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sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Egoísmo e orgulho.

(Sociedade Espírita de Sens.)
Se os homens se amassem com um comum amor, a caridade seria melhor praticada; mas seria preciso, para isso, que vos esforçásseis em vos desembaraçar desta couraça que cobre os vossos corações, a fim de serdes mais sensível para com os corações que sofrem. A rigidez mata os bons sentimentos; o Cristo não se aborrecia, aquele que se dirigia a ele, quem quer que fosse, não era repelido: a mulher adúltera, o criminoso eram socorridos por ele; jamais temia que a sua própria consideração sofresse com isso. Quando, pois, o tomareis por modelo de todas as vossas ações? Se a caridade reinasse sobre a Terra, o mau não teria mais império; fugiria envergonhado; esconder-se-ia, porque se encontraria deslocado por toda a parte. Será, então, que o mal desaparecerá da superfície da Terra; estejais bem compenetrados disto. Começai por dar o exemplo vós mesmos; sede caridosos para com todos, indistintamente; esforçai-vos por tomar o hábito de não mais notar aqueles que vos olham com desdém; crede sempre que merecem a vossa simpatia, e deixai a Deus o cuidado de toda justiça, porque cada dia, em seu reino, separa o bom grão do joio. O egoísmo é a negação da caridade: ora, sem a caridade, nada de repouso na sociedade; digo mais, nada de segurança; com o egoísmo e o orgulho, que se dão as mãos, será sempre uma corrida para o mais sagaz, uma luta de interesses, onde são pisadas aos pés as mais santas afeições, onde os laços sagrados da família não são mesmo respeitados.
PASCAL

Revista Espírita 1861

Dissertações espíritas


Revista Espírita, outubro de 1861

Os Cretinos.

