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domingo, 21 de setembro de 2014

DA PROIBIÇÃO DE EVOCAR OS MORTOS

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(O CÉU E O INFERNO, OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO, PRIMEIRA PARTE, CAP. XI)

1.– A Igreja não nega absolutamente o fato das manifestações; ela admite-as todas, ao contrário, como se viu nas citações precedentes, mas atribui-as à intervenção exclusiva dos demônios. É erradamente que alguns evocam o Evangelho para proibi-las, pois o Evangelho não diz uma palavra sobre isso. O supremo argumento brandido é a proibição de Moisés. Eis em que termos se exprime a este respeito a pastoral citada nos artigos precedentes:
“Não é permitido colocar-se em relação com eles (os Espíritos), quer imediatamente, quer por intermédio daqueles que os invocam e os interrogam. A lei mosaica punia com a morte essas práticas detestáveis, correntes entre os gentios.” “Não vades encontrar os mágicos, está dito no livro do Levítico, e não dirijais aos adivinhos pergunta nenhuma, por medo de incorrer na mácula dirigindo-vos a eles.” (Cap. XIX, “v. 31.) – “Se um homem ou uma mulher tem um Espírito de Píton ou de adivinhação, que sejam punidos com a morte; serão lapidados, e seu sangue recairá sobre suas cabeças.” (Cap. XX, v. 27.) E no livro do Deuteronômio: “Que não haja entre vós ninguém que consulte os adivinhos, que observe os sonhos e os augúrios, ou que use de malefícios, sortilégios e encantamentos, ou que consulte aqueles que têm o Espírito de Píton e que praticam a adivinhação, ou que interrogam os mortos para saber a verdade; pois o Senhor tem em abominação todas essas coisas, e destruirá, à vossa chegada, as nações que cometem esses crimes.” (Cap. XVIII, v. 10, 11, 12.)
2. – É útil, para a inteligência do verdadeiro sentido das palavras de Moisés, relembrar o texto completo, um pouco abreviado nessa citação:
“Não vos afasteis de vosso Deus, para ir procurar os mágicos, e não consulteis os adivinhos, de medo de vos maculardes dirigindo-vos a eles. Eu sou o Senhor vosso Deus.” (Levítico, cap. XIX, v.31.)
“Se um homem ou uma mulher tem um Espírito de Píton, ou um espírito de adivinhação, que sejam punidos com a morte; serão lapidados, e seu sangue recairá sobre suas cabeças.” (Id., cap. XX, v. 27.)
“Quando tiverdes entrado no país que o Senhor vosso Deus vos dará, ficai muito atentos a não querer imitar as abominações desses povos; – e que não se encontre ninguém entre vós que pretenda purificar seu filho ou sua filha, fazendo-os passar pelo fogo, ou que consulte os adivinhos, ou que observe os sonhos e os augúrios, ou que use de malefícios, de sortilégios e encantamentos, ou que consulte aqueles que têm o espírito de Píton, e que se dedicam a adivinhar, ou que interrogam os mortos para aprender a verdade. – Pois o Senhor tem em abominação todas essas coisas, e ele exterminará todos esses povos à vossa entrada, por causa desses tipos de crimes que eles cometeram.” (Deuteronômio, cap. XVIII, v. 9, 10, 11 e 12.)
3. – Se a lei de Moisés deve ser rigorosamente observada sobre este ponto, ela o deve ser sobre todos os outros, pois por que ela seria boa no que se refere às evocações, e má em outras partes? É preciso ser coerente; se se reconhece que sua lei não está mais em harmonia com nossos costumes e nossa época para certas coisas, não há razão para que não ocorra o mesmo com a proibição de que se trata.
É preciso, aliás, se reportar aos motivos que provocaram essa proibição, motivos que tinham então sua razão de ser, mas que não mais existem seguramente hoje em dia. O legislador hebreu queria que seu povo rompesse com todos os costumes trazidos do Egito, onde aquele das evocações era usual e um motivo de abuso, como provam estas palavras de Isaías: “O Espírito do Egito se aniquilará nela, e derrubarei sua prudência; eles consultarão seus ídolos, seus adivinhos, seus pítons e seus mágicos.” (Cap. XIX, v. 3.)
Além disso, os israelitas não deviam contrair nenhuma aliança com as nações estrangeiras; ora, eles iam encontrar as mesmas práticas entre aquelas onde iam entrar e que deviam combater. Moisés precisou então, por política, inspirar ao povo hebreu aversão por todos seus costumes que tivessem tido pontos de contato se eles os tivessem assimilado. Para motivar essa aversão, era preciso apresentá-los como reprovados pelo próprio Deus; é por isso que ele disse: “O Senhor tem em abominação todas essas coisas, e ele destruirá, à vossa chegada, as nações que cometem esses crimes.”
4 .– A proibição de Moisés era tanto mais justificada quanto não se evocavam os mortos por respeito ou afeição a eles, nem com um sentimento de piedade; era um meio de adivinhação, da mesma maneira que os augúrios e os presságios, explorado pelo charlatanismo e a superstição. Por mais tenha feito, não conseguiu desenraizar esse hábito tornado objeto de tráfico, assim como o atestam as passagens seguintes do mesmo profeta:
“E quando eles vos disserem: Consultai os mágicos e os adivinhos que falam baixinho em seus encantamentos, respondei-lhes: “Cada povo não consulta seu Deus? E vai-se falar aos mortos do que diz respeito aos vivos?” (Isaías, cap. VIII, v. 19.)
“Sou eu que faço ver a falsidade dos prodígios da magia; que torno insensatos aqueles que se dedicam a adivinhar; que confundo o espírito dos sábios, e que provo ser loucura a sua vã ciência.” (Cap. XLIV, v. 25.)
“Que esses augúrios que estudam o céu, que contemplam os astros, e que contam os meses para tirar daí as predições que querem dar-vos do futuro, venham agora, e que eles vos salvem. – Eles se tornaram como a palha, o fogo os devorou; não poderão livrar suas almas das chamas ardentes; nem mesmo restará de seu abrasamento carvões com os quais se possa aquecer, nem fogo diante do qual se possa sentar. – Eis o que se tornarão todas essas coisas nas quais vós vos empregáveis com tanto trabalho: esses mercadores que traficaram convosco desde vossa juventude fugirão todos, um para um lado, o outro para o outro, sem que se encontre um único que vos tire de vossos males.” (Cap. XLVII, v. 13, 14, 15.)
Neste capítulo, Isaías dirige-se aos babilônios, sob a figura alegórica da “virgem filha de Babilônia, filha dos caldeus.” (Vers. 1.) Ele diz que os encantadores não impedirão a ruína de sua monarquia. No capítulo seguinte, ele se dirige diretamente aos israelitas.
“Vinde aqui, vós, filhos de uma adivinha, raça de um homem adúltero e de uma mulher prostituída. – De quem troçastes? Contra quem abristes a boca, e lançastes vossas línguas penetrantes? Não sois filhos pérfidos e rebentos bastardos, – vós que procurais vosso consolo em vossos deuses debaixo de todas as árvores carregadas de folhagens, que sacrificais vossas criancinhas nas torrentes sob as rochas proeminentes? – Pusestes vossa confiança nas pedras da torrente; espalhastes licores para venerá-las; ofereceste-lhes sacrifícios. Depois disso, minha indignação não se inflamará?” (Cap. LVII, v. 3, 4, 5, 6.) 
Estas palavras são inequívocas; provam claramente que, naquele tempo, as evocações tinham por finalidade a adivinhação, e que se fazia comércio delas; estavam associadas às práticas da magia e da bruxaria, e mesmo acompanhadas de sacrifícios humanos. Moisés tinha portanto razão de proibir essas coisas, e de dizer que Deus as tinha em abominação. Essas práticas supersticiosas se perpetuaram até a Idade Média; mas hoje a razão lhes fez justiça, e o Espiritismo veio mostrar a finalidade exclusivamente moral, consoladora e religiosa das relações de além-túmulo; uma vez que os espíritas não “sacrificam as criancinhas e não espalham licores para venerar os deuses,” não interrogam nem os astros, nem os mortos, nem os augúrios para conhecer o futuro que Deus sabiamente escondeu aos homens; repudiam todo tráfico da faculdade que alguns receberam de comunicar-se com os Espíritos; não são movidos nem pela curiosidade, nem pela cupidez, mas por um sentimento piedoso e unicamente pelo desejo de se instruir, de se aperfeiçoar e de aliviar as almas sofredoras; a proibição de Moisés não lhes diz respeito de maneira nenhuma; é o que teriam visto aqueles que a invocam contra eles, se tivessem aprofundado melhor o sentido das palavras bíblicas; teriam reconhecido que não existe nenhuma analogia entre o que ocorria entre os hebreus e os princípios do Espiritismo; muito mais: que o Espiritismo condena precisamente o que motivava a proibição de Moisés; mas, cegos pelo desejo de encontrar um argumento contra as ideias novas, eles não se aperceberam de que esse argumento não se sustenta.
A lei civil atual pune todos os abusos que Moisés queria reprimir. Se Moisés pronunciou o supremo suplício contra os delinquentes, é porque precisava de meios rigorosos para governar aquele povo indisciplinado; assim a pena de morte é prodigada em sua legislação; não havia de resto grande escolha em seus meios de repressão; não havia prisões, nem casas de correção no deserto, e seu povo não era de natureza a temer penas puramente disciplinares; ele não podia graduar sua penalidade como se faz em nossos dias. É portanto injustamente que se considera a severidade do castigo para provar o grau de culpa da evocação dos mortos. Seria preciso por respeito à lei de Moisés manter a pena capital para todos os casos em que ele a aplicava? Por que, aliás, se faz reviver com tanta insistência este artigo, ao passo que não se fala do começo do capítulo que proíbe aos padres possuir os bens da terra, e ter parte em qualquer herança, porque o Senhor é ele próprio sua herança? (Deuteronômio, cap. XXVIII, v. 1 e 2.)
5. – Há duas partes distintas na lei de Moisés: a lei de Deus propriamente dita, promulgada no monte Sinai, e a lei civil ou disciplinar apropriada aos costumes e ao caráter do povo; uma é invariável, a outra se modifica de acordo com os tempos, e não pode vir ao pensamento de ninguém que possamos ser governados pelos mesmos meios que os hebreus no deserto, como também os capitulares de Carlos Magno não se poderiam aplicar à França do século dezenove. Quem sonharia, por exemplo, fazer reviver hoje este artigo da lei mosaica: “Se um boi ferir com seu chifre um homem ou uma mulher, e eles morrerem por isso, o boi será lapidado, e não se comerá sua carne; mas o dono do boi será julgado inocente.” (Êxodo, cap. XXI, v. 28 e seg.)
