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quinta-feira, 6 de setembro de 2012

A Origem dos Vícios

Por Carlos Campetti

A questão da origem dos vícios é muito complexa e exige acurada pesquisa, análise e meditação. Em função
dessa mesma complexidade e da pobreza de nossa capacidade atual de sondar nossas próprias origens,
não há possibilidade de se esgotar o assunto. Dessa forma, faremos apenas algumas considerações como
tentativa de entender um pouco mais tão intrincada problemática.
Para dirigir nossa análise, vamos examinar a questão do interesse pessoal e sua relação com os vícios
do indivíduo.
Curiosamente, ao apresentar o significado da palavra interesse em seu dicionário, Aurélio Buarque
de Holanda Ferreira, em certo momento, liga o verbete à expressão “vantagem pessoal”.
Vejamos:
“Interesse [...] S.m. 1. Lucro material
ou pecuniário; ganho. 2. Parte
ou participação que alguém tem
nalguma coisa: Qual o seu interesse
na firma? 3.Vantagem, proveito; benefício:
Só age em seu próprio interesse.
4. Aquilo que convém, que importa, seja em que domínio for.
5. Sentimento de cobiça; avidez.
6. Procura de vantagem pessoal, de proveito.
7. Sentimento de zelo, simpatia, preocupação ou curiosidade por alguém ou alguma coisa: Demonstra interesse pela menina;
Tem interesse por assuntos científicos.
8. Empenho: Não tenho interesse na resolução do caso.
[...]” Como se evidencia, apesar da conotação tendente ao negativo, o problema não está propriamente
no interesse, que pode apresentar aspectos positivos. Afinal, para fazer o bem ao próximo é necessário
interessar-se positivamente por ele. Allan Kardec e os Espíritos Superiores dizem que o egoísmo fundamenta- se no sentimento do interesse pessoal na questão 914 de O Livro dos Espíritos; e, na 917, afirmam que “[...] o egoísmo assenta na importância da personalidade [...]”.O interesse pessoal se qualifica como sendo exclusivo, exclusivista. O indivíduo não estaria propriamente dedicado à sua evolução espiritual,
mas interessado em superar os demais, em ganhos, quaisquer que sejam, que não pretenderia, não desejaria, não teria interesse em compartilhar com outros. Ele se julgaria o mais importante, com direitos exclusivos e merecedor de privilégios em relação aos demais.Nessa situação, ainda que tivesse interesse em
compartilhar algo, teria a preocupação de reservar a melhor parte para si, de garantir primeiro o seu
lado, depois pensaria nos outros em um âmbito restrito.
Mas essa atitude não é a que caracteriza o mais forte, o mais apto a sobreviver pela lei da seleção natural?
Não faria parte do instinto de sobrevivência, pelo menos entre os seres mais inferiores da Natureza?
O ser humano não teria herdado parte desses instintos no processo de evolução?
O que diferencia a espécie animal da humana?
As duas possuem inteligência, mas só a última tem capacidade moral. O homem é dotado de instintos e estes são mais fortes quanto menos evoluído ele é. Precisa trabalhar para o seu desenvolvimento, de forma
que a razão sobrepuje os instintos e ele deixe de ser governado pelas leis mecânicas que regem a vida
dos seres menos evoluídos, destinadas a garantir sua sobrevivência e dar as condições necessárias ao
seu desenvolvimento nos primeiros estágios de evolução.
Cabe ao ser humano desenvolver a capacidade de governar o próprio destino, sendo responsável pelo
uso do livre-arbítrio, da razão, na busca cada vez mais ampla da compreensão do significado da vida,
que, para ser plena, implica a concretização de uma existência ética – no sentido de reguladora das relações
com os demais seres. Porém, mais do que isso, a concretização de uma conduta moral, inspiradora e
norteadora do desenvolvimento integral do ser para o cumprimento do objetivo de sua existência,
cuja meta é o uso pleno da razão a caminho da conquista da intuição.
Quanto mais evoluído, menos interesse em relação à personalidade, menos apego ao que é pessoal,
maior submissão à vontade de Deus, mais dedicação ao bem do próximo, maior luz interior. Quanto
mais interesse pessoal, mais restrito está o ser ao mundo do ego, mais preocupado em defender seus
pontos de vista, seu mundo, seus objetivos particulares. Quanto mais livre do interesse pessoal, mais o
indivíduo se dedica ao próximo, pois sabe que o seu interesse está resguardado pela Justiça Divina.
Quanto mais desinteressado de si mesmo, mais cresce, pois se liberta da jaula do ego para conhecer o
universo do eu profundo que se identifica com as potências superiores
da alma.
O Espiritismo não incentiva o interesse pessoal, ainda que a pretexto da busca de evolução, pois, ao
contrário, o interesse pessoal dificulta o processo evolutivo do ser.
Quem quer que racionalize dessa forma equivocada pode estar interpretando mal o pensamento da
Doutrina, ou não consegue entender o sentido profundo do ensinamento.
É possível, ainda, que, ao ouvir os expositores que abordam o tema, esteja restringindo o conceito
à sua própria capacidade de entendimento. O Espiritismo incentiva o interesse pelo bem, que
precisa ser construído dentro de cada um, fato que possibilitará a sintonia com o bem externo. Mas
se o indivíduo tem desejo pessoal na conquista do bem que está fora dele dificilmente o alcançará, pois
o bem não pode ser somente dele: é de todos. O que ele precisa conquistar é a si mesmo, submetendo o
interesse pessoal, o culto à personalidade, e permitindo o surgimento do amor.Assim, o bem passa a existir
nele, da mesma forma que está nos demais e em todo o Universo.
Desse modo, pode-se afirmar que a raiz do problema está no interesse pessoal, pois é nele que se fundamentam o egoísmo e todos os demais vícios, inclusive a insegurança, que é falta de confiança
na Providência Divina e em si mesmo. O egoísta é profundamente
inseguro. Não confia em ninguém, nem mesmo em Deus, porque desconfia de si, da própria capacidade de compartilhar com os demais. Como possui interesse pessoal, conclui que todos também o possuem e
age, doentiamente, para garantir sua primazia em relação a tudo. A raiz do problema está, desse modo, no interesse pessoal, porque ele é a antítese da caridade, da suprema capacidade de renúncia pessoal em favor de outrem.
Deus não nos deu o interesse pessoal. Deu-nos as condições de caminhar para Ele, para aprender
com Ele e com os que cresceram antes que nós, no compartilhar da vida. Quando, por interesse pessoal,
nos recusamos, querendo a vida só para nós, morremos (filosoficamente) no engano, para renascer posteriormente, quando entendermos o profundo significado da caridade, no exercício da qual
não há espaço para o interesse pessoal, por mínimo que seja.A partir daí, todo aperfeiçoamento individual
é buscado como forma de melhor servir à grande obra da vida,
gerida pelo Criador.
O tema é complexo, difícil, pois, de esgotá-lo.Vale aguardar o futuro. O estudo e a experiência levam naturalmente a mais profundas análises e melhores conclusões sob a inspiração de nossos Benfeitores espirituais.
Setembro 2006 • Reformador

A violência doméstica para com os filhos. UMA ABORDAGEM À LUZ DO ESPIRITISMO




CLARA LILA GONZALEZ DE ARAÚJO
Bem-aventurados os que são brandos, porque possuirão a Terra.
Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus.”
(Mateus, 5:5 e 9.)


