Caridade com os Criminosos
Elisabeth de França
Havre, 1862
14. A verdadeira caridade é um dos mais sublimes ensinamentos de Deus
para o mundo. Entre os verdadeiros discípulos da sua doutrina deve
reinar perfeita fraternidade. Deveis amar os infelizes, os criminosos,
como criaturas de Deus, para as quais, desde que se arrependam, serão
concedidos o perdão e a misericórdia, como para vós mesmos, pelas faltas
que cometeis contra a sua lei. Pensai que sois mais repreensíveis, mais
culpados que aqueles aos quais recusais o perdão e a comiseração,
porque eles quase sempre não conhecem a Deus, como o conheceis, e lhes
será pedido menos do que a vós.
Não julgueis, oh! Não julgueis, meus queridos amigos, porque o juízo
com que julgardes vos será aplicado ainda mais severamente, e tendes
necessidade de indulgência para os pecados que cometeis sem cessar. Não
sabeis que há muitas ações que são crimes aos olhos do Deus de pureza,
mas que o mundo não considera sequer como faltas leves?
A verdadeira caridade não consiste apenas na esmola que dais, nem
mesmo nas palavras de consolação com que as acompanhais. Não, não é isso
apenas que Deus exige de vós! A caridade sublime, ensinada por Jesus,
consiste também na benevolência constante, e em todas as coisas, para
com o vosso próximo. Podeis também praticar esta sublime virtude para
muitas criaturas que não necessitam de esmolas, e que palavras de amor,
de consolação e de encorajamento conduzirão ao Senhor.
Aproximam-se os tempos, ainda uma vez vos digo, em que a grande
fraternidade reinará sobre o globo. Será a lei de Cristo a que regerá os
homens: somente ela será freio e esperança, e conduzirá as almas às
moradas dos bem-aventurados. Amai-vos, pois, como os filhos de um mesmo
pai; não façais diferenças entre vós e os infelizes, porque Deus deseja
que todos sejam iguais; não desprezeis a ninguém. Deus permite que os
grandes criminosos estejam entre vós, para vos servirem de ensinamento.
Brevemente, quando os homens forem levados à prática das verdadeiras
leis de Deus, esses ensinamentos não serão mais necessários, e todos os
Espíritos impuros serão dispersados pelos mundos inferiores, de acordo
com as suas tendências.
Deveis a esses de que vos falo o socorro de vossas preces: eis a
verdadeira caridade. Não deveis dizer de um criminoso: "É um miserável;
deve ser extirpado da Terra; a morte que se lhe inflige é muito branda
para uma criatura dessa espécie" . Não, não é assim que deveis falar!
Pensai no vosso modelo, que é Jesus. Que diria ele, se visse esse
infeliz ao seu lado? Havia de lastimá-lo, considerá-lo como um doente
muito necessitado, e lhe estenderia a mão. Não podeis, na verdade, fazer
o mesmo, mas pelo menos podeis orar por ele, dar-lhe assistência
espiritual durante os instantes que ainda deve permanecer na Terra. O
arrependimento pode tocar-lhe o coração, se orardes com fé. É vosso
próximo, como o melhor dentre os homens. Sua alma, transviada e
revoltada, foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajudai-o,
pois, a sair do lamaçal, e orai por ele!
15. Um homem está em perigo de morte. Para salvá-lo, deve expor a
própria vida. Mas sabe-se que é um malvado, e que, se escapar, poderá
cometer novos crimes. Deve-se, apesar disso, arriscar-se para o salvar?
Lamennais
Paris, 1862
Esta é uma questão bastante grave, e que pode naturalmente
apresentar-se ao espírito. Responderei segundo o meu adiantamento moral,
desde que se trata de saber se devemos expor a vida, mesmo por um
malfeitor. A abnegação é cega. Socorre-se a um inimigo; deve-se socorrer
também a um inimigo da sociedade, numa palavra, a um malfeitor. Credes
que é somente à morte que se vai arrebatar esse desgraçado? É talvez a
toda a sua vida passada. Porque, _ pensai nisso, _ nesses rápidos
instantes que lhe arrebatam os últimos momentos da vida, o homem perdido
se volta para a sua vida passada, ou melhor, ela se ergue diante dele. A
morte, talvez, chegue muito cedo para ele. A reencarnação poderá ser
terrível. Lançai-vos, pois, homens! Vós, que a ciência espírita
esclareceu, lançai-vos, arrancai-o ao perigo! E então, esse homem, que
teria morrido injuriando-vos, talvez se atire nos vossos braços.
Entretanto, não deveis perguntar se ele o fará ou não, mas correr em seu
socorro, pois, salvando-o, obedeceis a essa voz do coração que vos diz:
"Podeis salvá-lo; salvai-o".
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Evangelho Segundo O Espiritismo
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Continuação do Tema em Aprendizado e Estudo.
INESPERADA OBSERVAÇÃO
Irmão X
Assim que a fama de Jesus Se espalhou fartamente, dizia-se, em torno de Genesaré, que o Messias jamais desprezava o ensejo de ensinar o bem, através de todos os quadros da natureza.