(Sociedade Espírita de Paris. - Méd. Senhora Costel.)
Nossa colega, a senhora Costel, tendo ido fazer uma excursão na parte dos Alpes onde o cretinismo parece ter estabelecido um de seus principais focos, ali recebeu de um de seus Espíritos habituais, a comunicação seguinte:
- Os cretinos são seres punidos sobre a Terra pelo mau uso que fizeram de poderosas faculdades; sua alma está aprisionada num corpo, cujos órgãos, impossibilitados, não podem expelir seus pensamentos; esse mutismo moral e físico é uma das mais cruéis punições terrestres; freqüentemente, ela é escolhida pelos Espíritos arrependidos que querem resgatar as suas faltas. Essa prova não é estéril, porque o Espírito não permanece estacionário em sua prisão de carne; seus olhos bestificados vêem, seu cérebro deprimido concebe, mas nada pode se traduzir, nem pela palavra nem pelo olhar, e, salvo o movimento, estão moralmente no estado dos letárgicos e dos catalépticos, que vêem e ouvem o que se passa ao redor deles, sem poderem exprimi-lo. Quando tendes em sonho esses terríveis pesadelos, onde desejais fugir de um perigo, em que soltais gritos para chamar por socorro, ao passo que a vossa língua permanece presa ao céu da boca, e os vossos pés ao solo, experimentais um instante o que o cretino sente sempre: paralisia do corpo unida à vida do Espírito.
Quase todas as enfermidade têm, assim, sua razão de ser; nada se faz sem causa, o que chamais a injustiça da sorte é a aplicação da mais alta justiça. A loucura é também uma punição do abuso de altas faculdades; o louco tem duas personalidades: a que extravasa e a que tem a consciência de seus atos, sem poder dirigi-los. Quanto aos cretinos, a vida contemplativa e isolada de sua alma, que não tem a distração do corpo, pode sertão agitada quanto as existências mais complicadas pelos acontecimentos; alguns se revoltam contra o seu suplício voluntário; lamentam tê-lo escolhido e sentem um desejo furioso de retornar à outra vida, desejo que lhes faz esquecer a resignação à vida presente, e o remorso da vida passada, da qual têm a consciência, porque os cretinos e os loucos sabem mais do que vós, e sob a sua impossibilidade física, se esconde uma poderosa moral da qual não tendes nenhuma idéia. Os atos de furor, ou de imbecilidade aos quais seu corpo se entrega, são julgados pelo ser interior que os sofre e coram por eles. Assim, zombá-los, injuriá-los, maltratá-los mesmo, com se faz algumas vezes, é aumentar seus sofrimentos, porque é fazê-los sentir mais duramente sua fraqueza e sua abjeção, e se eles pudessem, acusariam de covardia aqueles que não agem desse modo senão porque sabem que sua vítima não pode defender-se.
O cretinismo não é uma das leis de Deus, e a ciência pode fazê-lo desaparecer, porque é o resultado material da ignorância, da miséria e da imoralidade. Os novos meios de higiene que a ciência, tornada mais prática, pôs ao alcance de todos, tendem a destruí-lo. Sendo o progresso a condição expressa da Humanidade, as provas impostas se modificarão e seguirão a marcha dos séculos; tornar-se-ão todas morais, e quando a vossa Terra, jovem ainda, tiver cumprido todas as fases de sua existência, tornar-se-á uma morada de felicidade, como outros planetas mais avançados.
Pierre JOUTY, pai do médium.
Nota. Houve um tempo em que se pôs em discussão a alma dos cretinos e se perguntava se eles, verdadeiramente, pertenciam à espécie humana. A maneira pela qual o Espiritismo faz encará-los não é de uma alta moralidade e de um grande ensinamento? Não há matéria para sérias reflexões, pensando que esses corpos desfavorecidos encerram almas que talvez brilharam no mundo, que são tão lúcidas e tão pensantes quanto as nossas sob o espesso envoltório que lhes abafa as manifestações, e que poderá ocorrer o mesmo, um dia, conosco, se abusarmos das faculdades que nos distribui a Providência?
Além do mais, como o cretinismo poderia se explicar; como fazê-lo concordar com a justiça e a bondade de Deus, sem admitir a pluralidade das existências, de outro modo dito, a reencarnação? Se a alma já não viveu, é que é criada ao mesmo tempo que o corpo; nesta hipótese, como justificar a criação de almas tão deserdadas como as dos cretinos da parte de um Deus justo e bom? Porque aqui não se trata de um desses acidentes, como a loucura, por exemplo, que se pode ou prevenir ou curar; esses seres nascem e morrem no mesmo estado; não tendo nenhuma noção do bem e do mal, qual é a sua sorte na eternidade? Serão felizes como homens inteligentes e trabalhadores? Mas por que esse favor, uma vez que não fizeram nada de bem? Estarão naquilo que se chamam os limbos, quer dizer, num estado misto que não é nem a felicidade nem a infelicidade? Mas, por que essa inferioridade eterna? A falta é sua se Deus os criou cretinos? Desafiamos todos aqueles que repelem a doutrina da reencarnação a saírem deste impasse. Com a reencarnação, ao contrário, o que parece uma injustiça torna-se uma admirável justiça; o que é inexplicável, se explica da maneira mais racional. De resto, não sabemos que aqueles que repelem esta doutrina, a tenham jamais combatido com argumentos mais peremptórios, do que aquele de sua repugnância pessoal em retornar sobre a Terra. Estão, pois, muito seguro de terem bastantes virtudes para ganhar o céu de uma só vez! Nós lhes desejamos boa chance. Mas os cretinos? Mas as crianças que morrem em tenra idade? Quais títulos terão para fazerem valer?

Transformação

(Sociedade Espírita de Paris. Médium senhora Costel.)
Venho falar-te, da coisa que mais importa, nesta época de crise e de transformação; no momento em que as nações vestem a roupa viril, no momento em que o céu descoberto vos mostra, flutuando nos espaços infinitos, os Espíritos daqueles que acreditáveis dispersos como moléculas ou servindo de pasto aos verdes; neste momento solene, é necessário que, se armando da fé, o homem não caminhe mais às cegas nas trevas do personalismo e do materialismo. Como outrora os pastores, guiados por uma estrela, vieram adorar o Menino-Deus, é necessário que o homem, guiado pela brilhante aurora do Espiritismo, caminhe, enfim, para a Terra prometida da liberdade e do amor; é necessário que, compreendendo o grande mistério, saiba que o objetivo harmonioso da Natureza, seu ritmo admirável, são os modelos da Humanidade. Nessa espantosa diversidade que confunde os Espíritos, distingui a perfeita semelhança das relações entre as coisas criadas e os seres criados, e que essa poderosa harmonia vos inicie a todos, homens de ação, poetas, artistas, trabalhadores, à união na qual devem fundir-se os esforços comuns durante a peregrinação da vida. Caravanas assaltadas pelas tempestades e pelas adversidades, estendei-vos mãos amigas, e caminhai com os olhos fixos no Deus justo que recompensa, ao cêntuplo, aquele que tiver aliviado o fraco e o oprimido.
GEORGES.
Revista Espírita 1861

A pintura e a música

(Sociedade Espírita de Paris, Médium Sr. Alfred Didier.)
A arte foi definida cem mil vezes: é o belo, o verdadeiro, o bem. A música, que é um dos ramos da arte, está inteiramente no domínio da sensação. Entendamo-nos e tratemos de não ser obscuros. A sensação é produzida no homem quando ele compreende a de dois modos distintos, mas que se ligam estreitamente; a sensação do pensamento que tem por conclusão a melancolia ou a filosofia, e depois a sensação que pertence inteiramente ao coração. A música, segundo eu, é a arte que vai mais direta ao coração. A sensação, vós me compreendeis, está toda no coração; a pintura, a arquitetura, a escultura, a pintura antes de tudo, atingem bem mais a sensação cerebral; em uma palavra, a música vai do coração ao espírito, a pintura do pensamento ao coração. A exaltação religiosa criou o órgão: quando a poesia, sobre a Terra, toca o órgão, os anjos do céu lhe respondem ; assim a música séria, religiosa eleva a alma e os pensamentos: a música leviana faz vibrar os nervos, nada mais. Eu gostaria de interpretar alguma personalidades, mas não tenho direito disso: eu não estou mais sobre a Terra. Amai o Requiem de Mozart que o matou. Eu não desejo mais do que os Espíritos vossa morte pela música, mas a morte vivente entretanto, aí está o esquecimento de tudo o que é terrestre, pela elevação moral.
LAMENNAIS.
Revista Espírita 1861

Família e reencarnação



Reproduzimos aqui o artigo intitulado Família e reencarnação, publicado na coluna dominical "Chico Xavier pede licença" do jornal Diário de S. Paulo, na década de 1970.
Ele apresenta as trovas intituladas Trovas do lar, ditada a Chico Xavier por espíritos diversos, que Herculano Pires (com o pseudônimo Irmão Saulo) comenta por meio do seu texto A verdade sobre a mesa.
Aproveite e veja também os outros artigos que já estão no ar.


FAMÍLIA E REENCARNAÇÃO
Francisco Cândido Xavier
Chico Xavier nos conta como surgiu o assunto, durante a peregrinação que faz semanalmente aos lares dos amigos menos afortunados do bairro em que reside, sempre acompanhado por visitantes de outras cidades:
“Enquanto realizávamos a nossa visita fraterna a companheiros de nosso bairro, estava conosco uma estudiosa caravana de irmãos das cidades de São José do Rio Preto, Mirassol, Votuporanga e Ribeirão Preto. Durante todo o percurso, a nossa conversação foi um debate amistoso sobre assuntos do lar. Ao todo, com os amigos de outras cidades, éramos nada menos de oitenta pessoas.
As perguntas e repostas entre nós mostravam as nossas preocupações. Como observar a família e a reencarnação? De que modo os espíritos amigos consideram o casamento? Por que tantas lutas entre parentes? Estarão os espíritos luminares submetidos aos controles anticoncepcionais inventados pelos homens? Porque sonham os noivos com tanta felicidade para o lar e por que tantas dificuldades enfrentam eles em muitos casos, depois que se instalam no casamento?
Perguntas como estas e muitas outras foram debatidas. E quando nos reunimos para a concentração das tarefas da noite, diversos amigos espirituais, trovadores amigos, escreveram as ligeiras mensagens em versos, que lhe envio para os nossos estudos.”


