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terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A FÉ E AS MONTANHAS


"Se tivésseis fé como um grão de mostarda, diríeis a esta montanha:
passa-te daqui para acolá, e há de passar, e nada vos será impossível." - (Mateus, 17:19)
É evidente que não estava na cogitação do Mestre Jesus fazer com que os seus discípulos acreditassem que bastava ter uma fé robusta, para fazer com que uma montanha se transladasse de um lugar para outro, o que, obviamente, seria um milagre, e o milagre não existe nas coisas de Deus.

As montanhas que poderemos remover de nossa frente, pelo uso da fé, são as montanhas dos erros, das transgressões, das viciações, da avareza, do egoísmo, do orgulho e de todas as coisas negativas que denigrem os homens, as quais dormitam dentro dos corações. Pela fé em Deus poderemos aprimorar as nossas qualidades, fazendo surgir dentro de nós um homem novo, reformado, disposto a fazer com que o nosso proceder na Terra seja orientado sempre no caminho do bem, considerando-se que a prática das boas obras é o caminho mais curto para se conquistar a redenção espiritual.

Entretanto, no desenvolvimento de nossa vida terrena surgem diante de nós montanhas de aspectos diferentes, tais como:— as inúmeras montanhas representadas pelas provações e expiações terrenas, as enfermidades muitas vezes incuráveis, os tropeços representados pelo desemprego, pelos acidentes, pelas mutilações, pela fome, pelas calúnias assacadas contra a nossa integridade moral e também pelas investidas dos Espíritos trevosos, que atuam sobre nós, através das fascinações, das obsessões e das possessões;
— tais montanhas também devem ser escaladas, ultrapassadas, e isso se faz pela fé que depositamos na equitativa Justiça Divina; pela perseverança na prática do bem, pela conformação com os desígnios de Deus, pela resignação diante dos sofrimentos, não ignorando que dois são os caminhos que nos aproximam de Deus: a dor e o amor.

Pelo despertar de uma fé viva em seu coração, Maria Madalena removeu as montanhas das coisas negativas que, até então, vinham empolgando o seu Espírito, sob o império de entidades trevosas, que dela se haviam aproximado, chegando a perverter sua vida. Essa fé brotou em sua alma, quando o Mestre, referindo-se a ela, sentenciou: "Muitos pecados lhe são perdoados porque ela muito amou."

Paulo de Tarso, por sua vez, ultrapassou as montanhas do fanatismo e do falso zelo religioso, quando teve a visão do Espírito de Jesus, na Estrada de Damasco, e ouviu: "Saulo, Saulo, duro te é recalcitrar contra o aguilhão."

Apesar de a fé ser portentosa alavanca que nos ajuda a superar várias montanhas de males que ocorrem em nossa vida, por si só, ela não é suficiente para atingirmos a nossa redenção espiritual, comumente chamada de salvação.

Embora algumas religiões sustentem que a chamada salvação se consegue pela fé ou pela graça, Jesus Cristo apresentou um caminho diferente para se alcançar esse objetivo: "A cada um será dado segundo as suas obras", o que evidencia que somente a prática das boas obras encerra o potencial para galgarmos uma posição de relevo na vida futura, ou seja, na plenitude da vida eterna, desiderato esse que o Espírito passa a usufruir, após ter atingido a sua redenção, quando, então, passará a gozar do status de Espírito Puro.

Essa assertiva é corroborada por Paulo de Tarso, em sua Primeira Epístola aos Coríntios (13:1-3), quando escreveu: "Ainda que eu tivesse toda a fé de maneira que transportasse uma montanha, se eu não tivesse caridade isso nada seria."
Tiago Menor, em sua Espístola Universal, também escreveu: "Meus irmãos, que aproveitará se alguém disser que tem fé, e não tiver obras? Porventura a fé pode salvá-lo?" (cap. 2:14)
"Assim, também, a fé, se não tiver obras, é morta em si mesma." (Cap. 2:17)
"Tu tens a fé e eu tenho as obras, mostra-me a tua fé sem as tuas obras e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras."(Cap. 2:18)
"Assim como o corpo sem o Espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta". (Cap. 2:26)
O Apóstolo Pedro, também, em sua Primeira Epístola, (cap. 4:8) afirmou: "A Caridade cobre a multidão do pecados".
A REDENÇÃO ESPIRITUAL é atingida quando, através da multiplicidade das existências, o Espírito tiver se libertado "pelo conhecimento da Verdade", conforme exarado por Jesus Cristo; quando o homem tiver removido todas as montanhas que impedem a sua ascenção rumo a Deus, tais como o obscurantismo, as supertições, o egoísmo, a avareza, o orgulho, o ódio, a inveja e tantas outras viciações que o acometem, no decurso do seu processo evolutivo, e retardam a sua aproximação do Criador de todas as coisas, do Senhor do Céu e da Terra.
Paulo A. Godoy

NAS TREVAS E NA LUZ


"Porquanto tudo o que em trevas dissestes, à luz será ouvido,
e o que falastes ao ouvido, no gabinete, sobre os telhados
será apregoado". - (Lucas, 12:3)
E óbvio que essas palavras do Evangelho de Lucas, pronunciados por Jesus Cristo, referiam-se a épocas distintas.

Nos tempos em que ocorreram as grandes perseguições contra os cristãos, muitas coisas eram ensinadas no recôndito dos lares, nas noites trevosas dos campos ou nas catacumbas. Outras eram murmuradas aos ouvidos, por causa do receio das grandes represálias que eram levadas a efeito, logo após a crucificação de Jesus Cristo.

Esse procedimento ocorreu durante alguns séculos, quando as palavras evangélicas eram pronunciadas na obscuridade, nos recintos fechados e quando os cristãos apenas se comunicavam por sinais convencionais.

Na atualidade, as palavras são apregoadas sobre os telhados, por todos os meios de comunicação, pois as idéias que emanam do Alto se propagam com os homens, sem os homens, contra os homens ou apesar dos homens, nada havendo que possa obstar a marcha avassaladora desses conceitos.

As idéias provindas de Deus jamais podem ficar na dependência dos homens, pois, do contrário, elas permaneceriam no marasmo, na estagnação, e a Humanidade jamais evoluiria.
Muitas idéias suscitadas na Terra ferem, frontalmente, os interesses de grupos ou de pessoas e, por isso, sempre encontram opositores sistemáticos.
Quando Jesus Cristo revelou as concepções renovadoras do Cristianismo, elas constituíram um verdadeiro impacto contra as prevalecentes idéias sustentadas pelos pagãos e mesmo pelos judeus ortodoxos.
Entretanto, como elas vieram do Mundo Maior, era imperioso que a sua propagação não ficasse circunscrita aos humildes cenáculos dos primitivos cristãos, motivo que levou a Doutrina Cristã a demandar as massas, fazendo-o através dos Apóstolos, de vários Enviados e, sobretudo, do Apóstolo Paulo.

O povo precisa ser impressionado, e isso se faz de várias maneiras. O Cristo, a fim de fazer propagar as suas idéias, deixou-se imolar no Alto do Calvário, e a sua crucificação impressionou toda a Humanidade.

O grande Apóstolo de Matão, Cairbar Schutel, certa feita programou uma palestra num cinema de uma das cidades vizinhas. À hora aprazada, o salão estava vazio. Apenas três ou quatro companheiros ali estavam.

O grande seareiro não desanimou. Mandou comprar meia dúzia de rojões (fogos de artifícios) e soltou-os à porta do cinema que havia alugado para o encontro. Após 30 a 40 minutos, o salão estava repleto, e Cairbar levou avante a conferência programada.

Quando o Cristo previu que suas palavras seriam apregoadas sobre os telhados, vaticinou que elas entrariam nos lares, através de programas radiofônicos ou da televisão.
Paulo A. Godoy

SALVAÇÃO OU REDENÇÃO?


"Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está no Céu" - (Mateus, 5:48)
Os vocábulos "Redenção" e "Salvação" têm significados bem diferentes. O primeiro expressa o fato de libertar alguém que está emaranhado nas teias do obscurantismo e dos preconceitos, evitando, deste modo, que resvale nos abismos do pecado, e propicia meios de fazer com que ele se aproxime, cada vez mais, do seu Criador. O segundo tem o significado da salvação de alguém que está mergulhado no pecado e na prática de transgressões às Leis de Deus.

As teologias terrenas apregoam que, com o sacrifício do Calvário, Jesus tomou sobre seus ombros os pecados de todos os homens. Contudo, uma ligeira análise a luz da Lei de Ação e Reação, ou de Causa e Efeito, mostra que ninguém jamais poderá assumir os pecados de outrem; cada um é responsável pelos seus atos e a cada um será dado segundo as suas obras.
Não se pode conceber que, após o martírio do Mestre, todos os seres humanos tivessem ficado a salvo das suas transgressões e mesmo daquilo que se convencionou chamar de "pecado original", ou seja, o "pecado" cometido pelos lendários Adão e Eva, o qual, segundo essas mesmas teologias, contaminou todos os homens, o que, aliás, não é compatível com a misericórdia infinita de Deus.

Jesus Cristo desceu ao nosso mundo com o objetivo básico de ensinar ao homem a fórmula mais adequada, para se redimir dos males que o acomete, como o obscurantismo, a superstição, o preconceito, o falso zelo religioso, o engodo, a deturpação, a idolatria e muitos outros, e, para a consecução desse desiderato, legou-
nos uma diretriz das mais seguras: "Conhecei a Verdade e ela vos libertará." (João, 8:32)

O conhecimento da Verdade torna-se um objetivo bastante remoto no atual nível evolutivo da Humanidade, algo sumamente difícil de atingir; no entanto, o que mais tem contribuído para manter a Humanidade no presente marasmo têm sido os dogmas, que fazem com que Evangelhos, nos moldes como são consagrados por algumas religiões, se distanciem da verdadeira essência dos nínfos ensinamentos deixados por Jesus Cristo como base fundamental de conduzir o homem à redenção espiritual.

Os Evangelhos relatam a vida de muitos personagens que levaram vida edificante, os quais, indubitavelmente, atingiram a salvação do Espírito. Citamos, exemplo, Paulo de Tarso e três mulheres, com o nome de Maria.— Maria de Nazaré, mãe carnal de Jesus Cristo veio à Terra com a gloriosa missão de receber em seu seio a figura magistral do Cristo de Deus; além de ter sido mãe carinhosa, dedicada, experimentou a crueldade das dores, vendo o seu filho inocente, que apenas havia praticado o Bem e disseminado a Verdade, açoitado e finalmente crucificado entre dois facínoras.

— Maria de Magdala, mais conhecida por Maria Madalena; vivia na ostentação, no luxo, na vaidade; encontrar-se com Jesus deu uma guinada em sua vida desprendendo-se de todas as vantagens que o mundo lhe oferecia, para levar uma vida diferente, inteira dedicada ao Mestre, tornando-se, assim, a sua mais fiel e dedicada seguidora. Referindo-se a ela disse: "Muitos pecados lhe são perdoados, porque ela amou."

— Maria de Betânia, uma jovem amável e dedicada, após conhecer Jesus, tornou-se uma das suas mais fiéis seguidoras, o que levou o Mestre, quando de sua visita à casa de Lázaro, a sentenciar que Maria "entre coisas da Terra e as coisas do Céu, preferiu a melhor parte, a qual jamais lhe seria tirada". (Lucas, 10:38-42) Maria de Betânia foi a mulher que, a fim de demonstrar o seu apreço ao Cristo de Deus, "ungiu os seus pés com unguento de nardo puro e os enxugou com os seus cabelos ". (João, 12:3)
- Paulo de Tarso, o grande Apóstolo dos Gentios, tornou-se um dos grandes paladinos no que tange à libertação de homens que estavam mergulhados em erros crassos, tais como o falso zelo religioso, a idolatria, a observância de vãs tradições e, sobretudo, dos dogmas férreos que prevaleciam na religião do seu tempo.
Ele foi o "vaso escolhido" para levar a palavra de Jesus aos israelitas, aos gentios, aos reis e aos povos de todas as nações circunvizinhas, Roma e Atenas, inclusive, as cidades mais importantes do mundo de então.
Paulo A. Godoy

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Estudo Aprofundado do Espiritismo (FEB)-Livro 1 Cristianismo e Espiritismo - Roteiro 3 As Religiões não Cristãs (2)

