Não
resta dúvida de que, na atualidade, o Espiritismo, através de seu
Movimento, está vivenciando um impasse doutrinário sem precedentes na
sua recente história.
Não
se trata, óbvio, de questões afetas aos seus Princípios Básicos,
fixados pelos Espíritos Superiores no Pentateuco – Princípios que, em
seus fundamentos, se revelam inamovíveis, embora sejam, naturalmente,
passíveis de desdobramentos, que, pela natureza dinâmica da Revelação,
haverão de ocorrer no tempo.
Estamos
nos referindo aos perigosos rumos que vêm, de algum tempo a esta parte,
sendo impressos ao Movimento, por companheiros que, no que pese a sua
boa intenção, agem equivocadamente.
Não
é desconhecido que, desde a realização do Concílio de Nicéia, promovido
em 325 d.C., o Cristianismo começou a se transformar, até quase a se
desfigurar por completo, perdendo contato com as suas origens.
Emmanuel, no livro que leva o seu nome, através da lavra do médium Chico Xavier, escreveu que: “Desde
o concílio ecumênico de Nicéia, o Cristianismo vem sendo deturpado pela
influenciação dos sacerdotes dessa Igreja, deslumbrados com a visão dos
poderes temporais sobre o mundo. Não valeu a missão sacrossanta do
iluminado da Úmbria, tentando restabelecer a verdade e a doutrina de
piedade e de amor do Crucificado para que se solucionasse o problema
milenar da felicidade humana”.
A
missão que Chico Xavier desempenhou na seara espírita, à semelhança do
que aconteceu com o “iluminado da Úmbria”, não vem sendo esquecida –
propositalmente esquecida – por aqueles que, deslumbrados pela “visão
dos poderes temporais”, têm levado o Espiritismo pelo atalho do
elitismo?!
Não
estaria o Movimento Espírita, através de seus militantes, se
hierarquizando como o fez a Igreja, quando começou a se afastar da
essência do Evangelho?!
E,
avançando no tempo, não estaríamos, a pretexto de pureza doutrinária,
novamente incrementando a censura, qual o equívoco em que a Igreja
Católica ocorreu, quando, então, chegou a instaurar o Tribunal do Santo
Ofício, condenando os que não se pautavam pela sua cartilha ideológica
às fogueiras da Inquisição?!
Cremos,
no entanto, que o fator deveras mais preocupante para o Espiritismo,
neste momento histórico, é a quase insensibilidade de muitos de seus
adeptos que, deliberadamente, têm se afastado da Caridade, entregando-se
à prática de um Espiritismo que tende a se transformar em teologia,
relegando a necessidade de sua renovação íntima a plano secundário.
Concitamos,
pois, aos sinceros partidários da Doutrina a que não tornem a cometer o
erro da omissão, quando, nas lides do Cristianismo, optaram pelo
silêncio comprometedor, cujas consequências espirituais se fizeram
sentir para a Humanidade no curso da História.
Em
defesa da Verdade, não há necessidade de agressividade na opinião e,
muito menos, na conduta, mas imprescindível se torna a postura coerente
com os Princípios abraçados, no testemunho solitário da fé, porque,
conforme nos disse o Cristo, “nem
todos os que dizem: Senhor! Senhor! Entrarão no reino dos céus; apenas
entrará aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus”!...
INÁCIO FERREIRA
(Página
recebida pelo médium Carlos A. Baccelli, em reunião do Lar Espírita
“Pedro e Paulo”, no dia 16 de julho de 2012, na cidade de Uberaba – MG).
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