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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

O Que É Ser Médium

O Que É Ser Médium

Você se indaga, às vezes, se as sensações que tem sentido são realmente de caráter mediúnico ou apenas estados emocionais ou, ainda, se certos acontecimentos não seriam meras fantasias ou suposições erradas, por ficar impressionado em demasia com tudo o que lhe ocorre.
Porém como saber? Afinal, o que é ser médium?
Usualmente, denomina-se médium aquele em quem a faculdade mediúnica se mostra de forma ostensiva. Entretanto é bom saber que todos os seres humanos têm mediunidade em estado latente, como um princípio, uma semente, que poderá ou não desabrochar no curso da existência terrena.
Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, explica que todos os indivíduos são mais ou menos médiuns, no sentido de que somos influenciáveis pelas sugestões alheias, podendo estas partir de espíritos desencarnados que nos desejam influenciar. Isto se dá através da sintonia mental, de forma espontânea e natural, surgindo na mente do indivíduo como uma idéia, um pressentimento, que são também chamados de “intuição”. Isto pode estar sendo lançado por um espírito desencarnado, e a pessoa aceitará a idéia ou não, dependendo do seu livre arbítrio.
Voltemos ao termo “médium”. É importante saber que esta palavra significa “aquilo que está no meio”. Allan Kardec propôs esta terminologia, inclusive as palavras “Espiritismo”, “espírita”, etc. Para designar coisas novas trazidas pelos Espíritos Superiores à Humanidade.
Assim, médium é o intermediário, aquele que intermedia a comunicação de um espírito com as demais pessoas.
A eclosão da mediunidade não depende de religião, idade, raça ou sexo. Muitas criaturas, não conhecendo nada sobre o assunto, ficam amedrontadas, outras temem as responsabilidades que são inerentes ao exercício mediúnico e recusam-se a conscientizar-se acerca da sua faculdade. Evitam de todas as maneiras qualquer conversa ou situação relacionadas com o tema, mas, se os sinais de mediunidade forem muito evidentes, intensos e freqüentes, essas pessoas ficam sujeitas a alguns problemas mais graves decorrentes das presenças espirituais ao seu lado, as quais captam sem saber como se defender ou precaver-se contra assédios negativos.
Mas, afinal, como saber se sou médium ostensivo? É a pergunta que lhe ocorre.
Existem indícios que caracterizam a presença da mediunidade de forma expressiva. O Espiritismo aclara e orienta todo esse processo, auxiliando o médium principiante e possibilitando o exercício da mediunidade de maneira equilibrada e serena, que lhe confere bem-estar e paz interior.
Alguns dos indícios do desabrochar da mediunidade podem ser relacionadas. São eles:
alterações emocionais súbitas;
acentuada sensibilidade emotiva;
vidências;
necessidade compulsiva e inoportuna de escrever idéias que não lhe são próprias;
calafrios, sensação de formigamento nas mãos e na cabeça;
mal-estar em determinados ambientes ou em presença de certas pessoas;
sensações de enfermidades inexistentes.
Estes sintomas podem surgir de forma associada, com maior ou menor intensidade, prevalecendo um ou outro ou vários, conforme a condição espiritual do indivíduo.
Que fique bem claro que alguns desses sintomas citados podem ocorrer, sem que seja necessariamente um sinal de predisposição mediúnica. Outro ponto que merece ser ressaltado é que mediunidade não é doença. Também não deve ser encarada como um privilégio ou, sob outro aspecto, como uma sobrecarga de responsabilidade de tal teor, que somente uns poucos conseguirão levá-la adiante.
O desabrochar da mediunidade representa para o ser humano um horizonte novo que se abre para ele. É um chamamento, um convite a fim de que se volte para o bem, que desperte para as realidades maiores da vida. É uma responsabilidade sim, mas, sendo vivenciada com seriedade, com amor e disciplina, será sempre fonte de benefícios, em primeiro lugar para o próprio médium.
Às vezes as pessoas têm uma impressão distorcida acerca do Espiritismo pelo que a mídia apresenta, ou seja, pessoas que são médiuns mas que, na verdade, não são espíritas, embora assim se apresentem, e que se utilizam da sua faculdade para aparecerem, para divulgarem suas produções mediúnicas, mas que não têm as características espíritas, cujas orientações são sempre voltadas para fins sérios, altruísticos e renovadores, sem qualquer conotação de rituais ou de lucros materiais.
Se você apresenta as características acima mencionadas, se o que lhe está acontecendo se encaixa nestes pontos relacionados, é provável que a mediunidade lhe esteja sinalizando a busca de uma nova vida, de um caminho novo, espiritualizado, para que você encontre, enfim, o sentido transcendente da vida terrena.

“A mediunidade não veio em minha vida por acaso. É um compromisso que assumi perante a Espiritualidade Maior. É como um convite para reavaliar tudo o que fiz até hoje e recomeçar em bases espiritualizadas e seguras, descobrindo através do intercâmbio com os seres invisíveis um novo caminho para ser feliz.”

Suely Caldas Schubert

sábado, 6 de julho de 2013

Dissertação Sobre os Médiuns

XIII
Quando quiserdes receber as comunicações dos Espíritos bons, preparai-vos para essa graça através da concentração, das intenções puras e do desejo de praticar o bem em favor do progresso geral. Lembrai-vos de que o egoísmo sempre retarda a evolução. Lembrai-vos de que se Deus permite a alguns de vós receber o sopro de seus filhos que, por sua conduta, souberam merecer a ventura de compreender sua infinita bondade, é porque deseja, atendendo às nossas solicitações e tendo em conta as vossas boas intenções, conceder-vos os meios de avançar nesse caminho. Assim, pois, médiuns! Aproveitai essa faculdade que Deus vos concedeu. Tende fé na mansuetude de nosso Mestre. Ponde a caridade sempre em ação. Não deixeis jamais de praticar essa virtude sublime, bem como a tolerância. Que vossas ações estejam sempre em harmonia com a vossa consciência. É esse um meio certo de centuplicar vossa felicidade nesta vida passageira e de vos preparar uma existência mil vezes mais suave.
Que o médium que não se sinta com forças de preservar no ensino espírita se abstenha, pois não tornando proveitosa a luz que o esclareceu, será mais culpado e terá de espiar a sua cegueira.
PASCAL

Livro dos Médiuns : Cap. 31" Dissertações - Sobre os Médiuns item 13"
Allan Kardec- Tradutor: J.Herculano Pires

domingo, 24 de março de 2013

UM MÉDIUM CHAMADO ÁGABO


"E chegou da Judéía um profeta por nome Ágabo. E vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo,
e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito: Assim ligarão os judeus em
Jerusalém o varão de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. " (Atos, 21:10-11)
Esta narrativa dos Atos dos Apóstolos confirma, uma vez mais, que os primitivos cristãos se escudavam na orientação dos Espíritos, quando tinham necessidade de tomar determinadas atitudes.
Paulo, com alguns dos seus companheiros, hospedou-se na casa de Filipe, o evangelista, pai de quatro moças que possuíam faculdades mediúnicas e que, obviamente, serviam de instrumento para que seu pai e os cristãos que costumeiramente se abrigavam em sua casa, entrassem em comunicação com o plano espiritual.
Chegou também ali um médium chamado Ágabo, o mesmo que, segundo os Atos dos Apóstolos (11:28), havia vaticinado que haveria grande fome na face da Terra: "E levantando-se um deles de nome Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que haveria uma grande fome em todo o mundo, e isso aconteceu no tempo de Cláudio César". Ágabo, sem conhecer Paulo, fez uso da sua mediunidade de psicometria; "tomou o cinto do apóstolo e profetizou tudo aquilo que lhe iria acontecer, inclusive a sua prisão por meio de correias e subseqüente entrega a um governador gentio".
Em seguida a essa profecia, os amigos de Paulo intercederam para que ele não subisse a Jerusalém, porém o Converso de Damasco repeliu a idéia, dizendo peremptório: "Que fazeis "Vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto, não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém, pelo nome do Senhor Jesus" .
Os Atos dos Apóstolos narram que Paulo subiu a Jerusalém e ali, pregando no templo, foi reconhecido por alguns judeus da Ásia, os quais deram início a surda rebelião contra os seus ensinamentos, agitando assim todo o povo. O tribuno Cláudio Lysias, vendo que a população estava em pânico, mandou que Paulo fosse atado com correntes e levado à Fortaleza. Na escadaria da prisão o apóstolo tentou um discurso em sua defesa, porém foi veementemente repelido pela turba fanática. O tribuno ordenou, posteriormente, que ele fosse conduzido ao Sinédrio, onde foi inquerido.
Nessa altura dos acontecimentos, Paulo foi avisado, por um seu sobrinho, que cerca de quarenta judeus planejavam uma conspiração e juraram que não comeriam nem beberiam, enquanto não o matassem, tudo isso sob os olhares complacentes do Sinédrio pois os conjurados pediram aos membros do Conselho que solicitassem ao tribuno que lhes enviasse novamente o apóstolo para maiores inquirições. O plano consistia em abatê-lo no trajeto entre a fortaleza e o templo.
O tribuno, sendo informado dessa conspiração, mandou, preparar uma tropa composta de duzentos soldados, duzentos arqueiros e sessenta cavalarianos e deu ordens para que Paulo fosse levado a Cesaréia antes da madrugada, onde o apóstolo foi entregue ao governador Felix. Após interrogatório levado a efeito pelo governador, Paulo foi atado com correias, cumprindo-se assim a profecia de Ágabo.
Paulo esteve detido pelo governador gentio por mais de dois anos, até que, no governo de Pórcio Festo, apelou ser julgado por um tribunal romano: "Apelaste para César, para César irás, asseverou o governador.
No seio das primitivas comunidades cristãs, o intercâmbio com o plano espiritual servia de bússola para todas as decisões, por isso vemos que, logo após a primeira profecia de Ágabo em torno da fome que assolaria a Terra, os apóstolos se reuniram e resolveram mandar provisões e socorro para os irmãos que habitavam a Judéia; na segunda profecia, intercederam junto a Paulo para que não subisse a Jerusalém, no que não foram atendidos, pois o Apóstolo dos Gentios desejava, ardentemente, dar testemunho de Jesus em todo o mundo, a todos povos.
A comunicação com o mundo espiritual era prática comum entre os seguidores de Jesus Cristo, prática essa que se prolongou por muitos séculos, até que, com a oficialização da religião pelo imperador Constantino, teve início o milenar processo de degenerescência da Doutrina Cristã, as comunicações passaram a ser coibidas, pois elas vinham prejudicar os planos adredemente preparados pelas trevas, de consolidar o conluio entre os poderes temporais e espirituais, pois só assim poderiam fazer com que a singela e meiga Doutrina, legada pelo Rabi da Galiléia, sofresse o impacto dos interesses mundanos, deixando de consolar os pequeninos e sofredores, para servir de esteio para os interesses mundanos dos grandes e potentados.
Ágabo era um autêntico médium, por isso Paulo aceitou plenamente o seu vaticínio e não trepidou em considerá-lo como verdadeiro, pois em Atos (20:23) vemo-lo proclamar: "E agora, eis que ligado eu pelo Espírito vou para Jerusalém, não sabendo o que lá me há de acontecer, senão o que o Espírito, de cidade em cidade, me revela, dizendo: que me esperam prisões e tribulações".
Paulo A. Godoy