Este artigo que nos parece tão absurdo, não tinha porém por objeto punir o boi e absolver seu dono; ele equivalia simplesmente ao confisco do animal, causa do acidente, para obrigar o proprietário a ser mais vigilante. A perda do boi era a punição do dono, punição que devia ser bastante sensível para um povo pastor, para que não fosse necessário infligir-lhe outra; mas ela não devia beneficiar ninguém, por isso era proibido comer-lhe a carne. Outros artigos estipulam o caso em que o dono é responsável.
Tudo tinha sua razão de ser na legislação de Moisés, pois tudo está aí previsto até nos menores detalhes; mas a forma assim como o fundo eram segundo as circunstâncias em que ele se achava. Decerto, se Moisés voltasse hoje para dar um código a uma nação civilizada da Europa, não lhe daria o dos hebreus.
6. – A isso objeta-se que todas as leis de Moisés são editadas em nome de Deus, assim como a do Sinai. Se todas são julgadas de fonte divina, por que os mandamentos se limitam ao Decálogo? É portanto porque se diferenciaram; se todas emanam de Deus, todas são igualmente obrigatórias; por que não são todas observadas? Por que, além disso, não se conservou a circuncisão que Jesus sofreu e não aboliu? Esquece-se que todos os legisladores antigos, para dar mais autoridade às suas leis, disseram que elas provinham de uma divindade. Moisés tinha mais do qualquer outro necessidade desse apoio, por causa do caráter de seu povo; se, apesar disso, teve tanta dificuldade para se fazer obedecer, teria sido bem pior, se as tivesse promulgado em seu próprio nome.
Não veio Jesus modificar a lei mosaica, e não é sua lei o código dos cristãos? Não disse ele: “Aprendestes que foi dito aos antigos tal e qual coisa, e eu vos digo tal outra coisa?” Mas tocou ele na lei do Sinai? De modo nenhum; ele a sanciona, e toda sua doutrina moral não é senão o desenvolvimento daquela. Ora, ele não fala em nenhum lugar da proibição de evocar os mortos. Era porém uma questão bastante grave, para que ele a tivesse omitido em suas instruções, enquanto tratou de outras mais secundárias.
7. – Em resumo, trata-se de saber se a Igreja põe a lei mosaica acima da lei evangélica, dito de outro modo, se ela é mais judia do que cristã. Deve-se mesmo observar que, de todas as religiões, aquela que menos oposição fez ao Espiritismo é a judia, e que ela não invocou contra as relações com os mortos a lei de Moisés sobre a qual se apoiam as seitas cristãs.
8. – Outra contradição. Se Moisés proibiu evocar os Espíritos dos mortos, é portanto porque esses Espíritos podem vir, de outro modo sua proibição teria sido inútil. Se eles podiam vir no tempo dele, ainda o podem hoje; se são os Espíritos dos mortos, então não são exclusivamente demônios. De resto, Moisés não fala absolutamente destes últimos.
Logo, é evidente que não se poderia logicamente apoiar-se na lei de Moisés nesta circunstância, pelo duplo motivo de que ela não rege o Cristianismo, e não é apropriada aos costumes da nossa época. Mas, supondo-lhe toda a autoridade que alguns lhe concedem, ela não pode, assim como vimos, aplicar-se ao Espiritismo.
Moisés, é verdade, engloba a interrogação dos mortos na sua proibição; mas é apenas de maneira secundária, e como acessório das práticas da magia. A própria palavra interrogar posta ao lado dos adivinhos e dos augúrios prova que, entre os hebreus, as evocações eram um meio de adivinhação; ora, os espíritas não evocam os mortos para obter deles revelações ilícitas, mas para receber sábios conselhos e obter alívio para os que sofrem. Decerto, se os hebreus se tivessem servido das comunicações de além-túmulo unicamente com esse objetivo, longe de proibi-las, Moisés as teria encorajado, porque elas teriam tornado seu povo mais dócil.
9. – Se alguns críticos jocosos ou mal intencionados se deleitaram em apresentar as reuniões espíritas como assembleias de feiticeiros e de necromantes, e os médiuns como adivinhos; se alguns charlatães misturam esse nome a práticas ridículas que ele desaprova, bastante gente conhece perfeitamente o caráter essencialmente moral e grave das reuniões do espiritismo sério; a doutrina escrita para toda gente, protesta suficientemente contra os abusos de todo gênero para que a calúnia recaia sobre quem a merece.
10. – A evocação, diz-se, é uma falta de respeito pelos mortos cuja cinza não se deve perturbar. Quem diz isso? Os adversários de dois campos opostos que se dão as mãos: os incrédulos que não creem nas almas, e aqueles que, crendo, pretendem que elas não podem vir e que unicamente o demônio se apresenta.
Quando a evocação é feita religiosamente e com recolhimento; quando os Espíritos são chamados, não por curiosidade, mas por um sentimento de afeição e de simpatia, e com o desejo sincero de se instruir e de se tornar melhor, não vemos o que haveria de mais desrespeitoso em chamar as pessoas após sua morte do que enquanto vivas. Mas há outra resposta peremptória a esta objeção, é que os Espíritos vêm livremente e não por coerção; que eles vêm mesmo espontaneamente sem ser chamados; que eles testemunham sua satisfação de se comunicar com os homens, e se queixam com frequência do esquecimento em que por vezes são deixados. Se fossem perturbados em sua quietude ou ficassem descontentes com nosso chamado eles o diriam, ou não viriam. Visto que são livres, quando vêm, é que isso lhes convém.
11. – Alega-se outra razão: “As almas, diz-se, permanecem na morada que a justiça de Deus lhes designou, ou seja, no inferno ou no paraíso;” assim aquelas que estão no inferno não podem sair de lá, embora a esse respeito toda liberdade seja deixada aos demônios; aquelas que estão no paraíso estão inteiramente na sua beatitude; estão demasiado acima dos mortais para se ocuparem deles, e demasiado felizes para voltarem a esta terra de miséria se interessar pelos parentes e amigos que aqui deixaram. Elas são, portanto, como esses ricos que afastam a vista dos pobres, de medo que isso lhes perturbe a digestão? Se assim fosse, elas seriam pouco dignas da felicidade suprema, que nesse caso seria o prêmio do egoísmo. Restam aquelas que estão no purgatório; mas essas são sofredoras e têm de pensar em sua salvação antes de tudo; portanto, não podendo vir nem umas nem outras, unicamente o diabo vem em lugar delas. Se elas não podem vir, não se deve temer perturbar-lhes o repouso.
12. – Mas aqui se apresenta outra dificuldade. Se as almas que estão na beatitude não podem deixar sua morada afortunada para vir em socorro dos mortais, por que a Igreja invoca a assistência dos santos, que devem gozar da maior soma possível de beatitude? Por que diz ela aos fiéis para invocá-los nas doenças, aflições, e para se preservar dos flagelos? Por que, segundo ela, os santos, a própria Virgem, vêm mostrar-se aos homens e fazer milagres? Portanto, eles deixam o céu para vir à terra. Se aqueles que estão no mais alto dos céus podem deixá-lo, por que os que são menos elevados não o poderiam?
13. – Que os incrédulos neguem a manifestação das almas, isso se concebe visto que não creem na alma; mas o que é estranho é ver aqueles cujas crenças repousam sobre sua existência e seu futuro, se encarniçarem contra os meios de provar que ela existe, e esforçarem-se por demonstrar que isso é impossível. Pareceria natural, ao contrário, que aqueles que mais têm interesse na sua existência devessem acolher com alegria, e como um benefício da Providência, os meios de confundir os negadores por provas irrefutáveis, visto que são os negadores da religião. Eles deploram sem cessar a invasão da incredulidade que dizima o rebanho dos fiéis, e quando o meio mais poderoso de combatê-la se apresenta, eles o repelem com mais obstinação do que os próprios incrédulos. Depois, quando as provas transbordam a ponto de não deixar nenhuma dúvida, recorre-se, como argumento supremo, à proibição de se ocupar disso, e para justificá-la vai-se buscar um artigo da lei de Moisés, com que ninguém nem sonhava, e onde se quer ver, por toda força, uma aplicação que não existe. Fica-se tão contente com esta descoberta que não se percebe que esse artigo é uma justificação da doutrina espírita.
14. – Todos os motivos alegados contra as relações com os Espíritos não podem resistir a um exame sério; da obstinação posta nisso, no entanto, pode-se inferir que a essa questão se vincula um grande interesse, sem isso não haveria tanta insistência. A ver essa cruzada de todos os cultos contra as manifestações, dir-se-ia que eles as temem. O verdadeiro motivo poderia bem ser o temor de que os Espíritos, muito clarividentes, viessem esclarecer os homens sobre os pontos que se faz questão de deixar na sombra, e fazer-lhes conhecer exatamente o que ocorre no outro mundo e as verdadeiras condições para ser ali feliz ou infeliz. É por isso que, assim como se diz a uma criança: “Não vás lá, há um lobisomem;” diz-se aos homens: “Não chameis os Espíritos, é o diabo.” Mas por mais que se faça, se proibirem os homens de chamar os Espíritos, não impedirão os Espíritos de vir aos homens tirar a lâmpada de sob o alqueire.
O culto que estiver na verdade absoluta não terá nada a temer da luz, pois a luz fará sobressair a verdade, e o demônio não poderia prevalecer contra a verdade.
15. – Repelir as comunicações de além-túmulo é rejeitar o poderoso meio de instrução que resulta para si mesmo da iniciação à vida futura, e dos exemplos que elas nos fornecem. Ensinando-nos a experiência, além disso, o bem que se pode fazer afastando do mal os Espíritos imperfeitos, ajudando os que sofrem a se libertar da matéria e a se melhorar, proibi-las é privar almas infelizes da assistência que lhes podemos dar. As seguintes palavras de um Espírito resumem admiravelmente as consequências da evocação praticada com um objetivo caridoso:
“Cada Espírito sofredor e queixoso vos contará a causa de sua queda, os arrastamentos a que sucumbiu; ele vos falará de suas esperanças, seus combates, seus terrores; ele vos contará seus remorsos, suas dores, seus desesperos; ele vos mostrará Deus, justamente irritado, punindo o culpado com toda a severidade de sua justiça.
Escutando-o, ficareis tomados de compaixão por ele e de temor por vós mesmos; seguindo-o em suas queixas, vereis Deus não o perdendo de vista, aguardando o pecador arrependido, estendendo-lhe os braços tão logo ele tente avançar. Vereis os progressos do culpado, para os quais tereis a felicidade e a glória de ter contribuído; vós os acompanhareis com solicitude, como o cirurgião acompanha os progressos do ferimento que ele trata diariamente.” (Bordeaux, 1861.) 