Ante as ondas revoltas, comentava as paixões que devastam a criatura; contemplando algum ninho com filhotes tenros, exaltava a sublimidade dos elos da família; à frente das flores campesinas louvava a tranqüilidade e a segurança das coisas simples; ouvindo o cântico das aves, reportava-se às harmonias do alto. Ocasião houve em que de uma semente de mostarda extraiu glorioso símbolo para a fé e, numa tarde fulgurante de pregação consoladora, encontrara inesquecíveis imagens do Reino de Deus, lembrando um trigal. Explanou sobre o amor celeste, recorrendo a uma dracma perdida, e surgiu um instante, ó surpresa divina, em que o Cristo subtraíra infortunada pecadora ao apedrejamento, usando palavras que lhe denunciavam a perfeita compreensão da justiça!
Reconhecida e proclamada a sabedoria d’Ele, porfiavam os discípulos em lhe arrancarem referências nobres e sábias palavras. Por mais se revezassem na exposição de feridas e maldades humanas, curiosos de apreender-lhe a conceituarão da vida, o Mestre demonstrava incessantes recursos na descoberta da “melhor parte”.
Como ninguém, sabia advogar a causa dos infelizes e identificar atenuantes para as faltas alheias, guardado o respeito que sempre consagrou à ordem. Guerreava abertamente o mal e chicoteava o pecado. Entretanto, estava pronto invariàvelmente ao socorro e amparo das vítimas. Se vivia de pé contra os monstros da perversidade e da ignorância, nunca foi observado sem compaixão para com os desventurados e falidos da sorte. Levantava e animava sempre. Estimulava as qualidades superiores sem descanso, surpreendia ângulos iluminados nas figuras aparentemente trevosas.
Impressionados com aquela feição d’Ele, Tiago e João, certa feita, ao regressarem de rapida estada em Cesareia, traziam, espantados, o caso de um ladrão confesso, que fora ruidosamente trancafiado no cárcere...
Pisando Cafarnaum, de retorno, Tiago disse ao irmão, após relacionar as dificuldades do prisioneiro:
– Que diria o Senhor se viesse a sabê-la. Tiraria ilações benéficas de acontecimento tão escabroso?
Ouvido pelo irmão, com indisfarçável interesse, rematou:
– Dar-lhe-ei notícias do sucedido.
Com efeito, depois de abraçarem Jesus, de volta, o filho de Zebedeu passou a narrar-lhe a ocorrência desagradável, em frases longas e inúteis.
– O criminoso de Cesareia – descreveu, prolixo – fora preso em flagrante, em seguida a audaciosa tentativa de roubo, que perdurara por seis meses consecutivos. Conhecia, através de informações, vasto ninho de jóias pertencentes a importante família romana e, por cento e oitenta dias, cavara ocultamente a parede rochosa, de modo a pilhar as preciosidades, sem testemunhas. Fizera-se passar por escravo misérrimo, sofrera açoites na carne, padecera fome e sede, por determinações de capatazes insolentes, trabalhara de sol a sol num campo não distante da residência patrícia, tão só para valer-se da noite, na transposição do obstáculo que o inibia de apropriar-se dos camafeus e das pedras, das redes de ouro e dos braceletes de brilhantes. Na derradeira noite de trabalho sutil, foi seguido pela observação de um guarda cuidadoso e, quando mergulhava as mãos ávidas no tesouro imenso, eis que dois vigilantes espadaúdos agarram-no pressurosos. Buscou escapar, mas debalde. Rudes bofetadas amassaram-lhe o rosto e dos braços duramente golpeados corria profusamente o sangue. Aturdido, espancado, depois de sofrer pesadas humilhações, o infeliz, agonizando, fora posto a ferros em condições nas quais, talvez, não lhe seria dado esperar a sentença de morte...
O Mestre ouviu a longa narrativa em silêncio e, porque observasse a atitude expectante dos aprendizes, neles fixou o olhar percuciente e doce e falou:
Se a prática do mal exige tanta inteligência e serviço de um homem, calculemos a nossa necessidade de compreensão, devotamento e perseverança no sacrifício que nos reclama a execução do verdadeiro bem.
Logo após, afastou-se, pensativo, enquanto os dois jovens companheiros se entreolhavam, surpresos, sem saberem que replicar.
Livro “Luz Acima”. Psicografia de Francisco Cândido Xavier.
Continuação no aprendizado do tema do Evangelho Segundo O Espiritismo.
FRUTOS
Hilário Silva
- Reconheço no Evangelho o livro da salvação, mas decididamente não concordo. Não concordo em que os espíritas de afirmem cristãos.
Era um negociante do Recife, muito ligado às tarefas de evangelização, dirigindo-se a Djalma de Farias, então benemérito lidador da Doutrina Espírita na capital pernambucana.