sexta-feira, 15 de março de 2013

A IGREJA UNIVERSAL

A IGREJA UNIVERSAL
"Quem diz o povo ser o Filho do homem?" Responderam os discípulos: Uns dizem João Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou algum dos profetas que ressuscitou. E vós, quem dizeis que eu sou? Retruca Pedro: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, pois que não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu Pai que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro (rocha) e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela.
Dar-te-ei as chaves do reino dos céus; e o que ligares sobre a terra será ligado nos céus; e o que desligares sobre a terra será desligado nos céus... Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que lhe era necessário ir a Jerusalém e padecer muitas coisas dos anciãos, dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar no terceiro dia. Pedro, então, chamando-o aparte, começou a repreendê-lo, dizendo: Deus tal não permita, Senhor; isso de modo nenhum acontecerá. Mas Ele, voltando, disse a Pedro: Arreda de diante de mim, Satanás; tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens". — S. Mateus, cap. XVI, vs. 13 a 23.

Os homens, em geral, não tinham a respeito de Jesus e de sua missão uma idéia clara e verdadeira. Supunham-no um profeta dotado de poderes maravilhosos, para libertar Israel do domínio Romano. Os próprios discípulos alimentavam,
mais ou menos, esse mesmo conceito. Entretanto, era necessário que eles soubessem a verdade acerca do seu Mestre. Daí a interpelação de Jesus: "vós quem dizeis que eu sou?".

Pedro, médium, como aliás eram os demais apóstolos, cada qual, porém, com seu temperamento particular, retruca, impelido pelos agentes espirituais: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Em tal importava o que Jesus visara, isto é, que os discípulos tivessem conhecimento positivo de sua origem e de sua missão. Satisfeito, pois, com o resultado daquela revelação, da qual Pedro fora o instrumento, disse-lhe: "Bem-aventurado és, Simão Bar-Jonas, pois não foi a carne nem o sangue quem to revelou, mas meu pai que está nos céus. Eu também te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; e as portas do Hades não prevalecerão contra ela, etc.".

Perguntamos, agora, nós: sobre que base ou fundamento Jesus prometeu edificar a sua igreja? É claro que foi sobre a revelação obtida através de Pedro, e não sobre este, com todas as suas fraquezas. Aquela atitude enérgica, assumida logo após pelo Mestre, quando Pedro, sempre como médium, procura dissuadi-lo do desempenho de sua missão, comprova nossa assertiva: — Sai de diante de mim. Satanás... — O Satanás não era Pedro, mas os elementos do espaço que o haviam tomado no momento. Ora, é óbvio que sobre os frágeis ombros humanos Jesus jamais pensou em apoiar as colunas da sua igreja. Prometeu, sim, solenemente, fundá-la sobre a revelação, isto é, sobre as verdades que as revelações anunciam através do mediunismo, ou profetismo, como então se dizia.
A Verdade é a rocha inabalável, contra a qual não prevalecem as forças do mal. As várias formas de mediunidade representam as chaves do reino dos céus, porque é mediante o seu concurso que se torna possível ao homem, chumbado à terra, penetrar os arcanos celestiais. É ainda a Verdade alcançada através das revelações, que liga ou desliga na terra como nos céus, visto que a Verdade é sempre a mesma, manifeste-se neste ou em qualquer outro plano da vida. Pedra ou rocha é símbolo da verdade revelada. Pedro foi, apenas, o intermediário humano da revelação do céu, no que respeita à pessoa inconfundível de Jesus, o Cristo de Deus.

É natural que os credos terrenos não vejam, ou não queiram ver, a realidade do que expomos. A revelação não pode constituir objeto de propriedade particular, como não se circunscreve a este ou àquele grupo de indivíduos, a esta ou àquela escola. A revelação é soberana, é livre, vem de cima, cai como o orvalho da manhã sobre os corações visados pelas Virtudes do Céu. A revelação é um fenômeno que se opera à revelia do homem, que não se acha adstrita às veleidades e aos interesses de classes e partidos religiosos.

Ela impera e reina acima dos homens, pairando sobre suas paixões. Daí por que, como o próprio Jesus, é a pedra rejeitada. Nada obstante, é sobre essa rocha que o Filho de Deus afirmou, de modo insofismável, erguer a sua igreja. É o que os fatos testemunham, conforme vamos provar cabalmente.

A palavra de Jesus não ficou em promessa: cumpriu-se já inteiramente. Edificarei a minha igreja. O verbo foi empregado no futuro. Se Ele se referisse a Pedro, a sua igreja teria sido fundada naquele momento mesmo. Mas só o foi posteriormente. Quando? Abra-se o livro dos Atos, cap. II, e veja-se o que contém:

"Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam os apóstolos reunidos no mesmo lugar; de repente, veio do céu um ruído, como de impetuoso vento, que encheu toda a sala onde estavam sentados. E apareceram umas como línguas de fogo, as quais se distribuíram, para repousar sobre cada um deles; e todos ficaram cheios do Espírito e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito lhes concedia que falassem.
Achavam-se em Jerusalém judeus, homens religiosos de todas as nações debaixo do céu: e quando, então, se ouviu o ruído, ajuntou-se ali a multidão e ficou pasmada, pois que cada um os ouviu falar na sua própria língua. E assim maravilhados e atônitos, perguntavam: Não são galileus estes homens? Como os ouvimos falar cada um na língua de nosso nascimento? partos, medos, elamitas e os naturais de mesopotâmia, Judéia, Capadócia, Frigia, Pamfília, Egito, Líbia e Cirene; forasteiros, romanos, cretenses e arábes como estamos ouvindo falar em nossas línguas as coisas de Deus? Que quer isto dizer? Alguns, porém, zombando, diziam: Estão cheios de mosto (bêbados).

Mas Pedro, estando em pé, ao lado dos onze, tomou a palavra e disse: Homens da Judéia, todos os que vois achais em Jerusalém, seja-vos isto notório, e prestai ouvidos às minhas palavras. Estes homens não estão embriagados, como supondes, visto que é a hora terceira (9 horas) do dia. Cumpre-nos o que dissera o profeta Joel: E acontecerá nos últimos, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre a carne; e vossos filhos e filhas profetizarão; vossos mancebos terão visões, e sonharão vossos anciãos.. . Israelitas, ouvi estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão a junto a vós com poderes, prodígios e sinais, que Deus fez por meio d'Ele entre vós, conforme vós mesmos sabeis, sendo Ele entregue pelo determinado concelho e presciência de Deus, vós o matastes, crucificando-o por mãos iníquas; ao qual Deus ressuscitou, desatando os laços da morte, pois não era possível que fosse por ela retido... Exaltado, pois, pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito, derramou o que vedes e ouvis.Fique, pois, certa toda a casa de Israel de que a este Jesus, Deus o fez Senhor e Cristo.

Ouvindo eles estas palavras, compumgiram-se em seus corações e perguntaram a Pedro e aos apóstolos: Que faremos, irmãos? Respondeu-lhes Pedro: arrependeis-vos e cada um de vós seja batizado em nome remissão de vossos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo. Pois para vós é a promessa, e para todos os que estão longe, a quantos chamar o Senhor, nosso Deus. E com muitas outras palavras dava testemunho e exortava-os, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa.

E os que, então, receberam a sua palavra foram batizados, e admitidas naquele dia quase três mil pessoas; e perseveravam na doutrina dos apóstolos partir do pão e nas orações. Em cada alma havia temor e muitos milagres eram feitos pelos apóstolos. E todos os que criam estavam unidos e tinham tudo em comum. E vendiam as suas propriedades e bens e os repartiam por todos, conforme a necessidade de cada um. E diariamente, perseverando unânimes no templo e partindo pão em casa, comiam com alegria e singeleza de coração, louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo. E todos os dias acrescentava-lhes o Senhor os que se iam salvando".

Eis aí como se cumpriu a promessa que Jesus fizera a Pedro, de fundar a sua igreja sobre a revelação.
Esse mesmo apóstolo, sob ação mediúnica, tomou a palavra no meio dos seus companheiros de ministério, falando e exortando o povo. Este, influenciado pelas milícias celestes, sentiu-se profundamente tocado em seu coração, indagando: Que faremos, irmãos? Arrependei-vos, prosseguiu Pedro, e batizai-vos em nome de Jesus Cristo, pois, assim participareis também do dom do Espírito. Aqueles que sinceramente se achavam compungidos se apresentaram ao batismo, sendo, de início, admitidas na igreja cristã, recém-criada, quase três mil pessoas.
É de notar-se que a mediunidade poliglota aparece entre os apóstolos pela primeira vez. E porque essa e não outra modalidade qualquer? Para que a igreja cristã tivesse o caráter de universalidade que lhe é próprio e dela inseparável.

E não teria sido essa mesma falange de Espíritos de luz que, quase XX séculos depois, transmitiu a Kardec a 3ª. Revelação, condensada nas monumentais obras espíritas? Quem é o Espírito da Verdade, autor da vibrante e sensibilizadora mensagem dirigida ao compilador da Doutrina, reportando-se à ação das Virtudes do Céu que caem sobre a terra como estrelas refulgentes? Não será o Espiritismo o desdobramento natural do Cristianismo, tendo como apóstolos os Espíritos componentes daquela mesma milícia celestial que agiu no dia de Pentecostes, na fundação da igreja viva de Jesus Cristo, cuja sede está em toda parte onde se acharem congregados dois ou três corações em seu nome?

