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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Gratidão Infinita

Gratidão Infinita

Recordo-me, mãezinha, de algumas das noites em que me encontrando enferma você velava pela minha saúde, demorando-se insone e preocupada.
Toda vez quando eu despertava, após ligeiro sono produzido pela febre, o seu rosto sorridente e os seus olhos fixos em mim, ofereciam-me segurança e proporcionavam-me paz.
Naqueles dias eu não entendia exatamente o que se passava, mas a sua presença constante era para mim a felicidade que sempre almejava.
Os anos foram se acumulando e eu, ao adquirir a experiência do conhecimento, passei a compreendê-la, a amá-la profundamente, em razão de todos os sacrifícios silenciosos que você sempre realizava.
A sua vida passou a girar em torno da minha, devotando-se sempre e renunciando sempre, a fim de que nada me faltasse, fosse do ponto de vista material ou, principalmente, moral e espiritual.
Os seus exemplos de dignidade enriqueceram-me o coração e a mente, ensinando-me a melhor conduta a manter em todos os meus dias, havendo resultado em uma existência feliz.
Sem o seu amparo e a sua fé generosa e firme na Divindade, eu não teria conseguido edificar-me interiormente, e me encontraria assinalada por inúmeros conflitos que o seu carinho diluiu no nascedouro.
Sua presença em minha existência é tão forte e significativa que a revejo em mil acontecimentos do dia a dia mas, sobretudo, na forma como você me ajudou a amadurecer psicologicamente, a fim de preservar a minha liberdade, movimentando-me na construção moral edificante que você me proporcionou.
Observo a sociedade em desalinho, na atualidade, os descalabros que tomam conta da família e da comunidade, e constato que todo esse fenômeno começa no lar, especialmente naquele no qual o anjo maternal foi relegado a plano secundário. seja porque não soube ou não quis cumprir com a missão para a qual veio à Terra, ou porque filhos difíceis e espiritualmente enfermos desertaram dos compromissos assinalados pela educação doméstica.
Você conseguiu o milagre de ser generosa e severa, amiga e confidente, sem pieguismo nem censuras descabidas, mãe e mestra bondosa e sábia.
Não é fácil reunir tantas qualidades morais em uma só pessoa, mas as mães abnegadas logram possuir e aplicar esses tesouros sublimes na educação dos filhos.
Nunca poderei retribuir-lhe parte sequer de tudo quanto me ofertou, mas cabe-me o dever de ser fiel à verdade e preservar a honra acima de quaisquer vantagens enganosas, não a decepcionando em momento algum, porque foi dessa maneira que você viveu e me aparelhou para os enfrentamentos do processo da evolução.
Abençoo-lhe a memória e comovo-me ao recordar os momentos que vivemos juntas, nossos diálogos edificantes e nossos momentos de preocupações assim como os de sorrisos.
Sabendo-a no país da imortalidade triunfante, desejo expressar-lhe o meu carinho filial, suplicando à Mãe Santíssima de Jesus que a tenha entre as Suas beneficiadas pelo amor, fazendo parte da corte dos anjos que a auxiliam no socorro à Humanidade.
Mãezinha querida!
Por sua vez, abençoe a filha que a ama e lhe é profundamente reconhecida.
 
Amélia Rodrigues.
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na tarde de 29
de abril de 2014, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.
Em 26.5.2014.

Fonte:http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 153

 
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Comentários de Miramez:
 

Fonte: http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev3q153c.html

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 152

 
Se as almas se confundissem num amálgama só teriam as qualidades do conjunto, nada as distinguiria uma das outras. Careceriam de inteligência e de qualidades pessoais quando, ao contrário, em todas as comunicações, denotam ter consciência do seu eu e vontade própria. A diversidade infinita que apresentam, sob todos os aspectos, é a conseqüência mesma de constituírem individualidades diversas. Se, após a morte, só houvesse o que se chama o grande Todo, a absorver todas as individualidades, esse Todo seria uniforme e, então, as comunicações que se recebessem do mundo invisível seriam idênticas. Desde que, porém, lá se nos deparam seres bons e maus, sábios e ignorantes, felizes e desgraçados; que lá os há de todos os caracteres: alegres e tristes, levianos e ponderados, etc., patente se faz que eles são seres distintos. A individualidade ainda mais evidente se torna, quando esses seres provam a sua identidade por indicações incontestáveis particularidades individuais verificáveis, referentes às suas vidas terrestres, Também não pode ser posta em dúvida, quando se fazem visíveis nas aparições. A individualidade da alma nos era ensinada em teoria, como artigo de fé. O Espiritismo a torna manifesta e, de certo modo, material.
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Comentários de Miramez:
 
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 151

 
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Comentário de Miramez:


 
Muitos dizem, convictos, ao pé da letra:- “O Cristo voltará”, sem atinar como será essa volta. Ele já veio para muitos e continua a vir para os que estão maduros de sentimentos. O Senhor nos aparece pelos processos do Amor O Espírito é imortal, e como comprovação desta verdade podemos analisar os escritos em todo o mundo, principalmente os que fundamentam as religiões. Todas elas nasceram das comunicações dos Espíritos, por processos diversos. A própria Bíblia, da Gêneses ao Apocalipse, apresenta vários relatos de comunicações dos anjos com os homens. E essas comunicações continuam, por métodos diferentes, mas, são os mesmos Espíritos anunciando as mesmas coisas: que ninguém morre, que Deus é uma realidade, que nós devemos nos esforçar para viver em paz com a consciência.

Fonte: http://www.olivrodosespiritoscomentado.com/fev3q151c.html

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 150

 

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Comentários de Miramez:
 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

O CÁLICE DA AMARGURA "Prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu pai; se é possível, passe de mim este cálice" todavia, não seja feito como eu quero, mas como tu quiseres." (Mateus, 26:39)

O CÁLICE DA AMARGURA
"Prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu pai; se é possível,
passe de mim este cálice" todavia, não seja feito como eu quero, mas como tu
quiseres." (Mateus, 26:39) 

Afirma o evangelista Mateus que Jesus Cristo formulou veemente rogativa a Deus no sentido de passar dele a necessidade de tragar o cálice de amargura, simbolizado no sacrifício que se cumpriria no alto do Calvário. Após repetir a sua prece por trê vezes consecutivas, não houve um deferimento favorável, e o drama da crucificação se cumpriu em todos os detalhes.
O Mestre, que havia preceituado: "Pedi e dar-se-vos-á, buscai e achareis e batei e abrir-se-vos-á" ali estava advogando o cancelamento do martírio na cruz, entretanto não deixou de condicionar a sua vontade à soberana vontade de Deus. Nos desígnios do Pai o sacrifício do Calvário era um imperativo, sem o qual a doutrina que o Mestre viera trazer, não triunfaria na face da Terra, ao ponto de, em três séculos apenas, causar a derrocada do Paganismo, solapando as precárias bases em que se fundamentava a religião dos povos mais poderosos da Terra.
Devemos nos lembrar que todos nós, em maior ou menor escala, temos um Calvário em nossa vida, por isso tanto em relação a nós o Criador não modifica a cada instante os desideratos superiores. Muitas das rogativas que erguemos não são aceitas porque assumimos compromissos espirituais importantes antes da nossa encarnação terrena, e se modificando o curso da nossa vida ao sabor da nossa vontade, é óbvio que ocorreria uma estagnação e dificilmente colimaríamos o nosso aprimoramento espiritual.
O advento de Jesus Cristo na Terra indubitavelmente exigiu intensa preparação espiritual, principalmente nos séculos que antecederam a sua integração no ambiente terreno. Se João Batista foi o seu precursor imediato, lembremo-nos de que muitos profetas de Israel também cooperaram para a sua vinda, fornecendo detalhes minuciosos sobre a sua inconfundível personalidade e esboçando, em linhas gerais, a razão primária da sua missão no seio da Humanidade.
A tarefa desenvolvida entre nós por Jesus Cristo não foi mera caminhada pelas estradas da Galiléia. Não foi também uma peregrinação com o objetivo de curar alguns paralíticos, restaurar a vista a alguns cegos, limpar alguns leprosos ou expelir alguns maus Espíritos. O advento de Jesus foi algo sublime demais, pois ele trouxe para a Humanidade uma mensagem de vida eterna, uma doutrina suscetível de impulsionar o gênero humano para os seus verdadeiros objetivos, um código de moral que serviria de fundamento para a reforma moral dos indivíduos. O Messias veio para curar os doentes da alma e levantar aqueles que estão alquebrados pelas tribulações da vida terrena. Veio também para convocar aqueles que malbaratam os "alores que Deus, por excesso de misericórdia, lhes concedeu, despertando-os de uma inércia incompatível com a necessidade de reforma interior.
Se a missão desempenhada por Jesus Cristo demanda séculos de preparação, devemos também convir que a tarefa de muitos Espíritos que encarnam na Terra, também exige preparação, planejamento e sobretudo obedecem a desígnios superiores, previamente estabelecidos.
Deste modo, podemos afirmar que nem todos os nossos apelos dirigidos ao Alto podem ser atendidos, uma vez que qualquer desvio em nossa vida poderá representar séculos de retardamento. A satisfação dos nossos desejos representaria postergação de fatores que são imprescindíveis à nossa reforma espiritual.
Sendo a Terra uma imensa escola, na qual os nossos Espíritos se aprimoram, despojando-se de suas imperfeições, é lógico que deveremos assimilar todas as lições que nos são propiciadas pois, se protelarmos o nosso aprendizado, além de adiarmos nossa evolução, estaremos também contribuindo para o atravancamento do progresso espiritual da Humanidade, causando o retardamento no advento de uma nova era, quando o mundo será mai, espiritualizado, mais moralizado e sobretudo mais evangelizado.
Paulo A. Godoy

A "outra" plateia de Divaldo Franco

A "outra" plateia de Divaldo Franco

Autor: Suely Caldas Schubert

Nos dias 19 e 20 de setembro do corrente ano (1987), Divaldo Franco esteve em Juiz de Fora para realizar um seminário e uma palestra pública. O seminário, cuja freqüência foi limitada, teve como tema "A Ciência do Espírito", dividido em três módulos com três horas cada, sendo realizado no salão da F acuidade de Ciências Econômicas, de 400 lugares e que esteve lotado.



Três dias depois, ou seja, no dia 23, em nossa reunião mediúnica, no ,Centro Espírita "Joanna de Angelis", tivemos interessante comunicação que nos trouxe uma outra visão sobre as atividades que se realizam no plano espiritual simultaneamente às palestras proferidas por Divaldo Franco.



Primeiramente são necessários alguns esclarecimentos.



Ao se dirigir do Rio a Juiz de Fora, na 6a-feira, dia 18, nas proximidades de Três Rios, o carro em que Divaldo viajava sofreu um acidente, felizmente sem maiores proporções.



Ao que parece houve problema na barra de direção e o automóvel, numa curva, se desgovernou indo de encontro à barra de ferro que divide as pistas.



Como estivesse a uma velocidade de 50 km, não aconteceu algo mais grave. Mesmo assim duas das três senhoras tiveram fraturas, uma no joelho e a outra no nariz e frontal, e Divaldo, várias contusões na altura das costelas, quadris, perna e pequenos cortes.



Isto ocasionou-lhe fortes dores, além do desgaste emocional e psíquico natural nessas ocorrências. Mesmo assim, compareceu a todas as atividades programadas, embora tivesse de fazê-lo à custa de forte analgésico antiinflamatório.



E necessário ainda mencionar que este é o 28° ano consecutivo em que Divaldo comparece a es¬ta cidade. Sempre promovemos as suas palestras. Sendo assim, os fatos que vamos narrar não são fruto de um entusiasmo de quem o conhece há pouco e por isto se deixou impressionar pela palestra magistral e pelo belíssi¬mo seminário realizado.



"estes anos todos, nós, que temos escri¬to sobre mediunidade e comuni¬cações mediúnicas, não viven¬ciamos nada semelhante ao que iremos contar, embora soubésse¬mos que existe (como também o sabem todos os espíritas), a não ser por pequenos relatos de um ou outro Espírito e aquilo que lemos nos livros da Doutrina. (1 )



Ao final da reunião, comunica-se por nosso intermédio um Espírito de certa cultura e grande facilidade para falar.



Estava veemente, caloroso e deixando transparecer certa emoção. Começa a prestar o seu depoimento.

- Eu não posso deixar de lhes falar da experiência que vivi neste final de semana. Eu mesmo pedi para fazê-lo, porque sinto imperiosa necessidade de contar o que me sucedeu. Não o faço, porém, por simpatia, pois a verdade é que ainda não consigo achá-los simpáticos. Faço-o porque preciso.



Saibam que eu acompanhava, de longe, com meus companheiros, a viagem do carro no qual estava aquele homem que lhes vinha ensinar. Tudo o que então ocorreu não foi culpa nossa, isto é, nós não provocamos aquele acidente com o carro, embora nos alegrássemos com o acontecido.



Mas não o provocamos, apenas aplaudimos, desejando que se calasse para sempre aquela voz.



Quando pressentimos que algo não estava indo certo e que tentamos nos aproximar para "ajudar" a acontecer fomos impedidos por uma espécie de "campo de força" e eu lhes afirmo que uma corrente de luz cercou o veículo e as pessoas, enquanto um certo número desses guias de vocês, com muita luz cada um deles, defendiam e socorriam, de forma pouco compreensível para nós, os passageiros.



E foi tal a força e tal a luz que nos assustamos e tentamos



correr, como cachorrinhos amedrontados.



Todavia, a partir desse momento, ficamos como que imantados àquele indivíduo, como se dele dependêssemos para resolver as nossas vidas.





Até então eu julgava que ele não daria conta da programação, sentia satisfação em imaginar que teriam de suspendê-la, pois eu "via" as dores dele e avaliando-as deduzi que seriam impedimento insuperável.



Estávamos nessa expectativa quando fomos sendo levados daqui para ali e, em conseqüência disso, assistimos tudo.



- Primeiro eu me admirei da luz que o cercava, dos guardiões que o defendiam e da vontade férrea que ele demonstrou ao não se deixar abater. Ao chegar ao local do seminário novas surpresas me estavam reservadas.



Eu via o público mas este não via a nossa platéia, no plano extrafisico, com o triplo de pessoas.





Todo o palco estava tomado por aparelhos de natureza espiritual, também ao longo do salão, estrategicamente colocados, que projetaram para nós cenas as mais diversas, desde as ligadas à nossa própria vida até aquelas outras em que se via o "chefe" de vocês, chamado Codificador.





- Enquanto ele falava, os aparelhos eram acionados no nosso plano e para a nossa assembléia. As cenas eram plasmadas, projetavam-se no espaço, ganhavam vida, tornavam-se independentes da palestra e em espaços de tempo bem menores que os da dimensão terrestre assistimos às pesquisas a que ele ia se referindo, como se naquele instante ocorressem.



