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sábado, 29 de dezembro de 2012

Entrevista Walter Barcelos

1. Qual o ponto de vista da Espiritualidade quanto a este tema?
O Espiritismo – a terceira revelação de Deus aos homens, veio desvendar e explicar, alicerçado na razão esclarecida, na lógica universal e no bom senso, os mistérios da vida, o espírito imortal, a lei da reencarnação, o progresso moral e espiritual incessante, a lei de justiça e caridade, a lei de causa e efeito, o amor universal, os fenômenos psíquicos e a mediunidade, interpretar com beleza e profundidade moral os consoladores ensinamentos de Jesus. Antes de procurar entender a temática da homossexualidade no ser humano, necessita-se estudar e compreender na sua essência o que seja sexualidade à luz do Espiritismo.
O sexo acompanha o espírito a partir de sua origem na vida universal. A condição de macho ou fêmea, de homem ou de mulher são definidos pelos corpos biológicos que a Divina Providência oferece sempre ao princípio inteligente e a espíritos inteligentes, em sua trajetória evolutiva, através dos processos reencarnatórios nos milênios incontáveis. Expressa grande verdade espiritual o espírito André Luiz:
“E o instinto sexual, por isso mesmo, traduzindo amor em expansão no tempo,vem das profundezas, por nós ainda inabordáveis, da vida, quando agrupamentos de mônadas celestes se reuniram magneticamente umas às outras para a obra multimilenária da evolução, ao modo de núcleos e eletrões na tessitura dos átomos ou dos sóis e dos mundos, nos sistemas macrocósmicos da Imensidade”

O mesmo autor em outra obra esclarece com profundidade:
“O sexo, portanto, como qualidade positiva ou passiva dos princípios e dos seres, é manifestação cósmica em todos os círculos evolutivos, até que venhamos a atingir o campo da Harmonia Perfeita, onde essas qualidades se equilibram no seio da Divindade”


Não estagiamos na vida corpórea só para sofrer provações e expiações, frustrações e fracassos, lutas e trabalho. Acima de tudo, estamos aqui para viver e aprender experiências visando ao nosso progresso moral e espiritual,rumo à perfeição e à conquista da felicidade gloriosa.

2. O que a homossexualidade tem a ver com a reencarnação? Já ouvi alguém dizer e até em livros que a homossexualidade jamais foi uma doença. O que é então?
Têm tudo a ver. Sem a lei da reencarnação, não poderia existir a problemática da homossexualidade. Não se pode analisar nenhuma criatura humana na sua identidade espiritual, sem acreditarmos nas experiências e aprendizagem que todo e qualquer espírito já realizou em sua trajetória reencarnatória, através de incontáveis séculos. Nosso espírito, nossa inteligência, nossa estrutura psicológica, nossa vida mental, nosso inconsciente complexo são a soma de toda a anterioridade das experiências reencarnatórias. O que somos está totalmente alojado em nosso inconsciente, que é o resultado natural de nosso livre arbítrio, escolhas, opções, desejos, emoções, ações e obras em vidas pretéritas. Toda a conjuntura complexa de nossa sexualidade psíquica, emocional e psicológica está registrada de forma viva e indelével na câmara escura da mente – a sub-consciência. Cada criatura humana somente experimentará na vida íntima o que já desejou e viveu, acertou e errou, agiu e conquistou por dentro de si mesmo. Somos produtos de nós mesmos. Deus não fez a nossa personalidade integral e complexa – como a apresentamos nos dias de hoje. Nós é que nos fizemos assim, usando o próprio livre arbítrio de agir para o Bem ou para o Mal.
Na verdade, cada criatura humana vive e viverá em plenitude de seu psiquismo tudo que experienciou e registrou, agiu e aprendeu, arquivou e conquistou nos escaninhos misteriosos do inconsciente profundo, muito especialmente as manifestações afetivas, emocionais, psicológicas e psíquicas da sexualidade. Todo espírito, no processo da reencarnação, ganhará sempre um novo corpo: masculino ou feminino; contudo seus recursos psíquicos, intelectuais, afetivos, emocionais são muito antigos, permanecem guardados no disco divino da mente e fazem parte de sua personalidade integral. Nosso espírito já passou por milhares de encarnações, em muitos milênios, ora envergando corpo feminino, ora tomando corpo masculino.
A mente, seguindo o processo evolutivo, registra e acumula tanto valores psíquicos masculinos quanto valores psíquicos femininos. Quase toda criatura humana possui em seu inconsciente a bissexualidade psíquica, devido, ter adquirido valiosas experiências, executando as funções de homem ou de mulher.
Nossa mente, com os séculos, foi formando a bipolaridade sexual, com carga de energias psíquicossexuais masculinas e femininas bem diferenciadas em sua tonalidade em cada espírito.
O homossexual não é mais considerado doente pela Medicina, contudo o espírito reencarnado traz graves problemas de consciência culpada, remorso, desajuste emocional e viciação sexual, exigindo reeducação dos maus hábitos, corrigenda dos defeitos morais e aprimoramento dos sentimentos. O que está doente na alma humana de homossexuais e heterossexuais é o mau comportamento moral no relacionamento sexual com homens e mulheres em séculos e séculos de paixões e violências, excessos e enganos, criminalidade e viciação.
A esmagadora maioria das criaturas humanas está espiritualmente doente. Jesus é o Divino Médico das almas, convidando-nos para a cura definitiva da consciência e do coração espiritual. A evolução espiritual é lei para todos os espíritos, embora a maioria deles não saiba, não acredite, não interesse por acreditar, mas ela vigora para todos indistintamente. Apresentaremos, para a análise, meditação e reflexão dos amigos interessados no estudo sério, deste palpitante tema, algumas afirmações bastante importantes, formulados pelos espíritos iluminados Emmanuel e André Luiz, por via da extraordinária mediunidade de Francisco Cândido Xavier:

“Subsistirá, no entanto, qualquer estranheza nisso, quando não ignoramos que toda a estrutura psicológica, em que se nos erguem os destinos, foi manipulada com os ingredientes do sexo, através de milhares de reencarnações?” (Vida e Sexo, F. Cândido Xavier, lição 14, pg. 53-54 – “Vinculações”, FEB)

“A sede do sexo não se acha no corpo grosseiro, mas na alma, em sua sublime organização.” (No Mundo Maior, F. Cândido Xavier, cap. 11, pg. 147– “Sexo”, FEB)

“A sede real do sexo não se acha, dessa maneira, no veículo físico, mas sim na entidade espiritual, em sua estrutura complexa.” (Evolução em Dois Mundos, Francisco Cândido Xavier – Waldo Vieira, cap. XVIII, pg. 141 “Sexo e corpo espiritual”, FEB)

“(...) o sexo reside na mente, a expressar-se no corpo espiritual, e conseqüentemente no corpo físico, por santuário criativo de nosso amor perante a vida e, em razão disso, ninguém escarnecerá dele, desarmonizando-lhe as forças sem escarnecer e desarmonizar a si mesmo.” (Evolução em Dois Mundos, F. Cândido Xavier – Waldo Vieira, cap. XVIII, pg. 146 – “Sexo e corpo espiritual”, FEB)

“Sabemos que sexo analisado na essência, é a soma das qualidades femininas ou masculinas que caracterizam a mente, razão por que é imprescindível observá-lo, do ponto de vista espiritual, enquadrando-o nas esferas das concessões divinas que nos cabe movimentar com respeito e rendimento na produção do bem.” (Ação e Reação, Francisco Cândido Xavier, Cap. 15, pg. 201-202 – “Anotações oportunas”, FEB)

“(...) além da trama de recursos somáticos, a alma guarda a sua individualidade sexual intrínseca, a definir-se na feminilidade ou na masculinidade, conforme os característicos acentuadamente passivos ou claramente ativos que lhe sejam próprios.” (Evolução em Dois Mundos, F. Cândido Xavier, Cap. XVIII, pg. 141 - “Sexo e corpo espiritual”, FEB)

“O sexo é, portanto, mental em seus impulsos e manifestações, transcendendo quaisquer impositivos da forma em que se exprime, não obstante reconhecermos que a maioria das consciências desencarnadas permanecem seguramente ajustadas a sinergia mente-corpo, em marcha para mais vasta complexidade de conhecimento e emoção.” (Evolução em Dois Mundos, Francisco Cândido Xavier – Waldo Vieira, Cap. XVIII, pg. 142 – “Sexo e corpo espiritual”, FEB)

“Considerando-se que o sexo, na essência, é a soma das qualidades passivas ou positivas do campo mental do ser, é natural que o espírito acentuadamente feminino se demore séculos e séculos nas linhas evolutivas da mulher e que o espírito marcadamente masculino se detenha por longo tempo nas experiências do homem.” (Ação e Reação, Francisco Cândido Xavier, Cap. 15, pg. 205 - “Anotações oportunas”, FEB)

“O sexo, pois, não poderia ausentar-se do reino espiritual que nos é conhecido, por ser de substância mental, determinando mentalmente as formas em que se expressa. Representa, desse modo, não uma energia fixa da Natureza, trabalhando a alma, e sim uma energia variável da alma, com que ela trabalha a Natureza em que envolve, aprimorando a si mesma.” (Ação e Reação, Francisco Cândido Xavier, cap. XV, pg. 199 – “Anotações oportunas”, Editora FEB)

“Apreciemo-la, assim, como sendo uma força do Criador na criatura, destinada a expandir-se em obras de amor e luz que enriqueçam a vida, igualmente condicionada à lei de responsabilidade, que nos rege o destino.” (Ação e Reação, Francisco Cândido Xavier, cap. XV, pg. 199 – “Anotações oportunas”, Editora FEB)

3. A homossexualidade pode ser explicada pelo fato de um espírito ter pertencido a um corpo de sexo oposto ao atual?
Somente as experiências psíquicas da existência imediatamente anterior (penúltima encarnação) não provocam grandes mudanças na gigantesca estrutura mental do espírito.
As tendências psicossexuais da alma estão vindo de muito longe, de muitas e muitas encarnações, onde usamos nosso livre arbítrio, nossos desejos, nossas escolhas, nossos interesses, nossos sonhos, nossas paixões e nossos amores, muitas vezes sem nos preocuparmos com a boa moral, o bom caráter, as boas ações, os bons sentimentos!...
A última encarnação é somente pequena fração de recursos psíquicos que vem a ser somada ao departamento da subconsciência – arquivo psíquico onde estão armazenados todos os pensamentos, desejos, sentimentos, emoções, trabalhos e vivências do espírito encarnado. Não podemos explicar a homossexualidade simplesmente com analisar a conduta do espírito em sua última encarnação. As modificações na mente do espírito de uma encarnação para outra são muito pequenas e imperceptíveis. A influenciação psíquica da última encarnação, no inconsciente do espírito, é semelhante a um dedal de água–doce que acrescentamos no Oceano Pacífico, esperando sejam modificadas as características básicas do Oceano para água– doce. Impossível tal desiderato! Nossa personalidade integral está sendo trabalhada, experimentada, aprendida e formada, pouco a pouco, nas sucessivas encarnações, nos muitos milênios de história da evolução do homem terrestre.