EADE - LIVRO I
ROTEIRO
3
Objetivos
• Apresentar as principais características do Taoísmo e do Confucionismo;
do Islamismo e do Zoroastrismo; do Xintoísmo e
das religiões primais.
IDÉIAS PRINCIPAIS
CRISTIANISMO E ESPIRITISMO
MÓDULO I - ANTECEDENTES DO CRISTIANISMO
• O Taoísmo é uma doutrina elaborada por Lao Tsé. Tao te King é o livro básico do
Taoísmo que define a existência do Tao ou caminho, manifesto sob três formas:
caminho da realidade íntima que é o Criador Supremo, caminho do universo,
da norma, do ritmo da Natureza e o caminho da existência humana.
• Confucionismo é o sistema filosófico chinês, de natureza moral e religiosa,
criado por Kung-Fu-Tzu (Confúcio), que se fundamenta no Taoísmo. Valoriza
a educação, uma vida reta, o culto dos antepassados, a idéia do aperfeiçoamento
contínuo, entre outros.
• O Xintoísmo é uma integração religiosa nascida no Japão, no século VI d.C. É
de natureza anímica miscigenada com totemismo. Tem como princípio o culto
dos mortos e a educação da família.
• As religiões tribais, ainda existentes em várias partes do Planeta, não possuem
textos escritos, mas uma tradição oral que se modifica à medida que as gerações
se sucedem.
AS RELIGIÕES NÃO-CRISTÃS (2)
pag.33
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. Taoísmo
A palavra Taoísmo (ou Daoísmo) é geralmente empregada para traduzir
dois termos chineses distintos: “Daojiao” que se refere aos “ensinamentos ou
à religião do Dao” e “Daojia”, que se refere à “escola do Dao”, uma linha de
pensamento filosófico chinês.
Segundo a tradição, o Taoísmo (Tao=caminho) teve origem nas idéias
do mestre chinês Lao Tsé (ou “velho mestre”), nascido entre 550 e 604 a.C.,
contemporâneo de Confúcio, outro sábio chinês que iria desenvolver uma
doutrina chamada Confucionismo. Lao Tsé pregava a necessidade de bondade
no coração humano como condição de felicidade. A bíblia do Taoísmo é Tao
te King, que prega a existência de três caminhos: a) o Tao como caminho da
realidade íntima (refere-se ao Criador, de onde brota a vida e ao qual toda a
vida retorna); b) o Tao como caminho do universo, da norma, do ritmo da
Natureza, enfim; c) o Tao como caminho da vida humana. No contexto taoísta,
“Tao” pode ser entendido como o caminho, inserido no espaço-tempo da vida,
isto é, o local ou a ordem onde as coisas acontecem. Pode referir-se, também,
ao mundo real onde a história humana se desenvolve – daí ser, algumas vezes,
nomeado como o “grande Tao”. Neste aspecto teria, talvez, o sentido de existência
humana com as conotações morais que lhe são peculiares. 16
O Taoísmo é um sistema filosófico de crenças politeístas em que se procura
unir elementos místicos do culto dos antepassados com rituais do exorcismo, alquimia
e magia. Entretanto, antes de Lao Tsé outros missionários, enviados ao Planeta
por Jesus, lançaram as bases da organização religiosa da civilização chinesa.
SUBSÍDIOS
MÓDULO I
Roteiro 3
pag.34
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
As raças adâmicas ainda não haviam chegado ao orbe terrestre e entre aqueles povos já
se ouviam grandes ensinamentos do plano espiritual, de sumo interesse para a direção e
solução de todos os problemas da vida. A História não vos fala de outros, antes do grande
Fo-Hi, que foi o compilador de suas ciências religiosas, nos seus trigramas duplos,
que passaram do pretérito remotíssimo aos estudos posteriores. Fo-Hi refere-se, no seu
“Y-King”, aos grandes sábios que o antecederam no penoso caminho das aquisições de
conhecimento espiritual. Seus símbolos representam os característicos de uma ciência
altamente evolutiva, revelando ensinamentos de grande pureza e da mais avançada metafísica.
Em seguida a esse grande missionário do povo chinês, o Divino Mestre envia-lhe
a palavra de Confúcio ou Kong-Fo-Tsé, cinco séculos antes da sua vinda, preparando os
caminhos do Evangelho no mundo, tal como procedera com a Grécia, Roma e outros
centros adiantados do planeta, enviando-lhes elevados Espíritos da ciência, da religião
e da filosofia [...]. 8
Lao-Tsé foi um elevado mensageiro do Senhor para os povos da raça as
raças amarela. Suas lições estão cheias do perfume de requintada sabedoria moral.
No Kang-Ing, Lao-Tsé oferece inúmeras lições, como esta: «O Senhor dos
Céus é bom e generoso, e o homem sábio é um pouco de suas manifestações.
Na estrada da inspiração, eles caminham juntos e o sábio lhe recebe as idéias,
que enchem a vida de alegria e de bens.» 20
Como um dos porta-vozes de Jesus, desenvolveu uma filosofia religiosa,
avançada e superior, preparando o caminho do Senhor que, seis séculos depois,
iria trazer o seu Evangelho à Humanidade. 10
À medida em que o Taoísmo se espalhou pela população da China, seus
ensinamentos se misturaram a algumas crenças preexistentes, como a teoria
dos cinco elementos, a alquimia e o culto aos ancestrais. Os seus sacerdotes
trabalhavam com feitiços e poções com a finalidade de obterem maior longevidade.
Algumas idéias taoístas foram também absorvidas pelo Confucionismo
e pelo Budismo. Muitas práticas da antiga medicina tradicional chinesa foram
enraizadas no pensamento taoísta. A medicina chinesa moderna, assim como
as artes marciais chinesas, se fundamentam em conceitos taoístas, como o Tao,
o Qi, e o equilíbrio entre o yin e o yang. 16
O Taoísmo forma um corpo de doutrina que tem origem nas seguintes
fontes primordiais:
• Máximas morais e orientações do “Imperador Amarelo” ou Huang
Di. Trata-se de um dos cinco imperadores chineses, reis lendários sábios e
moralmente perfeitos, que teriam governado a China. O Imperador Amarelo
teria reinado de 2698 a.C. a 2599 a.C. É considerado o ancestral de todos os
pag35
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
chineses da etnia Han. Conta a tradição que desde criança Huang Di era muito
perspicaz, dotado de uma inteligência fora do comum e capaz de estabelecer
raciocínios avançados sobre os mais variados temas. Durante o seu reinado
Huang Di interessou-se especialmente pela saúde e pela condição humana,
questionando os seus médicos sobre como a medicina era praticada. 17
• Livro de aforismos místicos, o Dao De Jing (Tao Te Ching), cuja escrita
é atribuída a Lao Zi (Lao Tsé). Tao Te Ching ou Dao de Jing, comumente
traduzido pelo nome de “O Livro do Caminho e da sua Virtude”, é um dos
escritos chineses mais antigos e conhecidos. A tradição diz que o livro foi escrito
em cerca de 600 a.C. por um sábio que viveu na Dinastia Zhou, Lao Tsé.
É um livro de provérbios relacionados ao Tao, mas que acabou servindo de
obra inspiradora para diversas religiões e filosofias, em especial o Taoísmo e
o Budismo Chan, ou chinês, e sua versão japonesa (Zen Budismo). 18
• Trabalhos do maior filósofo chinês Zhuang Zi (Chuang Tsé), literalmente
denominado “Mestre Zhuang”, que viveu no Século IV a.C. Ele era da
Cidade de Meng, no Estado de Song, hoje Shângqiû. A sua filosofia influenciou
o desenvolvimento do Budismo Chan (chinês) e do Budismo Zen (japonês). 19
• Antigo I Ching, ou O Livro Das Mudanças (ou das Mutações), que é tido
