdadeiro exército de vozes que advogam a causa da
verdade e da justiça, da redenção e do amor. 12
O trauma resultante das perseguições impeliu os cristãos a desenvolverem
estratégias que, de certa forma, pudessem neutralizar os constantes ataques de
que eram vítimas. Delineia-se, então, a partir desse período, uma organização
institucional que será conhecida como a monarquia papal. Importa considerar
que a organização da Igreja Católica nos conduz, necessariamente, à organização
da igreja cristã primitiva, em Roma, que, por sua vez, reflete a estrutura
organizacional das sinagogas. Originalmente, a igreja cristã consistia de uma
constelação de igrejas independentes cujos adeptos se «[...] reuniam nas casas
dos membros abastados da comunidade. Cada uma dessas casas contava com
seus próprios líderes, os anciãos ou “presbíteros”. 3
Os membros da igreja eram, na maioria, imigrantes, escravos e pessoas
livres. Essa diversidade cultural favorecia a existência de uma malha de rituais e
de doutrinas confusas e conflitantes, ortodoxas e heréticas (pagãs). Diante desse
panorama – perseguições de um lado, conflitos doutrinários de outro –, foi
natural a aceitação, pelos cristãos de Roma, do “episcopado monárquico”.
Esse episcopado, que antecede a monarquia papal, determinou que a
direção da igreja romana caberia a um bispo, sistema oposto ao existente de
administração da igreja por um colégio de anciãos, comuns nas demais igrejas
cristãs do Império. A administração por parte dos anciãos estava fundamentada
nos preceitos da assembléia (ecklesia), herdados das tradições judaicas. 4
2. O Cristianismo como religião do Estado
No século III, o império Romano estava dilacerado pela guerra civil, pela
epidemia da peste e pela vertiginosa sucessão de imperadores, todos apoiados
num exército esgotado pelos ataques inimigos. A instabilidade política
chegou ao extremo de, em quarenta e sete anos, elevar ao poder vinte e cinco
imperadores.
As forças espirituais que acompanham todos os movimentos do orbe, sob a égide de
Jesus, procuram dispor os alicerces de novos acontecimentos, que devem preparar a
sociedade romana para resgates e para a provação. A invasão dos povos considerados
bárbaros é então entrevista. Uma forte anarquia militar dificulta a solução dos problemas
de ordem coletiva, elevando e abatendo imperadores de um dia para outro. Sentindo a
aproximação de grandes sucessos e antevendo a impossibilidade de manter a unidade
imperial, Diocleciano organiza a Tetrarquia, ou governo de quatro soberanos, com quatro
grandes capitais. Retirando-se para Salona, exausto da tarefa governativa, ocorre a
rebelião militar que aclama Augusto a Constantino [285-337], filho de Constâncio Cloro,
contrariando as disposições dos dois Césares, sucessores de Diocleciano e Maximiano.
A luta se estabelece e Constantino vence Maxêncio às portas de Roma, penetrando a
cidade, vitorioso, para ser recebido em triunfo. Junto dele, o Cristianismo ascende à
tarefa do Estado, com o edito de Milão. 13
A história registra que Constantino foi proclamado imperador na Bretanha,
em 306, enquanto Maxêncio conspirava em Roma. Constantino prosseguiu
com suas campanhas na Gália e entrou em Roma com seu exército em
312, derrotando Maxêncio às margens do rio Tibre. Em 324 fez-se imperador
do Ocidente e do Oriente. Em 330 converteu a cidade grega de Bizâncio em
capital do império, com o nome de Constantinopla (em 1453, sob o domínio
turco, foi rebatizada de Istambul).
Embora não fosse cristão, pois só foi batizado em seu leito de morte, Constantino declarava-
se protetor da Igreja. O Cristianismo foi declarado religião oficial do império.
O Concílio de Nicéia (o primeiro concílio ecumênico) foi convocado pelo imperador e
realizou-se, em 325, numa sala do palácio imperial de veraneio. As conclusões do concílio,
compendiadas no símbolo de fé, foram promulgadas como lei do império. 15
Transformar o Cristianismo em religião foi um ato político do imperador,
amparado por suas percepções psíquicas.
O imperador Constantino era pessoalmente dotado de faculdades mediúnicas e sujeito
à influência dos Espíritos. Os principais sucessos de sua vida [...] assinalam-se por intervenções
ocultas. [...] Quando planejava apoderar-se de Roma, um impulso interior
o induziu a se recomendar a algum poder sobrenatural e invocar a proteção divina,
com apoio das forças humanas. [...] Caiu, então, em absorta meditação das vicissitudes
políticas de que fora testemunha. Reconhece que depositar confiança na “multidão dos
deuses’’ traz infelicidade, ao passo que seu pai Constâncio, secreto adorador do Deus
único, terminara seus dias em paz. Constantino decidiu-se a suplicar ao Deus de seu pai
que prestasse mão forte à sua empresa. A resposta a essa prece foi uma visão maravilhosa,
que ele próprio referia, muitos anos depois, ao historiador Eusébio, afirmando-a
sob juramento e com as seguintes particularidades: “Uma tarde, marchando à frente das
tropas, divisou no céu, acima do sol que já declinava para o ocaso, uma cruz luminosa
com esta inscrição: “Com este sinal vencerás’’. Todo o exército e muitos espectadores, que
o rodeavam viram com ele, estupefatos, esse prodígio. Logo foram chamados ourives e
o imperador lhes deu instruções para que a cruz misteriosa fosse reproduzida em ouro
e pedras preciosas. 2
Foi assim que Constantino, em seu caminho de realizações, consegue
proteger o Cristianismo e os cristãos das perseguições.
Consegue [...] levar a efeito a nova organização administrativa do Império, começada no
governo de Dioclesiano, dividindo-o em quatro Prefeituras, que foram as do Oriente,
da Ilíria, da Itália e das Gálias, que, por sua vez, eram divididas em dioceses dirigidas
respectivamente por prefeitos e vigários. [...] Findo o reinado de Constantino, aparecem
os seus filhos, que lhe não seguem as tradições. [...] Mas, por volta do ano 381, surge a
figura de Teodósio, que declara o Cristianismo religião oficial do Estado, decretando,
simultaneamente, a extinção dos derradeiros traços do politeísmo romano. É então
que todos os povos reconhecem a grande força moral da doutrina do Crucificado, pelo
advento da qual milhares de homens haviam dado a própria vida no campo do martírio
e do sacrifício. 16
3. A monarquia papal
Durante o governo de Constantino os bispos de Roma alcançaram um
prestigio jamais imaginado.
Eles [...] se tornaram celebridades comparáveis aos mais prestigiados senadores da cidade.
Era de se esperar que os bispos de todo o mundo romano assumissem, agora, o papel de
juízes, governadores, enfim, de grandes servidores do Estado. [...] No caso do bispo de
Roma, tais funções se tornavam ainda mais complexas, pois se tratava de liderar a Igreja
numa capital pagã que era o centro simbólico do mundo, o foco do próprio sentido de
identidade do povo romano. Constantino lavou as mãos com relação a Roma, em 324,
e tratou de criar uma capital no Leste. Caberia aos papas criar uma Roma cristã. Eles
deram início a tal empreendimento construindo igrejas, transformando os modestos
tituli (centros eclesiásticos comunitários) em algo mais grandioso e criando edifícios
novos e mais públicos, se bem que a princípio em nada rivalizassem com as grandes
basílicas imperiais de Latrão e de São Pedro [esta mandada construir por Constantino].
Nos cem anos seguintes, as igrejas se espalharam pela cidade [...]. 5
Emmanuel, na obra A caminho da luz, nos esclarece o seguinte:
A [...] indigência dos homens não compreendeu a dádiva do plano espiritual, porque,
logo depois da vitória, os bispos romanos solicitavam prerrogativas injustas sobre os
seus humildes companheiros de episcopado. O mesmo espírito de ambição e de imperialismo,
que de longo tempo trabalhava o organismo Império, dominou igualmente a
igreja de Roma, que se arvorou em suserana e censora de todas as demais do planeta.