4. A homossexualidade pode ser explicada como um desvio sexual oriundo de outras encarnações ou a fatores materiais que a influenciam? Na hereditariedade, a genética tem alguma coisa a ver com a homossexualidade?
As ciências psiquiátrica, psicanalítica e psicológica fizeram a investigação exaustiva e acurada da personalidade com inversão na manifestação sexual. Analisou as tendências, aptidões e comportamentos do indivíduo com a problemática sexual, visando a chegar às causas da homossexualidade, a fim de reeducá-la, desejando trazer a normalidade à pessoa que enfrenta tal conflito psíquico. A ciência no seu conceito materialista (como é natural), colocou todas as supostas causas da homossexualidade no presente, fundamentada na herança genética, na influência dos pais e do ambiente da família e nos antros perniciosos da vida social. Não há hereditariedade psíquica dos pais para os filhos. Se a ciência humana diz que é provável: a homossexualidade seja transmissão hereditária dos genitores, contudo este pronunciamento ainda não foi provado e nem comprovado em laboratório pela ciência oficial. A pertinaz dúvida ainda impera – e bastante – no meio das ciências bioneurológicas e também psicanalíticas e psicológicas. As causas profundas da homossexualidade não têm origem no hoje, mas no ontem, nas vidas pretéritas, cuja existência somente a LEI DA REENCARNAÇÃO pode justificar, explicar suas causas e os efeitos e esclarecer a problemática com amor e entendimento, justiça e expiação, educação e evolução espiritual.
Cada criatura humana, ao reencarnar, traz enorme repositório de experiências afetivo-emocional-psicológico-psíquica com raízes profundas e extensas na vivência da sexualidade guardadas nos arquivos de reflexos inapagáveis da mente em cada espírito. A inversão sexual não existe na mente do homossexual, pois esta continua com todos os seus recursos psíquicos – na verdade, encontra-se na inadaptação do espírito rebelde às funções do seu atual corpo físico.
As experiências sexuais da vida atual – que têm começo na infância –, o que pode acontecer não é criar a homossexualidade na personalidade da criança ou do jovem, mas estimular e provocar a exposição de seus impulsos afetivo-sexuais. As predisposições afetivo-sexuais já nascem com a criança, pois o espírito reencarnado traz suas características psíquicas masculinas ou características psíquicas femininas, recebendo, pelo fenômeno da reencarnação, um corpo diferente de suas marcantes tendências psicossexuais. Quanto mais o espírito do homossexual foi em vidas passadas responsável por erros calamitosos do desejo sexual, ambições do amor possessivo, falsidade de sentimentos, paixões voluptuosas, traições afetivas, ciúmes tormentosos, calúnias desorientadoras, crimes passionais, viciações sexuais, adultérios tormentosos, prostituição alienante e outros desatinos do coração humano, experimentará bem mais sofrimentos morais, desequilíbrios psíquicos, desorientação de tendências, insatisfação íntima, indecisão na realização de identidade na masculinidade ou feminilidade, infinita solidão afetiva, repulsão e rebeldia contrárias às funções sexuais de seu corpo, a enorme frustração de não ser no seu corpo nem mulher, para ser mãe, e nem homem, para fecundar uma mulher.
A homossexualidade é uma expiação muito dolorosa para o espírito que a experimenta, pois ele não poderá se realizar no sentido da união conjugal heterossexual, em virtude de seu corpo físico atual não corresponder às suas tendências e sentimentos na FEMINILIDADE ou na MASCULINIDADE.
Na atualidade, se tais casos se contam aos milhões, porque são dos problemas cármicos (Lei de Causa e Efeito, Lei do Destino) mais comuns a serem solucionados em cada espírito pela lei do progresso moral e aperfeiçoamento espiritual. Os erros sexuais são os mais comuns em cada espírito. Esta situação dolorosa dos homossexuais (dor moral) não pode ser motivo de admiração, desapontamento, estranheza, condenação ou desprezo por parte dos heterossexuais, porque todos os espíritos da Terra já tiveram suas experiências sexuais, reencarnando ora em corpo de homem, ora em corpo de mulher. Embora as características psíquicas e psicológicas femininas ou masculinas surjam em maior volume no inconsciente, caracterizando-nos como acentuadamente masculinos ou marcadamente femininos (percentagem de cargas psíquicas), todos nós carregamos também, em menores proporções, em nossa estrutura mental os traços psíquicos do outro sexo, que surgirão nas manifestações de nossa personalidade, muitas vezes imperceptíveis para as pessoas de pouco conhecimento e percepção desse assunto tão complexo e que merece o maior respeito de todos nós. Grande parte dos heterossexuais (chamados de normais) são bissexuais nas suas predisposições psíquicas da afetividade (do inconsciente) de masculinidade e feminilidade.
Deste modo, ninguém pode dizer-se HOMEM COMPLETO ou MULHER INTEGRAL, no sentido emocional, psicológico e psíquico. SOMOS HOMENS E MULHERES COMPLETOS SOMENTE NO CORPO FÍSICO. No campo do espírito, somos sempre o resultado do acumular das características masculinas e femininas guardadas na MENTE, embora uma delas esteja em maior grau em nossa estrutura psíquica. Ninguém pode considerar-se então com NORMALIDADE ABSOLUTA NO CAMPO EMOCIONAL-PSICOLÓGICO-PSÍQUICO dizendo: “Eu sou totalmente homem” ou “Eu sou totalmente mulher”, porque sempre surgirão no seu mundo mental as características psíquicas do outro sexo, adquiridas nas encarnações sucessivas através dos milênios. Somente a LEI DA REENCARNAÇÃO tem todos os parâmetros para explicar os sintomas psicológicos e psíquicos da homossexualidade no homem e na mulher. Cada espírito sempre herda de si mesmo. A homossexualidade é problema íntimo da alma, que somente ela resolverá no tribunal da própria consciência, usando seu livre arbítrio, razão esclarecida e sentimento evangelizado, disciplina emotiva e educação moral, utilizando as energias da vontade sincera, decisão resoluta, determinação planejada, fé superior, coragem moral, esperança em Deus. Qualquer problema íntimo da alma redunda logicamente da sua má conduta e más experiências vivenciadas em existências passadas. Vamos registrar, para nossos irmãos analisarem diretamente nas fontes (a palavra dos Espíritos), as três situações reencarnacionistas com ação da Justiça Divina em que ocorrem a homossexualidade no ser humano:

PRIMEIRO FATO PSÍQUICO HOMOSSEXUAL: Espírito com a estrutura mental acentuadamente feminina reencarna em processo de expiação (mandado da Justiça Divina, ação compulsória), em corpo de homem. O espírito André Luiz assim explica o fracasso do espírito feminino: “(...) a mulher criminosa que, depois de arrastar o homem à devassidão e à delinqüência, cria para si mesma terrível alienação mental para além do sepulcro, requisitando, quase sempre, a internação em corpo masculino, a fim de que, nas teias do infortúnio de sua emotividade, saiba edificar no seu ser o respeito que deve ao homem, perante o Senhor”. (Ação e Reação, cap. 15, pg. 205-206 – “Anotações oportunas”, Edição FEB)

SEGUNDO FATO PSÍQUICO HOMOSSEXUAL: Espírito com a estrutura mental marcadamente masculina em processo de expiação reencarna em corpo de mulher (mandado da Justiça Divina, ação compulsória). O espírito André Luiz continua explicando os grandes sofrimentos do espírito masculino: “(...) em muitas ocasiões, quando o homem tiraniza a mulher, furtando-lhes os direitos e cometendo abusos, em nome de sua pretensa superioridade, desorganiza-se ele próprio a tal ponto, que inconsciente e desequilibrado, é conduzido pelos agentes da Lei Divina a renascimento doloroso, em corpo feminino, para que, no extremo desconforto íntimo, aprenda a venerar na mulher sua irmã e companheira, filha e mãe, diante de Deus (...)”. (Ação e Reação, André Luiz, cap. 15, pg. 205 – “Anotações oportunas”, Edição
FEB)

TERCEIRO FATO PSÍQUICO HOMOSSEXUAL: Espíritos de sentimentos nobres e muito cultos, com a estrutura mental marcadamente masculina ou acentuadamente feminina, reencarnam em corpos diferentes de sua organização psicológico-sexual, para realização de trabalhos especializados na área do desenvolvimento moral, educacional, intelectual, artístico e espiritual, executando com maior segurança e colaborando com eficiência para o progresso da Humanidade.
O espírito André Luiz elucida com clareza: “Nessa definição, porém, não incluímos os grandes corações e os belos caracteres que, em muitas circunstâncias, reencarnam em corpos que lhes não correspondem aos mais recônditos sentimentos, posição solicitada por eles próprios, no intuito de operarem com mais segurança e valor não só o acrisolamento moral de si mesmos, como também a execução de tarefas especializadas, através de estágios perigosos de solidão, em favor do campo social terrestre que se lhes vale da renúncia construtiva para acelerar o passo no entendimento da vida e no progresso espiritual”. (Ação e Reação, Francisco Cândido Xavier, cap. 15, pg. 206 – “Anotações oportunas”, Edição FEB)

5. Qual é o sentimento que domina uma pessoa homossexual que a leva a incorporar uma figura feminina ou masculina, quando está encarnado?
A homossexualidade não é uma opção que a pessoa assume por livre e inteira vontade na sua vida presente. A tendência para a homossexualidade já está embutida na mente do espírito, muito antes do fenômeno da formação do corpo físico.
Como se comportaria alguém que desejasse ser homossexual, se a sua estrutura psíquica do inconsciente não carregasse forte conteúdo afetivo-psicológico-psíquico do outro sexo para alimentar e sugestionar e manter a sua vontade, seus desejos e seus sonhos? Se o espírito não trouxer de outras vidas passadas um avantajado reservatório de energia psíquicossexual diferente do corpo que estagia na vida atual, será impossível ser homossexual apenas pelo desejo de ser diferente das determinações biológicas de seu corpo físico. Os desejos devem estar calcados em alguma base psíquica. Faltaria o combustível mais importante da personalidade – as energias psíquicossexuais do espírito –, que dá e mantém a força, o vigor e o impulso às suas tendências, hábitos e costumes da sensibilidade feminina ou da virilidade masculina. Os desejos sexuais e anseios afetivos emergem de imenso reservatório de energias psicossessuais criadas através das vivências passadas, nos séculos e séculos de encarnações sucessivas.
A estrutura psicossexual em cada espírito é mais poderosa, mais dominante, mais determinante do que a própria vontade, ainda frágil das criaturas humanas, muito especialmente no período da infância, adolescência e juventude, quando as tendências homossexuais começam a surgir, pouco a pouco, de dentro para fora. Vão surgindo poderosamente as energias psicossexuais poderosas oriundas de muitas vivências pretéritas: forte personalidade psicológica sexual, desejo do instinto sexual, sonhos de ser pessoa feminina embora em corpo de homem, pensamento de ser indivíduo masculino embora em corpo de mulher, a busca de afetividade com o mesmo biofísicossexual.
As predisposições psíquicas homossexuais – desejo, atração, prazer, fantasias – mais cedo ou mais tarde acontecem, porque o espírito encarnado, enfraquecido em sua resistência moral e mesmo ignorando-as, não suporta mais ficar fechado, abafado e trancado em suas emoções, sentimentos e afetos. E parte em busca de companhia/afinidade sexual para sair de suas intermináveis horas de silêncio, solidão e abafamento afetivo.
A sexualidade psíquica no inconsciente do ser é bem mais importante em nossa personalidade do que toda a organização bioquimioneurofisiológica do sexo. O sexo biológico e fisiológico é transitório, é destruído com as doenças e a morte do corpo; ao passo que o sexo psíquico (feminilidade, masculinidade e afetividade) é imorredouro, continua intacto no espírito, na vida após a morte.

6. O homossexual de hoje será novamente homossexual na próxima encarnação?
Os problemas graves, complexos e conscienciais do espírito imortal não serão resolvidos em uma única encarnação. Os desajustes, desequilíbrios e torturas do sexo são gravames morais que estamos acumulando, há séculos, em nossa contabilidade particular. Em nossa vida, necessitamos muito de Jesus – o divino médico da almas – de seu Evangelho de redenção e das explicações sensatas e orientações seguras do Espiritismo para iniciarmos a luta íntima para curar as chagas e cicatrizes da alma, a fim de buscarmos a educação moral, aperfeiçoamento dos sentimentos e reequilíbrio da vida mental.
O homossexual de hoje poderá ser homossexual na vida após a morte e também na próxima encarnação, se ainda não resolveu os problemas da consciência, os débitos dos erros cometidos na afetividade mal dirigida com a Justiça Divina, a educação dos sentimentos, a disciplina do instinto sexual e a espiritualização do amor sexual. Cada espírito é livre para fazer o que quiser de sua vida corpórea, afetiva, sexual, psicológica e psíquica. Todo e qualquer indivíduo homossexual tem o pleno direito e a liberdade sagrada de viver seus desejos e sonhos da sexualidade como lhe aprouver, com quem quiser; contudo, se, interessar por VIVER EM ESPÍRITO E VERDADE, atendendo aos estatutos da lei de evolução ensinada pelo Cristo de Deus, deverá e precisará com urgência educar a si mesmo nas reentrâncias da mente e do coração. Jesus – o divino médico das almas – nos dá o roteiro de reeducação pessoal e nos fortalece com a fé e a coragem para vencermos a nós mesmos, conquistando de forma segura e gradativa a felicidade íntima.
Há uma grande verdade na vida de todos seres humanos: não fomos criados por Deus sem nenhuma finalidade. Nosso destino futuro será alcançarmos a perfeição suprema por nossos próprios méritos. A Justiça de Deus nos acompanha e orienta os nossos destinos para o progresso espiritual incessante, cobrará a quitação de todos os nossos deslizes, erros e faltas, a partir de nossa mais simples ação, pensamento ou atitude que cometamos em desacordo com as leis divinas.

7. Por que os homossexuais masculinos são tão carentes de afeto de outros homens?
A carência de afeto é própria de todo ser humano. Todos nós somos carentes de amor, de carinho, de afeto. Quanto mais endurecido e insensível seja o coração do ser humano, mais carente de afeto ele se torna. Quanto mais exigentes formos em matéria de afetividade aos parceiros sexuais, mais egoístas seremos.
Em grande parte, os homossexuais são almas femininas/masculinas sofredoras que estão trazendo graves problemas de sentimento e débitos clamorosos na área sexual, para serem resolvidos a longo prazo nas provações da existência humana.
Se o espírito não consegue ter atração heterossexual, ele vai em busca de afeto com alguém do mesmo sexo (fisiológico) que lhe corresponda aos sentimentos. Se houver afinidade de energia sexual e interesse afetivo, o relacionamento homossexual tornar-se-á natural entre eles. Nós, que desejamos ser espíritas verdadeiros, não devemos de maneira alguma criticar, condenar, caluniar, zombar ou humilhar os irmãos que experimentam a homossexualidade. Não cabe a nós julgar! Por que julgar é próprio dos que não amam. Respeitemos, de coração, sua maneira de ser e saibamos conviver com eles praticando a verdadeira fraternidade cristã.

8. A homossexualidade, sendo uma punição, imposta ou escolhida pelo espírito
reencarnante, ocorre em outros orbes (planetas em condição moral semelhante à
da Terra)?
A Terra é abençoada casa planetária de Provas e Expiações, onde os seus habitantes, em sua maioria esmagadora, são espíritos moralmente imperfeitos e muito endividados perante a Lei Divina. Os planetas que se encontram no mesmo padrão moral da Terra naturalmente sofrem as experiências da homossexualidade. Vejamos um exemplo: Os espíritos extremamente rebeldes, viciados e descrentes que foram exilados de um planeta do Sistema de Capela para a longínqua Terra, ao chegarem aqui, traziam em sua atormentada organização psíquica: muito desequilíbrio, muita violência, muita perversidade, muita viciação, muito materialismo, muita perversão sexual e outros desequilíbrios tais. Após muitos e muitos milênios de provações e expiações com experiências dolorosas, grande percentagem desses espíritos de consciência denegrida se redimiram, se reeducaram, aperfeiçoaram e conquistaram sua própria iluminação e libertação espiritual. Assim retornaram ao maravilhoso planeta de origem. A problemática desequilibrante em cada espírito o atormentará enquanto ele não se interessar por corrigi-la, discipliná-la, educá-la e curá-la.

9. Qual o limite entre PAIXÃO e AMOR? Muitos homossexuais acreditam amar alguém do mesmo sexo, quando, na verdade, estão tomados de paixão?
As virtudes e as imperfeições morais nascem do coração do espírito imortal e não do corpo físico perecível. Há milhares de anos que boa parte de homens e mulheres buscam amar o sexo oposto, mas expressando desastrosamente seus valores íntimos indecisos, flutuantes, doentios. Como as imperfeições morais predominam no coração espiritual da mulher e do homem, é natural que o seu amor ainda seja bastante doentio e desequilibrado, desorientado e possessivo, dominador e frágil, hipócrita e desleal. Por mais que manifestemos o amor, ele ainda é muito mais instinto sexual e desejo de prazer egoísta.
O coração onde predominem as imperfeições morais, a criatura, por mais que queira, não conseguirá amar em espírito, pois ao seu amor estará misturado o orgulho, a vaidade, o desejo de posse e a falsidade de sentimentos. Não sabe conviver amando, não lhe agradam lutar e sofrer para a sustentação da boa união com quem ama.
O coração que acumulou virtudes morais ama com espírito superior: é sincero, é humilde, é bom, é verdadeiro, é leal, é simpático. Tem fé, coragem e abnegação para trabalhar, lutar e sofrer pela manutenção da união com quem ama. A matemática do amor por enquanto é essa: muito mais “paixão” e menos “amor”. A paixão está alicerçada no egoísmo, orgulho e vaidade. Quanto mais desejo sexual e vontade de dominação ao parceiro sexual, mais paixão vai manifestar ao outro sexo. O amor elevado, que faz a felicidade conjugal, ainda é mito no ideário dos corações sonhadores e a paixão alucinante é a triste e desastrosa realidade do romantismo arruinado das almas imperfeitas e materialistas. A prática do amor verdadeiro está condicionada às boas qualidades morais ou às “virtudes” que o homem e a mulher já conquistaram no próprio coração com possibilidades para amar com sinceridade e espontaneidade, dedicação e esquecimento de si mesmos. Não existirá amor mas somente paixão, quando desejamos amar o homem ou a mulher sem possuirmos nada de virtudes morais. Nosso “amor” não passará de muita paixão: amor egoísta, amor possessivo, amor dominador, amor exigente, amor ciumento, amor cego, amor hipócrita. O prazer da paixão é a imoderada descarga mentoeletromagnética da satisfação sexual automatizada, localizada, limitada e fugaz, de vibrações grosseiras com ondas muito longas e pesadas, entre o homem e a mulher na comunhão sexual fisiológica sem a afeição espiritualizada.
O prazer exclusivista é sombra, dor e conflitos intermináveis; já o amor espiritualizado é luz, alegria e harmonia.
A pessoa egoísta aprisiona a criatura idolatrada, o espírito aprimorado liberta a quem dedica amor. Para a sua realização completa o amor sexual não dispensa os corpos nus, o leito conjugal e a união fisiológica; ao passo que o amor espiritualizado, para sua efetivação, necessita da união de almas – quanto mais simples melhor – na convivência pacífica, no ilimitado leito da vida em espírito. O prazer do amor evangelizado é orgasmo espiritual infinito, de vibrações leves, sutis com ondas ultracurtas, nascidas na fonte do coração espiritualizado do homem ou da mulher superiores, engrandecendo e embelezando a união conjugal, em espírito, com amor, simpatia e amizade. O instinto sexual é doação de Deus a todos os seres da criação, o amor, contudo, não é doação deverá ser conquistado pela criatura em seu próprio coração, para realmente ser feliz. A felicidade, realmente, não está em ser muito amado, ela está no grau de amor verdadeiro que oferecermos ao parceiro do coração.

10. Poderia nos esclarecer com maiores explicações o que sejam as virtudes da alma?
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XVII – “Sede Perfeitos”, no item 8 – “A virtude”, tem esta afirmação: “A virtude, no seu grau mais elevado, abrange o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem”.
As virtudes da alma nada mais são de que todas as boas qualidades guardadas na organização ultra-sensível do coração espiritual. O espírito somente será bom e elevado, forte e poderoso, pacífico e produtivo, feliz e alegre senão pela conquista das imprescindíveis virtudes da alma. As criaturas humanas, na atualidade, em grande maioria, padecem de descrença, perturbação e infelicidade, sinalizando a necessidade premente de cuidar mais da saúde do espírito do que propriamente da saúde do corpo, se desejarem ser mais felizes por dentro de si mesmas.
As virtudes são os tesouros do espírito tão bem indicadas e demonstradas com exemplos práticos por Jesus, quando esclareceu a respeito do “bom tesouro” guardado no coração. Disse o Mestre do Amor Imperecível:
“O homem bom do bom tesouro do coração tira o bem, e o mau do mau tesouro tira o mal; porque a boca fala do que está cheio o coração.” (Mateus, 12:35)
Cada espírito dá o que tem em sua alma, em sua mente, em seu coração! Ninguém dá o que não tem. Foi o próprio Jesus quem disse: “Não se colhem uvas dos espinheiros”. (Mateus, 7:16) Não se manifesta o bom tesouro das virtudes numa alma, quando o mau tesouro dos sentimentos predomina em seu coração. As virtudes de que tanto necessitamos para a nossa saúde moral, poder espiritual e felicidade do coração, nada mais são do que o “bom tesouro” referido por Jesus.

