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domingo, 12 de agosto de 2012
sábado, 11 de agosto de 2012
Renascer e remorrer
48
Renascer e remorrer
Cap. V – Item 12
Usufruímos na Espiritualidade o continente sem limites de onde
viemos; no Universo Físico, o mar sem praias em que navegamos
de quando em quando, e, na Vida Eterna, o abismo sem fundo
em que desfrutamos as magnificências divinas.
No trajeto multimilenário de nossas experiências, aprendemos,
entre sucessivos transes de nascimento e desencarnação, a alegria
de viver, descobrindo e reconhecendo a necessidade e a compensação
do sofrimento, sempre forjado por nossas próprias faltas.
Já renascemos e remorremos milhões de vezes, contraindo e
saldando obrigações, assinalando a excelsitude da Providência e o
valor inapreciável da humildade, para saber, enfim, que toda revolta
humana é absurda e impotente.
Se as lutas do burilamento moral não têm unidade de medida, a
ação do amor é infinita na solução de todos os problemas e na
medicação de todas as dores.
Tolera com paciência as inevitáveis, mas breves provas de agora,
para que te rejubiles depois.
Nos compromissos espirituais, todos encontramos solvibilidade
através do esforço próprio. Aproveitemos a bênção da dor na
amortização dos débitos seculares que nos ferreteiam as almas,
perseverando resignadamente no posto de sentinelas do bem, até
que o Senhor mande render-nos com a transformação pela morte.
Sempre trazemos dívidas de lágrimas uns para com os outros.
Vive, assim, em paz com todos, principalmente junto aos irmãos
com os quais a tua vida se intercomunica a cada instante,
legando, por testamento e fortuna, atos de amor e exemplos de fé,
no fortalecimento dos espíritos de amigos e descendentes.
Se há facilidade para remorrer, há dificuldades para renascer.
As portas dos cemitérios jamais se fecham; contudo, as portas da
reencarnação só se abrem com a senha do mérito haurido nas edificações
incessantes da caridade.
As dores iguais criam os ideais semelhantes.
Auxiliemo-nos mutuamente.
O Evangelho – o livro luz da evolução – é o nosso apoio. Busquemos
a Jesus, lembrando-nos de que o lamento maior, o desesperado
clamor dos clamores, que poderia ter partido de seus lábios,
na potência de mil ecos dolorosos, jamais chegou a existir.
Lins de Vasconcellos
Livro : Espírito da Verdade
Renascer e remorrer
Cap. V – Item 12
Usufruímos na Espiritualidade o continente sem limites de onde
viemos; no Universo Físico, o mar sem praias em que navegamos
de quando em quando, e, na Vida Eterna, o abismo sem fundo
em que desfrutamos as magnificências divinas.
No trajeto multimilenário de nossas experiências, aprendemos,
entre sucessivos transes de nascimento e desencarnação, a alegria
de viver, descobrindo e reconhecendo a necessidade e a compensação
do sofrimento, sempre forjado por nossas próprias faltas.
Já renascemos e remorremos milhões de vezes, contraindo e
saldando obrigações, assinalando a excelsitude da Providência e o
valor inapreciável da humildade, para saber, enfim, que toda revolta
humana é absurda e impotente.
Se as lutas do burilamento moral não têm unidade de medida, a
ação do amor é infinita na solução de todos os problemas e na
medicação de todas as dores.
Tolera com paciência as inevitáveis, mas breves provas de agora,
para que te rejubiles depois.
Nos compromissos espirituais, todos encontramos solvibilidade
através do esforço próprio. Aproveitemos a bênção da dor na
amortização dos débitos seculares que nos ferreteiam as almas,
perseverando resignadamente no posto de sentinelas do bem, até
que o Senhor mande render-nos com a transformação pela morte.
Sempre trazemos dívidas de lágrimas uns para com os outros.
Vive, assim, em paz com todos, principalmente junto aos irmãos
com os quais a tua vida se intercomunica a cada instante,
legando, por testamento e fortuna, atos de amor e exemplos de fé,
no fortalecimento dos espíritos de amigos e descendentes.
Se há facilidade para remorrer, há dificuldades para renascer.
As portas dos cemitérios jamais se fecham; contudo, as portas da
reencarnação só se abrem com a senha do mérito haurido nas edificações
incessantes da caridade.
As dores iguais criam os ideais semelhantes.
Auxiliemo-nos mutuamente.
O Evangelho – o livro luz da evolução – é o nosso apoio. Busquemos
a Jesus, lembrando-nos de que o lamento maior, o desesperado
clamor dos clamores, que poderia ter partido de seus lábios,
na potência de mil ecos dolorosos, jamais chegou a existir.
Lins de Vasconcellos
Livro : Espírito da Verdade
Com você mesmo
66
Com você mesmo
Cap. V – Item 13
Meu amigo, você clama contra as dificuldades do mundo, mas
será que você já pensou nas facilidades em suas mãos?
Observemos:
Você concorre, em tempo determinado, para exonerar-se da
multa legal, com expressiva taxa de consumo de luz e força elétricas;
todavia, a usina solar que lhe fornece claridade, calor e vida,
nem é assinalada comumente pela sua memória...
Você salda, periodicamente, largas contas relativas ao gasto de
água encanada; no entanto, nem se lembra da gratuidade da água
das chuvas e das fontes a enriquecer-lhe os dias...
Você estipendia na feira, com apreciáveis somas, todo gênero
alimentício que lhe atenda ao paladar; contudo, o oxigênio –
elemento mais importante a sustentar-lhe o organismo – é utilizado
em seu sangue sem pesar-lhe no orçamento com qualquer preocupação...
Você resgata com a loja novos débitos, cada vez que renova o
guarda-roupa, e, apesar disso, nunca inventariou os bens que deve
ao corpo de carne a resguardar-lhe o Espírito...
Você remunera o profissional especializado pela adaptação de
um só dente artificial: entretanto, nada despendeu para obter a
dentadura natural completa...
Você compra a drágea medicamentosa para leve dor de cabeça;
todavia, recebe de graça a faculdade de articular, instante a instante,
os mais complicados pensamentos...
Você gasta quantias inestimáveis para assistir a esse ou aquele
espetáculo esportivo ou à exibição de um filme; contudo, guarda
sem sacrifício algum a possibilidade de contemplar o solo cheio de
flores e o Céu faiscante de estrelas...
Você paga para ouvir simples melodia de um conjunto orquestral;
no entanto, ouve diariamente a divina musica da natureza, sem
consumir vintém...
Você desembolsa importâncias enormes para adquirir passagens
e indenizar hospedarias, sempre que se desloca de casa; não
obstante, passa-lhe despercebido o prêmio vultoso que recebeu
com o próprio ingresso na romagem terrestre...
Não desespere e nem se lastime...
Atendamos à realidade, compreendendo que a alegria e a esperança,
expressando créditos infinitos de Deus, são os motivos
básicos da vida a erguer-se, a cada momento, por sinfonia maravilhosa.
André Luiz
Do Livro Espírito da Verdade - Chico Xavier
Com você mesmo
Cap. V – Item 13
Meu amigo, você clama contra as dificuldades do mundo, mas
será que você já pensou nas facilidades em suas mãos?
Observemos:
Você concorre, em tempo determinado, para exonerar-se da
multa legal, com expressiva taxa de consumo de luz e força elétricas;
todavia, a usina solar que lhe fornece claridade, calor e vida,
nem é assinalada comumente pela sua memória...
Você salda, periodicamente, largas contas relativas ao gasto de
água encanada; no entanto, nem se lembra da gratuidade da água
das chuvas e das fontes a enriquecer-lhe os dias...
Você estipendia na feira, com apreciáveis somas, todo gênero
alimentício que lhe atenda ao paladar; contudo, o oxigênio –
elemento mais importante a sustentar-lhe o organismo – é utilizado
em seu sangue sem pesar-lhe no orçamento com qualquer preocupação...
Você resgata com a loja novos débitos, cada vez que renova o
guarda-roupa, e, apesar disso, nunca inventariou os bens que deve
ao corpo de carne a resguardar-lhe o Espírito...
Você remunera o profissional especializado pela adaptação de
um só dente artificial: entretanto, nada despendeu para obter a
dentadura natural completa...
Você compra a drágea medicamentosa para leve dor de cabeça;
todavia, recebe de graça a faculdade de articular, instante a instante,
os mais complicados pensamentos...
Você gasta quantias inestimáveis para assistir a esse ou aquele
espetáculo esportivo ou à exibição de um filme; contudo, guarda
sem sacrifício algum a possibilidade de contemplar o solo cheio de
flores e o Céu faiscante de estrelas...
Você paga para ouvir simples melodia de um conjunto orquestral;
no entanto, ouve diariamente a divina musica da natureza, sem
consumir vintém...
Você desembolsa importâncias enormes para adquirir passagens
e indenizar hospedarias, sempre que se desloca de casa; não
obstante, passa-lhe despercebido o prêmio vultoso que recebeu
com o próprio ingresso na romagem terrestre...