TROVAS DO LAR
Espíritos diversos

Anotação clara e simples
Que nos obriga a pensar:
Surge o lar dentro do mundo
Sem que o mundo seja o lar.
Marcelo Gama
Os namorados são sonhos
Entre a verdade e a ilusão,
Se chegam ao matrimônio,
O lar revela o que são.
Xavier de Castro
Para quem sofre no além
Sob a cultura em choro inglório
O regresso ao lar terrestre
É a benção do purgatório.
Oscar Leal
Família e reencarnação,
Deus as fez buscando a paz,
Não levam mágoas à frente
Nem deixam contas atrás.
Roberto de Alencar
Cartório faz união
E começa o lar a dois,
O amor constrói amizade,
Casamento vem depois.
Antônio de Castro
De quaisquer provas na Terra
A que mais amansa a gente:
Inimigo reencarnado
Sob a forma de parente.
Lulu Parola
Quando um sábio das alturas
Necessita reencarnar
Ninguém consegue impedir
Nem adianta evitar.
Casimiro Cunha
Casamento é um laço em luz
Da vida superior,
Mas o lar desgovernado
É a sepultura do amor.
João Paiva
Toda civilização
Cresce em tudo sábia e bela
Tão-somente, em qualquer parte,
Porque o lar sofreu por ela.
Silveira de Carvalho
Não adianta fugir
Do débito que se atrasa,
Reencarnação chega logo
Cobrando dentro de casa.
Cornélio Pires
Todo lar que se levanta
Como for, seja onde for,
É sempre uma sementeira
Para a colheita do amor.
José Nava
Lar e mãe – a dupla simples
Que a força da vida encerra,
Guardam consigo, ante Deus,
Toda a grandeza da Terra.
Antônio Bezerra

A VERDADE SOBRE A MESA
Irmão Saulo
A verdade é pão do espírito. Sobre a mesa de Chico Xavier, cercada de amigos que vieram de longe para o banquete, os trovadores do além lançaram suas rodelas de pão. Cada um deles foi poeta na Terra e continua a cantar depois da morte, porque a criatura de Deus não morre – apenas troca de roupa. Fizeram um rodeio de trovas e cada trova é uma síntese pessoal da visão coletiva da verdade. Cada trova responde a determinadas perguntas dos homens.
Os temas se desenvolvem através das trovas. O lar surge no mundo para humanizá-lo, graças ao sonho do namoro em que as almas procuram-se no anseio de amar. A convivência vai revelar que elas não são o que sonhavam, mas o purgatório do lar é uma benção para libertar do inferno do passado. A família terrena permite o reajuste através da reencarnação, dissolvendo as mágoas e liquidando as contas. O casamento não se faz no cartório, mas no lar, e nele é que o inimigo transformado em parente acaba por nos amansar.
Os espíritos superiores não estão sujeitos ao controle humano da natalidade – nascem quando querem, pois conhecem e dominam as leis naturais melhor do que os homens. Um lar desgovernado, desprovido de orientação, vira sepultura do amor. Entretanto, é o lar a fonte e a base de todas as civilizações, acertando as contas do passado dentro de casa e melhorando as criaturas. Resulta daí a colheita do amor, graças à ação de duas forças simples, naturais, que se conjugam para construir a grandeza da Terra: os laços familiais orientados pela ternura materna, pela presença da mãe.
Pouco a pouco, através das trovas, a verdade se corporifica. E os trovadores nos dão assim a lição da fraternidade e da colaboração. Fizeram um mutirão para responder às perguntas dos homens. Cada qual deu o seu pedaço e o pão da verdade apareceu sobre a mesa do médium, para saciar a fome dos espíritos. É esse o processo da revelação. Desde que o mundo é mundo, a verdade flui para os homens através da mediunidade.

