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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

REFORMA INTERIOR


“Porque qualquer que quiser
salvar a sua vida, perdê-la-á; mas
qualquer que, por amor de mim, perder a
sua vida, a salvará.”
(Lucas, 9:24)
Os contemporâneos de Jesus Cristo não compreenderam o significado de sua
missão consoladora e muitos não entenderam a razão do seu chamamento.
Apesar de ser o médico das almas, e não ter vindo à Terra com a finalidade de
operar curas de natureza material, Jesus Cristo teve que efetuar várias curas dessa
natureza, fazendo-o especificamente com o fim de atrair as multidões para que estas
ouvissem as suas palavras de vida eterna.
Na realidade, se contarmos as curas materiais por ele operadas no decorrer dos
três curtos anos de Messiado, veremos que o seu número é bastante reduzido, muito
provavelmente tenha atingido a casa de uma centena, deduzindo-se daí que foram
diminutas, se defrontadas com o número avultado de pessoas que o buscava.
Operando as curas materiais, a sua fama se espargia pelas vilas e cidades
circunvizinhas e grande multidão acorria com o fim de receber o tão desejado
benefício. Aproveitando essa aglomeração de pessoas, o Senhor proferia os seus
ensinamentos, os quais, se não fossem aproveitados naquele evento, ficariam como
sementes em estado latente à espera da época adequada para germinação.
Foi desta forma que Jesus conseguiu levar milhares de pessoas para ouvirem
suas maravilhosas pregações, tendo numa dessas reuniões proferido o Sermão da
Montanha, que inquestionavelmente representa a mais bela página dos Evangelhos.
Isso prova uma vez mais que os homens sempre foram e são profundamente
imediatistas. Não fossem as curas materiais que vêm a curto prazo, eles jamais
seguiriam o Messias, não se importunando com as palavras vivificantes que levariam
à cura espiritual, à reforma íntima, que de um modo geral vem a longo prazo.
O Senhor suspirava pela reforma íntima das criaturas humanas, por isso,
quando sabia da existência de uma pessoa predisposta para a cura espiritual, não
hesitava em fazer longas caminhadas a pé, com o objetivo de com ela dialogar e
propiciar o tão almejado benefício. Dentre as curas dessa natureza podem se
enquadrar aquelas operadas em Maria Madalena, em Maria de Betânea e no
Publicano Zaqueu. Do encontro do Mestre com esses personagens resultou o
enquadramento deles num esquema que os levou à reforma íntima, que o Mestre
definia como sendo “a conquista do reino dos Céus”.
A Boa Nova deveria ser apregoada a todas as criaturas e, sendo Jesus Cristo o
seu medianeiro, não deveria medir esforços no sentido de convencer a todos sobre o
caráter da sua missão. Conseqüentemente, ele fez a sua pregação de modo irrestrito,
falando a crédulos e incrédulos, a gentios e judeus. Uns aceitavam a sua palavra com
naturalidade, outros ouviam-na simplesmente sem dar-lhe a guarida necessária nos
corações, outros ainda, sem aceitar a mensagem, passavam a combater o seu portavoz, perseguindo-o e conspirando no sentido de destruí-lo.
No primeiro grupo enquadram-se as pessoas que, a exemplo de Maria
Madalena, deixam para trás todo um passado de erros e decidem-se a tomar o
caminho certo; são aqueles que, no judicioso dizer evangélico: “Tomam do arado e
não olham mais para trás”.
No segundo grupo enquadram-se pessoas como o “Moço Rico”, descrito por
Marcos, 10:17; e outras pessoas da mesma natureza, as quais, quando deparam com
os encargos e responsabilidades, recusam-se a aceitar o generoso convite.
O terceiro grupo abrange aqueles que se encastelam no orgulho, não admitem
idéias renovadoras e revelam assim todo o seu ódio para com os inovadores. São
pessoas como o foram os fariseus, os escribas e outros do mesmo gênero, que, não
aceitando as novas idéias que sempre surgem na Terra, passam a combatê-las por
todos os meios e modos.
Apreciável parcela de criaturas humanas estranhas que Jesus tenha procurado,
para constituir o seu núcleo apostólico, homens rudes e sem aprimoramento
intelectual, quando poderia ter solicitado o concurso dos filósofos, dos doutores da
lei, dos potentados e das proeminências da época.
Na opinião desses homens, o Cristo teria tido maior possibilidade de êxito no
desempenho da sua tarefa, uma vez que passaria a desfrutar de prestígio social e,
despreocupado da ação de opositores sorrateiros, poderia ter evitado o drama do
Calvário e, pelo prolongamento do seu estágio na Terra, atingido resultados mais
práticos.
Esquecem-se essas pessoas que a crucificação representou o coroamento da
missão de Jesus. Sem o sacrifício do Gólgota a doutrina por Ele revelada não teria
tido a penetração que conseguiu.
É indubitável que todos os missionários que preferiram servir aos dúbios
interesses e preconceitos humanos, tiveram vida diferente, porém deixaram a missão
por cumprir. Se o Cristo tivesse agido desse modo é certo que, em vez do fel amargo
do Monte das Caveiras, teria continuado a deleitar-se com o vinho alegre do mundo,
mas os pequeninos do Pai teriam continuado sem o inestimável benefício que a sua
esplendorosa tarefa lhes trouxe.
O Ungido de Deus foi enviado rara as “ovelhas desgarradas de Israel” e para os
“doentes que precisam de médico”. Como conseqüência, Ele procurava de
preferência os pequeninos, os enfermos, os desajustados e os pecadores, em suma. No meio dos sofredores Ele se desdobrava em desvelo, sentindo que o terreno estava preparado para receber a semente boa que viera semear, e exultou-se quando,
medindo a grandiosidade do amor de Deus para com as suas criaturas, exclamou:
Graças te dou, ó Pai, por teres revelado estas coisas aos pequeninos e as ocultado aos grandes e potentados”.
A afirmação solene de Jesus de que havia vencido o príncipe deste mundo,
deixa patente que os objetivos da missão por Ele desempenhada na Terra foram
colimados.
O Mestre sabia que, procurando os eruditos e os filósofos, os seus
ensinamentos perderiam a simplicidade e o encantamento e, como conseqüência, não seriam absorvidos com a facilidade com que o foram, emanados das suas
empolgantes parábolas e da boca de humildes pescadores, que falavam com amor e
de forma clara e precisa.
O que edifica as almas é o máximo de trabalho e de luta na Terra, em todos os
dias da existência. Os homens que vivem sonhando com a tranqüilidade eterna das
sepulturas, menosprezam o labor santificante da ação, malbaratam os dons preciosos que lhes foram outorgados pelo Alto, por excesso de misericórdia do Pai Celestial.
Buscando os doentes do corpo e da alma, restaurando-lhes a saúde e dandolhes
de beber a água viva dos seus preceitos, Jesus fazia mais do que muitas
assembléias de homens discutidores e cheios de retórica.


Paulo Alves de Godoy- Livro : Os Padrões Evangélicos

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