Crédito: IPEAK

PERDÃO RADICAL

PERDÃO RADICAL


As sublimes lições não paravam de iluminar as consciências dos discípulos interessados no conhecimento da Verdade.

Cada momento em companhia do Mestre amado revestia-se de um aprendizado inolvidável.

Jamais houvera alguém que pudesse, como Ele o fazia, cantar a beleza da sabedoria com a linguagem singela de um lírio alvinitente em pleno chavascal.

As Suas palavras eram como pérolas reluzentes que formavam colares luminosos na consciência dos ouvintes.

Ele nunca se repetia. Com as mesmas palavras entretecia variações incomuns em torno dos temas do cotidiano, oferecendo soluções simples, às vezes, profundas, com a mesma naturalidade com que se referia ao Pai, o Seu Abba.

Ressoavam nos refolhos das almas o canto incomparável do Sermão da Montanha, que se lhes tornara o novo norte para o avanço no rumo da augusta plenitude.

Cada bem-aventurança era portadora de um novo conteúdo, como sendo a diretriz soberana do amor em relação ao futuro da Humanidade.

Ninguém ficava à margem, nenhum sentimento era esquecido e a fonte de inexaurível sabedoria continuava a fluir a água lustral dos ensinamentos imortais.

Ele parecia ter pressa de preparar os amigos, embora não fosse apressado.

Eram tantas as necessidades humanas que não era possível desperdiçar o tempo em cogitações da banalidade e emprego das horas em pequenezes habituais do comportamento.

Mais de uma vez Ele falara sobre a emoção do amor e a bênção do perdão, sendo porém enfático em todas elas.

O perdão é sempre melhor para aquele que o concede.

Para que não ficasse esquecido entre as preocupações que assaltavam os amigos, na sua labuta diária, Ele voltava ao tema com novas composições.

Já lhes dissera que se fazia indispensável perdoar setenta vezes sete vezes, o que significava perdoar incessante, ininterruptamente...

Naquela oportunidade ímpar, complementou o ensinamento, referindo-se à conduta pessoal de cada criatura:

Portanto, se estiveres apresentando a tua oferta no altar, e aí te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa ali diante do altar a tua oferta, e vai conciliar-te primeiro com teu irmão, e depois vem apresentar a tua oferta...

... Concilia-te depressa com o teu adversário, enquanto estás no caminho com ele, para que não aconteça que o adversário te entregue ao guarda e sejas lançado na prisão.

Em verdade, vos digo que de maneira nenhuma saireis dali enquanto não pagardes o último ceitil. (*)

Tratava-se da aplicação da misericórdia nos relacionamentos, de modo a manter-se a consciência de paz.

Nesse sentido, a compaixão em relação aos erros alheios assumia papel de preponderância, mas os amigos aturdidos compreendiam que lhes era muito difícil a mudança de conduta, habituados ao desforço em relação àqueles que os prejudicavam.

Assim pensando, após a exposição do Senhor, Tiago perguntou-Lhe, recordando-se da severidade da Lei Antiga:

Como é possível, Mestre, permitir-se que o agressor fique impune, após a prática do seu ato perverso?

O Iluminado olhou-o com imensa ternura, por saber que ele era cumpridor dos deveres, severo em relação a si mesmo, portanto, exigente no que diz respeito ao comportamento dos outros e compreendeu-lhe a inquietação.

Após um breve silêncio, ante o zimbório celeste, recamado de estrelas que lucilavam ao longe, respondeu benigno:

As águas do rio limpam as margens e o leito por onde correm, transformando e decompondo o lixo e a imundície em rico adubo mais adiante, levados pela correnteza.

Assim também o amor de misericórdia transforma a agressão em bênção para a vítima, auxiliando o inimigo a purificar-se, ao largo do percurso evolutivo.

Quando se perdoa, isto não implica anuência com o erro, com o crime, com o descalabro do outro. Não se trata de desconhecer a atitude infeliz, mas objetiva não retaliar o outro, não aguardar oportunidade para nele desforçar-se.

Não devolver o mal que se sofre é o início do ato de perdoar. Compreender, porém, que o outro, o agressor, é infeliz, que ele se compraz em malsinar porque é atormentado, constitui a melhor reflexão para o perdão radical, o perdão sem reservas.

Ninguém tem o direito de oferecer ao Pai suas orações e dádivas de devotamento, se tem fechado o coração para o seu próximo, aquele que, na sua desdita, derrama fel sobre os outros e cobre a senda que percorrerá no futuro com os espinhos da própria insanidade.

Ter adversário é fenômeno normal na trajetória de todas as criaturas, no entanto, deve-se evitar ser-lhe também inamistoso, igualando-se em fraqueza moral e desdita interior. Quem assim se comporta também sofrerá julgamento da autoridade, a quem seja apresentada queixa, e essa poderá exigir-lhe o ressarcimento do mal até o último e mínimo ultraje.

É o que ocorre com qualquer ofensor ou ofendido magoado. É obrigado a refazer o caminho sob a jurisdição divina, até quitar-se de todas as mazelas e débitos morais.

O interrogante, no entanto, insistiu:

Como então fica a justiça diante daquele que lhe desrespeita os códigos austeros?

O Amigo compassivo compreendeu a inquietação do companheiro e elucidou:

A questão da justiça não pertence ao ofendido, mas aos legisladores que aplicarão a penalidade corretora que se enquadre nos códigos legais. E quando isso não ocorre, a sabedoria divina impõe-se ao calceta, que carrega na consciência o delito, fazendo-o ressarcir os danos com a sua cooperação ou sofrendo os efeitos do mal que praticou, imputando-se sofrimentos reparadores. Ninguém consegue fugir à consciência indefinidamente, porque sempre há um despertar para a realidade transcendental.

Mas, Mestre, nesse caso, todos os crimes de qualquer porte devem ser perdoados e esquecidos? - Instou, inquieto,

Serenamente, Jesus retorquiu:

Não há crime imperdoável. Há, sim, mágoas exageradas. Quem não tem condutas reprocháveis ao longo da existência, por mais austero seja em relação a si mesmo, observando os Códigos da justiça e da religião? Quantas vezes, em momentos de infelicidade e de ira, pessoas boas e generosas, devotadas ao Pai e ao dever, rebelam-se e agem incorretamente? Será justo desconhecer-lhes toda uma trajetória de dignidade por um momento de alucinação, de torpor mental pela ira asselvajada que lhe tomou a consciência?