Quem tiver olhos de ver, veja.
Vinícius

sexta-feira, 8 de março de 2013

Estudo Aprofundado do Espiritismo-Livro I - Roteiro 3 - Módulo 2 " O Cristianismo"

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
3
Objetivos • Identificar a missão de João Batista como precursor de Jesus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.
E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará
à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se
alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá
vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua
mãe. Lucas, 1:11-15
• Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu
alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus
é maior do que ele. Mateus,11:11
JOÃO BATISTA - O PRECURSOR
92
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. O nascimento de João Batista
O nascimento de João Batista foi revestido de um clima de expectativas e surpresas, uma vez que Isabel, sua mãe, encontrava-se numa idade em que, usualmente, as mulheres não engravidam.
Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel. E eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos
do Senhor. E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade. E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do
Senhor para oferecer o incenso. E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida
forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o
fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. Disse, então, Zacarias ao anjo: Como saberei isso? Pois eu já sou velho, e minha mulher, avançada em idade. E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e
dar-te estas alegres novas. Todavia ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam, porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir. E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhava-se de que tanto se
demorasse no templo. E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo. E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa. E, depois daqueles dias, Isabel, sua mulher, concebeu e, por cinco meses, se ocultou, dizendo: Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou em mim, para destruir o meu opróbrio entre os homens. (Lucas, 1:5-25)
Foi necessário que ocorresse a mudez de Zacarias, não como um castigo, mas para que se cumprisse as predições anunciadas pelo anjo. O povo deveria perceber que alguém especial iria nascer, um Espírito consagrado a Deus; um profeta enviado para anunciar a vinda do Messias, previsto nas escrituras e ardentemente aguardado pelos judeus.
E completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho. E os seus vizinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia e alegraramse com ela. E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino e lhe chamavam
Zacarias, o nome de seu pai. E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João. E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome. E perguntaram, por acenos, ao pai como queria que lhe chamassem. E, pedindo ele uma
tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos se maravilharam. E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus. E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram divulgadas todas essas coisas. E todos os que as ouviam as conservavam em seu coração, dizendo: Quem será, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele. (Lucas, 1:57-66)
João Batista desenvolvia-se plenamente, preparando-se para a sua missão.
O menino crescia e se robustecia em espírito, e esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel. (Lucas, 1:80)
As mãos de Deus, indiscutivelmente, pousavam sobre o seu lar. Depois... Ao seguir para o deserto, vestiu-se como o antigo profeta Elias: uma pele de camelo no corpo, em volta
dos rins um cinto de couro... Iniciara o ministério por volta do ano 15 do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos, governador da Judéia e Herodes Antipas tetrarca da Galiléia... 1
2. João Batista, o precursor
Apareceu João batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados. E toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E João andava vestido de pêlos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre, e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia
das sandálias. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. (Marcos, 1:4-8)
João Batista veio de uma linhagem sacerdotal, mas não seguiu o sacerdócio, pelo menos na forma como o seu pai praticava. Adotou um modo de vida simples, ascético, alimentando-se com frugalidade (de mel e gafanhotos) e vivendo, mais tempo, no deserto da Judéia. Foi um profeta.
Pregador rude, homem de viver austeríssimo, desprezou as comodidades da vida, a ponto de se alimentar com o que achava no deserto e de se vestir com a pele de animais. Assim,
impressionou fortemente o povo, que acorria a ouvi-lo e a pedir-lhe conselhos. Poderoso médium inspirado, foi o transmissor das mensagens do Alto, pelas quais se anunciava a chegada do Mestre e o começo dos trabalhos de regeneração da humanidade. A todos que queriam tornar-se dignos do reino dos céus, João aconselhava que fizessem penitência.
Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao reino de Deus? Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as peregrinações aos lugares santos; nem as construções de capelas; nem jejuns; nem votos; nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização delas. A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha praticado. 4
Após o período passado no deserto, João Batista inicia a sua pregação.
Com zelo profético ele anuncia a vinda do reino dos céus.
Transcorridos alguns anos, vamos encontrar o Batista na sua gloriosa tarefa de preparação do caminho à verdade, precedendo o trabalho divino do amor, que o mundo conheceria em Jesus-Cristo. João, de fato, partiu primeiro, a fim de executar as operações iniciais para a grandiosa conquista. Esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O Mestre dos mestres quis colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus gloriosos ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos mais belos de todos os símbolos imortais
do Cristianismo. [...] João era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos. 8
A pregação de João Batista, todavia, era contundente, desagradando a muitos, em conseqüência. Revelava um temperamento ardente, apaixonado.
Como a dor que precede as poderosas manifestações da luz no íntimo dos corações, ela recebe o bloco de mármore bruto e lhe trabalha as asperezas para que a obra do amor surja, em sua pureza divina. João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora, é ele o símbolo rude da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: — “Dos nascidos de mulher, João Batista é o maior de todos». 8
A fama de João Batista chega, então até os sacerdotes judeus e aos levitas que resolvem interrogá-lo.
Quem és tu? E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaramlhe:
Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu:
Não. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram?
Que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus, e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias. Essas
coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: após mim vem um homem que foi antes de mim, porque já era primeiro do que eu. (João, 1:19-30)
Posteriormente, vamos ver que é o próprio Cristo quem testemunharia a respeito de João Batista, enaltecendo a sua missão: «Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista.» (Mateus, 11:11)
Enfim, João Batista arcaria com a responsabilidade de abrir para a Humanidade a era evangélica. Por isso é que Jesus diz que dos nascidos de mulher, nenhum foi maior do que João Batista; isto é, não se encarnou ainda nenhum espírito com missão maior do
que a de João Batista
. [...] Jesus, conquanto justifique o amor que o povo consagrava a João Batista, adverte-o de que no mundo espiritual existiam Espíritos ainda maiores, por serem mais evoluídos que João Batista. 5
O Espiritismo aceita a idéia de ser João Batista a reencarnação do profeta Elias. Há muitas semelhanças na personalidade de ambos, indicativas de que se tratava do mesmo Espírito. O próprio Jesus afirma, segundo as anotações de Mateus: «Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça»
(Mateus, 11:13-15) Em um outro momento, após o fenômeno da transfiguração, os apóstolos Pedro, Tiago e João, ao descerem do monte, são orientados por Jesus a guardarem silêncio sobre o que presenciaram (transfiguração).
E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, então, os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os
discípulos que lhes falara de João Batista. (Mateus, 17:9-13)
As pregações de João Batista, a despeito de agradarem o povo, eram criticadas pelos sacerdotes e familiares do rei Herodes.
A mensagem de João Batista caiu em Israel como fogo na palha. [...] As multidões que
o ouviam incluíam publicanos e prostitutas. [...] O Judaísmo nunca se deparara com nada exatamente igual a isso, [...]. 2
João Batista desagradava os sacerdotes porque introduziu modificações nas práticas religiosas do Judaísmo. Em primeiro lugar estabelece, no batismo pela água, uma forma de renascimento ou metáfora da redenção espiritual.
Segundo as suas orientações, a pessoa nascia judeu, mas para se redimir deveria passar por um processo simbólico de renascimento. «O rito de João era tão singular que foi nomeado segundo ele (“Batista”), e Jesus claramente o vê como dado a João por Deus mediante revelação.» 2
Outro ponto, provocador de sérias controvérsias religiosas entre o clero judaico, foi o fato de João não fazer caso do templo judaico e dos seus ritos; talvez a rejeição dos sacerdotes a João tenha relação primordial com a onda generalizada de repulsa à corrupção do templo e dos seus sacerdotes no século I d.C., e que foi asperamente criticada pelo precursor. 2
A família real também detestava João Batista porque dele recebia, em público, constantes críticas a respeito do modo indecoroso em que viviam.
Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante delee agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui num prato a cabeça de João
Batista. E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. E mandou degolar João no cárcere, e a sua cabeça foi trazida num prato e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram, e foram anunciá-lo a Jesus. (Mateus, 14:6-12)
O nascimento e vida de João Batista teve uma única finalidade, segundo o Espiritismo: anunciar a vinda do Cristo, daí ser ele chamado – com justiça – o precursor.
João Batista é o símbolo do cristão que se sacrifica pela Verdade. Todavia João Batista não sofreu unicamente pela Verdade que pregava. Em virtude da lei de causa e efeito, sabemos que não há efeito sem causa. Por conseguinte, para que João Batista sofresse a pena de decapitação é porque ainda tinha dívidas de encarnações anteriores a pagar. Apesar do alto grau de espiritualidade que tinha alcançado, João teve de passar pela mesma pena que
infligira aos outros. De fato, se João Batista era Elias, poderemos ver nessa decapitação o saldo da dívida que tinha contraído quando, como Elias, mandou decapitar os sacerdotes de Baal. É Justiça Divina que se cumpre, nada deixando sem pagamento. 7
Após João Batista, o povo judeu não teve outro profeta. Foi o último de uma linhagem que se preparou para trazer ao mundo a mensagem de Jesus.
João é o último profeta enviado pelo Senhor para ensinar os homens a viverem de acordo com os mandamentos divinos. De agora em diante Jesus legará o Evangelho ao mundo, como um roteiro seguro que o conduzirá a Deus. E hoje temos o Espiritismo, um profeta que está em toda parte, falando ao coração e à inteligência de todas as criaturas: aos humildes e aos letrados, aos pobres e aos ricos, aos sãos e aos doentes, espalhando ensinamentos espirituais de fácil compreensão. 6
Referências
FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.
4. ed. Salvador [BA]: LEAL, 1987, p. 20-21 (Respingos históricos).
2. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzer e Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 161.
3. GODOY, Paulo Alves. O evangelho por dentro. 2. ed. São Paulo: FEESP,
1992, p. 133 (João Batista - o precursor de Jesus-Cristo).
4. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Editora
Pensamento - Cultrix, 2003. Cap. 3, p. 17.
5. ______. Cap. 11, p. 104.
6. ______. p. 104-105.
7. ______. Cap. 14, p. 142-143.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 2 (Jesus e o precursor), p. 24.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

9- TÁTICA OBSESSIVA. "(...)O espírito obsessor, sem a menor cerimónia, faz-se passar por mensageiro do bem, aconselha procedimentos fraternos, empenha-se em conquistar a confiança do medianeiro, sugere-lhe atitudes de extremo devotamente, chegando, inclusive, a comover-se às lágrimas... Tudo para envolvê-lo na teia de seus escusos e reais interesses..."