- Imagine só – e apontando para um homem sob pesado fardo na rua -, aquele é Secundino, que esteve na cadeia por mais de oito anos. Beberrão contumaz, assassinou um companheiro de quarto que lhe negará alguns vinténs, e, por causa dele, morreu a esposa e um filhinho da vítima, em triste miséria. Isso aconteceu aqui mesmo, perto de nós. Entretanto, hoje diz que é espírita. Lê comentários do Novo Testamento. Fala sobre Jesus. Não é o caso do demônio que, depois de velho, se fez ermitão?
Farias, porém, objetou, muito afável:
- Meu caro, veja lá o que diz. Não será esse um caso para louvar? Pois se vemos um delinqüente regenerado, um homem problema tornar-se útil... Você é leal servidor do Evangelho. Vamos lá! E Jesus? O Mestre foi o remédio dos enfermos, o equilíbrio dos loucos, a visão dos cegos, o movimento dos paralíticos... O papel da religião não será ajudar, restaurar, reviver?
Surpreendendo-se desarmado de argumentação mais sólida, o comerciante aduziu:
- Para mim nada disso vale. Só a palavra do Evangelho é verdadeira. Quero a letra da lei...
- E você tem aí o Testamento do Cristo? – indagou Farias com humildade.
- Como não, gritou o opositor enervado – estudo o Evangelho de ponta a ponta.
E sacou do bolso pequenino exemplar.
- Então, abra o livro – pediu Djalma -, é sempre impossível que não tenhamos resposta justa.
O lojista descerrou as páginas, com segurança, e surgiram aos olhos de ambos as palavras de Cristo no versículo trinta e três do capítulo doze, nas anotações de Mateus: “... pelo fruto se conhece a árvores.”
Espírito: Hilário Silva - Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
Livro: A Vida Escreve – Primeira Parte – Médium: Waldo Vieira
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Prece por um Criminoso ( Evangelho Segundo O Espiritismo)
Por Um Criminoso
69. Prefácio _ Se a eficácia das preces estivesse na razão da sua
extensão, as mais longas deviam ser reservadas para os mais culpados,
porque eles têm mais necessidade do que aqueles que viveram santamente.
Recusá-las aos criminosos é faltar à caridade e desconhecer a
misericórdia de Deus. Pensar que são inúteis, porque um homem cometeu
faltas muito graves, seria prejulgar a justiça do Altíssimo. (Cap. XI,
nº 14).
70. Prece _ Senhor Deus de Misericórdia, não repudieis esse criminoso
que acaba de deixar a Terra! A justiça dos homens pode condená-lo, mas
isso não o livra da vossa justiça, caso o seu coração não tenha sido
tocado pelo remorso. Tirai-lhe a venda que lhe oculta a gravidade de
suas faltas, e possa o seu arrependimento merecer a vossa graça, para
que se aliviem os sofrimentos de sua alma! Possam também as nossas
preces, e a intercessão dos Bons Espíritos, levar-lhe a esperança e
consolação; inspirar-lhe o desejo de reparar as suas más ações, através
de uma nova existência; e dar-lhe a força necessária para não sucumbir
nas novas lutas que terá de enfrentar! Senhor, tende piedade dele!
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sábado, 12 de janeiro de 2013
Caridade com os Criminosos:"(...)Será a lei de Cristo a que regerá os homens: somente ela será freio e esperança, e conduzirá as almas às moradas dos bem-aventurados. Amai-vos, pois, como os filhos de um mesmo pai; não façais diferenças entre vós e os infelizes..." (...) Se a prática do mal exige tanta inteligência e serviço de um homem, calculemos a nossa necessidade de compreensão, devotamento e perseverança no sacrifício que nos reclama a execução do verdadeiro bem...(...) Recusá-las aos criminosos é faltar à caridade e desconhecer a misericórdia de Deus. Pensar que são inúteis, porque um homem cometeu faltas muito graves, seria prejulgar a justiça do Altíssimo...
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quinta-feira, 10 de janeiro de 2013
Jeová dá lições sobre formas de mediunidade
Jeová ou Iavé, o Deus de Israel, como já vimos anteriormente,
era o Espírito Guia do povo hebreu. Para os povos antigos, os Espíritos eram
Deuses e o Deus de cada povo era a Divindade Suprema. Esse o motivo pelo qual
Jeová se apresentava ao seu povo como se fosse o próprio Deus único. E como se
apresentava ele? Através da mediunidade, ensinando aos homens rudes do tempo as
verdades espirituais que deveriam frutificar no futuro. É por isso que
encontramos, nas páginas da Bíblia, não só o relato de fenômenos espíritas
ocorridos com o povo hebreu, mas também ensinamentos precisos e claros sobre a
mediunidade.
Logo após os episódios que comentamos, com fenômenos de
materialização e de comunicações, O Livro
dos Médiuns fornece-nos outros, em que vemos Jeová ensinar que a
mediunidade tem várias formas, como o ensina hoje o Espiritismo. A Bíblia está
cheia desses ensinos, que só não vêem os cegos ou os que não querem ver. Basta
o leitor ler a Bíblia, de qualquer tradução, católica ou protestante, no Livro
de Números, capítulo 12. Pode ler todo o capítulo, ou apenas os versículos 5 a
8. Nestes versículos, Jeová dá aos hebreus uma das lições que só muito mais
tarde apareceria de novo, mas então em O
Livro dos Médiuns, de Allan Kardec. Vejamo-la.
Miriam e Aarão falavam mal de Moisés, por haver ele tomado
uma nova mulher, de origem cusita (era a mulher negra de Moisés). Ora, Jeová
não gostou disso e subitamente “desceu da nuvem”, para repreendê-los. Descer da
nuvem é materializar-se, pois a nuvem é simplesmente a formação de ectoplasma,
como a Bíblia deixa bem claro nos seus relatos. Imagina-se o Senhor do Universo,
o Deus-Pai do Evangelho, fazendo esse papel de alcoviteiro! Seria absurdo
tomarmos esse Jeová, sempre imiscuído nos assuntos domésticos, pelo próprio
Deus! Como espírito-guia, podemos compreendê-lo. E é como espírito-guia que ele
repreende os maldizentes, castiga Miriam, mas antes ensina:
Primeiro, diz ele que pode manifestar-se aos profetas
(médiuns) por meio de visão (da vidência) ou de sonhos. Depois, lembrando que
Moisés é o seu instrumento para direção do povo, esclareceu: “Não é assim com o
meu servo Moisés, que é fiel em toda a minha casa”, e acrescenta: “Boca a boca
falo com ele, claramente, e não por enigmas”. Cinco formas da mediunidade
figuram no ensino bíblico: 1) a de vidência; 2) a de desprendimento, ou
sonambúlica; 3) a de materialização; 4) a de voz-direta; e 5) a de audiência. O
próprio Jeová ensinava a mediunidade, como o apóstolo Paulo, em I Coríntios,
ensinaria mais tarde a fazer uma sessão mediúnica.
Visão Espírita da BíbliaHerculano Pires
Moisés praticava e desejava a mediunidade bem orientada
As pretensas condenações da Bíblia ao Espiritismo são
condenações das práticas de magia, que os judeus haviam aprendido na Babilônia
e no Egito, e que iriam encontrar também em Canaã, pois os cananitas
(habitantes da Palestina) como todos os povos antigos, davam-se a essas
práticas. Mas nos mesmos livros da Bíblia, em que aparecem essas condenações,
há numerosas ordenações que os mais aferrados seguidores da Bíblia não obedecem.
Um pastor nos respondeu, em programa de televisão, que a sua igreja cumpria a
palavra de Deus pela metade. O que vale dizer que a palavra de Deus é por ela
desrespeitada. Preferimos cumprir a palavra de Deus integralmente, e por isso
evitamos confundi-la com as palavras humanas e com a legislação envelhecida de
povos antigos.
Conforme prometemos, vamos hoje demonstrar que Moisés, o
grande legislador judeu, médium de excepcionais faculdades, não condenou, mas
praticou a mediunidade e desejava vê-la praticada pelo seu povo. Quanto à
prática da mediunidade por Moisés, não precisamos fazer novas citações. Ele
recebia espíritos, conversava com espíritos, evocava espíritos, e além disso
fazia-se acompanhar no deserto por uma equipe de médiuns, provocando até mesmo
fenômenos de materialização. Isso tudo já demonstramos. Mas vamos agora a um
episódio que pastores e padres não citam, mas que está na Bíblia, em todas as
traduções.
O professor Romeu do Amaral Camargo, que foi diácono da I
Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo, comenta esse episódio em seu
livro espírita De cá e de Lá. É o
constante do livro de Números, capítulo 11, versículos 26 a 29. Foi logo após a
reunião dos setenta médiuns na tenda, para a manifestação de Jeová.
Dois médiuns haviam ficado no campo: Eldad e Medad. E lá
mesmo foram tomados e profetizavam, ou seja, davam comunicações de espíritos.
Um jovem correu e denunciou o fato a Josué. Este pediu a Moisés que proibisse
as comunicações.
A resposta de Moisés é um golpe de morte em todas as
pretensas condenações do Espiritismo pela Bíblia. Eis o que diz o grande condutor
do povo hebreu: “Que zelos são esses, que mostras por mim? Quem dera que todo o
povo profetizasse, e que o Senhor lhe desse o seu espírito!” Comenta o
professor Camargo: “Médium de extraordinárias faculdades, Moisés sabia que
Eldad e Medad não eram mercenários nem mistificadores, não procuravam
comunicar-se com o mundo invisível, mas eram procurados pelos espíritos”. Como
acabamos de ver, Moisés aprovava a mediunidade pura que o Espiritismo aprova e
defende. Mas o pior cego é o que não quer ver, principalmente quando fechar os
olhos é conveniente e proveitoso.
Visão Espírita da Bíblia
Visão Espírita da Bíblia
Moisés proibiu precisamente o que o Espiritismo proíbe
A condenação do Espiritismo pela Bíblia, que é a mais citada
e repetida, figura no capítulo 18 do Deuteronômio. É a condenação de Moisés,
que vai do versículo 9 ao 14. A tradução, como sempre, varia de um tradutor
para outro, e às vezes nas diversas edições da mesma tradução. Moisés proíbe os
judeus, quando se estabeleceram em Canaã, de praticar estas abominações: fazer
os filhos passarem pelo fogo; entregar-se à adivinhação, prognosticar, agourar
ou fazer feitiçaria; fazer encantamento, necromancia, magia, ou consultar os
mortos. E Moisés acrescenta, no versículo 14: “Porque essas nações, que hás de
possuir, ouvem os prognosticadores e os adivinhadores, porém a ti o Senhor teu
Deus não permitiu tal coisa”. Assim está na tradução de Almeida, mas variando
de forma, por exemplo, na edição das Sociedades Bíblicas Unidas e na edição
mais recente da Sociedade Bíblica do Brasil.
Na primeira dessas edições (ambas da mesma tradução de João
Ferreira de Almeida) lê-se, por exemplo: “quem pergunte a um espírito
adivinhante”, e na segunda: “quem consulte os mortos”. Na tradução de Antonio
Pereira de Figueiredo, lê-se: “nem quem indague dos mortos a verdade”. Qual
delas estará mais de acordo com o texto? Seja qual for, pouco importa, pois a
verdade dita pelos mortos ou pelos vivos (estes, mortos na carne) é que tudo
isso que Moisés condena, também o Espiritismo condena. Não esqueçamos, porém,
de que a condenação de Moisés era circunstancial, pois os povos de Canaã, que
os judeus iam conquistar a fio de espada, eram os que praticavam essas coisas.
Mas a condenação do Espiritismo é permanente e geral, pois o Espiritismo, sendo
essencialmente cristão, não se interessa por conquistas guerreiras e não faz
divisão entre os povos.
Kardec adverte em O
Evangelho segundo o Espiritismo, livro de estudo das partes morais do
Evangelho: “Não soliciteis milagres nem prodígios ao Espiritismo, porque ele
declara formalmente que não os produz”. (capítulo XXI, item 7). Em O Livro dos Médiuns, Kardec adverte: “Julgar
o Espiritismo pelo que ele não admite é dar prova de ignorância e desvalorizar
a própria opinião” (primeira parte, capítulo II, item 14). Em A Gênese e em O Livro dos Espíritos, como nos já citados, Kardec esclarece que a
finalidade da prática espírita é moralizar os homens e os povos. Quem conhece o
Espiritismo sabe que todo interesse pessoal, particular, é rigorosamente
condenado. Adivinhações, agouros, feitiçaria, encantamentos, consultas
interesseiras, são práticas de magia antiga, que Moisés condenou, como o
Espiritismo condena hoje. Mas o próprio Moisés aprovou a mediunidade
moralizadora, a prática espiritual da relação com o mundo invisível, como veremos.
Visão Espírita da Bíblia
Herculano Pires
Visão Espírita da Bíblia
Herculano Pires
Comunicações de Espíritos e materialização na Bíblia
O ministério dos anjos, esse ministério divino, a que o
apóstolo Paulo se referiu tantas vezes, é exercido através da mediunidade. A própria
Bíblia nos relata uma infinidade de comunicações mediúnicas. Veja-se, por
exemplo, as palavras do rei Samuel, em Provérbios, 31:1-9, que, segundo o texto
bíblico, são “a profecia com que lhe ensinou sua mãe”. Temos ali uma
comunicação espírita integralmente reproduzida na Bíblia. A mãe do rei Samuel
(não em forma de anjo, mas na sua própria forma humana) aparece ao Rei e lhe
dita a mensagem.
A Bíblia condenou essa comunicação? Não. Pelo contrário,
aprovou-a e transcreveu-a. Em Números 11:23-25, temos a descrição de dois fatos
mediúnicos valiosos. Primeiro, o Senhor fala a Moisés. Depois, Moisés reúne os
setenta anciãos, formando uma roda, e o Senhor se manifesta materialmente,
descendo numa nuvem. Temos a comunicação pessoal de Jeová a Moisés, e a seguir
o fenômeno evidente de materialização de Jeová, através da mediunidade dos
anciãos, reunidos para isso na tenda. A nuvem é a formação de ectoplasma na
qual o espírito se corporifica.
Só os que não conhecem os fenômenos espíritas podem aceitar
que ali se deu um milagre, um fato sobrenatural. E podem aceitar, também, a
manifestação do próprio Deus. Longe disso. Jeová era o espírito protetor de
Israel, que se apresentava como Deus, porque a mentalidade dos povos do tempo
era mitológica, e os espíritos eram considerados deuses. O filósofo Tales de
Mileto já dizia, na Grécia, cinco séculos antes de Cristo: “O mundo é cheio de
deuses”. Os espíritos elevados eram considerados deuses benéficos, e os
espíritos inferiores eram deuses maléficos. Daí a invenção do Diabo, como
concorrente de Deus no domínio do mundo e das almas.
Deuses, anjos e demônios, da Bíblia, dos Vedas, do Alcorão,
de todos os livros sagrados, nada mais são do que espíritos. Como podem essas
criaturas condenar o Espiritismo? Elas são a prova tradicional da verdade
espírita, ao longo da História, como ensina Kardec. O que Moisés condenou foi
apenas o abuso da mediunidade. Isso o Espiritismo também condena.
Livro: Visão Espírita da Bíblia.
Herculano Pires
Livro: Visão Espírita da Bíblia.
Herculano Pires
terça-feira, 8 de janeiro de 2013
O JUGO LEVE
"Vinde
a mim todos vós que estais aflitos e sobrecarregados que eu vos aliviarei."
- Mateus, (cap. XI, v. 28)
Jesus
humanizado é o grande médico das almas, que as conhecendo em profundidade,
apresenta a terapia recuperadora, ao tempo que oferece a libertadora, que evita
novos comprometimentos. Conhecendo a causalidade que desencadearia as
aflições que as geraram, propõe como recurso melhor para
a total liberação do seu contingente perturbador a conquista da
luz interna, superando toda a sombra que campeia nas consciências.
Essa claridade incomparável capaz de anular todos os prejuízos e evitar novas projeções de sofrimentos é o cultivo do amor, sustentado pela oração que se converte em canal de irrigação da energia que procede de Deus e vitaliza a criatura humana. Com esse recurso incomparável, a docilidade no trato com o semelhante permite que as Forças espirituais que promanam das imarcescíveis regiões da plenitude alcancem a intimidade daquele que ora, nele produzindo o milagre da harmonia e da claridade interior permanentes.
Essa claridade incomparável capaz de anular todos os prejuízos e evitar novas projeções de sofrimentos é o cultivo do amor, sustentado pela oração que se converte em canal de irrigação da energia que procede de Deus e vitaliza a criatura humana. Com esse recurso incomparável, a docilidade no trato com o semelhante permite que as Forças espirituais que promanam das imarcescíveis regiões da plenitude alcancem a intimidade daquele que ora, nele produzindo o milagre da harmonia e da claridade interior permanentes.
O
Homem-Jesus, absolutamente lúcido e conhecedor do SELF que Lhe mantinha
a organização humana não havendo qualquer espaço
sombra, o lado escuro que devesse ser penetrado, a fim de erradicar mazelas,
desde que o houvera superado em experiências multifárias nas Esferas
Superiores de onde provinha.
Encarnando-se na Terra, não fugiu ao confrontos com as imposições dominantes entre os Seus coevos, mantendo-se imperturbável, mas não insensível aos seus desmandos e irreflexões, loucuras e infantilidades evolutivas, razão porque procurava extirpar do cerne das vidas que O buscavam os agentes geradores das aflições que as esmagavam, e os levavam à hediondez, ao crime, à mentira, ao ódio, novos desencadeadores de futuras inquietações. O Seu fardo se fazia leve, porque estruturado em claridade diamantina, sem qualquer contingente de tormento, ensejando o alívio imediato ao penetrar na projeção do Seu pensamento irradiante que cindia toda treva.
N'Ele estavam os recursos valiosos para a saúde espiritual, conseqüentemente, de natureza moral, emocional, física.. O ser humano é o somatório das suas aspirações e necessidades, mas também o resultado de como aplica esses recursos que o podem escravizar ou libertar. A predominância da sombra ou do lado escuro, é efeito compreensível da ignorância ou do acumpliciamento com o crime, derivado da preservação dos instintos primários em predominância no seu comportamento.
Enquanto não seja diluída essa sombra, facultando o entendimento das responsabilidades e dos compromissos que favorecem o progresso, mais se aturde na escuridão aquele que deseja encontrar rumos que não são visíveis. A sua existência se torna um pesado fardo para conduzir, um tormento mental e conflitivo na consciência entenebrecida. O amor, que significa conquista emocional superior, rompe a densidade da ignorância enquanto a oração dilui as espessas ondas escuras que envolvem o discernimento.
Mediante o amor, o ser descobre o sentido existencial, tornando-se humano, isto é, adquirindo sentimento de humanidade com libertação da alta carga de animalidade nele prevalecente, compreendendo a necessidade de compartilhar com o seu irmão o que tenha, mas também de repartir quanto o enriquece. Através da oração identifica-se com outras ondas psíquicas e impregna-se de energias saturadoras de paz, bem como enriquecedoras de alegria de viver e de crescer no rumo da plenitude.
A soberba, filha dileta do egoísmo, que lhe faculta atribuir-se um valor que ainda não possui, cede lugar à humildade que o ajuda a visualizar a grandeza da Vida e a pequenez em que ainda se debate, incitando-o à coragem e à abnegação, como o devotamento às causas de enobrecimento em que se engajará, buscando os objetivos reais agora vislumbrados e fascinantes.
Toda a terapêutica proposta por Jesus é libertadora, total e sem recuo. Ele não se detém à borda do problema, mas identifica-o, despertando o problematizado para que não reincida no erro, no comprometimento moral com a consciência, a fim de que não lhe aconteça algo pior, quais sejam a amargura sem consolo, a expiação sem alternativa, o impositi vo do resgate compulsório.
