Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

sábado, 30 de março de 2013

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 87

 
 
No espaço infinito há mesmo divisões que se interpõem aos Espíritos que ali se radicaram por necessidade, sem condições de visitarem outras comunidades, porém essas, como que prisão, são transitórias; o tempo lhes dará meios, juntamente com o esforço próprio, de se libertarem, tendo o espaço como a sua própria casa, sendo cidadãos universais. Para os Espíritos puros não existem barreiras e eles visitam todos os reinos como se fossem o seu próprio ninho familiar. Mas, para tanto, haveremos de vencer a nós mesmos, iluminando a nossa consciência, aparando as nossas arestas e convertendo os nossos impulsos de ódio, ciúme, orgulho e egoísmo em amor, Àquele que Se transmuta em sol e faz livre os sentimentos, para que a caridade tenha trânsito desimpedido, com todas as suas nuances.
É de se notar que na Terra há igualmente muitas divisões, onde o inferior não tem acesso ao superior, no entanto, este pode transitar em todos os outros. Devemos buscar a superioridade, que deve ser patrimônio comum de todas as criaturas, conquista de todos os seres, pelo esforço individual. Os Espíritos povoam verdadeiramente o espaço infinito, reunindo-se por vezes, em sociedade, como convivem com os homens de maneira que muitos desconhecem. Eles estão ligados à Terra por compromissos assumidos de ajudar os encarnados nas suas necessidades, e trabalham incessantemente, dando-lhes intuição das coisas correias da vida; entretanto, se fecharem os ouvidos à transmissão de ideias nobres, abrir-se-á campo propício para a manifestação das trevas, que também têm como moradia a Terra, por ela ser o lar mais afeito às suas aspirações.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 86

 
 
Não pode existir violência em campo algum de vida. A lei nos pede respeito aos direitos dos outros, principalmente pelo que eles expressam na escala da evolução espiritual. Há alguns espiritualistas que perguntam: Por que existe o plano físico? O Espírito não poderia evoluir sem investir-se da matéria? Isso não nos compete responder, mas podemos analisar desta maneira: sendo Deus a Inteligência Suprema, a Perfeição sem mescla, não iria fazer o mundo físico sem necessidade. Logo que foi feito, necessitamos dele. Esta é a lógica. Qual a necessidade que temos e a posição que adotamos, para julgar o Criador? Precisamos do estágio na matéria bruta, como porta para o despertamento gradativo das nossas qualidades, e um mundo de certa forma está interligado com o outro, às vezes de maneira que se desconhece, mas um é motivo de trabalho e experiências para o outro, na pauta das escalas espíritas.
 

Aprendendo com o livro dos espíritos questão 85

 
“O mundo espírita, que preexiste e sobrevive a tudo.”
---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Comentários de Miramez
 
Os luminares que ditaram O Livro dos Espíritos, disseram que os Espíritos povoam o espaço infinito, dando início a uma nova era de conhecimento sobre o mundo espiritual. No entanto, sendo o espiritismo uma filosofia religiosa e científica, elástica, adotando o progresso como necessidade para a paz de todas as criaturas, a sua revelação é contínua. Os Espíritos Superiores sopram onde quer que seja, trazendo novos ensinamentos e desvendando novos segredos sobre aquilo que existe no mundo espiritual. E bom que se observe quantas notícias já chegaram à Terra depois da codificação da Doutrina dos Espíritos, em uma seqüência grandiosa, e esses ditados estão sendo supervisionados pelos luminares encarregados de falar com os homens, pelos processos da mediunidade, fenômenos que, embora sejam de todos os tempos, evidenciam-se cada vez mais.
Existem, portanto, no plano espiritual, cidades, colônias, edifícios e casas de todos os tipos, de conformidade com as necessidades espirituais, destacando os motivos educacionais de todos os seres. E ainda existem outras coisas, que somente o tempo poderá revelar, obedecendo às necessidades dos Espíritos que se reúnem, por sintonia, nesses lugares abençoados. Tudo que se faz nesses sítios de luz é por ordem da Divina Sabedoria, e usa-se a mesma matéria, de forma diferente da que se aplica na Terra, por ser ela rarefeita e obediente aos pensamentos, capazes de movimentá-la com toda a maestria, dando-lhe tonalidades que se desejar e construindo as moradias que se lhe convierem. Existem igualmente jardins, lavouras etc.. Também existem regiões no astral onde se congregam os animais fora da forma física, que também são utilizados como se usa na Terra, para que eles sintam a presença do Espírito, e destes absorvam algo que lhes sirva para o próprio despertamento. No entanto, nem todos são usados nos trabalhos; depende do estágio de cada um e de cada espécie.

Conhecendo o Livro o Céu e o Inferno parte 5-"...A intenção de não faltar aos deveres era, efetivamente, honrosa, e lhes será levada em conta mais tarde, mas o verdadeiro mérito consistiria na resistência, tendo eles procedido como o desertor que se esquiva no momento do perigo..." ,