É necessário, portanto, perdoar-se todas as formas de agressão, entregando-as ao amor do Pai Incomparável, a tomar nas mãos a lei e a justiça, aplicando-as conforme o desconforto de que se é objeto.

Assim fazendo, torna-se digno de também ser perdoado.

Esse é o sublime comportamento do amor, em forma de benignidade para com o próximo, o irmão da retaguarda evolutiva.

Depois do silêncio que se abateu natural, no círculo de amigos, Ele adiu gentilmente:

Convém recordar-se, igualmente, que todos necessitam do perdão para as suas ações infelizes, desse modo, devendo perdoar-se, purificar a mente, permitir-se o direito de errar, compreendendo a sua humanidade e fraqueza, mas não permanecendo no deslize moral nem se comprazendo em ficar na situação a que foi arrojado.

O autoperdão é conquista do amor que se renova e compreende que se está em processo de renovação e de autoiluminação.

Assim, portanto, rogando-se ao Pai perdão pelos próprios delitos, amplia-se o pensamento e alcança-se o agressor digno de ser perdoado também.

A noite prosseguia rica de suaves perfumes e incrustada dos diamantes estelares, registrou a lição imorredoura do perdão a todas as ofensas.



pelo Espírito Amélia Rodrigues - Psicografia de Divaldo Pereira Franco, no lar de Armandine e Dominique Chéron, na manhã de 5 de junho de 2014, em Vitry-sur-Seine, França. Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=369.

OBSESSÕES E POSSESSÕES



(A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo - cap. XIV - Os fluidos - II - Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais - Obsessões e possessões, itens 45 a 49.)

45. Pululam em torno da Terra os maus Espíritos, em consequência da inferioridade moral de seus habitantes. A ação malfazeja desses Espíritos é parte integrante dos flagelos com que a Humanidade se vê a braços neste mundo. A obsessão, que é um dos efeitos de semelhante ação, como as enfermidades e todas as atribulações da vida, deve, pois, ser considerada uma prova ou uma expiação e aceita com esse caráter.
Chama-se obsessão à ação persistente que um Espírito mau exerce sobre um indivíduo. Apresenta caracteres muito diferentes, que vão desde a simples influência moral, sem perceptíveis sinais exteriores, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. Ela oblitera todas as faculdades mediúnicas. Na mediunidade audiente e psicográfica, traduz-se pela obstinação de um Espírito em querer manifestar-se, com exclusão de qualquer outro.
46. Assim como as enfermidades resultam das imperfeições físicas que tornam o corpo acessível às perniciosas influências exteriores, a obsessão decorre sempre de uma imperfeição moral, que dá ascendência a um Espírito mau. A uma causa física, opõe-se uma força física; a uma causa moral preciso é se contraponha uma força moral. Para preservá-lo das enfermidades, fortifica-se o corpo; para garanti-la contra a obsessão, tem-se que fortalecer a alma; donde, para o obsidiado, a necessidade de trabalhar por se melhorar a si próprio, o que as mais das vezes basta para livrá-lo do obsessor, sem o socorro de terceiros. Necessário se torna este socorro, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque nesse caso o paciente não raro perde a vontade e o livre-arbítrio.
Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em precedente existência.
Nos casos de obsessão grave, o obsidiado fica como que envolto e impregnado de um fluido pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É daquele fluido que importa desembaraçá-lo. Ora, um fluido mau não pode ser eliminado por outro igualmente mau. Por meio de ação idêntica à do médium curador, nos casos de enfermidade, preciso se faz expelir um fluido mau com o auxílio de um fluido melhor.
Nem sempre, porém, basta esta ação mecânica; cumpre, sobretudo, atuar sobre o ser inteligente, ao qual é preciso se possua o direito de falar com autoridade, que, entretanto, falece a quem não tenha superioridade moral. Quanto maior esta for, tanto maior também será aquela.
Mas, ainda não é tudo: para assegurar a libertação da vítima, indispensável se torna que o Espírito perverso seja levado a renunciar aos seus maus desígnios; que se faça que o arrependimento desponte nele, assim como o desejo do bem, por meio de instruções habilmente ministradas, em evocações particularmente feitas com o objetivo de dar-lhe educação moral. Pode-se então ter a grata satisfação de libertar um encarnado e de converter um Espírito imperfeito.
O trabalho se torna mais fácil quando o obsidiado, compreendendo a sua situação, para ele concorre com a vontade e a prece. Outro tanto não sucede quando, seduzido pelo Espírito que o domina, se ilude com relação às qualidades deste último e se compraz no erro a que é conduzido, porque, então, longe de a secundar, o obsidiado repele toda assistência. É o caso da fascinação, infinitamente mais rebelde sempre, do que a mais violenta subjugação. (O Livro dos Médiuns, 2ª Parte, cap. XXIII.)
Em todos os casos de obsessão, a prece é o mais poderoso meio de que se dispõe para demover de seus propósitos maléficos o obsessor.
47. Na obsessão, o Espírito atua exteriormente, com a ajuda do seu perispírito, que ele identifica com o do encarnado, ficando este afinal enlaçado por uma como teia e constrangido a proceder contra a sua vontade.
Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado; toma-lhe o corpo para domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado pelo seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão de que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção. (Cap. XI, nº 18.)
De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito se serve dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços, conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo o pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e age; quem o tenha conhecido em vida, reconhece-lhe a linguagem, a voz, os gestos e até a expressão da fisionomia.
48. Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria sua vestimenta a outro encarnado. Isso se verifica sem qualquer perturbação ou incômodo, durante o tempo em que o Espírito encarnado se acha em liberdade, como no estado de emancipação, conservando-se este último ao lado do seu substituto para ouvi-lo.
Quando é mau o Espírito possessor, as coisas se passam de outro modo. Ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o, se este não possui bastante força moral para lhe resistir. Fá-lo por maldade para com este, a quem tortura e martiriza de todas as formas, indo ao extremo de tentar exterminá-lo, seja por estrangulação, seja atirando-o ao fogo ou a outros lugares perigosos. Servindo-se dos órgãos e dos membros do infeliz paciente, blasfema, injuria e maltrata os que o cercam; entrega-se a excentricidades e a atos que apresentam todos os caracteres da loucura furiosa.
São numerosos os fatos deste gênero, em diferentes graus de intensidade, e não derivam de outra causa muitos casos de loucura. Amiúde, há também desordens patológicas, que são meras consequências e contra as quais nada adiantam os tratamentos médicos, enquanto subsiste a causa originária. Dando a conhecer essa fonte donde provém uma parte das misérias humanas, o Espiritismo indica o remédio a ser aplicado: atuar sobre o autor do mal que, sendo um ser inteligente, deve ser tratado por meio da inteligência.[1]
49. São as mais das vezes individuais a obsessão e a possessão; mas, não raro são epidêmicas. Quando sobre uma localidade se lança uma revoada de maus Espíritos, é como se uma tropa de inimigos a invadisse. Pode então ser muito considerável o número dos indivíduos atacados.[2]


[1] Casos de cura de obsessões e de possessões: Revue Spirite, dezembro de 1863, pág. 373; - janeiro de 1864, pág. 11; - junho de 1864, pág. 168; - janeiro de 1865, pág. 5; - junho de 1865, pág. 172; - fevereiro de 1866, pág. 38; - junho de 1867, pág. 174.
[2] Foi exatamente desse gênero a epidemia que, faz alguns anos, atacou a aldeia de Morzine na Sabóia. Veja-se o relato completo dessa epidemia na Revue Spirite de dezembro de 1862, pág. 353; - janeiro, fevereiro, abril e maio de 1863, págs. 1, 33, 101 e 133.

Créditos:IPEAK

Curas

Grupo curador de Marmande
Intervenção dos próximos nas curas

(Revista Espírita, junho de 1867)


“Marmande, 12 de maio de 1867.

 “Caro senhor Kardec,

“Há algum tempo vos entretive com o resultado de nossos trabalhos espíritas que continuamos com perseverança, e sinto-me feliz em dizê-lo, com sucessos satisfatórios. Os obsedados e os doentes são sempre objeto de nossos cuidados exclusivos. A moralização e os fluidos são os principais meios indicados por nossos guias.
“Nossos bons Espíritos, que se votaram à propagação do Espiritismo, tomaram também a tarefa de vulgarizar o magnetismo. Em quase todas as consultas, para os diversos casos de moléstias, eles pedem o concurso dos parentes: um pai, uma mãe, um irmão ou uma irmã, um vizinho, um amigo, são chamados para dar passes. Essas bravas criaturas ficam surpresas de parar crises, acalmar dores. Parece-me que este meio é engenhoso e seguro para fazer adeptos; assim a confiança se estende cada vez mais em nossa região.
Os grupos que se ocupam de curas talvez fizessem bem em dar os mesmos conselhos; os felizes resultados obtidos provariam de maneira evidente a verdade do magnetismo, e dariam a certeza de que a faculdade de curar ou aliviar o seu semelhante não é privilégio exclusivo de algumas pessoas; que para isto não é preciso senão boa vontade e confiança em Deus. Não falo de uma boa saúde, que é condição indispensável, compreende-se. Reconhecendo que temos tal poder em nós, adquirimos a certeza de que não há políticas nem sortilégios, nem pacto com o diabo. É, pois, um meio de destruir as ideias supersticiosas.

