XIX -
PREDISPOSIÇÕES MÓRBIDAS
André Luiz
Como apreendermos a existência das predisposições
mórbidas do corpo espitual?
Não podemos olvidar que a imprudência e o ócio se
responsabilizam por múltiplas enfermidades, como sejam os desastres
circulatórios provenientes da gula, as infecções tomadas à carência de
higiene, os desequilíbrios nervosos nascidos da toxicomania e a exaustão
decorrentes de excessos vários, de modo geral, porém, a etiologia das
moléstias perduráveis que afligem o corpo físico e o dilaceram, guardam no
corpo espiritual as suas causas profundas.
As recordações dessa ou daquela falta grave, mormente
daquelas que jazem recalcadas no espírito, sem que o desabafo e a
corrigenda funcionem por válvulas de alívio às chagas ocultas do
arrependimento, cria na mente um estado anômalo que podemos classificar de
"zona de remorso", em torno da qual a onda viva e contínua do pensamento
passa a enovelar-se em circuito fechado sobre si mesma, com reflexo
permanente na parte do veículo fisiopsicossomático ligada à lembrança das
pessoas e circunstâncias associadas ao erro de nossa autoria.
Estabelecida a idéia fixa sobre esse "nódulo de forças
mentais desequilibradas", é indispensável que os acontecimentos
reparadores se nos contraponham ao modo enfermiço de ser, para que nos
sintamos exonerados desse ou daquele fardo íntimo, ou exatamente redimidos
perante a Lei.
Essas enquistações de energia profundas, no imo de nossa
alma, expressando as chamadas dívidas cármicas, por se filiarem a causas
infelizes que nós mesmos plasmamos na senda do destino, são perfeitamente
transferíveis de uma existência para outra. Isso porque, se nos
comprometemos diante da lei divina em qualquer idade de nossa vida
responsável, é lógico venhamos a resgatar as nossas obrigações em qualquer
tempo, dentro das mesmas circunstâncias nas quais patrocinamos a ofensa em
prejuízo dos outros.
É assim que o remorso provova distonias diversas em nossas
forças recônditas, desarticulando as sinergias do corpo espiritual,
criando predisposições mórbidas para essa ou aquela enfermidade,
entendendo-se, ainda, que essas desarmonias são, algumas vezes,
singularmente agravadas pelo assédio vindicativo dos seres a quem ferimos,
quando imanizados a nós em processos de obsessão. Todavia, ainda mesmo
quando somos perdoados pelas vítimas de nossa insânia, detemos conosco os
resíduos mentais da culpa, qual depósito de lodo no fundo de calma
piscina, e que, um dia, virão à tona de nossa existência, para a
necessária expunção, à medida que se nos acentue o devotamento à higiene
moral.
Como pode o débil mental comandar a renovação celular
de seu corpo físico?
Não será lícito esquecer que, mesmo conturbada, a
consciência está presente nos débeis mentais ou nos doentes nervosos de
toda espécie, presidindo, ainda que de modo impreciso e imperfeito, o
automatismo dos processos orgânicos.
Existem "parasitas ovóides" vampirizando desencarnados?
Sim, nos processos degradantes da obsessão vindicativa, nos
círculos inferiores da Terra, são comuns semelhantes quadros, sempre
dolorosos e comoventes pela ignorância e paixão que os provocam.
Como entenderemos o mecanismo de atuação da Justiça
Superior nos casos de endemias rurais, em que populações inteiras são
assoladas periodicamente pelas mesmas doenças?
As endemias são quase sempre doenças que grassam numa
coletividade ou numa região, dependendo de causas simplesmente locais.
Devemos, assim, capitulá-las, não obstante os casos cármicos individuais
que se agravam por influência delas, no quadro das conquistas higiênicas
que o homem é naturalmente obrigado a realizar por si, como preço devido
ao progresso comum.
No estado comatoso, onde se
encontra o psicossoma do enfermo? Junto ao corpo físico ou afastado dele?
No estado de coma, o aprisionamento do corpo espiritual ao
arcabouço físico, ou a parcial liberação dele, depende da situação mental
do enfermo.
Quais os principais métodos
usados na Espiritualidade para o tratamento das lesões do corpo
espiritual?
Na Espiritualidade, os serviços da Medicina penetram, com
mais segurança, na história do enfermo para estudar, com êxito possível,
os mecanismos da doença que lhe são particulares.
Aí, os exames dos tecidos psicossomáticos com aparelhos de
precisão, correspondendo às inspeções instrumentais e laboratoriais em
voga na Terra, podem ser enriquecidos com a ficha cármica do paciente, a
qual determina quanto à reversibilidade ou irreversibilidade da moléstia,
antes de nova reencarnação, motivo porque numerosos doentes são tratáveis,
mas somente curáveis mediante longas ou curtas internações no campo
físico, a fim de que as causas profundas do mal sejam extirpadas da mente
pelo contato direto com as lutas em que se configuram.
Curial, portanto, é que o médico espiritual de utilize
ainda, de certa maneira, da medicação que voz é conhecida, no socorro aos
desencarnados em sofrimento, porque, mesmo no mundo, todo remédio da
farmacopéia humana, até certo ponto, é projeção de elementos
quimioelétricos sobre as agregações celulares, estimulando-lhes as funções
ou corrigindo-as, segundo as disposições do desequilíbrio em que a
enfermidade se expresse.
Contudo, é imperioso reconhecer que na Esfera Superior o
médico não se ergue apenas com o pedestal da cultura acadêmica, qual
ocorre freqüentemente entre os homens, mas sim também com as qualidades
morais que lhe confiram valor e ponderação, humildade e devotamento, visto
que a psicoterapia e o magnetismo, largamente usados no plano extrafísico,
exigem dele grandeza de caráter e pureza de coração.
Uberaba,25-6-58.
Livro “Evolução em Dois mundos”
Psicografia: Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira.
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