Duplo Suicídio por Amor e por Dever
É de um jornal de 13 de junho de 1862 a seguinte narrativa:
"A jovem Palmira, modista que residia com seus pais, era dotada de aparência encantadora e de caráter afável. Por isso também muito requestada a sua mão. Entre todos os pretendentes ela escolheu o Sr. B., que lhe retribuía essa preferência com a mais viva das paixões. Não obstante essa afeição, por deferência aos pais, Palmira consentiu em desposar o Sr. D., cuja posição social se afigurava mais vantajosa do que a do seu rival.
Os Srs. B. e D. eram amigos íntimos e posto não houvesse entre eles quaisquer relações de interesse, jamais deixaram de se avistar. O amor recíproco de B. e Palmira, que passou a ser a Sra. D., de modo algum se atenuara e como se esforçassem ambos por contê-lo, aumentava-se ele de intensidade na razão direta daquele esforço.
Visando extingui-lo, B. tomou o partido de se casar, e desposou, de fato, uma jovem possuidora de eminentes predicados, fazendo o possível por amá-la.
Cedo, contudo, percebeu a impossibilidade do expediente. Decorreram quatro anos sem que B. ou a Sra. D. faltassem aos seus deveres.
O que padeceram, só eles o sabem, pois D., que estimava deveras o seu amigo, atraía-o sempre ao seu lar, insistindo para que nele ficasse quando tentava retirar-se.
Aproximados um dia por circunstâncias fortuitas e independentes da própria vontade os dois amantes deram-se ciência do mal que os torturava e acharam que a morte era, no caso, o único remédio que se lhes antolhava. Assentaram que se suicidariam juntamente, no dia seguinte, em que o Sr. D., estaria ausente de casa mais prolongadamente.
Feitos os últimos preparativos, escreveram longa e tocante missiva, explicando a causa da sua resolução, para não prevaricarem. Essa carta terminava pedindo que lhes perdoassem e, mais, que os enterrassem na mesma sepultura.
De regresso à casa, o Sr. D. encontrou-os asfixiados. Respeitou-lhes os últimos desejos, e, assim, não consentiu fossem os corpos separados no cemitério."
Sendo esta ocorrência submetida à Sociedade de Paris, como assunto de estudo, um Espírito respondeu:
"Os dois amantes suicidas não vos podem responder ainda. Vejo-os imersos na perturbação e aterrorizados pela perspectiva da eternidade. As conseqüências morais da falta cometida lhes pesarão por migrações sucessivas, durante as quais suas almas separadas se buscarão incessantemente, sujeitas ao duplo suicídio de se pressentirem e desejarem em vão.
Completada a expiação, ficarão reunidos, no seio do amor eterno. Dentro de oito dias, na próxima sessão, podereis evocá-los. Eles aqui virão sem contudo se avistarem, porque profundas trevas os separarão por muito tempo."
1. Evocação da suicida. — Vedes o vosso amado, com o qual vos suicidastes?
R. Nada vejo, nem mesmo os Espíritos que comigo erram neste mundo. Que noite! Que noite! E que véu espesso me circunda a fronte!
2. Que sensação experimentastes ao despertar no outro mundo?
R. Singular! Tinha frio e escaldava. Tinha gelo nas veias e fogo na fronte! Coisa estranha, conjunto inaudito! Fogo e gelo pareciam consumir-me! E eu julgava que ia sucumbir uma segunda vez!...
3. Experimentais qualquer dor física?
R. Todo o meu sofrimento reside aqui, aqui...
— Que quereis dizer por aqui, aqui?
R. Aqui no meu cérebro, aqui no coração...
É provável que, visível, o Espírito levasse a mão à cabeça e ao coração.
4. Acreditais na perenidade dessa situação?
R. Oh! Sempre! Sempre! Ouço às vezes risos infernais, vozes horríficas que bradam sempre assim!
5. Pois bem, podemos com segurança dizer-vos que nem sempre assim será. Pelo arrependimento obtereis o perdão.
R. Que dizeis? Não ouço.
6. Repetimos que os vossos sofrimentos terão um termo, que os podereis abreviar pelo arrependimento, sendo-nos possível auxiliar-vos com a prece.
R. Não ouvi, além de sons confusos, mais que uma palavra. Essa palavra é — graça! Seria efetivamente graça o que pronunciastes? Falastes em graça, mas sem dúvida o fizestes à alma que por aqui passou junto de mim, pobre criança que chora e espera.
Uma senhora, presente à reunião, declarou que fizera fervorosa prece pela infeliz, o que sem dúvida a comoveu, e que de fato, mentalmente, havia implorado em seu favor a graça de Deus.
7. Dissestes estar em trevas e nada ouvir?
R. Me é permitido ouvir algumas das vossas palavras, mas o que vejo é apenas um crepe negro, no qual de quando em quando se desenha um semblante que chora.
8. Mas, uma vez que ele aqui está sem o avistardes, nem sequer vos apercebeis da presença do vosso amado?
R. Ah! Não me faleis dele. Devo esquecê-lo presentemente para que do crepe se extinga a imagem retratada.
9. Que imagem é essa?
R. A de um homem que sofre e cuja existência moral na Terra aniquilei por muito tempo.
Da leitura dessa narrativa logo se depreende haver neste suicídio circunstâncias atenuantes, encarando-o como ato heróico provocado pelo cumprimento do dever. Mas reconhecesse, também, que, contrariamente ao julgado, longa e terrível deve ser a pena dos culpados por se terem voluntariamente refugiado na morte para evitar a luta. A intenção de não faltar aos deveres era, efetivamente, honrosa, e lhes será levada em conta mais tarde, mas o verdadeiro mérito consistiria na resistência, tendo eles procedido como o desertor que se esquiva no momento do perigo.
A pena consistirá, como se vê, em se procurarem debalde e por muito tempo, quer no mundo espiritual, quer noutras encarnações terrestres; pena que ora é agravada pela perspectiva da sua eterna duração. Essa perspectiva, aliada ao castigo, faz que lhes seja defeso ouvirem palavras de esperança que porventura lhes dirijam. Aos que acharem esta pena longa e terrível, tanto mais quanto não deverá cessar senão depois de várias encarnações, diremos que essa duração não é absoluta, mas depende da maneira porque suportarem as futuras provações, além do que podem eles ser auxiliados pela prece. E serão assim, como todos, os árbitros do seu destino. Não será isso, ainda assim, preferível à eterna condenação, sem esperança, a que ficam irrevogavelmente submetidos segundo a doutrina da Igreja, que os considera votados ao inferno e para sempre, a ponto de lhes recusar, com certeza por inúteis, as últimas preces?

