Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sábado, 13 de outubro de 2012

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno. " Sofredores" parte 2

NOVEL
O Espírito dirige-se ao médium, que em vida o conhecera.
“Vou contar-te o meu sofrimento quando morri. Meu
Espírito, preso ao corpo por elos materiais, teve grande di-

ficuldade em desembaraçar-se — o que já foi, por si, uma
rude angústia.
A vida que eu deixava aos 21 anos era ainda tão vigorosa
que eu não podia crer na sua perda. Por isso procurava
o corpo, estava admirado, apavorado por me ver perdido
num turbilhão de sombras. Por fim, a consciência do meu
estado e a revelação das faltas cometidas, em todas as minhas
encarnações, feriram-me subitamente, enquanto uma
luz implacável me iluminava os mais secretos âmagos da
alma, que se sentia desnudada e logo possuída de vergonha
acabrunhante. Procurava fugir a essa influência interessando-
me pelos objetos que me cercavam, novos, mas
que, no entanto, já conhecia; os Espíritos luminosos, flutuando
no éter, davam-me a idéia de uma ventura a que eu
não podia aspirar; formas sombrias e desoladas, mergulhadas
umas em tedioso desespero; furiosas ou irônicas
outras, deslizavam em torno de mim ou por sobre a terra a
que me chumbava. Eu via agitarem-se os humanos cuja
ignorância invejava; toda uma ordem de sensações desconhecidas,
ou antes reencontradas, invadiram-me simultaneamente.
Como que arrastado por força irresistível, procurando
fugir à dor encarniçada, franqueava as distâncias,
os elementos, os obstáculos materiais, sem que as belezas
naturais nem os esplendores celestes pudessem calmar um
instante a dor acerba da consciência, nem o pavor causado
pela revelação da eternidade. Pode um mortal prejulgar as
torturas materiais pelos arrepios da carne; mas as vossas
frágeis dores, amenizadas pela esperança, atenuadas por
distrações ou mortas pelo esquecimento, não vos darão
nunca a idéia das angústias de uma alma que sofre sem
tréguas, sem esperança, sem arrependimento.
Decorrido um tempo cuja duração não posso precisar, invejando os eleitos
cujos esplendores entrevia, detestando os maus Espíritos
que me perseguiam com remoques, desprezando os
humanos cujas torpezas eu via, passei de profundo abatimento
a uma revolta insensata.
Chamaste-me finalmente, e pela primeira vez um sentimento
suave e terno me acalmou; escutei os ensinos que
te dão os teus guias, a verdade impôs-se-me, orei; Deus
ouviu-me, revelou-se-me por sua Clemência, como já se me
havia revelado por sua Justiça.
Novel.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário