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Que Deus nos abençoe
Negy
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segunda-feira, 13 de agosto de 2012
ADVENTO DO ESPÍRITO DE VERDADE
Evangelho Segundo o Espiritismo.
Cap. 6
8. Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha
pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto
de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A
abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram
um ensinamento profundo. A sabedoria humana
reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos
sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem
contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste
mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas
duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes,
porque elas resumem todos os deveres que a caridade e
a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido
vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate
então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos
desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se
sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. –
O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)
Cap. 6
8. Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que lha
pedem. Seu poder cobre a Terra e, por toda a parte, junto
de cada lágrima colocou ele um bálsamo que consola. A
abnegação e o devotamento são uma prece contínua e encerram
um ensinamento profundo. A sabedoria humana
reside nessas duas palavras. Possam todos os Espíritos
sofredores compreender essa verdade, em vez de clamarem
contra suas dores, contra os sofrimentos morais que neste
mundo vos cabem em partilha. Tomai, pois, por divisa estas
duas palavras: devotamento e abnegação, e sereis fortes,
porque elas resumem todos os deveres que a caridade e
a humildade vos impõem. O sentimento do dever cumprido
vos dará repouso ao espírito e resignação. O coração bate
então melhor, a alma se asserena e o corpo se forra aos
desfalecimentos, por isso que o corpo tanto menos forte se
sente, quanto mais profundamente golpeado é o espírito. –
O Espírito de Verdade. (Havre, 1863.)
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Prece
O CÍRCULO DE ORAÇÃO
F.Labouriau
Noite de 11 de
agosto de 1955.
Em finalizando as
nossas tarefas no socorro aos sofredores desencarnados, comparece o irmão
José Xavier que nos recomenda fraternalmente:
- Solicitamos dos
companheiros alguns momentos de acurada meditação para articularmos
com mais segurança o
“tono vibratório” de nossa reunião, porque, hoje, um novo amigo, o
Professor Labouriau, ocupará o canal mediúnico, a fim de expressar-se
quanto ao valor de um círculo de oração.
Com efeito, daí a
instantes transfigura-se o médium.
A entidade
comunicante senhoreira-lhe todas as forças. Levanta-se. Fala-nos à maneira
de um preceptor interessado na educação dos aprendizes. E transmite-nos o
fulgurante estudo que oferecemos neste capítulo.
Comentemos a
importância de um círculo de oração nos serviços de assistência
medianímica, como um aparelho acelerador de metamorfose espiritual.
Imaginemo-lo assim
como um cíclotron da ciência atomística dos tempos modernos.
Os companheiros do
grupo funcionam como eletroímãs, carregados de força magnética positiva, e
negativa, constituindo uma corrente alternada de alta freqüência, através
da qual o socorro do Plano Superior, transmitido por intermédio do
dirigente físico, exterioriza-se como sendo um projetil de luz sobre o
desencarnado em sombra que, simbolizando o núcleo atômico a ser atingido,
permanece justaposto ao alvo mediúnico.
No bombardeio
nuclear, sabemos que um próton, arremessado sobre o objetivo, imprime-lhe
transformação compulsória à estrutura essencial.
Um átomo elevar-se-á
na escala do sistema periódico, na medida das cargas dos corpúsculos que
lhe forem agregados.
Assim sendo, a
projeção de um próton sobre certa unidade química determina a subida de um
ponto em sua posição na série estequiogenética.
A carga do único
próton do núcleo do átomo de Hidrogênio, de número atômico 1, arrojada
sobre o Lítio, cujo número atômico é 3, modificá-lo-á para Berílio, que
tem número atômico 4; ou, sobre o Alumínio, de número atômico 13,
alterá-lo-á para Silício, cujo número atômico é 14.
Nesse mesmo
critério, a injeção de um núcleo de átomo de Hélio com seus dois prótons,
de número atômico 2, sobre Berílio, de número atômico 4, adicionar-lhe-á
dois pontos acima, convertendo-o em Carbono, cujo número atômico é 6.
Recorremos a
figurações elementares do mundo químico para dizer que no círculo de
oração o impacto das energias emitidas de nosso plano, através do
orientador encarnado, em base de radiações por enquanto inacessíveis à
perquirição terrestre, provoca sensíveis alterações na mente perturbada,
conduzida à assistência cristianizadora.
Consciências
estagnadas nas trevas da ignorância ou da insânia perversa, são trazidas à
retorta mediúnica para receberem o bombardeio controlado de forças e
idéias transformadoras que lhes renovam o campo íntimo, e, daí, nasce a
guerra franca e sem quartel, declarada a todos os grupos respeitáveis do
Espiritismo pelas Inteligências que influenciam na sombra e que fazem do
vampirismo a sua razão de ser.
Todos vós, que
recolhestes do Senhor os mandatos do esclarecimento, os recursos da
mediunidade e os títulos da cooperação, no trato com os reinos do
Espírito, sabei que para conservardes um círculo de oração, equilibrado e
seguro, é imprescindível pagar os mais altos tributos de sacrifício,
porque, em verdade, retendes convosco poderosa máquina de transmutação
espiritual, restaurando almas enfermas e transviadas em núcleo de ação
eficiente, que vale por reduto precioso de operações da Esfera divina, no
amparo às necessidades e problemas da Terra.
Unamo-nos, assim, no
trabalho do Cristo, como obreiros da Grande Fraternidade, mantendo-nos
diligentes e alertas, na batalha incessante do bem contra o mal em que
devemos servir para a vitória da Luz.
Do livro Vozes do Grande Além. Psicografia de Francisco
Cândido Xavier.
MESTRE E APRENDIZ
Espírito: EMMANUEL.
... E respondendo ao
discípulo que lhe pedira ensinasse a orar, disse o Mestre generoso:
Quando rogares amor, não
abandones o próximo ao frio da indiferença.
Quando suplicares o dom da
fé viva, não relegue teu irmão à descrença ou à tortura mental.
Quando pedires luz, não
condenes teu companheiro à perturbação nas trevas.
Quando solicitares a
bênção da esperança, não espalhes o fel da desilusão.
Quando implorares socorro,
não olvides a assistência que deves aos mais necessitados.
Quando rogares consolação,
não veicules o desespero à margem do caminho.
Quando pedires perdão,
desculpa os que te ofendem.
Quando suplicares justiça,
em favor da própria segurança, não te descuides da harmonia de todos que
precisas assegurar ao preço de tua renunciação e de tua humildade, a
benefício dos que te cercam.
Se reclamares pela
claridade da paz, não entendas a sombra da discórdia; se pedires
compreensão, não critiques; se aguardares concurso do Céu, não menosprezes a
colaboração que o mundo te pede à boa vontade.
Assim como fizeres aos
outros, assim será feito a ti mesmo.
Segundo plantares,
colherás.
Não olvides, assim, que a
Vontade do Senhor é também a Lei Eterna e que tudo te responderá na vida,
conforme os teus próprios apelos.
Vai, pois, e, orando,
perdoa e ajuda sempre!...
Foi então que o aprendiz,
reconhecendo que não basta simplesmente pedir para receber a felicidade,
passou a construí-la através do serviço à felicidade dos outros,
compreendendo, por fim, que somente pelo trabalho incessante no bem poderia
orar em perfeita comunhão com a Bondade de Deus.
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO
NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
COMUNHÃO COM DEUS
Irmão X - Humberto de Campos
As elucidações do Mestre, relativamente à oração, sempre
encontravam nos discípulos certa perplexidade, quase que invariavelmente
em virtude das idéias novas que continham, acerca da concepção de Deus
como Pai carinhoso e amigo. Aquela necessidade de comunhão com o seu
amor, que Jesus não se cansava de salientar, lhes aparecia como problema
obscuro, que o homem do mundo não conseguiria realizar.
A esse tempo, os essênios constituíam um agrupamento de
estudiosos das ciências da alma, caracterizando as suas atividades de
modo diferente, porque sem públicas manifestações de seus princípios.
Desejoso de satisfazer à curiosidade própria, João procurou
conhecer-lhes, de perto, os pontos de vista, em matéria das relações da
comunidade com Deus e, certo dia, procurou o Senhor, de modo a ouvi-lo
mais amplamente sobre as dúvidas que lhe atormentavam o coração:
- Mestre - disse ele, solícito -, tenho desejado
sinceramente compreender os meus deveres atinentes à oração, mas sinto
que minh’alma está tomada de certas hesitações. Anseio por esta comunhão
perene com o Pai; todavia, as idéias mais antagônicas se opõem aos meus
desejos. Ainda agora, manifestando meu pensamento, acerca de minhas
necessidades espirituais, a um amigo que se instrui com os essênios,
asseverou-me ele que necessito compreender que toda edificação
espiritual se deve processar num plano oculto. Mas, suas observações me
confundiram ainda mais. Como poderei entender isso? Devo, então, ocultar
o que haja de mais santo em meu coração?