quinta-feira, 28 de março de 2013

Muito Será Perdoado a Quem Muito Amou

Muito Será Perdoado a Quem Muito Amou

Artigo publicado no jornal "Unificação" - Ano XIV - Agosto de 1966 - Número 161

E eis que uma mulher da cidade, uma pecadora, sabendo que ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um vaso de alabastro com ungüento.
E, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas, e enxugá-los com os cabelos; e beijava-lhe os pés, e ungia-lhes com o ungüento.
Quando isto viu o fariseu que o tinha convidado, falava consigo, dizendo: Se este fora profeta, bem saberia quem e qual é a mulher que lhe tocou, pois é uma pecadora.
E respondendo, Jesus, disse-lhe: Simão, uma coisa tenho a dizer-te. E ele disse: Dize-a, Mestre.
Um certo credor tinha dois devedores: um lhe devia quinhentos dinheiros, e o outro cinqüenta.
E, não tendo eles com que pagar, perdoou-lhes a ambos. Dize, pois: qual deles o amara mais?
E Simão, respondendo, disse: Tenho para mim que é aquele a quem mais perdoou. E ele disse: julgaste bem.
E voltando-se para a mulher, disse a Simão: Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa, e não me deste água para os pés; mas esta regou-me os pés com lágrimas e me enxugou com os seus cabelos.
Não me deste ósculo, mas esta, desde que entrou, não tem cessado de me beijar os pés.
Não me ungiste a cabeça com óleo, mas esta ungiu-me os pés com ungüento.
E por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados, porque muito amou: mas aquele a quem pouco é perdoado pouco ama”.
(Lucas, 7:37-47).

Os evangelistas Mateus e Marcos, narrando a mesma ocorrência, afirmaram que os apóstolos de Jesus, ali presentes, se indignaram com aquele desperdício de ungüento, ponderando que o melhor seria vendê-lo por bom preço, fazendo com que o produto da venda fosse revertido em favor dos pobres. O Mestre, discordando desse modo de pensar dos seus discípulos esclareceu: “ela fez uma boa ação. Porquanto sempre tendes convosco os pobres, mas a mim não me haveis de ter sempre. Em verdade vos digo que, onde quer que este Evangelho for pregado, em todo o mundo, também será referido o que ela fez, para memória sua”.
Os apóstolos não sentiam, em toda a sua extensão, o que se passava no coração de Maria de Betânia, e, em vez de compreender o significado daquele gesto, preferiram antes criticar a perda daquele ungüento de alto valor.
A virtude coexiste com o amor. Aquela mulher, em cujo coração existia o amor em potencial, começava a aninhar no recesso de sua alma uma forma de virtude que não podia ser vista ou sentida, nem pelos apóstolos, nem pelo fariseu Simão, dada a montanha de preconceitos que mantinham dentro de si, mas que o olho bom do Divino Pastor via e compreendia em toda a sua plenitude.
Os espíritos nos ensinam que o ser encarnado se depara com duas alternativas nos tramites da sua evolução espiritual, para cujo discernimento goza do livre-arbítrio; ou faz com que sua evolução se processe normalmente pelas pautas do amor, ou terá que fazê-lo, violentamente, sob o guante da dor.
A lei inflexível do progresso não permite que o espírito permaneça indefinidamente na ociosidade, menosprezando as dádivas generosas que a Justiça Divina, por excesso de misericórdia lhe concede, e que representam inequívoca demonstração do exuberante amor de Deus para com suas criaturas. O espírito terá que demandar, inexoravelmente, as culminâncias dos planos espirituais, através dos renascimentos sucessivos na carne.
A sublimidade do gesto daquela mulher, ungindo os pés de Jesus, retratava, em toda a sua profundeza, os anseios por uma vida pautada nos maravilhosos preceitos daquele manso Cordeiro de Deus, que percorria as províncias da Judéia sugerindo aos homens que porfiassem em entrar pela porta estreita das responsabilidades e da observância das leis morais recebidas por Moisés, no alto do Sinai, e ratificadas por Jesus Cristo, repelindo o acesso à porta larga das satisfações dos gozos mundanos.
Dirigindo-se à mulher, e afirmando que “os seus muitos pecados lhe eram perdoados”, não estava, logicamente, nas cogitações do Mestre, dar demonstração de uma exceção na lei ou de um tratamento unilateral no quadro da Justiça Divina.
É óbvio que, procedendo daquela forma, o Cristo não derrogou qualquer lei divina e nem premiou um espírito em quem não havia mérito.
No desenvolvimento daquela passagem evangélica, o Senhor deixou bem patenteado que os sofrimentos inenarráveis daquela criatura, retemperada pelo remorso, haviam transmudado os seus sentimentos, assim como o fogo aplicado ao cadinho faz com que o ferro se derreta e adquira novas formas. Os seus padecimentos físicos e morais, sob a influência do remorso retificador, fizeram com que todos os sentimentos inferiores que haviam se aninhado no recôndito da sua alma, cedessem lugar a uma forma irrestrita de amor, que foi enaltecida por Jesus.
O Senhor sondava as profundezas dos corações humanos e, no caso específico daquela mulher via retratado, em seu íntimo, todo um mundo de dor querendo tomar a configuração de um sentimento nobre. O amor havia coberto toda uma multidão de pecados, e Maria de Betânia produzindo aquele fato grandioso de ungir os seus pés, derramar neles as suas lágrimas e enxugá-los com os seus cabelos, deu efusiva demonstração do seu estado de alma.
Eis aí o poder maravilhoso do Evangelho, que opera as transformações mais inconcebíveis para o gênero humano: fazendo com que, na mesma existência física, uma criatura deixe de se chafurdar nos vícios para dar inicio a um processo de auto-reforma.
Maravilhosa explosão de fé propiciada por uma mulher pecadora, que sentia no recesso da sua alma toda a iniqüidade reinante nos corações dos homens e se predispunha a procurar aquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, a fim de que ele lhe desse uma certeza de que nem tudo estava perdido. Procedendo daquela maneira, a mulher procurava fazer ressaltar a sublime sinceridade do seu arrependimento e a sua firme disposição de lutar pela sua própria reabilitação.
A reforma de Maria foi decisiva e a comprovação da mesma temo-la em um fato ocorrido posteriormente e narrado em Lucas 11:38-41, onde está descrito que Jesus, visitando a casa de Lázaro, Maria se pôs a zelar pelas aparências do lar, e como Maria se comprazia unicamente em ouvir os ensinos do Mestre, Marta obtemperou: Mestre não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? A que o Senhor respondeu: Marta, Marta está ansiosa e afadigada com muitas coisas. Mas uma só é necessária: e Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.
A falência da alma é transitória e dura apenas o suficiente para um adequado amadurecimento da razão, pois, quando o espírito encarnado aquilata o quanto perde por transigir com o erro, e vê, de relance, toda a majestosidade de um plano de progresso incessante, onde os espíritos bons são os despenseiros da vontade de Deus, deixa de lado todas as formas de viciações, de inércia, de titubeações, para se integrar, de uma vez para sempre, no sistema que leva a criatura ao Criador de um modo eficiente.
Assim como a ovelha transviada ouve a voz de seu pastor, Maria de Betânia ouviu a voz do Mestre apregoando em sua cidade e anunciando o reino de Deus. Como decorrência decidiu palmilhar o caminho por ele ensinado, todo ele entrecortado de promessas vivas de um Pai generoso e bom que não quer a perda de nenhuma de suas ovelhas, e que através dos ensinos propiciados pela parábola do filho pródigo, deseja que todas as ovelhas voltem para o redil, para que um dia, no decurso dos séculos, haja um só rebanho e um só pastor, em cujo seio imperará a paz, a concórdia, a fraternidade e o amor em suas expressões mais sublimadas, e onde reinará a certeza de que não haverá mais quedas e que todas as lágrimas serão enxugadas.