De certa feita, ao finalizarmos uma palestra espírita sobre a afabilidade e a doçura, virtudes analisadas no capítulo IX, de O Evangelho segundo o Espiritismo,
(1 ) um companheiro aproximou-se de nós e observou:
“Este assunto é bastante conhecido dos espíritas e todos já devem ter consciência da necessidade de agir
com bondade, especialmente em seu meio familiar”.
Após a colocação do prezado irmão, ficamos a pensar, longamente, sobre as suas palavras. Estariam os espíritas realmente conscientes da necessidade de semelhante conduta moral? Compreenderiam,
na vivência de suas experiências cotidianas, a importância de observarem, inexoravelmente, a lei de amor e de caridade? Como se portariam no seio familiar, onde a benevolência e a fraternidade devem ser
alicerces para a consolidação da harmonia entre os corações?
A compreensão do que seja violência doméstica, à luz do Espiritismo, não se reveste da verdadeira clareza
sobre o problema e, ao buscarmos as orientações nos textos dos Espíritos Superiores, percebemos, perplexos, que esta situação pode ocorrer em alguns lares espíritas, ferindo, profundamente, a quantos a enfrentam como provas salvadoras.
Allan Kardec, ao avaliar a necessidade de sermos mais dóceis e afáveis, no citado capítulo de O Evangelho segundo o Espiritismo, item 4, afirma que simples palavras, emitidas de forma intempestivas  podem causar conseqüências graves para aqueles que as transmitem: “[...] É que toda palavra ofensiva exprime um sentimento contrário à lei do amor e da caridade que deve presidir às relações entre os homens e manter
entre eles a concórdia e a união; é que constitui um golpe desferido na benevolência recíproca e na fraternidade; é que entretém o ódio e a animosidade; é, enfim, que, depois da humildade
para com Deus, a caridade para com o próximo é a lei primeira de todo cristão”.(2).
Assim, ser agressivo, violento, hostil, com a intenção de causar dano ou ansiedade nos outros, não
significa só bater, ferir fisicamente, lesar materialmente, mas utilizar expressões verbais com o intuito
de depreciar e atacar as pessoas é prejudicá-las, é magoá-las de maneira grave e humilhante.
No relacionamento familiar, o problema da agressão verbal ocorre, quase sempre, a partir das dificuldades
que os pais encontram na criação dos filhos. Para muitos, não elevar a voz de modo excessivamente
contundente e autoritário seria renunciar a qualquer tentativa educacional. Os adultos parecem
ignorar que a obediência não é coisa que surja espontaneamente.
É por meio de um trabalho interior que a criança poderá compreender e aceitar as solicitações
dos outros, sem estar a eles incondicionalmente dependente e com isso construir-se a si mesma,
tornar-se uma pessoa equilibrada e autônoma.
A infância e a adolescência passam por várias etapas em seu desenvolvimento e, sem os cuidados
de uma educação salutar e bem encaminhada, é natural que os filhos reajam com maior ou menor
insegurança, que pode levá-los a comportamentos aberrantes, expressão de sua angústia profunda,
conforme as circunstâncias em que essas experiências lhes são impostas e do meio em que vivem. Aos
pais cabe o dever de amá-los, educando- os, sem exigir que se transformem em cópias vivas deles mesmos,
desrespeitando suas características individuais. Certos pais só conseguem manifestar ternura de modo extremamente possessivo, como se não conseguissem atingir um grau de compreensão que lhes
seria necessário para atender às carências reais de seus filhos.
Os Benfeitores espirituais nos advertem: “[...] Com efeito, ponderai que nos vossos lares possivelmente
nascem crianças cujos Espíritos vêm de mundos onde contraíram hábitos diferentes dos vossos
e dizei-me como poderiam estar no vosso meio esses seres, trazendo paixões diversas das que nutris,
inclinações, gostos, inteiramente opostos aos vossos; como poderiam enfileirar-se entre vós, senão
como Deus o determinou, isto é, passando pelo tamis da infância?
[...] A delicadeza da idade infantil os torna brandos, acessíveis aos conselhos da experiência e dos
que devam fazê-los progredir [grifo nosso]
. Nessa fase é que se lhes pode reformar os caracteres e reprimir os maus pendores. [...]”3
Na maioria das vezes, porém, não utilizamos as palavras para consolar e edificar. Não nos preparamos
para o diálogo e a vontade sincera de esclarecer e orientar os filhos, especialmente, quando se recusam em satisfazer às nossas exigências. No plano inconsciente, suas próprias recusas podem ser tidas como a resultante de vários desejos insatisfeitos, e suas respostas, contrárias aos nossos desejos, se transformam na única maneira que conhecem para se comunicar conosco.
O Espírito Emmanuel, em mais uma de suas expressões de sabedoria, ao refletir sobre a significância
da língua como centelha divina do verbo, observa que o homem costuma desviá-la de sua verdadeira função, originando-se aí as grandes tragédias sociais, quase sempre da conversação dos sentimentos inferiores e reconhecendo
“[...] que a sua disposição é sempre ativa para excitar, disputar, deprimir, enxovalhar, acusar e
ferir desapiedadamente”.(4)
Ao chegarmos à fase em que essas manifestações atinjam certo grau de exteriorização habitual,
certamente nos afastamos dos ensinamentos cristãos, como se fôssemos, no entender do Espírito Lázaro,
“[...] homens, de exterior benigno, que, tiranos domésticos, fazem que suas famílias e seus subordinados
lhes sofram o peso do orgulho e do despotismo, como a quererem desforrar-se do constrangimento
que, fora de casa, se impõem a si mesmos. [...] Envaidecem- se de poderem dizer: ‘Aqui mando e sou obedecido’, sem lhes ocorrer que poderiam acrescentar:
‘E sou detestado’”(.5)
Sabemos que a banalização da violência nos meios de comunicação e sua inserção na vida cotidiana
influem no comportamento de nossos filhos, fazendo com que se tornem vítimas e algozes,
ao mesmo tempo.Mas a violência também encontra respaldo no ambiente onde a criança e o jovem
estão inseridos. Afirmam os psicólogos e educadores que “reforçar condutas agressivas conduz
a um aumento das expressões observáveis de agressão, bem como a uma generalização de respostas
agressivas a outras situações”.(6)
Ou seja, se a criança for agredida pelos adultos, no período da infância, poderá, quando jovem e adulta, deixar-se influenciar por modelos agressivos, não só para aliviar sua raiva e hostilidade como também para atingir os objetivos desejados.
Quando isso acontece, dificilmente achamos que os filhos retratam os nossos exemplos. Na
questão 582, de O Livro dos Espíritos, a resposta dada pelos Espíritos a Kardec, sobre a missão da
paternidade, orienta-nos quanto à possibilidade de virmos a falhar no grandíssimo dever de educar
os seres que geramos:
“[...] Muitos há, no entanto, que mais cuidam de aprumar as árvores do seu jardim e de fazê-las dar
bons frutos em abundância, do que de formar o caráter de seu filho. Se este vier a sucumbir por
culpa deles, suportarão os desgostos resultantes dessa queda e partilharão dos sofrimentos do filho
na vida futura, por não terem feito o que lhes estava ao alcance para que ele avançasse na estrada
do bem”(.7)
As lições de Jesus – o incomparável Mestre, o consumado pedagogo, o excelso psicólogo –, são sempre
oportunas em todas as épocas da Humanidade! Ao anunciar, no Sermão do Monte, que deveríamos
ser brandos e pacíficos reporta- se aos humildes de espírito, cujos corações estejam alijados do
orgulho e do egoísmo e sem semear a cizânia em todos os campos de ação onde exerçam suas atividades. O orgulho, não procura, assim como o egoísmo, base para apoiar as suas reações.Manifesta-
se com ou sem motivos que o justifiquem. Há pais que ao se sentirem melindrados no seu
excessivo amor-próprio transformam- se em verdadeiras feras, insultando e agredindo, em defesa
do que denominam autoridade!
A humildade não se compatibiliza com a violência de ação, uma vez que a violência é sempre
o oposto da compreensão, da benevolência, da mansuetude e da paz. A luta na exclusão do mal deve
ser uma constante em nossas vidas, reagindo, com firmeza, sempre que sentirmos o perigo que nos ameaça, especialmente quando deixarmos de orientar os nossos filhos para que não venham a
sucumbir aos desenganos e ilusões do mundo material. Nossos corações, no entanto, devem ser
simples, pacientes e amorosos ao aconselhar, destituídos de soberba e prepotência, iluminados pelas
claridades do Evangelho, que despertam nas almas os verdadeiros sentimentos de caridade e fraternidade.
A melhor maneira de ajudarmos aqueles que nos são caros é evangelizando-os, pois os problemas
existenciais e espirituais do ser serão esclarecidos à luz da Doutrina dos Espíritos e do Evangelho
de Jesus, no cumprimento da assertiva divina que recomenda:
Buscai primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, que
todas essas coisas vos serão dadas de acréscimo”. (Mateus, 6:33.)

Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, itens 1 a 6, p. 171-174.
2______. item 4, p. 172.
3 ______.O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de Janeiro:
FEB, 2006. Questão 385.
4XAVIER, Francisco C. Pão nosso. Pelo Espírito
Emmanuel. Ed. especial. Rio de Janeiro:
FEB, 2005. Cap. 170, p. 353-354.
5KARDEC, Allan. O evangelho segundo o
espiritismo. Tradução de Guillon Ribeiro.
22. ed. de bolso. Rio de Janeiro: FEB,
2006. Cap. IX, item 6, p. 173.
6MUSSEN, CONGER, KAGAN. Desenvolvimento
e personalidade da criança. 4.
ed. São Paulo: Editora Harbra, 1977.
p. 308-309.
7KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Tradução
de Guillon Ribeiro. 87. ed. Rio de
Janeiro: FEB, 2006. Questão 582.
24 342

0 Reformador • Setembro 2006

Auto Educação Moral

O Espiritismo é uma doutrina que traz esclarecimento, consolação paz a
todos os que a conhecem. Com base em fatos e no uso da razão, ela nos
revela que: somos todos filhos de Deus, nosso Criador; somos Espíritos
imortais em constante aprimoramento intelectual e moral; os laços de afeição que
nos unem a amigos e familiares se mantêm mesmo depois da morte física; os valores
espirituais que conquistamos permanecem sempre conosco, enquanto os
valores materiais são de uso temporário e transitório; a reencarnação nos enseja
novas oportunidades de aprendizado e evolução; e as lições que Jesus nos legou em
seu Evangelho são expressões da Lei de Deus, que nos cabe colocar em prática para
atender à nossa necessidade de permanente evolução.
Esta convicção, que nos beneficia com uma grande serenidade e fortaleza de
ânimo para enfrentar os naturais desafios da existência, traz, também, uma grande
responsabilidade: a de estudar a Doutrina para melhor compreendê-la; a de divulgá-
la para que outros dela também se beneficiem; e a de praticá-la, já que é pela sua
prática, de exercício intransferível e inadiável, que construímos nosso crescimento
espiritual. Conscientizando-nos dessa realidade, Allan Kardec, quando fala sobre
“Os Bons Espíritas”, observa: Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação
moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.(1)
O ato de trabalhar no próprio aperfeiçoamento, na conquista de novas virtudes,
na eliminação de nossos defeitos morais, na ampliação da nossa capacidade de
amar o próximo, no controle das nossas más inclinações, representa, na essência,
um esforço permanente de auto-educação moral à luz dos princípios espíritas.
Allan Kardec conceitua: A educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.(2)
Educar, portanto, é formar hábitos, e educar para o bem é formar hábitos bons.
Provendo à necessidade de um parâmetro seguro para esse trabalho de auto-
-educação, Jesus nos trouxe não apenas ensinamentos, mas, acima de tudo, o exemplo
que nos cabe seguir: Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida. Ninguém vem ao
Pai senão por mim.(3) Sigamo-lo e reeduquemo-nos.

1 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Cap. XVII, item 4.
2 ______. O livro dos espíritos. Questão 685. Comentário de Kardec.
3João, 14:6.

Revista o Reformador-Editorial -Setembro de 2006

O Poder de Resistir ao Stresse


“Poderia sempre o homem, pelos seus esforços, vencer as suas más inclinações?
– Sim, e, freqüentemente, fazendo esforços muito insignificantes. O que lhe falta é a vontade. Ah!
quão poucos, dentre vós fazem esforços!”
(O Livro dos Espíritos, questão no 909.)
“Pois em verdade vos digo, se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta
montanha: Transporta-te daí para ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível.”
– Jesus. (Mateus, 17:20.)
“A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu ponto
de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.”
(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 3, 2o parágrafo.)