Não desespere e nem se lastime...
Atendamos à realidade, compreendendo que a alegria e a esperança,
expressando créditos infinitos de Deus, são os motivos
básicos da vida a erguer-se, a cada momento, por sinfonia maravilhosa.
André Luiz
Do Livro Espírito da Verdade - Chico Xavier
O REMÉDIO JUSTO
Emmanuel
-Bem-aventurados os que choram porque serão consolados.”
- JESUS - MATEUS, 5: 4.
“Por
estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, pois que serão consolados,
Jesus aponta a compensação que hão de ter os que sofrem e a resignação
que leva o padecente a bendizer do sofrimento, come prelúdio da cura.”
Cap. V, 12.
Perguntas,
muitas vezes, pela presença dos espíritos guardiões, quando tudo
indica, que forcas contrárias às tuas noções de segurança e conforto,
comparecem, terríveis, nos caminhos terrestres.
Desastres, provações, enfermidades e flagelos inesperados arrancam-te indagações aflitivas.
Onde
os amigos desencarnados que protegem as criaturas? Como não puderam
prevenir certos transes que te parecem desoladoras calamidades? Se
aspiras, no entanto, a conhecer a atitude moral dos espíritos
benfeitores, diante dos padecimentos desse matiz, consulta os corações
que amam verdadeiramente na Terra.
Ausculta
o sentimento das mães devotadas que bendizem com lágrimas as grades do
manicômio para os filhos que se desvairaram no vicio, de modo a que não
se transfiram da loucura à criminalidade confessa.
Ouve
os gemidos de amargura suprema dos pais amorosos que entregam os
rebentos, do próprio sangue no hospital, para que lhes seja amputado
esse ou aquele membro do corpo, a fim de que a moléstia corruptora, a
que fizeram jus pelos erros do passado, não lhes abrevie a existência.
Escuta
as esposas abnegadas, quando compelidas a concordarem chorando com os
suplícios do cárcere para os companheiros queridos,evitando –se -lhes a
queda, em fossas mais profundas de delinqüência.
Perquire
o pensamento dos filhos afetuosos,ao carregarem, esmagados de dor,
ospais endividados em doenças infecto –contagiosas, na direção.
o das casas de isolamento, a fim de que não se convertam em perigo para a comunidade.
Todos
eles trocam as frases de as frases de carinho e os dedos veludosos
pelas palavras e pelas mãos de guardas e enfermeiros, algumas vezes
desapiedados e frios, embora continuem mentalmente jungidos aos seres
que mais amam, orando e trabalhando para que lhes retornem ao seio.
Quando
vejas alguém submetido aos mais duros entraves, não suponhas que esse
alguém permaneça no olvido, por parte dos benfeitores espirituais que
lhe seguem a marcha.
0 amor brilha e paira sobre todas as dificuldades, à maneira do sol que paira e brilha sobre todas as nuvens.
Ao
invés de revolta e desalento, oferece paz e esperança ao companheiro
que chora, para que, à frente de todo mal, todo o bem prevaleça.
Isso
porque onde existem almas sinceras, à procura do bem, o sofrimento é
sempre o remédio justo da vida para que, junto delas, não suceda o pior.
Extraído do livro " O Livro da Esperança" - Psicografado por FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER
ESQUECIMENTO DO PRETÉRITO
Conquanto estejas informado a respeito da ação do passado sobre
o presente, deixas-te dominar quase sempre por dúvidas atrozes que
espezinham tuas convicções, fazendo-te sofrer.
Conjecturas quanto ao esquecimento que acompanha o espírito na
reencarnação, e supões que esse olvido, de certo modo se faz obstáculo ao
discernimento entre amigos e adversários da tua felicidade.
Seria mais justo que, assim pensas, em momentos de rudes
provanças, os centros da memória anterior fossem libertados e a censura que
frena as recordações deixasse fluir os rios do conhecimento de modo a agires
com acerto.
Confessas intimamente o tormento que te consome por caminhares
sem o conhecimento do destino, tendo em vista a ignorância do pretérito,
assinalando desolação e dor.
E concluis, apressado, que a reencarnação, em tais bases, não
expressa condignamente o amor de Nosso Pai, afirmando que, em ti mesmo não
encontras, na memória, os fundamentos que favoreçam a segurança que
gostarias de possuir para levares de vencida a experiência evolutiva.
Pensas, e no entanto desconheces a mecânica do raciocínio a
nascer nos centros cerebrais.
Ages sob impulsos desconhecidos, e ignora a razão deles.
Vives governado por automatismos fisiológicos que te mantém a
harmonia orgânica sem lhes conheceres a procedência...
...Vês, ouves, sentes, falas, distingues gostos, no que se
refere aos débeis órgãos dos sentidos físicos sem indagações, sem exigências
e, todavia, deixas-te conduzir tranqüilamente.
Observa a dificuldade que experimenta uma criatura excepcional
aprendendo a falar, comer, controlar os movimentos...
Entenderás, então, que se não te é lícito recordar o passado, a
outros espíritos mais esclarecidos e fortes que o teu é permitido navegar no
oceano das recordações com alguma segurança e naturalidade...
Ao invés de castigo, o esquecimento das vidas passadas é dádiva
celeste.
Desejarias identificar os sicários da tua paz e os cooperadores
da tua alegria. Examina, no entanto, as afinidades, considera as emoções
junto aos que te cercam, medita e conclui com o auxílio do tempo.
Abre, todavia, os braços, a quantos se acercam de ti, procurando
envolvê-los nas vibrações do entendimento e da cordialidade, para fruíres
afeição e simpatia.
* * *
Encontras obstáculos afetivos no lar entre os membros da família
e experimentas, não raro, asco senão revolta por aqueles a quem deverias
amar nas amarras do sangue.
Reações indomáveis, a se manifestarem como animosidade,
alquebram o teu ânimo em casa, levando-te a desesperos e atritos
lamentáveis.
Acalentas, ou és vítima de idiossincrasias, senão aversões, por
filhos ou irmãos, lutando tenazmente por vencer a força negativa que te
assoma na presença deles, sem resultados positivos.
A estada na intimidade doméstica se constitui penoso período,
encontrando, todavia, motivos de júbilos sob tetos alheios...
...E desejarias recordar o ontem!...
Se em ignorância quanto ao mal que te hajam feito, eles os teus
familiares, te sentes incapaz de fitá-los, entendê-los, ajudá-los e amá-los,
oferecendo-lhes compreensão e simpatia, como te portarias se, na filha revel
identificasses antiga companheira que o adultério arrastou, no irmão
consangüíneo o destruidor do antigo ninho de venturas que o tempo não
consumiu, no pai ou mãe, no filho ou noutro parente o arquiteto da tua ruína
ou a vítima da sua sandice?
Esquecer o mal para agir com acerto é luz de amor na lâmpada da
oportunidade.
Ignorar os maus para ajudá-los, significa ensejar-lhes, com
igualdade de condições, ocasião de repararem os males que tenham praticado.
Lutar contra a antipatia, procurando ignorar as causas da
aversão representa valioso esforço de libertação íntima.
Considerando a pequenez e a inferioridade moral de quantos se
encontram na Terra, o abençoado Hospital-Escola para os recalcitrantes, os
Excelsos Promotores dos renascimentos fazem que a mente espiritual mergulhe
no olvido, a fim de que as lembranças dos atos infelizes não os enlouqueçam
e as evocações abençoadas não os paralisem em recordação insensata ou
improfícua.
* * *
Jesus, o Egrégio Coordenador da Vida na Orbe, lecionando sobre a
necessidade do bem atuante, não poucas vezes exortou ao amor puro e simples
com o esquecimento do mal, para que este não se corporificasse em sombra
tenebrosa acompanhando nossa consciência. E desejando imprimir com sulcos
profundos o ensino sublime, conclamou os que O seguissem a duplicar a
bondade em relação aos que nos peçam algo, mandando oferecer a outra face ao
agressor para que não fôssemos os promotores do mal ou vitalizadores da
impiedade.
E assim o fez por conhecer o abismo que a ignorância da verdade
representa e a balisa de luz que significa o amor no caminho da evolução,
amor que nos faz esquecer o mal para somente nos lembrarmos do bem...
(De "Dimensões da Verdade", de Divaldo P. Franco, pelo espírito Joanna de
Ângelis)
QUEIXAS DE INSEGURANÇA
QUEIXAS DE INSEGURANÇA
Francisco Cândido Xavier
A nossa reunião se formava, em grande parte, de amigos procedentes de outros
campos de idéias, apenas simpatizantes, em maioria, da Doutrina Espírita. E quase todos a se
queixarem de insegurança. Muitos apresentavam problemas de desarmonia doméstica,
desajustes psicológicos, temores e angústias. Alguns traziam familiares recentemente saídos
de sanatórios e outros se mostravam em profundo desânimo, com a perda, por desencarnação,
de pessoas amadas.