como uma fonte extra do Taoísmo, assim como de práticas de divinação da
China antiga. O I Ching é um texto clássico chinês composto de várias camadas
que foram superpostas ao longo dos tempos. É um dos mais antigos e um dos
únicos textos chineses que chegaram até os nossos dias. Ching, significando
“clássico,” foi o nome dado por Confúcio à sua edição. Antes de Confúcio era
chamado apenas de I, que tem origem no ideograma e é traduzido de muitas
formas. No século XX, ficou conhecido no ocidente como “mudança” ou
“mutação”. O I Ching pode ser compreendido e estudado como um oráculo ou
como um livro de sabedoria. Na própria China é alvo de estudos diferenciados,
realizados por religiosos, eruditos e praticantes da filosofia de vida taoísta. 9
O Taoísmo tem significados diferentes no Ocidente: a) pode ser entendido
como uma escola de pensamento filosófico chinês fundamentada nos textos do
Tao Te Ching atribuídos a Lao Tsé e nos escritos de Chuang Tsé; b) é aceito
como movimento religioso chinês que tem sua origem nos ensinos de Zhang
Daoling, no final da Dinastia Han, estruturado em seitas como a Zhengyi (ou
“Ortodoxa”) e Quanzhen (ou “realidade completa”); c) visto como manifestação
da tradição religiosa chinesa, mas de caráter popular, onde se integram
elementos do Taoísmo, do Confucionismo e do Budismo.
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
O Taoísmo é de natureza politeísta, daí as igrejas taoístas possuírem panteões
de divindades, incluindo Lao Zi, Zhang Daoling, o Imperador Amarelo,
o Imperador Jade, Lei Gong (“O Deus do Trovão”) e outros. As duas maiores
igrejas taoístas da atualidade pertencem à seita Zhengyi (evoluída de uma seita
fundada por Zhang Daoling) e o Taoísmo Quanzhen (fundado por Wang
Chongyang).
2. Confucionismo
Confucionismo é um sistema filosófico chinês, de natureza moral e religiosa,
criado por Kung-Fu-Tzu (Confúcio) e que tem por base os princípios ensinados
por Lao Tsé. Entre as preocupações do Confucionismo estão a moral, a
política, a educação e a religião. São conhecidas pelos chineses como Junchaio
(ensinamentos dos sábios). O Confucionismo se tornaria a doutrina oficial do
império chinês durante a dinastia Han ( séculos III a. C. — III d. C.). Vários
seguidores dessa doutrina moral deram continuidade aos ensinamentos de
Confúcio, após esse período.
Donz Zhong Shu, por exemplo, fez uma reforma no Confucionismo,
fundamentando-se na teoria cosmológica dos cinco elementos. O pensamento
taoístico ensina que existem na Natureza cinco elementos, os quais se interagem
e se relacionam, sendo necessários à manutenção da vida: metal, madeira,
terra, água e fogo.
Tais elementos não devem ser vistos apenas como representações materiais,
mas como símbolos e metáforas. A interação desses cinco elementos é feita por
meio de dois ciclos: da produção e do controle. 21
Wang Chong utilizou-se de um ceticismo lógico para criticar as crenças
infundadas e os mitos religiosos. Meng Zi (Mêncio ou Mâncio) e Xun Zi desenvolveram
e expandiram o Confucionismo na sociedade chinesa, ensinando
a doutrina dentro de uma perspectiva mais naturalista. Essa renovação doutrinária
foi denominada de neoconfucionismo. Mencio, em particular, acreditava
na importância da educação para modificar a natureza humana, que se transvia
em função dos conflitos e das necessidades impostas pela vida. Acreditava que,
a despeito do ser humano possuir instintos naturais comuns aos animais, como
o de preservação, a inteligência educada poderia conduzir o ser humano ao
bem. Xun Zi, ao contrário, via na natureza perversa do homem uma herança
ancestral dos instintos de preservação dos animais. Entretanto, entendia que
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
no interior do homem há uma inteligência capaz de articular meios pelos quais
se poderia evitar a manifestação da natureza instintiva.
O Confucionismo foi uma filosofia moral de profundo impacto na estrutura
social e cotidiana da sociedade existente na Antigüidade. O valor ao
estudo, à disciplina, à ordem, à consciência política e ao trabalho são lemas
que o Confucionismo implantou na mentalidade chinesa.
A história da China remonta a épocas remotíssimas, no seu passado multi-milenário, e
esse povo, que deixa agora entrever uma certa estagnação nos seus valores evolutivos,
sempre foi igualmente acompanhado na sua marcha por aquela misericórdia infinita
que, do céu, envolve todos os corações que latejam na Terra. [...] A cristalização das
idéias chinesas advém, simplesmente, desse insulamento voluntário que prejudicou, nas
mesmas circunstâncias, o espírito da Índia, apesar de fascinante beleza das suas tradições
e dos ensinos. É que a civilização e o progresso, como a própria vida, dependem das
trocas incessantes. 6
«Confúcio, na qualidade de missionário do Cristo, teve de saturar-se de
todas as tradições chinesas, aceitar as circunstâncias imperiosas do meio, de
modo a beneficiar o país na medida de suas possibilidades de compreensão.» 20
A doutrina de Confúcio foi dirigida à razão humana, rejeitando o misticismo
e as prerrogativas dos poderes sobrenaturais. Segundo os historiadores, por
se ocupar com o homem e com as coisas humanas, Confúcio ficou conhecido
como o “Sócrates chinês”, preparando o solo da China, no começo da era cristã,
para a penetração do Budismo que iria introduzir novos conhecimentos aos
que foram ensinados pelos missionários chineses.
De um modo geral, é o culto dos antepassados o princípio da sua fé [do Budismo]. Esse
culto, cotidiano e perseverante, é a base da crença na imortalidade, porquanto de suas
manifestações ressaltam as provas diárias da sobrevivência. [...] A idéia da necessidade
de aperfeiçoamento espiritual é latente em todos os corações, mas o desvio inerente à
compreensão do Nirvana é aí, como em numerosas correntes do Budismo, um obstáculo
ao progresso geral. O Nirvana, examinado em suas expressões mais profundas,
deve ser considerado como a união permanente da alma com Deus, finalidade de todos
os caminhos evolutivos; nunca, porém, como sinônimo de imperturbável quietude ou
beatífica realização do não ser. A vida é a harmonia dos movimentos, resultante das
trocas incessantes no seio da natureza visível e invisível. Sua manutenção depende da
atividade de todos os mundos e de todos os seres. 11
3. Xintoísmo
Religião surgida no Japão, oriunda de prática anímica ancestral misci-
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
genada com o totemismo. A palavra Xintó (“via dos deuses” ou “caminho
divino”), utilizada no século VI d.C., substituiu o termo búdico Butsudo (“caminho
de Buda”).
O Xintoísmo tem sua base no culto dos mortos, chamados de Kami. Os
Kami são Espíritos divinizados que adquiriram poderes sobrenaturais, após a
morte. Circulam entre os encarnados, participando de suas alegrias e de suas
dores, vigiando-lhes a conduta.
Os historiadores informam que o Xintoísmo é uma religião que não
comporta um código moral ou um decálogo, propriamente dito, porque os
seus seguidores consideram o povo japonês uma raça divina, daí não existir a
necessidade de um código moral.