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Uniões Enfermas


Se te encontras nas tarefas da união conjugal, recorda que ora a execução dos encargos em dupla é a garantia de tua própria sustentação.
Dois associados no condomínio da responsabilidade na mesma construção.
Dois companheiros compartilhando um só investimento.
*
Às vezes, depois dos votos de ternura e fidelidade, quando as promessas se encaminham para as realizações objetivas, os sócios de base da empresa familiar encontram obstáculos pela frente.
Um deles terá adoecido e falta no outro a tolerância necessária.
Surge a irritação e aparece o ressentimento.
Em outras ocasiões, o trabalho se amplia em casa e um deles foge à cooperação.
Surge o cansaço e aparece o desapreço.
Hoje - queixas.
Adiante - desatenções e lágrimas.
Amanhã - rixas.
Adiante ainda - amarguras e acusações recíprocas.
Se um dos responsáveis não se dispõe a compreender a validade do sacrifício, aceitando-o por medida de salvação do instituto doméstico, eis a união enferma ameaçando ruptura.
*
Nesse passo, costumam repontar do caminho laços e afinidades de existências do pretérito convidando esse ou aquele dos parceiros para uniões diferentes. E será indispensável muita abnegação para que os chefes da comunhão familiar não venham a desfazer, de todo, a união já enferma, partindo no rumo de novos ajustes afetivos.
*
Entende-se claro que o divórcio é lei humana que vem unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para recomendar, além dessa. Entretanto, se te vês nos problemas da união enferma e, principalmente se tens crianças a proteger, tanto quanto se te faça possível, mantém o lar que edificaste com as melhores forças do espírito.
Realmente, os casamentos de amor jamais adoecem, mas nos enlaces de provação redentora, os cônjuges solicitaram, antes do berço terrestre, determinadas tarefas em regime de compromisso perante a Vida Infinita. E, ante a Vida Infinita convém lembrar sempre que os nossos débitos não precisam de resgate, a longo prazo, pela contabilidade dos séculos, desde que nos empenhemos a solve-los em tempo curto, pelo crediário da paciência, a serviço do amor.
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Caminhos de Volta. Espíritos Diversos. GEEM.

Pais


"E vós, pais, não provoqueis a ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor." - Paulo. (EFÉSIOS, 6:4.)
Assumir compromissos na paternidade e na maternidade constitui engrandecimento do espírito, sempre que o homem e a mulher lhes compreendam o caráter divino.
Infelizmente, o Planeta ainda apresenta enorme percentagem de criaturas mal- avisadas relativamente a esses sublimes atributos.
Grande número de homens e mulheres procura prazeres envenenados nesse particular. Os que se localizam, contudo, na perseguição à fantasia ruinosa, vivem ainda longe das verdadeiras noções de humanidade e devem ser colocados à margem de qualquer apreciação.
Urge reconhecer, aliás, que o Evangelho não fala aos embriões da espiritualidade, mas às inteligências e corações que já se mostram suscetíveis de receber-lhe o concurso.
Os pais do mundo, admitidos às assembléias de Jesus, precisam compreender a complexidade e grandeza do trabalho que lhes assiste. É natural que se interessem pelo mundo, pelos acontecimentos vulgares, todavia, é imprescindível não perder de vista que o lar é o mundo essencial, onde se deve atender aos desígnios divinos, no tocante aos serviços mais importantes que lhes foram conferidos. Os filhos são as obras preciosas que o Senhor lhes confia às mãos, solicitando-lhes cooperação amorosa e eficiente.
Receber encargos desse teor é alcançar nobres títulos de confiança. Por isso, criar os filhinhos e aperfeiçoá-los não é serviço tão fácil.
A maioria dos pais humanos vivem desviados, através de vários modos, seja nos excessos de ternura ou na demasia de exigência, mas à luz do Evangelho caminharão todos no rumo da era nova, compreendendo que, se para ser pai ou mãe são necessários profundos dotes de amor, à frente dessas qualidades deve brilhar o divino dom do equilíbrio.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 135.