“Eis alguns exemplos de curas obtidas:

“Uma menina de 6 a 7 anos estava acamada, com uma dor de cabeça contínua, febre, tosse frequente com expectoração e dor viva do lado esquerdo; dor também nos olhos, que de vez em quando se cobriam de uma substância leitosa, formando uma espécie de belida. Sob os cabelos, a pele do crânio estava coberta de películas brancas; urina espessa e turva. Deprimida e abatida, a menina não comia nem dormia. O médico tinha acabado por suspender suas visitas. A mãe, pobre, em presença da criança doente e abandonada, veio me procurar. Consultados, nossos guias prescreveram como único remédio a imposição das mãos, os passes fluídicos por parte da mãe, recomendando-me que fosse, durante alguns dias, fazer-lhe ver como deveria se conduzir. Comecei por mandar suspender os vesicatórios e secá-los. Depois de três dias de passes e de imposição das mãos sobre a cabeça, os rins e o peito, executados a título de lições, mas feitos com alma, a criança pediu para se levantar; a febre tinha passado e todos os acidentes descritos acima desapareceram ao cabo de dez dias.
“Esta cura, que a mãe qualificava de miraculosa, fez que me chamassem, dois dias depois, junto a uma outra menina de 3 a 4 anos, que tinha febre. Depois dos passes e da imposição de mãos, a febre cessou, desde o primeiro dia.
“As curas de algumas obsessões não nos dão menos satisfação e confiança. Maria B..., jovem de 21 anos, de Samazan, perto de Marmande, punha-se nua como um bicho, corria pelos campos e ia deitar-se ao lado do cachorro num buraco de palheiro. A moralização do obsessor, por nosso intermédio, e os passes fluídicos feitos pelo marido, conforme as nossas instruções, em breve a libertaram. Toda a comuna de Samazan foi testemunha da insuficiência da medicina para curá-la, e da eficácia do meio simples empregado para reconduzi-la ao estado normal.
“A Sra. D.., de 22 anos, da comuna de Sainte-Marthe, não longe de Marmande, caía em crises extraordinárias e violentas; rugia, mordia, rolava, sentia golpes terríveis no estômago, desfalecia e às vezes ficava quatro ou cinco horas inconsciente; uma vez passou oito horas sem recobrar a lucidez. Em vão o Dr. T... lhe havia prestado cuidados. O marido, depois de correr para profissionais, sacerdotes da região reputados como curadores e exorcistas, de adivinhos - pois confessou havê-los consultado - dirigiu-se a nós, pedindo que nos ocupássemos de sua mulher se, como lhe haviam contado, estivesse em nós o poder de curá-la. Prometemos escrever-lhe, para indicar o que ele deveria fazer.
“Consultados, nossos guias disseram: Cessem qualquer tratamento médico, pois os remédios seriam inúteis; que o marido eleve sua alma a Deus, imponha as mãos sobre a fronte da esposa e lhe faça passes fluídicos com amor e confiança; que observe pontualmente as recomendações que lhe vamos fazer, seja qual for a contrariedade que ele possa experimentar (seguem as recomendações, absolutamente pessoais), e se ele se compenetrar da ideia de que elas são necessárias e em proveito de sua pobre aflita, em breve terá sua recompensa.
“Também nos disseram que chamássemos e moralizássemos o Espírito obsessor, sob o nome de Lucie Cédar. Esse Espírito revelou a causa que o levava a atormentar a Sra. D... Essa causa se ligava precisamente às recomendações feitas ao marido. Tendo-se conformado a tudo, ele teve a satisfação de ver sua mulher completamente livre no espaço de dez dias. Ele me disse: Levando em conta que os Espíritos se comunicam, não me admiro que vos tenham dito o que só era conhecido por mim, mas estou muito mais admirado pelo fato de nenhum remédio ter podido curar minha mulher. Se eu me tivesse dirigido a vós desde o começo, teria 150 francos no bolso, que aí já não estão, pois gastei em medicamentos.
“Aperto a vossa mão muito cordialmente.
“DOMBRE.”

Estes casos de cura nada têm de mais extraordinários do que aqueles que temos citado, provindos do mesmo centro, mas eles provam, pela persistência do sucesso há vários anos, quanto se pode obter pela perseverança e pela dedicação, pois assim a assistência dos bons Espíritos jamais falta. Eles só abandonam os que deixam o bom caminho, o que é fácil de reconhecer pelo declínio do sucesso, ao passo que sustentam, até o último momento, mesmo contra os ataques da malevolência, aqueles cujo zelo, sinceridade, abnegação e humanidade estão à prova das vicissitudes da vida. Eles elevam aquele que se humilha e humilham o que se eleva. Isto se aplica a todos os gêneros de mediunidade.
Nada desencorajou o Sr. Dombre. Ele lutou energicamente contra todos os entraves que lhe foram suscitados e deles triunfou; desprezou as injúrias e as ameaças dos nossos adversários comuns e os forçou ao silêncio por sua firmeza; não poupou seu tempo nem seu esforço ou sacrifícios materiais; jamais procurou prevalecer-se do que faz para adquirir relevo ou criar um degrau qualquer; seu desinteresse moral iguala o seu desinteresse material; se fica feliz por triunfar, é porque cada sucesso o é para a doutrina. Eis os títulos sérios ao reconhecimento de todos os espíritas atuais e futuros, títulos aos quais há que associar os membros do grupo que o secundam com tanto zelo e abnegação, e cujos nomes lamentamos não podermos citar.
O fato mais característico assinalado na carta é o da interferência dos parentes e amigos dos doentes nas curas. É uma ideia nova, cuja importância não escapará a ninguém, porque sua propagação não pode deixar de ter resultados consideráveis. É a vulgarização anunciada da mediunidade curadora. Os espíritas notarão quanto os Espíritos são engenhosos nos meios tão variados que empregam para fazer penetrar a ideia nas massas. Como isto não aconteceria, se lhes abrimos incessantemente novos canais, e lhes damos os meios de bater em todas as portas?
Portanto, esta prática jamais seria demasiadamente encorajada. Contudo, há que não perder de vista que os resultados estarão na razão da boa direção dada à coisa pelos chefes dos grupos curadores e do impulso que souberem imprimir por sua energia, seu devotamento e seu próprio exemplo.

Crédito: IPEAK

PROVA E EXPIAÇÃO

Questões e problemas

(Revista Espírita, setembro de 1863)

SOBRE A EXPIAÇÃO E A PROVA

Moulins, 8 de julho de 1863.

Senhor e venerado mestre,
Venho submeter à vossa apreciação uma questão que foi discutida em nosso pequeno grupo e não pudemos resolver por nossas próprias luzes. Os próprios Espíritos que consultamos não responderam muito categoricamente para nos tirar da dúvida.
Redigi uma pequena nota, que tomo a liberdade de vos remeter, na qual reuni os motivos de minha opinião pessoal, que difere da de vários colegas. A opinião destes últimos é que a expiação ocorre efetivamente durante a encarnação, apoiando-se no fato de que essa expressão foi empregada em muitas comunicações, e notadamente no Livro dos Espíritos.
Venho, pois, vos pedir a extrema bondade de nos dar a vossa opinião sobre essa questão. Vossa decisão para nós será lei, e de boa vontade cada um sacrificará sua maneira de ver, para colocar-se sob a bandeira que plantastes e sustentais de maneira tão firme e tão sábia.
Recebei, senhor e caro mestre, etc.
T. T.