"... para chegara tais Uns é preciso um espirito hábil, astuto e profundamente hipócrita, porque não pode enganar e fazer-se aceitar senão com a ajuda de máscara que sabe tomar e de uma falsa aparência de virtude; as grandes palavras de caridade, humildade e amor a Deus são para ele como credenciais; mas, através de tudo isto, deixa transparecer sinais de inferioridade que é preciso estar fascinado para não perceber..." (Segunda Parte, cap. XXIII, item 239, terceiro parágrafo)
Os espíritos que intentam enganar os médiuns não hesitam em tomar o nome de Deus para fazê-lo. Aliás, a história está repleta de exemplos de homens que corrompiam, saqueavam, extorquiam, mentiam e até matavam — em nome de Deus!... Citemos o exemplo da Inquisição e fatos similares ocorridos com adeptos de outros credos religiosos ou suspeitos de heresia.
Para colimar seus objetivos inferiores, os espíritos não revelam qualquer escrúpulo em traves tirem-se como "anjos de luz", agindo sob o escudo de nomes veneráveis que ostentam de maneira desrespeitosa.
O espírito obsessor, sem a menor cerimónia, faz-se passar por mensageiro do bem, aconselha procedimentos fraternos, empenha-se em conquistar a confiança do medianeiro, sugere-lhe atitudes de extremo devotamente, chegando, inclusive, a comover-se às lágrimas... Tudo para envolvê-lo na teia de seus escusos e reais interesses. Assim, imperceptivelmente, o médium vai-se rendendo às suas vibrações, até que, fascinado, se destitui do imprescindível bom-senso, que preservaria a sua integridade psicológica.
Não raro, o espírito obsessor penetra de tal forma na alma do médium obsidiado, que este passa a defendê-lo ardorosamente, quando alguém lhe questiona a identidade e a intenção, melindrando-se ao tomar-lhe as dores, como se fosse ele próprio o ofendido.
Entretanto, por mais se esmere, o espírito obsessor acaba por trair-se, não logrando ocultar os seus inequívocos sinais de inferioridade, à semelhança de alguém que consegue enganar as pessoas durante algum tempo, mas não o tempo todo...
Para admitir que foi ludibriado por este ou aquele espírito, é necessário que o médium possua certa humildade; caso contrário, mesmo a entidade espiritual sendo desmascarada, o medianeiro prosseguirá cultivando as convicções na infalibilidade do espírito que o envaidecia com a sua "assistência".
No que tange à vaidade, carecemos de tecer breve consideração. O medianeiro costuma julgar o grau de sua evolução espiritual pela condição evolutiva do espírito que lhe assessora as atividades. Pura ilusão! Espíritos que agem no anonimato, cujos nomes sequer são conhecidos dos homens, estão em estágio espiritual quase sempre superior ao dos que reverenciamos...
Não é porque, por exemplo, Bezerra de Meneses assista tal médium que este esteja à altura do grande benfeitor de todos nós. Os Espíritos Superiores, atentos à palavra do Cristo de que "os sãos não necessitam de médico", abeiram-se das almas enfermas no propósito de auxiliá-las na cura. Acaso o Senhor não conviveu com pecadores e adúlteras, homens rudes e de inteligência obtusa, pacientemente instruindo-os a respeito do Reino Divino?!...
À perda do discernimento, a que nos referimos no capítulo precedente, só se nivela a vaidade do médium que se imagina na condição de missionário.
Insistimos em que a mediunidade, do ponto de vista moral, é instrumento de progresso a realizar e não de progresso realizado.
As credenciais do espírito bem intencionado são sempre as do trabalho que inspira o médium a concretizar, sem subtrair-lhe o livre-arbítrio. O espírito que dita normas e se aborrece quando não as vê cumprir-se pode até possuir méritos que não discutimos, mas inegavelmente ainda tem muito que aprender.
A tática do espírito obsessor intelectualizado é sutilíssima! Não raro, para surpreendê-lo em contradição, carece-se de refinado espírito de observação num curso de tempo mais ou menos longo.
No entanto não nos precipitemos em qualquer juízo sobre os espíritos, como não devemos apressar-nos na opinião a respeito de pessoas e acontecimentos. Não permitamos deixar-nos levar pelas aparências, nem de bem nem de mal, porque o espírito aparentemente bronco em seu modo de exteriorizar-se pode ser portador de virtudes essenciais que verdadeiramente o credenciem.
Muitas rosas de inegável beleza são totalmente desprovidas de perfume, ao passo que outras de aspecto comum exalam agradabilíssima fragrância, sob a singeleza da própria forma!

Livro: Mediunidade e Obsessão
Odilon Fernandes/Carlos Baccelli

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Espíritos a Distância

O médium há que ter muita firmeza no cumprimento do dever.
Os companheiros que participam de uma reunião mediúnica necessitam estar integrados, unidos na mesma comunhão de pensamentos.
Os espíritos que aqui vieram, por mais rebelados se mostrem, são todos espíritos enfermos, enfermos e necessitados de auxílio espiritual...
Por mais ergam a voz em desespero, por mais chorem em rebeldia e por mais blasfemem, são espíritos doentes, por assim dizer, indigente da Vida Espiritual que aqui são trazidos em busca de lenitivo; no entanto, além dos limites materiais e espirituais do templo que nos recebe, permanecem aquelas entidades mais ou menos conscientes quanto à sua situação de revolta diante das Leis Divinas...
Essas entidades, a distância, dardejam vibrações contra o grupo no intuito de atrapalhar o bom andamento de suas atividades. Esses nossos irmãos, ainda mais infelizes do que aqueles que aqui se encontram, enviam constantes emissões mentais negativas com o propósito de envolver o médium que se dispõe ao serviço de intercâmbio; é como se, lá fora, ao longe, alguém estivesse, caprichosamente, nos arremessando pedras contra o telhado...
Neste sentido é que tomamos a liberdade de chamar-lhes a atenção, porquanto, em contato com as entidades que aqui foram trazidas ou que aqui vieram espontaneamente, muitos talvez se admirem da condição espiritual desses irmãos desenfaixados do corpo físico, mas, se aqui vieram, é porque se encontram em condições melhores do que aqueles que não puderam vir, e tramam, a distância, nas dimensões espirituais em que erram, o comprometimento da tarefa em que todos nos encontramos empenhados. Daí ser imperioso que o médium tenha firmeza e não se intimide, não tenha receio do contato com essas entidades infelizes que lhe batem as portas do psiquismo, mas que se acautele contra esses outros nossos irmãos que aqui não vêm e que permanecem, à espreita, tramando, ao longe, a ruína do grupo.


Odilon Fernandes
Carlos A. Baccelli
Mediunidade Corpo e Alma

A Moral e os Recursos da Natureza

Deolindo amorim

Artigo publicado no periódico Estudos Psíquicos - Janeiro de 1949

Entre o passe magnético e o passe espírita, conquanto ambos produzam efeitos curativos, há distinção evidente. Ainda há pouco tempo, encontrando-se no Rio de Janeiro, o Dr. Aribaldo Lelis, residente em Vitória, capital do Estado do Espírito Santo, ex-presidente da Federação Espírita daquele Estado, médico, fez uma conferência sobre este assunto, na Liga Espírita do Brasil. Demonstrou o abalizado conferencista que o passe magnético pode ser perfeitamente explicado nos domínios da Física, desde que se tenha conhecimento das leis do Magnetismo. Lembrando que tanto em determinados minerais, como em árvores e animais pode ser encontrada a força magnética em potencial bem adiantado, estabeleceu, de maneira magistral, o paralelo entre o passe espírita e o passe magnético.
É verdade que tanto se faz cura pelo passe magnético, e há numerosos fatos a este respeito, como pelo passe espírita. O passe magnético é de origem humana, enquanto o passe espírita é de origem espiritual. Embora se trate de elucidação elementar, visto que qualquer estudioso do assunto sabe que há pessoas dotadas de força magnética em estado bem adiantado, ainda existe confusão neste terreno. Confusão, aliás, sem razão de ser, porquanto o passe espírita não provém do fluido animal, embora tenha necessidade do fluido humano. Sabe-se que o médium, com seus fluidos próprios, colabora com o espírito; mas é preciso ter em vista que o médium não passa de instrumento do espírito. O passe não é do médium, mas do espírito, cujos fluidos, ninguém o negaria, se combinam com os fluidos do médium. Há, entretanto, quem ainda confunda médium com magnetizador.
A mediunidade está sujeita a sanções morais. O médium não é uma criatura biologicamente diferente das outras, nem é um ser privilegiado; mas, em função da mediunidade, que tem um fim superior, em qualquer grau em que se manifeste, o médium não deixa de ter grande responsabilidade moral. A confusão entre o médium e o magnetizador pode trazer prejuízos de ordem moral, justamente porque, uma vez reduzida a mediunidade ao valor de uma força puramente humana, cai muito a responsabilidade do médium. O magnetizador, conforme seja a sua concepção da vida ou as suas tendências morais, poderá dizer que o fluido animal é seu, e que, portanto, faz desse fluido o uso que quiser; o médium, porém, não pode dizer assim, porque a mediunidade traz uma soma não pequena de deveres morais, sobretudo porque a faculdade mediúnica vem para o progresso espiritual e não para fins exclusivamente materiais.

***
Em sã consciência, todas as forças que a natureza põe a serviço do homem devem ser empregadas para o bem. O magnetismo, de qualquer forma, é uma força que o homem não inventou nem adquiriu por compra. Logo, à luz da razão e da moral, a força magnética não é também propriedade do magnetizador. O homem, afinal de contas, não é dono de nenhuma força da natureza; mas é sempre necessário considerar que a mediunidade se distingue do magnetismo, porque tem leis e fins especiais. O magnetismo, entretanto, não está absolutamente, como pode parecer, fora da lei moral.
O fato de um indivíduo ter força magnética e não provir essa força de entidades espirituais, o que mostra a distinção entre o passe espírita e o passe magnético, não quer dizer que o indivíduo pode utilizar o magnetismo para fins de exploração. Quando o magnetizador tem boa formação moral, quando sabe, portanto, fazer bom uso de suas faculdades, não emprega a força magnética senão a serviço do bem. A distinção entre o magnetismo e a mediunidade não exclui o magnetizador da sanção moral quando faz de seus poderes magnéticos um instrumento do mal.
A Doutrina Espírita mostra que todos os recursos da natureza devem ter fim útil, porque esses recursos pertencem à grande obra da criação divina. Como a mediunidade, o magnetismo, os dons da inteligência, todos esses recursos podem ser úteis ou maléficos, conforme o estado moral de quem os possui. O magnetismo é, igualmente, um instrumento do bem, um meio de se aliviar o sofrimento do próximo. Logo, esse instrumento, que não é, convém repetir, propriedade do homem, deve ter aplicação honesta. Tanto em relação ao médium, que é instrumento dos espíritos, como em relação ao magnetizador, que é instrumento de forças da natureza, o “denominador comum” é sempre a moral. Sem a moral ensinada e exemplificada por Jesus, tanto a mediunidade como o magnetismo, como quaisquer outros dons, são instrumentos perigosos a serviço do mal. Implante-se a moral no homem, e todos os dons, venham da natureza ou do mundo espiritual, serão empregados para o bem da humanidade. A moral, portanto, é o bastão com que o homem há de dirigir e utilizar os recursos que recebe da Providência.
Assim abroquelado, o verdadeiro magnetizador poderá conseguir autênticos milagres terapêuticos, tendo sempre em vista o auxilio que o Alto nunca regateia a quem trabalha desinteressadamente, utilizando os recursos infinitos da Natureza.
O charlatanismo é que se deve evitar sempre, em beneficio de uma doutrina de amor e caridade que procura elevar o homem, imunizando-o o mais possível contra os germes derrotistas que buscam a sombra para exercer a sua ação maléfica.