Não andeis cuidadosos de vossa vida...

Não andeis cuidadosos de vossa vida...

Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB - 7ª Edição - 6/1989.

“ Não andeis cuidadosos de vossa vida, pelo que haveis de comer, nem do vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é mais a alma que a comida, e o corpo mais que o vestido?
Olhai para as aves do céu, que não semeiam nem segam, nem fazem provimento nos celeiros, e, contudo vosso Pai Celestial as sustenta. Porventura não sois muito mais do que elas?
E por que andais solícitos pelo vestido? Considerai como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem fiam; entretanto, nem Salomão em toda a sua glória se cobriu jamais como um deles.
Pois se ao feno do campo, que hoje existe e amanhã é lançado no forno, Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé?
Não vos aflijais, pois, dizendo: que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos cobriremos? Por que os gentios é que se cansam por essas coisas. Vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas”. (Mateus, 6:25-32).
O texto que encima estas linhas, longe do que possa parecer à primeira vista, não é uma exaltação à ociosidade. Interpretá-lo “ao pé da letra”, supondo nos seja lícito cruzar os braços, à espera de que a Providência nos forneça tudo o de que precisamos, sem qualquer esforço de nossa parte, fora grande estultícia.
O trabalho é o instrumento de nossa auto-realização: o suprimi-lo equivaleria a sustar o progresso individual e, conseqüentemente, a evolução da Humanidade.
Além disso, é ordenação divina que “o homem deve prover ao seu sustento com o suor do seu rosto”, chegando o apóstolo Paulo a declarar que “quem não trabalha não deve comer”.
Essas palavras de Jesus são, pois, isto sim, um incitamento a que tenhamos fé em Deus, nosso Pai Celestial, confiemos em Sua bondade infinita e não invertamos a hierarquia dos valores, preocupando-nos mais (ou só) com a conquista dos bens materiais, sem dar a devida atenção à nossa edificação espiritual.
De fato, Aquele que nos deu a vida sabe que precisamos de alimentos para a subsistência de nosso corpo, assim como de vestimenta para cobri-lo e resguardá-lo das intempéries.
E porque nos tem amor maior do que o amor que temos a nós próprios, não se limita a prover-nos meramente de quanto nos seja indispensável à existência, mas esparge a mancheias, por toda parte, traços de beleza e cânticos de alegria, a fim de que nossa jornada neste mundo se torne mais suave e mais prazerosa.
As flores gráceis e perfumadas, as árvores frondosas e amigas, as aves com suas plumagens policrômicas e álacres gorjeios, são bênçãos maravilhosas com que Deus envolve a todos os Seus filhos, para ensinar-nos que assim também devemos proceder uns com os outros, fazendo cada qual quanto lhe seja possível para a alegria e a felicidade de todos.
Aprofundando a explicação, Jesus nos esclarece: “Olhai as aves do céu, que não semeiam nem ceifam, não amontoam nos celeiros e, no entanto, o Pai Celestial as alimenta. Não valeis muito mais do que elas?”.
É como se nos dissesse:
Por que tanto vos inquietais com “o vosso futuro?” Por que a obsessão de acumular mais do que podeis consumir? Não percebeis que aquilo que retendes, em demasia, vai causar a fome e a miséria de vossos irmãos? Não notastes ainda que o egoísmo é a fonte de quase todos os males que perturbam e afligem a Humanidade?
Vivei como os pássaros: joviais e despreocupados, na certeza de que, seguindo o preceito evangélico do “buscai e achareis”, sempre obtereis o de que precisais.
Não vos convencestes ainda da munificência divina? Contemplai, então, os lírios do campo: “Eles não trabalham nem fiam; não obstante, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu com tanta graça e formosura”.
Crede: Deus é nosso Pai, e, se demonstra cuidado com as aves e as flores, que, na escala evolutiva, estão muito abaixo de vós, quanto mais desvelo, quanto mais carinho, não há de ter para convosco?
Não vos martirizeis, portanto, pelo que haveis de comer ou beber, nem pelo que haveis de vestir, porque não fostes colocados na Terra apenas para isso, mas para que aprendais a viver segundo as leis da bondade e da justiça...
Tal – assim nos parece – o verdadeiro sentido desta preciosa lição do Mestre dos mestres.