Evangelista Mateus relata que um homem veio ao encontro de Jesus e, lançando- se a seus pés, pediu que Ele tivesse piedade de seu filho que era lunático e sofria muito. Ele adianta que já o apresentara a seus discípulos e que estes não haviam conseguido curá-lo. O Mestre Jesus comenta a falta de credulidade
e imediatamente cura o menino e adverte os discípulos de que eles não o haviam curado por falta de
fé e afirma-lhes: “Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha:transporta-te daí para ali e ela se transportaria e nada vos seria impossível”.
(Mateus, 17:14 a 20.)
Allan Kardec tece o seguinte comentário em O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX, sobre
essa passagem evangélica no item 2: “No sentido próprio, é certo que a confiança nas suas próprias
forças torna o homem capaz de executar coisas materiais, que não consegue fazer quem duvida de si”. E mais adiante, elucida no item 3: “(...)entende-se como fé a confiança que se tem na realização
de uma coisa, a certeza de atingir determinado fim. Ela dá uma espécie de lucidez que permite se
veja, em pensamento, a meta que se quer alcançar e os meios de chegar lá, de sorte que aquele que a possui caminha, por assim dizer, com absoluta segurança. (...)
A fé sincera e verdadeira é sempre calma; faculta a paciência que sabe esperar, porque, tendo seu
ponto de apoio na inteligência e na compreensão das coisas, tem a certeza de chegar ao objetivo visado.
(...)”
Nos dias atuais, estamos precisando de fé para vencer o estresse que o modo de viver da civilização
nos impõe, pois para resistir ao estresse e administrar a pressão é  necessário manter um equilíbrio na vida.
As pessoas que acreditam ter o controle de seu destino lidam melhor com as pressões do que aquelas
que acham que tudo está ao sabor do acaso.
Para isso é importante ter alguns parâmetros:
1. Vivamos o presente:
Vivamos o “aqui e agora”, com responsabilidade e equilíbrio, concentrando- nos naquilo que está
acontecendo no presente, e aumentaremos nossa capacidade de resistir ao estresse, pois não estaremos
fixados em coisas do passado ou imaginando futuros problemas, ainda que inexistentes.
Procuremos sentir a realidade da situação ou do problema e a possível solução para ele.
Para ter o “clima mental” adequado, procuremos meditar.A meditação pode estabelecer um estado
mental de calma interior.
2. Tenhamos objetivos claros de vida:
Quando temos um roteiro claro para a direção de nossa vida, ficamos mais fortes ao sentir pequenas
pressões como foco de estresse.
Se estabelecemos prioridades e firmeza ou fé em nossas convicções, clareando um quadro geral
dos objetivos maiores de nossas vidas, não nos irritaremos com as pequenas coisas.
Pensemos no que é realmente importante para nós, levando em consideração a visão filosófica ou
espiritual da vida, no sentido da sua eternidade.
Assim, se desejamos a auto-realização, o equilíbrio e o bem-estar, uma boa vida familiar, o trabalho,
seja qual for, como forma de valorização pessoal, não nos estressaremos, por exemplo, com problemas
no trânsito, ocorrências de pequenos desentendimentos no lar, no trabalho ou até mesmo no lazer.
3. Sejamos solidários:
Ser solidário é ser participativo. É olhar não só para nós e para nossas necessidades (reais ou imaginárias),
mas, também, olhar para o outro.
Enxergarmos na estrada de nossa vida o próximo, como o samaritano, a que Jesus se referiu, caído com
as forças combalidas, assaltado por problemas, muitas vezes, maiores que os nossos. Ao nos aproximarmos
dele e o agasalharmos na hospedaria do nosso amor solidário e fraterno, nossas tensões e mágoas desaparecerão ou, pelo menos, diminuirão.
4.Tenhamos momentos de divertimento:
Ter fé na vida é também ter momentos de diversão, de descontração, de lazer.
Para aliviar o estresse, saibamos desfrutar os momentos com a família.
Nestes instantes procuremos tirar de nossas mentes todas as preocupações do lar ou do trabalho.
Procuremos sentir as pessoas que compõem a nossa família, o que cada uma nos oferece de bom,
saibamos sorrir com elas e que elas riam conosco.
Tenhamos alegria com nossos animais domésticos, com as nossas folhagens, com as nossas flores.
Tenhamos momentos de humor sadio e energizante.
Procuremos rir, rir faz bem para a alma e para o corpo físico.
A calma na luta contra o estresse é sempre um sinal de força e de confiança; o desespero ou a violência
denotam a fraqueza e a dúvida de si mesmo.
Ouçamos, pois, o Mestre Jesus:
“Se tivésseis a fé do tamanho de um grão de mostarda, diríeis a esta montanha: transporta-te daí para
ali e ela se transportaria, e nada vos seria impossível”. E digamos para a “montanha do nosso estresse”:
transporta-te daí (do nosso mundo mental) para ali (planície de nossas emoções controladas e produtivas) e nada nos imporá o estresse.

Site: FEB
Revista o Reformador -Abril de 2006
Escrito Por Aylton Paiva

O futuro espiritual ante a justiça divina


Christiano Torchi
Existe, após a morte, uma justiça divina que estabelece recompensas ou punições de acordo com o comportamento dos Espíritos enquanto encarnados? Se existe, como se dá o cumprimento dessa justiça? Ao morrer, para onde vamos? Para um céu beatífico, se fizemos o bem, ou para um inferno de chamas eternas, se fizemos o mal? Ou tudo acaba em nada, como apregoam os que se dizem céticos ou materialistas?

Todas as religiões pregam a imortalidade da alma. O Espiritismo foi além: demonstrou a existência dos Espíritos, da imortalidade e do mundo espiritual.
Os Espíritos superiores ensinam que a justiça divina revela-se por meio de leis internas ou morais, insculpidas na consciência da criatura humana, as quais se manifestam de acordo com a evolução dos seres.

O Espiritismo revela ainda a existência de um plano espiritual, que é prioritário em relação à esfera física, sendo aquele o mundo normal, primitivo, eterno, preexistente e que sobrevive a tudo. De lá viemos e para lá um dia retornaremos em definitivo, após sucessivas reencarnações, quando estivermos completamente depurados. Já o mundo físico é uma escola, um campo de provas, onde burilamos o Espírito. A importância do mundo espiritual é tanta que o mundo corporal poderia deixar de existir ou nunca ter existido, no entanto, esses dois mundos, o espiritual e o físico, interagem constantemente, apesar de serem independentes.

O homem sempre cultivou, instintivamente, a crença inata na vida após a morte e na existência de Espíritos. Qual a razão desse fenômeno? A nossa própria essência imortal cuida de explicar isso, visto que somos originários do mundo espiritual e não do mundo físico, de sorte que o sentimento de uma existência melhor está no foro íntimo das pessoas. O que nos falta é o autoconhecimento sobre a nossa própria herança divina.