O Xintoísmo prescreve, na veneração dos seus mortos, os deveres religiosos
de: a) purificar o coração — por meio do arrependimento das ofensas praticadas
contra os espíritos; e b) o de tornar puro o corpo pela higiene física.
No início da era cristã, chega ao Japão o Confucionismo, trazido da China.
Sua influência, limitada aos círculos cultos, alcança o século XVII. O livro
de lendas confucianas, denominado “Os Vinte e quatro modelos de piedade
filial”, exerceu forte influência na educação japonesa, por retratarem uma moral
familiar e conservadora, compatíveis com as tradições xintoístas, as quais, por
sua vez, têm como princípios o amor à família e o respeito aos ancestrais.
Com a introdução do Budismo no Japão, feita por coreanos, surgiram
divergências entre os xintoístas e os budistas, tais como: a) o Xintoísmo admite
vários deuses: o Budismo, em sua origem, não admite qualquer deus; b) o
Xintoísmo prega a sobrevivência definitiva, sem reencarnação dos Espíritos
dos mortos, não existindo, para os mortos, punição ou recompensa, independentemente
da vida que aqui levaram; o Budismo prega a transmigração das
almas (reencarnação) até que estas se purifiquem e atinjam o nirvana. Somente
a partir desse estágio é que a reencarnação não mais ocorre.
4. Islamismo e Zoroastrismo
De todas as religiões não-cristãs, o Islamismo é a mais próxima das do
Ocidente, em termos geográficos e religiosos, pois, como religião, tem origem
judaica e, como filosofia, sofreu influência helênica.
O Islamismo foi fundado pelo profeta Maomé, da tribo Koreish, nascido
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
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Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
em Meca, há aproximadamente 570 anos d.C. No roteiro 29 estudaremos com
maiores detalhes a doutrina do Islã.
O Masdeísmo, ou Zoroastrismo, é uma religião fundada na Pérsia por
Zoroastro, ou Zaratustra, cujas origens se perderam no tempo, mas que foi
inspirada no deserto e na solidão.
A base de sua doutrina era a grande luta entre o bem e o mal, vivendo as criaturas influenciadas
por bons e maus Espíritos. O homem é livre em suas ações – já Zoroastro
pregava o livre-arbítrio – o homem é livre, mas se vê sujeito às influências das forças do
mal. Conservando a ação, a palavra e pensamento puros, afastava-se do mau Espírito e
se aproximava do bom. Devia conservar limpos o corpo e a alma. [...] Na morte, cabialhe
um lugar que estava em relação com o que praticara em vida. Os atos do homem,
na vida, iam determinar a sua situação na morte. A religião de Zoroastro, afirmam os
historiadores e mitólogos, tinha leis morais de extraordinária elevação. 2
Há quem afirme que Zoroastro nunca existiu; mas pela leitura do Zend
Avesta e dos hinos antiqüíssimos temos notícias que ele não foi a um mito, mas
um homem que, à semelhança dos grandes profetas ou de pessoas de maior
envergadura moral, muito lutou e sofreu: «Segui o bem, fazei o bem, pensai
no bem, assim falou Zaratustra.» 3
5. Religiões Primais
As religiões primais, ou tribais, são manifestações primitivas da religiosidade
humana. São encontradas em várias partes do mundo, como África,
Austrália, sudeste Asiático, Ilhas do Pacífico, Sibéria e entre os índios da
América do Norte, Centro e do Sul. Em geral, tais religiões não possuem textos
escritos. Os mitos representam a sua base religiosa, tendo sobrevivido em razão
da tradição oral. Como toda religião tribal, sofre influência de fatores externos,
sendo as suas histórias alteradas ao longo das gerações. As religiões tribais
africanas acreditam na existência de um Deus Supremo, apresentando-o sob
diversos nomes, como criador de todas as coisas e seres. Acreditam também
em outros deuses menores, ou espíritos, encontrados nas florestas, planícies
e montanhas, lagos , rios e no céu. Esses deuses estão intimamente associados
aos fenômenos da natureza (chuva, raios, trovões etc.). Outra característica das
religiões primitivas diz respeito ao culto dos antepassados. Acreditam que os
antepassados se mantêm invisíveis, guardando a mesma aparência que tinham
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
pag.40
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
em vida. Atualmente, muitas das religiões tribais da África adotam práticas
cristãs e islâmicas em seus rituais.
Os milênios, com as suas experiências consecutivas e dolorosas, prepararam os caminhos
dAquele que vinha, não somente com a sua palavra, mas, principalmente, com sua
exemplificação salvadora. Cada emissário trouxe uma das modalidades da grande lição
de que foi teatro a região humilde da Galiléia. É por esse motivo que numerosas coletividades
asiáticas não conhecem a lição direta do Mestre, mas sabem do conteúdo da
sua palavra, em virtude das próprias revelações do seu ambiente, e, se a Boa Nova não se
dilatou no curso dos tempos, pelas estradas dos povos, é que os pretensos missionários
do Cristo, nos séculos posteriores aos seus ensinos, não souberam cultivar a flor da vida e
da verdade, do amor e da esperança, que os seus exemplos haviam implantado no mundo:
– abafando-a nos templos de uma falsa religiosidade, ou encarcerando-a no silêncio dos
claustros, a planta maravilhosa do Evangelho foi sacrificada no seu desenvolvimento e
contrariada nos seus mais lídimos objetivos. 12
pag.41
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
1. IMBASSAHY, Carlos. Religião. 5. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990. Item:
Brama, p. 178-179.
2. ______. Item: Zoroastro, p. 181.
3. ______. p. 182.
4. XAVIER, Francisco Cândido. A caminho da luz. Pelo Espírito Emmanuel.
33. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Cap. 8 (A China milenária), item: A
China, p. 73.
5. ______. p. 74.
6. ______. Item: A cristalização das idéias chinesas, p. 74.
7. ______. p. 75 (Fo-Hi).
8. ______. p. 75-76.
9. ______. Item: Confúcio e Lao-Tsé, p. 76-77.
10. ______. p. 77.
11. ______. p. 77-78.
12. ______. p. 85-86 (As revelações gradativas).
13. ______. Emmanuel. Pelo Espírito Emmanuel. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB,
2005. Cap. 2 (A ascendência do Evangelho), item: As tradições religiosas,
p. 26.
14. ______. Item: Os missionários do Cristo p. 26.
15. ______. cap. 4 (Religião e religiões), p. 37.
16. http://pt.wikipedia.org/wiki/Tao%C3%ADsmo
17. http://pt.wikipedia.org/wiki/Imperador_Amarelo
18. http://pt.wikipedia.org/wiki/Dao_De_Jing
19. http://pt.wikipedia.org/wiki/Chuang_Tse
20. http://pt.wikipedia.org/wiki/I_Ching
21. http://pt.wikipedia.org/wiki/teoria_dos_cinco_elementos
REFERÊNCIAS
EADE · Roteiro 3 - Religiões não-cristãs (2)
pag.42
Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita
Dividir a turma em grupos para estudo e
debate das religiões não-cristãs inseridas neste
Roteiro. Concluído o trabalho, destacar as principais
características dessas religiões, registrando-as
em cartazes que deverão ser afixados no mural da
sala.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Conhecendo O Livro Céu e o Inferno. Cap. 5 Os Suicidas parte 2