Madalena

"Disse-lhe Jesus: Maria! - Ela, voltando-se, disse-lhe: Mestre!" - (JOÃO, capítulo 20, versículo 16.)
Dos fatos mais significativos do Evangelho, a primeira visita de Jesus, na ressurreição, é daqueles que convidam à meditação substanciosa e acurada.
Por que razões profundas deixaria o Divino Mestre tantas figuras mais próximas de sua vida para surgir aos olhos de Madalena, em primeiro lugar?
Somos naturalmente compelidos a indagar por que não teria aparecido, antes, ao coração abnegado e amoroso que lhe servira de Mãe ou aos discípulos amados...
Entretanto, o gesto de Jesus é profundamente simbólico em sua essência divina.
Dentre os vultos da Boa Nova, ninguém fez tanta violência a si mesmo, para seguir o Salvador, como a inesquecível obsidiada de Magdala. Nem mesmo "morta" nas sensações que operam a paralisia da alma; entretanto, bastou o encontro com o Cristo para abandonar tudo e seguir-lhe os passos, fiel até ao fim, nos atos de negação de si própria e na firme resolução de tomar a cruz que lhe competia no calvário redentor de sua existência angustiosa.
É compreensível que muitos estudantes investiguem a razão pela qual não apareceu o Mestre, primeiramente, a Pedro ou a João, à sua Mãe ou aos amigos. Todavia, é igualmente razoável reconhecermos que, com o seu gesto inesquecivel, Jesus ratificou a lição de que a sua doutrina será, para todos os aprendizes e seguidores, o código de ouro das vidas transformadas para a glória do bem. E ninguém, como Maria de Magdala, houvera transformado a sua, à luz do Evangelho redentor.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 92.

Hábitos Infelizes


Usar pornografia ou palavrões, ainda que estejam supostamente na moda.
Pespegar tapinhas ou cotucões a quem se dirija a palavra.
Comentar desfavoravelmente a situação de qualquer pessoa.
Estender boatos e entretecer conversações negativas.
Falar aos gritos.
Rir descontroladamente.
Aplicar franqueza impiedosa a pretexto de honorificar a verdade.
Escavar o passado alheio, prejudicando ou ferindo os outros.
Comparar comunidades e pessoas, espalhando pessimismo e desprestígio.
Fugir da limpeza.
Queixar-se, por sistema, a propósito de tudo e de todos.
Ignorar conveniências e direitos alheios.
Fixar intencionalmente defeitos e cicatrizes do próximo.
Irritar-se por bagatelas.
Indagar de situações e ligações, cujo sentido não possamos penetrar.
Desrespeitar as pessoas com perguntas desnecessárias.
Contar piadas suscetíveis de machucar os sentimentos de quem ouve.
Zombar dos circunstantes ou chicotear os ausentes.
Analisar os problemas sexuais seja de quem seja.
Deitar conhecimentos fora de lugar e condição, pelo prazer de exibir cultura e competência.
Desprestigiar compromissos e horários.
Viver sem método.
Agitar-se a todo instante, comprometendo o serviço alheio e dificultando a execução dos deveres próprios.
Contar vantagens, sob a desculpa de ser melhor que os demais.
Gastar mais do que se dispõe.
Aguardar honrarias e privilégios.
Não querer sofrer.
Exigir o bem sem trabalho.
Não saber agüentar injúrias ou críticas.
Não procurar dominar-se, explodindo nos menores contratempos.
Desacreditar serviços e instituições.
Fugir de estudar.
Deixar sempre para amanhã a obrigação que se pode cumprir hoje.
Dramatizar doenças e dissabores.
Discutir sem racionar.
Desprezar adversários e endeusar amigos.
Reclamar dos outros aquilo que nós próprios ainda não conseguimos fazer.
Pedir apoio sem dar cooperação.
Condenar os que não possam pensar por nossa cabeça.
Aceitar deveres e largá-los sem consideração nos ombros alheios.
XAVIER, Francisco Cândido. Sinal Verde. Pelo Espírito André Luiz. CEC.