“Várias comunicações dadas por Espíritos diferentes qualificam indistintamente comoexpiações provas, males e tribulações que formam o quinhão de cada um de nós durante a encarnação na Terra.
Dessa aplicação à mesma ideia, de duas palavras muito diversas na sua significação, resulta uma certa confusão, sem dúvida pouco importante para os Espíritos desmaterializados, mas que, entre os encarnados, dá lugar a discussões que seria bom fazer cessar por uma definição clara e precisa e explicações fornecidas pelos Espíritos superiores que fixariam, de modo irrevogável, esse ponto de doutrina.
“Para começar, tomando os dois vocábulos no sentido absoluto, parece que a expiaçãoseria o castigo, a pena imposta para o resgate de uma falta, com o perfeito conhecimento, por parte do culpado punido, da causa do castigo, isto é, da falta a expiar. Compreende-se que, neste sentido, a expiação seja sempre imposta por Deus.
“A prova não implica qualquer ideia de reparação. Ela pode ser voluntária ou imposta, mas não é a consequência rigorosa e imediata das faltas cometidas.
“A prova é um meio de constatar o estado de uma coisa, para reconhecer se é de boa qualidade. Assim, submete-se a uma prova uma corda, uma ponte, uma peça de artilharia, não por causa de seu estado anterior, mas para certificar-se de que estão adequadas ao serviço a que se destinam.
“Assim, por extensão, tem-se chamado de provas da vida ao conjunto de meios físicos ou morais que revelam a existência ou ausência das qualidades da alma que estabelecem a sua perfeição ou os progressos por ela feitos na busca dessa perfeição final.
“Parece, pois, lógico admitir que a expiação propriamente dita, e no sentido absoluto do vocábulo, ocorre na vida espiritual, após a desencarnação ou morte corpórea; que ela possa ser mais ou menos longa, mais ou menos penosa, de acordo com a gravidade das faltas, mas que é completa no outro mundo e termina sempre por um ardente desejo de ter uma nova reencarnação, durante a qual as provas escolhidas ou impostas deverão permitir que a alma faça um progresso para a perfeição que as faltas anteriores lhe impediram de realizar.
“Assim, pois, não conviria admitir que há expiação na Terra, mesmo que excepcionalmente, porque seria preciso admitir, também, o conhecimento das faltas punidas. Ora, tal conhecimento só existe na vida de além-túmulo. A expiação sem tal conhecimento seria uma barbárie sem utilidade e não se conformaria nem com a justiça nem com a bondade de Deus.
“Durante a encarnação, não se pode conceber senão provas, porque, sejam quais forem os males e tribulações desta Terra, é impossível considerá-los como podendo constituir umaexpiação suficiente para faltas de qualquer gravidade. Pensa-se que um culpado, entregue à justiça dos homens, estaria bem punido se o condenassem a viver como o menos feliz de nós?
Não exageremos, pois, a importância dos males desta Terra para nos atribuirmos o mérito de havê-los suportado. A prova consiste mais na maneira pela qual os males foram suportados do que na sua intensidade que, como a felicidade terrena, é sempre relativa para cada indivíduo.
“Os caracteres distintivos da expiação e da prova são que a primeira é sempre imposta, e sua causa deve ser conhecida por aquele que a sofre, ao passo que a segunda pode ser voluntária, isto é, escolhida pelo Espírito, ou mesmo imposta por Deus, na falta de escolha. Além disso, ela se concebe muito bem sem causa conhecida, pois não é necessariamente a consequência de faltas passadas.
“Numa palavra: a expiação cobre o passado; a prova abre o futuro.
“O número de julho da Revista Espírita contém um artigo intitulado Expiação terrena, que pareceria contrário à opinião emitida acima. Contudo, lendo-o atentamente, ver-se-á que aexpiação verdadeira se deu na vida espírita, e que a posição que Max ocupou na sua última encarnação realmente não é senão o gênero de provas que ele escolheu, ou que lhe foram impostas, e das quais saiu vitorioso, mas que, durante toda essa encarnação, ignorando sua posição anterior, ele não poderia em nada aproveitar uma expiação sem objetivo.
“Talvez esta seja mais uma questão de palavras que de princípios. Com efeito, foi dito muitas vezes: “Não vos atenhais às palavras; vede o fundo do pensamento.” Em todo o caso, para nós que nos entendemos por meio de palavras, convém estarmos bem fixados no sentido que a elas ligamos.”

Resposta. A distinção estabelecida pelo autor da nota acima, entre o caráter da expiação e o das provas é perfeitamente justa. Contudo, não poderíamos partilhar de sua opinião no que concerne à aplicação desta teoria à situação do homem na Terra.
A expiação implica necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma falta cometida. A prova implica sempre a de uma inferioridade real ou presumível, porque o que chegou ao ponto culminante a que aspira, não mais necessita de provas.
Em certos casos, a prova se confunde com a expiação, isto é, a expiação pode servir de prova, e reciprocamente. O candidato que se apresenta para receber uma graduação, passa por uma prova. Se falhar, terá que recomeçar um trabalho penoso. Esse novo trabalho é a punição da negligência no primeiro. A segunda prova se torna, assim, uma expiação.
Para o condenado a quem se faz esperar um abrandamento ou uma comutação, se se conduzir bem, a pena é ao mesmo tempo uma expiação por sua falta e uma prova para sua sorte futura. Se, à sua saída da prisão, não estiver melhor, sua prova é nula e um novo castigo conduzirá a uma nova prova.
Agora, se considerarmos o homem na Terra, veremos que ele aí suporta males de toda sorte, e por vezes cruéis. Esses males têm uma causa. Ora, a menos que os atribuamos ao capricho do Criador, somos forçados a admitir que a causa está em nós mesmos, e que as misérias que experimentamos não podem ser resultado de nossas virtudes. Então elas têm sua fonte nas nossas imperfeições.
Se um Espírito encarnar-se na Terra em meio à fortuna, às honras e a todos os prazeres materiais, poder-se-á dizer que sofre a prova do arrastamento. Para aquele que cai na desgraça por sua conduta ou sua imprevidência, é a expiação de suas faltas atuais, e pode-se dizer que é punido por onde pecou. No entanto, o que dizer daquele que, desde seu nascimento, está a braços com necessidades e privações; que arrasta uma existência miserável e sem esperança de melhora; que sucumbe ao peso de enfermidades congênitas, sem ter ostensivamente nada feito para merecer tal sorte? Quer seja uma prova, quer uma expiação, a posição não é menos penosa e não seria mais justa do ponto de vista do nosso correspondente, porque se o homem não se lembra da falta, também não se lembra de haver escolhido a prova. Assim, há que buscar alhures a solução da questão.
Como todo efeito tem uma causa, as misérias humanas são efeitos que devem ter uma causa. Se essa causa não estiver na vida atual, deve estar numa vida anterior. Além disso, admitindo a justiça de Deus, tais efeitos devem ter uma relação mais ou menos íntima com os atos precedentes, dos quais eles são, ao mesmo tempo, castigo para o passado e prova para o futuro. São expiações no sentido de que são consequência de uma falta, e provas em relação ao proveito delas tirado. Diz-nos a razão que Deus não pode ferir um inocente. Logo, se somos feridos e se não somos inocentes, o mal que sentimos é o castigo, e a maneira de suportá-lo é a prova.
Mas, acontece muitas vezes que a falta não se acha nesta vida. Então acusa-se a justiça de Deus, nega-se a sua bondade, duvida-se, até, de sua existência. Aí, precisamente, está a prova mais escabrosa: a dúvida sobre a Divindade. Quem quer que admita um Deus soberanamente justo e bom deve dizer que ele só agirá com sabedoria, mesmo naquilo que não compreendamos, e que se sofremos uma pena, é porque fizemos por merecer. É, pois uma expiação.
Pela grande lei da pluralidade das existências, o Espiritismo levanta completamente o véu sob o qual essa questão deixava obscuridade. Ele nos ensina que se a falta não tiver sido cometida nesta vida, tê-lo-á sido em outra, e que assim a justiça de Deus segue o seu curso, punindo-nos por onde havíamos pecado.
Vem a seguir a grave questão do esquecimento que, segundo o nosso correspondente, tira aos males da vida o caráter de expiação. É um erro. Dai-lhe o nome que quiserdes, mas não fareis que não sejam a consequência de uma falta. Se o ignorais, o Espiritismo vo-lo ensina.
Quanto ao esquecimento das faltas em si, ele não tem as consequências que lhe atribuís. Temos demonstrado alhures que a lembrança precisa dessas faltas teria inconvenientes extremamente graves, porque isso nos perturbaria e nos humilharia aos nossos próprios olhos e aos do próximo; porque traria uma perturbação nas relações sociais e porque, por isso mesmo, entravaria o nosso livre-arbítrio.
Por outro lado, o esquecimento não é tão absoluto quanto o supõem. Ele só se dá na vida exterior de relação, no próprio interesse da Humanidade, mas a vida espiritual não sofre solução de continuidade. Tanto na erraticidade quanto nos momentos de emancipação, o Espírito se lembra perfeitamente, e essa lembrança lhe deixa uma intuição que se traduz na voz da consciência, que o adverte do que deve ou não deve fazer. Se ele não a escuta, então é culpa sua. Além disso, o Espiritismo dá ao homem um meio de remontar ao seu passado, senão aos atos precisos, ao menos aos caracteres gerais desses atos que ficaram mais ou menos desbotados na sua vida atual. Pelas tribulações que suporta, expiações ou provas, ele deve concluir que foi culpado. Pela natureza dessas tribulações, ajudado pelo estudo de suas tendências instintivas, e apoiando-se no princípio de que a mais justa punição é a consequência da falta, ele pode deduzir seu passado moral. Suas tendências más lhe ensinam o que resta de imperfeito a corrigir em si. A vida atual é para ele um novo ponto de partida. Ele aí chega rico ou pobre de boas qualidades, basta-lhe, pois, estudar-se a si mesmo para ver o que lhe falta, e dizer para si mesmo: “Se sou punido, é porque pequei.” E a própria punição lhe dirá o que fez.
Citemos uma comparação.
Suponhamos um homem condenado a tantos anos de trabalhos forçados, e aí sofrendo um castigo especial, mais ou menos rigoroso, conforme à sua falta; suponhamos, ainda, que ao entrar na prisão ele perca a lembrança dos atos que para lá o conduziram. Não poderá ele dizer para si mesmo: “Se estou na prisão, é que fui culpado, pois não se condena gente virtuosa, portanto, tratemos de nos tornarmos bom, para não voltarmos quando daqui sairmos.” Quer ele saber o que fez? Estudando a lei penal, saberá quais os crimes que para ali conduzem, porque não se é posto a ferros por uma estroinice; da duração e da severidade da pena, concluirá o gênero dos que deve ter cometido. Para ter uma ideia mais exata, terá apenas que estudar aqueles para os quais ele se sente instintivamente arrastado. Saberá, então, o que daí em diante deverá evitar para conservar a liberdade, e a isso será ainda excitado pelas exortações dos homens de bem, encarregados de instruí-lo e de guiá-lo no bom caminho. Se ele não tira proveito disso, sofrerá as consequências. Tal a situação do homem na Terra onde, como o grilheta, não pode ter sido posto por suas perfeições, desde que é infeliz e obrigado a trabalhar. Deus lhe multiplica os ensinamentos proporcionais ao seu adiantamento. Adverte-o incessantemente e o fere, até, para despertá-lo de seu torpor. Aquele que persiste no endurecimento não pode desculpar-se com a ignorância.
Em resumo, se certas situações da vida humana têm, mais particularmente, o caráter das provas, outras incontestavelmente têm o do castigo, e todo castigo pode servir de prova.
É um erro pensar que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta. Vemos diariamente na vida expiações voluntárias, sem falar dos monges que se maceram e se fustigam com a disciplina e o cilício. Assim, nada há de irracional em admitir que um Espírito na erraticidade escolha ou solicite uma existência terrena que o leve a reparar seus erros passados. Se tal existência lhe tivesse sido imposta, não teria sido menos justa, malgrado a ausência momentânea da lembrança, pelos motivos acima desenvolvidos. As misérias daqui são, pois, expiação, por seu lado efetivo e material, e provas, por suas consequências morais. Seja qual for o nome que se lhes dê, o resultado deve ser o mesmo: o melhoramento. Em presença de um objetivo tão importante, seria pueril fazer uma questão de princípio de uma questão de palavra. Isto provaria que se liga mais importância às palavras do que à coisa.
Temos prazer de responder às perguntas sérias e de elucidá-las, quando possível. A discussão é tanto mais útil com pessoas de boa-fé, que estudaram e querem aprofundar as coisas, pois é trabalhar para o progresso da ciência, quanto é ociosa com os que julgam sem conhecimento e querem saber sem se darem ao trabalho de aprender.

