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sábado, 18 de agosto de 2012

A urgência e a importância da Educação Espírita da Infância •



 •  Postado por Martha Rios Guimarães


Em 2006, ao aceitar o convite para dirigir o Departamento de Educação Espírita da Infância, pela União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo, possuía uma visão abrangente das necessidades do setor, isso porque já participava ativamente de ações de troca de experiências com trabalhadores dessa área. Mesmo assim entendia ser essencial obter informações que atestassem minha visão do setor ou, se necessário, a corrigisse. Em outras palavras, busquei elementos concretos para planejar a forma de atuação do departamento, com vistas a auxiliar da melhor forma possível outros Educadores. Assim sendo, minha primeira ação foi a realização de uma pesquisa estadual que, entre outros assuntos, levantou as principais dificuldades dos Educadores Espíritas da Infância (a pesquisa foi realizada entre 2006 e 2007, porém, desde então vem sendo atualizada através dos participantes dos cursos de Formação de Educadores Espíritas da Infância e Juventude).
O primeiro item destacado pelos trabalhadores da área de infância espírita foi o fato de se sentirem despreparados (28%) para cumprir a função de levar a mensagem espírita aos mais novos. Dessa dificuldade, ainda segundo apontamento dos pesquisados, nascem pelo menos mais duas: a primeira é a falta de interesse dos Educandos e a segunda, a difícil tarefa de elaborar aulas sem uso de material já pronto. O segundo obstáculo mais citado é a falta de trabalhadores (23%), seguido de: estrutura física inadequada (16%), falta de público infantil (12%), desinteresse dos pais (11%) e falta de apoio dos Dirigentes (8%). Com 1% cada foram listados por último o acúmulo de tarefas do Educador e a desvalorização do trabalho.
Ao analisarmos esses dados percebemos que a atividade de Educação Espírita Infantojuvenil está longe de ter seu merecido espaço dentro da maioria das Casas Espíritas que, muitas vezes, se contentam com atividades de recreação – onde crianças são entretidas enquanto os adultos assistem sossegados às suas reuniões, essas sim, pensadas e realizadas com os cuidados necessários. Da mesma forma, percebe-se que nem sempre a escolha do trabalhador para esse setor passa pelo mesmo cuidadoso processo de escolha dispensado a outros segmentos da instituição, como se a única característica deste tarefeiro fosse relacionar-se bem com os pequenos. Essa, claro, uma qualidade essencial, mas não mais importante do que o conhecimento da Doutrina Espírita, base de todo trabalho de Educação Espírita Infantojuvenil, que deve ser criteriosamente planejado e executado pela equipe de Educadores.
A falta de trabalhadores não é exclusividade deste campo de atuação, entretanto, nota-se que muitos Dirigentes não se empenham com a mesma intensidade quando a equipe está desfalcada. Para efeito de comparação basta que pensemos o que faria um Dirigente espírita cuja instituição atravessasse um período de escassez de médiuns, por exemplo. Provavelmente, toda a Diretoria seria convocada para, juntos, buscarem soluções urgentes para o grave problema (no que, como Dirigente, concordo plenamente), contudo, muitas vezes quando isso ocorre na equipe de Educadores Espíritas, fecha-se o setor até que espontaneamente apareçam trabalhadores. O mesmo ocorre com a falta de público infantil, situação que exige esforços para atrair pessoas dessa faixa etária.
Espaços inadequados representam outra grande dificuldade, nem sempre encarada com a devida preocupação. Também nesse quesito os adultos saem ganhando, uma vez que, normalmente, os melhores espaços são destinados a esse público. E o mais interessante é que os menores têm maior necessidade de ambientes especificamente pensados para eles, não apenas por uma questão de segurança, mas porque o meio físico interfere no rendimento, na capacidade de compreensão e na interação entre o grupo.
Também os pais, principais responsáveis pela Educação dos filhos, nem sempre percebem o quão importante é colocar a criança (desde a tenra idade) em contato com a base doutrinária, uma vez que os ensinamentos espíritas abrem uma nova forma de pensar e agir e quanto antes penetrarem na alma do ser reencarnado, maiores benefícios oferecerão. Desta forma, muitos acabam – sem perceber, provavelmente – passando aos seus rebentos a ideia de que Centro Espírita é local para ir quando estamos com problemas - quando na verdade deve ser um local de frequência constante, local de fazer e interagir com amigos, local de aprendizado! A falta de apoio dos Dirigentes se evidencia ainda no acompanhamento ao trabalho executado na área aqui enfocada. De acordo com a pesquisa, ainda são raras as instituições cuja Diretoria estimula a equipe do setor a se preparar para a importante (e estratégica) tarefa, que busca materiais para fornecer aos tarefeiros, que conhecem a forma de trabalho, enfim.
Outro ponto interessante é a preocupação com turmas lotadas (essa, infelizmente, uma preocupação que se estende a todas as atividades das sociedades espíritas, podendo ocasionar sérios problemas doutrinários – mas esse é assunto para um outro artigo), como se quantidade e qualidade andassem sempre de mãos dadas.
Pode parecer que este texto tem o objetivo único de criticar as Casas Espíritas, mas não é essa a intenção. Apenas exponho esses pontos para que possamos refletir sobre a necessidade urgente (não apressada, como diria Bezerra de Menezes) de olhar (e agir) para este trabalho tão fundamental.
Toda tarefa na seara espírita (e fora dela) tem obstáculos, mas se acreditamos em sua importância devemos superá-los com dedicação e responsabilidade. Culpar os Dirigentes pela falta de apoio ou recusar a tarefa por não ter o reconhecimento que julgamos merecer não é a postura adequada para mudarmos o quadro aqui retratado. Muitos são os benefícios que a Educação Espírita oferece aos Educandos, à família, à Casa Espírita e até à sociedade, mas para que ela atinja os resultados esperados há que se unir esforços entre todos os envolvidos no processo educacional (Educadores, Educandos, pais e Dirigentes). Começar a refletir sobre os obstáculos e buscar forma de superá-los já é um bom começo, porém!

Fonte: Jornal O Clarim -Agosto 2012

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