O Evangelho Segundo o Espiritismo ofereceu-nos o item 13 do seu capítulo V. E
depois dos comentários habituais sobre a leitura, nosso caro Emmanuel escreveu a página
"Dispositivos de Segurança".
DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA
Emmanuel
Procuras segurança e paz.
Preservando, porém, o próprio equilíbrio, não deixes de auxiliar-te,
proporcionando aos outros auxílio que podes doar de ti mesmo.
Nunca te admitas em tamanho cansaço que não possas trabalhar, um tanto mais, em
benefício daqueles que te compartilham a vida.
Irradia compreensão e serenidade, nobres palavras e notícias edificantes.
Onde te sintas com o direito de reclamar, ao invés disso, busca extinguir os
obstáculos existentes, para que os problemas e conflitos se façam diminuídos ou superados.
Se algo deves esclarecer em determinada situação nebulosa, aguarda o momento
justo, em que te expliques sem o fogo da discussão.
Nas áreas de atrito, nas quais te envolvas, quanto se te faça possível, transfigura-te
na escora da harmonização, imunizando a ti mesmo e aos demais contra discórdia e
ressentimento.
Coloca vida e alegria nas menores manifestações, seja num simples sorriso ou num
aperto de mão.
Cultiva o hábito de servir sempre, fazendo o melhor na faixa de experiência em
que te vejas.
E mesmo que a desencarnação de um ente amado te ensombre o mundo íntimo,
quanto puderes, converte a saudade em oração de esperança porque a dor não apenas te
desgasta o coração, mas espanca igualmente a criatura querida, conduzida a outras dimensões.
Aflição habitualmente se define por excesso de carga inútil – nos mecanismos de
nossas resistências, determinando o curto-circuito em nossas melhores forças.
O equilíbrio geral é a soma do esforço conjugado de quantos lhe desfrutam as
vantagens e os benefícios.
Doemos a cooperação que os outros esperam de nós, na garantia do sistema de
segurança e paz, em que se nos levantam os alicerces da felicidade comum e guardemos a
certeza de que a nossa omissão será sempre um ponto de ruptura em nós mesmos, agravando
as nossas próprias inquietações.
.
46
Francisco Cândido Xavier
A nossa reunião se formava, em grande parte, de amigos procedentes de outros
campos de idéias, apenas simpatizantes, em maioria, da Doutrina Espírita. E quase todos a se
queixarem de insegurança. Muitos apresentavam problemas de desarmonia doméstica,
desajustes psicológicos, temores e angústias. Alguns traziam familiares recentemente saídos
de sanatórios e outros se mostravam em profundo desânimo, com a perda, por desencarnação,
de pessoas amadas.
O Evangelho Segundo o Espiritismo ofereceu-nos o item 13 do seu capítulo V. E
depois dos comentários habituais sobre a leitura, nosso caro Emmanuel escreveu a página
"Dispositivos de Segurança".
DISPOSITIVOS DE SEGURANÇA
Emmanuel
Procuras segurança e paz.
Preservando, porém, o próprio equilíbrio, não deixes de auxiliar-te,
proporcionando aos outros auxílio que podes doar de ti mesmo.
Nunca te admitas em tamanho cansaço que não possas trabalhar, um tanto mais, em
benefício daqueles que te compartilham a vida.
Irradia compreensão e serenidade, nobres palavras e notícias edificantes.
Onde te sintas com o direito de reclamar, ao invés disso, busca extinguir os
obstáculos existentes, para que os problemas e conflitos se façam diminuídos ou superados.
Se algo deves esclarecer em determinada situação nebulosa, aguarda o momento
justo, em que te expliques sem o fogo da discussão.
Nas áreas de atrito, nas quais te envolvas, quanto se te faça possível, transfigura-te
na escora da harmonização, imunizando a ti mesmo e aos demais contra discórdia e
ressentimento.
Coloca vida e alegria nas menores manifestações, seja num simples sorriso ou num
aperto de mão.
Cultiva o hábito de servir sempre, fazendo o melhor na faixa de experiência em
que te vejas.
E mesmo que a desencarnação de um ente amado te ensombre o mundo íntimo,
quanto puderes, converte a saudade em oração de esperança porque a dor não apenas te
desgasta o coração, mas espanca igualmente a criatura querida, conduzida a outras dimensões.
Aflição habitualmente se define por excesso de carga inútil – nos mecanismos de
nossas resistências, determinando o curto-circuito em nossas melhores forças.
O equilíbrio geral é a soma do esforço conjugado de quantos lhe desfrutam as
vantagens e os benefícios.
Doemos a cooperação que os outros esperam de nós, na garantia do sistema de
segurança e paz, em que se nos levantam os alicerces da felicidade comum e guardemos a
certeza de que a nossa omissão será sempre um ponto de ruptura em nós mesmos, agravando
as nossas próprias inquietações.
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REENCARNAÇÃO E EDUCAÇÃO
Antecedendo as nossas tarefas espirituais, conversávamos – um grupo de amigos –
sobre Reencarnação e Educação. Os companheiros traziam ao assunto aspectos diversos das
modificações atuais na Terra, procurando relacionar os temas aludidos com a instrução em
variados setores das atividades mundiais.
A troca de idéias seguia animada, quando o horário nos chamou para a reunião da
noite. O Livro dos Espíritos nos ofereceu a exame a questão 208. Apreciações proveitosas
foram feitas pelos companheiros. Por fim, o nosso caro Emmanuel escreveu a mensagem
“Considerações no Plano Físico”.
CONSIDERAÇÕES NO PLANO FÍSICO
Emmanuel
Conscientes quanto ao caráter educativo e reeducativo da reencarnação, o empenho a
menor esforço é sempre estranhável naqueles que amadureceram para a aceitação da verdade.
* * *
Afinal, que procuramos quando internados no berço terrestre?
* * *
Se tomamos o corpo físico, claramente sujeito a leis que o transformam
incessantemente, a fim de que sejamos impulsionados à renovação, porque fugir das
dificuldades que nos conduzem à percepção mais alta da vida?
* * *
Se estamos na espiritualidade – criaturas imortais que somos – na posição de
consciências endividadas, ante as culpas adquiridas, renascendo no mundo para o necessário
reajustamento, de que modo solucionar os problemas que se nos fazem característicos, se nos
deixam atravessar a infância absolutamente entregues aos pendores infelizes, sob o pretexto
de que devemos crescer livres?
* * *
Se nos achamos num corpo francamente desmontável, a qualquer hora, na feição de
aprendizes transportando consigo a carteira de lições, no educandário em que provisoriamente
se encontra, que proveito retirar dessa medida, se somos relegados aos próprios enganos,
como barco à matroca?
* * *
Se abominamos o obstáculo, interpretando-o por instrumento de prova, como
efetuar a aquisição das qualidades de que não prescindimos para o trabalho de elevação?
* * *
Se nos revoltamos contra as circunstâncias difícies, como extrair delas o
ensinamento e a providência que nos burilarão sentimentos e raciocínios para a Vida
Superior?
* * *
Que liberdade de escolher teremos nós, se a válvula da responsabilidade não estiver
controlando a nossa independência, já que a independência desorientada quase sempre nos
leva à destruição?
* * *
Que espécie de direito nos favorecerá na justiça da vida, se menosprezarmos o dever
que estabelece o merecimento?
* * *
Que gênero de existência surgirá para nós, se desertarmos da lição que melhora ou
da disciplina que ajuda a construir?
* * *
Com semelhantes perguntas não buscamos louvar o chicote, exaltar a servidão,
reviver a palmatória ou forjar novos grilhões para os nossos irmãos do mundo, mas sim
procuramos ponderar com os amigos encarnados da Terra, quanto aos nossos impositivos de
entendimento em nossas necessidades de educação.
Livro: Caminho de Volta
Chico Xavier/ Emmanuel
Que espécie de direito nos favorecerá na justiça da vida, se menosprezarmos o dever
que estabelece o merecimento?
* * *
Que gênero de existência surgirá para nós, se desertarmos da lição que melhora ou
da disciplina que ajuda a construir?
* * *
Com semelhantes perguntas não buscamos louvar o chicote, exaltar a servidão,
reviver a palmatória ou forjar novos grilhões para os nossos irmãos do mundo, mas sim
procuramos ponderar com os amigos encarnados da Terra, quanto aos nossos impositivos de
entendimento em nossas necessidades de educação.
Livro: Caminho de Volta
Chico Xavier/ Emmanuel
NASCIMENTOS ESTRANHOS
NASCIMENTOS ESTRANHOS
Diversos amigos, de passagem por Uberaba, deixaram-nos uma pergunta que nos tomou a atenção: “Por que
nascem crianças em lugares exclusivamente reservados aos tratamentos de doentes mentais?” Com o assunto em
pauta, em nossa reunião pública, O Livro dos Espíritos nos deu a questão 167 para estudo.
Os temas da reencarnação foram comentados. “Recomposição Espiritual”, foi a página que nosso Emmanuel
escreveu ao término das tarefas.
RECOMPOSIÇÃO ESPIRITUAL
Emmanuel
Há quem nos pergunte por que motivo nascem crianças nos recintos de assistência a companheiros em
tratamento de moléstias mentais.
E responderemos com ligeira mostra do assunto.
***
No Mais Além, certo amigo acreditou poder superar o desafio das facilidades humanas e pediu vantagens de
berço no Plano Físico, a fim de cumprir elevada missão.
Ressurgiu, para logo, na linhagem de pais generosos que lhe ficharam o nome, de imediato, na posse de
avantajados recursos materiais.
Desenvolveu-se em refúgio respeitável e opulento.
Encontrou grupo familiar que estendeu apoio e compreensão.
Favorecido por educadores abnegados, senhoreou ingredientes dos mais valiosos para a formação da própria
cultura.
Entretanto, em plena maioridade na experiência humana, por mais advertido fosse pelos princípios da fé que
esposara, decidiu-se pelo abuso.
Traçou infeliz caminho a si próprio.
Sulcou de sofrimento o coração dos pais, feriu companheiros, desbaratou os próprios bens, suscitou a
infelicidade de vastos agrupamentos domésticos, criou dificuldades e sombras e, por fim, precipitando-se em
desregramentos sem nome, desencarnou em lamentável posição de criminalidade.
De regresso ao Mundo Espiritual, reconheceu amigos, recordou afeições, clareou o pensamento, reformulou
pereceres, recompôs idéias e aceitou a culpa que lhe danificava a consciência.
Por mais se lhe dispensasse consolação, mais lhe doía o arrependimento.
Por mais se lhe prestassem favores, mais profundamente sentia o remorso que lhe arruinava todas as forças.
E isso, porque a apreciação de todos os fatos em si procedia dele próprio, no autojuízo a que todos nos
submetemos tão mais intensamente quanto maior o discernimento que venhamos a desfrutar.
Decorrido algum tempo de revisão e reajuste, ei-lo com o novo requerimento de que se supunha necessitado.
Rogava, agora, às autoridades superiores, difícil reencarnação em ambiente obscuro e indefinível, em que
quaisquer vantagens maciças lhe fossem sonegadas.
Foi assim que o vimos renascer, em espaço do Plano Físico totalmente consagrado ao tratamento de nossos
irmãos alienados mentais, recanto esse do qual estamos a vê-lo emergindo muito pouco a pouco, em seus
recursos espirituais, de modo a facear em futuro próximo o grave trabalho de reconquista de que se sente
sequioso, de maneira a reinstalar-se por dentro da própria alma, no respeito a si
Mesmo.
Como, pois, é fácil de entender, somos livres na escolha, mas nos resultados de nossas escolhas, quaisquer que
sejam, de um modo ou de outro, com a nossa própria adesão voluntária à execução da Lei, a Lei sempre se
cumprirá.
Livro: Caminho de Volta
Chico Xavier / Emmanuel
Diversos amigos, de passagem por Uberaba, deixaram-nos uma pergunta que nos tomou a atenção: “Por que
nascem crianças em lugares exclusivamente reservados aos tratamentos de doentes mentais?” Com o assunto em
pauta, em nossa reunião pública, O Livro dos Espíritos nos deu a questão 167 para estudo.
Os temas da reencarnação foram comentados. “Recomposição Espiritual”, foi a página que nosso Emmanuel
escreveu ao término das tarefas.
RECOMPOSIÇÃO ESPIRITUAL
Emmanuel
Há quem nos pergunte por que motivo nascem crianças nos recintos de assistência a companheiros em
tratamento de moléstias mentais.
E responderemos com ligeira mostra do assunto.
***
No Mais Além, certo amigo acreditou poder superar o desafio das facilidades humanas e pediu vantagens de
berço no Plano Físico, a fim de cumprir elevada missão.
Ressurgiu, para logo, na linhagem de pais generosos que lhe ficharam o nome, de imediato, na posse de
avantajados recursos materiais.
Desenvolveu-se em refúgio respeitável e opulento.
Encontrou grupo familiar que estendeu apoio e compreensão.
Favorecido por educadores abnegados, senhoreou ingredientes dos mais valiosos para a formação da própria
cultura.
Entretanto, em plena maioridade na experiência humana, por mais advertido fosse pelos princípios da fé que
esposara, decidiu-se pelo abuso.
Traçou infeliz caminho a si próprio.
Sulcou de sofrimento o coração dos pais, feriu companheiros, desbaratou os próprios bens, suscitou a
infelicidade de vastos agrupamentos domésticos, criou dificuldades e sombras e, por fim, precipitando-se em
desregramentos sem nome, desencarnou em lamentável posição de criminalidade.
De regresso ao Mundo Espiritual, reconheceu amigos, recordou afeições, clareou o pensamento, reformulou
pereceres, recompôs idéias e aceitou a culpa que lhe danificava a consciência.
Por mais se lhe dispensasse consolação, mais lhe doía o arrependimento.
Por mais se lhe prestassem favores, mais profundamente sentia o remorso que lhe arruinava todas as forças.
E isso, porque a apreciação de todos os fatos em si procedia dele próprio, no autojuízo a que todos nos
submetemos tão mais intensamente quanto maior o discernimento que venhamos a desfrutar.
Decorrido algum tempo de revisão e reajuste, ei-lo com o novo requerimento de que se supunha necessitado.
Rogava, agora, às autoridades superiores, difícil reencarnação em ambiente obscuro e indefinível, em que
quaisquer vantagens maciças lhe fossem sonegadas.
Foi assim que o vimos renascer, em espaço do Plano Físico totalmente consagrado ao tratamento de nossos
irmãos alienados mentais, recanto esse do qual estamos a vê-lo emergindo muito pouco a pouco, em seus
recursos espirituais, de modo a facear em futuro próximo o grave trabalho de reconquista de que se sente
sequioso, de maneira a reinstalar-se por dentro da própria alma, no respeito a si
Mesmo.
Como, pois, é fácil de entender, somos livres na escolha, mas nos resultados de nossas escolhas, quaisquer que
sejam, de um modo ou de outro, com a nossa própria adesão voluntária à execução da Lei, a Lei sempre se
cumprirá.
Livro: Caminho de Volta
Chico Xavier / Emmanuel
Problemas Religiosos
Ouve-se freqüentemente a pergunta: “O Espiritismo é
religião?” E muitas vezes os espíritas não sabem respondê-la. A confusão a
respeito provém das campanhas religiosas contra o Espiritismo. As Igrejas
Cristãs, descendentes diretas da Igreja Judaica, definem-se como religiosas nos
termos tradicionais do formalismo de suas organizações e do culto exterior
calcado nos vários cultos dessa natureza que lhes serviram de modelo, em
primeiro lugar o judeu e depois os mitológicos, com substanciais influências de
Ordens Ocultas como a Maçonaria. As vestes sacerdotais, os paramentos do culto,
os instrumentos sagrados – nada disso é de origem cristã, pois o Cristo não se
interessou pelos cultos formais e só ensinou o cultivo interior do espírito.
Algumas expressões dos Evangelho, alguns gestos e atitudes do Cristo deram
motivo à adaptação de ritos e sacramentos judeus ou pagãos pelos cristãos. Como
o Espiritismo, fiel ao espírito da renovação cristã, não aceitou o culto
exterior, a organização clerical profissional, nem rituais, as Igrejas Cristãs
fundaram-se nisso para declarar que o Espiritismo não era religião. Ligadas aos
Estados, elas tiveram facilidade de influir nos organismos estatais para
fazerem prevalecer a sua tese. Até hoje, no Brasil e em muitos países, certos
organismos estatais, principalmente quando influenciados pela Igreja, negam ao
Espiritismo o seu caráter de religião. Mas os espíritas precisam saber que o
Espiritismo é religião e o Centro Espírita, geralmente religioso, deve insistir
no esclarecimento desse problema em suas reuniões.
Não se trata de querer-se obter regalias governamentais
para os Centros, mas de se colocar a verdade do fato. E esse fato é aquele que
Kardec esclareceu com segurança desde o início do movimento espírita: o
Espiritismo é a Ciência do Espírito e de suas relações com os homens; dessa
Ciência resulta uma Filosofia e dessa Filosofia as conseqüências religiosas do
Espiritismo, que constituem a religião Espírita.
Kardec, como Jesus, não era clérigo de nenhuma
religião. Foi pedagogo, cientista e filósofo, diretor de estudos da Universidade
de França. Ao enfrentar o problema das manifestações espíritas, que no seu
tempo agitavam a América e a Europa, encarou-as como cientista. Observou e
pesquisou os fenômenos espíritas, como os cientistas observavam e pesquisavam
os fenômenos físicos, descobrindo-lhes as causas, identificando a sua origem, a
natureza e descobrindo as leis que os regem. Desse trabalho minucioso e
aprofundado, no confronto de hipótese diversas, nasceu no mundo a Ciência
Espírita. Grandes nomes das Ciências no século passado e neste século
continuaram na linha de pesquisa de Kardec e confirmaram a validade das suas
descobertas. Surgiram depois as ciências correlatas, entre as quais se
destacaram a Metapsíquica de Richet, a Psicobiofísica de Notzing e por fim, a
Parapsicologia atual, todas elas filhas do Espiritismo. A Parapsicologia foi a
derradeira e decisiva confirmação do acerto de Kardec e com ela, sob a designação
de fenômenos paranormais, os fenômenos espíritas integraram-se nos quadros
científicos.