O MAU TESOURO é a agregação das energias psíquicas negativas, desequilibradas e destrutivas da alma inferior. O BOM TESOURO é o conjunto das energias psíquicas positivas, equilibradas e construtivas da alma mais elevada. As virtudes do espírito são conjuntos coesos, luminosos e poderosos de energias psíquicas específicas inalienáveis, arquivadas nas estruturas insondáveis da organização ultra-sensível da mente, sob o comando absoluto da consciência.
A CONSCIÊNCIA é a centelha divina (L.E., questão n.º 88), o fulcro central do espírito. É a base, a fonte e a raiz de ordenação de toda a vida mental. Quando Deus criou o espírito na condição de simples e ignorante (L.E., questão n.º 115), ele criou, na verdade, a consciência. A mente, portanto, é uma criação individualizada, o desenvolvimento de potências psíquicas e a expansão cósmica da própria consciência. A mente é a lente lúcida de nossa consciência desperta em crescimento incessante para a vida universal. A MENTE, à semelhança da computação eletrônica digital, funciona como completa “UNIDADE CENTRAL DE PROCESSAMENTO DE DADOS” criando e captando, armazenando e emitindo, através do pensar e sentir, fazer e observar, aprender e assimilar, manipulando os recursos múltiplos dos raciocínios tanto quanto o universo diversificado dos sentimentos. Todas as vivências são criadas ou captadas e gravadas (a partir de simples pensamento, pequena emoção ou diminuta ação) no ultra-sensível DISCO DIVINO DA MENTE, numa infinidade inimaginável de bilhões e bilhões de gigabytes de CÓDIGOS MENTOELETROMAGNÉTICOS, formando as unidades concretas de REFLEXOS PSÍQUICOS de idéias e conhecimentos, sentimentos e virtudes, imperfeições e vícios, bons ou maus hábitos no COMPLEXO E INDEVASSÁVEL INCONSCIENTE, sem nenhuma perda de gravação nos refolhos profundos da memória, ao longo dos milênios de aprendizagem na experiência humana. A mente é espelho vivo que cria e armazena todas as experiências e lições (edificantes ou perniciosas) das existências sucessivas, acionada pelas teclas causais dos impulsos do DESEJO e da VONTADE. A personalidade integral do espírito é o resultado natural da ação de seu livre arbítrio, ante as infinitas oportunidades que Deus oferece a seus filhos, nas benditas lições dos retornos sucessivos.
Com a aquisição gradativa das boas qualidades da alma, pela VONTADE ESCLARECIDA E CONSCIENTE, a manifestação do INSTINTO SEXUAL, do DESEJO SEXUAL, em suma, da SEXUALIDADE INTEGRAL será realmente mais educada, mais controlada, mais equilibrada, mais iluminada, mais virtuosa, mais amorosa e bem mais virtuosa, construindo a relativa felicidade em nossa atuação afetivo-sexual, seja com quem for. As virtudes da alma são bastante necessárias à felicidade conjugal, familiar, sexual, profissional, moral, espiritual e da consciência.
As virtudes, como os tesouros inalienáveis do espírito, são conquistadas pouco a pouco, disciplina a disciplina, esforço a esforço, no dia-a-dia da existência, na repetição infinita de atitudes e posturas, vontade e determinação, de bons pensamentos e boas ações, ao longo das sucessivas encarnações na fieira dos séculos. O iluminado espírito Emmanuel assim a define:
“A virtude é o resultado de experiências incomensuravelmente recapituladas na vida”. (Rumo Certo, Francisco Cândido Xavier, lição 23 –“Auto-aprimoramento”, edição FEB)
Sabendo que as virtudes são muito importantes para a nossa vida e difíceis de serem conquistadas, muito úteis serão para nós – criaturas ainda frágeis no campo moral – esforçarmo-nos por construí-las, nem que sejam, miligramas dessas virtudes, tão destacadas e exemplificadas com beleza moral por Jesus – o Mestre da felicidade humana. Devemos cuidar, com zelo e dedicação, do aperfeiçoamento e engrandecimento de nossos sentimentos, obedecendo à instrução dos Sábios Espíritos da Codificação em “O Livro dos Espíritos”, no capítulo XII – Perfeição Moral – “As virtudes e os vícios”, na questão n.º 893: “Há virtude sempre que há resistência voluntária ao arrastamento das más tendências; mas a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção”.
A falsa virtude não tem luz própria; busca a todo custo fazer sucesso no meio social, porque se impõe pela teatralidade de poderes morais que não possui, pela hipocrisia de querer ser o que não é, pela ousadia de fingimento dos sentimentos cristãos. Não é virtude verdadeira, porque está muito bem alimentada pelo disfarce do manto escuro do orgulho e do falso brilho da vaidade.
A virtude verdadeira é luz cintilante da alma; apresenta-se na espontaneidade dos sentimentos; normalmente, não faz sucesso no ambiente social e está fundamentada no amor e na humildade.
Anotaremos, com sucinta e despretensiosa descrição, algumas virtudes – primorosas e encantadoras energias da alma – que asseguram as mais belas afeições nas uniões sexuais responsáveis:
1 – a bondade é energia benfazeja do coração que ajuda, ampara e constrói a cooperação mútua;
2 – a sinceridade é força nobre do sentimento que expressa a pureza de intenções nas relações com as pessoas.
3 – a simplicidade é força de grandeza do espírito que dá leveza, espontaneidade e abertura de diálogo no intercâmbio das afeições;
4 – a humildade é força gigantesca da alma que enfrenta as lutas, dores e provações no divino silêncio da abnegação;
5 – a compreensão é energia luminosa do coração que sabe enxergar a necessidade das pessoas e a verdade dos acontecimentos com os olhos do amor;
6 – o respeito é energia saudável da alma que sabe conviver, dando o devido direito aos outros de serem eles mesmos;
7 – a tolerância é força de resistência da alma que trabalha e mantém a união e a boa convivência com as pessoas de personalidades e gostos diferentes;
8 - a paciência é poder fascinante da alma que supera os conflitos, atritos e obstáculos com o superior entendimento do coração;
9 – o perdão é energia poderosa do coração que oferece a luz da compreensão e a bênção do esquecimento de todo o mal;
10 – a compaixão é força grandiosa da alma que ama, entende e ajuda com o coração enternecido as pessoas decaídas na sarjeta do mal, do crime e do vício;
11 – a misericórdia é poder imenso do coração que oferece sempre a bênção da oportunidade e da amizade mesmo a quem nada fez por merecê-la;
12 – a mansuetude é energia pacífica da alma cuja vibração harmoniosa leva paz, saúde e segurança aos outros;
13 – a calma é energia disciplinada do coração que trabalha com ação equilibrada, espírito de seqüência e trabalho sem pressa;
14 – a gratidão é força maravilhosa da alma que sabe agradecer e reconhecer o valor, o serviço e o benefício dos outros;
15 – a delicadeza é energia supersensível da alma que, ante a violência e agressividade, responde com ações construtivas e profundas vibrações de paz, doçura e leveza;
16 – o carinho é força amorosa da alma que envolve o próximo com atitudes e ações fraternais acumulada de cuidados afetuosos e atenção redobrada;
17 – a gentileza é força educada do sentimento que sabe franquear generosamente os mais belos e melhores gestos no trato com os outros;
18 – a ternura é poder imenso do coração que transmite, espontaneamente, intensas vibrações de amor puro, sem medida;
19 – a simpatia é energia saudável da alma que sabe plantar no coração alheio as mais elevadas cargas magnéticas de confiança, amizade e pureza de sentimentos;
20 – a alegria é energia exultante do coração repleto de fé viva que insufla bom ânimo, otimismo e esperança na pessoa abatida e desanimada.
As virtudes guardadas no coração são energias sutis e profundamente dinâmicas da alma elevada, com as inconfundíveis características intrínsecas: agradáveis e saudáveis, construtivas e harmoniosas, luminosas e resistentes, balsâmicas e curativas. Estas energias fazem muito bem à alma que as edificaram pela sua vontade, atenção e disciplina, que as mantêm pela prática do bem e do amor puro. Onde se manifestem, produzem no ambiente físico, e nas pessoas o amor e o bem, a paz e a alegria, a saúde do corpo e do espírito beneficiando toda criatura que sintonize e assimile espontaneamente essas vibrações boas e fraternais, amigas e simpáticas.