O Messias, arrancado de suas meditações, respondeu com
brandura:
- João, todas as dúvidas que te assaltam se verificam
pelo motivo de não haveres compreendido, até agora, que cada criatura
tem um santuário no próprio espírito, onde a sabedoria e o amor de Deus
se manifestam, através das vozes da consciência. Os essênios levam muito
longe a teoria do labor oculto, pois, antes de tudo, precisamos
considerar que a verdade e o bem devem ser patrimônio de toda a
Humanidade em comum. No entanto, o que é indispensável é saber dar a
cada criatura, de acordo com as suas necessidades próprias. Nesse ponto,
estão muito certos quanto ao zelo que os caracteriza, porque os
ungüentos reservados a um ferido não se ofertam ao faminto que precisa
de pão. Também eu tenho afirmado que não poderei ensinar tudo o que
desejara aos meus discípulos, sendo compelido a reservar outras lições
do Evangelho do Reino para o futuro, quando a magnanimidade divina
permitir que a voz do Consolador se faça ouvir entre os homens sequiosos
de conhecimento. Não tens observado o número de vezes em que necessito
recorrer a parábolas para que a revelação não ofusque o entendimento
geral? No que se refere à comunhão de nossas almas com Deus, não me
esqueci de recomendar que cada espírito ore no segredo do seu íntimo, no
silêncio de suas esperanças e aspirações mais sagradas. É que cada
criatura deve estabelecer o seu próprio caminho para mais alto, erguendo
em si mesma o santuário divino da fé e da confiança, onde interprete
sempre a vontade de Deus, com respeito ao seu destino. A comunhão da
criatura com o Criador é, portanto, um imperativo da existência e a
prece é o luminoso caminho entre o coração humano e o Pai de infinita
bondade.
O apóstolo escutou as observações do Mestre, parecendo
meditar austeramente. Entretanto, obtemperou:
- Mas, a oração deve ser louvor ou súplica?
Ao que Jesus respondeu com bondade:
- Por prece devemos interpretar todo ato de relação entre
o homem e Deus. Devido a isso mesmo, como expressão de agradecimento ou
de rogativa, a oração é sempre um esforço da criatura em face da
Providência Divina. Os que apenas suplicam podem ser ignorantes, os que
louvam podem ser somente preguiçosos. Todo aquele, porém, que trabalha
pelo bem, com as suas mãos e com o seu pensamento, esse é o filho que
aprendeu a orar, na exaltação ou na rogativa, porque em todas as
circunstâncias será fiel a Deus, consciente de que a vontade do Pai é
mais justa e sábia do que a sua própria.
- E como ser leal a Deus, na oração? - interrogou o
apóstolo, evidenciando as suas dificuldades intelectuais. - A prece já
não representa em si mesma um sinal de confiança?
Jesus contemplou-o com a sua serenidade imperturbável e
retrucou:
- Será que também tu não entendes? Não obstante a
confiança expressa na oração e a fé tributada à providência superior, é
preciso colocar acima delas a certeza de que os desígnios celestiais são
mais sábios e misericordiosos do que o capricho próprio; é necessário
que cada um se una ao Pai, comungando com a sua vontade generosa e
justa, ainda que seja contrariado em determinadas ocasiões. Em suma, é
imprescindível que sejamos de Deus. Quanto às lições dessa fidelidade,
observemos a própria natureza, em suas manifestações mais simples.
Dentro dela, agem as leis de Deus e devemos reconhecer que todas essas
leis correspondem à sua amorosa sabedoria, constituindo-se suas servas
fiéis, no trabalho universal. Já ouviste falar, alguma vez, que o Sol se
afastou do céu, cansado da paisagem escura da Terra, alegando a
necessidade de repousar? A pretexto de indispensável repouso, teriam as
águas privado o globo de seus benefícios, em certos anos? Por
desagradável que seja em suas características, a tempestade jamais
deixou de limpar as atmosferas. Apesar das lamentações dos que não
suportam a umidade, a chuva não deixa de fecundar a terra! João, é
preciso aprender com as leis da natureza a fidelidade a Deus! Quem as
acompanha, no mundo, planta e colhe com abundância. Observar a lealdade
para com o Pai é semear e atingir as mais formosas searas da alma no
infinito. Vê, pois, que todo o problema da oração está em edificarmos o
reino do céu entre os sentimentos de nosso íntimo, compreendendo que os
atributos divinos se encontram também em nós.