Bem-aventurados os Que Têm Fechados os Olhos


NOTA. Esta comunicação foi dada com relação a uma pessoa cega, a cujo favor se evocara o Espírito de J. B. Vianney, cura d’Ars.
Meus bons amigos, para que me chamastes? Terá sido para que eu imponha as mãos sobre a pobre sofredora que está aqui e a cure? Ah! que sofrimento, bom Deus! Ela perdeu a vista e as trevas a envolveram. Pobre filha! Que ore e espere. Não sei fazer milagres, eu, sem que Deus o queira. Todas as curas que tenho podido obter e que vos foram assinaladas não as atribuais senão àquele que é o Pai de todos nós. Nas vossas aflições, volvei sempre para o céu o olhar e dizei do fundo do coração: "Meu Pai, cura-me, mas faze que minha alma enferma se cure antes que o meu corpo; que a minha carne seja castigada, se necessário, para que minha alma se eleve ao teu seio, com a brancura que possuía quando a criaste." Após essa prece, meus amigos, que o bom Deus ouvirá sempre, dadas vos serão a força e a coragem e, quiçá, também a cura que apenas timidamente pedistes, em recompensa da vossa abnegação.
Contudo, uma vez que aqui me acho, numa assembléia onde principalmente se trata de estudos, dir-vos-ei que os que são privados da vista deveriam considerar-se os bemaventurados da expiação. Lembrai-vos de que o Cristo disse convir que arrancásseis o vosso olho se fosse mau, e que mais valeria lançá-lo ao fogo, do que deixar se tornasse causa da vossa condenação. Ah! quantos há no mundo que um dia, nas trevas, maldirão o terem visto a luz! Oh! sim, como são felizes os que, por expiação, vêm a ser atingidos na vista! Os olhos não lhes serão causa de escândalo e de queda; podem viver inteiramente da vida das almas; podem ver mais do que vós que tendes límpida a visão!... Quando Deus me permite descerrar as pálpebras a algum desses pobres sofredores e lhes restituir a luz, digo a mim mesmo: Alma querida, por que não conheces todas as delicias do Espírito que vive de contemplação e de amor? Não pedirias, então, que se te concedesse ver imagens menos puras e menos suaves, do que as que te é dado entrever na tua cegueira!
Oh! bem-aventurado o cego que quer viver com Deus. Mais ditoso do que vós que aqui estais, ele sente a felicidade, toca-a, vê as almas e pode alçar-se com elas às esferas espirituais que nem mesmo os predestinados da Terra logram divisar. Abertos, os olhos estão sempre prontos a causar a falência da alma; fechados, estão prontos sempre, ao contrário, a fazê-la subir para Deus. Crede-me, bons e caros amigos, a cegueira dos olhos é, muitas vezes, a verdadeira luz do coração, ao passo que a vista é, com freqüência, o anjo tenebroso que conduz à morte.
Agora, algumas palavras dirigidas a ti, minha pobre sofredora. Espera e tem ânimo! Se eu te dissesse: Minha filha, teus olhos vão abrir-se, quão jubilosa te sentirias! Mas, quem sabe se esse júbilo não ocasionaria a tua perda! Confia no bom Deus, que fez a ventura e permite a tristeza. Farei tudo o que me for consentido a teu favor; mas, a teu turno, ora e, ainda mais, pensa em tudo quanto acabo de te dizer.
Antes que me vá, recebei todos vós, que aqui vos achais reunidos, a minha bênção. - Vianney, cura d'Ars. (Paris, 1863.)
NOTA. Quando uma aflição não é conseqüência dos atos da vida presente, devese- lhe buscar a causa numa vida anterior. Tudo aquilo a que se dá o nome de caprichos da sorte mais não é do que efeito da justiça de Deus, que não inflige punições arbitrárias pois quer que a pena esteja sempre em correlação com a falta. Se, por sua bondade, lançou um véu sobre os nossos atos passados, por outro lado nos aponta o caminho, dizendo: '“Quem matou à espada, pela espada perecerá", palavras que se podem traduzir assim: "A criatura é sempre punida por aquilo em que pecou." Se, portanto, alguém sofre o tormento da perda da vista, é que esta lhe foi causa de queda. Talvez tenha sido também causa de que outro perdesse a vista; de que alguém haja perdido a vista em conseqüência do excesso de trabalho que aquele lhe impôs, ou de maus-tratos, de falta de cuidados, etc. Nesse caso, passa ele pela pena de talião. É possível que ele próprio, tomado de arrependimento, haja escolhido essa expiação, aplicando a si estas palavras de Jesus: "Se o teu olho for motivo de escândalo, arranca-o."
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Livro eletrônico gratuito em http://www.febnet.org.br.