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Os Talismãs - Medalha cabalística


Revista Espírita, setembro de 1858
O senhor M... havia comprado de um quinquilheiro uma medalha que lhe pareceu notável pela sua singularidade. Ela é do tamanho de uma moeda de cinco libras. Seu aspecto é argênteo, embora um pouco cor de chumbo. Nas duas faces estão gravados uma multidão de sinais, entre os quais se notam os dos planetas, círculos entrelaçados, um triângulo, palavras ininteligíveis e iniciais em caracteres vulgares; além de outros caracteres bizarros tendo qualquer coisa de árabe, tudo disposto de um modo cabalístico no gênero dos livros de mágicos.
O senhor M..., tendo interrogado a senhorita J..., médium sonâmbula, quanto a essa medalha, respondeu-lhe que era composta de sete metais, que pertenceram a Cazotte, e tinha um poder particular para atrair os Espíritos e facilitar as evocações. O senhor de Caudenberg, autor de uma relação de comunicações que teve, disse ele, como médium, com a Virgem Maria, disse-lhe que era uma coisa má, própria para atrair os demônios. A senhorita de Guldenstube, médium, irmã do barão de Guldenstube, autor de uma obra sobre a Pneumatografia ou escrita direta, disse-lhe que ela tinha uma virtude magnética e poderia provocar o sonambulismo.
Pouco satisfeito com essas respostas contraditórias, o senhor de M... apresentou-nos essa medalha, pedindo a nossa opinião pessoal a respeito, e nos rogando igualmente interrogarmos um Espírito superior sobre seu valor real, do ponto de vista da influência que pode ter. Eis nossa resposta:
Os Espíritos são atraídos ou repelidos pelo pensamento, e não por objetos materiais que não têm nenhum poder sobre eles. Os Espíritos superiores, em todos os tempos, condenaram o emprego de sinais e de formas cabalísticas, e todo Espírito que lhes atribui uma virtude qualquer, ou que pretenda dar talismãs que aparentem a magia, revela, com isso, sua inferioridade, esteja agindo de boa fé ou por ignorância, em conseqüência de antigos preconceitos terrestres dos quais estejam imbuídos, seja porque queira conscientemente divertir-se com a credulidade, como Espírito zombeteiro. Os sinais cabalísticos, quando não são pura fantasia, são símbolos que lembram as crenças supersticiosas quanto à virtude de certas coisas, como os números, os planetas, e sua concordância com os metais, crenças nascidas nos tempos da ignorância, e que repousam sobre erros manifestos, dos quais a ciência fez justiça mostrando o que eram os pretensos sete planetas, sete metais, etc. A forma mística e ininteligível desses emblemas tinha por objetivo impor ao vulgo ver o maravilhoso naquilo que não compreendia. Quem estudou a natureza dos Espíritos, não pode admitir racionalmente, sobre eles, a influência de formas convencionais, nem de substâncias misturadas em certas proporções; isso seria renovar as práticas da caldeira dos feiticeiros, de gato preto, de galinha preta e outros feitiços. Não ocorre o mesmo com um objeto magnetizado que, como se sabe, tem o poder de provocar o sonambulismo ou certos fenômenos nervosos sobre a economia; mas, então, a virtude desse objeto reside unicamente no fluido do qual está momentaneamente impregnado e que se transmite, assim, por via mediata, e não em sua forma, em sua cor, nem sobretudo nos sinais com os quais pode estar sobrecarregado.
Um Espírito pode dizer Traçai tal sinal, e a esse sinal reconhecerei que chamais e virei; mas nesse caso o sinal traçado não é senão a expressão do pensamento; é uma evocação traduzida de um modo material; ora, os Espíritos, qualquer que seja sua natureza, não têm necessidade de semelhantes meios para se comunicarem; os Espíritos superiores não os empregam nunca; os Espíritos inferiores podem fazê-lo tendo em vista fascinar a imaginação de pessoas crédulas, que querem ter sob sua dependência. Regra geral: todo Espírito que liga mais importância à forma do que ao fundo é inferior, e não merece nenhuma confiança, ainda mesmo se, de tempo em tempo, disser algumas coisas boas; porque essas boas coisas podem ser um meio de sedução.
Tal era o nosso pensamento a respeito dos talismãs em geral, como meio de relações com os Espíritos. Vale dizer que ele se aplica igualmente àqueles que a superstição emprega como preservativos de doenças ou de acidentes.
Contudo, para a edificação do possuidor da medalha, e para melhor aprofundar a questão, na sessão da Sociedade, do dia 17 de julho de 1858, pedimos ao Espírito de São Luís, que consente comunicar conosco todas as vezes que se trata de nossa instrução, que nos desse a sua opinião a respeito. Interrogado sobre o valor dessa medalha, eis a sua resposta:
"Fizestes bem em não admitir que os objetos materiais possam ter uma virtude qualquer sobre as manifestações, seja para provocá-las, seja para impedi-las. Bem freqüentemente, dissemos que as manifestações eram espontâneas, e que finalmente, jamais nos recusamos em responder à vossa chamada. Por que pensais que possamos ser obrigados a obedecer a uma coisa fabricada por humanos?
P. - Com qual objetivo essa medalha foi feita? - R. Foi feita com o objetivo de chamar a atenção das pessoas que nela quisessem crer; mas não foi senão pelos magnetizadores que ela pôde ser feita com a intenção de magnetizar para adormecer uma pessoa. Os sinais não são senão coisas de fantasia.
P. - Diz-se que ela pertenceu a Cazotte; poderíamos evocá-lo, a fim de termos algumas informações dele a esse respeito? - R. Não é necessário; preferivelmente, ocupai-vos de coisas mais sérias.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