Esse Homem singular sempre foi peremptório na proposta da decisão de cada um, respeitando o livre-arbítrio, o direito de escolha que é inalienável, definindo os rumos da felicidade terrena, que prosseguiriam no reino dos Céus, ou demonstrando que através do sofrimento resignado, bem vivido, já se devassavam as fronteiras do reino, embora ainda no mundo físico.
Encarnando-se na Terra, não fugiu ao confrontos com as imposições dominantes entre os Seus coevos, mantendo-se imperturbável, mas não insensível aos seus desmandos e irreflexões, loucuras e infantilidades evolutivas, razão porque procurava extirpar do cerne das vidas que O buscavam os agentes geradores das aflições que as esmagavam, e os levavam à hediondez, ao crime, à mentira, ao ódio, novos desencadeadores de futuras inquietações. O Seu fardo se fazia leve, porque estruturado em claridade diamantina, sem qualquer contingente de tormento, ensejando o alívio imediato ao penetrar na projeção do Seu pensamento irradiante que cindia toda treva.
N'Ele estavam os recursos valiosos para a saúde espiritual, conseqüentemente, de natureza moral, emocional, física.. O ser humano é o somatório das suas aspirações e necessidades, mas também o resultado de como aplica esses recursos que o podem escravizar ou libertar. A predominância da sombra ou do lado escuro, é efeito compreensível da ignorância ou do acumpliciamento com o crime, derivado da preservação dos instintos primários em predominância no seu comportamento.
Enquanto não seja diluída essa sombra, facultando o entendimento das responsabilidades e dos compromissos que favorecem o progresso, mais se aturde na escuridão aquele que deseja encontrar rumos que não são visíveis. A sua existência se torna um pesado fardo para conduzir, um tormento mental e conflitivo na consciência entenebrecida. O amor, que significa conquista emocional superior, rompe a densidade da ignorância enquanto a oração dilui as espessas ondas escuras que envolvem o discernimento.
Mediante o amor, o ser descobre o sentido existencial, tornando-se humano, isto é, adquirindo sentimento de humanidade com libertação da alta carga de animalidade nele prevalecente, compreendendo a necessidade de compartilhar com o seu irmão o que tenha, mas também de repartir quanto o enriquece. Através da oração identifica-se com outras ondas psíquicas e impregna-se de energias saturadoras de paz, bem como enriquecedoras de alegria de viver e de crescer no rumo da plenitude.
A soberba, filha dileta do egoísmo, que lhe faculta atribuir-se um valor que ainda não possui, cede lugar à humildade que o ajuda a visualizar a grandeza da Vida e a pequenez em que ainda se debate, incitando-o à coragem e à abnegação, como o devotamento às causas de enobrecimento em que se engajará, buscando os objetivos reais agora vislumbrados e fascinantes.
Toda a terapêutica proposta por Jesus é libertadora, total e sem recuo. Ele não se detém à borda do problema, mas identifica-o, despertando o problematizado para que não reincida no erro, no comprometimento moral com a consciência, a fim de que não lhe aconteça algo pior, quais sejam a amargura sem consolo, a expiação sem alternativa, o impositi vo do resgate compulsório.
Esse Homem singular sempre foi peremptório na proposta da decisão de cada um, respeitando o livre-arbítrio, o direito de escolha que é inalienável, definindo os rumos da felicidade terrena, que prosseguiriam no reino dos Céus, ou demonstrando que através do sofrimento resignado, bem vivido, já se devassavam as fronteiras do reino, embora ainda no mundo físico.
Essa
visão de profundidade define o Messias nazareno como a Luz que veio ao
mundo e o mundo a recusou, preferindo a densidade do nevoeiro envolvente e alucinante.
Sóbrio e austero, sem dureza ou crueldade, sempre compassivo mas não
conivente, demonstrou pelo exemplo como viver-se em equilíbrio e morrer-se
em serenidade, mesmo que através de qualquer flagício imposto.
Ninguém houve que mantivesse tanta serenidade na alegria da pregação da Boa Nova, sem a exaltação que tisna a beleza do conteúdo da Mensagem ou receio de que ela demorasse a se implantar no coração da Humanidade, não importando o tempo que fosse necessário, o que, realmente, é de significado secundário. O Espírito é eterno e a relatividade temporal é sempre sucedida pela sua perenidade.
Feliz aquele que opta por experimentar o bem-estar no momento em que respira e entende; desditoso aquele que, conhecendo a forma para tornar-se pleno posterga a oportunidade, aguardando os impositivos inevitáveis da sujeição e do sofrimento para resolver-se pelo adquirir o que rejeitara anteriormente.
Sob outro aspecto, Ele nunca se apresentou como solucionador de problemas, antes invitou a todos a fazerem a sua parte, a se responsabilizarem pelos próprios deveres, tornando-se o Educador que sempre se fez compreender, nunca transferindo responsabilidades que a cada qual pertecem,como mecanismos falsos para atrair ou gerar proselitismo em torno da Sua pessoa.
Diferindo de todos os demais homens, não se revestiu de aspecto excêntrico ou tomou atitudes aberrantes para chamar a atenção, mantendo-se sempre o mesmo, preservando o critério da seleção natural pelo mérito de cada discípulo que se Lhe associasse ao Ministério.