A Ciência Espírita revelou a face oculta da realidade
que conhecemos e em que vivemos. Levantou as cortinas que ocultam os bastidores
do palco em que representamos os nossos papéis e duplicou os conhecimento
humanos, até então restritos ao plano exterior das manifestações da vida.
Cada avanço significativo das Ciências no conhecimento
do mundo transforma a nossa concepção da vida e do mundo, gerando uma nova
Filosofia e uma nova moral. E a Moral, por sua vez, determinando novas regras
de comportamento do homem no mundo, ante os mistérios da vida e da morte, gera
uma nova posição religiosa. A Religião Espírita é a conseqüência natural da
descoberta científica da sobrevivência e continuidade do homem após a morte.
Cientificamente não se pode provar a imortalidade, pois não dispomos de
recursos nem de tempo para constatar objetivamente que o homem é imortal em sua
essência, mas testemunho dos Espíritos Superiores e as conseqüências lógicas da
sobrevivência do homem após a morte nos levam fatalmente à ilação da imortalidade,
que o Espiritismo aceitou em seu campo religioso, bem como em sua Filosofia.
A Religião Espírita se funda nas provas cientificas da
sobrevivência e da comunicabilidade dos Espíritos com os homens através dos
fenômenos paranormais (hoje comprovados cientificamente pela Parapsicologia),
na existência de Deus como causa inteligente e primária de todas as coisa e de
todos os que seres e nas relações possíveis entre o Homem e Deus através do
sentimento religioso inato no homem, na forma de uma lei de adoração e
reverência aos poderes superiores que regem o Cosmos em sua plenitude.
Paralelamente ao desenvolvimento das pesquisas
espíritas, as pesquisas sociológicas, antropológicas e filosóficas sobre a Religião
levaram a cultura atual a rejeitar o antigo conceito de Religião como organismo
social dotado de sistemas tradicionais. A existência de religiões desprovidas
desses requisitos normais, a começar da simplicidade das religiões primitivas,
e o aprofundamento dos estudos a respeito mostraram que o fenômeno religioso
independe dessas condições artificiais. Com a tese de Henry Bergson sobre as
origens da Moral e da Religião o problema se esclareceu, dando razão ao anúncio
de Jesus e às profecias bíblicas sobre a interpretação em espírito e verdade
que não se entrosava nos modelos. Bergson estabeleceu a distinção entre as
religiões estáticas do formalismo social e a religião dinâmica e independente
que se sobrepõe a todo formalismo. A Religião Espírita apareceu então, no
quadro das pesquisas, como o modelo ideal das religiões do futuro. Firmada
apenas no sentimento religioso, na lei de adoração da tese espírita, a nova
Religião apresentava-se liberta dos aparatos do culto exterior, das pesadas e
custosas organizações clericais hierárquicas e da suntuosidade arrogante dos
templos. A Religião se libertava dos interesses humanos, das ambições de poder
e supremacia dos clérigos e voltava-se para Deus.
O problema da Revelação, que caracteriza as Religiões
Reveladas, orgulhosas de sua origem divina especial, foi colocado por Kardec no
campo das manifestações espíritas, ou seja, da fenomenologia paranormal, e
sujeita ao controle dos homens. A Religião Espírita é também revelada, mas
através de uma conjugação humano-divina. Os Espíritos Superiores fizeram
revelações a Kardec, mas ele não as considerou válidas, reais, enquanto não
pôde comprovar sua veracidade através das pesquisas. Kardec formulou a tese da
dupla revelação: a que é dada por entidades espirituais ou por homens dotados
de poderes paranormais e a que é feita pelos cientistas que investigam a Natureza,
descobrem os seus segredos e os revelam no plano científico. É dessa dupla
revelação rejeitada pelos místicos e os supersticiosos, que se constitui a
Religião Espírita, que não se acomoda na fé cega mas exige a fé raciocinada,
sancionada pelos fatos e pela razão esclarecida. Era o fim das fábulas e das
superstições, o encontro da razão humana com a Verdade Divina. A importância
desse acontecimento histórico foi negligenciada pelos comodistas da tradição
supersticiosa e o Espiritismo foi acusado de reviver no mundo, em plena Era
Científica, as mais baixas superstições do passado longínquo. Kardec esmagava a
superstição com o poder perquiridor da razão e os místicos de braços dados com
positivistas e materialistas o condenavam como supersticioso. Mas, apesar de
toda essa injustiça e de todas as campanhas difamatórias desencadeadas no mundo
contra o Espiritismo, o tempo se incumbiu de dar razão ao seu dono. Hoje, as
pessoas realmente cultas e sinceras, estudiosas e livres de preconceitos, sabem
que o Espiritismo dos simples é apenas um reflexo do Espiritismo dos sábios,
que os próprios sábios materialistas são obrigados a reconhecer como válido. Só
criaturas sistemáticas, retardatárias, preconceituosas ou sectárias, incapazes
de abrir a mente fechada nas idéias feitas para a compreensão da realidade,
continuam a negar a verdade espírita e ao mesmo tempo a sofrer sob o guante
invisível dos espíritos obsessores. Porque a seita religiosa fechada é irmã da
seita científica amarrada aos seus preconceitos. Um cientista apegado a preconceitos
é a própria negação da Ciência.
Mas, estabelecida a Religião Espírita em sua plena
liberdade de pensamento, surge no meio dos seus adeptos voluntários o problema
dos resíduos do passado. Criaturas que se tornaram espíritas através de
experiências paranormais inesperadas não conseguem vencer as barreiras dos
temores introjetados em seu inconsciente e começam a misturar suas velhas
superstições aos conhecimentos novos que recebe. Não se conformam com a
liberdade ampla do Espiritismo. Sentem a falta da canga ao pescoço calejado e
procuram transformar os dirigentes de Centros em sacerdotes de um novo tipo e
caem de joelhos diante de pobres médiuns falíveis, na esperança de graças
impossíveis. Forma-se a farândola dos crentes ansiosos por benefícios
especiais. E surgem questões de família e tradição, exigindo batizados,
rituais, casamentos suntuosos, missas e promessas aos santos. O espiritismo
dispensa todas as encenações rituais e todas as quinquilharias da devoção
formal. Para todas as encenações e todos os sacramentos o Espiritismo só tem um
substitutivo: a prece espontânea e sincera, gratuita, que parte diretamente do
coração da criatura para a Mente Suprema de Deus. No Centro Espírita esse
problema deve ser objeto de estudos constantes, de esclarecimento seguro, para
que a propagação irrefreável da Doutrina não se faça manchada pelos resíduos de
um passado de heresias e fogueiras assassinas em nome de Deus. Embora não ferindo
suscetibilidades, os dirigentes do Centro devem manter em pauta os
esclarecimentos necessários, mostrando que, no plano do espírito só os
elementos espirituais têm valor. Não se pode curar obsessões com sal grosso,
folhas de arruda, incenso ou explosão de pólvora, nem com medalhas, crucifixos
ou água benta. A obsessão é um processo inteligente desencadeado por espíritos
– o que vale dizer por inteligências extra-físicas que não são atingidas por
essas coisas. Pois eles vivem no plano espiritual, não no material e conhecem o
problema da comunicação mediúnica e do envolvimento fluídico. Só podemos
afastar uma entidade obsessiva pela persuasão e a prece, procurando
esclarecê-la ao invés de dar-lhe ordens que só fazem irritá-la. Os Centros
Espíritas que aceitam os métodos antiquados dos antigos esconjuros e exorcismos
revelam a mais grosseira ignorância da Doutrina Espírita que é essencialmente
racional. A Razão não pertence à matéria, mas ao espírito. Os fracassos das
práticas de exorcismo se comprovam no mundo inteiro através de todas as fases
históricas. Enquanto os exorcistas ou exorcisadores gastam energias e perdem
tempo, com prejuízo de sua própria saúde e do desgaste físico dos obsedados,
chegando, não raro, a resultados tristemente negativos, a doutrinação espírita
revela por toda parte a vantagem da ação persuasiva e inteligente sobre os
agressores. O valor da prece, mental ou falada, revela-se sempre eficaz, pois a
vibração espiritual de uma prece sincera atinge o obsessor de maneira envolvente,
chamando-o à razão.