O PAI E O CONSCRITO

No começo da guerra da Itália, em 1859, um negociante de Paris, pai de família, gozando de estima geral por parte dos seus vizinhos, tinha um filho que fora sorteado para o serviço militar. Impossibilitado de o eximir de tal serviço, ocorreu-lhe a idéia de suicidar-se a fim de o isentar do mesmo, como filho único de mulher viúva. Um ano mais tarde, foi evocado na Sociedade de Paris a pedido de pessoa que o conhecera, desejosa de certificar-se da sua sorte no mundo espiritual.
(A S. Luís.) - Podereis dizer-nos se é possível evocar o Espírito a que vimos de nos referir? - R. Sim, e ele ganhará com isso, porque ficará mais aliviado.
1. - Evocação. - R. Oh! obrigado! Sofro muito, mas... é justo. Contudo, ele me perdoará.
    Nota - O Espírito escreve com grande dificuldade; os caracteres são irregulares e mal formados; depois da palavra mas, ele pára, e, procurando em vão escrever, apenas consegue fazer alguns traços indecifráveis e pontos. É evidente que foi a palavra Deus que ele não conseguiu escrever.
2. - Tende a bondade de preencher a lacuna com a palavra que deixastes de escrever. - R. Sou indigno de escrevê-la.
3. - Dissestes que sofreis; compreendeis que fizestes muito mal em vos suicidar; mas o motivo que vos acarretou esse ato não provocou qualquer indulgência? - R. A punição será menos longa, mas nem por isso a ação deixa de ser má.
4. - Podereis descrever-nos essa punição? - R. Sofro duplamente, na alma e no corpo; e sofro neste ultimo, conquanto o não possua, como sofre o operado a falta de um membro amputado.
5. - A realização do vosso suicido teve por causa unicamente a isenção do vosso filho, ou concorreram para ele outras razões? - R. Fui completamente inspirado pelo amor paterno, porém, mal inspirado. Em atenção a isso, a minha pena será abreviada.
6. - Podeis precisar a duração dos vossos padecimentos? - R. Não lhes entrevejo o termo, mas tenho certeza de que ele existe, o que é um alivio para mim.
7. - Há pouco não vos foi possível escrever a palavra Deus, e no entanto temos visto Espíritos muito sofredores fazê-lo: será isso uma conseqüência da vossa punição? - R. Poderei fazê-lo com grandes esforços de arrependimento.
8. - Pois então fazei esses esforços para escrevê-lo, porque estamos certos de que sereis aliviado. (O Espírito acabou por traçar esta frase com caracteres grossos, irregulares e trêmulos: - Deus é muito bom.)
9. - Estamos satisfeitos pela boa-vontade com que correspondestes à nossa evocação, e vamos pedir a Deus para que estenda sobre vós a sua misericórdia. - R. Sim, obrigado.
10. - (A S. Luís.) - Podereis ministrar-nos a vossa apreciação sobre esse suicídio? - R. Este Espírito sofre justamente, pois lhe faltou a confiança em Deus, falta que é sempre punível. A punição seria maior e mais duradoura, se não houvera como atenuante o motivo louvável de evitar que o filho se expusesse à morte na guerra. Deus, que é justo e vê o fundo dos corações, não o pune senão de acordo com suas obras.
    OBSERVAÇÕES - À primeira vista, como ato de abnegação, este suicídio poder-se- ia considerar desculpável. Efetivamente assim é, mas não de modo absoluto. A esse homem faltou a confiança em Deus, como disse o Espírito S. Luís. A sua ação talvez impediu a realização dos destinos do filho; ao demais, ele não tinha a certeza de que aquele sucumbiria na guerra e a carreira militar talvez lhe fornecesse ocasião de adiantar-se. A intenção era boa, e isso lhe atenua o mal provocado e merece indulgência; mas o mal é sempre o mal, e se o não fora, poder-se-ia, escudado no raciocínio, desculpar todos os crimes e até matar a pretexto de prestar serviços.
    A mãe que mata o filho, crente de o enviar ao céu, seria menos culpada por tê-lo feito com boa intenção? Aí está um sistema que chegaria a justificar todos os crimes cometidos pelo cego fanatismo das guerras religiosas.
    Em regra, o homem não tem o direito de dispor da vida, por isso que esta lhe foi dada visando deveres a cumprir na Terra, razão bastante para que não a abrevie voluntariamente, sob pretexto algum. Mas, ao homem - visto que tem o seu livre-arbítrio - ninguém impede a infração dessa lei. Sujeita-se, porém, às suas conseqüências. O suicídio mais severamente punido é o resultante do desespero que visa a redenção das misérias terrenas, misérias que são ao mesmo tempo expiações e provações. Furtar-se a elas é recuar ante a tarefa aceita e, às vezes, ante a missão que se devera cumprir. O suicídio não consiste somente no ato voluntário que produz a morte instantânea, mas em tudo quanto se faça conscientemente para apressar a extinção das forças vitais. Não se pode tachar de suicida aquele que dedicadamente se expõe à morte para salvar o seu semelhante: primeiro, porque no caso não há intenção de se privar da vida, e, segundo, porque não há perigo do qual a Providência nos não possa subtrair, quando a hora não seja chegada. A morte em tais contingências é sacrifício meritório, como ato de abnegação em proveito de outrem. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. V, itens nos. 5, 6, 18 e 19.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Pluralidade dos mundos habitados

Pluralidade dos mundos habitados

Paulo da Silva Neto Sobrinho
“Há várias moradas na Casa de meu Pai” – João 14, 2.
O nosso conceito de que Deus fez a terra e tudo que nela há, o sol, a lua e as estrelas para nós é falso e é isto que vem nos deixando com idéias arraigadas não nos permitindo enxergar mais além. Esta visão é bastante egoísta e presunçosa, não há como admitir, nos dias de hoje, que Deus tenha criado tudo para o gozo, contemplação e delícia do ser humano, que na verdade não passa de mais um dos seres da criação divina, cuja diferença para com os animais é ter o raciocínio contínuo. Entretanto mostra, em algumas situações, mais irracional que os próprios animais. Para podermos nos situar, vejamos a grandeza do cosmo. Ao depararmos com sua magnitude chegaremos à conclusão de nossa extrema insignificância perante o Universo.
O cosmo conhecido tem por diâmetro 40.000.000.000 anos-luz. E para quem quiser mensurar o que representa este número, basta multiplicá-lo por 9.467.280.000.000 km, número este que equivale a um ano-luz. Ora, dentro desta extraordinária grandeza não há como pensar que somente a terra, talvez nem um minúsculo grão de areia neste contexto, tenha vida humana. A ciência avança gradativamente e algumas nações gastam fortunas para tentar captar sons de outras galáxias, instrumentos cada vez mais potentes e sensíveis são direcionados para o céu em busca do contato com inteligências extraterrestres. Pode até parecer ficção científica, mas é a nossa pura realidade nos dias de hoje.
Perguntaríamos: Dada a grandeza do cosmo com seus bilhões e bilhões de planetas porque pensar que apenas a terra teria vida? Não poderia Deus ter criado tantos planetas sem que tivessem alguma outra utilidade a não ser iluminar nossas noites escuras? Tem que haver forçosamente, dentro de um senso lógico, vidas em outros planetas. Para se ter uma idéia somente a Via Láctea possui cerca de 200.000 planetas semelhantes a terra. Se há vida na terra porque não poderia haver nestes outros planetas semelhantes ao nosso? Não podemos fugir desta grande possibilidade de que possa haver vidas em outros planetas.
Suponhamos que um homem é colocado num foguete e lançado à Marte, desce lá e se não vê vida humana não quer dizer necessariamente que não há vida em Marte, o que podemos afirmar é que em Marte não há vida igual ou semelhante à da terra. Poderia ocorrer, talvez, que a vida em Marte não seria captada pelos nossos sentidos, como por exemplo, numa gota d’água não enxergamos, a olho nu, os micróbios que nela vivem, mas se colocarmos esta gota diante de um microscópio veremos uma infinidade de seres vivendo nesta gota, ou seja, se tivermos um instrumento apropriado poderíamos deslumbrar com a vida naquele planeta.
E aí as palavras de Jesus, em João 14, 2, “há muitas moradas na casa de meu Pai”, parecem fazer sentido. Não estaria ele falando dos vários planetas habitados?
Preocupado com esta questão Allan Kardec questiona aos espíritos superiores, conforme consta do Livro dos Espíritos, o seguinte:
Pergunta 55 – Todos os globos que circulam no espaço são habitados?
Resposta – Sim, e o homem da terra está longe de ser, como crê, o primeiro em inteligência, em bondade e perfeição. Todavia, há homens que se crêem muitos fortes, que imaginam que somente seu pequeno globo tem o privilégio de abrigar seres racionais. Orgulho e vaidade! Julgam que Deus criou o Universo só para eles.
Pergunta 56 – A constituição física dos mundos é a mesma?
Resposta – Não, eles não se assemelham de modo algum.
Pergunta 67 – A constituição física dos mundos não sendo a mesma para todos, seguir-se-ão tenham organização diferentes os seres que os habitam?
Resposta – Sem dúvida, como para vós os peixes são feitos para viverem na água e os pássaros no ar.
Vamos descrever como seriam estes mundos de acordo com as informações dos espíritos superiores a Kardec.
Classificação dos Mundos
  1. Quanto ao grau de adiantamento ou inferioridade dos seus habitantes
    1. Mundos Inferiores – a existência é toda material, reinam as paixões, quase nula é a vida moral;
    2. Mundos Intermediários – misturam-se o bem e o mal, predominando um ao outro, segundo o grau de adiantamento da maioria dos que os habitam;
    3. Mundos Adiantados – a vida é por assim dizer toda espiritual;
  2. Quanto ao estado em que se acham e da destinação que trazem:
    1. Mundos Primitivos – destinados às primeiras encarnações da alma humana;
    2. Mundos de Expiação e Provas – onde domina o mal (Terra);
    3. Mundos de Regeneração – nos quais as almas ainda têm o que expiar, haurem novas forças repousando das fadigas da luta;
    4. Mundos Ditosos – onde o bem sobrepuja o mal;
    5. Mundos Celestes ou Divinos – habitações de espíritos depurados, onde exclusivamente reina o bem.
Os espíritos que encarnam em um mundo não se acham a ele presos indefinidamente, nem nele atravessam todas as fases do progresso que lhes cumpre realizar, para atingirem a perfeição.
Os mundos estão, também, sob a lei do Progresso.
Características dos Mundos

a) Mundos Inferiores

  • seres rudimentares;
  • forma humana sem beleza;
  • instintos, não há sentimentos de delicadeza ou de benevolência;
  • não tem noção do justo e do injusto;
  • a força bruta é a única lei;
  • carentes de indústrias e de invenções;
  • passam a vida na conquista de alimentos.

b) Mundos Superiores

  • forma humana, mais embelezada, aperfeiçoada e, sobretudo, purificada;
  • o corpo não tem a materialidade terrestre, não está sujeito às necessidades, nem às doenças ou deteriorações que predominância da matéria provoca;
  • sentidos mais apurados;
  • leveza do corpo permite locomoção rápida e fácil, deslizando pela superfície, usando apenas a vontade;
  • é rápido o desenvolvimento dos corpos e curta ou quase nula a infância;
  • vida mais longa do que na Terra;
  • a morte não causa pavor, é considerada uma transformação feliz;
  • a livre transmissão do pensamento;
  • relações amistosas entre os povos;
  • só a superioridade moral e intelectual estabelece diferença entre as condições e dá a supremacia;
  • a autoridade merece o respeito de todos, pois está estabelecida no mérito e na justiça;
  • amor e fraternidade prendem uns aos outros todos os homens;
  • possuem bens adquiridos mais ou menos por meio da inteligência;
  • o mal, nesses mundos, não existe;
  • os mundos felizes não são orbes privilegiados, visto que Deus não é parcial para qualquer dos seus filhos; a todos dá os mesmos direitos e as mesmas facilidades para chegarmos a tais mundos.

c) Mundos Regeneradores

  • servem de transição entre os mundos de expiação e os mundos felizes;
  • encontra neles a calma e o repouso, acabando por depurar-se;
  • sujeição às leis que regem a matéria;
  • libertos das paixões, isentos do orgulho, da inveja e do ódio;
  • ainda não existe a felicidade perfeita, mas a aurora da felicidade;
  • o homem lá é ainda de carne;
  • ainda tem de suportar provas, porém, sem as pungentes angústias da expiação.
O que isto tudo representa para nós?
  • explica de onde vêem os espíritos que reencarnam na Terra;
  • nos dá a certeza de, conforme o progresso individual, irmos aos mundos mais elevados ou o “reino dos céus”;
  • pouca significância do tempo em que estamos aqui na terra;
  • passagem para o 3º milênio, depuração da terra dos espíritos inferiores, que não desejam progredir e não querem que os outros progridam.
Set/95