MEDIUNIDADE ESTÁTICA


A mediunidade é uma só, é um todo, mas pode ser encarada em seus vários aspectos funcionais, que são caracterizados como formas variadas de sua manifestação. Kardec a dividiu, para efeito metodológico, em duas grandes áreas bem diferenciadas: a mediunidade de efeitos inteligentes e a de efeitos físicos. Essa divisão prevaleceu nas ciências derivadas do Espiritismo. Charles Richet, fundador da Metapsíquica, estabeleceu nessa ciência a divisão das duas áreas com os nomes metapsíquica subjetiva e metapsiquica objetiva, correspondendo exatamente à divisão espírita. Na Parapsicologia atual, fundada por Rhine e McDougal, as duas área figuram com as denominações de: Psigama (de fenômenos subjetivos ou mentais) e Psicapa (de fenômenos objetivos ou de efeitos físicos). A chamada Ciência Psíquica Inglesa, como a antiga Parapsicologia Alemã, a Psicobiofísica de Schrenk-Notzing e outras várias escolas científicas mantiveram essa divisão, o que prova o acerto metodológico de Kardec.
A expressão médium também prevaleceu, chegando até mesmo à Parapsicologia Soviética, materialista, que a conserva em suas publicações oficiais. Só alguns ramos científicos sofisticados, como a Metergia e a Psicorragia inventaram substitutivos para a cômoda e clara palavra médium, mas que não vulgarizam. Na Metergia o médium se chama metérgio e na Psicorragia se chama psicorrágico. Palavrões científicos só usados por alguns médiuns pedantes que não querem dizer-se médiuns. As denominações dadas pela Parapsicologia atual não são pedantescas.
São simples nomes de letras do alfabeto grego, tradicionalmente empregadas nas Ciências para designação de fenômenos. Também não é verdade que a parapsicologia atual tenha dado outros nomes aos fenômenos para se diferenciar do Espiritismo. O problema é outro: na pesquisa científica não se podem usar designações que impliquem em interpretação antecipada do fenômeno. Escolhendo letras gregas para designar os fenômenos a ser investigados, os parapsicólogos usavam palavras neutras, como exige a metodologia científica. Uma questão de método. Apesar deste critério, a palavra sensitivo, por exemplo, escolhida para substituir médium, já foi abandonada por vários psicólogos, que voltaram a expressão médium, como vimos no caso soviético.
A terminologia espírita adotada por Kardec é simples e precisa. Mas no tocante às duas áreas fundamentais dos fenômenos de efeitos inteligentes e efeitos físicos, era necessário um acréscimo. Além dessa divisão fenomênica, havia o problema da divisão funcional. Kardec notou a generalização da mediunidade e os espíritos o socorreram, como se vê no Livro dos Médiuns, com uma especificação curiosa. Temos assim duas áreas de função mediúnica, designadas como mediunidade generalizada e mediunato. A primeira corresponde à mediunidade natural, que todos os seres humanos possuem, e a segunda corresponde a mediunidade de compromisso, ou seja, de médiuns investidos espiritualmente de poderes mediúnicos para finalidades específicas na encarnação.
Como Kardec mencionou a existência de médiuns elétricos e várias vezes comparou a mediunidade com a eletricidade, surgiu mais tarde entre alguns estudiosos, entre os quais, Crawford, a idéia de uma divisão mais explícita, com a designacão de mediunidade estática e mediunidade dinâmica. A primeira corresponde à mediunidade natural, que todos possuem e permanece geralmente em êxtase, com manifestações moderadas e quase imperceptíveis. A segunda corresponde a mediunidade ativa, que exige desenvolvimento e aplicação durante toda a vida do médium.
A falta de conhecimento desta divisão acarreta dificuldades e inconvenientes na prática mediúnica, particularmente nos trabalhos de Centros e Grupos. A mediunidade estática não é propriamente uma forma de energia que permanece no organismo corporal em estado letárgico. É simplesmente a disposição natural do espírito para expandir-se, projetar-se e entrar em relação com outros espíritos. A Parapsicologia atual confirmou a tese espírita das relações telepáticas permanentes na vida social. Nossa mente funciona, segundo acentua John Ehrenwald em seu estudo sobre relações interpessoais, como ativo centro emissor e receptor de pensamentos. Estamos sempre conversando sem o perceber. Muitos dos nosso monólogos são diálogos com outras pessoas ou com espíritos. Mensagens de Emmanuel e André Luiz, através de Chico Xavier, referem-se a inquirições mentais que certos espíritos nos fazem, seja para aliviar nosso estado mental e ajudar-nos a corrigi-lo, seja para fins obsessivos.
Um obsessor aproxima de nós e sugere mentalmente o nome ou a figura de uma pessoa. Começamos a pensar nessa pessoa e a desfilar na mente os dados que possuímos sobre ela. O obsessor insiste e nós, sem percebermos, vamos lhe dando a ficha da pessoa ou as nossas opiniões sobre ela. Ajudamos o obsessor sem saber. De outras vezes ele pretende saber qual a nossa posição em determinado caso de desentendimento a respeito de um seu amigo. Nós a revelamos e ele passa a envolver-nos num processo obsessivo. Por isso Jesus aconselhou: ''Vigiai e orai" . Devemos vigiar os nossos pensamentos e orar por aqueles que consideramos em erro. Se fizermos assim certamente nos livraremos de muitas perturbações e muitos aborrecimentos desnecessários. Os solilóquios do homem são sempre observados pelas testemunhas invisíveis, boas e más, que nos cercam. A mediunidade estática funciona como imanente no nosso psiquismo. Faz parte da nossa natureza, não é uma graça nem uma prova, é um elemento essencial da nossa constituição humana.
Recorrem às casas espíritas muitas pessoas perturbadas e até mesmo obsedadas, que em geral são consideradas como médiuns em fase de desenvolvimento. Muitas delas são apenas vítimas de perseguição de espíritos inferiores, resultantes de inquirições mentais. Por esse ou outros motivos, essas criaturas estão realmente envolvidas num processo de obsessão, mas não são médiuns em desenvolvimento. Precisam de passes, de participação nas sessões, mas não de sentar-se a mesa mediúnica para desenvolver mediunidade. Essas pessoas, tratadas devidamente, livram-se da obsessão mas não revelam mais os sintomas mediúnicos decorrentes da obsessão. Estas pessoas não estão investidas de mediunato, não precisam e nem podem desenvolver a sua mediunidade estática. Esta lhe serve para guiar-se na vida através de intuições e percepções extra-sensoriais. A obsessão ocasional, por sua vez, serviu para aproximá-la do Espiritismo, despertar-lhe ou reanimar-lhe o sentimento religioso, encaminhá-la num sentido mais elevado em sua maneira de viver, na busca de sintonias mentais benéficas e não prejudiciais.
As pessoas não dotadas de mediunato não estão desprovidas dos recursos mediúnicos. Pelo contrário, podem ser muito sensíveis e intuitivas, dispondo de percepções eficazes em todas as circunstâncias. Os dirigentes de sessões não podem esquecer esse problema, que lhes evitará muitos enganos no trato das manifestações mediúnicas. As obsessões não são produzidas apenas por espíritos. Há muitos casos de obsessões telepáticas, provocadas por pessoas vivas. Kardec tratou desses casos referindo-se à telepatia como telegrafia humana. Sentimentos de aversão, de ódio, de vingança, acompanhados de pensamentos agressivos, podem dar a impressão de verdadeiros processo de obsessão por espíritos inferiores. Estes geralmente se envolvem em tais casos e manifestam-se nas sessões com suas costumeiras bravatas, passando como os responsáveis por perturbações em que apenas se intrometem.
Eliminando o processo telepático, esses espíritos se afastam, sentem-se impotentes para prosseguir na temerária empreitada. O Dr. Ehrenwald relata um caso da sua clínica psicanalítica, em que o rapaz era rejeitado pelos companheiros de pensão. A rejeição era oculta, pois todos fingiam apreciá-lo. Só a pesquisa do médico provou o que se passava. Afastando o paciente para outro meio, os sintomas obsessivos desapareceram gradualmente, na proporção que os algozes o esqueciam. Esse famoso médico psicanalista, diante de casos desta ordem, propôs a ampliação dos métodos de pesquisa Parapsicológica com acréscimo dos métodos significativos da Psicologia e dos métodos qualitativos da pesquisa espírita.
Havia realmente chegado a hora em que a Parapsicologia atual devia superar o primarismo dos métodos de investigação puramente quantitativos, sob controle estatístico, para enfrentar o problema das conseqüências da ação telepática no meio social. Posteriormente a Profa. Louise Rhine, esposa e colaboradora do Prof Rhine, publicava o seu livro 'Os Canais Ocultos da Mente', relatando pesquisas de campo sobre os fenômenos paranormais. Alegava que as pesquisas de laboratório eram demasiamente frias e despojavam os fenômenos de sua riqueza emocional e seu significado. O livro da senhora Rhine apresenta uma seqüência impressionante de casos essencialmente espíritas.
Todos os rios levam suas águas para o mar. Todas as ciências psíquicas desembocam fatalmente no delta do Espiritismo. Não podemos desprezar as suas pesquisas e as suas conclusões. Os parapsicólogos verdadeiros, que são cientistas universitários, não devem ser confundidos com sacerdotes inconscientes que apresentam ao público uma deformação sectária e intencional da Parapsicologia. Esses padres, frades e pastores que tripudiam sobre a ignorância e a ingenuidade do povo, são acionados por interesses materiais evidentes e por entidades espirituais inferiores, que servem da mediunidade estática deles mesmos para levá-las a campanhas inglórias e a explorações deploráveis da boa fé dos fiéis. Mas a verdade é que estão nas malhas da mediunidade que negam e combatem.
A mediunidade estática dorme nas suas próprias entranhas, à espera de que se tornem capazes de percebê-la e compreendê-la. Na linha natural dos processos de percepção, a mediunidade estática aflora, às vezes, dadas as circunstâncias favoráveis, numa eclosão semelhante ao desenvolvimento mediúnico. Há casos de premonição que surgem de perigo eventual, casos de vidência passageira, que parecem sintomas de mediunato em eclosão. É difícil saber-se de imediato, o que se passa, principalmente em virtude do estado emocional dos pacientes. Mas basta uma observação paciente, com a freqüência a sessões mediúnicas, para logo se verificar que se trata apenas de ocorrências isoladas e ocasionais. A mediunidade estática tende sempre a voltar à sua acomodação no psiquismo normal. O que às vezes complica essas ocorrências passageiras é a insistência no desenvolvimento mediúnico ou as aplicações terapêuticas de choques e dosagens excessivas de drogas nos receituários médicos.
J. Herculano Pires
Livro : Mediunidade