Crédito: IPEAK

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

USP aponta novos rumos para a ciência através da mediunidade


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Escrito por Redação   
uspUma pesquisa pioneira, concluída recentemente na Universidade de São Paulo, investigou em um estudo multidisciplinar através de pós-doutorado a mediunidade de Chico Xavier.
Alexandre Caroli Rocha, especialista em análise textual e Denise Paraná, especialista em elaboração de biografias pelo método de história oral, realizaram estudo sobre o tema em âmbito multidisciplinar e as portas do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP se abriram para a realidade empírica das capacidades mediúnicas, demonstrando a necessidade de um novo entendimento sobre a relação mente – cérebro através de teorias não-reducionistas.Sob a supervisão do professor dr. Francisco Lotufo Neto e do professor dr. Alexander Moreira-Almeida, da Universidade Federal de Juiz de Fora, MG, o estudo obteve apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, FAPESP. Foram dois anos de pesquisa que resultou em uma série de estudos, cuja divulgação o Correio Fraterno antecipa com exclusividade.
O primeiro artigo acaba de ser publicado pela revista científica internacional Explore, com o título "Investigating the Fit and Accuracy of Alleged Mediumistic Writing: A Case Study of Chico Xavier's Letters" ("Investigando a adequação e a acuidade da alegada escrita mediúnica: um estudo de caso das cartas de Chico Xavier", em tradução livre). Também assina este artigo a doutora Elizabeth Schmitt Freire, da Universidade de Abedeen, na Escócia, pesquisadora que somou esforços com a equipe.
O objetivo do pós-doutorado foi verificar, usando métodos acadêmicos, se na produção das cartas psicografadas de Chico Xavier havia indícios de obtenção 'anômala' de informações, ou seja, se Chico poderia ter acesso àquelas informações que escrevia em suas cartas psicografadas. "Investigamos se aqueles dados objetivos que tantas vezes traziam consolo aos familiares em luto eram verdadeiramente inacessíveis ao médium por vias comuns, ou seja, como por leituras, conversas etc. Além disso, fizemos um amplo levantamento bibliográfico sobre a relação mente – cérebro e a prática da mediunidade", explica Denise Paraná.
Para atingir esse objetivo, os pesquisadores tiveram um longo trabalho. "Era preciso verificar se a eventual fragilidade emocional dos parentes que procuravam consolo nas cartas de Chico os levava à crença de que o falecido era o autor das cartas, ou se havia nas cartas, de fato, registros dos falecidos", explicam os pesquisadores. Por isso, eles investigaram detidamente a veracidade das informações presentes nas cartas, fizeram longas e detalhadas entrevistas e buscaram documentos relativos aos casos estudados em arquivos particulares, acervos de jornais, cartórios etc.
Também compararam nas cartas psicografadas o estilo linguístico, as descrições físicas e de personalidade do autor espiritual (desencarnado) com seus traços quando ainda 'vivo'. Também foi analisado o conjunto de cartas produzidas por Chico Xavier para entender suas principais características, verificando-se o que havia de genérico e subjetivo nas psicografias, "tudo o aquilo que poderíamos aplicar a qualquer situação de morte, mas também aquilo que existia de particular a quem o texto foi atribuído".
Por fim, sistematizaram os dados, analisaram as informações coletadas e produziram artigos. No primeiro deles, já citado, descobriram que dos 99 itens de informações verificáveis, identificados em um conjunto de 13 cartas psicografadas, 98% tinham adequação clara e precisa e não havia nenhum item não adequado. Segundo os pesquisadores, concluiu-se que explicações comuns para tal acuidade de informação, como fraude, acaso, vazamento de informação e leitura fria seriam possibilidades apenas remotamente plausíveis.
Mesmo para os espíritas, que têm convicção na imortalidade da alma, os resultados da pesquisa são surpreendentes. "Sabemos que médiuns são humanos e, portanto, passíveis de erros". O próprio Chico costumava se lembrar disso e gostava de checar com os seus consulentes alguns dados das cartas particulares que psicografava. Entretanto, pesquisas como estas, que nos trazem evidências da sua fantástica capacidade mediúnica são muito bem-vindas. Somadas a outras pesquisas, elas ajudam a ampliar os horizontes da ciência em busca de novos modelos de entendimento da consciência humana e de nosso papel no universo", concluem.
A questão da mediunidade é fato para os espíritas e esse trabalho é uma das formas de sensibilizar a academia para isso, principalmente a comunidade internacional, que ainda desconhece quem foi Chico Xavier.

Publicado no jornal Correio Fraterno - edição 458 - julho/agosto 2014
 

FATALIDADE

Emmanuel
 
A fatalidade do mal é sempre uma criação devida à nós mesmos, gerando, em nosso prejuízo, a provação expiatória, em torno da qual passamos compulsoriamente a gravitar.
Semelhante afirmativa dispensa qualquer discussão filosófica, pela simplicidade com que será justo averiguar-lhe o acerto, nas mais comezinhas atividades da vida comum.
Uma conta esposada naturalmente é um laço moral tecido pelo devedor à frente do credor, impondo-lhe a obrigação do resgate.
Um templo doméstico entregue ao lixo sistemático transformar-se-á com certeza num depósito de micróbios e detritos, determinando a multiplicação de núcleos infecciosos de enfermidade e morte.
Um campo confiado ao império da erva daninha converter-se-á, sem dúvida, na moradia de vermes insaciáveis, compelindo o lavrador a maior sacrifício na recuperação oportuna.
Assim corre em nosso esforço cotidiano.
Não precisamos remontar a existência passadas para sondar a nossa cultura de desequilíbrio e sofrimento.
Auscultemos a nossa peregrinação de cada dia.
Em cada passo, quando marchamos no mundo ao sabor do egoísmo e da invigilância, geramos nos companheiros de experiência as mais difíceis posições morais contra nós.
Aqui, é a nossa preguiça, atraindo em nosso desfavor a indiferença dos missionários do trabalho; ali, é a nossa palavra agressiva ou impensada, coagulando a aversão e o temor ao redor de nossa presença.
Acolá, é o gesto de incompreensão provocando a tristeza e o desânimo nos corações interessados em nosso progresso; e, mais além, é a própria inconstância no bem, sintonizando-nos com os agentes do mal...
Lembremo-nos de que os efeitos se expressarão segundo as causas e alteremos o jogo das circunstância, em nossa luta evolutiva, desenvolvendo, conosco e em torno de nós, a mais elevada plantação de amor e serviço, devotamento e boa vontade.
“Acharás o que procuras”, disse-nos o Senhor:
E, em cada instante de nossa vida, estamos recolhendo o que semeamos, dependendo da nossa sementeira de hoje a colheita melhor de amanhã.
 