Antes de encarnar, geralmente a criatura já sabe da existência do mundo espiritual, que é um Espírito, conhecimento esse que permanece latente, abafado pelos grilhões do corpo físico, mas que vem à tona aos poucos, à medida que o ser evolui. O Espírito conserva a individualidade ou a consciência, após a morte física, sem o que não haveria, a rigor, a sobrevivência espiritual, visto que, nessa última hipótese, a nossa essência moral se perderia no oceano do infinito:

Se há doutrina insensata e antissocial, é, seguramente, o niilismo que rompe os verdadeiros laços de solidariedade e fraternidade, em que se fundam as relações sociais.1

O homem pressente a realidade da sobrevivência após a morte e as suas consequências, conforme tenha bem ou mal vivido, porque as experiências das vidas transatas estão gravadas no íntimo, no âmago do Espírito. A voz da consciência cuida de alertá-lo a respeito de sua origem e do seu destino, mas esse reluta em ouvir essa voz interior que lhe fala ao coração empedernido ou deseducado para percebê-la.

Perguntados sobre qual o sentimento que domina a maioria dos homens no momento da morte (a dúvida, o temor ou a esperança?), os protetores espirituais responderam, sem rebuços:

A dúvida, nos céticos endurecidos; o temor, nos culpados; a esperança, nos homens de bem.2

Se a morte fosse a destruição completa do ser, muito ganhariam com ela os maus, pois se veriam livres, ao mesmo tempo, do corpo, do Espírito e dos vícios.
É uma ideia materialista que repugna o bom-senso e a lógica. A crença de que após a morte física vem o nada é incompatível com a perfeição, a justiça e a bondade de Deus.

Um dos atributos divinos, que inclui a perfeição, é a bondade. Por isso, nenhuma das criaturas está abandonada. Todas, independentemente de seu grau evolutivo, recebem atenção compatível com suas necessidades. Nada escapa ao crivo de Deus, ao seu exame, desde os seres mais simples até os mais complexos, supervisão que é realizada por meio de suas leis perfeitas que também regem as ações humanas de forma equânime e justa:

Deus tem suas leis, que regulam todas as vossas ações. Se as violais, a culpa é vossa. Sem dúvida, quando um homem comete um excesso qualquer, Deus não profere contra ele uma sentença, dizendo-lhe, por exemplo: Foste guloso, vou punir-te. Ele traçou um limite: as doenças e muitas vezes a morte são a consequência dos excessos. Eis a punição; ela resulta da infração da lei, como, aliás, sucede em tudo.3

Não é por acaso que todas as nossas atitudes, boas ou más, decorrentes do exercício do livre-arbítrio, repercutem nessas leis, preservando em nosso Espírito uma memória integral, algo semelhante a um banco de dados incorruptível, o qual, mais cedo ou mais tarde, virá à tona, proporcionando uma espécie de autojulgamento, resultante de uma avaliação perfeita de todos os pormenores favoráveis ou desfavoráveis, os quais se compensarão, equitativamente, na balança divina.

Esse o motivo pelo qual os benfeitores do espaço, ao responderem à pergunta – Onde está escrita a Lei de Deus?, formulada por Kardec, afirmaram: “Na consciência”4. Dessa forma, “o homem é constantemente o árbitro da sua própria sorte; pode abreviar ou prolongar indefinidamente o seu suplício; a sua felicidade ou a sua desventura dependem da vontade que tenha de praticar o bem”5. O resultado desse autojulgamento será determinante e influenciará o futuro do ser, quanto às provas pelas quais deverá experimentar nas futuras existências físicas, sem que haja um determinismo nos acontecimentos da vida, pois “a fatalidade só existe pela escolha que o Espírito fez, ao encarnar”6.

Pela análise das penas e dos gozos futuros, percebe-se, intuitivamente, a existência de um planejamento divino na Criação, de forma a conduzir os Espíritos, por seus próprios méritos, à perfeição e à felicidade, infundindo-lhes a certeza de que o bem é um determinismo divino e “é o fim supremo da Natureza”7.

Herdeiro divino e cocriador, o Espírito recebe de Deus todo um arsenal de recursos para fazer face ao seu progresso, para conquistar, pelos próprios esforços, a sua redenção que o conduzirá, no decorrer dos milênios, ao estado de Espírito puro, quando não precisará mais reencarnar.

A vida no corpo físico, com o seu cortejo de provas e expiações, é um desses inúmeros recursos disponibilizados ao aprendiz, que deve descobrir por si mesmo os caminhos de retorno a Deus. As etapas reencarnatórias, acompanhadas do esquecimento temporário, permitem o recomeço do indivíduo, facultando-lhe a retificação dos erros cometidos e a retomada de antigos compromissos com o bem,
dos quais muitas vezes se afastou, graças aos enganos e ilusões a que se entregou na trajetória da existência física.

A aquisição da certeza da vida futura representa uma mudança de paradigma de grande impacto na vida das pessoas que estão despertando para as realidades espirituais, pois, além de oferecer uma perspectiva consoladora e explicar racionalmente o porquê dos sofrimentos, abre-lhes a oportunidade de imprimir novos padrões de comportamento, que melhorarão sensivelmente a qualidade de vida espiritual delas.

De fato, a internalização desses preceitos liberta-nos das ideias niilistas e das crenças infantis na existência do demônio e das penas eternas, combatendo também a fé ingênua na existência de um céu beatífico, onde passaríamos o resto da eternidade em uma monótona vida contemplativa, ao lado de seres alados de vestes alvas.

Esses conhecimentos, essas convicções imortalistas, conduzem-nos à verdadeira compreensão da nossa origem e destino, do nosso valor espiritual e da nossa condição de filhos de Deus, o que nos dá mais forças para enfrentar os desafios diários, permitindo que valorizemos ainda mais a existência no corpo físico e a própria vida, rumo a uma educação libertadora, da qual depende o nosso futuro espiritual.

Todos aqueles que perseverarem e se esforçarem sinceramente por melhorar, mesmo errando durante o curso de sua existência, podem aguardar, serenos, a hora de seu desenlace, pois verão recompensados seus suores, dores e lágrimas.


1KARDEC, Allan. O céu e o inferno. Trad. Manuel Quintão. 60. ed. 3. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2012. Pt. 1, cap. 1, it. 2.
2 uma memória integral, algo se- KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Q. 961.