No tocante aos problemas da prece, convém lembrar, como
ensina Kardec, que as mais eficazes são as preces espontâneas, não formais e
decoradas, mas pronunciadas com sentimento e desejo real, consciente, de
beneficiar tanto à vítima quanto ao algoz. Entre as preces formais, a do Pai
Nosso se destaca por uma condição especial. Integrado na tradição cristã há
dois milênios, essa prece está fixada na mente das gerações e goza o prestígio
de ter sido ensinada pelo Cristo. Seu prestígio e sua capacidade de despertar
emoções religiosas nos espíritos comprova-se diariamente no mundo. É por isso
que ela é empregada sistematicamente na abertura das sessões espíritas. É um
tabu, dizem os cépticos, e muitos espíritas, com pretensões racionais agudas,
pretendem eliminá-la dos Centros. É um erro grave, pois em toda parte se
constatou e se constata, no meio espírita, a sua eficácia. Não é difícil
entendermos isso. O Pai Nosso não contém nenhum elemento mágico, mas desde a
infância as criaturas nascidas no meio cristão aprenderam a dizê-la e a
respeitá-la. Ela foi introjetada na consciência das gerações através dos
séculos e dos milênios. Constitui-se numa forma oral e mental carregada de
energias espirituais. Tornou-se, no plano religioso, o que é o soneto na poesia
ocidental, uma forma oral e mental carregada de poder emocional. Os espíritos
perturbadores, que têm consciência de sua posição negativa e criminosa – pois
todos a têm – são tocados no íntimo, em sua sensibilidade profunda e em sua
afetividade quando ouvem essa prece, principalmente se pronunciada por pessoas
que sentem a sua mensagem e conhecem as razões da sua eficácia. Ela soa como um
apelido da infância, de juventude emotiva, da vida passada que desencadeia
antigas saudades nos homens e nos espíritos. A figura de Jesus, a força ôntica
da palavra Pai, que vibra como um apelo a Deus e uma evocação do seu poder
supremo e ao mesmo tempo misericordioso, vibra como a primeira nota vigorosa e
amorosa de uma imprecação ao Céu, às regiões superiores que desejam atingir,
por mais infeliz que seja a sua situação atual. Despertam-se na consciência e
na emotividade do espírito as ternas lembranças dos entes queridos, do amor que
experimentou na vida familiar terrena, dos momentos de felicidade e alegria que
gozou entre criaturas queridas. São esse os toques profundos que o Pai Nosso
produz nos corações fluídicos ou encarnados, como uma canção de outros tempos,
antiga que, na ternura de suas notas e de sua harmonia, nos faz voltar às oportunidades
pedidas.
Criaturas pretensamente racionais analisam e criticam o
Pai Nosso, apontando possíveis erros e absurdos no seu texto mais usado e
longo, que é o do Evangelho de João. Entidades maldosas costumam soprar a essas
criaturas idéias negativas, tentando desviá-las da prática dessa prece. Bastaria
esse fato para nos confirmar o valor do Pai Nosso. Os Evangelhos registram
formas diferentes da prece de Jesus. A que permaneceu na tradição foi a mais
completa, vítima das críticas referidas. Tentemos analisá-la rapidamente em
todos os seus termos, desfazendo essas críticas levianas:
Pai – Com
essa palavra inicial Jesus deu um golpe vibrante na antiga concepção politeísta
de Deus e na idéia bíblica, bem judaica, da posição exclusivista de Deus e na
sua condição mitológica de guerreiro, o velho Deus dos Exércitos.
Nosso –
Nesta profunda palavra temos a universalização de Deus como Pai de toda a
Humanidade. Ela destrói a velha e absurda idéia dos deuses de cada povo, em
luta uns com os outros nas guerras dos povos.
que estais no
Céu – Afirmação da presença de Deus no infinito, acima de todos os divisionismos
humanos, pois o Céu não é um lugar determinado, mas a totalidade cósmica. Deus
no Céu cobre na sua misericórdia toda a Terra e todos os mundos, todas as
constelações do Infinito.
Santificado seja
o Vosso Nome – Que seja reconhecido o nome de Deus como santo por todos os
seres, anjos, espíritos e homens, que santificarão o nome de Deus em si mesmos,
na sua consciência.
Venha a nós o
Vosso Reino – Que o Reino de Deus, ideal superior de Justiça e de Paz perfeita,
venha para nós todos.
Seja feita a
Vossa vontade, assim na Terra como no Céu – Que os homens, os espíritos e os anjos cumpram
no Céu e na Terra, por toda parte, a vontade suprema de Deus, revelando-se aqui
o princípio da comunhão constante e perfeita entre o mundo espiritual e o mundo
terreno.
O pão nosso de
cada dia dai-nos hoje – O pão simboliza o alimento geral de todos os seres –
o espiritual e o material – que os povos daquele tempo repartiam nas mesas
simbólicas das cerimônias religiosas. Jesus mesmo repartiu o pão com os
discípulos na Ceia da Páscoa, e foi no partir do pão que os discípulos o
reconheceram, depois da ressurreição, na estrada de Emaús. Esse alimento essencial
é pedido a Deus, que é o Pai, para que não nos falte.
Perdoai as
nossas ofensas, como as perdoamos aos nossos inimigos – Os inimigos são os
que nos perseguem e caluniam. Alimentados pelo pão espiritual podemos perdoá-los
e, só assim, nos fazemos dignos do perdão de Deus, que diariamente ofendemos em
nossa ignorância. É o princípio da fraternidade em Deus e por Deus.
Não nos deixeis
cair em tentação – Somos frágeis em nossa ignorância e alimentamos desejos
e ambições. A tentação está em nós mesmo, mas Deus pode alimentar-nos
diariamente o espírito com os verdadeiros anseios da nossa destinação, para não
cairmos no torvelinho dos nossos instintos inferiores.
Mas livrai-nos
do mal para sempre – Súplica a Deus para nos despertar a consciência nas horas
difíceis de cada dia.
Pois vosso é o
Reino, o poder e a glória para todo o sempre – O Reino que buscamos é o de
Deus, não o dos homens. O poder é de Deus e não dos espíritos inferiores, a
glória só a Deus pertence e só Ele nos pode glorificar. Laudação que só aparece
no Evangelho de João, como justificação final de toda a prece.
O Pai Nosso é uma prece sintética, modelo dado por
Jesus aos seus discípulos, para que nela encontrem, diariamente, a síntese
final dos seus ensinos. A dinâmica dessa síntese desperta a memória dos homens
e das entidades espirituais para a fé em Deus, a esperança em nossa evolução
espiritual e a confiança no poder absoluto e na misericórdia d’Aquele que nos
arranca do limo da Terra para as ascensões da evolução universal.
Há pessoas que discordam da prece do Pai Nosso nas
sessões espíritas, alegando que se trata de uma oração católica. Jesus nasceu
no Judaísmo, recebeu a benção da virilidade no Templo, aos 13 anos, como todos
os meninos judeus da sua idade, cresceu e viveu como judeu até o momento em que
iniciou a sua pregação própria, da qual nasceria o Cristianismo, porque os seus
discípulos e apóstolos o chamavam de Cristo. Ele ensinou a prece do Pai Nosso
quando andava pregando na Palestina, muito antes que a sua doutrina chegasse a
Roma e fosse transformada num vasto sincretismo religioso do qual surgiria a
Igreja Romana. O Pai Nosso virou Padre Nosso em Roma e só neste século voltou à
designação primitiva, dada pelos cristãos palestinos que não falavam latim. Não
há razão nenhuma para se considerar essa prece como católica. Ela é uma prece
cristã pura, dotada de todas as características do pensamento superior de
Jesus, que sempre pairou acima dos divisionismos sectários. Se os Evangelhos
apresentam o Pai Nosso em formas diferentes, isso acontece pelo simples fato de
que cada evangelista redigiu os seus relatos em lugares e épocas diferentes,
usando as lembranças e as anotações que possuíam. João, cujo Evangelho foi o
último a ser elaborado, conseguiu reunir maiores elementos para dar a prece
completa, segundo era pronunciada pelos cristãos primitivos. Como assinalou
Renan, e foi confirmado nos séculos seguintes pelos pesquisadores
universitários das origens do Cristianismo, as informações de que os
evangelistas dispunham procediam dos próprios círculos da intimidade do Mestre,
guardando a autenticidade das suas expressões.
A insistência da Igreja Católica em manter a expressões
latina Padre (Pater) no nome da prece, lançou nos países de língua latina, como
Portugal e o nosso, a falsa sugestão de uma ligação real entre a Igreja (cujos
sacerdotes são chamados padres), o que foi duramente contestado pelas Igrejas
da Reforma Protestante.
O emprego do Pai Nosso nas reuniões espíritas é
perfeitamente válido, tanto em face das característica inegáveis de Renascimento
Cristão da Doutrina Espírita, tanto em seu desenvolvimento filosófico, quanto
em suas atividades práticas. A alegação de que o Espiritismo mistura
Cristianismo com religiões primitivas é simplesmente uma impostura, diante dos
estudos aprofundados sobre a formação do sincretismo católico-africano de que o
Espiritismo não participou.
Deus no Centro
Deus no Centro
Há bem mais de um século que os sacerdotes, os pastores,
os catequistas e as mais altas autoridades das religiões cristãs no mundo de
Deus acusam o Espiritismo de Invenção Diabólica e o Centro Espírita de Casa do
Diabo. Mas, no ocorrer do tempo, essa situação ingrata foi se modificando. As
artimanhas do Diabo foram gradativamente vencendo os escrúpulos dos Ministros
de Deus. Padres e freiras, monges e monjas, sacristãos e coroinhas, pastores e
ovelhas começam a perceber que os espíritas também são filhos de Deus e merecem
a benção do Pai. Assim aliviado do peso das maldições e da pressão dos
preconceitos, o Centro Espírita deixou de ser o espantalho dos crentes e passou
mesmo a atraí-los. O Centro Espírita caluniado, humilhado e humilde, muitas
vezes de pés descalços (como Anchieta em Meritiba) começou a cair nas graças do
povo. Porquê? Porque era apenas uma parcela do povo e nele não se exaltava ao
Diabo, mas a Deus. “Quem vive de mãos dadas com Demônio não tem o direito de
proferir o Santo Nome de Deus”, gritava um padre sincero, cheio de indignação
divina, no púlpito de sua igreja, aqui mesmo em São Paulo, nos idos de 1930.
Mas o tempo, que tudo cura e tudo prova, curou a fúria do padre e provou que
Deus está também no Centro Espírita. Suprema heresia que ninguém pode evitar,
pois Deus não pede licença a ninguém para estar em toda parte e em tudo,
segundo o próprio dogma da Onipresença Divina, sustentado pelas Igrejas.
Hoje, como nos disse certa vez o Dr. Romeu do Amaral Camargo:
“Deus está no Centro”. Custou muito para as Igrejas aceitarem essa
possibilidade, através de apenas alguns de seus profitentes. Mas isso não é de
espantar a ninguém, pois também somente agora, em recente declaração do Papa
Paulo VI, divulgado pela imprensa mundial, o Vaticano reconheceu oficialmente
que há uma presença de Deus no Judaísmo. Mas se Deus está na Bíblia e se esta é
a palavra de Deus, sobre a qual se assentam todas as religiões cristãs, como só
agora se percebeu que Deus está na Sinagoga? Na Costa do Pacífico, nos Estados
Unidos, país ciosamente cristão, existem várias Igrejas do Diabo. Quem poderá
reconhecer oficialmente a presença do Diabo nessa Igrejas, agora que o
Espiritismo provou ser de Deus e não do Diabo? Com o correr do tempo, tornou-se
mais fácil provar a existência de Deus em algum lugar do que a presença do
Diabo. Não devemos perder muito tempo com essas curiosidades, mas como a
memória humana é fraca, precisamos assinalar esse fatos. O trocadilho “Deus
está no Centro” encerra uma verdade que todos os espíritos conhecem de perto.
No centro do Universo está Deus, não em figura mas em realidade, pois se Deus é
o Todo em Essência e tudo provém dele, tudo pertence a Ele, tudo é Ele e Ele
dirige e governa tudo, é evidente que o Centro Espírita, onde tudo se faz em
nome de Deus, não pode estar sem Deus. Giovani Papini, o famoso escritor
católico italiano, autor da famosa obra II Diavolo, causou escândalo na Santa
Sé ao sustentar que o Diabo reverterá a Deus. Mas os teólogos aturdidos com as
atrocidades da II Guerra Mundial resolveram declarar ao Mundo que: “Deus morreu”.
Se isso realmente aconteceu, a situação das Igrejas é insolúvel e toda a
Teologia das Igrejas veio abaixo. Pois se Deus morreu, não era imortal, e se o
Diabo ficou em apuros, pois não tem quem o perdoa, continua vivo após a morte
de Deus e é mais invulnerável que Deus.
No Centro Espírita a notícia dessa morte não causou o menor
abalo, porque todos sabem, até os adeptos de inteligência mais modesta, que
Deus está ali, talvez sentado liberalmente entre eles, sorrindo da Sua morte
impossível. Numa atitude puramente humana, os teólogos quiseram colocar Jesus,
provisoriamente, segundo dizem, no Trono de Deus, como legítimo herdeiro do
Trono Supremo. E então surgiu esta situação embaraçosa: se Deus morreu e o
filho só pode substituí-lo eventualmente – pois não é Deus – então a morte de
Deus deixou o trono sob simples regência e com isso surgiu na Terra o
Cristianismo Ateu. Precisamos saber essas coisas para sabermos a quem
entregaremos as nossas almas na hora da morte. O ateísmo cristão nos deixa em
dificuldades e só temos um jeito de buscar Deus: no Centro Espírita. Porque
somente ali, na antiga morada do Diabo, não se acredita que Deus morreu e se
continua a falar em seu nome. Porque ali se sabe e se prova, diariamente,
através dos processos Kardecianos. que nem o homem morre, quanto mais Deus. A
Teologia, arrogante e vaidosa Ciência de Deus, fechou as suas portas doiradas
com o balanço total da sua falência. Se Deus morreu, acabou-se o negócio.
A onipotência e a onipresença de Deus são dois
mistérios teológicos admitidos por quase todas as religiões. Porquê só pode
existir um Deus, único e soberano quando seria muito mais fácil compreender-se
a multiplicidade dos deuses e a sua disciplinação hierárquica, como nas
Mitologias? A resposta a está pergunta, agora reformulada pelos neopoliteístas,
nos leva diretamente para o centro do problema cristão e para o centro da
mundividência espírita. No Judaísmo arcaico, herdeiro das velhas concepções
mesopotâmicas, a existência de Deus Único era uma necessidade orgânica.
Derivada do antropomorfismo mais remoto – em que o homem era a síntese e o
modelo de todas as coisas – essa concepção figurava o Cosmo como um grande Ser
que abrangia em sua conformação ideal a totalidade das coisas e dos seres
existentes. O isoloísmo grego, teoria do mundo como um ser vivo, dotado de
corpo e alma, confundia a natureza divina com a natureza humana. Ajustando essa
idéia estática ao movimento incessante das coisas, Zoroastro, na Pérsia,
apresentava a imagem de Deus no fogo, nas labaredas, que são ao mesmo tempo
estáveis e instáveis. O Judaísmo, nascido das entranhas da concepção mitológica
dos povos da Antigüidade, avançava além dessa concepção, apresentando Deus como
um Ser Humano de dimensões inimagináveis, mas dotado do poder (pois possuía
todos os poderes de revelar-se aos homens em dimensões humanas). Proibia que se
fizesse figuras de Deus, mas na Arca Sagrada havia oculta a sua imagem pintada
por mãos humanas. Na Bíblia, essa contradição é bem marcante. Se manifesta na
forma humana de Iavé, com todas as imperfeições humanas do amor e do ódio, da
ambição e do ciúme, da voracidade cruel e brutal de Baal e da preferência pelo
seu povo, com inteiro desprezo pelos demais povos, considerados impuros. O
protecionismo a Moisés – tão assassino e ciumento como Caim – lembra as
preferências dos deuses mitológicos da Grécia por seus pupilos. Deus local,
como os deuses nomos egípcios, mas sem possuir terra própria, leva os judeus à
conquista brutal e impiedosa de Canaã, para ali estabelecer o seu feudo, sem a
menor contemplação para com o povo cananita. Não é de admirar que Cristianismo
igrejeiro, apegado ferozmente à Bíblia, se atrelasse mais tarde ao carro das
iniqüidades romanas, massacrando e explorando povos mais fracos. É das
entranhas desse Deus humaníssimo, vingativo e mau como os homens, exclusivista
e contraditório, que nasce a idéia do Deus Único.
Mas, apesar de tudo isso, a unicidade de Deus é tão
necessária como a unicidade do homem. A esquizofrenia nos mostra o que é um
homem alienado, um espírito dividido em si mesmo, incapaz de coordenar as suas
faculdades e controlar os seus poderes. Um Deus partido em três, segundo o
dogma da Trindade, seria um Deus esquizofrênico e sua desordem divina, sua
insegurança interna se refletiria no casos de um Universo absurdo. Assim, da
dialética das concepções contraditórias a respeito de Deus é que vai nascer a
lógica da concepção monoteísta. Deus só pode ser Um, solitário e soberano no
inefável, na solidão vazia do Cosmo. Nessa solidão ele cresce em seus poderes
até o momento em que, estremecendo e acordando da sua hibernação espantosa,
toma a consciência de Si mesmo e realiza, com apenas uma palavra, o fiat da
Criação Universal e total. E como a criação preenche os espaços vazios, em
todas as direções, Deus permanece no centro, dirigindo e controlando os seus
domínios inacessíveis à imaginação humana. Eis porque Deus é Único e só pode
ser Único, apesar de poder tudo. As contradições do Politeísmo provinham da
concepção caótica do Universo, não permitindo à mente humana uma concepção
harmoniosa da realidade. No monoteísmo temos apenas uma contradição, que é a de
Deus consigo mesmo, e esta gerar a síntese do Todo, para dar ao homem a
possibilidade de compreender a realidade e estruturá-la no conhecimento, sem o
qual nada saberíamos nem poderíamos.
É assim que a realidade cósmica, não acessível à
inspeção completa do homem, fica ao seu alcance graças à estrutura de leis
regulares e universais, que lhe facultam as ligações necessárias a uma visão
geral do Universo. Deus é o poder gerador e mantenedor dessa realidade sem
limites e o conceito de infinito, vaga suposição da Antigüidade, se torna
positivo pela revelação de unidade orgânica – e necessariamente orgânica – do
Cosmos. Note-se bem: unidade orgânica, semelhante à da nossa estrutura, que é
una apesar da multiplicidade dos seus órgãos e membros, porque todos a eles
pertencem a um organismo único. Da mesma maneira, a unidade orgânica do Cosmos
deriva de sua centralização em Deus, que mantém a unidade infinita através da
subordinação de todas as galáxias ou constelações de mundos, espaços etéreos
aparentemente vazios, mas cheios de força e plasma cósmicos. tudo formando o
organismo único.
Não seria isso uma ilusão? Os que consideram o Universo
como finito e fechado sobre si mesmo dizem que sim. Mas Kardec, já no século
passado, antes das conquistas científicas do nosso século, propôs uma teoria
que hoje tem a sansão de novas descobertas. Por mais que tentemos dar ao Universo
um limite, lembrou ele, por mais que avancemos em nossa imaginação, sempre
estaremos em face de espaços que se desenrolam além. Essa prova psicológica da
infinitude (baseada ao mesmo tempo em psicologia e lógica) tem hoje a
comprovação das conquistas parapsicológicas, que revelam a existência em nós de
um poder também sem limites, que é da percepção extra-sensorial de realidades
que escapam aos nossos sentidos físicos. Não se trata de simples intuição, mas
de captação de realidades que estão fora do alcance dos nossos sentidos e dos
nossos instrumentos. O homem sente e intui que o Universo é infinito. Teorias
físicas e cálculos matemáticos o contra-dizem. Mas a percepção extra-sensorial,
fundada em suas potencialidades inconscientes, continua a dizer-lhe que para as
dimensões do Cosmos não há limites.
No Centro Espírita a presença de Deus se faz sentir nas
manifestações mediúnicas que derrubam as barreiras da morte, pelas declarações
unânimes dos Espíritos Superiores, comprovadamente possuidores de conhecimentos
muitos superiores aos nossos, pela revelação, comprovada através de pesquisas e
experiências científicas de sábios eminentes do século passado e deste século,
de que existem no homem potencialidades muito superiores às que ele revela
quando encarnado, sujeito aos condicionamentos da vida carnal. Não se trata de
dogmas estabelecidos por concílios de cegos supostamente divinos, mas de
pesquisas objetivas e controladas pela metodologia científica. Deus não é uma
hipótese, mas uma realidade comprovada pelo princípio científico, segundo o
qual, dos efeitos remontamos às causas. Deus é a fonte causal de todas a
realidade. Kardec tirou desse princípio, por ilação lógica amparada pelos
fatos, a lei espírita segundo a qual: Não há efeitos inteligentes sem causa
inteligente e a grandeza dos efeitos revela a grandeza de causa. Esse o
raciocínio básico das provas espíritas da existência de Deus.
Mas além disso a presença de Deus no Centro Espírita se
comprova pelas manifestações dos seus mensageiros, os Espíritos Superiores a
seu serviço por todo o infinito. Essas manifestações não são constantes e gratuitas,
mas ocorrem de maneira inesperada e com finalidade certa. Mas é sobretudo no
coração dos humildes que Deus se afirma como realidade viva e atuante, nas
sessões de auxílio espirituais. Um coração angustiado de mãe que se alivia e
alegra ao receber a visita do filho que parecia morto para sempre, numa
comunicação mediúnica oral ou numa aparição pela vidência despertada na mãe.
Numa comprovação pela aparição tangível ou materialização, como no caso famoso
de Frederico Fígner e sua esposa, que, em Belém do Pará, através da mediunidade
de Ana Prado, uma mulher humilde, tiveram a oportunidade de retomar sua filha
Raquel novamente nos braços, sentá-la no colo e conversar com ela viva e
alegre, que censurava a mãe por se trajar de luto. Numa aparição tangível da
sua própria mãe, dada a um sábio famoso que combatia o Espiritismo como
superstição infundada, como aconteceu com César Lombroso em sessão com a médium
Eusápia Paladino, presidida pelo Prof. Chiaia, da Universidade de Milão.
Lombroso abraçou a mãe, que falou com ele, e nos dias seguintes declarava num
artigo de retratação, pela revista Ombra e Luce, daquela cidade: “Nenhum
gigante da força e do pensamento poderia fazer para mim o que fez essa pobre
mulher analfabeta – arrancar minha mãe do túmulo e devolvê-la aos meus braços”.
Não eram aparições ocasionais, facilmente atribuíveis a fatores
psicoemocionais, mas aparições provocadas em nome de Deus, em sessões
experimentais em que o ingrediente Deus não havia sido desprezado. “Com a
permissão de Deus”, dizem sempre os espíritos agraciados com essa oportunidades
de reencontro após a morte.
O Centro Espírita se caracteriza, assim, como o centro
de comunicações com os que já deixaram a vida terrena, mas continuam vivos e
ativos na outra face da vida. Nada se paga para falar com os mortos, os
supostos mortos da nossa ignorância, porque os serviços de Deus são gratuitos
desde o nascimento, que é um prodígio de Deus, até a morte, que é a graça de
Deus libertando-nos da asfixia da carne, e além da morte, nas maravilhosas
possibilidades das manifestações mediúnicas.
Deus está no Centro Espírita em que as criaturas se
reúnem de coração puro, confiantes no seu poder infinito. O preço da comunicação
é geralmente o aparecimento do espírito ou dos que desejam reencontrá-lo. Os
dirigentes de centros precisam meditar diariamente nas responsabilidades que
assumem ao aceitar os seus cargos, que na verdade são encargos divinos. Deus
não exige de nós mais do que podemos dar. Não quer que nos apresentemos a Ele e
aos homens com as vestes nupciais da parábola, que ainda não possuímos. Não
podemos enganá-lo com sorriso de falsa bondade, de fraternidade fingida,
escondendo nas moitas do coração selvagem a serpente da inveja, da intriga, da
censura ao próximo, do julgamento desprezivo do irmão que se senta ao nosso
lado. Não vemos Deus no Centro porque não temos condições para isso, mas
podemos vê-lo no semblante sincero e ingênuo e no coração puro dos que não
alimentam vaidades e preconceitos negativos ao nosso redor. Deus não está ali,
diante de nós, como um Ser visível e corporal. Ele impregna o Centro, como
impregna o recinto de todos os templos freqüentados por criaturas sem maldade e
sem reservas. Mas podemos ver o seu rosto no semblante dos que se entregam com
amor ao serviço do bem, tocar as suas mãos nas mãos sinceras e boas dos que nos
amam sem restrições. E se os hipócritas nos cercam e nos olham com fingida
amizade, podemos ser para eles a mensagem do amor e da sinceridade que flui de
Deus para o nosso coração. Deus no Centro é Deus em nós, ajudando-nos a crescer
com o fermento da fraternidade, que ele pouco a pouco aumenta em nossa medida
de farinha, na proporção em que a farinha do nosso egoísmo absorve o fermento e
se transforma no pão que nos alimenta a alma.
Estas não são imagens líricas, mas a verdade espiritual
trocada em figuras e expressões de amor, como as que encontramos nos Evangelhos
de Jesus. Não é o autor do livro que as produz, mas os Espíritos benevolentes
que, em nome da fraternidade humana, as transmitem aos que desejam servir a si
mesmo e ao próximo. Porque aqueles que desejam servir-se na mesa do bem,
naturalmente repartem o seu pão com os irmãos famintos de bondade, como Jesus o
fez com os apóstolos nas estalagem da estrada de Emaús.
Deus no Centro não é a presença exclusiva para ninguém,
mas presença inclusiva para todos, a todos incluídos em Seu chamado para a vida
do espírito. Os que procurarem compreender e sentir a sua presença no Centro a
levarão consigo para casa. As pretensões de superioridade, o desejo egoísta de
ser impor aos demais, o ciúme corrosivo e o julgamento do próximo em nosso
íntimo ou em nossa língua não nos deixa perceber a bondade de Deus. Os que se
sacrificam para melhorar a Terra, dando de si o que podem e muitas vezes o que
não podem – esses fazem a Vontade de Deus. Os que batem a língua nos dentes
para destilar venenos de serpente não podem perceber a presença de Deus no
Centro e só percebem os espíritos malévolos e sofredores.
Livro: O Centro Espírita
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