Cooperando com o Estado, faz sentir a força das suas determinações arbitrárias. Trezentos
anos lutaram os mensageiros do Cristo, procurando ampará-la no caminho do
amor e da humildade, até que a deixaram enveredar pelas estradas da sombra, para
o esforço de salvação e experiência, e, tão logo a abandonaram ao penoso trabalho de
aperfeiçoar-se a si mesma, eis que o imperador Focas favorece a criação do Papado, no
ano 607. A decisão imperial faculta aos bispos de Roma prerrogativas e direitos até então
jamais justificados. Entronizam-se, mais uma vez, o orgulho e a ambição da cidade dos
Césares. Em 610, Focas [imperador romano que viveu entre 602 e 610] é chamado ao
mundo dos invisíveis, deixando no orbe a consolidação do Papado. 15
4. A tradução da Bíblia para o latim
Aproveitando-se das costumeiras disputas políticas existentes entre as
igrejas do Ocidente e as do Oriente, e desejoso de estabelecer a hegemonia do
Cristianismo, segundo as orientações da igreja de Roma, o papa Dâmaso deter345
mina ao seu secretário que traduza para o latim a Bíblia, pois, no seu entender,
‘’era necessário que a Igreja do Ocidente se tornasse latina’’.
O secretário de Dâmaso era Eusebius Hieronymus Sophronius, embora
fosse mais conhecido na igreja por Jerônimo. Ele foi treinado nos clássicos
em latim e grego e repreendia severamente a si mesmo por sua paixão pelos
autores seculares. Jerônimo já havia se tornado um dos maiores estudiosos na
época em que começou a trabalhar para Dâmaso. Desse modo, Dâmaso sugeriu
que seu secretário produzisse uma tradução latina da Bíblia, que eliminasse as
imprecisões das traduções mais antigas. 5
Em 382 Jerônimo inicia a sua obra, terminando a tradução em 405, não
sendo esta, porém, a única.
Durante aqueles 23 anos, ele também produziu comentários e outros escritos. [...] Jerônimo
começou sua tradução trabalhando a partir da Septuaginta, versão grega do Antigo
Testamento. Porém, logo estabeleceu um precedente para todos os bons tradutores do
Antigo Testamento: passou a trabalhar a partir dos originais em hebraico. Jerônimo
consultou muitos rabinos e procurava com isso atingir um alto grau de perfeição. Jerônimo
ficou surpreso com o fato de as Escrituras hebraicas não incluírem os livros que
chamamos hoje apócrifos. Por terem sido incluídos na Septuaginta, Jerônimo foi compelido
a incluí-los também em sua tradução, mas deixou sua opinião bastante clara: eles
eram liber ecclesiastici (livros da igreja), e não liber canonici (livros canônicos). Embora
os canônicos pudessem ser usados para a edificação, não poderiam ser utilizados para
estabelecer doutrina alguma [...]. 1
A biblioteca divina, termo pelo qual Jerônimo se referia à Bíblia, foi finalmente disponibilizada
em uma versão precisa e muito bem escrita, na linguagem usada comumente
nas igrejas do Ocidente. Ficou conhecida por Vulgata (do latim vulgus, comum). [...]
Ironicamente, a tradução da Bíblia no idioma que toda a igreja ocidental pudesse usar,
provavelmente, fez com que a igreja tivesse um culto de adoração e uma Bíblia que nenhum
leigo podia entender [...]. 15
5. As cruzadas
As Cruzadas, tradicionalmente, são conhecidas como expedições de caráter
militar, mas que foram organizadas pela Igreja, com o objetivo de combaterem
os inimigos do Cristianismo. Esse movimento teve início no final do século XI
e se estendeu até meados do século XIII. Os Espíritos superiores relatam que
esse processo começou, na verdade, em séculos anteriores onde a vaidade e o
orgulho contaminaram os responsáveis pelo catolicismo.