quarta-feira, 27 de março de 2013

União e Unificação

União e Unificação

Filhas e filhos da alma, que Jesus nos abençoe!

A união dos espíritas é ação que não pode ser postergada e a unificação é o laço de segurança dessa união.
A união vitaliza os ideais dos trabalhadores, mas a unificação conduz com equilíbrio pelas trilhas do serviço.
A união demonstra a excelência da qualidade da Doutrina Espírita nos corações, mas a unificação preserva essa qualidade, para que passe à posteridade conforme recebemos do ínclito Codificador.
Em união somos felizes. Em unificação estamos garantindo a preservação do Movimento Espírita aos desafios do futuro.
Em união teremos resistência para enfrentar o mal que existe em nós e aquele que cerca o nosso caminho, tentando impossibilitar-nos o avanço. Em unificação estaremos consolidando as atividades que o futuro coroará de bênçãos.
Em união marcharemos ajudando-nos reciprocamente. Em unificação estaremos ampliando os horizontes da divulgação doutrinária em bases corretas e equilibradas.
Com união demonstraremos a nós mesmos que é possível amar sem exigir nada. Com unificação colocaremos as ideias pessoais em planos secundários, objetivando a coletividade.
Com união construiremos o bem, o belo e o nobre. Com Unificação traremos de volta o pensamento do Codificador, preservando a unidade da Doutrina e do Movimento Espírita. Com união entre os companheiros encarnados, tornaremos mais fácil o intercâmbio entre nós outros, os que os precedemos na viagem de volta, e eles, que rumam pela estrada difícil. Com unificação estaremos vivenciando o Evangelho de Jesus quando o Mestre assevera: Um só rebanho , um só pastor.
Unindo-nos, como verdadeiros irmãos, estabeleceremos o laço de identificação com os propósitos dos Mentores da Humanidade, que esperam a influência que o Espiritismo provocará no mundo, à medida que seja conhecido e adotado nas áreas da ciência, das artes, do pensamento filosófico e das religiões.
União para unificação, meus filhos, é o desafio do momento.
Rogando a Jesus que nos abençoe e nos dê a sua paz, o servidor humílimo e paternal de sempre,
Bezerra

Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, por ocasião do encerramento do 1º Congresso Espírita do Estado do Rio de Janeiro, na manhã de 25.01.2004, na sede da Federação Espírita do Rio de Janeiro, em Niterói, RJ.
Em 29.12.2009.
 
   

Embaixadores do Reino



A sinfonia da Boa Nova encontrava-se no auge da sua musicalidade, enternecendo os corações antes em angústia e confortando as mentes que se encontravam desarvoradas.
Em toda parte, no abençoado solo de Israel, o doce canto penetrava a acústica das almas, da mesma forma que o sândalo suavemente é absorvido por qualquer superfície porosa.
Tratava-se de uma epopeia que atingia o clímax e nunca mais se repetiria na Terra, jamais igualada em todo o seu esplendor.
A passagem iridescente por onde Ele deambulava, enriquecia-se de belezas espirituais e uma permanente aragem de esperança e de paz permaneceria assinalando as ocorrências ditosas.
Em madrugada que se fazia bordada de luz, Ele reuniu os Seus, em Cafarnaum, às margens do mar-espelho, e lhes explicou ternamente como seria o programa de engrandecimento moral que estava traçado para toda a Humanidade.
Era necessário empreender a desafiadora façanha de informar às gentes de todo lugar o seu conteúdo invulgar.
Na Sua condição de rei, deveria visitar as regiões bravias e difíceis de comunicação, nas quais necessitava instalar os alicerces do reino, para tanto, enviaria embaixadores que se encarregariam de anunciá-lO, de abrir clareiras nas selvas dos sentimentos devastados pelas paixões primárias, proporcionando espaços para a fixação dos pilotis do amor e da compaixão, sobre os quais seria erguido o altar da caridade.
Aqueles eram dias de egoísmo, de soberba, de intérminas batalhas nas quais predominavam os ódios e as rixas perversas.
O ser humano era escravo dos dominadores mais astutos e impiedosos, que os submetiam ao talante das suas misérias morais interiores.
Não brilhava o sol da esperança e muito menos a doce possibilidade de compaixão.
A miséria espiritual transbordava, e as pessoas encontravam-se submetidas aos preconceitos, às situações, de penúria e de abandono.
De certo modo, ainda hoje é quase assim...
O processo da evolução íntima do Espírito, que deve abandonar o primarismo de onde procede, na busca dos alcantis do infinito, é longo e penoso...
Envolvendo os discípulos selecionados para o mister especial, tocou-os, um a um, transmitindo-lhes a santificada energia que O caracterizava, e esclareceu:
-Ide em paz e com irrestrita confiança no Pai.
Nunca temais, seja o que for, porquanto estais investidos do mandato superior e conseguireis avançar imunes às agressões, às picadas dos escorpiões e das serpentes que ficarão esmagados sob vossos pés, enquanto as vossas vozes calarão a agressão dos Espíritos perversos, zombeteiros e causadores do pânico nas multidões desavisadas...
Seguireis amparados pelas legiões angélicas, encarregadas de trabalhar a Humanidade e nela renascer através dos séculos para recordar e ampliar as sublimes propostas que apresentareis.
Inspirar-vos-ão e ouvir-vos-ão, num contínuo intercâmbio de amor.
Ninguém terá como silenciar-vos as vozes, e todos se vos submeterão ao canto incomparável com as revelações da verdade...
Depois, eu próprio vos seguirei, fixando as estrelas do Evangelho no zimbório das almas em escuridão.
Abençoo-vos em nome de meu Pai e despeço-me em paz.
*   *   *
Eram setenta discípulos preparados para a propaganda e difusão da Sua mensagem insuperável. Estavam assinalados pela autoridade moral e identificados pelo profundo sentimento de fraternidade.
Haviam renascido para participar da grandiosa envergadura espiritual e deveriam trabalhar enriquecidos pela alegria inaudita do bem fazer.
Quando o Sol diluía nas águas doces e transparentes do mar os seus raios de ouro disparados com certeira pontaria, eles partiram em cânticos de júbilos...
*   *   *
A partitura imensa, na qual estavam grafadas as harmonias da Boa Nova, alcançava aldeias humildes e cidades orgulhosas, perpassavam pelos caminhos impérvios e se expandia pelas estradas bem cuidadas, em perfeita identificação com o Cantor, onde quer que se encontrasse.
A sociedade terrestre sempre aflita e sofrida, que transpirava horror e decomposição espiritual, passou a receber o bálsamo sarador e a força revigorante para que pudesse superar a difícil conjuntura do seu estágio primitivista.
Ele inaugurava, naqueles dias, a era das provas e expiações, proporcionando os recursos valiosos para que se pudessem suportar as dificuldades da evolução.
O largo período de selvageria e impiedade cederia lugar lentamente a uma fase nova de esperança e de certeza de paz.*
Os dias correram céleres na ampulheta do tempo e os embaixadores desincumbiram-se da responsabilidade que lhes foi concedida.
Num entardecer de sol desfiando plumas de luz de cor variada, eles retornaram exultantes.
Diante da multidão, na mesma praia de Cafarnaum, de onde saíram, eles se apresentaram e depuseram:
Em toda parte proclamamos a Era Nova, explicando que um reino de paz se acercava, iniciando-se no coração do ser humano, e que avançará ditoso no rumo do futuro feliz.
Desafiados por saduceus hipócritas e pretorianos insensíveis, perseguidos por fariseus fanáticos e cínicos, assim como pela malta sempre revoltada, demonstrando o poder que nos foi conferido, curamos as suas mazelas em nome do nosso Rei, submetemos Espíritos vingativos, saramos feridas, restituímos visão aos cegos, audição aos surdos, movimentos aos paralíticos e alegria aos tristes em momentos de inconfundível ligação com Deus.
Nenhum mal nos aconteceu, e sempre conseguimos anunciar o amanhecer de um novo tempo com os olhos iluminados pela alegria e os corações pulsando felicidade.
Algumas cidades de prazer e de loucura gargalharam das nossas palavras, mas sempre encontramos infelizes à espera de compaixão e de ajuda.
Vimos rostos desfigurados pela lepra sorrir de alegria e vidas despedaçadas recompor-se ao toque da esperança.
A vossa palavra em nossas bocas soava como cânticos nunca dantes enunciados ou ouvidos e nossas presenças tornaram-se fortaleza para os fracos e apoio para os oprimidos.
Estão lançadas as balizas do reino que Vos pertence, Senhor!
Jubiloso,o Rabi sábio novamente os abençoou, e dirigindo-se à massa em expectativa emocionada, lamentou:
Ai de ti, Corazim! Ai de ti Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidon se tivessem operado os milagres que em vós se fizeram, há muito que elas se teriam arrependido, assentadas em pano de saco e cinza.
Contudo, no juízo, haverá menos rigor para Tiro e Sidon, do que para vós outras.
Tu, Cafarnaum, elevar-te-ás, porventura, até o céu? Descerás até o inferno?
Leve palor tomou-Lhe a bela face, como resultado da percepção de que as grandiosas Corazins e Betsaidas do futuro, por largo período prefeririam o bezerro de ouro àave de luz do Seu amor.
*
Passaram-se muitos séculos. Seus embaixadores continuam renascendo em todas as épocas, proclamando a Boa Nova, e os ouvintes permanecem moucos com os sentimentos enregelados nas paixões vergonhosas.
Em consequência, acumulam-se as nuvens borrascosas na imensa Galileia moderna, a Sua voz continua chamando vidas para o Seu reino, enquanto o corcel rápido da fantasia e da luxúria, é conduzido pelos seus cavalgadores na direção dos abismos...
Ai de vós, que tendes ouvido e visto o amanhecer de bênçãos e optais pela triste noite de pesadelos e de horror!
Os embaixadores estão ao vosso lado: cuidai de ouvi-los, quando se inicia o período de regeneração da Humanidade!
Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião da noite de 16 de
julho de 2012, no Centro Espírita Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 2.1.2013

Parábolas e símbolos



Pergunta-se, frequentemente, por qual razão falava Jesus por parábolas.
A interrogação pode ser respondida após breve e cuidadosa reflexão.
Desejando que a Sua mensagem ultrapassasse o tempo em que era enunciada e o lugar em que se fazia ouvida, não poderia ficar encerrada nas formulações verbais vigentes, pela pobreza da própria linguagem.
Se assim fora, à medida que o tempo avançasse, ficaria superada em razão da maneira como fora formulada.
Utilizando-se, porém, da parábola, do conhecimento dos símbolos, deu-lhe caráter de permanência em todas as épocas.
A Semiótica ou disciplina que estuda os símbolos, demonstra a facilidade que os mesmos representam para o entendimento de tudo quanto é transcendental ou subjetivo, tornando-o de fácil identificação. Talvez o símbolo seja o recurso mais recurso de comunicação entre os seres humanos.
Especialistas em paleontologia encontraram-nos gravados em cascas de ovos há mais de sessenta mil anos, o que confirma a sua perenidade.
Todo símbolo reveste-se de um significado, não somente num como em todos os lugares, em qualquer idioma ou dialeto, facilitando o entendimento da sua representação.
Demais, uma narrativa amena, em forma de parábola, facilmente é entendida, ao mesmo tempo, memorizada, e quando é narrada, embora se alterem as palavras, o símbolo nela incluído ressalta e preserva-lhe o significado.
Convivendo com mentes pouco esclarecidas culturalmente, numa época de obscurantismo e de graves superstições, deveria superar os limites de então e coroar as futuras conquistas do conhecimento intelectual.
Concomitantemente, o seu objetivo era o de insculpir o pensamento no imo das emoções, e as parábolas, por centrarem o seu significado nos símbolos, jamais seriam olvidadas ou adulteradas.
Caberia à psicologia do futuro penetrar nos arcanos do inconsciente humano, no qual se arquivam todos os acontecimentos e se transformam em símbolos, que se fazem decompostos à medida que são liberados em catarse espontânea...
Uma figueira brava e uma rede de pescar, uma pérola e uma semente de mostarda em qualquer idioma e em todas as épocas preservam a sua realidade, facilitando o entendimento da narrativa na qual comparecem.
Desejando apresentar o reino dos Céus de forma inconfundível como deveria ser, totalmente desconhecido então, explicitado num símbolo adquiria fácil compreensão dos ouvintes e mais acessível assimilação emocional.
A moderna psicologia analítica, assim como a psicanálise penetram nos símbolos para interpretar os arquétipos, as heranças ancestrais, os mitos e contos de fadas, que se encontram arquivados nos recessos profundos do inconsciente humano.
Recorrem aos sonhos e às associações, para desvelar as imagens sombreadas e guardadas em símbolo que, interpretados, facultam trabalhar-se os conflitos, a fim de dilui-los.
Jesus foi e permanece sendo o mais qualificado psicoterapeuta da Humanidade, antecipando as doutrinas psicológicas, a fim de iluminá-las quando surgissem.
*   *   *
Todos os seres humanos têm no seu jornadear conflitos semelhantes aos do filho pródigo, que foge do lar, atraído pela ilusão do prazer e, tombando na realidade angustiante que desconhecia, retorna à segurança do pai generoso...
Como expressar em profundidade excepcional a lição do bom samaritano, propondo o amor ao inimigo em forma de caridade compassiva, senão conforme o fez Jesus?
A reflexão em torno das virgens loucas, insensatas e das prudentes, que se preservaram, teoriza,  de forma segura, o significado da fidelidade ao dever de maneira muito especial.
O pastor que vai em busca da ovelha extraviada, assim como a mulher que procura a dracma perdida, são especiais e inesquecíveis ensinamentos sobre a valorização e a dedicação pessoal.
As extraordinárias imagens simbólicas de     que Ele se utilizou para ser compreendido e dizer da Sua grandeza sem autoencômios nem relevações desnecessárias, refletem-Lhe a sabedoria:
- Eu sou a luz do mundo...
- Eu sou a porta das ovelhas...
- Eu sou o caminho, a verdade e a vida...
- Eu sou o pão da vida...
- Eu sou a videira...
-Aquele que beber da água que eu lhe der...
Nas admoestações, os Seus célebres ais ainda convidam à meditação:
- Ai de vós os ricos!...
-Ai de ti Corazim! Ai de ti Betsaida!...
-Ai do homem pelo qual vem o escândalo...
-Ai de vós escribas e fariseus...
-Ai de vós, porque sois semelhantes aos túmulos...
Não menos enriquecedores são os postulados de amor e de promessa de plenitude em favor daqueles que Lhe forem fiéis:
- O que fizerdes a um destes em meu nome...
- Eu vos apresentarei a Meu Pai...
-Eu vos mando como ovelhas mansas...
-Eu os aliviarei...
As canções de exaltação penetram, ainda hoje, a acústica de todas as almas, que Lhe ouvem os enunciados incomparáveis:
- Um homem tinha dois devedores...
- Ide convidar os estropiados, os excluídos, os infelizes...
- O Reino dos Céus é semelhante a um homem que...
-Eu estarei convosco para sempre...
*   *   *
As suaves parábolas de Jesus são o coroamento melódico da sinfonia das bem-aventuranças que a Humanidade jamais olvidará.
Todos os seres humanos estão incluídos no sermão do monte, quando o amor se transforma na fonte inexaurível da trajetória evolutiva dos Espíritos.
Por fim, Ele exclamou:
- O Reino dos Céus está dentro de vós...
Exultai!
 
