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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Cláudio Fajardo sobre o estudo do evangelho pelo espírita.

1-Pergunta: No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?
Cláudio: Todos nós, no decorrer de nosso processo evolutivo, criamos pontos de vistas
e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se nossos interesses
mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem claras insistimos na
rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se a estes, que Jesus disse:
"eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem." (Mateus, 13: 13)



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2-Pergunta: O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou se
 deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Cláudio: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma, entendo,
que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus aspectos,
devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

3-Pergunta: Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Cláudio: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais clareza
a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia,deve ser sempre levado em conta no
estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a nortear-nos no
entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
 possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos fechar
questão num único modo de compreender determinada passagem,pois o entendimento
se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
 andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido Xavier,
nas páginas 331 a 333 temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro
"Luz Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa
autoria disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho: http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip

4-Pergunta: Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho
 na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação Kardequiana,
expressa na Codificação?

Cláudio: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso levarmos
em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do mesmo modo
interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz Alcíone na obra de Emmanuel 

citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho
ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem conhecimento e aplicação
de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver alcançado o termo da lição do Mestre,
com uma simples leitura vagamente raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem
do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições,
não basta estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém,
nos ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da existência.
Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica, qualquer dos demais
conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende conhecer e empregar,
a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

5-Pergunta: Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Cláudio: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser Jesus,
o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na condução de
seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a moral espírita e a
moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até então
vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo usando
os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o Espiritismo", ou seja,
Evangelho segundo a ótica espírita.

6-Pergunta: Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre
o ano -4 e o ano -7 a.c, e morreu entre o ano 26 e 30. Como se explica que no
livro Há Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus
no ano 33 (o convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte de Jesus.

Cláudio: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão necessária,
porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
 Brasil.
Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha Espírita, ele foi um
dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo assim, Emmanuel não
é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado, como de boa
evolução espiritual.
Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos atuais?
Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium.
O livro "Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito
a amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os historiadores
têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que não há nem mesmo
prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo não foi encontrado,
e se não há corpo, como comprovar a morte?
Ou seja, nem eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar
aguardando,para no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta importância.
Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem
à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados agradecemos
sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que
este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que vivam em espírito;
e ao pedantismodogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio
Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica."

7-Pergunta: Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um
centro espírita posso estudar o evangelho em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Cláudio: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais aconselhável.
Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso alguns quesitos,
porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos princípios espíritas,
uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição para o auto-conhecimento
e para o estudode obras ligadas ao Evangelho, entre outros.

8-Pergunta: O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do
livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá
de complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso
de perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Cláudio: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no
estudo do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes,
como a série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz Imperecível,
alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros; inclusive os 6 Volumes
Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já se acham entre os livros raros
e não mais editados.

9-Pergunta: Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Cláudio: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão n° 3.

10-Pergunta: Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que
um grupo se reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se
sabendo de antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns
ja desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a presença
de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Cláudio: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa Espírita.
A reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio
para as próprias reuniões mediúnicas.

11-Pergunta: Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o
Espiritismo?

Cláudio: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela obra,
apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento. Kardec
ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo mais amplo
no livro A Gênese.

12-Pergunta: Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo,
onde os ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Cláudio: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho.
No ESE Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais
o Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho.
Há muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho Testamento,
 podendo deste modo, nos auxiliarem.

13-Pergunta: Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não
subi ao Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter acontecido?
Como o espírita deve entender essa passagem?


Cláudio: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto conforme
a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai,
mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai,
meu Deus e vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma referência,
aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de amizade. É de
se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles. Quem já viu um ser
amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no sepulcro
chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma conversa
com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia morrido, apenas
mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela sentiu nesse momento.
Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de emoção. Segundo a narrativa
de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o túmulo abraçaram os pés do Senhor.
É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele momento,
realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que vinha
desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que aqui
 ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua nova
 missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se a
vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.
14-Pergunta: Nas casas espíritas ouço muito falar sobre "Ensinamento da Doutrina e
do Evangelho para as Crianças " mas nunca vi um programa aberto a todos direcionado
ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se achar que necessita,
temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas sinto falta de ESTUDAR o
Evangelho "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.
Cláudio: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica,
é preciso que se crie nas Centros Espiritas  grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para
nossa reeducação; e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os
Espíritos envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

15-Pergunta:
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Cláudio: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus quando
nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar de tudo que
ele estava ensinando.
Desta forma, é grande a ligação entre cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é
uma filosofia cristã, por isso um livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que
não se confunda, é o que é cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que
os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

16-Pergunta: O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Cláudio: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário. Estou
com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho. Devemos
no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente reeducacional
contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que o estudo da
parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e muito no
objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.

Site: CVDEE



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