Retirado do site Espirito.ogr

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 58

 
A.K.: As condições de existência dos seres que habitam os diferentes mundos hão de ser adequadas ao meio em que lhes cumpre viver. Se jamais houvéramos visto peixes, não compreenderíamos pudesse haver seres que vivessem dentro dágua. Assim acontece com relação aos outros mundos, que sem dúvida contêm elementos que desconhecemos. Não vemos na Terra as longas noites polares iluminadas pela eletricidade das auroras boreais? Que há de impossível em ser a eletricidade, nalguns mundos, mais abundante do que na Terra e desempenhar neles uma função de ordem geral, cujos efeitos não podemos compreender? Bem pode suceder, portanto, que esses mundos tragam em si mesmos as fontes de calor e de luz necessárias a seus habitantes.
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Ninguém é privado das bênçãos de Deus. Todos nós recebemos o que necessitamos para viver. É de raciocínio comum que não podemos dizer que onde não há calor não existe vida, que onde falta a luz visível, escapa a inteligência. Os recursos da Divindade são inumeráveis, os Espíritos tomam corpos diferentes nos diferentes mundos em que habitam. Há almas que pouco dependem do exterior; elas vivem na própria luz que as circunda. O ambiente que conheces na Terra ainda se apresenta muito grosseiro diante de mundos venturosos, onde Espíritos de alta hierarquia estão estagiando, bem como existem planetas inferiores em comparação com o teu, em que os seres, se podemos dizer, humanos, estão desabrochando os primeiros traços da razão, e a sua inferioridade na escala de ascensão requer um mundo de constituição pesada, de ar, alimentos, água e tudo o mais, nas mesmas condições.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 57

 
 
Escrevemos o que sabemos, mas, nem tudo o que sabemos podemos escrever. Deus é sábio e justo. Somente recebemos o que podemos suportar na escala que já atingimos. O Senhor gosta das diferenças e mutações, portanto criou as leis que as regulam e assistem, e nós devemos fazer o mesmo. Somos todos irmãos uns dos outros, com os mesmos direitos e deveres na pauta da v ida. Não existe nada inferior para o Grande Arquiteto do Universo; tudo é perfeito e está na mais perfeita ordem, compatível com a harmonia divina, só que estamos em estado de despertar. Em uns já afloraram maiores valores, em outros menos, mas carregam consigo todos eles, como bênção do Doador Maior. Não podes pensar que as diferenças físicas, morais e intelectuais possam criar barreiras intransponíveis. Elas são escolas que devemos estudar com amor, para aprendermos com humildade as lições que todas elas nos oferecem.

Aprendendo com Livro dos Espíritos questão 56

 
 
A constituição física dos mundos que circulam no universo apresenta algumas diferenças, principalmente naqueles que não são da mesma idade sideral. A matéria primitiva é a mesma em todos os mundos; a maturidade é que modifica a sua composição. Podemos observar pelos olhos da própria ciência oficial da Terra, pelo trabalho que realiza nas suas pesquisas sobre os planetas vizinhos, que são encontrados neles, segundo seus aparelhos de observação, elementos que existem na Terra e, certamente, outros que escapam às sensibilidades dos instrumentos dos homens. Entretanto, os próprios cientistas revelam as diferenças na atmosfera, umas mais pesadas, outras rarefeitas, as diferenças na gravidade e a liberdade que têm os raios cósmicos, por não encontrarem a camada protetora de ozônio, de que a Terra foi merecedora, a falta de mares e, conseqüentemente, de vegetação, não sendo constatada a presença dos animais. Há muitos mundos que já foram habitados e vivem em outra função que não é a de moradia para Espíritos reencarnados, entretanto, no fundo são todos iguais, por terem nascido da mesma fonte universal, por terem saído das mãos benfeitoras de Deus.
As revelações para os homens deverão ser gradativas. Somente o tempo pode nos dizer quando devem ser descortinadas determinadas verdades. A verdade fora do momento é bem pior que a mentira, cabendo aos instrutores da humanidade regular as mensagens e estabelecer os momentos das revelações. No momento, saber ou não, se os mundos são constituídos dos mesmos elementos, pouco importa. A urgência da atualidade é outra bem diferente: é estudar o amor, analisá-lo e vivê-lo, ou procurar viver essa virtude por excelência. O de que mais precisamos é, pois, do Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo no coração, e que ele seja pregado em toda parte, de todas as formas que já existem no mundo. É pura pretensão julgar que estamos com a verdade e as outras religiões e filosofias de posse somente da ilusão. Todos temos trabalhos a realizar diante de Deus e de nossa consciência. Todos somos irmãos, filhos do mesmo Pai. Condenar quem está fazendo o bem é querer impedir a sua propagação.

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 55

 
 
Se alguém que não conhecesse a Terra tivesse uma visão de todas as casas nela construídas, e perguntasse se todas elas são habitadas por seres humanos, o que responderíamos? - "Certamente, que nem todas. Muitas delas estão desabitadas; outras foram feitas com determinados objetivos que não o de moradia; outras serão destruídas por já terem cumprido suas missões"... e, assim, sucessivamente. O mesmo se dá com os mundos que circulam no universo de Deus. Nem todos são habitados, por seres humanos, por formas visíveis. A lógica nos leva a essa realidade, constatada durante nosso aprendizado, nas oportunidades de visitar alguns mundos desabitados, estudando a missão dos mesmos em outros rumos da harmonia divina, quando tivemos a ventura de constatar mundos habitados por seres com aparência idêntica à dos companheiros da Terra, uns mais adiantados, outros mais atrasados. É bom que salientemos que não existe algo inútil no seio da criação, pois, se Deus é a Inteligência Suprema, como iria fazer coisas sem proveito? Isso não cabe na mente do homem dotado de raciocínio e dominado pelo saber.
Quando estamos viajando, temos de aprender primeiro os caminhos do lugar objetivado; e os caminhos para a grande viagem dos conhecimentos exteriores começa por dentro do coração. Muitos insistem, perguntam e estudam, as prováveis vindas de seres superiores à Terra, por veículos siderais, e mesmo nos perguntam se são prováveis essas visitas. Respondemos que sim, com toda a certeza. No entanto, é necessário o preparo, e o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo é a melhor cartilha para tal empreendimento. Podes trocar experiências com irmãos de outros mundos, essa é a lei, mas, é bom te conscientizares do que deves fazer dessas experiências assimiladas dos companheiros de pátrias mais elevadas que a tua. E quando alcançares igualmente outros mundos, que estejas preparado para levar a mensagem da fraternidade nas linhas do amor. Essa é a cooperação de uns para com os outros, no serviço do bem imortal.