Em todo o século VI, de acordo com as deliberações efetuadas no plano invisível, aparecem
grandes vultos de sabedoria, contratando a vaidade orgulhosa dos bispos católicos,
que em vez de herdarem os tesouros da humildade e amor do Crucificado, reclamam
para si a vida suntuosa, as honrarias e prerrogativas dos imperadores. Os chefes eclesiásticos,
guindados à mais alta preponderância política, não se lembravam da pobreza
e da simplicidade apostólica, nem das palavras do Messias, que afirmara não ser o seu
reino ainda deste mundo. 18
O movimento cristão passa então a contar com uma série de modificações,
fundamentadas nas interpretações pessoais dos padres que procuravam adequar
a religião cristã aos seus interesses.
O Cristianismo [...] não aparecia com aquela mesma humildade de outros tempos. Suas
cruzes e cálices deixavam entrever a cooperação do ouro e das pedrarias, mal lembrando
a madeira tosca, da época gloriosa das virtudes apostólicas. Seus concílios, como os de
Nicéia, Constantinopla, Éfeso e Calcedônia, não eram assembléias que imitassem as
reuniões plácidas e humildes da Galiléia. A união com o Estado era motivo para grandes
espetáculos de riqueza e de vaidade orgulhosa, em contraposição com os ensinos
dAquele que não possuía uma pedra para repousar a cabeça dolorida. As autoridades
eclesiásticas compreendem que é preciso fanatizar o povo, impondo-lhe suas idéias e
suas concepções, e, longe de educarem a alma das massas na sublime lição do Nazareno,
entram em acordo com a sua preferência pelas solenidades exteriores, pelo culto fácil
do mundo externo, tão do gosto dos antigos romanos pouco inclinados às indagações
transcendentes. 17
Dessa forma, com a expansão muçulmana, entre 622-1089, iniciam-se
as cruzadas, guerra religiosa estabelecida para combater, inicialmente, os seguidores
do Islã, mas que atingiu todos os povos não-cristãos, cognominados
infiéis. As cruzadas foram em número de oito.
A primeira, decidida no concílio de Clemont, sob a direção do papa Urano
II, em abril de 1096, foi comandada por Pedro, o Eremita, e Gautier Sans
Avoir, produzindo o massacre dos judeus na Renânia. A segunda, realizada em
14 de dezembro de 1145, por ordem do papa Eugénio III, é coordenada pelo
rei da França Luis VII e pelo imperador alemão Conrado III. Surge a figura
muçulmana de Saladino, que muito trabalho deu aos cruzados. A terceira cruzada
foi organizada em 1188, por Frederico Barba-Roxa, imperador alemão,
Filipe Augusto, rei de França, e Ricardo Coração de Leão, rei da Inglaterra, a
pedido do papa Gregório VIII. A quarta cruzada, proclamada em 1198 pelo
papa Inocêncio III, é dirigida por Bonifácio I de Montferrat e Balduíno IX de
Flandres. A quinta cruzada inicia-se em 1215, após apelo do papa Inocêncio III,
no quarto concílio de Latrão. Foi dirigida por João de Brienne, rei de Jerusalém
e André II, rei da Hungria. A sexta cruzada, sob o domínio do papa Gregório
IX, começa em novembro de 1225, tendo como comandante o imperador
Frederico II, de Hohenstaufen. A sétima cruzada é decidida no concílio de
Lyon, em 1248, e tem o comando do rei francês Luís IX (São Luis). A última
cruzada, iniciada em março de 1270 , também é comandada por Luís IX, mas
o exército cruzado, em três meses, é arrasado pela peste, e o que sobrou, foi
dizimado por uma tempestade. 19
A igreja de Roma, [...] herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares,
procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade, modificando
as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis
e organizando, finalmente, o Catolicismo sobre os escombros da doutrina deturpada. [...]