O apóstolo guardou aqueles esclarecimentos, cheio de boa
vontade no sentido de alcançar a sua perfeita compreensão.
- Mestre - confessou, respeitoso -, vossas elucidações
abrem uma estrada nova para minh’alma; contudo, eu vos peço, com a
sinceridade da minha afeição, me ensineis, na primeira oportunidade,
como deverei entender que Deus está igualmente em nós.
O Messias fixou nele o olhar translúcido e, deixando
perceber que não poderia ser mais explícito com o recurso das palavras,
disse apenas:
- Eu to prometo.
A conversação que vimos de narrar verificara-se nas
cercanias de Jerusalém, numa das ausências eventuais do Mestre do
círculo bem-amado de sua família espiritual em Cafarnaum.
No dia seguinte, Jesus e João demandaram Jericó, a fim de
atender ao programa de viagem organizado pelo primeiro.
Na excursão a pé, ambos se entretinham em admirar as
poucas belezas do caminho, escassamente favorecido pela Natureza. A
paisagem era árida e as árvores existentes apresentavam as frondes
recurvadas, entremostrando a pobreza da região, que não lhes incentivava
o desenvolvimento.
Não longe de uma pequena herdade, o Mestre e o apóstolo
encontraram um rude lavrador, cavando grande poço à beira do caminho.
Bagas de suor lhe desciam da fronte; mas, seus braços fortes iam e
vinham à terra, na ânsia de procurar o líquido precioso.
Ante aquele quadro, Jesus estacionou com o discípulo, a
pretexto de breve descanso, e, revelando o interesse que aquele esforço
lhe despertava, perguntou ao trabalhador:
- Amigo, que fazes?
- Busco a água que nos falta - redargüiu com um sorriso o
interpelado.
- A chuva é assim tão escassa nestas paragens? - tornou
Jesus, evidenciando afetuoso cuidado.
- Sim, nas proximidades de Jericó, ultimamente, a chuva
se vem tornando uma verdadeira graça de Deus.
O homem do campo prosseguiu no seu trabalho exaustivo;
mas, apontando para ele, o Messias disse a João, em tom amigo:
Este quadro da Natureza é bastante singelo; porém, é na
simplicidade que encontramos os símbolos mais puros. Observa, João, que
este homem compreende que sem a chuva não haveria mananciais na Terra;
mas, não pára em seu esforço, procurando o reservatório que a
Providência Divina armazenou no subsolo. A imagem é pálida; todavia,
chega para compreenderes como Deus reside também em nós. Dentro do
símbolo, temos de entender a chuva como o favor de sua misericórdia, sem
o qual nada possuiríamos. Esta paisagem deserta de Jericó pode
representar a alma humana, vazia de sentimentos santificadores. Este
trabalhador simboliza o cristão ativo, cavando junto dos caminhos
áridos, muitas vezes com sacrifício, suor e lágrimas, para encontrar a
luz divina em seu coração. E a água é o símbolo mais perfeito da
essência de Deus, que tanto está nos céus como na Terra.
O discípulo guardou aquelas palavras, sabendo que
realizara uma aquisição de claridades imorredouras. Contemplou o grande
poço, onde a água clara começava a surgir, depois de imenso esforço do
humilde trabalhador que a procurava desde muitos dias, e teve nítida
compreensão do que constituía a necessária comunhão com Deus.
Experimentando indefinível júbilo no coração, tomou das mãos do Messias
e as osculou, com a alegria do seu espírito alvoroçado. Confortado, como
alguém que vencera grande combate íntimo, João sentiu que finalmente
compreendera."
Do livro Boa Nova. Psicografia de Francisco Cândido
Xavier.
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domingo, 12 de agosto de 2012
O MISTÉRIO DE PAULO
Pode o Espiritismo
explicar a misteriosa figura do apóstolo Paulo? A súbita conversão do fogoso
perseguidor, nas portas de Damasco, reveste-se, aparentemente, das características
do milagre. Sua atividade posterior é considerada por muitos como superior à do
próprio Cristo, na implantação do Evangelho. Chega-se a dizer que o
Cristianismo é obra de Paulo e não do Cristo. Há, também, quem veja em Paulo
uma espécie de reformador do Cristianismo, sustentando a existência de
divergências profundas entre o Evangelho e as Epístolas do apóstolo dos
gentios.
A mente humana é
cheia de escaninhos sombrios e, às vezes, se apresenta como caprichoso
labirinto. O Espiritismo é inteiramente contrário a essas teorias disparatadas.
A conversão de Paulo não se deu por acaso, nem da maneira brusca por que
costumam apresentá-la. “Tudo se encadeia no Universo”, diz O Livro dos Espíritos. Houve, também, um encadeamento de causas e
efeitos na vida de Paulo, para levá-lo ao encontro do Cristo, na Estrada de
Damasco. Os interessados no esclarecimento desse problema encontrarão amplos
esclarecimentos na obra Paulo e Estêvão,
de Emmanuel, psicografada por Chico Xavier, que acaba de ser lançada em oitava
edição, pela Livraria da Federação Espírita Brasileira.
Não se trata de um
romance, como geralmente se pensa, mas de uma biografia romanceada, de uma
reconstituição da vida de Paulo, abrangendo aspectos fundamentais da época
heróica de expansão do Cristianismo; as fontes da conversão de Paulo na sua
própria dedicação a Moisés. Emmanuel não se serve da bibliografia terrena para
essa reconstituição, mas das “tradições do mundo espiritual”. Vemos, então, que
Gamaliel, mestre de Paulo, que devia suceder o mestre no Sinédrio, foi também
um convertido. E duas figuras praticamente desconhecidas dos investigadores da
História cristã, o pregador Estêvão e sua irmã Abigail, que foi noiva do jovem
Saulo de Tarso, representam papel decisivo na preparação do seu espírito para o
encontro com o Cristo.
As lutas de Saulo,
após a conversão, são longas e dolorosas. Mas a sua inteligência poderosa e a
sua profunda sinceridade, levam-no a compreender o Cristianismo como ninguém
ainda pudera fazê-lo. Os que vêem diferenças entre Paulo e o Cristo, fazem
confusão entre as interpretações parciais da mensagem cristã, espalhadas no
mundo, e a interpretação legítima e total do apóstolo dos gentios. Paulo nada
acrescentou, nem teve a mais leve pretensão de modificar o Cristianismo. Sua
principal virtude, nas lides cristãs, é a fidelidade a Cristo, opondo-se até mesmo
aos erros judaizantes dos apóstolos que haviam convivido com o Messias.
Paulo e Estêvão é uma obra que justificaria, sozinha, a
existência e o apostolado mediúnico de Chico Xavier, na atualidade. Mas não é
livro para ser lido como romance, com interesse apenas pelos lances românticos
do enredo. É livro para ser estudado, para ser lido e meditado. Na bibliografia
mediúnica mundial talvez não exista nenhum livro de maior importância do que
esse. Os leitores que ainda não o conhecem devem aproveitar a oportunidade
desta oitava edição, que completa sessenta e cinco milheiros de exemplares,
lançados em nosso país, fora as traduções que correm o mundo.
O Mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires
Queria primeiro o acréscimo, para depois procurar o Reino
Contradições
entre teoria e prática doutrinária
– Quando se entende somente para os outros
– Uma lição mediúnica.
– Quando se entende somente para os outros
– Uma lição mediúnica.
Miranda, velho amigo estudioso da doutrina do Consolador e
pregador apreciado, uma dia me confessou: “Há muito que entro no Evangelho, mas
o Evangelho não entra em mim. Por incrível que pareça, quanto mais o leio,
quanto mais me absorvo nele, menos o sigo. Não sou mau, nem viciado em coisa
alguma, nada faço contra ninguém. Mas sou áspero, irritadiço, não tolero ofensas
e não entendo como se possa procurar primeiro o Reino de Deus, quando a Terra,
diariamente, exige tanto de mim”.
Respondi-lhe que nós todos somos assim. Todos temos os nossos
defeitos, as nossas deficiências de compreensão. Mas isso é natural, e não tem
importância, desde que lutemos para nos corrigir. Se fôssemos perfeitos não
estaríamos aqui, nem precisaríamos do Espiritismo. Estaríamos em mundo melhor,
em plano superior, na companhia daqueles que, para as várias religiões, são os
eleitos. Lembrei-lhe o que dizia Kardec: “O verdadeiro espírita se conhece pela
sua transformação moral.” Kardec não exigia a perfeição, mas o avanço constante
rumo a ela.
Miranda ouviu atentamente, com um pequeno volume do Evangelho
nas mãos. Concordou, em parte. Mas logo acrescentou: “E se me esforço, mas não
consigo melhorar-me? Já pensaste nisso? No drama do espírita que deseja
melhorar e não consegue? Volto a insistir no caso do Reino de Deus. Como posso
pensar nele, com a conta do empório no bolso e o ordenado já gasto? Essa é uma
imperfeição que não venço. Sou obrigado a mentir, a trapacear, para resolver a
situação.”
Perguntei-lhe se já havia examinado bem o conteúdo do ensino
evangélico a que se referia. Respondeu que sim. Perguntei-lhe, então, o que
entendia pelo Reino de Deus. Disse que entendia ser o reino da pureza, da
verdade e do amor. Buscá-lo, pois, seria portar-se de acordo com esses
princípios. Mas, como ser puro, se precisava mentir e trapacear? Como ser
verdadeiro, se precisava simular? Como cultivar o amor, se os semelhantes o
ofendiam, censuravam-no impiedosamente, amarguravam-no? Baixou a fronte,
pensativo, rodando nas mãos o volumezinho do Evangelho, como uma coisa inútil.
Suspirou e exclamou, num desabafo: “Acho que o melhor é deixar de falar na
doutrina. E fazer como se diz por aí: fé em Deus e unha no próximo!”
Procurei, ainda, consolá-lo por mil maneiras. Inútil. Miranda
estava amargurado consigo mesmo, revoltado. Mas à noite, aparentemente por
acaso, encontramo-nos com um médium amigo. Conversa vai, conversa vem,
resolvemos fazer uma prece em conjunto, para ajudar o Miranda. E mal a
terminávamos, uma entidade amiga se incorporava no médium, dirigindo-se ao companheiro,
desolado:
– Miranda, você não quer buscar o Reino de Deus e a sua justiça?
Pois então, meu irmão, busque o outro.
– Que outro? perguntou Miranda, assustado.
– O do Diabo e a sua injustiça.
– Mas o Diabo não existe – objetou Miranda – É uma invencionice,
uma interpretação errada dos textos. Chamas de diabo os espíritos imperfeitos,
como eu, que andam trapaceando por aí.
– Pois então, Miranda, continue no seu Reino e na sua
injustiça. Ninguém o obriga a buscar o Reino de Deus.
Miranda não se conteve. Lágrimas ardentes lhe correram pelo
rosto. Disse-me, depois que, no momento, todo o absurdo da sua atitude lhe
surgira de inopino aos olhos da alma. Então a entidade amiga, compassiva,
disse-lhe:
– Como vê, Miranda, meu irmão, não há outro caminho. Mancando
ou não, você tem mesmo é de seguir por aí. Em vez de mentir, confesse
humildemente aos credores a verdade da sua situação. Em vez de trapacear,
procure fazer negócios sérios. A princípio, vai ser um pouco difícil, porque o
seu passado é um tanto escuro. Mas, insista no caminho reto, e será ajudado.
Ponha o pé no Reino de Deus, e o acréscimo começará a aparecer. Até agora, você
tem falado do que entendeu. Agora, ponha em prática o entendimento, e fale do
que experimentou.
Ao sairmos da reunião, Miranda mostrava um semblante mais
tranqüilo. E, em breve, se abriu conosco, num desabafo salutar:
– É verdade, amigos, tenho falado do que entendi, mas não
tenho praticado. Nunca fui insincero nas minhas pregações. Mas acontece que eu
ensinava os outros, e eu mesmo não aprendia. Curioso! Eu desejava o acréscimo,
sem buscar o Reino! De agora em diante vou fazer o contrário. E os Espíritos me
ajudarão.
O criminoso é nosso próximo, como o melhor entre os homens
Aspectos anticristãos
do problema da pena de morte
– Uma lição do pastor Stanley Jones – Elisabeth de França
e sua comunicação sobre o problema dos criminosos.