MEDIUNIDADE


"E nos últimos dias acontecerá, diz o Senhor, que do meu espírito derramarei sobre toda carne; os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, vossos mancebos terão visões e os vossos velhos sonharão sonhos". (Atos, 2:17)
No dia de Pentecostes, Jerusalém estava repleta de forasteiros. Filhos da Mesopotâmia, da Frigia, da Líbia, do Egito, cretenses, árabes, partos e romanos se aglomeravam na praça extensa, quando os discípulos humildes do Nazareno anunciaram a Boa Nova, atendendo a cada grupo da multidão em seu idioma particular.
Uma onda de surpresa e de alegria invadiu o espírito geral. Não faltaram os cépticos, no divino concerto, atribuindo à loucura e à embriaguez a revelação observada, Simão Pedro destaca-se e esclarece que se trata da luz prometida pelos céus à escuridão da carne.
Desde esse dia, as claridades do Pentecostes jorraram sobre o mundo, incessantemente. Até aí, os discípulos eram frágeis e indecisos, mas, dessa hora em diante, quebram as influências do meio, curam os doentes, levantam o espírito dos infortunados, falam aos reis da Terra em nome do Senhor.
O poder de Jesus se lhes comunicara às energias reduzidas. Estabelecera-se a era da mediunidade, alicerce de todas as realizações do Cristianismo, através dos séculos. Contra o seu influxo, trabalham, até hoje, os prejuízos morais que avassalam os caminhos do homem, mas é sobre a mediunidade, gloriosa luz dos céus oferecida às criaturas, no Pentecostes, que se edificam as construções espirituais de todas as comunicações sinceras da Doutrina do Cristo e é ainda ela que, dilatada dos apóstolos ao círculo de todos os homens, ressurge no Espíritismo cristão, como a alma imortal do Cristianismo redivivo.
Emmanuel
DESENVOLVIMENTO: (O CONSOLADOR):
Perg. 382 - Qual a verdadeira definição da mediunidade?
- A mediunidade é aquela luz que seria derramada sobre toda carne e prometida pelo Divino Mestre aos tempos do Consolador, atualmente em curso na Terra. A missão mediúnica, se tem os seus percalços e as suas lutas dolorosas, é uma das mais belas oportunidades de progresso e de redenção concedidas por Deus aos seus filhos misérrimos. Sendo luz que brilha na carne, a mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus valores no capítulo da virtude e da inteligência, sempre que se encontre ligada por princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.
Perg. 383 - É justo considerarmos todos os homens como médiuns?
- Todos os homens têm o seu grau de mediunidade, nas mais variadas posições evolutivas, e esse atributo do espírito representa, ainda, a alvorada de novas percepções para o homem do futuro, quando, pelo avanço da mentalidade do mundo, as criaturas humanas verão alargar-se a janela acanhada dos seus cinco sentidos.
Na atualidade, porém, temos de reconhecer que no campo imenso das potencialidades psíquicas do homem existem os médiuns com tarefa definida, precursora das novas aquisições humanas. É certo que essas tarefas reclamam sacrifícios e se constituem, muitas vezes, de provações ásperas; todavia, se o operário busca a substância evangélica para a execução de seus deveres, é ele o trabalhador que faz jus ao acréscimo de miserlcórdia prometido pelo Mestre a todos os discípulos de boa-vontade.
Perg. 384 - Dever-se-á provocar o desenvolvimento da mediunidade?
- Ninguém deverá forçar o desenvolvimento dessa ou daquela faculdade, porque, nesse terreno, toda a espontaneidade é necessária; observando-se, contudo, a floração mediúnica espontânea, nas expressões mais simples, deve-se aceitar o evento com as melhores disposições de trabalho e boa-vontade, seja essa possibilidade psíquica a mais humilde de todas.
A mediunidade não deve ser fruto de precipitação nesse ou naquele setor da atividade doutrinária, porquanto, em tal assunto, toda a espontaneidade é indispensável, considerando-se que as tarefas mediúnicas são dirigidas pelos mentores do plano espiritual.
Perg. 385 - A mulher ou o homem, em particular, possuem disposições especiais para o desenvolvimento mediúnico?
- No capítulo do mediunismo não existem propriamente privilégios para os que se encontram em determinada situação; porém, vence nos seus labores quem detiver a maior porcentagem de sentimento. E a mulher, pela evolução de sua sensibilidade em todos os climas e situações, através dos tempos, está, na atualidade, em esfera superior à do homem, para interpretar, com mais precisão e sentido de beleza, as mensagens dos planos invisíveis.
Perg. 386 - Qual a mediunidade mais preciosa para o bom serviço à Doutrina?
- Não existe mediunidade mais preciosa uma que a outra.
Qualquer uma é campo aberto às mais belas realizações espirituais, sendo justo que o médium, com a tarefa definida, se encha de espírito missionário, com dedicação sincera e fraternidade pura, para que o seu mandato não seja traído na improdutividade.
Perg. 387 - Qual a maior necessidade do médium?
- A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinárias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.
Perg. 388 - Nos trabalhos mediúnicos temos de considerar, igualmente, os imperativos da especialização?
- O homem do mundo, no círculo de obrigações que lhe competem na vida, deverá sair da generalidade para produzir o útil e o agradável, na esfera de suas possibilidades individuais.
Em mediunidade, devemos submeter-nos aos mesmos princípios. O homem enciclopédico, em faculdade, ainda não apareceu, senão em gérmen, nas organizações geniais que raramente surgem na Terra, e temos de considerar que a mediunidade somente agora começa a aparecer no conjunto de atributos do homem transcendente.
A especialização na tarefa mediúnica é mais que necessária e somente de sua compreensão poderá nascer a harmonia na grande obra de vulgarização da verdade a realizar.
Perg. 389 - A mediunidade pode ser retirada em deterrminadas circunstâncias da vida?
- Os atributos medianímicos são como os talentos do Evangelho. Se o patrimônio divino é desviado de seus fins, o mau servo torna-se indigno da confiança do Senhor da seara da verdade e do amor. Multiplicados no bem, os talentos mediúnicos crescerão para Jesus, sob as bênçãos divinas; todavia, se sofrem o insulto do egoísmo, do orgulho, da vaidade ou da exploração inferior, podem deixar o intermediário do invisível entre as sombras pesadas do estacionamento, nas mais dolorosas perspectivas de expiação, em vista do acréscimo de seus débitos irrefletidos.
Perg. 390 - É justo que um médium confie em si mesmo para a provocação de fenômenos, organizando trabalhos especiais com o fim de converter os descrentes?
- Onde o médium em tão elevada condição de pureza e merecimento, para contar com as suas próprias forças na produção desse ou daquele fenômeno? Ninguém vale, na Terra, senão pela expressão da misericórrdia divina que o acompanha, e a sabedoria do plano superior conhece minuciosamente as necessidades e méritos de cada um. A tentativa de tais trabalhos é um erro grave. Um fenômeno não edifica a fé sincera, somente conseguida pelo esforço e boa-vontade pessoal na meditação e no trabalho interior. Os descrentes chegarão à Verdade, algum dia, e a Verdade é Jesus. Anteciparmo-nos à ação do Mestre não seria testemunho de confusão? Organizar sessões medianímicas com o objetivo de arrebanhar prosélitos é agir com demasiada leviandade. O que é santo e divino ficaria exposto aos julgamentos precipitados dos mais ignorantes e ao assalto destruidor dos mais perversos, como se a Verdade de Jesus fosse objeto de espetáculos, nos picadeiros de um circo.
Perg. 391 - Os irracionais possuem mediunidade?
- Os irracionais não possuem faculdades mediúniicas propriamente ditas. Contudo, têm percepções psíquicas embrionárias, condizentes ao seu estado evolutivo, através das quais podem indiciar as entidades deliberadamente perturbadoras, com fins inferiores, para estabelecer a perplexidade naqueles que os acompanham, em determinadas circunstâncias.
PREPARAÇÃO
Perg. 392 - Pode contar um médium, de maneira absoluta, com os seus guias espirituais dispensando os estudos?
- Os mentores de um médium, por mais dedicados e evolvidos, não lhe poderão tolher a vontade e nem lhe afastar o coração das lutas indispensáveis da vida, em cujos benefícios todos os homens resgatam o passado delituoso e obscuro, conquistando méritos novos.
O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalhar em todos os instantes pela sua própria iluminação. Somente desse modo poderá habilitar-se para o desempenho da tarefa que lhe foi confiada, cooperando eficazmente com os Espíritos sinceros e devotados ao bem e à verdade.
Se um médium espera muito dos seus guias, é lícito que os seus mentores espirituais muito esperem do seu esforço. E como todo progresso humano, para ser continuado, não pode prescindir de suas bases já edificadas no espaço e no tempo, o médium deve entregar-se ao estudo, sempre que possível, criando o hábito de conviver com o espírito luminoso e benéfico dos instrutores da Humanidade, sob a égide de Jesus, sempre vivos no mundo, através dos seus livros e da sua exemplificação.
O costume de tudo aguardar de um guia pode transformar-se em vício detestável, infirmando as possibilidades mais preciosas da alma. Chegando-se a esse desvirtuamento, atinge-se o declive das mistificações e das extravagâncias doutrinárias, tornando-se o médium preguiçoso e leviano responsável pelo desvio de sua tarefa sagrada.
Perg. 393 - Como entender a obsessão? É prova inevitável, ou acidente que se possa afastar facilmente, anulando-lhe os efeitos?
- A obsessão é sempre uma prova, nunca um acontecimento eventual. No seu exame, contudo, precisamos considerar os méritos da vítima e a dispensa da misericórdia divina a todos os que sofrem.
Para atenuar ou afastar os seus efeitos, é imprescindível o sentimento do amor universal no coração daquele que fala em nome de Jesus. Não bastarão as fórmulas doutrinárias. É indispensável a dedicação, pela fraternidade mais pura. Os que se entregam à tarefa da cura das obsessões precisam ponderar, antes de tudo, a necessidade de iluminação interior do médium perturbado, porquanto na sua educação espiritual reside a própria cura. Se a execução desse esforço não se efetua, tende cuidado, porque, então, os efeitos serão extensivos a todos os centros de força orgânica e psíquica. O obsidiado que entrega o corpo, sem resistência moral, às entidades ignorantes e perturbadas, é como o artista que entregasse seu violino precioso a um malfeitor, o qual, um dia, poderá renunciar à posse do instrumento que lhe não pertence, deixando-o esfacelado, sem que o legítimo, mas imprevidente dono, possa utilizá-lo nas finalidades sagradas da vida.
Perg. 394 - Será sempre útil, para a cura de um obsidiado, a doutrinação do Espírito perturbado, por parte de um espiritista convicto?
- A cooperação do companheiro vale muito e faz sempre grande bem, principalmente ao desencarnado; mas a cura completa do médium não depende tão-só desse recurso, porque, se é fácil, às vezes, o esclarecimento da entidade infeliz e sofredora, a doutrinação do encarnado é a mais difícil de todas, visto requisitar os valores do seu sentimento e da sua boa-vontade, sem o que a cura psíquica se torna inexeqüível.
Perg. 395 - Pode a obsessão transformar-se em loucura? - Qualquer obsessão pode transformar-se em loucura, não só quando a lei das provações assim o exige, como também na hipótese de o obsidiado entregar-se voluntariamente ao assédio das forças nocivas que o cercam, preferindo esse gênero de experiências.
Perg. 396 - Tratando-se da necessidade de preparação para a tarefa mediúnica, é justo acreditar-se na movimentação de fluidos maléficos em prejuízo do próximo?
- É o caso de vos perguntarmos se não haveis movimentado as energias maléficas, no decurso da vida, contra a vossa própria felicidade.
Num orbe como a Terra, onde a porcentagem de forças inferiores supera quase que esmagadoramente os valores legítimos do bem, a movimentação de fluidos maléficos é mais que natural; no entanto, urge ensinar aos que operam, nesse campo de maldade, que os seus esforços efetuam a sementeira infeliz, cujos espinhos, mais tarde, se voltarão contra eles próprios, em amargurados choques de retorno, fazendo-se mister, igualmente, educar as vítimas de hoje na verdadeira fé em Jesus, de modo a compreenderem o problema dos méritos na tarefa do mundo.
A aflição do presente pode ser um bem a expressar-se em conquistas preciosas no futuro, e, se Deus permite a influência dessas energias inferiores, em determinadas fases da existência terrestre, é que a medida tem sua finalidade profunda, ao, serviço divino da regeneração individual.
Perg. 397 - Por que razão alguns médiuns parecem sofrer com os fenômenos da incorporação, enquanto outros manifestam o mesmo fenômeno, naturalmente?
- Nas expressões de mediunismo existem características inerentes a cada intermediário entre os homens e os desencarnados; entretanto, a falta de naturalidade do aparelho mediúnico, no instante de exercer suas faculdades, é quase sempre resultante da falta de educação psíquica.
Perg. 398 - É natural que, em plenas reuniões de estudo, os médiuns se deixem influenciar por entidades perturbadoras que costumam quebrar o ritmo de proveitosos e sinceros trabalhos de educação?
- Tal interferência não é natural e deve ser muito estranhável para todos os estudiosos de boa-vontade.
Se o médium que se entregou à atuação nociva é insciente dos seus deveres à luz dos ensinamentos doutrinários, trata-se de um obsidiado que requer o máximo de contribuição fraterna; mas, se o acontecimento se verifica através de companheiro portador do conhecimento exato de suas obrigações, no círculo de atividades da Doutrina, é justo responsabilizá-lo pela perturbação, porque o fato, então, será oriundo da sua invigilância e imprevidência, em relação aos deveres sagrados que competem a cada um de nós, no esforço do bem e da verdade.
Perg. 399 - Quando a opinião irônica ou insultuosa ataca uma expressão da verdade, no campo mediúnico, é justo buscarmos o apoio dos Espíritos amigos para revidar?
Vossa inquietação no mundo costuma conduzir-vos a muitos despautérios.
Semelhante solicitação aos desencarnados seria um deles. Os valores de um campo mediúnico triunfam por si mesmos, pela essência de amor e de verdade, de consolação e de luz que contenham, e seria injustificável convocar os Espíritos para discutir com os homens, quando já se demasiam as polêmicas dos estudiosos humanos entre si.
Além do mais, os que não aceitam a palavra sincera e fraternal dos mensageiros do plano superior terão, igualmente, de buscar o túmulo algum dia, e é inútil perder tempo com palavras, quando temos tanto o que fazer no ambiente de nossas próprias edificações.
Perg. 400 - Poderá admitir-se que um médium se socorra de outro médium para obter o amparo dos seus amigos espirituais?
- É justo que um amigo se valha da estima fraternal de um companheiro de crença, para assuntos de confiança íntima e recíproca, mas, na função mediúnica, o portador dessa ou daquela faculdade deve buscar em seu próprio valor o elemento de ligação com os seus mentores do plano invisível, sendo contraproducente procurar o amparo, nesse particular, fora das suas próprias possibilidades, porque, de outro modo, seria repousar numa fé alheia, quando a fé precisa partir do íntimo de cada um, no mecanismo da vida.
Além do mais, cada médium possui a sua esfera de ação no ambiente que lhe foi assinalado. Abandonar a própria confiança para valer-se de outrem, seria sobrecarregar os ombros de um companheiro de luta, esquecendo a cruz redentora que cada Espírito encarnado deverá carregar em busca da claridade divina.
Perg. 401 - A mistificação sofrida por um médium significa ausência de amparo dos mentores do plano espiritual?
- A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma finalidade útil, que é a de afastá-la do amor-próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo.
Os fatos de mistificacão não ocorrem à revelia dos seus mentores mais elevados, que, somente assim, o conduzem à vigilância precisa e às realizações da humildade e da prudência no seu mundo subjetivo.
APOSTOLADO
Perg. 402 - Seria justo aceitar remuneração financeira no exercício da mediunidade?
- Quando um médium se resolva a transformar suas faculdades em fonte de renda material, será melhor esquecer suas possibilidades psíquicas e não se aventurar pelo terreno delicado dos estudos espirituais.
A remuneração financeira, no trato das questões profundas da alma, estabelece um comércio criminoso, do qual o médium deverá esperar no futuro os resgates mais dolorosos.
A mediunidade não é ofício do mundo, e os Espíritos esclarecidos, na verdade e no bem, conhecem, mais que os seus irmãos da carne, as necessidades dos seus intermediários.
Perg. 403 - É razoável que os médiuns cogitem da solução de assuntos materiais junto dos seus mentores do plano invisível?
- Não se deve esquecer que o campo de atividades materiais é a escola sagrada dos Espíritos incorporados no orbe terrestre. Se não é possível aos amigos espirituais quebrarem a lei de liberdade própria de seus irmãos, não é lícito que o médium cogite da solução de problemas materiais junto dos Espíritos amigos. O mundo é o caminho no qual a alma deve provar a experiência, testemunhar a fé, desenvolver as tendências superiores, conhecer o bem, aprender o melhor, enriquecer os dotes individuais.
O médium que se arrisca a desviar suas faculdades psíquicas, para o terreno da materialidade do mundo, está em marcha para as manifestações grosseiras dos planos inferiores, onde poderá contrair os débitos mais penosos.
Perg. 404 - Deve o médium sacrificar o cumprimento de suas obrigações no trabalho cotidiano e no ambiente sagrado da família, em favor da propaganda doutrinária?
- O médium somente deve dar aos serviços da Doutrina a cota de tempo de que possa dispor, entre os labores sagrados do pão de cada dia e o cumprimento dos seus elevados deveres familiares.
A execução dessas obrigações é sagrada e urge não cair no declive das situações parasitárias, ou do fanatismo religioso.
No trabalho da verdade, Jesus caminha antes de qualquer esforço humano e ninguém deve guardar a pretensão de converter alguém, quando nas tarefas do mundo há sempre oportunidade para o preciso conhecimento de si mesmo.
Que médium algum se engane em tais perspectivas.
Antes sofrer a incompreensão dos companheiros, que transigir com os princípios, caindo na irresponsabilidade ou nas penosas dívidas de consciência.
Perg. 405 - Poder-se-á admitir que os espiritistas se valham de um apostolado mediúnico, para solução de todas as dificuldades da vida?
- O médium não deve ser sobrecarregado com exigências de seus companheiros, relativamente às dificuldades da sorte. É justo que seus irmãos se socorram das suas faculdades, em circunstâncias excepcionais da existência, como nos casos de enfermidade e outros que se lhe assemelhem. Todavia, cercar um médium de soliciitações de toda natureza é desvirtuar a tarefa de um amigo, eliminando as suas possibilidades mais preciosas e, além do mais, não se deverá repetir no Espiritismo sincero a atitude mental dos católico-romanos, que se abandonam junto à "imagem" de um "santo", olvidando todos os valores do esforço próprio.
Os núcleos espiritistas precisam considerar que em seus trabalhos há quem os acompanhe do plano superior e que receberão sempre o concurso espiritual de seus irmãos libertos da carne, dependendo a satisfação desse ou daquele problema particular dos méritos de cada um. Proceder em contrário, é eliminar o aparelho mediúnico, fornecendo doloroso testemunho de incompreensão.
Perg. 406 - Quando um investigador busque valer-se dos serviços de um médium, é justo que submeta o aparelho medianímico a toda sorte de experiência, a fim de certificar-se dos seus pontos de vista?
- Depende do caráter dessas mesmas experiências e, quaisquer que elas sejam, o médium necessita de muito cuidado, porquanto, no caminho das aquisições espirituais, cada investigador encontra o material que procura. E quem se aproxima de uma fonte espiritual, tisnando-a com a má-fé e a insinceridade, não pode, por certo, saciar a sede com uma água pura.
Perg. 407 - Para que alguém se certifique da verdade do Espiritismo, bastará recorrer a um bom médium?
- Os estudiosos do Espiritismo, ainda sem convicção valorosa e séria no terreno da fé, precisam reconhecer que em trabalhos dessa ordem não basta o recurso de um bom médium. O medianeiro não fará milagres dentro da natureza. Faz-se mister que o investigador, a par de uma curiosidade sadia, possua valores morais imprescindíveis, como a sinceridade e o amor do bem, servindo a uma existência reta e fértil de ações puras.