Vimos chegar os filósofos e os cientistas em imponente desfile de luzes. Enquanto as épocas se desenrolavam, de forma difícil de explicar, cada um de nós acompanhou também trechos de sua própria vida.



Nos intervalos, quando o público "vivo" se retirava nós permanecemos, pois a seqüência de esclarecimentos em nossa esfera foi ininterrupta.



Pela primeira vez me foi dado compreender o alcance do trabalho que esse homem realiza. Vi as pessoas correndo aflitas pa¬ra ele, pedindo notícias de parentes mortos, falando de doenças, cumulando-o de perguntas e mais perguntas e sendo atendidas pacientemente.



Ele - vejam bem - que mal podia respirar pela dor, pelo cansaço. Quando se aproximavam observei que todo o auditório estava imantado a ele, não apenas nós. Havia uma ligação entre todos, nos dois planos da vida.



Pareceu-me que poderia compará-lo a uma usina de força e energia, que emitia luz, uma luz que vinha do Alto e que, passando por ele, envolvia a todos. Os parentes, cá da nossa esfera - que ele vê e ouve -, deram quantas notícias lhes foram permitidas, que ele ia repetindo - nomes, apelidos, situações, conselhos - enquanto as pessoas choravam e riam de emoção, de alegria.



(O doutrinador quis dizer alguma coisa, mas o comunicante, tornando-se mais veemente, o impediu, dizendo ser necessário prestar o seu depoimento até o fim.)



Esclareço, entretanto, que a nossa perseguição em relação a vocês (referindo-se ao grupo) não começou agora. Não se iniciou nesses dias, nem no ano passado, pois nossas vidas estão enredadas.

Eu faço parte da vida de vocês, sou alguém que conhecem profundamente. Neste momento, embora não lhes tenha simpatia, sinto que simpatizam comigo, estão emitindo vibrações solidárias, afetuosas para mim.



Pois foi exatamente assistindo a tudo isto, o seminário de nossas próprias vidas, que eu e o meu grupo finalmente capitulamos.



- E eu lhes digo que, para espanto geral, esse homem que lhes veio ensinar, no primeiro momento em que logrou adormecer veio ao nosso encontro para nos dizer que nos compreendia e que não somente nos perdoava, mas que amava a cada um e que nos esperava há muito tempo!



- Fiquei vexado, constrangido - Vejam a minha situação.



À medida que fui assistindo às reuniões e descobrindo a "ciência da vida", a "ciência do Espírito" . fui envelhecendo.

Entrei em contacto com a realidade e, se antes me sentia jovem, forte e poderoso, aos poucos fui envelhecendo como se todas aquelas épocas passassem sobre mim e me sulcassem profundamente.



Agora estou uma ruga só! Mas eu quisera ser monstruoso, aleijado, como aquele menino da palestra (2), quisera ter meus pés tolhidos, as mãos deficientes porque hoje eu sei que vou reencarnar. Preciso renascer aleijado para não incidir nos mesmos crimes (neste momento está emocionado, patético e a emoção toma conta de todos os participantes).



- Vocês, por exemplo (dirige-¬se ao grupo), não trazem defeitos físicos visíveis, mas, cada um, certamente, tem limitações físicas, constrições variadas no organismo, mas que são benditas porque lhes impedem de errar, cerceiam a liberdade e os fazem ficar atentos e vigilantes.



Tive vergonha e desespero, porque eu vi, na luz que sua palavra irradiava, que ele era absolutamente verdadeiro. Felizes são vocês (dirigindo-se aos presentes) que conheceram a verdade há mais tempo. Que mudaram de rumo e se integraram nesta doutrina - como vocês a chamam.



- Eu, contudo, preciso de muito mais. Preciso da deficiência física, da fealdade, como também preciso entrar em contacto com a Doutrina Espírita. Quem sabe um dia, os nossos caminhos se cruzem. (Ao dizer isso levanta o rosto e olha para a frente como quem fita o futuro.)



Quisera encontrar um de vocês, talvez os mais jovens, os que hoje são mais novos. Talvez nos encontremos nesse futuro que não está longe.

E tenho certeza de que nos iremos reconhecer. De alguma forma nos reconheceremos. Lembrem -se de mim, não se esqueçam de mim.

(Ao dizer essas frases o comunicante emociona-se. As lágrimas agora caem dos seus olhos e a voz está embargada).



- Eu estou sofrendo muito e recebo as vibrações de vocês. Elas me tocam o coração e já os vejo com simpatia e com irresistível afeto. (Pausa longa e emocionada. )



- Talvez, um dia, no futuro que me aguarda, nossos caminhos se cruzem e nessa casa que vocês terão e que eu já vejo (3) - é uma casa grande e bonita -, talvez um dia, ao passar em frente a ela, vendo abertas as suas portas, eu, finalmente, entre SUAS últimas palavras, a emoção que passou a todos os circunstantes ficaram repercutindo em nossos corações.

O silêncio, carregado dessas emoções, foi quebrado pela prece final, de gratidão a Deus, proferida pelo dirigente.



Nas vibrações da oração nos envolvemos, reflexionando intimamente sobre a bênção da mediunidade com Jesus e sobre o missionário labor do nosso tão querido Divaldo, o arauto da Doutrina Espírita, que a vive, exemplifica e prega, nos dois planos da vida, no Brasil e no mundo, nesses 40 anos de atividades, comemoradas neste ano de 1987. A ele, o nosso carinho e reconhecimento!



(1) Tivemos, há três anos, o relato de um Espírito sobre o outro lado do trabalho mediúnico de Chico Xavier, publicado em "Reformador", de novembro de 1984.

(2) Refere-se ao caso de Hugolin, narrado por Divaldo, que era um jovem de 14 anos, corcunda, deficiente e feio.



(3) Referência feita à futura sede do C. E. "Joanna de Ângelis".



Juiz de Fora.



24 de setembro de 1987.



Fonte: Reformador, Dezembro, 1987.



Livro: O Semeador de Estrelas
Fonte: http://www.oespiritismo.com.br/textos/ver.php?id1=370

domingo, 4 de maio de 2014

Evolução do Cristianismo

EVOLUÇÃO DO CRISTIANISMO


A história da evolução do Cristianismo é a saga do processo redentor da criatura humana.

A Constantino, imperador do Oriente, deve-se o ato gentil da liberação da prática da doutrina de Jesus em todo o império, eliminando qualquer tipo de perseguição ou limite.

Não havendo ele próprio conseguido lograr a convicção profunda dos conteúdos do Evangelho, tornou-se responsável pelos desmandos que surgiram, pelas interpolações e interpretações errôneas, bem como pela adoção de alguns cultos pagãos introduzidos na mensagem singela e pulcra do Homem de Nazaré.

Adorador de Mitra, o Deus-Sol do Zoroastrismo, mas também com outras interpretações, contribuiu grandemente para a idolatria, permitiu que os adeptos do Cristianismo em formulação, acautelados pela fortuna e outros bens materiais, perseguissem os antigos politeístas, transformassem os seus templos em catedrais faustosas.

Demolindo as antigas construções, mandavam erguer sobre elas, com nova indumentária arquitetônica, os santuários, nos quais os adeptos de Jesus deveriam reunir-se, com o olvido das pregações diante do altar sublime da natureza: nas praias, nas estradas, nas montanhas de Israel...

Logo contribuíram para que o imperador se transformasse no responsável pelo voto de Minerva, nos concílios, reuniões e discussões que se multiplicavam em abundância, em atendimento às paixões dos líderes denominados bispos, presunçosos uns, ignorantes outros, que se acusavam reciprocamente de heresias, em adulteração desrespeitosa aos ensinos de Jesus.

Constantino também se tornou responsável pela substituição dos mártires, tornados santos nos altares de ouro e de mármore dos antigos templos, em lugar dos ídolos pagãos.

Sua genitora, Helena, em viagem à terra santa, tornou-se responsável pela identificação da cruz em que morreu o Mestre, dos lugares em que Ele e os Seus apóstolos viveram, mandando erguer catedrais majestosas, iniciando o culto a relíquias, às quais atribuía poderes miraculosos e curativos, criando, pela rica imaginação, identificações, algumas delas muito longe da legitimidade...

Ainda no século IV, o papa Dâmaso convidou São Jerônimo para selecionar os textos considerados verdadeiros, canônicos, a cujo mister o patrístico aplicou vinte e cinco anos na gruta de Belém, comparando-os cuidadosamente com outros conceitos bíblicos, o que resultou na elaboração da Vulgata Latina. A essa coletânea deu-se o nome de estudos canônicos, legítimos, reconhecidos como verdadeiros pela Igreja de então.

As demais anotações, mais tarde introduzidas por outros estudiosos em O Novo Testamento, os deuterocanônicos, vêm sendo avaliadas através dos séculos, nos sucessivos concílios que trouxeram mais danos que esclarecimentos em torno da palavra do Senhor.

Nesse mesmo século IV, disputavam entre si as autoridades imperiais e eclesiásticas, enquanto o bispo de Roma, Dâmaso, permitia-se o luxo e a extravagância que o cargo lhe concedia, semelhando-se aos grandes generais e governantes das imensas metrópoles, muitíssimo distante do Rabi galileu...

Roma exigia ser a capital cristã do mundo, sob a justificativa de que os apóstolos do mestre, Pedro e, a seguir, Paulo, elegeram-na para o holocausto das próprias vidas, e as missas, que então eram celebradas, sofreram a introdução dos cultos do Oriente, transformando o hábito singelo de orar em complicadas fórmulas, ora em grego, depois em latim, que as massas não podiam entender.

Posteriormente, surgiram os grandes dissídios, tais como os ortodoxos gregos, russos, que realizavam os seus cultos dentro das tradições dos respectivos países, os coptas e outros mais complicados...

Milão, que se tornara tão importante quanto Roma, tinha em Ambrósio o seu líder máximo, que, apaixonado, desviara-se completamente, logo depois do culto ao Senhor para o das imagens e para a venda de tudo quanto representasse a herança dos abençoados mártires, dando prosseguimento às alucinações da genitora de Constantino, que se atribuía o privilégio de haver encontrado, como já referido, a cruz em que Jesus morrera, com as palavras que lhe foram colocadas ironicamente pelos romanos, em refinada zombaria ao Sinédrio.

Logo depois, a mesma Helena atreveu-se a transformar alguns dos seus cravos em objeto de extravagância na coroa do filho, atribuindo-lhe proteção divina, o que dava lugar a superstições e desmandos acompanhados de falsificações e injúrias.

Cristãos, nessa época, passaram a matar pagãos, e quando Teodósio, mais tarde imperador de Roma, apresentou-se como cristão e desejou aplicar punições àqueles que cometeram hediondos crimes, Ambrósio exigiu-lhe retratação pública e humilhante para conceder-lhe o perdão.

A doutrina do amor e da compaixão, da misericórdia e da bondade estava crucificada!

Esse mesmo Ambrósio, que conseguira converter Agostinho de Hipona, em Milão, preocupava-se mais com detalhes e insignificâncias, considerando a virgindade feminina e masculina, como fundamental, como a conduta pulcra e sublime para a entrega a Deus, não havendo qualquer preocupação com o tormento mental e emocional dos clérigos e sacerdotes, assim como das viúvas, das jovens e dos rapazes que se dedicavam ao Senhor, e, para bem consagrar o novo impositivo que se tornaria dogma da religião nascente, introduziu o uso de indumentárias brancas e reluzentes, que significavam pureza, mesmo que o mundo interior fosse o sepulcro onde o cadáver das ansiedades pessoais descompunha-se.

Jerônimo, por sua vez, deixou-se também arrebatar pela loucura do mesmo século e tornou-se terrível adversário da palavra de Jesus, ao adulterá-la, fazendo-o com intercalações nefastas, intromissões que não se justificam, e mistura dos conceitos pagãos com os cristãos para o logro da dominação imperial.
O avanço do poder temporal deságua nas Cruzadas de rudes e perversas memórias, com os desastres e mortes de centenas de milhares de vidas de ambos os lados, cristãos e mulçumanos durante alguns séculos de horror, para a defesa da sepultura vazia que Ele deixara em Jerusalém...

Até o século XVI o tormento medieval, estabelecido pelos denominados Pais da Igreja (Patrística), corrompeu, desvitalizou e transformou a revolução sublime do Evangelho em cruz e fogueira, em morte e degradação, em poder temporal e mentira...

Novos tempos surgiram, porém, com Martinho Lutero e outros que não se submeteram às injunções poderosas do culto pagão.

A Reforma abriu espaços no estreito cubículo mental no qual foi encarcerada a doutrina do Mestre e ventos novos sopraram para retirar o mofo acumulado e derrubar algumas muralhas segregacionistas...

Logo depois, no entanto, surgiram as divisões e as controvérsias entre os discípulos de Lutero, ante a sua própria defecção, e apareceram as mais variadas denominações cada uma delas, como a verdadeira.

Nesse ínterim, quando a esperança não mais brilhava nas almas aflitas, chegou à humanidade o Consolador, e os imortais conclamaram os novos discípulos do Evangelho a voltarem às praias formosas do Genesaré, à natureza encantadora, aos abençoados fenômenos da compaixão e da misericórdia em que Jesus permanece como a figura máxima de humildade e sacrifício pessoal.

Investidas terríveis das hordas do mal novamente dão-se amiúde para prejudicar a reabilitação da criatura humana e a renovação da sociedade como um todo.
Começam a surgiu os primeiros disparates, os desrespeitos e impositivos egotistas de alguns profitentes, que elaboram e apresentam necessidades falsas para adaptações do pensamento espírita às paixões em predomínio, e surgem correntes de dissídio, as acusações recíprocas de lideranças, de médiuns, de Instituições, iguais ao mesmo fenômeno do passado que se repete...

Espíritas-cristãos, tende cuidado!

O mundo, o século são sedutores, fascinantes. As suas falácias sutis e declaradas são perversas, enganosas.

Tende tento! Não sois diferentes daqueles homens e mulheres que, num momento, se dedicavam a Jesus e, logo depois, corrompiam a Sua palavra.

Assumistes o compromisso, antes do berço, de restaurardes a paz íntima perdida, as lições sublimes que vós mesmos deturpastes no passado, quando contribuístes em favor do naufrágio da fé pura e racional...

O Centro Espírita merece respeito, fidelidade ao compromisso nele estabelecido: iluminar consciências e consolar sentimentos.

Obreiros invisíveis laboram incessantemente em vosso benefício. Como vedes somente o exterior, não tendes a dimensão do que se passa nele além das vibrações materiais.

Considerai-o, oferecei a esse núcleo de oração, a essa oficina que é um educandário, um templo, um hospital transcendental, o respeito e a dedicação indispensáveis que são exigidos para o fiel cumprimento das responsabilidades abraçadas.

A modesta estrebaria onde Jesus nasceu, a vergonhosa cruz em que Ele foi levado a holocausto, ou a radiosa manhã da ressurreição, devem, permanecer vivas em nossa memória, a fim de serem preservadas a Sua vida e o Seu amor pela humanidade.

Sois as mãos, a voz, o sentimento dEle no mundo moderno.

Vivei por definitivo conforme Ele o fez e ensinou a fazer, mantende cuidado com as ilusões tão rápidas como luminosas bolhas de sabão que explodem ao contato do ar ou de encontro a qualquer objeto perfurante.

O Consolador triunfará, porque é o próprio Jesus de volta ao mundo para iluminá-lo e conduzi-lo no rumo da sua próxima regeneração.



pelo EspíritoVianna de Carvalho. Psicofonia de Divaldo Pereira Franco, na reunião mediúnica de 20 de janeiro de 2014, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, BA Do site: http://www.divaldofranco.com.br/mensagens.php?not=359.

sexta-feira, 4 de abril de 2014

O Terceiro Céu

O reino de Deus não vem com aparência exterior.
Nem dirão: Ei-lo aqui, ou ei-lo ali, porque eis que o reino de Deus está entre vós".

(Lucas, 17:20-21).

Já se foram os tempos em que os homens supunham ser o nosso mundo o centro de todo o Universo, quando então teorias aberrantes foram impostas como verdades irretorquíveis.

Os gregos, por exemplo, admitiam a Terra como imenso disco, supondo que o centro de tal disco estava exatamente no famoso santuário de Apoio, em Delfos, a poucos quilômetros do golfo de Corinto. Nesse santuário, famoso pelo seu oráculo, havia mesmo um cone de mármore branco, considerado por todos como o "umbigo" do mundo...

No tocante aos céus, também existiam várias teorias, pois, segundo a opinião generalizada, havia sete céus. Os muçulmanos admitem nove céus, em cada um dos quais se aumenta a felicidade dos crentes. n sábio Ptolomeu, que viveu em Alexandria, no segundo século da era cristã, contava onze céus e denominava ao último Empireu (do grego, pur ou pyr, fogo) por causa da luz intensa que afirmava nele existir. Os poetas afirmavam ser esse o lugar da eterna glória. A teologia cristã, por sua vez, reconhece três céus: o primeiro é o da região do ar e das nuvens, o segundo o espaço em que giram os astros, e o terceiro, a morada do Altíssimo, onde estariam aqueles que segundo os seus ensinos, gozam da bem-aventurança e estão no estado de contemplação beatífica.

Sobre a vida no além-túmulo, ensina também que o homem vive uma só vez, depois do que será submetido a dois julgamentos distintos: um logo depois da morte, chamado juízo particular, e outro no fim do mundo, denominado juízo universal, ou final. Depois do primeiro, as almas vão diretamente ou para o céu, onde "se goza da vista de Deus e de todos os bens, sem mistura de mal", ou para o inferno, onde, ao contrário, "se sofre a privação da vista de Deus, o fogo eterno e todos os males, sem mistura de bem". Sustenta ainda que as almas que tenham apenas pecados venais, permanecem por algum tempo em uma estância intermediária o purgatório, antes de serem recebidas no céu.

Por outro lado, essa teologia situou Deus nos confins do Universo, em vez de colocá-lo no centro, donde o seu pensamento poderia irradiar e abranger tudo.

A evolução se processou de forma espantosa, a ciência desvendou novas verdades, a Terra deixou de ser o centro do universo, o céu foi deslocado e a região estelar, sendo ilimitada, deitou por terra a teoria na existência desses céus superpostos, e isso fez emudecer todas as religiões.

Paulo, em sua 11 Epístola ao Coríntios, afirmou: "Conheço um homem em Cristo que há quatorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi arrebatado até ao terceiro céu. E sei que o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei; Deus o sabe) foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, de que ao homem não é licito falar". (I1 Cor. 12:2-4).

É inegável que o homem mencionado por Paulo foi arrebatado, em espírito, a um plano espiritual de grande elevação e, ali, ouviu instruções de grande alcance, inacessíveis á compreensão dos homens encarnados. Qualquer um desses planos espirituais do Mundo Maior, narrados nos ensinamentos espíritas, pode ser comparado ao chamado terceiro céu, pois, obviamente os que ouviam Paulo não estavam em condições de compreender o céu senão como um lugar situado acima das regiões das nuvens e do:; astros, uma vez que se concebia (crença que perdurou até Galilei) que a Terra era o centro do Universo.

Quão diferentes são estes ensinamentos daqueles que o Espiritismo vem apregoar na atualidade.

Jesus afirmou que não deveríamos buscar o Reino de Deus aqui ou acolá, pois ele está entre nós, e os espíritas têm como ponto pacífico que a fórmula para á conquista desse Reino é a vivência pura e simples dos preceitos cristãos que levam á reforma íntima. O reino dos céus não se toma de assalto, mas conquista se com as boas obras. (Lucas, 16:16).

Após a oficialização da igreja cristã, no século IV, cessou praticamente o intercâmbio mediúnico entre os primitivos cristãos e o mundo espiritual. 

A justificativa apresentada pelos doutores da igreja foi uma proibição lançada vinte séculos antes por Moisés, cujo objetivo era combater a mercantilização com as coisas divinas e a ação nefasta dos falsos médiuns.

A revelação dos espíritos passou a ser um empecilho aos intuitos dos homens que tinham interesse numa igreja temporal. Para por um paradeiro no processo de intercâmbio entre o mundo corpóreo e o plano espiritual, inúmeras fogueiras foram acesas, e, como decorrência, a revelação deixou de ser a pedra angular das chamadas religiões cristãs.

Surgiram então os dogmas e durante outros vinte séculos a humanidade passou a ter uma visão distorcida das coisas divinas, pois, através deles tomaram forma as esdrúxulas teorias das penas eternas, do pecado original, dos céus superpostos, da existência do purgatório, da unicidade das existências do homem na Terra, da unicidade dos mundos habitados e outras mais, tudo isso em flagrante contraste com os ensinamentos contidos nos Evangelhos.

Ao Espiritismo cabe a tarefa de restabelecer todos os ensinamentos de Jesus Cristo em seus devidos lugares, consoante a promessa do Mestre de que suscitaria entre nós, em época propícia, o Espírito de Verdade.
                                                        
Paulo Alves de Godoy

O Semeador

Kardec, modelo de devotamento e abnegação

Kardec, modelo de devotamento e abnegação

O devotamento e a abnegação são uma prece contínua e encerram um ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras.”[1]

            Kardec foi um dos mais sólidos modelos de devotamento e abnegação. Aqueles que leem com atenção seus escritos publicados na Revista Espírita colhem alguns aspectos do seu caráter, de suas virtudes que, apesar de sua modéstia e discrição, ressaltam aqui e ali.
            Com o intuito de realçar as qualidade desse nobre Espírito, a quem devemos o legado da ciência espírita, é que garimpamos alguns dos seus escritos que evidenciam seu bom senso e suas virtudes.
            Sabe-se o quanto o Mestre provou da zombaria, da calúnia, da maledicência e do deboche por parte daqueles que não compreenderam a nobre missão que essa alma generosa aceitou desempenhar na Terra, por amor à humanidade.
            A forma como que ele viveu, como enfrentou as mais difíceis situações, os mais furiosos adversários, ficam evidentes em suas obras, em suas próprias palavras, e servem ao aprendizado daqueles que buscam conquistar virtudes e desejam aprender com os exemplos práticos desse Espírito notável, que ficou conhecido na Terra como Allan Kardec.

Ao deparar-se com a fama, ele teve que renunciar ao seu gosto pela quietude ...

            Na propriedade que possuo e que me fica como sobra daquilo que a má-fé não me pôde arrancar, podíamos viver tranquilamente e longe da confusão dos negócios. Tirando-me da obscuridade, o Espiritismo veio lançar-me numa nova via; em pouco tempo vi-me arrastado num movimento que estava longe de prever. Quando concebi a ideia do Livro dos Espíritos, minha intenção era de não me colocar em evidência e de ficar incógnito; mas, prontamente ultrapassado, isto não me foi possível: tive que renunciar ao meu gosto pela solitude, sob pena de abdicar a obra empreendida e que crescia dia a dia. Foi-me preciso seguir o seu impulso e tomar-lhe as rédeas. Se meu nome tem agora alguma popularidade, não fui eu, certamente, que a busquei, pois é evidente que não a devo nem à propaganda, nem à camaradagem da imprensa, e que jamais me aproveitei de minha posição e de minhas relações para me lançar na sociedade, quando isto teria sido fácil.[2]

Coragem, firmeza, humildade e sacrifício...

   “Mas, à medida que a obra crescia, um horizonte mais vasto desenrolava-se à minha frente, cujos limites recuavam. Compreendi então a imensidade de minha tarefa e a importância do trabalho que me restava fazer para completá-la. Longe de me apavorar, as dificuldades e os obstáculos redobraram minha energia; vi o objetivo e resolvi atingi-lo, com a assistência dos bons Espíritos. Eu sentia que não tinha tempo a perder e não o perdi em visitas inúteis nem em cerimônias ociosas. Foi a obra de minha vida. Para ela dediquei todo o meu tempo; a ela sacrifiquei meu repouso e a minha saúde, porque diante de mim o futuro estava escrito em caracteres irrefutáveis. Fi-lo por meu próprio impulso, e minha mulher, que não é nem mais ambiciosa nem mais interesseira que eu, concordou plenamente com meus pontos de vista e me secundou na tarefa laboriosa, como o faz ainda, por um trabalho por vezes acima de suas forças, sacrificando sem pesar os prazeres e distrações do mundo, aos quais sua posição de família a tinham habituado.”[3]

Privações dos interesses materiais em proveito da divulgação da Doutrina

“Sem nos afastarmos de nosso gênero de vida, essa posição excepcional não deixou de criar-nos necessidades às quais apenas meus próprios recursos não permitiam prover. Seria difícil imaginar a multiplicidade de despesas que ela acarreta, e que sem isso eu teria evitado. A necessidade de morar em duas residências é, como já disse, um acréscimo de gastos, pela obrigação de ter todo o mobiliário em dobro, sem contar uma porção de gastos miúdos exigidos por essa dupla habitação e as perdas que resultam da negligência de meus interesses materiais, relegados por uma série de trabalhos que me absorvem todo o tempo. Não é uma queixa que formulo, pois minhas ocupações atuais são voluntárias; é um fato que constato, em resposta àqueles que dizem que tudo é lucro para mim no Espiritismo. Quanto aos gastos especiais ocasionados por minha posição, seria impossível enumerá-los, mas, se considerardes que tenho anualmente mais de oitocentos francos de despesas em porte de cartas, independentemente das viagens, e que tenho a necessidade de ligar-me a alguém para me ajudar, e outros pequenos gastos indispensáveis, compreendereis que não exagero dizendo que minhas despesas anuais, que foram crescendo incessantemente, hoje estão mais que triplicadas. Pode-se fazer uma ideia aproximada, a quanto pode se elevar este excedente em oito anos, tomando a média de 6.000 francos por ano. Ora, ninguém contestará a utilidade destas despesas para o sucesso da doutrina, que evidentemente se teria enfraquecido se eu tivesse permanecido no meu retiro, sem ver ninguém e sem as numerosas relações que mantenho diariamente. É o que, entretanto, eu teria sido obrigado a fazer, se nada me tivesse vindo em auxílio.
Pois bem, senhores, o que me proporcionou esse suplemento de recursos foi o produto de minhas obras. Digo com satisfação que foi com o meu próprio trabalho, com o fruto de minhas vigílias que provi, pelo menos em sua maior parte, às necessidades materiais da instalação da doutrina. Assim, eu trouxe uma larga quota-parte à caixa do Espiritismo. Deus quis que ele encontrasse em si mesmo os seus primeiros meios de ação. No princípio eu lamentava que minha pouca fortuna não me permitisse fazer o que eu queria fazer pelo bem da causa, mas hoje aí vejo o dedo da Providência e a realização desta predição tantas vezes repetida pelos bons Espíritos: “Não te inquietes com nada. Deus sabe o que te é preciso e saberá provê-lo.”
Se eu tivesse empregado o produto de minhas obras no aumento de meus prazeres materiais, isto teria resultado em prejuízo do Espiritismo, contudo, ninguém teria tido o direito de objetar, porque eu era bem senhor de dispor à vontade daquilo que só devia a mim mesmo; mas, porque me privava antes, podia privar-me depois; penso que o aplicando à obra, ninguém achará que seja dinheiro mal empregado e os que ajudam na propagação das obras não poderão dizer que trabalham para me enriquecer.[4]

Enfrentando a calúnia e a difamação...

            “Falaram muito dos lucros que eu obtinha com as minhas obras; ninguém sério acredita realmente em meus milhões, malgrado a afirmação dos que diziam saber de boa fonte que eu tinha um estilo de vida principesco, equipagens a quatro cavalos e que em minha casa só se pisava em tapetes de Aubusson. (Revista de junho de 1862). A despeito do que tenha dito, além disso, o autor de uma brochura que conheceis, e que prova, por cálculos hiperbólicos, que o orçamento das minhas receitas ultrapassa a lista civil do mais poderoso soberano da Europa, porque, só na França, vinte milhões de espíritas são meus tributários (Revista de junho de 1863), há um fato mais autêntico do que os seus cálculos. É que jamais pedi qualquer coisa a quem quer que seja, e ninguém jamais me deu nada, a mim pessoalmente; numa palavra, não vivo às custas de ninguém, pois das somas que me foram voluntariamente confiadas no interesse do Espiritismo, nenhuma parcela foi desviada em meu proveito.
            Minhas imensas riquezas proviriam, pois, de minhas obras espíritas. Embora essas obras tenham tido um sucesso inesperado, basta ter poucas noções de negócios de livraria para saber que não é com livros filosóficos que se amontoam milhões em cinco ou seis anos, quando se tem sobre a venda direitos autorais de apenas alguns cêntimos por exemplar. Mas, muito ou pouco, sendo esse produto o fruto de meu trabalho, ninguém tem o direito de se imiscuir no emprego que dele faço, mesmo que se elevasse a milhões, considerando-se que a venda dos livros, assim como a assinatura da Revista, é facultativa e não é imposta em nenhuma circunstância, nem mesmo para assistir às sessões da Sociedade, ninguém tem nada com isto. Comercialmente falando, estou na posição de todo homem que colhe o fruto de seu trabalho; corro o risco de todo escritor, que pode vencer como pode fracassar.”
            “Em todos os tempos temos tido de que viver, muito modestamente, é certo, mas o que teria sido pouco para certa gente nos bastava, graças aos nossos gostos e aos nossos hábitos de ordem e de economia. À nossa pequena renda vinha juntar-se o produto das obras que publiquei antes do Espiritismo, e o de um modesto emprego que tive de deixar quando os trabalhos da Doutrina absorveram todo o meu tempo.”
            “Posto que, sob este ponto de vista, eu não tenha contas a prestar, creio útil, pela própria causa à qual me votei, dar algumas explicações.
            “Para começar, direi que não sendo as minhas obras minha propriedade exclusiva, sou obrigado a comprá-las do meu editor e a pagá-las como um livreiro, com exceção da Revista; que o lucro se acha singularmente diminuído pelas obras que não são vendidas e pelas distribuições gratuitas, feitas no interesse da Doutrina, a pessoas que sem isto delas estariam privadas. Um cálculo muito simples prova que o preço de dez volumes perdidos ou doados, que não deixo de pagar, basta para absorver o lucro de cem volumes. Isto seja dito à guisa de informação e entre parênteses. Tudo somado e feito o balanço, contudo resta alguma coisa. Imaginai a cifra que quiserdes. O que faço com ela? Isto é o que mais preocupa certas criaturas.”

Estilo de vida simples...

            “Quem quer que outrora tenha visto a nossa intimidade e a veja hoje, pode atestar que nada mudou em nossa maneira de viver depois que passei a ocupar-me do Espiritismo. Ela é agora tão simples quanto era outrora. Então é certo que os meus lucros, por enormes que sejam, não servem para nos dar os prazeres do luxo. Será que eu teria a mania de entesourar para ter o prazer de contemplar meu dinheiro? Não penso que o meu caráter e os meus hábitos jamais tenham podido fazê-lo supor. Por que as coisas são assim? Considerando-se que disso não tiro proveito, quanto mais fabulosa a soma, mais embaraçosa a resposta. Um dia saberão a cifra exata, assim como o emprego detalhado, e os criadores de histórias poderão economizar a imaginação.”[5]

Um legado de desprendimento e abnegação...

“Pessoalmente, e embora parte ativa do comitê, não constituiremos sobrecarga ao orçamento, nem por emolumentos, nem por indenização de viagens, nem por uma causa qualquer. Se jamais pedimos algo para nós, ainda menos o faríamos nesta circunstância; nosso tempo, nossa vida, todas as nossas forças físicas e intelectuais pertencem à Doutrina. Declaramos, pois, formalmente, que nenhuma parte dos recursos de que disporá o comitê será desviada em nosso proveito.
Ao contrário, a ele trazemos nossa quota-parte:

1º - Pela cessão do lucro de nossas obras, feitas e por fazer;
2º - Pelo aporte de valores mobiliários e imobiliários.
Assim, fazemos votos para a realização do nosso plano no interesse da Doutrina, e não para criarmos uma posição para nós, da qual não necessitamos. Foi para preparar os caminhos desta instalação que até hoje consagramos o produto de nossos trabalhos, como dissemos acima. Se nossos meios pessoais não nos permitem fazer mais, pelo menos teremos a satisfação de nela haver posto a primeira pedra.[6]

Reconhecimento, gratidão e modéstia...

Senhoras, senhores, e vós todos, meus caros e bons irmãos no Espiritismo.
A acolhida tão amiga e benevolente que recebo entre vós, desde a minha chegada, seria bastante para me encher de orgulho, se eu não compreendesse que tais testemunhos se dirigem menos à pessoa do que à Doutrina, da qual não passo de um dos mais humildes obreiros. É a consagração de um princípio e me sinto duplamente feliz, porque esse princípio deve um dia assegurar a felicidade do homem e o repouso da Sociedade, quando for bem compreendido, e ainda melhor quando for praticado. Seus adversários só o combatem porque não o compreendem. Cabe a nós; cabe aos verdadeiros espíritas, àqueles que veem no Espiritismo algo mais do que experiências mais ou menos curiosas, fazê-lo compreendido e propagá-lo, tanto pregando pelo exemplo quanto pela palavra. O Livro dos Espíritos teve como resultado demonstrar o seu alcance filosófico. Se esse livro tem qualquer mérito, seria presunção minha orgulhar-me disso, porque a doutrina que ele encerra não é criação minha. Toda honra pelo bem que ele fez cabe aos sábios Espíritos que o ditaram e que quiseram servir-se de mim. Posso, pois, ouvir o elogio sem que seja ferida a minha modéstia, e sem que o meu amor-próprio por isso fique exaltado. Se eu desejasse prevalecer-me disto, certamente teria reivindicado a sua concepção, em vez de atribuí-la aos Espíritos; e se se pudesse duvidar da superioridade daqueles que cooperaram, bastaria considerar a influência que ele exerceu em tão pouco tempo só pelo poder da lógica, e sem qualquer dos meios materiais próprios para superexcitar a curiosidade.
            Seja como for, senhores, a cordialidade do vosso acolhimento será para mim um poderoso encorajamento na tarefa laboriosa que empreendi e da qual fiz a razão de minha vida, porque me dá a certeza consoladora de que os homens de coração já não são tão raros neste século materialista, como gostam de proclamá-lo. Os sentimentos que fazem nascer em mim esses testemunhos benevolentes são melhor compreendidos do que expressados; e o que lhes dá, aos meus olhos, um valor inestimável, é que não têm por móvel qualquer consideração pessoal. Eu vô-lo agradeço do fundo do coração, em nome do Espiritismo, sobretudo em nome da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, que se sentirá feliz pelas demonstrações de simpatia que tendes a bondade de lhe dar, e orgulhosa de contar em Lyon tão grande número de bons e leais confrades. Permiti-me retraçar, nalgumas palavras, as impressões que levo de minha breve passagem entre vós.[7]

Prudência, indulgência e firmeza de propósitos...

Se os meus princípios são falsos, por que não apresentam outros que os substituam, fazendo-os prevalecer? Ao que parece, entretanto, de modo geral eles não são julgados irracionais, já que encontram aderentes em tão grande número. Mas, não será exatamente isso que excita o mau humor de certas pessoas? Se esses princípios não encontrassem partidários, se fossem ridículos, desde o primeiro enunciado seguramente deles não se falaria.
E quanto aos outros, os que pretendem que não avanço bastante rapidamente, esses desejariam me empurrar, - com boa intenção, quero crer, pois é sempre melhor pressupor o melhor que o pior, em um caminho onde não quero me arriscar. Sem, pois, me deixar influenciar seja pelas ideias de uns, seja pelas de outros, sigo a rota que eu mesmo tracei: tenho um objetivo, vejo-o, sei como e quando o atingirei e não me inquietam os clamores dos que passam por mim.
Crede, Senhores, as pedras não faltam em meu caminho. Passo por cima delas, mesmo das mais altas e pesadas. Se se conhecesse a verdadeira causa de certas antipatias e de certos afastamentos, muitas surpresas nos aguardariam![8]

Fé na vida futura, respeito, humildade ante a lisonja e outras armadilhas da inveja

É ainda preciso, entretanto, mencionar as pessoas que são postas, relativamente a mim, em posições falsas, ridículas e comprometedoras, e que procuram se justificar, em última instância, recorrendo a pequenas calúnias: os que esperavam seduzir-me pelos elogios, crendo poder levar-me a servir aos seus desígnios e que reconheceram a inutilidade de suas manobras para atrair minha atenção; aqueles que não elogiei nem incensei e que isso esperavam de mim; aqueles, enfim, que não me perdoam por ter adivinhado suas intenções e que são como a serpente sobre a qual se pisa. Se todas essas pessoas decidissem se colocar, por um instante sequer, em uma posição extraterrena e ver as coisas um pouco mais do alto, compreenderiam bem a puerilidade de quanto as preocupa e não se espantariam com a pouca importância que a tudo isso dão os verdadeiros espíritas. É que o Espiritismo abre horizontes tão vastos que a vida corporal, curta e efêmera, se apaga com todas as suas vaidades e suas pequenas intrigas, ante o infinito da vida espiritual.
Não devo, entretanto, omitir uma censura que me foi endereçada: a de nada fazer para trazer de novo a mim as pessoas que se afastam. Isso é verdadeiro e a reprovação fundamentada; eu a mereço, pois jamais dei um único passo nesse sentido e aqui estão os motivos de minha indiferença. Aqueles que de mim se aproximam, fazem-no porque isto Ihes convém; é menos por minha pessoa do que pela simpatia que Ihes despertam os princípios que professo. Os que se afastam fazem-no porque não Ihes convenho ou porque nossa maneira de ver as coisas reciprocamente não concorda. Por que, então, iria eu contrariá-los, impondo-me a eles? Parece-me mais conveniente deixá-los em paz. Ademais, honestamente, carece-me tempo para isso. Sabe-se que minhas ocupações não me deixam um instante para o repouso. Além disso, para um que parte, há mil que chegam. Julgo um dever dedicar-me, acima de tudo, a estes e é isso que faço. Orgulho? Desprezo por outrem? Oh! Não! Honestamente, não! Eu não desprezo ninguém; lamento os que agem mal, rogo a Deus e aos Bons Espíritos que façam nascer neles melhores sentimentos;  e isso é tudo. Se retornam, são sempre recebidos com júbilo. Mas correr ao seu encalço, isso não me é possível fazer, mesmo em razão do tempo que de mim reclamam as pessoas de boa vontade, e, depois, porque não empresto a certos indivíduos a importância que eles a si próprios atribuem. Para mim, um homem é um homem, isto apenas! Meço seu valor por seus atos, por seus sentimentos, nunca por sua posição social. Pertença ele às mais altas camadas da sociedade, se age mal, se é egoísta e negligente de sua dignidade é, a meus olhos, inferior ao operário que procede corretamente, e eu aperto mais cordialmente a mão de um homem humilde, cujo coração estou a ouvir, do que a de um potentado cujo peito emudeceu. A primeira me aquece, a segunda me enregela.
Homens da mais alta posição honram-me com sua visita, porém nunca, por causa deles, um operário ficou na antecâmara. Muitas vezes, em meu salão, o príncipe se assenta ao lado do operário; se se sentir humilhado, eu direi que ele não é digno de ser espírita. Mas sinto-me feliz em dizer, eu os vi, muitas vezes, apertarem-se as mãos, fraternalmente, e, então, um pensamento me ocorria: "Espiritismo, eis um dos teus milagres; este é o prenúncio de muitos outros prodígios!"[9]

Tolerância, moderação, bondade, benevolência, singeleza, dedicação e amorosidade...

“Dependeria de mim abrir as portas da alta sociedade, porém nunca fui nelas bater. Isso exigiria um tempo que prefiro empregar mais utilmente. Coloco em primeira instância o consolo que é preciso oferecer aos que sofrem, erguer a coragem dos caídos, arrancar um homem de suas paixões, do desespero, do suicídio, detê-lo talvez no limiar do crime! Não vale mais isto do que os lambris dourados? Guardo milhares de cartas que para mim mais valem do que todas as honrarias da Terra e que olho como verdadeiros títulos de nobreza. Assim, pois, não vos espanteis se deixo partir aqueles que me dão as costas.
Tenho adversários, eu sei! Mas o número deles não é tão grande quanto poderia fazer supor a enumeração mencionada. Eles se encontram nos grupos que citei, mas são apenas indivíduos isolados e seu número pouca coisa é em comparação com os que desejam testemunhar-me sua simpatia. Além disso nunca conseguiram perturbar-me o repouso, nem uma vez sequer suas maquinações e suas diatribes me emocionaram e devo acrescentar que essa profunda indiferença de minha parte, o silêncio que oponho aos seus ataques, não é o que os exaspera menos. Por mais que façam, jamais conseguirão fazer-me sair da moderação e da regra que tenho por conduta. Nunca se poderá dizer que respondi à injúria com injúria. As pessoas que me conhecem na intimidade podem dizer se jamais os mencionei; se alguma vez, na Sociedade, foi dita uma única palavra, se foi feita uma única alusão relativamente a qualquer um deles. Mesmo pela "Revista” jamais respondi às suas agressões, se dirigidas à minha pessoa, e Deus sabe que elas não têm faltado!
De que adianta, ademais, seu malquerer? De nada! Nem contra a doutrina nem contra mim. A doutrina espírita prova, por sua marcha progressiva, que nada tem a temer. Quanto a mim, não ocupo nenhuma posição, por isso nada existe que me pode ser tirado; não peço nada, nada solicito e, assim, nada me pode ser recusado. Não devo nada a ninguém, desse modo nada há que me possa ser cobrado; não falo mal de ninguém, nem mesmo daqueles que o dizem de mim. Em que poderiam, então, prejudicar-me? É certo que se pode atribuir a mim o que eu não disse e isso já se fez mais de uma vez. Mas, aqueles que me conhecem são capazes de distinguir o que digo daquilo que não sou capaz de dizer e eu agradeço a quantos, em semelhantes circunstâncias, souberam responder por mim. O que afirmo, estou sempre pronto a repetir na presença de quem quer que seja, e quando afirmo não ter dito ou feito uma coisa, julgo-me no direito de ser acreditado.
Ademais, o que representa tudo isso em face do objetivo que nós, os Espíritas sinceros e devotados, perseguimos conjuntamente? Desse futuro imenso que se desenrola diante dos nossos olhos? Acreditai-me, Senhores, fora preciso ver como um roubo perpetrado contra a grande obra, os instantes que perdêssemos preocupados com essas mesquinharias. De minha parte agradeço a Deus por me haver, já aqui na Terra, concedido tantas compensações morais ao preço de tribulações tão passageiras, bem como pela alegria de assistir ao triunfo da doutrina espírita.
            Peço-vos perdão, Senhores, por vos haver, por tão longo tempo, entretido com assuntos relativos a mim, mas acredito útil estabelecer nitidamente esta posição, a fim de que vos seja possível saber em quem acreditar, de conformidade com as circunstâncias e para que possais estar convencidos de que minha linha de conduta está traçada e que dela nada me fará desviar. De resto, creio que destas observações, - abstração feita de minha pessoa - poderão resultar alguns ensinamentos úteis.[10]


“... Ele morreu esta manhã, entre 11 e 12 horas, subitamente, ao entregar um número da Revue a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto... Paris, 31 de março de 1869.”[11]


[1] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador  - Consolador prometido, item 4.
[2] Revista Espírita, dezembro de 1868 - Constituição transitória do Espiritismo
[3] Revista Espírita, junho de 1865 - Relatório do caixa do Espiritismo.
[4] Idem
[5] Revista Espírita, dezembro de 1868 - Constituição transitória do Espiritismo.
[6] Idem
[7] Revista Espírita, outubro de 1860- Banquete oferecido pelos Espíritas Lioneses ao Sr. Allan Kardec.
[8] Viagem Espírita em 1862 – Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux - Discurso I
[9] Idem
[10] Viagem Espírita em 1862 – Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux - Discurso I
[11] Catálogo Racional, Obras que podem server para fundar uma biblioteca espírita – Ed. Masdras, 2004.
http://www.ipeak.com.br/site/conteudo.php?id=237&idioma=1