Psicografia de Divaldo Pereira Franco, na reunião
mediúnica de 6 de novembro de 2012, no Centro Espírita  Caminho da
Redenção, em Salvador, Bahia.
Em 11.3.2013.

domingo, 24 de março de 2013

01 - JESUS E DESAFIOS

01 - JESUS E DESAFIOS
JESUS E DESAFIOS
O processo de evolução constitui para o Espírito um grande desafio.

Acostumado às vibrações mais fortes no campo dos sentidos físicos, somente quando a dor o visita é que ele começa a aspirar por impressões mais elevadas, nas quais encontre lenitivo, anelando por conquistas mais importantes.

Vivendo em luta constante contra os fatores constringentes do estágio em que se demora, vez por outra experimenta paz, que passa a querer em forma duradoura.

No começo, são as dores com intervalos de bem-estar que o assinalam, até conseguir a tranquilidade com breves presenças do sofrimento, culminando com a plenitude sem aflição.

De degrau em degrau ascende, caindo para levantar-se, atraído pelo sublime tropismo do Amor.
Conseguir o estágio mais alto, significa-lhe triunfar.

Aturdido e inseguro, descobre uma conspiração quase geral contra o seu fatalismo. São as suas heranças passadas que agora ressurgem, procurando retê-lo na área estreita do imediatismo, em nível inferior de consciência, onde apenas se nutre, dorme e se reproduz, com indiferença pelas emoções do belo, do nobre, do sadio.

Anestesiado pelas necessidades vegetativas, busca apenas o gozo, que termina por causar-lhe saturação, passando a um estado de tédio que antecipa a necessidade premente de outros valores.

Lentamente desperta para realidades que antes não o sensibilizavam e, de repente, passam a significar-lhe meta a conseguir, sentindo-se estimulado a abandonar a inoperância.

O psiquismo divino, nele latente, responde ao apelo das forças superiores e desatrela-se do cárcere celular, qual antena que capta a emissão de mensagens alcançadas somente nas ondas em que sintoniza.

O primeiro desafio, o de penetrar emoções novas, o atrai, impelindo-o a tentames cada vez mais complexos, portanto, mais audaciosos.

Experimentando este prazer ético e estético, diferente da brutalidade do primarismo, acostuma-se com ele e esforça-se para novos cometimentos que, a partir de então, já não cessam, desde que, encerrado um ciclo, qual espiral infinita, outro prazer se abre atraente, parecendo-lhe cada vez mais fácil.

Tudo na vida são desafios às resistências.

A "lei de entropia" degrada a energia que tende à consumpção, para manter o equilíbrio térmico de todas as coisas.

O envelhecimento e a morte são fenômenos inevitáveis no cosmo biológico e no universo.

Os batimentos cardíacos são desafios à resistência do músculo que os experimenta; os peristálticos são teste constante para as fibras que os sofrem; a circulação do sangue é quesito essencial para a irrigação das células; a respiração constitui fator básico, sem o qual a vida perece. Tudo isso e muito mais, na área dos automatismos fisiológicos, a interferir nos de natureza psicológica.

É natural que o mesmo suceda no campo moral do ser, que nunca retrocede e não deve estacionar sob pretexto algum.
No progresso, a evolução é inevitável. A felicidade é o ponto final.
Não cabe ao homem retroceder na luta, senão para reabastecer-se de forças e prosseguir nos embates.

O crescimento de qualquer ideal é resultado dos estágios inferiores vencidos, das etapas superadas, dos desafios enfrentados.

A sequóia culmina a altura e o volume máximos, célula a célula.

O universo se renova e prossegue, molécula a molécula.

Facilidade é perda de estímulo com prejuízo para a ação.

Toda a vida do Mestre foi um suceder incessante de desafios.

Embates no Seu meio social e familial constituíram-Lhe os primeiros impedimentos, que foram ultrapassados, em razão da superior finalidade para a qual viera.

Ele não aceitou carregar o fardo do mundo em caráter de redenção dos outros, mas ensinou cada um a conduzir o seu próprio compromisso em paz de consciência; não assumiu as tarefas alheias, nem deixou de demonstrar como fazê-las; no entanto, altaneiro, sem presunção, tampouco sem submissão covarde.

Os desafios da sociedade injusta e arbitrária chegaram-Lhe provocadores, mediante situações, pessoas e circunstâncias; apesar disso, sem deter-se, Ele continuou íntegro, enfrentando-os sem ira ou medo.

Passou aquele tempo; todavia, permanecem os resíduos doentios.

Alterou-se a paisagem, não os valores, que prosseguem relativamente os mesmos, gerando obstáculos e insatisfações.

Enfrenta os desafios da tua vida, serenamente.

Não aguardes comodidades que não mereces.

Realiza a tua marcha, indômito, preservando os teus valores íntimos e aumentando-os na ação diária.

Quem teme a escuridão, perde-se na noite.

Sê tu aquele que acende a lâmpada e clareia as sombras.

Desafiado, Jesus venceu. Segue-0 e nunca te detenhas ante os desafios para o teu crescimento espiritual.
Joanna de Ângelis
Livro : Jesus e Atualidade