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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

DESÇA DA CRUZ...

...
“Salvou os outros, e a si mesmo
não pode salvar-se. Se é o rei de Israel,
desça agora da cruz, e creremos nele.”
(Mateus, 27:42)
Muitas das pessoas que foram assistir à crucificação de Jesus Cristo, passando
diante dele, diziam, em tom de zombaria: “Tu que derribas o templo e em três dias o
reedificas, salva-te a ti mesmo e desce da cruz”. Outros, inclusive um dos homens
que haviam sido crucificados a seu lado, diziam: “Salvou aos outros e a si mesmo não
pode salvar-se; se de fato é o rei dos judeus, desça agora da cruz”.
Como não poderia deixar de ser, também no Calvário, naquele momento
angustiante da crucificação do Mestre, surgiram os empedernidos de todos os tempos,
aqueles que se predispõem a crer desde que vejam a operação de um “milagre”.
O Mestre, nos três curtos anos do seu Messiado, não podia se preocupar muito
com a conversão de gente que não estivesse amadurecida para o entendimento, ou
que não alimentasse qualquer disposição de reforma interior. Certa vez, procurado
por algumas figuras proeminentes da cidade, dentre elas alguns gregos, que lhe
pediram um sinal, para que vissem e passassem a crer, foi enfático na resposta:
“Nenhum sinal será dado a esta geração adúltera e infiel”.
Se ele sentisse que alguém estava sequioso para receber suas palavras, ou
preparado para a reforma íntima, não trepidava em caminhar horas e horas, sob o sol
causticante da Judéia, a fim de procurá-lo. Servem de paradigma os casos de Maria
de Betânia, de Maria Madalena e do publicano Zaqueu. Por outro lado, ele não
arredava pé no sentido de procurar homens endurecidos e obstinados, a quem havia
qualificado de “cegos que não querem ver” e “homens de dura cerviz e incircuncisos
de coração”
Sempre houve e continua a haver homens recalcitrantes que, mesmo diante das
provas mais convincentes, se recusam a crer. Ainda que o Mestre, naquela
emergência, fizesse produzir ali um fenômeno retumbante, o que não estava em suas
cogitações, eles continuariam mergulhados na descrença.
Nas páginas dos Evangelhos deparamos com várias narrativas que destacam a
indisposição de muitas pessoas em aceitarem os ensinamentos ou fatos produzidos
por Jesus, preferindo comodamente situarem-se na posição de negativistas.
O moço rico (Mateus, 19:16-30), quando o Mestre lhe prometeu uma série de
benefícios na vida futura, desde que se prontificasse a dar seus bens aos pobres, não
acreditou e preferiu continuar a desfrutar dos benefícios efêmeros que os bens
terrenos propiciam.
Os setenta discípulos de Jesus (Lucas, 10:1-20), a quem ele havia afiançado
que seus nomes estavam escritos nos planos superiores da Espiritualidade, ao
ouvirem um discurso no qual o Senhor falava das responsabilidades inerentes a todos
os discípulos, abandonaram-no, passando a descrer de suas palavras.
Afirma João, em seu Evangelho (7:5), que “nem mesmo os irmãos de Jesus
criam nele”, por isso ele lhes disse: “Ainda não chegado o meu tempo, mas o vosso
tempo sempre está pronto”. Para ele não havia chegado o momento culminante de
fazer brilhar as luzes que viera revelar, mas para os seus irmãos o tempo devia ser
aproveitado para iniciar o processo de reforma interior, o tempo estava diante deles e
deviam deixar a descrença, dedicando-se firmemente no esforço individual em favor
do aprimoramento moral. Isso, aliás, sucede com muitas pessoas que malbaratam
tempo precioso, anulam encarnações preciosas, não tiram proveito do tempo e
conseqüentemente retardam a própria evolução espiritual.
O apóstolo Tomé (João, 20), quando foi informado pelos demais apóstolos que
Jesus estivera entre eles, não acreditou e disse: “Se eu não vir os sinais dos cravos em
suas mãos, e não puser a minha mão no ferimento do lado”, de maneira nenhuma
crerei”. Logo que o Mestre apareceu de novo, disse a Tomé: “Põe aqui os teus dedos
e vê as minhas mãos, e põe a tua mão em meu lado”, acrescentando: “Porque viste,
Tomé, creste; bem-aventurados os que não viram e creram”.
Com base em erros tradicionais, o homem supõe que a crença em Deus é um
imperativo e condição indispensável para a evolução da alma. No passado, esses
erros levaram a verdadeiros absurdos, inspirando verdadeiros atentados contra o bom
senso e a razão, colimados através de conversões feitas sob violência, ameaças,
intolerância, perseguições e até guerras.
A crença em Deus, por si só, não basta. É imprescindível que se observem suas
leis morais, sem o que o homem jamais se situará em condições para o processo de
reforma interior a ser colimado, e que somente será possível através da vivência dos
ensinos contidos nos Evangelhos.
Galileu, certa vez, convidou Cremonesi a observar, pelo seu telescópio, os
satélites de Júpiter que ele havia descoberto. A resposta do convidado foi cortante:
“Aristóteles não fala de satélites de Júpiter, logo... eles não existem, nem podem
existir, e eu não os quero ver. Verifique bem se não há tio seu telescópio alguma
mancha, e, se esta aí não estiver, estará nos seus olhos”.

Paulo Alves de Godoy- " Os Padrões Evangélicos"

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