– Uma lição do pastor Stanley Jones – Elisabeth de França
e sua comunicação sobre o problema dos criminosos.
As discussões sobre a pena de morte revelam a falta de
compreensão cristã dos problemas humanos em nosso tempo. E essa falta é tanto
mais alarmante quando vemos representantes de igrejas cristãs e de correntes
espiritualistas defenderem e postularem, de público, a instituição da pena
capital em nosso país. Por mais que se alegue a defesa da sociedade, da ordem,
da segurança das famílias, a verdade é que o Cristianismo, quer pelo ensino, ou
pelo exemplo do Cristo, não autoriza a adoção dessa medida brutal e violenta.
E, caso a autorizasse, estaria em contradição consigo mesmo.
O Espiritismo, na sua feição de restabelecimento da pureza
inicial dos princípios cristãos, não admite a pena de morte. Por essa atitude
clara, definida, além de se manter coerente com a essência dos ensinos de
Jesus, mantém-se, também, fiel a si mesmo no plano filosófico. Porque a verdade
é a seguinte: quer se encare o Espiritismo no seu aspecto religioso, ou no seu
aspecto filosófico ou, ainda, no científico, a doutrina se apresenta coerente,
una, homogênea, baseada sempre nos sólidos alicerces dos princípios cristãos.
Admitir a pena de morte é negar a capacidade de recuperação e
regeneração da criatura humana. Negar essa capacidade é admitir a falência da
ação de Deus no mundo, é admitir a contradição e o absurdo no processo da vida.
Para o espírita seria, ainda, negar a eficiência da lei de evolução.
Entretanto, a história do mundo nos mostra que os erros humanos são corrigíveis
e que os maiores criminosos são suscetíveis de regeneração. Aqui mesmo, em
nosso país, não temos o exemplo de grandes cangaceiros que se transformaram em
homens de bem?
Alguns espíritas, levados pelo horror de certos crimes, e sobretudo
influenciados pela falsa argumentação dos defensores da pena de morte, chegam
às vezes a admiti-lo. Se pensassem, porém, nos princípios fundamentais da
doutrina, jamais a admitiriam. Se aceitamos que os espíritos foram criados por
Deus para a perfeição, e que esta se realiza através das vicissitudes e experiências
da alma, como podemos aceitar a idéia de interromper a vida de uma criatura, em
nome dos interesses da sociedade? E o que é a sociedade, senão o meio formado
por essas próprias experiências, o meio em que essas experiências se
desenvolvem, propiciando a uns o esclarecimento e mantendo outros nas trevas da
ignorância e da crueldade?
Um grande pastor protestante, Stanley Jones, ensina que devemos
ver em cada criatura humana um ser pelo qual o Cristo deu a vida. Essa é uma
lição realmente cristã. Se meditarmos nela, veremos o absurdo dos que pretendem
tirar a vida a um criminoso, pelo qual o Cristo morreu. Mas, na pena de morte não
há somente o absurdo da violência social contra o criminoso, filho e produto da
própria sociedade. Há também o absurdo da oficialização do homicídio, que passa
a ser uma instituição, produzindo no país uma nova e horripilante classe
social: a dos funcionários do crime. Esses funcionários, como acentuou Victor
Hugo, seriam os assassinos oficiais, punindo friamente, com a morte
burocrática, os infelizes que, no desespero de suas paixões ou no desequilíbrio
profundo de sua crueldade mórbida, praticarem crimes.
Kardec incluiu, em O
Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI, uma comunicação mediúnica de
Elizabeth de França, que termina com estas belas palavras, ao tratar do
criminoso: “O arrependimento pode comover seu coração, se pedirdes com fé. É
vosso próximo, como o melhor entre os homens. Sua alma, transviada e rebelde,
foi criada, como a vossa, para se aperfeiçoar. Ajudai-o, pois, a sair do
lodaçal, e rogai por ele”. Como vemos, a lei do amor transparece em cada uma
destas palavras, acordando-nos para o verdadeiro sentido das responsabilidades
sociais em face dos criminosos.
O Mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires
O Mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires
Necessidade do estudo de Kardec para discernimento doutrinário
Confusões intencionais e não-intencionais, lançadas nos
meios espíritas – O problema umbandista – Mensagens de Ramatis.
Há muitas confusões, feitas intencionalmente ou não, entre o
Espiritismo e numerosas formas de crendice popular, inclusive as formas de
sincretismo religioso afro-brasileiro, hoje largamente difundidas. Adversários
da doutrina espírita costumam fazer intencionalmente essas confusões, com o fim
de afastar do Espiritismo as pessoas cultas. Por outro lado, alguns espíritas
mal-orientados, que não conhecem a própria doutrina, colaboram nesse trabalho
de confusão, admitindo como doutrinárias as mais estranhas manifestações mediúnicas
e as mais evidentes mistificações.
Alguns leitores se mostram justamente alarmados com a larga
aceitação que vêm tendo, em certos meios doutrinários, práticas de Umbanda e
comunicações de Ramatis. E nos escrevem a respeito, pedindo uma palavra nossa
sobre esses assuntos. Na verdade, já escrevemos numerosas crônicas tratando da
necessidade de vigilância nos meios espíritas, de maior e mais seguro conhecimento
dos nossos princípios, e apontando os perigos decorrentes do entusiasmo fácil,
da aceitação apressada de certas inovações. Mas, para atender às solicitações,
voltaremos hoje ao assunto.
Kardec dizia, como muita razão, que os adeptos demasiado
entusiastas são mais perigosos para a doutrina do que os próprios adversários.
Porque estes, combatendo o que não conhecem, evidenciam a própria fraqueza e
contribuem para o esclarecimento do povo, enquanto os adeptos de entusiasmo
fácil comprometem a causa. O que estamos vendo hoje, no meio espírita brasileiro,
não é mais do que a confirmação dessa assertiva do codificador. Espíritas
demasiado entusiastas estão sempre prontos a receber qualquer “nova revelação”
que lhes seja oferecida e a divulgá-la sofregamente, como verdades
incontestáveis. Que diferença entre o equilíbrio e a ponderação de Kardec e
essa afoiteza inútil e prejudicial!
No tocante à Umbanda, já dissemos aqui, numerosas vezes, que
se trata de uma forma de sincretismo religioso, ou seja, de mistura de
religiões e cultos, com a qual o Espiritismo nada tem a ver. As formas de
sincretismo religioso são, praticamente, as nebulosas sociais de que nascem as
novas religiões. A Umbanda já superou a fase inicial de nebulosa, estando agora
em plena fase de condensação. É por isso que ela de difunde com mais intensidade.
Já se pode dizer que é uma nova religião, formada com elementos das crenças
africanas e indígenas, misturados a crenças e formas de culto do catolicismo e
do islamismo em franco desenvolvimento entre nós. O Espiritismo não participou
da sua formação, embora os nossos sociólogos, em geral, exatamente por desconhecerem
o Espiritismo, digam o contrário, pois confundem o mediunismo primitivo, de
origem africana e indígena, com os princípios de uma doutrina moderna. Nós,
espíritas, devemos respeitar na Umbanda uma religião nascente, mas não podemos
admitir confusões entre as suas práticas sincréticas e as práticas espíritas.
Quando às mensagens de Ramatis, também já tivemos ocasião de
declarar que se trata de mensagens mediúnicas a serem examinadas. De nossa
parte, consideramo-las como mensagens confusas, dogmáticas, vazadas na
linguagem típica dos espíritos pseudo-sábios, a que Kardec se refere na escala
espírita de O Livro dos Espíritos.
Cheias de afirmações absurdas e até mesmo contraditórias, essas mensagens
revelam uma fonte que devia ser encarada com menos entusiasmo e com mais
cautela pelos espíritas. Em geral, nossos confrades se entusiasmam com “as
novas revelações” aparentemente contidas nas mesmas, esquecendo-se de
passá-las, como aconselhava Kardec, pelo crivo da razão.
O que temos de aconselhar a todos, pelo menos a todos os que
nos consultam a respeito, é mais leitura e mais estudo de Kardec, e menos
atenção a espíritos que tudo sabem e a tudo respondem com tanta facilidade,
usando sempre uma linguagem envolvente, em que nem todos sabem dividir a
verdade do erro. “O Espiritismo”, dizia Cairbar Schutel, “é uma questão de
bom-senso”. Procuremos andar de maneira sensata, na aceitação de mensagens
mediúnicas.
Livro: O mistério do Bem e do Mal
Herculano Pires
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