É assim que aparecem novos dogmas, novas modalidades doutrinárias, o culto dos ídolos
nas igrejas, as espetaculosas festas do culto externo, copiados quase todos os costumes
da Roma anticristã. 15
6. Igreja Católica Apostólica Ortodoxa
Nos começos do Cristianismo havia cinco Patriarcas. Cada um deles era o cabeça de
um centro de expansão da nova fé, e cada um deles tinha como função expandir o cristianismo
numa certa direção geográfica. Primeiro o Patriarca de Jerusalém, no Centro,
onde Jesus morreu e ressuscitou. Ao norte, o Patriarca de Constantinopla. Ao sul, o
Patriarca de Alexandria, no Egito. Ao Oriente, o Patriarca de Antioquia. E a Ocidente,
o Patriarca de Roma. 20
O Patriarca de Roma, nos séculos posteriores, passou a ser chamado de
Papa. A Igreja Ortodoxa, uma das três grandes divisões do Cristianismo, «[...]
também denominada Igreja do Oriente (ou Igreja Ortodoxa do Oriente), designa
o grupo de igrejas que se consideram depositárias da doutrina e do ritual
dos padres apostólicos [guardiões da moral cristã].» 9 Foram eles: Clemente de
Roma, Inácio de Antioquia, Policarpo de Esmirna, Hermes de Roma e Barnabé
de Alexandria.
Representando a fé histórica da cristandade oriental a Igreja Ortodoxa é mais limitativa
do que as Igrejas orientais, não somente por excluir os cristãos orientais que se reuniram
à Igreja Católica Apostólica Romana uniatas, como também por não compreender as
Igrejas que se separaram no século V por motivos doutrinários (nestorianismo, monofisismo).
Oficialmente chamada Igreja Católica Apostólica Ortodoxa, ou Igreja grega, em
oposição à Igreja latina, católica e romana. A Igreja Ortodoxa abrange os grupos que
se originaram do grande cisma de 1054 e que dependem historicamente de Bizâncio
(Constantinopla). 9
As igrejas orientais se subdividem, por sua vez, em três grupos: a Ortodoxa
do Oriente, as igrejas nestorianas e as dos monofisistas. As igrejas orientais,
embora se aglutinem em torno da igreja Romana, apresentam diferenças quanto
aos ritos e às normas disciplinares.
As igrejas orientais nestorianas têm como base as interpretações de Nestor
(ou Nestório), patriarca de Constantinopla no ano de 428. Nestor afirmava
que em Jesus havia dois “Eu” ou duas pessoas: uma divina, com a sua natureza
divina, e outra, humana, com a sua natureza humana.
Ele rejeitava a utilização do termo Theotokos, uma palavra muito usada para referir-se
a Maria e que significa literalmente Mãe de Deus. Nestor se opôs ao termo não porque
exaltasse a pessoa da Virgem Maria, mas porque abordava a divindade de Cristo de tal
maneira que poderia ofuscar sua natureza humana. Para solucionar o problema Nestor
sugeriu um novo termo – Cristotokos (Mãe de Cristo), querendo com isso afirmar que
Maria não era progenitora da divindade mas apenas da humanidade de Cristo. A discussão
promoveu intrigas e manobras políticas que terminaram na convocação do terceiro
concílio ecumênico, que ocorreu em Éfeso no dia 7 de junho de 431. A polemica ficou
mais uma vez em torno dos alexandrinos e antiocanos, estes apoiavam Nestor enquanto
os primeiros se opuseram fortemente. O concílio terminou em 433 com parecer favorável
a Alexandria, quando o patriarca de Constantinopla foi exilado e posteriormente
transferido para um oásis no deserto do Líbano onde ficou até o fim de sua vida. O
termo Theotokos, designado a Virgem Maria, se tornou dogma da igreja, como sinal de
ortodoxia, tanto para a igreja do oriente quanto à do ocidente. 21
Os monofisistas representavam uma corrente — ainda relativamente
numerosa nos dias atuais — de teólogos cristãos, dirigida por Dióscoro de
Alexandria, que propôs (século quinto) uma doutrina contrária à de Nestor:
que em Jesus haveria um só Eu divino e uma só natureza divina. A sua tese foi
rejeitada, em 451, pelo Concílio de Calcedônia, que decretou: em Jesus há uma
só Pessoa Divina, ou um só Eu, mas duas naturezas (a divina e a humana). 22
Historicamente, essas igrejas têm origem nas comunidades cristãs de Antioquia,
Alexandria, Corinto e Tessalônica. A cisão, ocorrida definitivamente
no século XI, se deu pelo fato de os cristãos orientais não aceitarem a supremacia
dos bispos de Roma, quando a sede do Império romano foi transferida
para Constantinopla, no ano 330. As divergências se acentuam doutrinária
e politicamente, sobretudo nos séculos V e VI. Após o segundo concílio de
Nicéia (em 787), os orientais não aceitam mais o ecumenismo dos concílios, o
celibato dos padres nem a santíssima trindade. 10
A hierarquia sacerdotal é composta de diáconos, padres, bispos, arcebispos,
metropolitas e patriarcas. O celibato é obrigatório apenas para os bispos, não
para os padres, embora o casamento deva ocorrer antes da ordenação. A Igreja
Ortodoxa tem claustros e monges. Costuma ser chamada de Igreja da Ressurreição,
porque dá ênfase à ressurreição do Cristo, em suas prédicas. Tem sete
sacramentos e acredita no Dia do Juízo Final. Os serviços religiosos atraem a
curiosidades popular pela beleza que oferecem. As igrejas são construídas como
o Templo de Salomão, em Jerusalém: há um vestíbulo com a pia batismal; a
nave, onde a congregação permanece durante o ofício religioso; o santuário,
oculto atrás de um biombo, e que corresponde ao «Santo dos santos» do templo
judaico. Apenas o padre tem permissão de entrar no santuário. Durante o serviço
religioso a congregação pode ver, a distância, o santuário. O biombo que
oculta o santuário se chama iconostas (parede de imagens), porque é coberto
de pinturas religiosas, ou ícones, típicos da Igreja Ortodoxa. 11
350
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. CURTIS. A. Kenneth, J. Stephen Lang, Randy Petersen. Os 100 acontecimentos
mais Importantes da história do cristianismo. Tradução de Emirson
Justino. 1 ed. São Paulo: Editora Vida, 2003. Ano 405, p. 51-52.
2. DENIS, Léon. Cristianismo e espiritismo. Tradução de Leopoldo Cirne. 12.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Cap. 5 (Relação com os espíritos dos mortos),
p. 63-64.
3. DUFY, Eamon. Santos e pecadores; história dos papas. Tradução de Luiz
Antônio Araújo.São Paulo: Cosac e Naify, 1998. Cap. 1 (Sobre esta pedra),
item 1: de Jerusalém a Roma, p.6.
4. _______. Item 2: Os bispos de Roma, p.9.
5. _______. Item 4: O nascimento da Roma papal, p. 28-29.
6. ENCICLOPÉDIA MIRADOR INTERNACIONAL. São Paulo, 1995. Vol.
5. Itens 1 e 2, p. 2176.
8. ______. Item 11, p. 2178.
9.______. Vol. 11, p 5969.
10.______. p. 5969-5970.
11. HELLEN, V., NOTAKER, H. E GAARDER,J. O livro das religiões. Tradução
de Isa Mara Lando. São Paulo: Companhia das Letras, 2000, item:a igreja
ortodoxa, p.191-194.
12. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 15 (A evolução do Cristianismo),
item: Os apologistas, p. 135-136.
13. ______. Item: Constantino, p. 137.
14. ______. Item: o papado, p.138.
15. ______. Cap. 16 (A Igreja e a invasão dos bárbaros), item: vitórias do
Cristianismo, p. 139-140.
16. ______. item: Primórdios do catolicismo, p. 140-141.
17 . ______. Item: A igreja de Roma p.141-142.
18. ______. cap. 17 (A idade medieval), item: Os mensageiros de Jesus, p.
147
19. http://www.arqnet.pt/portal/universal/cruzadas/
20. http://www.eduquenet.net/ritoscristianismo.htm
21. http://pt.wikipedia.org/wiki/Nest%C3%B3rio
22. 18 http://www.veritatis.com.br/artigo.asp?pubid=1670
REFERÊNCIAS
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