Vianna de Carvalho
Quase todas as propostas idealistas, na medida em que se fazem conhecidas, perdem em profundidade o que lucram em superfície.
De
igual maneira vem sucedendo ao movimento espírita, cuja divulgação
merece aprofundar os conceitos doutrinários, a fim de oferecer subsídios
valiosos aos iniciantes e interessados em conhecer na sua realidade
legítima a doutrina libertadora da ignorância espiritual sobre a vida.
Em
face da popularização dos nobres conteúdos filosóficos, pessoas
inescrupulosas transformam-se de um para outro momento em pretensos
esclarecedores do pensamento espírita, introduzindo as próprias ideias,
em razão do quase total desconhecimento espiritista.
Não
poucas vezes, presunçosos e arrogantes, criam diretrizes burlescas e
teorias esdrúxulas que dizem provir do mundo espiritual, completando o que Allan Kardec não teve tempo de realizar.
Nesse capítulo, surgem movimentos denominados um passo adiante do que se encontra estabelecido na Codificação, como resultado de informações perfeitamente compatíveis com as conquistas da ciência contemporânea.
Outros
indivíduos, portadores de conflitos psicológicos, projetam os seus
transtornos na farta clientela desprevenida e se apresentam como
portadores de mediunidade especial, caracterizada por expressiva
clarividência, que lhes permite antever o futuro, detectar o presente,
formular diagnósticos de enfermidades graves e resolvê-las, identificar
obsessões perversas, infortúnios porvindouros... E utilizando-se da
iluminação que se atribuem, apresentam fórmulas salvacionistas, propondo
comportamentos incompatíveis com o bom senso e a lógica doutrinários.
É
lamentável que tal fenômeno tenha lugar num movimento que pretende
traduzir a grandeza do pensamento dos Imortais, com simplicidade e
lógica, embora a sua grandiosa e complexa estrutura intrínseca.
Sucede
que os tormentos da vaidade e do orgulho, que ainda predominam em a
natureza humana, como herança do seu processo de evolução antropológica,
impedem ou dificultam que o indivíduo amolde o caráter moral às novas
propostas de iluminação, tornando-se-lhe mais fácil adaptá-las ao seu
vicioso modo de ser.
No
começo, um grande entusiasmo invade esses desprevenidos, que se deixam
tocar interiormente pela significativa contribuição imortalista, logo
após acostumando-se com a informação valiosa e, necessitados como se
encontram, de novidades, criam, fascinados pelo próprio raciocínio,
correntes de pensamento que lhes projetem o ego, a desserviço da
divulgação saudável e correta do Espiritismo.
É sempre valioso recordarmo-nos da frase enunciada por João, o Batista, a respeito de Jesus, quando elucida: - É necessário que Ele cresça e que eu diminua.
Assim,
agiu corretamente, porque o seu era o ministério de preparar-Lhe os
caminhos, diminuindo as asperezas, que se tornaram ainda muito
complicadas para vencê-las, fazendo, porém, a sua melhor parte.
Aos
espiritistas, portanto, novatos ou militantes, que tudo façam para que a
doutrina cresça e eles diminuam, de modo que realizem o mister que lhes
cabe sem a ufania de serem inovadores, médiuns especiais e reveladores,
completistas do trabalho do Codificador ou elucidadores das diretrizes
fornecidas pelos Espíritos, o que lhes desvela a insensatez e a
presunção, demonstrando que, não fossem eles e não se compreenderia a
Revelação que, no entanto, é simples e profunda.
Também
repontam os defensores do Espiritismo, sempre preocupados com a forma
exterior e não com a vivência interna, quais antigos fariseus, estando
sempre vigilantes para denunciar, agredir aos demais e aparecer com a
bandeira da salvação, como se fossem necessários. Olvidam que a sua
jornada terrestre é sempre breve, e que se o Espiritismo os necessitasse
para esse fim, bem pobres seriam a sua filosofia e ética-moral, porque
dependentes da sua defesa. Quando desencarnassem, como é inevitável, e
tem sucedido com todos esses que assim se comportam, o pensamento
espírita ficaria órfão, e logo desapareceria.
Ledo engano, a morte que a todos arrebata, não consegue diminuir o impacto e a força da Terceira Revelação que vem dos Céus à Terra, ao inverso do que alguns pensam...
A
maneira mais vigorosa e própria para a divulgação do Espiritismo é a
exposição dos seus ensinamentos conforme se encontram na Codificação,
naturalmente apresentando contribuições convergentes, contemporâneas,
sem alardes nem sensacionalismos, porquanto, os mentores da Humanidade
prosseguem vigilantes, a fim de que nada venha a faltar, para que, em
breve, seja conhecido e vivenciado.
Portanto, é de igual e magna importância, viver-se o dia a dia existencial fixado no programa elaborado pelo Consolador prometido, demonstrando
alegria de participar deste momento, com fidelidade ao amor e à
caridade, vivenciando uma conduta moral saudável, tornando-se carta viva do
Evangelho, a fim de que todos possam ver no seu comportamento o
profundo e desafiador contributo que proporciona felicidade e paz.
Desse
modo, não há lugar no movimento espírita para pessoas-fenômeno, para
gurus de ocasião, para reveladores extravagantes, para mensagens
bombásticas, para informações apavorantes, a fim de atrair adeptos
temerosos do fim do mundo, do juízo final, dos umbrais, da necessidade de fazer a caridade de modo a evitar sofrimentos e quejandos...
O
Espiritismo ilumina a consciência, libertando os sentimentos das
prisões emocionais, das dependências de pensamento febril, facultando
aos seus adeptos a responsabilidade pelos próprios atos, sempre
geradores de consequências compatíveis com a sua constituição.
Doutrina da alegria, não é festeira, nem pode ser transformada em um oásis de fantasias para diversão ou frivolidade.
É
uma ciência grave e simples, que se destina a pessoas sérias,
laboriosas, que anelam por uma sociedade mais solidária e fraternal.
Todo
o investimento de zelo e carinho, responsabilidade e amor na vivência
dos seus postulados, de que se encarrega o movimento organizado pelas
criaturas humanas, deve ser levado em conta, a fim de que o Espiritismo
alcance a finalidade para a qual foi enviado pelo Senhor, qual seja a
verdadeira construção do reino de Deus no coração.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 5
de março de 2012, em Miami Beach, Flórida, EUA.
Em 19.07.2012
de março de 2012, em Miami Beach, Flórida, EUA.
Em 19.07.2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário