Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Considerações oportunas sobre a obsessão

Questão sugere que reflitamos sempre.
 •  F. Altamir da Cunha
1. Existe algum sintoma que nos faça concluir que estamos obsidiados?
O exercício do autoconhecimento possibilita a identificação de qualquer alteração no nosso comportamento, alertando-nos sobre uma possível influência espiritual negativa – obsessão. Mas é preciso que adquiramos uma certa prática, porque muitas vezes os sintomas de uma obsessão simples, como arrepios, dores de cabeça, mudança de humor etc., também poderão ser reflexos de distúrbios naturais no nosso organismo, sem que necessariamente estejam associados à obsessão.
2. Como podemos interpretar a culpabilidade de alguém que está obsidiado e pratica um delito?
Esse caso requer um comentário a mais. O fato de alguém ter praticado o delito sob o domínio de um espírito, num estágio de subjugação, atenua o seu débito, por não ser ele portador de total liberdade nessa circunstância; porém não o isenta totalmente de culpa, pois toda obsessão se instala com uma certa permissividade, por parte do obsidiado. É normalmente fruto de sua invigilância, contrariando o ensinamento de Jesus: “Vigiai e orai para não cairdes em tentação”.
3. Como podemos diferenciar nossos pensamentos dos pensamentos de um espírito que esteja nos obsidiando?
Mais uma vez fazemos referência à sabedoria do Mestre Jesus, convidando-nos à vigilância e à oração. Toda pessoa no seu senso normal está familiarizada com os seus pensamentos e desejos mais comuns. Mantendo-se vigilante, ela saberá identificar quando esses pensamentos e desejos estão sendo alterados ou substituídos por outros de ordem inferior, gerando prejuízos para si e/ou para os outros. Assim identificados, poderemos concluir sobre uma provável obsessão.
4. Com relação aos reflexos das obsessões sobre a nossa saúde, como decidir entre procurar um médico ou uma casa espírita?
Nós, principalmente, que atendemos na Casa Espírita, através do diálogo fraterno, nos deparamos constantemente com casos que apresentam dúbio aspecto, ou seja, apresentam sintomas que identificam tanto problemas que requerem tratamento médico quanto espiritual. Essa dubiedade deve-se ao fato de sermos espíritos encarnados; naturalmente acontece uma mútua influência: o corpo influenciando o espírito e vice-versa. Sabemos que existem doenças físicas que geram obsessões e obsessões que geram doenças físicas. Daí a necessidade de orientarmos para que sejam feitos os dois tratamentos – espiritual e médico.
5. A obsessão apenas existe por ação de um desencarnado sobre um encarnado?
Não. Com relação à ação e à passividade entre vítima e verdugo, podemos ter o seguinte:
– Desencarnado sobre encarnado
Esta é a obsessão mais conhecida, e resulta normalmente da ação persistente e maldosa de espíritos desencarnados. Mas também pode acontecer quando espíritos em desequilíbrio, porém não necessariamente maus, são atraídos para os encarnados por força de laços afetivos, afinidades vibratórias, ou à procura de ajuda.
– Encarnado sobre desencarnado
As causas mais comuns (não as únicas) são: a inconformação do encarnado, lamentando e desejando a permanência do ente querido que desencarnou; no caso de desafetos, a emissão de pensamentos negativos por parte do encarnado influencia negativamente o desencarnado. Estas atitudes geram fortes laços magnéticos, que atrai o desencarnado, dificultando o seu retorno ao plano espiritual e fazendo-o sofrer.
– Desencarnado sobre desencarnado
Embora provoque surpresa nas pessoas desinformadas com relação à vida após a morte, é oportuno esclarecer que a morte não elimina ódio e mágoas cultivados enquanto no corpo físico. Muitos espíritos que retornam à espiritualidade, dominados por esse sentimento, não conseguem de imediato apagar de seus corações o desejo incontrolável de vingança. Nesta condição, não apenas obsidia o inimigo enquanto este se encontra no corpo físico, como aguarda a sua desencarnação para continuar o plano de vingança no plano espiritual.
– Encarnado sobre encarnado
Não podemos esquecer que através de pensamentos, palavras e ações, influenciamos e somos influenciados constantemente, e que essa influência pode ser positiva ou negativa. De forma que, se a influência causa sofrimento ou cerceia a liberdade do outro, está assim caracterizada a obsessão.
Portanto, podemos afirmar que o déspota, o ciumento possessivo, o patrão que escraviza, o subalterno preguiçoso e rebelde, pais dominadores que furtam a liberdade e criam dependências nos filhos, são exemplos de obsessores encarnados que escravizam e fazem sofrer outros encarnados.

Guias Espirituais

Todos temos, ligados a nós, desde o nosso nascimento, um Espírito bom, que nos tomou sob a sua proteção.
Desempenha, junto a nós, missão de um pai para com seu filho; a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, através das provações da vida.
Sente-se feliz, quando correspondemos à sua solicitude; sofre quando nos vê sucumbir.
Seu nome pouco importa, pois bem pode dar-se que não tenha nome conhecido na Terra.
Invocamo-lo, então, como nosso anjo guardião, nosso bom gênio.
Podemos mesmo invocá-lo sob o nome de qualquer Espírito superior, que mais viva e particular simpatia nos inspire.
Além do anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos.
Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou até entre pessoas que não conhecemos na existência atual.
Eles nos assistem com seus conselhos, e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.
Deus, em nosso anjo guardião, nos deu um guia principal e superior e, nos Espíritos protetores e familiares, guias secundários.
A prece aos anjos guardiães e aos Espíritos protetores devem ter por objeto solicitar-lhes a intercessão junto de Deus, pedir-lhes a força de resistir às más sugestões e que nos assistam nas contingências da vida. (Ev. XXVIII, 11)1 (L.E., 489 a 521)2 (R.E. 1859)3
Pede a Espíritos que lhe são superiores que o ajudem na nova empresa que sobre si toma, ciente de que o Espírito, que lhe for dado por guia nessa outra existência, se esforçará pelo levar a reparar suas faltas, dando-lhe uma espécie de intuição das em que incorreu. (L.E. 393)2
O esquecimento das faltas praticadas não constitui obstáculo à melhoria do Espírito, porquanto, se é que este não se lembra delas com precisão, não menos certo é que a circunstância de as ter conhecido na erraticidade e de haver desejado repará-las, o guia por intuição e lhe dá a ideia de resistir ao mal, ideia que é a voz da consciência, tendo a secundá-la os Espíritos superiores que o assistem, se atende às boas inspirações que lhe dão. (L.E. 399)2
Jesus é o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo. (L.E. 625)2
Guia mais seguro do que a própria consciência não podia Deus haver dado ao homem. (L.E. 876)2
Aquele que, todas as noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem ou o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo da guarda que o esclarecesse, grande força adquiriria para se aperfeiçoar. (L.E. 919)2
Nunca seria demais lembrar que vos recomendeis ao vosso anjo da guarda, para que vos ajude a vos manter em guarda contra vosso mais cruel inimigo, que é o orgulho. (R.E. 1860)3
Quanto aos Espíritos que podem ser evocados para tais exercícios preparatórios, é preferível dirigir-se ao seu Espírito familiar, que sempre está próximo e jamais nos deixa. (R.E. 1861)3
Por mais baixo que ela vos fale, essa voz do nosso protetor vos dirá que eviteis aquilo que vos pode prejudicar. (R.E. 1862)3
Os guias vos envolvem com seu manto. Deus, o Deus tão bom e vosso Pai, a todos deu um anjo e um irmão. (R.E. 1862)3
Talvez perguntem por que os Espíritos protetores não lhes forçam a retirada. Sem dúvida o podem e, por vezes, o fazem. Mas, permitindo a luta, também deixam o mérito da vitória. (R.E. 1862)3
Agora vejo claramente que fui instrumento, em parte passivo, do Espírito encarregado de me dirigir para o ponto harmonioso, sobre o qual eu me devia modelar, para adquirir a soma das perfeições que me era dado esperar nesta terra. (R.E. 1865)3
Temos lugar de presumir também que os Espíritos ou anjos têm qualquer parte no governo universal, pois foi recebido como dogma de fé que os homens são guardados pelos anjos e que cada um de nós tem seu anjo de guarda. (R.E. 1865)3
Os Espíritos elevados, que nos assistem de ordinário, comunicam-se mais raramente conosco. (R.E. 1866)3
Tendo perdido um filho de sete anos, e tendo-se tornado médium, a mãe teve a mesma criança como guia. (R.E. 1866)3
Cada ser vivo neste mundo tem um anjo que o dirige, acrescenta Santo Agostinho. (R.E. 1868)3
A certeza de não estarmos espiritualmente sozinhos em nossa presente jornada reencarnatória, dá-nos a coragem, paciência e resignação para perseverarmos otimistas no cumprimento dos deveres que, não por acaso, abraçamos.

1. KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
2. ____. O Livro dos Espíritos.
3. ____. Revista Espírita.

Sexo

Têm sexo os Espíritos?
– Não como o entendeis, pois que os sexos dependem da organização (física). Há entre eles amor e simpatia, mas baseados na concordância dos sentimentos. (L.E., 200)1
Em nova existência, pode o Espírito que animou o corpo de um homem animar o de uma mulher e vice-versa?
– Decerto; são os mesmos os Espíritos que animam os homens e as mulheres. (L.E., 201)1
Quando errante, pouco importa ao Espírito encarnar no corpo de um homem, ou no de uma mulher. O que o guia na escolha são as provas por que haja de passar. (L.E., 202)1
Lá (em Júpiter) existe diferença de sexos?
– Sim: há por toda a parte onde existe a matéria. (R.E., 1858)2
Os Espíritos não têm sexo. Entretanto, como há poucos dias éreis homem (palavras de Kardec a Sanson recém-desencarnado), no vosso novo estado tendes antes a natureza masculina que a feminina? Dá-se o mesmo com um Espírito que deixou o corpo há muito tempo?
– Não nos atemos a ser de natureza masculina ou feminina: os Espíritos não se reproduzem. Deus os criou à sua vontade e se, na sua maravilhosa sabedoria, quis que os Espíritos se reencarnem na Terra, teve que estabelecer a reprodução das espécies para o macho e a fêmea. (R.E., 1862)2
A primeira resposta dada pelo Espírito de Felícia, para certas pessoas poderia parecer uma contradição. Diz que é do sexo feminino e sabe-se que os Espíritos não têm sexo. É certo que não têm sexo, mas sabe-se que para se fazerem reconhecer se apresentam sob a forma que os conhecemos em vida. (R.E., 1863)2
Criou Deus as almas masculinas e femininas? Fez estas inferiores àquelas? – Ao contrário, criou-as iguais e semelhantes e as desigualdades, fundadas pela ignorância e pela força bruta, desaparecerão com o progresso e o reinado da justiça. (R.E., 1866)2
As mulheres podem encarnar-se como homens e, por consequência, os homens podem encarnar-se como mulheres. Não há, pois, entre os dois sexos senão uma diferença material, acidental e temporária, uma diferença de vestimenta carnal; mas quanto à natureza essencial do ser, ela é a mesma. (R.E., 1867)2
No livro Baviera – Saga Secular de Amor e Ódio (Casa Editora O Clarim), Cairbar Schutel passa, no apêndice doutrinário, importantes considerações sobre o tema em tela, em 43 tópicos.
Nesta oportunidade transcrevemos:
18. O que representa o relacionamento sexual para o casal:
Trata-se de uma forma de externar e trocar amor entre dois encarnados que constituem uma família. O casal deve praticá-lo, pois é também uma necessidade do organismo material. Se um dos dois se recusa a fazê-lo, afeta o outro. A relação sexual só pode deixar de ser praticada no relacionamento do casal quando há consenso entre ambos, em face de uma missão a ser desenvolvida ou por decisão natural e mútua.3
40. Não é permitida pelo Alto a escolha do sexo da criança, através de técnicas científicas, ao ocorrer a fecundação:
Cabe exclusivamente ao Plano Espiritual Superior determinar o sexo da criança que está para reencarnar. Somente a Espiritualidade sabe a missão que ela tem a enfrentar e consequentemente qual o sexo que deve vivenciar.3
No contexto geral desse apêndice doutrinário, e também nos Fundamentos da Reforma Íntima (Casa Editora O Clarim), o sexo tem três aspectos para os encarnados: o primeiro tem a ver com a reprodução da espécie; o segundo com a troca de vibrações entre o casal; o terceiro, servir de prova.

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos.
2. ______. Revista Espírita.
3. GLASER, A. Baviera – Saga Secular de Amor e Ódio. Pelo espírito Rubião. Casa Editora O Clarim.

Novos ares para a juventude

Antonio Cesar Perri de Carvalho

30/07/2013 10h25 - Atualizado em 30/07/2013 10h25

Novos ares para a juventude

No âmbito da Seara Espírita há algum tempo estamos sentido prenúncios de novos ares para a juventude. Em eventos de Comissões Regionais do CFN da FEB e visitas temos ouvido postulações oportunas e até uma consulta foi realizada durante as quatro reuniões das Comissões Regionais do CFN no ano de 2011. Neste ínterim concretizou-se a CONBRAJE, proposta do Departamento de Infância e Juventude da Federação Espírita do Estado de Goiás, e que conquistou a chancela do CFN da FEB1.
A CONBRAJE – Confraternização Brasileira de Juventudes Espíritas – Comissão Regional Centro, efetivada em Goiânia, foi um impacto extremamente positivo e com repercussões imediatas. Já há propostas e articulações para que o evento aconteça nas Regiões Sul e Nordeste.
No evento, sentimos o calor, a espontaneidade e a criatividade do movimento jovem anterior aos anos 1970. Registramos o fato na nossa palestra “Protagonismo Juvenil e Movimento Espírita”, proferida no CONBRAJE, no dia 1º./6/2013.
Poucos dias depois, identificamos vários jovens da FEDF e da FEB na Marcha Nacional Em Defesa da Vida – Brasil sem Aborto, realizada na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Dialoguei com eles, enaltecendo a participação deles, e, entusiasmados, disseram-me: “É efeito CONBRAJE!”.
Na sequência, na nova forma de comunicação dos jovens, no “Facebook”2 surgiram as páginas: Conbraje, Juventude FEB e Sou jovem. Esta última com imensa participação. No âmbito interno da FEB concretizou-se uma experiência pioneira e inédita: os jovens tiveram uma animada programação lítero/musical e cinematográfica, incluindo pernoite na sede, num clima de confraternização e de alegria.
O conjunto dos fatos recentíssimos nos estimulam a muitas reflexões, para que caminhem os processos de reflexão e reestudo sobre a análise da atuação da juventude no Movimento Espírita. Em livro há pouco editado pela FEB, o idealista Mário da Costa Barbosa já destacava que, muitas vezes, as propostas e programas estiveram “mais calcado em visão de evangelização pela instrução do que pela vivência” e destaca que é importante a “perspectiva de que evangelizar é viver a Boa Nova”3. Por isso sempre trabalhou pela proposta do Espaço de convivência e criatividade e educação pelo trabalho 4.
O jovem precisa ser compreendido como espírito reencarnado, e que sua precoce e efetiva inserção no Movimento Espírita é importante para sua trajetória espiritual. Isto significa real integração do jovem nas atividades dos centros espíritas, e, dentro do respeito à diversidade e à individualidade, das características e do potencial de cada um, o protagonismo juvenil tem muito a contribuir com os centros e o Movimento Espírita. Haja vista a atuação de jovens em ambientes universitários e profissionais do mundo moderno, entre outros, a predominância de jovens nas atuações na informática, mídia e no mercado financeiro.
A compreensão das condições da vida em sociedade de nossos dias é indispensável para entendimento do jovem e sua integração no Movimento Espírita. O jovem não deve ser visto com o chavão “do futuro”. O jovem deve ser entendido e valorizado como “o agora”, nas lides espíritas e na sua formação como cidadão. “O Espiritismo – como “obra de educação”- se assenta na moral do Cristo, e esta se fundamenta no respeito à vida e ao próximo, na ética e na moral” que é necessária “para compreendermos e buscarmos as novas aspirações para uma Humanidade melhor”.5
Referências:
  1. Confraternização Brasileira de Juventudes Espíritas – Conbraje. Reformador. Julho de 2013, p. 264; Link no Portal da FEB: http://www.febnet.org.br/blog/geral/movimento-espirita/conselho-federativo-nacional-movimento-espirita/confraternizacao-de-jovens-do-centro-do-pais-2/
  2. Sarmento, Helder, B.M.; Pontes, Reinaldo N.; Parolin, Sonia R.H. (Organiz.) Conviver para amar e servir. Baseado em Mário da Costa Barbosa. 1.ed. Brasília: FEB, 2013. p.25.

Mediunismo e Animismo

Colunistas

15/07/2013 08h34 - Atualizado em 15/07/2013 08h34

Mediunismo e Animismo

São fenômenos naturais do psiquismo humano, classificados pela Doutrina Espírita em duas categorias básicas: os mediúnicos e os anímicos (do grego, anima=alma), Os primeiros são intermediados pelos médiuns: “médium é toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos. Essa faculdade é inerente ao homem e, por conseguinte, não constitui um privilégio exclusivo. (…).”[1] Os segundos, mais propriamente denominados de emancipação da alma, pela Codificação Espírita, são produzidos pelo próprio Espírito encarnado.
O intercâmbio entre um plano e outro da vida pode, então, ser regularmente estabelecido por meio de duas vias: a mediúnica e a anímica, Pela via mediúnica o Espírito renasce como médium, pessoa possuidora de uma organização física apropriada, sensível.[2] Pela outra via, a comunicação é realizada pelo próprio encarnado, quando este se encontra no estado de emancipação da alma, vulgarmente conhecido no meio espírita como anímico ou, ainda, de desdobramento espiritual.
As duas vias de comunicação usualmente se sobrepõem, de forma que não é fácil discernir quando um fenômeno é exclusivamente mediúnico ou anímico. A prática mediúnica é denominada mediunismo, a anímica   de animismo.
Todas as manifestações mediúnicas (psicofonia, psicografia, vidência, audiência, intuição, cura, etc.), classificadas por Allan Kardec em fenômenos de efeitos físicos e fenômenos de efeitos inteligentes, trazem o teor anímico do médium, uma vez que este não age como uma máquina, na recepção e transmissão da mensagem do Espírito comunicante. Funciona como um intérprete do pensamento do Espírito, imprimindo naturalmente às comunicações mediúnicas que intermedia características peculiares de sua personalidade: “(…) É por isso que, seja qual for a diversidade dos Espíritos que se comunicam com um médium, os ditados que este obtém, ainda que procedendo de  Espíritos diferentes, trazem, quanto à forma e ao colorido, o cunho que lhe é pessoal.(…)”[3], afirmam Erasto e Timóteo em mensagem que consta de O Livro dos Médiuns. Allan Kardec, por sua vez, acrescenta:
O Espírito do médium é o intérprete, porque está ligado ao corpo que serve para falar e por ser necessária uma cadeia entre vós e os Espíritos que se comunicam, como é preciso um fio elétrico para transmitir uma notícia a grande distância, desde que haja, na extremidade do fio, uma pessoa inteligente que a receba e  transmita.[4]
Para que ocorram fenômenos anímicos faz-se necessário que o perispírito do encarnado desprenda-se, parcial e momentaneamente, do seu corpo físico. Nestas circunstâncias, a alma toma  conhecimento da realidade extrafísica, percebendo-a de acordo com o seu entendimento. Nestas circunstâncias, pode entrar em comunicação com outros Espíritos desencarnados e encarnados. Durante esse desprendimento (ou emancipação), que pode ser mais ou menos duradouro, diz-se que o Espírito do encarnado encontra-se desdobrado, em estado semelhante ao do transe, situado entre a vigília e o sono.
A priori, não há médium totalmente passivo, ou seja, aquele que não interfere na transmissão da mensagem, como ensina o Codificador:
É passivo [o médium] quando não mistura suas próprias ideias com as do Espírito que se comunica, mas nunca é inteiramente nulo. Seu concurso é sempre necessário, como o de um intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos.[1]
Há, contudo, casos de manifestações anímicas associadas à  obsessão, às vezes despercebidos no grupo mediúnico. Atentemos a este esclarecimento do  Espírito André Luiz:
Neste aspecto surpreendemos multiformes processos de obsessão, nos quais Inteligências desencarnadas de grande poder senhoreiam vítimas inabilitadas à defensivas, detendo-as, por tempo indeterminado, em certos tipos de recordação, segundo as dívidas cármicas a que se acham presas.
Frequentemente, pessoas encarnadas, nessa modalidade de provação regeneradora, são encontráveis nas reuniões mediúnicas, mergulhadas nos mais complexos estados emotivos, quais se personificassem entidades outras, quando, na realidade, exprimem a si mesmas, a emergirem da subconsciência nos trajes mentais em que se externavam noutras épocas, sob o fascínio constante dos desencarnados que as subjugam.[2]
Vemos assim, a necessidade, sempre presente, da aquisição do conhecimento espírita e o desenvolvimento do espírito de fraternidade, aconselhado por Jesus, a fim de analisar o assunto com maturidade e discernimento espirituais.
[1] Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt. 2, cap. XIV, it. 159, pág. 257.
[2] Ibid., pág.258.
[3] Ibid., cap. XIX, it.225, pág. 353.
[4] Ibid., it.223, q. 6, pág. 341.
[5]Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Pt. 2,cap. cap. XIX, it. 223,  q. 10, pág. 343.
[6] Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Mecanismos da Mediunidade. Cap, 23, it. Obsessão e animismo, pág. 181/182.
Referências
KARDEC, Allan. O livro dos Médiuns. Trad. Evandro Noleto Bezerra.1ª ed. 2ª reimp.  Rio de Janeiro: FEB Editora, 2011.
XAVIER, Francisco Cândido e VIEIRA, Waldo. Mecanismos da Mediunidade. Pelo Espírito André Luiz. 26.ª  Rio de Janeiro: FEB Editora, 2006.

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A psicologia da oração

A psicologia da oração

Convencionou-se, ao longo do tempo, que a oração é um recurso emocional e psíquico para rogar e receber benefícios da Divindade, transformando-a em instrumento de ambição pessoal, realmente distante do seu alto significado psicológico.
A oração é um precioso recurso que faculta a aquisição da autoconsciência, da reflexão, do exame dos valores emocionais e espirituais que dizem respeito à criatura humana.
Tornando-se delicado campo de vibrações especiais, faculta a sintonia com as forças vivas do Universo, constitui veículo de excelente qualidade para a vinculação da criatura com o seu Criador.
Todos os seres transitam vibratoriamente em faixas especiais que correspondem ao seu nível evolutivo, ao estágio intelecto-moral em que se encontram, às suas aspirações e aos seus atos, nos quais se alimentam e constroem a existência.
A oração é o mecanismo sublime que permite a mudança de onda para campos mais sensíveis e elevados do Cosmo.
Orar é ascender na escala vibratória da sinfonia cósmica.
Em face desse mecanismo, torna-se indispensável que se compreenda o significado da prece, sua finalidade e a maneira mais eficaz pela qual se pode alcançar o objetivo desejado.
Inicialmente, orar é abrir-se ao amor, ampliar o círculo de pensamentos e de emoções, liberando-se dos hábitos e vícios, a fim de criar-se novos campos de harmonia interior, de forma que todo o ser beneficie-se das energias hauridas durante o momento especial.
A melhor maneira de alcançar esse parâmetro é racionalmente louvar a Divindade, considerando a grandeza da Criação, permitindo-se vibrar no seu conjunto, como seu filho, assimilando as incomparáveis concessões que constituem a existência.
Considerar-se membro da família universal, tendo em vista a magnanimidade do Pai e Sua inefável misericórdia, enseja àquele que ora o bem-estar que propicia a captação das energias saudáveis da vida.
Logo depois, ampliar o campo do raciocínio em torno dos próprios limites e necessidades imensas, predispondo-se a aceitar todas as ocorrências que dizem respeito ao seu processo evolutivo, mas rogando compaixão e ajuda, a fim de errar menos, acertar mais, e de maneira edificante, o passo com o bem.
Nesse clima emocional, evitar a queixa doentia, a morbidez dos conflitos e exterioridades ante a magnitude das bênçãos que são hauridas, apresentando-se desnudado das aparências e circunlóquios da personalidade convencional.
Não é necessário relacionar sofrimentos, nem explicitar anseios da mente e do coração, porque o Senhor conhece a todos os Seus filhos, que são autores dos próprios destinos e ocorrências, mediante o comportamento mantido nas multifárias experiências da evolução.
Por fim, iluminado pelo conhecimento da própria pequenez ante a grandeza do Amor, externar o sentimento de gratidão, a submissão jubilosa às leis que mantêm o arquipélago de astros e a infinitude de vidas.
*   *   *
Tudo ora no Cosmo, desde a sinfonia intérmina dos astros em sua órbita, mantendo a harmonia das galáxias, até os seres infinitesimais no mecanismo automático de reprodução, fazendo parte do conjunto e da ordem estabelecidos.
Em toda parte vibra a vida nos aspectos mais complexos e simples, variados e uniformes.
Sem qualquer esforço da consciência, circula o sangue por mais de 150 mil quilômetros de veias, vasos, artérias, em ritmo próprio para a manutenção do organismo humano tanto quanto de todos os animais.
Funções outras mantidas pelo sistema nervoso autônomo obedecem a equilibrado ritmo que as preserva em atividade harmônica.
As estações do tempo alternam-se facultando as variadas manifestações dos organismos vivos dentro de delicadas ondas de luz e de calor que lhes possibilitam a existência, a manifestação, o desabrochar, o adormecimento, a espera.
O ser humano, enriquecido pela faculdade de pensar e dotado do livre-arbítrio, que lhe propicia escolher, atado às heranças do primarismo da escala animal ancestral pela qual transitou, experiencia mais as sensações do imediato do que as emoções da beleza, da harmonia, da paz, da saúde integral,
Reconhece o valor incalculável do equilíbrio, no entanto, estigmatizado pela herança do prazer hedonista, entrega-se-lhe à exorbitância pela revolta nos transtornos de conduta, como forma de imposição grotesca.
Ao descobrir a oração, logo se permite exaltar falsas ou reais necessidades, desejando respostas imediatas, soluções mágicas para atendê-las, distantes do esforço pessoal de crescimento e de reabilitação.
É claro que aquele que assim procede não alcança as metas propostas, pois que elas ainda não podem apresentar-se por nele faltarem os requisitos básicos para o estabelecimento da harmonia interior.
A oração é campo no qual se expande a consciência e o Espírito eleva-se aos páramos da luz imarcescível do amor inefável.
Quem ora ilumina-se de dentro para fora, tornando-se uma onda de superior vibração em perfeita consonância com a ordem universal.
O egoísmo, os sentimentos perversos não encontram lugar na partitura da oração.
Torna-se necessário desfazer-se desses acordes perturbadores, para que haja sincronização do pensamento com as dúlcidas notas da musicalidade divina.
A psicologia da oração é o vasto campo dos sentimentos que se engrandecem ao compasso das aspirações dignificadoras, que dão sentido e significado à existência na Terra.
Inutilmente, gritará a alma em desespero, rogando soluções para os problemas que lhe compete equacionar, mesmo que atraindo os numes tutelares sempre compadecidos da pequenez humana.
Desde que não ocorre sintonia entre o orante e a Fonte exuberante de vida, as respostas, mesmo quando oferecidas, não são captadas pelo transtorno da mente exacerbada.
*   *   *
Quando desejares orar, acalma o coração e suas nascentes, assumindo uma atitude de humildade e de aceitação, a fim de que possas falar àquele que é o Pai de misericórdia, que sempre providencia todos os recursos necessários à aquisição humana da sua plenitude.
Convidado a ensinar aos seus discípulos a melhor maneira de expressar a oração, Jesus foi taxativo e gentil, propondo a exaltação ao Pai em primeiro lugar, logo após as rogativas e a gratidão, dizendo:
- Pai Nosso, que estais nos Céus...
Entrega-te, pois, a Deus, e nada te faltará, pelo menos tudo aquilo que seja importante à conquista da harmonia mediante a aquisição da saúde integral.
 
Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na manhã de 29 de
outubro de 2012, em Sydney, Austrália.

Em 24.5.2013.

Vazio existencial

Vazio existencial

A alucinação midiática, a serviço do mercantilismo de tudo, vem, a pouco e pouco, dessacralizando o ser humano, que perde o sentido existencial, tombando no vazio agônico de si mesmo.
Numa cultura eminentemente utilitarista e imediatista, o tempo-sem-tempo favorece a fuga da autoconsciência do indivíduo para o consumismo tão arbitrário quão perverso, no qual o culto da personalidade tem primazia, desde a utilizaçào dos recursos de implantes e programas de aperfeiçoamento das formas, com tratamentos especializados e de alto custo, até os sacrifícios cirúrgicos modificando a estrutura da organização somática.
O belo, ou aquilo que se convencionou denominar como beleza, é um dos novos deuses do atual Olimpo, ao lado das arbitrariedades morais e emocionais em decantado culto à liberdade, cada vez mais libertina.
A ausência dos sentimentos de nobreza, particularmente do amor, impulsiona o comércio da futilidade e do ilusório, realizando-se a criatura enganosamente nos objetos e utensílios de marca, que lhe facultam o exibicionismo e a provocação da inveja dos menos favorecidos, disputando-se no campeonato da insensatez.
Em dias de utopia, nos quais se vale pelo que se apresenta e não pelo que se é, o eto convencional, os ideais que dignificam e trabalham as forças normais cedem lugar aos prazeres ligeiros e frustrantes que logo abrem espaço a novas mentirosas necessidades.
O cárcere do relógio, impedindo que se vivencie cada experiência em sua plenitude e totalidade, sem saltar-se de uma para outra apressadamente, torna os seus prisioneiros cada vez mais ávidos de novidades, por se lhes apresentar o mundo assinalado pela sua fugacidade.
Exige-se que todos se encontrem em intérmino banquete de alegrias, fingindo conforto e bem-estar nas coisas e situações a que se entregam, distantes embora da realidade e dos significados existenciais.
A tristeza, a reflexão, o comedimento já não merecem respeito, sendo tidos como transtornos de conduta, numa exaltação fantasiosa e sem limite em relação aos júbilos destituídos de fundamentos.,
Certamente, não fazemos apologia desses estados naturais, mas eles constituem pausas necessárias para refazimento emocional nas extravagâncias do cotidiano.
Sempre quando são recalcados e não logram conscientização, inevitavelmente se transformam em problemas orgânicos pelo fenômeno da somatização.
Muito melhor é a vivência da tristeza legítima e necessária, em caráter temporário, do que a falsa alegria, a máscara da felicidade sem conteúdos válidos.
Nesse contubérnio infeliz, tudo é muito rápido e passa quase sem deixar vestígio da sua ocorrência.
O agora, em programação de longo alcance, elaborado ao amanhecer, logo mais, à tarde, transforma-se em passado distante, sem recordações ou como impositivo de esquecimento para novas formulações prazerosas.
Quando não se vivencia o presente em sua profundidade, perdem-se as experiências que ficaram arquivadas no passado. E todo aquele que não possui o passado nos arquivos da memória atual é destituído de futuro, por faltarem-lhe alicerces para a sua edificação.
Nessa volúpia hedonista, o egotismo governa as mentes e condutas, produzindo o isolamento na multidão e a solidão nos escaninhos da alma.
Todo prazer que representa alegria real impõe um alto preço pela falta de espontaneidade, pela comercialização dos seus valores e emoções.
* * *
Não seja de estranhar-se que a juventude desorientada, sempre arrebatada pela música de mensagem rebelde e agressiva, de conteúdo deprimente e aterrorizante, com a INTERNET exibindo as imagens de adolescentes suicidas em demonstração de coragem e desprezo pela vida, ignore as possibilidades de um futuro risonho, que lhe parece falacioso.
Os esportes que os gregos cultivavam, assim como outros povos, como meios de recreação, arte e beleza – exceção feita aos espetáculos grosseiros nos circos de Roma imperial – vemos alguns deles hoje transformados em campos de batalha, nos quais os seus grupos de aficionados armam-se para rudes refregas com os opositores e em que os atletas não têm outro vínculo com os seus clubes, senão o interesse pelos altos rendimentos, favorecem a brutalidade e a barbárie com a destruição de imóveis, veículos e vidas, quando um deles perde na disputa nem sempre honorável...
Aprendendo com os adultos a negar as qualidades do bem e da paz, na azáfama exclusiva do desfrutar, essa aturdida mocidade entrega-se à drogadição, em busca do êxtase que logo passa trazendo-a à realidade decepcionante. O desencanto, que se lhe instala, de imediato deve ser diminuído no tempo e no espaço, facultando-lhe buscar novos estimulantes ou entorpecentes para esquecer ou para gozar.
Nesse particular, a comercialização do sexo aviltado com os ingredientes do erotismo tecnicista, exaure os seus dependentes, consumindo-os.
É inevitável, nesta cultura pagà e perversa, a presença do vazio existencial nas criaturas humanas, suas grandes vítimas.
Apesar da ocorrência mórbida, bem mais fácil do que parece é a conquista dos objetivos da reencarnação.
Pessoa alguma encontra-se na indumentária carnal por impositivo do acaso ou por injunção de um destino cego e cruel.
Existe uma finalidade impostergável no renascimento do Espírito na organização carnal, que se constitui da oportunidade para o autoburilamento por colisões e atritos, qual ocorre com as gemas preciosas que necessitam da lapidação para libertar a luminosidade adormecida no seu interior.
Uma releitura atenta dos códigos de ética e de justiça de todos os tempos proporciona o reencontro com os reais valores que devem nortear a vida humana.
O tecido social ora esgarçado e tênue ante uma revisão sistêmica dos objetivos de elevação moral em favor da aquisição da alegria real, sem as máscaras da mistificação, adquiriria resistência para os enfrentamentos, abrindo espaço para a justiça social, para o auxílio recíproco.
Esse ser biopsicossocial é, antes de tudo, imortal, criado por Deus para viver em plena harmonia durante a viagem orgânica.
Indispensável, pois, se torna a elaboração de programas educacionais e labores que propiciem a autoconsciência.
As conquistas tecnológicas e midiáticas são neutras em si mesmas, considerando-se os inestimáveis benefícios oferecidos à sociedade terrestre, que saiu da treva e da ignorância para a luz e o conhecimento.
A ganância e os tormentos interiores de alguns dos seus executivos e multiplicadores de opinião respondem pela fabricação de líderes da alucinação, de exibidores da rebeldia, de fanáticos da agressividade e da promiscuidade.
Usadas de maneira adequada, encaminhariam com saudável conduta os milhões de vítimas que arrasta, especialmente na inexperiência da juventude rica de sonhos que se transformam em hórridos pesadelos.
O vazio existencial consome o ser e atira-o na depressão, empurrando-o para o suicídio.
Em uma cultura saudável, a alegria nào impede a tristeza, nem essa atormenta, por constituir-se um fenômeno psicológico natural do ser, profundo em si mesmo.
* * *
Se experimentas esse vazio interior, desmotivado para viver ou para laborar em favor do bem-estar pessoal, abre-te ao amor e deixa-te conduzir pelas suas desconhecidas emoções que te plenificarão com legítimas aspirações, oferecendo-te um alto significado psicológico e humano.
Reflexiona, pois, na correria louca para lugar nenhum e considera a vida a oportunidade de sorrir e produzir, descobrindo-te útil a ti mesmo e à comunidade.
Mas, se insistir essa estranha sensação, faze mais e melhor, esquecendo-te de ti mesmo, auxilia outrem a lograr aquilo por que anela, e descobrirás que, ao fazê-lo feliz, preenchido de paz, estarás ditoso também.
Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, do Espírito Joanna de Ângelis, na reunião mediúnica de 29 de outubro de 2008, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 26.02.2009.