Era compreensível, portanto, que a comunidade judaica do Seu tempo, e a sociedade quase em geral de todos os tempos, não aceitassem o Seu método. Acostumados que se encontram os homens ao vazio do comportamento moral às concessões da mentira e da bajulação, aos esconsos compromissos seletivos, viam-nO e ainda O vêem alguns indivíduos como um violador dos costumes - infelizes, é certo - que predominam nas consciências ensombradas de governantes insensatos e das massas desgovernadas.
Não obstante, Ele permaneceu fiel ao Seu compromisso, sem o alterar para iludir ou arrebanhar simpatizantes. Sua austeridade e misericórdia conquistavam naturalmente sem promessas mentirosas, nem concessões inúteis, dando o primeiro sinal para o despertar para a Verdade, passo indispensável para futuras revoluções internas que seriam operadas no cerne de cada qual.
É incomparável Jesus, o responsável pelo fardo leve, em razão da Sua autoridade moral, ainda não totalmente reconhecida pela psicologia profunda, como o Homem de palavras claras, de ensinamentos sem dubiedades, de vivência sem recalques ou fugas.
Veio instruir e consolar mediante o exemplo de dedicação, jamais se acomodando ao modus vivendi e operandi, abrindo sulcos novos no solo dos corações para neles ensementar as palavras seguras e medicamentosas para a preservação da saúde e da vida. Ante os desafios mais vigorosos e as situações mais inclementes, não desistir dos ideais de beleza, não ceder espaço ao mal, não negociar com as sombras, permanecendo-se verdadeiro, luminoso, de consciência reta, decidido - eis a Sua proposta, conforme Ele próprio a viveu.
Sendo o Caminho, único, aliás, para chegar-se a Deus, não teve outra alternativa senão afirmar: - Vinde a mim, todos que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.
Ninguém houve que mantivesse tanta serenidade na alegria da pregação da Boa Nova, sem a exaltação que tisna a beleza do conteúdo da Mensagem ou receio de que ela demorasse a se implantar no coração da Humanidade, não importando o tempo que fosse necessário, o que, realmente, é de significado secundário. O Espírito é eterno e a relatividade temporal é sempre sucedida pela sua perenidade.
Feliz aquele que opta por experimentar o bem-estar no momento em que respira e entende; desditoso aquele que, conhecendo a forma para tornar-se pleno posterga a oportunidade, aguardando os impositivos inevitáveis da sujeição e do sofrimento para resolver-se pelo adquirir o que rejeitara anteriormente.
Sob outro aspecto, Ele nunca se apresentou como solucionador de problemas, antes invitou a todos a fazerem a sua parte, a se responsabilizarem pelos próprios deveres, tornando-se o Educador que sempre se fez compreender, nunca transferindo responsabilidades que a cada qual pertecem,como mecanismos falsos para atrair ou gerar proselitismo em torno da Sua pessoa.
Diferindo de todos os demais homens, não se revestiu de aspecto excêntrico ou tomou atitudes aberrantes para chamar a atenção, mantendo-se sempre o mesmo, preservando o critério da seleção natural pelo mérito de cada discípulo que se Lhe associasse ao Ministério.
Era compreensível, portanto, que a comunidade judaica do Seu tempo, e a sociedade quase em geral de todos os tempos, não aceitassem o Seu método. Acostumados que se encontram os homens ao vazio do comportamento moral às concessões da mentira e da bajulação, aos esconsos compromissos seletivos, viam-nO e ainda O vêem alguns indivíduos como um violador dos costumes - infelizes, é certo - que predominam nas consciências ensombradas de governantes insensatos e das massas desgovernadas.
Não obstante, Ele permaneceu fiel ao Seu compromisso, sem o alterar para iludir ou arrebanhar simpatizantes. Sua austeridade e misericórdia conquistavam naturalmente sem promessas mentirosas, nem concessões inúteis, dando o primeiro sinal para o despertar para a Verdade, passo indispensável para futuras revoluções internas que seriam operadas no cerne de cada qual.
É incomparável Jesus, o responsável pelo fardo leve, em razão da Sua autoridade moral, ainda não totalmente reconhecida pela psicologia profunda, como o Homem de palavras claras, de ensinamentos sem dubiedades, de vivência sem recalques ou fugas.
Veio instruir e consolar mediante o exemplo de dedicação, jamais se acomodando ao modus vivendi e operandi, abrindo sulcos novos no solo dos corações para neles ensementar as palavras seguras e medicamentosas para a preservação da saúde e da vida. Ante os desafios mais vigorosos e as situações mais inclementes, não desistir dos ideais de beleza, não ceder espaço ao mal, não negociar com as sombras, permanecendo-se verdadeiro, luminoso, de consciência reta, decidido - eis a Sua proposta, conforme Ele próprio a viveu.
Sendo o Caminho, único, aliás, para chegar-se a Deus, não teve outra alternativa senão afirmar: - Vinde a mim, todos que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei.
Joanna De Ângelis
Livro: Jesus e o Evangelho
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