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sábado, 9 de março de 2013

O Instinto e a Inteligência.

O  INSTITUTO  E  A  INTELIGÊNCIA

Emmanuel

        
A controvérsia prosseguia...
Alfredo e Pirilo, dois amigos dedicados ao estudo da filosofia, permaneciam, horas inteiras, dialogando sobre a função da alma humana.
Qual teria sido a primeira força a desdobrar-se na criatura recém-criada pela Sabedoria Divina? A inteligência ou o instinto?
Alfredo admitia que a inteligência teria tido a prioridade, enquanto Pirilo acreditava que o instinto teria sido o começo das tarefas evolutivas da alma humana.
O primeiro exaltava os méritos da razão, filha da inteligência, e o segundo se reportava ao instinto como sendo o agente da natureza que operava lentamente, preparando o caminho para o discernimento e, muitas vezes, Pirilo justificava o seu ponto de vista, acentuando:
-Do instinto para a inteligência, a estrada é longa a percorrer. De forma em forma ou de experiência em experiência, o instinto vai despindo a própria inferioridade, ou perdendo os impulsos selvagens, até conquistar a inteligência que o conduzirá ao discernimento e à razão. Por isso é que devemos usar de muita tolerância e paciência, de uns para com os outros, porque muitos irmãos se fazem delinqüentes por excesso de agressividade, pelo estado de evolução deficitária em que se encontram.
Alfredo ouvia, esboçando gestos de incredulidade, até que, um dia, propôs ao amigo:
-Façamos uma experiência em que provarei a você que a educação cultivada pela inteligência dispensa todas as afirmativas que colocam o instinto na base do processo evolutivo. Demonstrarei que basta educar a inteligência e todo o primitivismo do instinto desaparecerá.
E continuou:
-Compraremos junto um gato comum, em cuja impulsividade o instinto esteja reinando... O gato ficará comigo em minha casa e me disponho a educa-lo esmeradamente. Daqui a um ano; convidarei você para almoçarmos juntos e o animal se portará com as características de um menino carinhosamente preparado para a vida social.
Concordaram ambos com o empreendimento e Alfredo levou o felino para sua própria residência.
Decorrido um ano, Alfredo solicitava a presença de Pirilo para o almoço do dia seguinte e comunicou:
-Você verá o prodígio da educação. O gato assimilou todos os meus ensinos. Tem os hábitos de um rapaz de certo nível intelectual.
Pirilo aceitou o convite com satisfação e na hora aprazada pela manhã do dia imediato, ei-lo com Alfredo na sala de estar. O dono da casa trouxe o gato ao exame do amigo. O visitante ficou encantando. O felino obedecia a todas as ordens do dono. Sentava-se, erguia-se sobre as patas dianteiras e retornava à posição certa, atendendo ao pedido do educador. Ao almoço alimentava-se em um prato especial, levando a comida à boca com a patinha direita.
Terminada a refeição, disse Alfredo, entusiasmado:
-Você viu, Pirilo, a superioridade da inteligência educada sobre o instinto?
-Estou vendo - respondeu o amigo.
Foi o momento em que Pirilo voltou à palavra e pediu ao companheiro que fechasse as portas do aposento em que se achavam e pediu licença para ver até que ponto chegaria o experimento do bichano.
Alfredo apoiou a solicitação, e Pirilo, enfiando a mão direita num dos bolsos do paletó, dali tirou uma caixinha da qual escapou um rato pequeno que saltou para a mesa, saltitando e correndo qual se estivesse sedento de liberdade. Bastou isso e o gato pulou apressado, perseguindo o rato e quebrando todas as peças em que o almoço fora servido, até que pegou o animalzinho e pôs-se a devora-lo à vista dos amigos espantados.
Foi quando Pirilo dirigiu-se a Alfredo, perguntando:
-Você vê, Alfredo, o poder do instinto que antecede a inteligência e a educação?
Alfredo sorriu com desapontamento, mas não disse palavra.
 
Da Obra “A Semente De Mostarda” – Espírito: Emmanuel –
Médium: Francisco Câncido Xavier
Digitado Por: Lúcia Aydir
 
 

Sobre os instintos

Sobre os instintos

(Sociedade Espírita de Paris. - Médium, senhora Costel).
Eu te ensinarei o verdadeiro conhecimento do bem e do mal que o Espírito confunde tão freqüentemente. O mal é a revolta dos instintos contra a consciência, esse tato interior e delicado que é o toque moral. Quais são os limites que os separam do bem que costeia por toda a parte? O mal não é complexo: ele é um, e emana do ser primitivo que quer a satisfação do instinto às expensas do dever. O instinto, primitivamente destinado a desenvolver no homem animal o cuidado de sua conservação e de seu bem-estar, é a única origem do mal; porque, persistindo mais violento e mais áspero em certas naturezas, impele-os a se apoderar do que desejam ou a concentrar o que possuem. O instinto, que os animais seguem cegamente, e que lhes é a própria virtude, deve ser, sem cessar, combatido pelo homem que quer se elevar e substituir o grosseiro instrumento da necessidade pelas armas finamente cinzeladas da inteligência. Mas, pense, o instinto não é sempre mal, e, freqüentemente, a Humanidade lhe deve sublimes inspirações, por exemplo, na maternidade e em certos atos de devotamento, onde substitui, segura e prontamente, a reflexão.
Minha filha, tua objeção é precisamente a causa do erro, na qual caem os homens prontos a menosprezarem a verdade sempre absoluta em suas conseqüências. Quaisquer que possam ser os bons resultados de uma causa má, os exemplos não devem nunca fazer concluir contra as premissas estabelecidas pela razão. O instinto é mau, porque é puramente humano e a Humanidade não deve pensar que se deve despojar, ela mesma, deixar a carne para se elevar ao Espírito; e se o mal costeia o bem, é porque seu princípio, freqüentemente, tem resultados opostos a si mesmo que o fazem menosprezar pelo homem leviano e levado pela sensação. Nada de verdadeiramente bem pode emanar do instinto: um sublime impulso não é mais o devotamento do que uma inspiração isolada não é o gênio. O verdadeiro progresso da Humanidade é a sua luta e seu triunfo contra a própria essência de seu ser. Jesus foi enviado sobre a Terra para prová-la humanamente. Pôs a descoberto, bela fonte enterrada na areia da ignorância. Não perturbeis a limpidez da divina bebida com os compostos do erro. E, crede-o, os homens que não são bons e devotados senão instintivamente, o são mal; porque sofrem uma cega dominação que pode, de repente, precipitá-los no abismo.
LÁZARO.
Nota. Apesar de todo o nosso respeito pelo Espírito de Lázaro, que nos tem dado, tão freqüentemente, belas e boas coisas, nos permitimos não ser de sua opinião sobre estas últimas proposições. Pode-se dizer que há duas espécies de instintos: o instinto animal e o instinto moral. O primeiro, como o diz muito bem Lázaro, é orgânico; é dado aos seres vivos para a sua conservação e a de sua prole; é cego, e quase inconsciente, porque a Providência quis dar um contrapeso à sua indiferença e à sua negligência. Não ocorre o mesmo com o instinto moral que é o privilégio do homem; pode-se defini-lo assim: Propensão inata para fazer o bem ou o mal; ora, essa propensão prende-se ao estado de adiantamento, maior ou menor, do Espírito. O homem cujo Espírito já está depurado, faz o bem sem premeditação e como uma coisa muito natural, e é por isso que se admira sendo louvado. Não é, pois, justo dizer que "os homens que não são bons e devotados senão instintivamente, o são mal, e sofrem uma cega dominação que pode, de repente, precipitá-los no abismo". Aqueles que são bons e devotados instintivamente denotam um progresso realizado; aqueles que o são com intenção, o progresso está em vias de se cumprir, é porque há trabalho, luta, entre dois sentimentos; no primeiro a dificuldade está vencida; no segundo, é preciso vencê-la; o primeiro é como o homem que sabe ler e lê sem dificuldade, e quase sem disso desconfiar; o segundo é como aquele que soletra. Um, por ter chegado mais cedo, tem, pois, menos mérito do que o outro?

Revista Espírita Fevereiro de 1862

O Instinto e a Inteligência(...)"O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos à realização de atos espontâneos e involuntários, em vista à sua conservação. Nos atos instintivos, não há reflexão, nem premeditação"..., (...)"Quanto ao homem, o instinto domina com exclusividade, no começo da vida; é pelo instinto que o infante faz seus primeiros movimentos, que agarra seu sustento, que chora para exprimir suas necessidades, que imita o som da voz, que ensaia a fala e o andar. Mesmo no adulto, certos atos são instintivos: os movimentos espontâneos para evitar um perigo, para se livrar de um desastre, para manter o equilíbrio; tais são ainda, o piscar das pálpebras para diminuir o brilho da luz, a abertura maquinal da boca para respirar, etc". (...)

Subsídios para as questões 71 a 75 do Livro dos Espíritos:
Do Livro : A Genese Cap. 3
 
O Instinto e a Inteligência
11. Que diferença existe entre o instinto e a inteligência? Onde termina um e começa a outra? Será o instinto uma inteligência rudimentar, ou uma faculdade distinta, um atributo exclusivo da matéria?
O instinto é a força oculta que solicita os seres orgânicos à realização de atos espontâneos e involuntários, em vista à sua conservação. Nos atos instintivos, não há reflexão, nem premeditação. É assim que a planta procura o ar, gira em direção à luz, dirige suas raízes para a água e para a terra nutritiva; que a flor se abre e se fecha alternativamente, segundo sua necessidade; que as plantas trepadeiras se enrolam em torno de seu apoio; ou se enroscam com suas gavinhas. É pelo instinto que os animais são advertidos do que lhes é útil ou prejudicial; que, nas estações propícias, se movimentam em direção aos climas propícios; que, sem lições preliminares, constróem, com mais ou menos arte, segundo as espécies, acomodações macias e abrigos para sua descendência, ou armadilhas para prender a presa de que se nutrem; que manejam com habilidade as armas ofensivas e defensivas de que são providos; que os sexos se aproximam; que a mãe incuba seus filhotes e que estes procuram o seio materno. Quanto ao homem, o instinto domina com exclusividade, no começo da vida; é pelo instinto que o infante faz seus primeiros movimentos, que agarra seu sustento, que chora para exprimir suas necessidades, que imita o som da voz, que ensaia a fala e o andar. Mesmo no adulto, certos atos são instintivos: os movimentos espontâneos para evitar um perigo, para se livrar de um desastre, para manter o equilíbrio; tais são ainda, o piscar das pálpebras para diminuir o brilho da luz, a abertura maquinal da boca para respirar, etc.
12. A inteligência se revela por atos voluntários, refletidos, premeditados, combinados, segundo a oportunidade das circunstâncias. Incontestavelmente, isto é um atributo exclusivo da alma.
Todo ato maquinal é instintivo; o que denota reflexão, combinação, uma deliberação, é intelectivo; um é livre o outro não o é.
O instinto é um guia seguro, que jamais se engana; a inteligência, pelo fato de ser livre, é por vezes sujeita a erro.
Se o ato instintivo não tem o caráter do ato inteligente, não obstante, revela uma causa inteligente, essencialmente previsora. Admitindo que o instinto tem sua fonte na matéria será preciso admitir que a matéria é inteligente, e mesmo mais seguramente inteligente e previdente que a alma, eis que o instinto não se engana jamais, ao passo que a inteligência se engana.
Se considerarmos o instinto como uma inteligência rudimentar, como é que assim poderá ser, quando, em certos casos, ele se demonstra superior à inteligência racional? Como é que proporciona a possibilidade de executar coisa que a razão não pode produzir?
Se ele é o atributo de um princípio espiritual especial, o que é feito deste princípio? Depois que o instinto se apaga, esse princípio seria pois anulado? Se os animais apenas são dotados de instinto, seu futuro não tem saída; seus sofrimentos não teriam nenhuma compensação. Tal não seria conforme à justiça e à bondade de Deus. (Cap. II, Nº 19).
13. Segundo um outro sistema, o instinto e a inteligência teriam um único e mesmo princípio; chegado a um certo grau de desenvolvimento, este princípio, que começaria apenas com as qualidades do instinto, sofreria uma transformação que lhe conferiria as qualidades da inteligência livre.
Sendo assim, no homem inteligente que perde a razão, e apenas é guiado pelo instinto, a inteligência voltaria ao seu estado primitivo; e, desde que recupere a razão, o instinto voltaria a ser inteligência, e assim alternativamente em cada acesso, o que não é admissível.
Além disso, a inteligência e o instinto se apresentam freqüentemente ao mesmo tempo, no mesmo ato. Com o andar, por exemplo, as pernas se movem de modo instintivo; o homem coloca um pé adiante do outro, maquinalmente, sem nada considerar; porém, quando quer diminuir ou acelerar sua marcha, erguer o pé ou desviar-se para evitar um obstáculo, aí há cálculo, combinação; ele age de modo deliberado. O impulsionamento involuntário do movimento é o ato instintivo; a direção calculada do movimento é o ato inteligente. O animal carniceiro é impelido pelo instinto a nutrir-se de carne; porém, as precauções que ele toma, as quais variam segundo a circunstâncias, a fim de agarrar sua presa, sua previsão com relação às eventualidades, são atos de inteligência.
14. Uma outra hipótese que, por fim, alía-se perfeitamente à idéia da unidade de princípio, ressalta do caráter essencialmente previsor do instinto, e concorda com o que o Espiritismo nos ensina, a respeito das relações do mundo espiritual e do mundo corporal.
Atualmente, sabe-se que há Espíritos desencarnados que têm por missão velar sobre os encarnados, de quem são protetores e guias; que eles os rodeiam com seus eflúvios fluídicos; que o homem age de maneira inconsciente sob a ação de tais eflúvios.
Por outro lado, sabe-se que o instinto, que por si próprio produz atos inconscientes, predomina nas crianças, e em geral nas criaturas cuja razão é fraca. Ora, segundo esta hipótese, o instinto não seria um atributo da alma, nem da matéria; não pertenceria propriamente ao ser vivo, mas sim, seria um efeito da ação direta dos protetores invisíveis que supririam a imperfeição da inteligência, provocando eles mesmos os atos inconscientes necessários à conservação do ser. Seria como os andadores com as quais se sustenta a criança que ainda não sabe andar. No entanto, da mesma forma que se suprime gradualmente o uso dos andadores, à medida que a criança se sustenta por si, os Espíritos protetores deixam seus protegidos entregues a si mesmos, à medida em que eles possam se guiar por sua própria inteligência.
Assim, o instinto, longe de ser o produto de uma inteligência rudimentar e incompleta, seria o efeito de uma inteligência estranha na plenitude de sua força; seria uma inteligência protetora, que supriria a insuficiência, seja de uma inteligência mais jovem, que ela impediria à realização inconsciente de seu bem, que ainda seria incapaz de obter por si própria, seja de uma inteligência madura, mas momentaneamente entravada no uso de suas faculdades, o que ocorre no homem em sua infância, e no caso de idiotia, ou de afecções mentais.
Proverbialmente se diz que há um deus para as crianças, os loucos e os bêbados; este ditado é mais certo do que por vezes se crê; este deus não é senão o Espírito protetor que vela sobre o ser, incapaz de se proteger por sua própria razão.
15. Nesta ordem de idéias, pode-se ir mais longe. Esta teoria, embora seja racional, não resolve todas as dificuldades da questão.
Se observarmos os efeitos do instintivo, nota-se a princípio uma unidade de vista e de conjunto, uma segurança de resultados que não existem mais, desde que o instinto seja substituído pela inteligência livre; além disso, na adequação tão perfeita e tão constante das faculdades instintivas às necessidades de cada espécie, reconhecemos uma profunda sabedoria. Esta unidade de vistas não poderia existir sem a unidade de pensamento, e a unidade de pensamento é incompatível com a diversidade das aptidões individuais; somente ela poderia produzir este conjunto tão perfeitamente harmonioso que se estende desde a origem dos tempos e em todos os climas, com regularidade e precisão matemáticas, sem falhar jamais. A uniformidade no resultado das faculdades instintivas é um traço característico, que implica necessariamente na unicidade da causa; se esta causa fosse inerente a cada individualidade, haveria tantas variedades de instinto quantos indivíduos há, desde a planta até o homem. Um efeito geral, uniforme e constante, deve ter uma causa geral, uniforme e constante; um efeito que demonstra a sabedoria e a previdência deve ter uma causa sábia e previdente. Ora, uma causa sábia e previdente será necessariamente inteligente, e não pode ser exclusivamente material.
Não se encontrando nas criaturas, encarnadas ou desencarnadas, as qualidades necessárias para produzir tal resultado, é preciso subir mais alto, isto é, ao próprio Criador. Se nos reportarmos à explicação que foi dada sobre a maneira pela qual se pode conceber a ação providencial (Cap. II, nº 24), se figurarmos todos os seres como penetrados pelo fluido divino, soberanamente inteligente, logo se compreenderá a sabedoria previdente e a unidade de vistas que presidem a todos os movimentos instintivos para o bem de cada indivíduo. Essa solicitude é tanto mais ativa quanto o indivíduo tenha menos recursos em si mesmo e em sua própria inteligência; é por isso que ela se mostra maior e mais absoluta com os animais e com os seres inferiores do que com o homem.
Conforme esta teoria, compreende-se que o instinto seja um guia certo e seguro. O instinto material, o mais nobre de todos, que o materialismo rebaixa ao nível das forças atrativas da matéria, acha-se novamente elevado e enobrecido. Em razão de suas conseqüências, não seria preciso que ele fosse entregue às eventualidades caprichosas da inte ligência e do livre-arbítrio. Através do órgão da mãe, o próprio Deus vela sobre suas criaturas nascentes.
16. Esta teoria não destrói de modo nenhum o papel dos Espíritos protetores, cujo concurso é um fato verificado e provado pela experiência; porém, deve-se notar que a ação deles é essenciamente individual, que ela se modifica segundo as qualidades próprias do protetor e do protegido, e que não tem parte alguma na uniformidade e na generalidade do instinto. Deus, em sua sabedoria, conduz os cegos, mas confia à inteligência livre o cuidado de conduzir os que enxergam, para deixar a cada um a responsabilidade de seus atos. A missão dos Espíritos protetores é um dever que eles aceitam voluntariamente, e que para eles é um meio de progresso, segundo a maneira pela qual a executam.
17. Todas essas maneiras de considerar o instinto são necessariamente hipotéticas, e nenhuma delas tem um caráter suficiente de autenticidade para ser dada como solução definitiva. A questão será certamente resolvida algum dia, quando se houver reunido os elementos de observação que agora ainda faltam; até então, é preciso que nos limitemos a apresentar as opiniões diversas ao cadinho da razão e da lógica e aguardar que se faça a luz; a solução que mais se aproxima da verdade será necessariamente aquela que melhor corresponda aos atributos de Deus, isto é, à sua soberana bondade e à sua soberana justiça (Cap. II, nº 19).
18. O instinto é o guia e as paixões são as molas das almas no primeiro período de seu desenvolvimento, e por isso são por vezes confundidos em seus efeitos. No entanto, há entre estes dois princípios diferenças que é preciso considerar.
O instinto é um guia seguro, sempre bom; num certo tempo, pode tornar-se inútil, porém jamais nocivo; enfraquece, pela predominância da inteligência.
As paixões, nas primeiras idades da alma, têm isso de comum com o instinto, que os seres são por elas solicitados por uma força igualmente inconsciente. Elas nascem mais particularmente das necessidades do corpo, e mais que o instinto, se prendem ao organismo. O que as distingue do instinto, sobretudo, é que são individuais e não produzem efeitos gerais e uniformes, como este; ao contrário, vemos que elas variam de intensidade e de natureza, conforme os indivíduos. Elas são úteis, como estimulantes, até que se dê a eclosão do senso moral, o qual, de um ente passivo, faz um ser razoável; nesse momento, elas se tornam não só inúteis, mas também prejudiciais ao progresso do Espírito de quem retardam a desmaterialização; elas se enfraquecem com o desenvolvimento da razão.
9. O homem que não agisse senão pelo instinto, de modo constante, poderia ser bom, mas deixaria dormir sua inteligência; seria como o menino que não abandonasse os andadores e não saberia servir-se de seus membros. Aquele que não se assenhoreia de suas paixões pode ser muito inteligente, mas ao mesmo tempo, poderá ser muito mau. O instinto se aniquila por si mesmo; as paixões não são domadas senão pelo esforço da vontade.
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Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 75

 
 
Podemos comparar o instinto aos pés dos homens e a inteligência ao exército da razão. Apesar dos meios de transportes sofisticados da época, eles sempre precisam dos pés para tudo o que fazem. Mesmo que se lembrem pouco deles, eles são a base da locomoção dos encarnados. A Doutrina dos Espíritos, no seu conjunto doutrinário, nos oferece muitos meios e métodos agradáveis, para exercitarmos todos os nossos dons, de maneira a que eles possam crescer ampliando seus valores. Uma escada, mesmo usada por muitas criaturas, deve conservar os primeiros degraus, sem os quais não poderá ser usada, além de que são eles que garantem a segurança dos outros. O instinto, o raciocínio e a intuição constituem uma escada evolutiva, são estágios variados do mesmo dom da vida que, juntos, garantem a estabilidade e nos proporcionam meios mais sólidos para vivermos em paz. Nada se acaba na vida; tudo se funde e refunde em busca da perfeição.
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 74

 
 
O instinto é uma espécie de condicionamento divino, na divina estrutura do Espírito; é pois, uma espécie de programação da Divindade, na formação da alma. Podemos analisar os animais: a cada espécie é determinado desenvolver um tipo de vida, e todas as gerações fazem o mesmo, por lhes faltar a razão, sendo ela o fator Primordial no aprimoramento de métodos de todas as criaturas humanas, é bom se notar que o homem de ontem não teria as mesmas condições de vida dos homens de hoje. Tudo melhorou, de modo que o bem-estar cresceu, por ser fruto da inteligência. E, como já dissemos, também a inteligência irá ceder lugar à intuição, que tem aparências de instinto, mas vibra em faixa muito diferente: o primeiro é terreno e a segunda é divina. Em tudo no mundo há ordem para crescer e iluminar.
O instinto, no Espírito encarnado, não atrofia da maneira que muitos pensam, para que a inteligência o domine com toda a exuberância. Ele não desaparece. Notamos sua ação orientadora no mundo inteiro, como sendo uma mente instintiva, a orientar todos os órgãos, senão todo o mundo celular e, como inteligência, notamos sua ação benfeitora no campo externo, desenvolvendo as condições exteriores para a sua própria felicidade. Quando os sentimentos se iluminam, ajudam o raciocínio a beneficiar a coletividade, pela força do amor. A inteligência é prova evidente da maturidade da alma, e é neste momento que Deus acha conveniente que o Espírito fique mais livre e caminhe com os próprios pés, que entre na fase de conquistar a sua paz e, notadamente, responder pelo que faz com as suas faculdades. O instinto é cego no tocante a escolhas por si mesmo; é uma programação, se assim podemos dizer. Já a inteligência tem a capacidade de selecionar e saber o melhor. Ela faz parte mais diretamente da consciência e tira dela informações sobre as leis naturais da vida e das vidas sucessivas.
Que Deus nos abençoe, para que possamos entender melhor a vida que vivemos

Aprendendc com o livro dos Espíritos questão 73

 
 
 
A razão se desperta no homem, numa gradação quase imperceptível. O homem primitivo é quase igual ao animal, mas, com possibilidades de, a qualquer momento, começar a surgir em si ideias, de maneira a melhorar as suas próprias condições de vida. Partiu desse primeiro passo o que aconteceu à humanidade: chegar ao ponto a que chegou, da razão altamente desenvolvida, de maneira que em muitos já começam a surgir os rudimentos da intuição, resultado do raciocínio aperfeiçoado. Daí, partem outras qualidades que até então fazem parte do desconhecido. Aquele a quem se chama de santo, gênio ou místico já se entrega à intuição divina, e é por isso que ele acerta mais que o homem comum. A razão é limitada para determinadas coisas.. Ele não alcança o que podem alcançar os valores do Espírito, na elevação que liberta de todos os interesses materiais, vivendo em completo equilíbrio entre as leis que governam matéria e Espírito. É de se notar que Deus está presente em toda a parte. Ele criou leis, de maneira que elas possam vigiar onde vibram, em um esquema computável sem cito, na mais perfeita harmonia de vida.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos-questão 72

 
 
O Criador dispõe de Sua sabedoria soberana, de forma a nos conduzir para os nossos irmãos menores, no sentido de que eles possam aprender conosco e, ao mesmo tempo, nos leva para os instrutores maiores, de modo a aprendermos com eles. As experiências são cambiáveis por lei de compensação e por lei de amor, e nessa escola divina nasce a fraternidade entre as criaturas. A fonte da nossa inteligência é Deus, mas não como sendo uma parte da inteligência divina, mostrando assim que não há enfraquecimento do Supremo Comando ao nos criar. A criação é uma ciência, ou, se podemos dizer, uma receita que não foi ensinada aos co-criadores. A inteligência da alma é mais ou menos livre, na extensão dos seus inumeráveis caminhos, para usar, dentro do seu âmbito de liberdade, a sua própria liberdade de pensar e de agir no mecanismo da vida. A nossa mente, de encarnados e desencarnados, absorve coisas no ambiente em que vive. Ela pode assimilar, registrando ideias alheias; ela está sujeita ao condicionamento do que vê e ouve. No entanto, tudo isso tem um limite que as leis de Deus não esquecem, e agem pelos engenhosos processos da consciência de, com o tempo, selecionar o que ouve e o que vê: é a presença de Deus em nós, pelos meios que muitos desconhecem, mas que constitui uma verdade. O futuro irá nos mostrar coisas incríveis e inimagináveis em relação aos nossos dons.
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos-Questão 71

 
 
A inteligência é um atributo do Espírito. Ela existe na alma desde seus primórdios, obedecendo a uma escala descendente, para depois ascender nesta mesma ordem, desabrochando todas as suas qualidades inerentes aos poderes do Espírito. A faculdade de pensar e de raciocinar dos seres humanos foi o mesmo instinto do animal que desabrochou pela força dos evos e pelas bênçãos do Criador. Esse mesmo instinto esteve antes na vida da árvore, como presença divina estabelecedora da harmonia vegetal. E, descendo mais, vamos encontrá-la na pedra, coordenadora da sintonia atômica, na mais perfeita agregação de elementos, ramificada na inteligência divina. Esse atributo do Espírito, no anjo, livre dos embaraços terrenos, passa a chamar-se intuição, faculdade esta conhecida pelos santos e sábios. É bom que meditemos sobre esta frase: "O homem começa a entrar na senda da felicidade, quando esquece o raciocínio", por alcançar outro estágio desse atributo divino, no coração que ama, no amor dos anjos.
O Espírito reencarna para despertar certas qualidades no centro da sua consciência. Preso na carne, as condições são mais favoráveis e, na mesma oportunidade, sensibiliza a matéria, que também tem sua ascensão marcada no progresso de todas as coisas criadas por Deus. Não devemos ignorar as leis estabelecidas pelo Soberano Arquiteto do Universo, nem julgá-Lo, quando não ocorre no nosso raciocínio o porquê das coisas. Ele nada fez nem faz errado. O Universo está em plena harmonia, desde a matéria primitiva, muito distante da ciência perceber, até os ninhos cósmicos, em viagens vertiginosas no espaço infinito da criação. O Espírito encarnado está muito longe de conhecer os dons que possui. Todos os aparelhos descobertos pelos homens, de grande utilidade na Terra, são pálidas imagens dos tesouros espirituais, que dormem dentro destes mesmos homens. É por isso que sempre falamos que o corpo é um universo em miniatura e o Espírito, um pequeno deus em ascensão, com todas as qualidades de perfeição em estado latente, como faculdades da alma.