3 Idem, ibidem. Q. 964.
4KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.
5Idem. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 1. reimp. atualizada. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2010. Cap. 27, it. 21, p. 469.
6Idem. O livro dos espíritos. Trad. Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. 1. reimp. Rio deJaneiro: FEB Editora, 2011. Q. 851.
7DENIS, Léon. Depois da morte. 31. ed. 4. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Pt. 1, cap. 2, p. 41-42.


Site: FEB

Saúde, doença, enfermidade


Marta Antunes Moura
 Organização Mundial da Saúde (OMS) é uma agência mundial especializada em saúde, fundada em 7 de abril de 1948 e subordinada à Organização das Nações Unidas, com sede em Genebra, Suíça. À época da criação da OMS, logo após a Segunda Guerra Mundial, havia a preocupação de elaborar uma definição positiva de saúde, que incluísse os aspectos alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde e bem-estar social, sobretudo este, decorrente da devastação causada pela guerra e pela expectativa da paz que a Humanidade buscava.
Outros aspectos foram incorporados a essa ideia inicial: pela primeira vez uma organização internacional de saúde faz referência à saúde mental e a partir da década de 80 o sentido de ecologia foi incorporado à definição, que ficou assim: Saúde “é um estado de completo bem-estar físico, mental, social e ecológico, não consistindo somente da ausência de uma doença ou enfermidade”. 1,2,3

O fato de a Declaração da OMS considerar saúde como um estado de completo bem-estar passou a ser alvo de críticas logo que o conceito foi publicado, sendo interpretado por uma parcela de estudiosos como um ideal inatingível ou de pouca possibilidade de concretização. Supôs-se, até, que a definição conduziria a uma “medicalização” da existência humana e abusos por parte do Estado, a título de promover a saúde. Por outro lado, os defensores do conceito da OMS alegaram (e alegam) que a definição utópica de saúde é útil porque: 1o) destaca a necessidade de prevenção de doenças; 2o) considera o ser humano de forma integral; 3o) prioriza ações médicas e paramédicas, hospitalares e em nível de políticas de saúde; 4o) concede liberdade para o seu desenvolvimento em todos os níveis da organização social.2

Com base nesse referencial, no discurso de abertura das comemorações do Dia Mundial da Saúde, ocorridas em 7 de abril do ano em pauta, a OMS focaliza a saúde do idoso, assinalando que “uma boa saúde ao longo da vida pode ser acrescida de vida”.1 Destaca, igualmente, a importância de homens e mulheres idosos não só prolongarem o período de sua existência física, mas que tenham também uma vida produtiva. No final do discurso, proferido pela diretora geral da OMS, a chinesa Margaret Chan enfatiza: “no curso do século atual o mundo terá mais pessoas idosas que crianças. Teremos, então, que reinventar a velhice”.4

Durante as comemorações do Dia Mundial da Saúde, a OMS convida os profissionais de saúde e a população em geral para refletirem sobre o tipo de sociedade que está sendo construída no mundo atual. Lança um apelo aos dirigentes das nações e aos indivíduos comprometidos com os destinos da Humanidade, pedindo-lhes examinarem políticas e medidas que, efetivamente, são consideradas necessárias para adiar o envelhecimento da população e atendê-la privilegiando antes de tudo a saúde. Para se ter uma ideia geral do assunto, acredita-se que, somente na Europa, o número de pessoas com mais de 65 anos será o dobro entre 2010 e 2050.4

Faz-se necessário saber distinguir doença e enfermidade, vocábulos popularmente considerados sinônimos. O significado é diverso, não é a mesma coisa. As Ciências da Saúde designam doença como um distúrbio das funções de um órgão, da psique ou do organismo, visto como um todo, que pode estar associado a sintomas específicos. A doença é, pois, “condição de não estar bem.[...] Uma condição patológica do corpo, que apresenta um grupo de sinais e sintomas clínicos e de achados laboratoriais peculiares à condição e que classifica a condição como uma entidade anormal, diferente de outros estados orgânicos normais ou patogênicos”.5 Doença é sempre entendida como um distúrbio (patologia) tangível, que pode ser mensurado, e que é produzida por fatores externos (p. ex., infecções por microorganismos) ou por mal funcionamento interno do organismo (doenças autoimunes, metabólicas, genéticas, congênitas, traumáticas etc.), em geral revelados por sinais e sintomas. Sinais são alterações no organismo que podem indicar adoecimento, percebidas ou medidas por profissionais de saúde. Sintomas são alterações relatadas pelo paciente. Enfermidade, por outro lado, é uma manifestação individual e pessoal. Aquilo que o paciente sente ou percebe. Por exemplo: “uma pessoa pode ter uma doença séria, como a hipertensão, mas sem sentir dor ou sofrimento, e assim não estará enferma. Por outro lado, a pessoa pode estar extremamente enferma, p. ex., com histeria ou enfermidade mental, mas sem evidência de doença, segundo a avaliação das alterações patológicas do corpo”.5

Emmanuel faz os seguintes comentários a respeito do conceito de saúde:

Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos materiais; para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias na Terra.6

Segundo a Doutrina Espírita, qualquer doença ou enfermidade, por mais superficiais que sejam, têm raízes no Espírito, nas experiências vividas pelo Espírito:

As chagas da alma se manifestam através do envoltório humano. O corpo doente reflete o panorama interior do espírito enfermo. A patogenia é um conjunto de inferioridades do aparelho psíquico.7

Em outra oportunidade, Emmanuel, também nos lembra:

A doença sempre constitui fantasma temível no campo humano, qual se a carne fosse tocada de maldição; entretanto, podemos afiançar que o número de enfermidades, essencialmente orgânicas, sem interferências psíquicas, é positivamente diminuto. A maioria das moléstias procede da alma, das profundezas do ser. Não nos reportando à imensa caudal de provas expiatórias que invade inúmeras existências, em suas expressões fisiológicas, referimo-nos tão somente às moléstias que surgem, de inesperado, com raízes no coração. Quantas enfermidades pomposamente batizadas pela ciência médica não passam de estados vibratórios da mente em desequilíbrio? Qualquer desarmonia interior atacará naturalmente o organismo em sua zona vulnerável. Um experimentar-lhe-á os efeitos no fígado, outro, nos rins e, ainda outro, no próprio sangue. Em tese, todas as manifestações mórbidas se reduzem a desequilíbrio, desequilíbrio esse cuja causa repousa no mundo mental.8

Ante essas orientações, a cura das doenças e das enfermidades reside no próprio Espírito:

E é ainda na alma que reside a fonte primária de todos os recursos medicamentosos definitivos. A assistência farmacêutica do mundo não pode remover as causas transcendentes do caráter mórbido dos indivíduos. O remédio eficaz está na ação do
próprio espírito enfermiço.9