 
Psicografia Francisco Cândido Xavier Livro FÉ, PAZ E AMOR

Entre Chamados e Escolhidos


 
Emmanuel
 
Apreciando aquele ensinamento dos “chamados e escolhidos”, a destacar-se da palavra do Senhor, nas lições do Evangelho, mentalizemos  o assunto, transferindo-o a uma oficina terrestre.
Em favor da produção de serviço, são aí admitidos colaboradores de variada procedência, escalonados em classes diversas.
Todos são chamados pela obra a fazer, a fim de conjugarem esforços dentro das finalidades da instituição a que se ajustam.
Entretanto, raros se portam à altura dos compromissos que assumem.
Muitos deles devoram o tempo, renovando indagações incessantes acerca dos problemas comezinhos da casa, a pretexto de recolherem esclarecimentos e diretrizes.
São os servos ociosos.
Outros muitos confiam-se à irascibilidade e à cólera, arrojando de si os fluídos empestados da indisciplina com que espalham o fogo da rebelião e o gelo do desânimo, anulando máquinas e desencorajando os companheiros.
São os servos revoltados.
Muitos ainda entregam-se ao culto da lisonja, abandonando as obrigações que lhes cabem, para tecerem elogios venenosos à pessoa dos dirigentes, com o fim de lhes subornarem a consciência, à cata de vantagens materiais.
São os servos bajuladores.
Muitos se refugiam nos programas extensos, salientando o futuro com discursos brilhantes, nos quais se reportam a imaginárias realizações, abominando os deveres humildes que consideram indignos da inteligência que lhes é própria.
Mas há um tipo de cooperador que indaga pouco e age muito, que cultua a dignidade pessoal sem descer aos desvarios do orgulho, que sustenta o respeito devido à ordem sem se render à adulação e que traça diretivas de trabalho para cumpri-las, cada dia, ao preço do próprio amor e da própria renúncia.
Servos desses são aqueles que o serviço elege por seus diretores, sem qualquer recurso a caprichos particulares.
Assim, para que te faças escolhido como sustentáculo na obra  da luz e do amor, não basta te consagres a longas plataformas verbais ou a preciosas promessas da boca, vazias de substância e sentido.
Antes de tudo, é imprescindível saibamos escolher a própria luz e o próprio amor como normas de nossa vida, porque assim, através do constante serviço aos outros, edificaremos o verdadeiro serviço a nós mesmos em abençoada e permanente ascensão.
 
F É,   P A Z   E   A M O R  -  Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

Estudando o Perdão

Estudando o Perdão

 
Emmanuel
 
O Pai Excelso esculpiu potencialmente na alma de todos os Seus filhos a beleza e a sublimidade da Sua Lei a expressar-se não somente em Amor Infinito para todos os seres, mas igualmente em dignidade para todas as criaturas.
Em razão disso, a Misericórdia Divina atende a múltiplos meios de auxílio, desdobrando-os em favor dos espíritos sofredores e transviados, promovendo a criação de obstáculos que refazem a esperança, de lutas que desenvolvem faculdades entorpecidas, de aflições que impulsionam a procura da paz e de dores que recuperam e reeducam; todavia, o entendimento mais obtuso e a sensibilidade mais empedernida em acordando, um dia, para a realidade, contemplam a si mesmos e suspiram pela respeitabilidade espiritual que legitima o selo da elevação...
E o primeiro impulso que lhes orienta o novo roteiro é justamente aquele do homem irrepreensível que busca o resgate dos próprios débitos, levantando o caráter perante a luz.
Ainda mesmo que a dívida lhes reclame séculos de tormento, ao tormento se entregam, renovados e confiantes, na certeza de que o tempo, como graça de Deus, lhes facultará possibilidade e socorro para que se refaçam.
O perdão, na vida, qual ocorre na organização bancária do mundo, será empréstimos de recursos, moratória benevolente, reforma de compromissos e aval generoso e nobre, com bases na solidariedade e na tolerância, porque, em verdade pura, consciência nenhuma, quando voltada ao bem, deseja inocentar-se e, agora, hoje ou amanhã, consagra-se a pagar seus débitos no mundo para reerguer-se, limpa, ante a Justiça Eterna que coroa de luz quem lavou, por fim, o mal das suas próprias contas, em ceitil por ceitil.
 
F É,   P A Z   E   A M O R  -  Francisco Cândido Xavier - Emmanuel
Transcrição : Valéria

Parafraseando a parábola dos talentos

ESTUDO   DA   PARÁBOLA
 Irmão X

Comentávamos a necessidade da divulgação da Doutrina Espírita, quando o rabí Zoan ben Ozias, distinto orientador israelita, hoje consagrado às verdades do Evangelho no Mundo Espiritual, pediu licença a fim de parafrasear a parábola dos talentos, contada por Jesus, e falou, simples:
- Meus amigos, o Senhor da Terra, partindo, em caráter temporário, para fora do mundo, chamou três dos seus servos e, considerando a capacidade de cada um, confiou-lhes alguns dos seus próprios bens, a título de empréstimo, participando-lhes que os reencontraria, mais tarde, na Vida Superior...
Ao primeiro transmitiu o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade e o Prestígio; ao segundo concedeu a Inteligência e a Autoridade, e ao terceiro entregou o Conhecimento Espírita.
Depois de longo tempo, os três servidores, assustados e vacilantes, compareceram diante do Senhor para as contas necessárias.
O primeiro avançou e disse:
- Senhor, cometi muitos disparates e não conseguí realizar-te a vontade, que determina o bem para todos os teus súditos, mas, com os cinco talentos que me puseste nas mãos, comecei a cultivar, pelo menos com pequeninos resultados, outros cinco, que são o Trabalho, o Progresso, a Amizade, a Esperança e a Gratidão, em alguns dos companheiros que ficaram no mundo... Perdoa-me, ó Divino Amigo, se não pude fazer mais!...
O Senhor respondeu tranquilo:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que ajudaste.
Veio o segundo e alegou:
- Senhor, digna-te desculpar-me a incapacidade... Não te pude compreender claramente os desígnios que preceituam a felicidade igual para todas as criaturas e perpetrei lastimáveis enganos... Ainda assim, mobilizei os dois valores que me deste e, com eles, angariei outros dois que são a Cultura e a Experiência para muitos dos irmãos que permanecem na retarguarda...
O Excelso Benfeitor replicou, satisfeito:
- Bem está, servo fiel, pois não erraste por intenção... Volta ao campo terrestre e reinicia a obra interrompida, renascendo sob o amparo das afeições que ajuntaste.
O terceiro adiantou-se e explicou:
- Senhor, devolvo-te o Conhecimento Espírita, intocado e puro, qual o recebi de tua munificência... O Conhecimento Espírita é Luz, Senhor, e, com ele, aprendi que a tua Lei é obra dura demais, atribuindo a cada um conforme as próprias obras. De que modo usar uma lâmpada assim, brilhante e viva, se os homens na Terra estão divididos por pesadelos de inveja e ciúme, crueldade e ilusão? Como empregar o clarão de tua verdade sem ferir ou incomodar? e como incomodar ou ferir, sem trazer deploráveis consequências para mim próprio? Sabes que a Verdade, entre os homens, cria problemas onde aparece... Em vista disso, tive medo de tua Lei e julguei como sendo a medida mais razoável para mim o acomodar-me com o sossego de minha casa... Assim pensando, ocultei o dom que me recomendaste aplicar e restituo-te semelhante riqueza, sem o mínimo toque de minha parte!...
O Sublime Credor, porém, entre austero e triste, ordenou que o tesouro do Conhecimento Espírita lhe fosse arrancado e entregou, de imediato, aos dois colaboradores diligentes que se encaminhariam para a Terra, de novo, declarando, incisivo:
- Servo infiel, não existe para a tua negligência outra alternativa senão a de recomeçares toda a tua obra pelos mais obscuros entraves do principio...
- Senhor!... Senhor!... – chorou o servo displicente. – Onde a tua equidade? Deste aos meus companheiros o Dinheiro, o Poder, o Conforto, a Habilidade, o Prestígio, a Inteligência e a Autoridade, e a mim concedeste tão-só o Conhecimento Espirita... Como fazes cair sobre mim todo o peso de tua severidade?
O Senhor, entretanto, explicou, brandamente:
- Não desconheces que te atribuí a luz da Verdade como sendo o bem maior de todos. Se ambos lhes faltava o discernimento que lhes podias ter ministrado, através do exemplo, de que fugiste por medo da responsabilidade de corrigir amando e trabalhar instruindo... Escondendo a riqueza que te emprestei, não só te perdeste pelo temor de sofrer e auxiliar, como também prejudicaste a obra deficitária de teus irmãos, cujos dias no mundo teriam alcançado maior rendimento no Bem Eterno, se houvessem recebido o quinhão de amor e serviço, humildade e paciência que lhes negaste!...
- Senhor!... Senhor!... porquê? – soluçou o infeliz – porque tamanho rigor, se a tua Lei é de Misericórdia e Justiça.
Então, os assessores do Senhor conduziam o servo desleal para as sombras do recomeço, esclarecendo a ele que a Lei, realmente, é disciplina de Misericórdia e Justiça, mas com uma diferença: para os ignorantes do dever. A Justiça chega pelo alvará da Misericórdia; mas, para as criaturas conscientes das próprias obrigações, a Misericórdia chega pelo cárcere da Justiça.

Livro Estante  da  Vida  –  Pelo Espírito “Irmão X” - Psicografia Francisco C. Xavier