Perg. 408 - Seria proveitosa a criação de associações de auxílio material aos médiuns?
- No Espiritismo é sempre de bom aviso evitar-se a consecução de iniciativas tendentes a estabelecer uma nova classe sacerdotal no mundo.
Os médiuns, nesse ou naquele setor da sociedade humana, devem o mesmo tributo ao trabalho, à luta e ao sofrimento, indispensáveis à conquista do agasalho e do pão material. Ao demais, temos de considerar, acima de toda proteção precária do mundo, o amparo de Jesus aos seus trabalhadores de boa-vontade. Toda expressão de sacrifício sincero está eivada de luz divina, todo trabalho sincero é elevação e toda dor é luz, quando suportada com serenidade e confiança no Mestre dos mestres.
Perg. 409 - Como deverá proceder o médium sincero para a valorização do seu apostolado?
- O médium sincero necessita compreender que, antes de cogitar da doutrinação dos Espíritos, ou de seus companheiros de luta na Terra, faz-se mister a iluminação de si próprio pelo conhecimento, pelo cumprimennto dos deveres mais elevados e pelo esforço de si mesmo na assimilação perfeita dos princípios doutrinários.
No desdobramento dessa tarefa, jamais deve descuidar-se da vigilância, buscando aproveitar as possibilidades que Jesus lhe concedeu na edificação do trabalho estável e útil. Não deve cultivar o sofrimento pelas queixas descabidas e demasiadas e nem recorrer, a todo instante, à assistência dos seus guias, como se perseverasse em manter uma atitude de criança inexperiente.
O estudo da Doutrina e, sobretudo, o cultivo da auto-evangelização devem ser ininterruptos. O médium sincero sabe vigiar, fugindo da exploração material ou sentimental, compreendendo, em todas as ocasiões, que o mais necessitado de misericórdia é ele próprio, a fim de dar pleno testemunho do seu apostolado.
Perg. 410 - Onde o maior escolho do apostolado mediúnico?
- O primeiro inimigo do médium reside dentro dele mesmo. Freqüentemente é o personalismo, é a ambição, a ignorância ou a rebeldia no voluntário desconhecimento dos seus deveres à luz do Evangelho, fatores de inferioridade moral que, não raro, o conduzem à invigilância, à leviandade e à confusão dos campos improdutivos.
Contra esse inimigo é preciso movimentar as energias íntimas pelo estudo, pelo cultivo da humildade, pela boa-vontade, com o melhor esforço de auto-educação, à claridade do Evangelho.
O segundo inimigo mais poderoso do apostolado mediúnico não reside no campo das atividades contrárias à expansão da Doutrina, mas no próprio seio das organizações espiritistas, constituindo-se daquele que se convenceu quanto aos fenômenos, sem se converter ao Evangelho pelo coração, trazendo para as fileiras do Consolador os seus caprichos pessoais, as suas paixões inferiores, tendências nocivas, opiniões cristalizadas no endurecimento do coração, sem reconhecer a realidade de suas deficiências e a exigüidade dos seus cabedais íntimos. Habituados ao estacionamento, esses irmãos infelizes desdenham o esforço próprio - única estrada de edificação definitiva e sincera - para recorrerem aos Espíritos amigos nas menores dificuldades da vida, como se o apostolado mediúnico fosse uma cadeira de cartomante. Incapazes do trabalho interior pela edificação própria na fé e na confiança em Deus, dizem-se necessitados de conforto. Se desatendidos em seus caprichos inferiores e nas suas questões pessoais, estão sempre prontos para acusar e escarnecer. Falam da caridade, humilhando todos os princípios fraternos; não conhecem outro interesse além do que lhes lastreia o seu próprio egoísmo. São irônicos, acusadores e procedem quase sempre como crianças levianas e inquietas. Esses são também aqueles elementos da confusão, que não penetram o templo de Jesus e nem permitem a entrada de seus irmãos.
Esse gênero de inimigos do apostolado mediúnico é muito comum e insistente nos seus processos de insinuação, sendo indispensável que o missionário do bem e da luz se resguarde na prece e na vigilância. E como a verdade deve sempre surgir no instante oportuno, para que o campo do apostolado não se esterilize, faz-se imprescindível fugir deles.
Perg. 411 - Onde a luz definitiva para a vitória do apostolado mediúnico?
- Essa claridade divina está no Evangelho de Jesus, com o qual o missionário deve estar plenamente identificado para a realização sagrada da sua tarefa. O médium sem Evangelho pode fornecer as mais elevadas informações ao quadro das filosofias e ciências fragmentárias da Terra; pode ser um profissional de nomeada, um agente de experiências do invisível, mas não poderá ser um apóstolo pelo coração. Só a aplicação com o Divino Mestre prepara no íntimo do trabalhador a fibra da iluminação para o amor, e da resistência contra as energias destruidoras, porque o médium evangelizado sabe cultivar a humildade no amor ao trabalho de cada dia, na tolerância esclarecida, no esforço educativo de si mesmo, na significação da vida, sabendo, igualmente, levantar-se para a defesa da sua tarefa de amor, defendendo a verdade sem transigir com os princípios no momento oportuno.
O apostolado mediúnico, portanto, não se constitui tão-somente da movimentação das energias psíquicas em suas expressões fenomênicas e mecânicas, porque exige o trabalho e o sacrifício do coração, onde a luz da comprovação e da referência é a que nasce do entendimento e da aplicação com Jesus-Cristo.

Emmanuel
Livro : O Consolador