Ponderemos, contudo, que a despeito das doenças terem raízes espirituais, o homem pode e “deve mobilizar todos os recursos ao seu alcance em favor do seu equilíbrio orgânico. Por muito tempo ainda, a Humanidade não poderá prescindir da contribuição do clínico, do cirurgião, do farmacêutico, missionários do bem coletivo. O homem tratará da saúde do corpo até que aprenda a preservá-lo e defendê-lo, conservando a preciosa saúde de sua alma”.10

Sendo assim, os estados de saúde e doença estão diretamente relacionados às escolhas que o indivíduo faz, ao bom e mau uso do livre-arbítrio, uma vez que, na vida, a lei de causa e efeito funciona inexoravelmente, ainda que sempre atenuada pela misericórdia divina:

[...] é justo recordar que a criatura, durante a reencarnação, elege, automaticamente, para si mesma, grande parte das doenças que se lhe incorporam às preocupações.11

Em suma, a prevenção e o tratamento de doenças e de enfermidades restringem-se à prática do bem, que é “o único antídoto eficiente contra o império do mal em nós próprios”.12

Referências:

1WHO – Organização Mundial da Saúde. Disponível em: <http://www.who.int/en/> ou em francês: <http://www.who.int/fr/index. html>.
2DEFINIÇÕES DE SAÚDE. Disponível em: <http://www.redehumanizasus.net/3589 definicoes-de-saude>.
3CLAYTON, L. Thomas. [Visiting Scientist Harvard University School of Public Health]. Dicionário médico enciclopédico taber. Trad. Fernando Gomes do Nascimento. 17. ed. brasileira. São Paulo: Manole, 2000. p. 1.583.
4DIA MUNDIAL DA SAÚDE. Disponível em: <http://www.euro.who.int/en/who-wea r e / w h d / w o r l d - h e a l t h - d a y - 2 0 1 2 / news/news/2012/03/healthy-ageing-infocus- on-world-health-day>.
5CLAYTON, L. Thomas. [Visiting Scientist Harvard University School of Public Health]. Dicionário médico enciclopédico taber. Trad. Fernando Gomes do Nascimento. 17. ed. brasileira. São Paulo: Manole, 2000. p. 524.
6XAVIER, Francisco C. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Q. 95.
7______. ______. Q. 96.
8______. Vinha de luz. Pelo Espírito Emmanuel. ed. esp. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Cap. 157.
9______. O consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. 5. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011. Q. 96.
10______. ______. Q. 97.
11______. Religião dos espíritos. 21. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB Editora, 2010. Cap. Doenças escolhidas, p. 233.
12______. ______. p. 234.pe the text here

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Informações descabidas



Vianna de Carvalho
 
Quase todas as propostas idealistas, na medida em que se fazem conhecidas, perdem em profundidade o que lucram em superfície.
De igual maneira vem sucedendo ao movimento espírita, cuja divulgação merece aprofundar os conceitos doutrinários, a fim de oferecer subsídios valiosos aos iniciantes e interessados em conhecer na sua realidade legítima a doutrina libertadora da ignorância espiritual sobre a vida.
Em face da popularização dos nobres conteúdos filosóficos, pessoas inescrupulosas transformam-se de um para outro momento em pretensos esclarecedores do pensamento espírita, introduzindo as próprias ideias, em razão do quase total desconhecimento espiritista.
Não poucas vezes, presunçosos e arrogantes, criam diretrizes burlescas e teorias esdrúxulas que dizem provir do mundo espiritual, completando o que Allan Kardec não teve tempo de realizar.
Nesse capítulo, surgem movimentos denominados um passo adiante do que se encontra estabelecido na Codificação, como resultado de informações perfeitamente compatíveis com as conquistas da ciência contemporânea.
Outros indivíduos, portadores de conflitos psicológicos, projetam os seus transtornos na farta clientela desprevenida e se apresentam como portadores de mediunidade especial, caracterizada por expressiva clarividência, que lhes permite antever o futuro, detectar o presente, formular diagnósticos de enfermidades graves e resolvê-las, identificar obsessões perversas, infortúnios porvindouros... E utilizando-se da iluminação que se atribuem, apresentam fórmulas salvacionistas, propondo comportamentos incompatíveis com o bom senso e a lógica doutrinários.
É lamentável que tal fenômeno tenha lugar num movimento que pretende traduzir a grandeza do pensamento dos Imortais, com simplicidade e lógica, embora a sua grandiosa e complexa estrutura intrínseca.
Sucede que os tormentos da vaidade e do orgulho, que ainda predominam em a natureza humana, como herança do seu processo de evolução antropológica, impedem ou dificultam que o indivíduo amolde o caráter moral às novas propostas de iluminação, tornando-se-lhe mais fácil adaptá-las ao seu vicioso modo de ser.
No começo, um grande entusiasmo invade esses desprevenidos, que se deixam tocar interiormente pela significativa contribuição imortalista, logo após acostumando-se com a informação valiosa e, necessitados como se encontram, de novidades, criam, fascinados pelo próprio raciocínio, correntes de pensamento que lhes projetem o ego, a desserviço da divulgação saudável e correta do Espiritismo.
É sempre valioso recordarmo-nos da frase enunciada por João, o Batista, a respeito de Jesus, quando elucida: - É necessário que Ele cresça e que eu diminua.
Assim, agiu corretamente, porque o seu era o ministério de preparar-Lhe os caminhos, diminuindo as asperezas, que se tornaram ainda muito complicadas para vencê-las, fazendo, porém, a sua melhor parte.
Aos espiritistas, portanto, novatos ou militantes, que tudo façam para que a doutrina cresça e eles diminuam, de modo que realizem o mister que lhes cabe sem a ufania de serem inovadores, médiuns especiais e reveladores, completistas do trabalho do Codificador ou elucidadores das diretrizes fornecidas pelos Espíritos, o que lhes desvela a insensatez e a presunção, demonstrando que, não fossem eles e não se compreenderia a Revelação que, no entanto, é simples e profunda.
Também repontam os defensores do Espiritismo, sempre preocupados com a forma exterior e não com a vivência interna, quais antigos fariseus, estando sempre vigilantes para denunciar, agredir aos demais e aparecer com a bandeira da salvação, como se fossem necessários. Olvidam que a sua jornada terrestre é sempre breve, e que se o Espiritismo os necessitasse para esse fim, bem pobres seriam a sua filosofia e ética-moral, porque dependentes da sua defesa. Quando desencarnassem, como é inevitável, e tem sucedido com todos esses que assim se comportam, o pensamento espírita ficaria órfão, e logo desapareceria.
Ledo engano, a morte que a todos arrebata, não consegue diminuir o impacto e a força da Terceira Revelação que vem dos Céus à Terra, ao inverso do que alguns pensam...
A maneira mais vigorosa e própria para a divulgação do Espiritismo é a exposição dos seus ensinamentos conforme se encontram na Codificação, naturalmente apresentando contribuições convergentes, contemporâneas, sem alardes nem sensacionalismos, porquanto, os mentores da Humanidade prosseguem vigilantes, a fim de que nada venha a faltar, para que, em breve, seja conhecido e vivenciado.
Portanto, é de igual e magna importância, viver-se o dia a dia existencial fixado no programa elaborado pelo Consolador prometido, demonstrando alegria de participar deste momento, com fidelidade ao amor e à caridade, vivenciando uma conduta moral saudável, tornando-se carta viva do Evangelho, a fim de que todos possam ver no seu comportamento o profundo e desafiador contributo que proporciona felicidade e paz.
Desse modo, não há lugar no movimento espírita para pessoas-fenômeno, para gurus de ocasião, para reveladores extravagantes, para mensagens bombásticas, para informações apavorantes, a fim de atrair adeptos temerosos do fim do mundo, do juízo final, dos umbrais, da necessidade de fazer a caridade de modo a evitar sofrimentos e quejandos...
O Espiritismo ilumina a consciência, libertando os sentimentos das prisões emocionais, das dependências de pensamento febril, facultando aos seus adeptos a responsabilidade pelos próprios atos, sempre geradores de consequências compatíveis com a sua constituição.
Doutrina da alegria, não é festeira, nem pode ser transformada em um oásis de fantasias para diversão ou frivolidade.
É uma ciência grave e simples, que se destina a pessoas sérias, laboriosas, que anelam por uma sociedade mais solidária e fraternal.
Todo o investimento de zelo e carinho, responsabilidade e amor na vivência dos seus postulados, de que se encarrega o movimento organizado pelas criaturas humanas, deve ser levado em conta, a fim de que o Espiritismo alcance a finalidade para a qual foi enviado pelo Senhor, qual seja a verdadeira construção do reino de Deus no coração.
 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 5
de março de 2012, em Miami Beach, Flórida, EUA.
Em 19.07.2012

terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Cláudio Fajardo sobre o estudo do evangelho pelo espírita.

1-Pergunta: No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?
Cláudio: Todos nós, no decorrer de nosso processo evolutivo, criamos pontos de vistas
e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se nossos interesses
mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem claras insistimos na
rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se a estes, que Jesus disse:
"eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem." (Mateus, 13: 13)



http://www.cvdee.org.br/images/dot.gif


2-Pergunta: O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou se
 deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Cláudio: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma, entendo,
que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus aspectos,
devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

3-Pergunta: Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Cláudio: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais clareza
a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia,deve ser sempre levado em conta no
estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a nortear-nos no
entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
 possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos fechar
questão num único modo de compreender determinada passagem,pois o entendimento
se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
 andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido Xavier,
nas páginas 331 a 333 temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro
"Luz Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa
autoria disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho: http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip

4-Pergunta: Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho
 na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação Kardequiana,
expressa na Codificação?

Cláudio: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso levarmos
em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do mesmo modo
interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz Alcíone na obra de Emmanuel 

citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho
ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem conhecimento e aplicação
de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver alcançado o termo da lição do Mestre,
com uma simples leitura vagamente raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem
do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições,
não basta estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém,
nos ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da existência.
Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica, qualquer dos demais
conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende conhecer e empregar,
a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

5-Pergunta: Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Cláudio: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser Jesus,
o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na condução de
seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a moral espírita e a
moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até então
vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo usando
os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o Espiritismo", ou seja,
Evangelho segundo a ótica espírita.

6-Pergunta: Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre
o ano -4 e o ano -7 a.c, e morreu entre o ano 26 e 30. Como se explica que no
livro Há Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus
no ano 33 (o convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte de Jesus.

Cláudio: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão necessária,
porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
 Brasil.
Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha Espírita, ele foi um
dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo assim, Emmanuel não
é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado, como de boa
evolução espiritual.
Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos atuais?
Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium.
O livro "Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito
a amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os historiadores
têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que não há nem mesmo
prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo não foi encontrado,
e se não há corpo, como comprovar a morte?
Ou seja, nem eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar
aguardando,para no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta importância.
Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem
à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados agradecemos
sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que
este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que vivam em espírito;
e ao pedantismodogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio
Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica."

7-Pergunta: Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um
centro espírita posso estudar o evangelho em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Cláudio: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais aconselhável.
Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso alguns quesitos,
porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos princípios espíritas,
uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição para o auto-conhecimento
e para o estudode obras ligadas ao Evangelho, entre outros.

8-Pergunta: O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do
livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá
de complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso
de perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Cláudio: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no
estudo do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes,
como a série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz Imperecível,
alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros; inclusive os 6 Volumes
Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já se acham entre os livros raros
e não mais editados.

9-Pergunta: Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Cláudio: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão n° 3.

10-Pergunta: Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que
um grupo se reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se
sabendo de antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns
ja desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a presença
de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Cláudio: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa Espírita.
A reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio
para as próprias reuniões mediúnicas.

11-Pergunta: Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o
Espiritismo?

Cláudio: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela obra,
apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento. Kardec
ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo mais amplo
no livro A Gênese.

12-Pergunta: Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo,
onde os ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Cláudio: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho.
No ESE Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais
o Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho.
Há muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho Testamento,
 podendo deste modo, nos auxiliarem.

13-Pergunta: Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não
subi ao Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter acontecido?
Como o espírita deve entender essa passagem?


Cláudio: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto conforme
a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai,
mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai,
meu Deus e vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma referência,
aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de amizade. É de
se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles. Quem já viu um ser
amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no sepulcro
chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma conversa
com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia morrido, apenas
mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela sentiu nesse momento.
Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de emoção. Segundo a narrativa
de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o túmulo abraçaram os pés do Senhor.
É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele momento,
realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que vinha
desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que aqui
 ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua nova
 missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se a
vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.
14-Pergunta: Nas casas espíritas ouço muito falar sobre "Ensinamento da Doutrina e
do Evangelho para as Crianças " mas nunca vi um programa aberto a todos direcionado
ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se achar que necessita,
temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas sinto falta de ESTUDAR o
Evangelho "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.
Cláudio: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica,
é preciso que se crie nas Centros Espiritas  grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para
nossa reeducação; e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os
Espíritos envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

15-Pergunta:
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Cláudio: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus quando
nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar de tudo que
ele estava ensinando.
Desta forma, é grande a ligação entre cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é
uma filosofia cristã, por isso um livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que
não se confunda, é o que é cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que
os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

16-Pergunta: O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Cláudio: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário. Estou
com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho. Devemos
no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente reeducacional
contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que o estudo da
parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e muito no
objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.

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