sexta-feira, 8 de março de 2013

OBSESSORES TERRÍVEIS

04/03/2013


OBSESSORES TERRÍVEIS

Antes de lançares sobre os desencarnados a culpa pelos males e aflições que, tantas vezes, padeces na existência carnal, medita na ação dos obsessores terríveis que, em ti mesmo, acalentas, sequer cogitando de sua perniciosa influência.
Tais entidades espirituais, embora sejam tão invisíveis quanto às outras que afirmas te rondarem os passos, costumam ser mais presentes em tua existência que os pobres desencarnados que, indebitamente, rotulas de perturbadores, quando, na maioria das vezes, não passam de criaturas necessitadas de tuas preces.
De maneira sucinta, listaremos abaixo tais agentes das trevas que, habitualmente, se fazem mais presentes em teu dia a dia, sem que tomes qualquer providência para deles te libertar.
Ódio – sob a sua ação funesta és capaz de tomar atitudes altamente comprometedoras de tua paz e felicidade.
Inveja – a sua força pode ser tão avassaladora sobre ti que, debaixo de sua sugestão hipnótica, corres o risco de deixar de viver a tua própria vida para viver a vida dos outros.
Ciúme – no campo do relacionamento humano, já se perdeu a conta do número de vítimas feitas por esse espírito que tem o estranho poder de anular o discernimento de quem por ele é possuído.
Egoísmo – exige exclusividade e, igualmente, não se sabe quantos por ele vivem em regime de completa subjugação moral, a ponto de anular quase todas as possibilidades de crescimento espiritual da criatura a que se enlaça.
Desânimo – atuando com sutileza, suscita infindáveis questionamentos a respeito do que vale ou deixa de valer a pena, em matéria de esforço, e, não raro, se transfigura em depressão e descrença.
Revolta – a dor que esta entidade costuma provocar na alma em que se aloja é tão grande, que, infelizmente, só poderá ser desalojada com o auxílio de uma dor maior ainda.
Ociosidade – aparentemente inofensivo, porém, autêntico lobo em pele de ovelha, este obsessor é o que mais bem sabe se disfarçar e, assim, enganar aqueles que se comprazem em sua companhia.
Ambição – dos agentes das trevas, este, talvez, seja o mais inconsequente de todos, porque, em verdade, enquanto não leva a sua vítima para o túmulo não lhe concede trégua.
Muitos outros obsessores deste naipe, em falanges inumeráveis, óbvio, poderiam ser aqui ainda listados: orgulho, desfaçatez, sensualidade, cupidez, mentira, maledicência, leviandade...
Não obstante, crendo ter cumprido com o papel de denunciá-los, vamos parando por aqui, não sem antes afirmar que estes quadros de obsessão, para os quais quase ninguém cogita de tratamento espiritual sério, através, principalmente, da desobsessão no trabalho da Caridade, são os responsáveis por 90% dos desastres cuja culpa os homens encarnados acham muito mais fácil atribuir aos infelizes desencarnados que, também, tombaram sob o seu talante.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 4 de março de 2013.

Estudo Aprofundado do Espiritismo-Livro I - Roteiro 3 - Módulo 2 " O Cristianismo"

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
3
Objetivos • Identificar a missão de João Batista como precursor de Jesus.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO II - O CRISTIANISMO
• Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso.
E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará
à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se
alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá
vinho, nem bebida forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua
mãe. Lucas, 1:11-15
• Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu
alguém maior do que João Batista; mas aquele que é o menor no Reino dos céus
é maior do que ele. Mateus,11:11
JOÃO BATISTA - O PRECURSOR
92
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. O nascimento de João Batista
O nascimento de João Batista foi revestido de um clima de expectativas e surpresas, uma vez que Isabel, sua mãe, encontrava-se numa idade em que, usualmente, as mulheres não engravidam.
Existiu, no tempo de Herodes, rei da Judéia, um sacerdote chamado Zacarias, da ordem de Abias, e cuja mulher era das filhas de Arão; o nome dela era Isabel. E eram ambos justos perante Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os mandamentos e preceitos
do Senhor. E não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e ambos eram avançados em idade. E aconteceu que, exercendo ele o sacerdócio diante de Deus, na ordem da sua turma, segundo o costume sacerdotal, coube-lhe em sorte entrar no templo do
Senhor para oferecer o incenso. E toda a multidão do povo estava fora, orando, à hora do incenso. Então, um anjo do Senhor lhe apareceu, posto em pé, à direita do altar do incenso. E Zacarias, vendo-o, turbou-se, e caiu temor sobre ele. Mas o anjo lhe disse:
Zacarias, não temas, porque a tua oração foi ouvida, e Isabel, tua mulher, dará à luz um filho, e lhe porás o nome de João. E terás prazer e alegria, e muitos se alegrarão no seu nascimento, porque será grande diante do Senhor, e não beberá vinho, nem bebida
forte, e será cheio do Espírito Santo, já desde o ventre de sua mãe. E converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus, e irá adiante dele no espírito e virtude de Elias, para converter o coração dos pais aos filhos e os rebeldes, à prudência dos justos, com o
fim de preparar ao Senhor um povo bem disposto. Disse, então, Zacarias ao anjo: Como saberei isso? Pois eu já sou velho, e minha mulher, avançada em idade. E, respondendo o anjo, disse-lhe: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e
dar-te estas alegres novas. Todavia ficarás mudo e não poderás falar até ao dia em que estas coisas aconteçam, porquanto não creste nas minhas palavras, que a seu tempo se hão de cumprir. E o povo estava esperando a Zacarias e maravilhava-se de que tanto se
demorasse no templo. E, saindo ele, não lhes podia falar; e entenderam que tivera alguma visão no templo. E falava por acenos e ficou mudo. E sucedeu que, terminados os dias de seu ministério, voltou para sua casa. E, depois daqueles dias, Isabel, sua mulher, concebeu e, por cinco meses, se ocultou, dizendo: Assim me fez o Senhor, nos dias em que atentou em mim, para destruir o meu opróbrio entre os homens. (Lucas, 1:5-25)
Foi necessário que ocorresse a mudez de Zacarias, não como um castigo, mas para que se cumprisse as predições anunciadas pelo anjo. O povo deveria perceber que alguém especial iria nascer, um Espírito consagrado a Deus; um profeta enviado para anunciar a vinda do Messias, previsto nas escrituras e ardentemente aguardado pelos judeus.
E completou-se para Isabel o tempo de dar à luz, e teve um filho. E os seus vizinhos e parentes ouviram que tinha Deus usado para com ela de grande misericórdia e alegraramse com ela. E aconteceu que, ao oitavo dia, vieram circuncidar o menino e lhe chamavam
Zacarias, o nome de seu pai. E, respondendo sua mãe, disse: Não, porém será chamado João. E disseram-lhe: Ninguém há na tua parentela que se chame por este nome. E perguntaram, por acenos, ao pai como queria que lhe chamassem. E, pedindo ele uma
tabuinha de escrever, escreveu, dizendo: O seu nome é João. E todos se maravilharam. E logo a boca se lhe abriu, e a língua se lhe soltou; e falava, louvando a Deus. E veio temor sobre todos os seus vizinhos, e em todas as montanhas da Judéia foram divulgadas todas essas coisas. E todos os que as ouviam as conservavam em seu coração, dizendo: Quem será, pois, este menino? E a mão do Senhor estava com ele. (Lucas, 1:57-66)
João Batista desenvolvia-se plenamente, preparando-se para a sua missão.
O menino crescia e se robustecia em espírito, e esteve nos desertos até ao dia em que havia de mostrar-se a Israel. (Lucas, 1:80)
As mãos de Deus, indiscutivelmente, pousavam sobre o seu lar. Depois... Ao seguir para o deserto, vestiu-se como o antigo profeta Elias: uma pele de camelo no corpo, em volta
dos rins um cinto de couro... Iniciara o ministério por volta do ano 15 do império de Tibério César, sendo Pôncio Pilatos, governador da Judéia e Herodes Antipas tetrarca da Galiléia... 1
2. João Batista, o precursor
Apareceu João batizando no deserto e pregando o batismo de arrependimento, para remissão de pecados. E toda a província da Judéia e todos os habitantes de Jerusalém iam ter com ele; e todos eram batizados por ele no rio Jordão, confessando os seus pecados.
E João andava vestido de pêlos de camelo e com um cinto de couro em redor de seus lombos, e comia gafanhotos e mel silvestre, e pregava, dizendo: Após mim vem aquele que é mais forte do que eu, do qual não sou digno de, abaixando-me, desatar a correia
das sandálias. Eu, em verdade, tenho-vos batizado com água; ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo. (Marcos, 1:4-8)
João Batista veio de uma linhagem sacerdotal, mas não seguiu o sacerdócio, pelo menos na forma como o seu pai praticava. Adotou um modo de vida simples, ascético, alimentando-se com frugalidade (de mel e gafanhotos) e vivendo, mais tempo, no deserto da Judéia. Foi um profeta.
Pregador rude, homem de viver austeríssimo, desprezou as comodidades da vida, a ponto de se alimentar com o que achava no deserto e de se vestir com a pele de animais. Assim,
impressionou fortemente o povo, que acorria a ouvi-lo e a pedir-lhe conselhos. Poderoso médium inspirado, foi o transmissor das mensagens do Alto, pelas quais se anunciava a chegada do Mestre e o começo dos trabalhos de regeneração da humanidade. A todos que queriam tornar-se dignos do reino dos céus, João aconselhava que fizessem penitência.
Qual seria essa penitência, primeiro passo a ser dado em direção ao reino de Deus? Não eram as longas orações, nem os donativos e esmolas; nem as peregrinações aos lugares santos; nem as construções de capelas; nem jejuns; nem votos; nem as promessas; não era a adoração de imagens nem a entronização delas. A penitência não consistia em formalidades exteriores, mas sim na reforma do caráter e na retificação dos atos errados que cada um tinha praticado. 4
Após o período passado no deserto, João Batista inicia a sua pregação.
Com zelo profético ele anuncia a vinda do reino dos céus.
Transcorridos alguns anos, vamos encontrar o Batista na sua gloriosa tarefa de preparação do caminho à verdade, precedendo o trabalho divino do amor, que o mundo conheceria em Jesus-Cristo. João, de fato, partiu primeiro, a fim de executar as operações iniciais para a grandiosa conquista. Esclarecendo com energia e deixando-se degolar em testemunho à Verdade, ele precedeu a lição da misericórdia e da bondade. O Mestre dos mestres quis colocar a figura franca e áspera do seu profeta no limiar de seus gloriosos ensinos e, por isso, encontramos em João Batista um dos mais belos de todos os símbolos imortais
do Cristianismo. [...] João era a verdade, e a verdade, na sua tarefa de aperfeiçoamento, dilacera e magoa, deixando-se levar aos sacrifícios extremos. 8
A pregação de João Batista, todavia, era contundente, desagradando a muitos, em conseqüência. Revelava um temperamento ardente, apaixonado.
Como a dor que precede as poderosas manifestações da luz no íntimo dos corações, ela recebe o bloco de mármore bruto e lhe trabalha as asperezas para que a obra do amor surja, em sua pureza divina. João Batista foi a voz clamante do deserto. Operário da primeira hora, é ele o símbolo rude da verdade que arranca as mais fortes raízes do mundo, para que o reino de Deus prevaleça nos corações. Exprimindo a austera disciplina que antecede a espontaneidade do amor, a luta para que se desfaçam as sombras do caminho, João é o primeiro sinal do cristão ativo, em guerra com as próprias imperfeições do seu mundo interior, a fim de estabelecer em si mesmo o santuário de sua realização com o Cristo. Foi por essa razão que dele disse Jesus: — “Dos nascidos de mulher, João Batista é o maior de todos». 8
A fama de João Batista chega, então até os sacerdotes judeus e aos levitas que resolvem interrogá-lo.
Quem és tu? E confessou e não negou; confessou: Eu não sou o Cristo. E perguntaramlhe:
Então, quem és, pois? És tu Elias? E disse: Não sou. És tu o profeta? E respondeu:
Não. Disseram-lhe, pois: Quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram?
Que dizes de ti mesmo? Disse: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías. E os que tinham sido enviados eram dos fariseus, e perguntaram-lhe, e disseram-lhe: Por que batizas, pois, se tu não és o Cristo, nem Elias, nem o profeta? João respondeu-lhes, dizendo: Eu batizo com água, mas, no meio de vós, está um a quem vós não conheceis. Este é aquele que vem após mim, que foi antes de mim, do qual eu não sou digno de desatar as correias das sandálias. Essas
coisas aconteceram em Betânia, do outro lado do Jordão, onde João estava batizando.
No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo. Este é aquele do qual eu disse: após mim vem um homem que foi antes de mim, porque já era primeiro do que eu. (João, 1:19-30)
Posteriormente, vamos ver que é o próprio Cristo quem testemunharia a respeito de João Batista, enaltecendo a sua missão: «Em verdade vos digo que, entre os que de mulher têm nascido, não apareceu alguém maior do que João Batista.» (Mateus, 11:11)
Enfim, João Batista arcaria com a responsabilidade de abrir para a Humanidade a era evangélica. Por isso é que Jesus diz que dos nascidos de mulher, nenhum foi maior do que João Batista; isto é, não se encarnou ainda nenhum espírito com missão maior do
que a de João Batista
. [...] Jesus, conquanto justifique o amor que o povo consagrava a João Batista, adverte-o de que no mundo espiritual existiam Espíritos ainda maiores, por serem mais evoluídos que João Batista. 5
O Espiritismo aceita a idéia de ser João Batista a reencarnação do profeta Elias. Há muitas semelhanças na personalidade de ambos, indicativas de que se tratava do mesmo Espírito. O próprio Jesus afirma, segundo as anotações de Mateus: «Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir. Quem tem ouvidos para ouvir que ouça»
(Mateus, 11:13-15) Em um outro momento, após o fenômeno da transfiguração, os apóstolos Pedro, Tiago e João, ao descerem do monte, são orientados por Jesus a guardarem silêncio sobre o que presenciaram (transfiguração).
E, descendo eles do monte, Jesus lhes ordenou, dizendo: A ninguém conteis a visão até que o Filho do Homem seja ressuscitado dos mortos. E os seus discípulos o interrogaram, dizendo: Por que dizem, então, os escribas que é mister que Elias venha primeiro?
E Jesus, respondendo, disse-lhes: Em verdade Elias virá primeiro e restaurará todas as coisas. Mas digo-vos que Elias já veio, e não o conheceram, mas fizeram-lhe tudo o que quiseram. Assim farão eles também padecer o Filho do Homem. Então, entenderam os
discípulos que lhes falara de João Batista. (Mateus, 17:9-13)
As pregações de João Batista, a despeito de agradarem o povo, eram criticadas pelos sacerdotes e familiares do rei Herodes.
A mensagem de João Batista caiu em Israel como fogo na palha. [...] As multidões que
o ouviam incluíam publicanos e prostitutas. [...] O Judaísmo nunca se deparara com nada exatamente igual a isso, [...]. 2
João Batista desagradava os sacerdotes porque introduziu modificações nas práticas religiosas do Judaísmo. Em primeiro lugar estabelece, no batismo pela água, uma forma de renascimento ou metáfora da redenção espiritual.
Segundo as suas orientações, a pessoa nascia judeu, mas para se redimir deveria passar por um processo simbólico de renascimento. «O rito de João era tão singular que foi nomeado segundo ele (“Batista”), e Jesus claramente o vê como dado a João por Deus mediante revelação.» 2
Outro ponto, provocador de sérias controvérsias religiosas entre o clero judaico, foi o fato de João não fazer caso do templo judaico e dos seus ritos; talvez a rejeição dos sacerdotes a João tenha relação primordial com a onda generalizada de repulsa à corrupção do templo e dos seus sacerdotes no século I d.C., e que foi asperamente criticada pelo precursor. 2
A família real também detestava João Batista porque dele recebia, em público, constantes críticas a respeito do modo indecoroso em que viviam.
Festejando-se, porém, o dia natalício de Herodes, dançou a filha de Herodias diante delee agradou a Herodes, pelo que prometeu, com juramento, dar-lhe tudo o que pedisse. E ela, instruída previamente por sua mãe, disse: Dá-me aqui num prato a cabeça de João
Batista. E o rei afligiu-se, mas, por causa do juramento e dos que estavam à mesa com ele, ordenou que se lhe desse. E mandou degolar João no cárcere, e a sua cabeça foi trazida num prato e dada à jovem, e ela a levou a sua mãe. E chegaram os seus discípulos, e levaram o corpo, e o sepultaram, e foram anunciá-lo a Jesus. (Mateus, 14:6-12)
O nascimento e vida de João Batista teve uma única finalidade, segundo o Espiritismo: anunciar a vinda do Cristo, daí ser ele chamado – com justiça – o precursor.
João Batista é o símbolo do cristão que se sacrifica pela Verdade. Todavia João Batista não sofreu unicamente pela Verdade que pregava. Em virtude da lei de causa e efeito, sabemos que não há efeito sem causa. Por conseguinte, para que João Batista sofresse a pena de decapitação é porque ainda tinha dívidas de encarnações anteriores a pagar. Apesar do alto grau de espiritualidade que tinha alcançado, João teve de passar pela mesma pena que
infligira aos outros. De fato, se João Batista era Elias, poderemos ver nessa decapitação o saldo da dívida que tinha contraído quando, como Elias, mandou decapitar os sacerdotes de Baal. É Justiça Divina que se cumpre, nada deixando sem pagamento. 7
Após João Batista, o povo judeu não teve outro profeta. Foi o último de uma linhagem que se preparou para trazer ao mundo a mensagem de Jesus.
João é o último profeta enviado pelo Senhor para ensinar os homens a viverem de acordo com os mandamentos divinos. De agora em diante Jesus legará o Evangelho ao mundo, como um roteiro seguro que o conduzirá a Deus. E hoje temos o Espiritismo, um profeta que está em toda parte, falando ao coração e à inteligência de todas as criaturas: aos humildes e aos letrados, aos pobres e aos ricos, aos sãos e aos doentes, espalhando ensinamentos espirituais de fácil compreensão. 6
Referências
FRANCO, Divaldo Pereira. Primícias do Reino. Pelo Espírito Amélia Rodrigues.
4. ed. Salvador [BA]: LEAL, 1987, p. 20-21 (Respingos históricos).
2. DICIONÁRIO DA BÍBLIA. Vol. 1: As pessoas e os lugares. Organizado por
Bruce M. Metzer e Michael D. Coogan. Tradução de Maria Luiza X. de A.
Borges. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2002, p. 161.
3. GODOY, Paulo Alves. O evangelho por dentro. 2. ed. São Paulo: FEESP,
1992, p. 133 (João Batista - o precursor de Jesus-Cristo).
4. RIGONATTI, Eliseu. O evangelho dos humildes. 15. ed. São Paulo: Editora
Pensamento - Cultrix, 2003. Cap. 3, p. 17.
5. ______. Cap. 11, p. 104.
6. ______. p. 104-105.
7. ______. Cap. 14, p. 142-143.
8. XAVIER, Francisco Cândido. Boa Nova. Pelo Espírito Humberto de Campos.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Cap. 2 (Jesus e o precursor), p. 24.