11. Numa citação bíblica, o homem que se deita com outro homem, terá seu sangue derramado (Levítico, 20:13). Como entender esta citação à luz da Doutrina Espírita?
No “Levítico” um dos livros do Antigo Testamento, encontramos esta citação bastante fanática e cruel: “Se um homem dormir com outro homem, como se fosse mulher, ambos cometeram uma coisa abominável. Serão punidos de morte e levarão a sua culpa”. (Lev, 20:13) A primeira idéia que podemos deduzir desta norma é que a homossexualidade já existia nos costumes sexuais da humanidade há milênios. Era o líder judeu muito ortodoxo, dogmático, muito rigoroso e severo na aplicação destas normas inflexíveis. Esta tinha o intuito de coibir os excessos da prática homossexual que, além de ser considerada pecado, seria também muito prejudicial ao crescimento das famílias, pois o acasalamento homossexual não daria a bênção de filhos, a fim de dar seqüência ao desenvolvimento dos grupos familiares. O povo judeu era muito religioso e dogmático o princípio da Justiça era bem maior do que a prática do amor e da misericórdia. Eles observavam tal norma com obediência sagrada e puniam os homossexuais com severidade e perversidade, que chegava à decretação de castigos e pena de morte.
O apóstolo Paulo, inspirado no conhecimento das rigorosas normas sexuais do Antigo Testamento, pronunciou na epístola aos Romanos, seguindo a mesma exagerada severidade: “Por isso, Deus os entregou aos desejos dos seus corações, à imundície, de modo que desonraram entre si os próprios corpos.” Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram à criatura em vez de ao Criador, que é bendito pelos séculos. Amém. Por isso, Deus os entregou a paixões vergonhosas: as suas mulheres mudaram as relações naturais em relação contra a natureza. Do mesmo modo também os homens, deixando o uso natural da mulher, arderam em desejos uns para com os outros, cometendo homens com homens a torpeza, e recebendo em seus corpos a paga devida ao seu desvario. Como não se preocupassem em adquirir o conhecimento de Deus, Deus entregou-os aos sentimentos depravados, e daí o seu procedimento indigno”. (Romanos, 1.24 a 28).
Nós, espíritas, estudamos e procuramos viver não a justiça de Moisés contida nas Sagradas Escrituras, mas os ensinos libertadores de Jesus Cristo: o amor, a compreensão, o perdão, a indulgência e a misericórdia. Quem deverá executar a justiça com todos os pecadores da humanidade não somos os religiosos e muitos menos nós, os espíritas; quem deverá executá-la é somente Deus, que é Justiça Perfeita. Cabe a nós, que ansiamos por sermos cristãos, esforçarmo-nos por manifestar do coração evangelizado estas virtudes do espírito: Compreensão,
Aceitação, Respeito, Bondade, Perdão, Indulgência, Misericórdia, Tolerância, Simpatia, Solidariedade. Estas “dez virtudes” evangélicas são muito fáceis de ser relacionadas, contudo muito difíceis de ser praticadas com alma e coração, no dia-a-dia, de relacionamento com todas as criaturas que sofrem problemas da sexualidade humana, principalmente os que experimentam os costumes do homossexualismo.
Devemos ter aos nossos irmãos homossexuais o máximo de respeito, consideração e atenção, mesmo que tenham idéias avançadas, desejos afetivos não aprovados pela maioria, hábitos estranhos e trejeitos incomuns. Respeitá-los de acordo com o Evangelho de Jesus significa, antes de tudo: não criticar comportamentos, não condenar sentimentos, não desvalorizar seus talentos intelectuais e profissionais, não exigir mudanças repentinas, não zombar dos seus gestos característicos, não fingir amizade, não falar mal deles na ausência, não nos afugentarmos de sua presença em determinados lugares sociais. No relacionamento de amizade leal, de simples encontro profissional ou diante de desconhecido na via pública com estas personalidades em processos difíceis de luta íntima, aprendamos a usar com nobreza de alma: CONSCIÊNCIA JUSTA, MENTE ABERTA e CORAÇÃO AMOROSO. Estas três condições superiores da personalidade constituem antenas psíquicas amplificadas para quem deseja sintonizar-se com o padrão moral de Jesus Cristo!

12. À luz da Doutrina Espírita, homossexualismo é crime?
A homossexualidade não tem origem em nenhuma deficiênciabiofisiológica do corpo humano, as verdadeiras causas estão todas elas instaladas na mente complexa do ser humano. As características psíquicas femininas ou masculinas registradas na complexidade da mente não constituem crime ou perversão sexual, pois estas características foram adotadas ao longo das sucessivas reencarnações nos séculos. Ser homossexual no campo psicológico não é crime: é condição psíquica inadequada de rejeição ao seu próprio corpo. O que podemos considerar crime no homossexualismo são: a agressividade e aversão ao próprio corpo de homem ou de mulher; as cirurgias executadas pela Medicina que agridem, mutilam e deformam o corpo que a Providência Divina lhe conferiu para expiação moral, aprendizagem espiritual e reeducação dos sentimentos; a perversão sexual, a atividade sexual abusiva com vários parceiros, o desejo sexual incontrolado, a insatisfação sexual permanente, as atitudes de conquista amorosa para atender o simples desejo ou paixão; a acentuada paixão amorosa por alguém ou mais de um, para logo depois sentir fingimento afetivo e praticar a traição sexual, e tantas outras expressões enfermiças da mente, do coração e da conduta do ser humano.
Nossa intenção não é a de relacionar os erros e faltas de nossos irmãos homossexuais masculinos e femininos. Longe de nós este intento! Porém, dar uma idéia do que seja crime diante da Lei de Deus. O crime ou transgressão está nos pensamentos doentios, nos maus sentimentos, nas más ações, nas atitudes agressivas, nos comportamentos rebeldes, na viciação do instinto sexual sem participação do amor sincero, a união afetiva desrespeitosa. Muitos erros e faltas graves dos homossexuais são justamente os mesmos crimes passionais praticados pelos heterossexuais também chamados “normais”.

13. Caso tivesse um filho homossexual, como você agiria?
Qualquer família pode ter um filho que traga em seu espírito – determinando seu destino na vida corpórea a experiência homossexual –, que não deixa de ser difícil, conflitante e dolorosa.
Se eu recebesse um filho homossexual, procuraria agir com forte dose de afeto e amor, fé e compreensão, aceitação e entendimento à luz da Doutrina Espírita, a partir do momento psicológico (na infância ou pré-adolescência) que percebesse as características da homossexualidade em sua personalidade. O relacionamento entre pai/mãe e filho homossexual, pai/mãe e filha com tendências sexuais do lesbianismo não é nada fácil; e mais difícil ainda é chegar a um bom patamar de entendimento mútuo, pois o espírito reencarnante traz estes impulsos afetivo-sexuais muito poderosos em sua mente indevassável, enigmática e misteriosa. Pela compreensão que já possuímos, graças à bênção da Doutrina Espírita, não tentaríamos jamais modificar ou anular as características psicossexuais do filho, pois estas são indestrutíveis na alma. Procuraríamos amar em espírito e verdade, esforçando-nos por manter o relacionando mais pacífico possível, procurando entender sua afetividade, idéias e sentimentos, a fim de melhor compreende-lo e amá-lo. Fazer o melhor em matéria de moral e de espiritualidade para que o filho/filha acredite no pai, mormente no pai que estará sempre ao seu lado para proteger, orientar e ajudar em todas as circunstâncias da vida. Caminhar ao lado de seu coração, de sua alma, de suas lutas para que possa compreender sua situação íntima, buscando viver sem revolta, sem rebeldia, sem tristeza, sem frustrações e sem sentimentos de fracasso, que poderão causar prejuízos consideráveis nas estruturas sensíveis da alma.
Amar os filhos com a luz do Evangelho de Jesus, guardados na mente e no coração, abandonando toda visão ingênua, ilusória e fantasiosa a respeito da personalidade espiritual do filho. Dedicar esforço de compreensão espiritual evangelizado, aceitar seus impulsos e manifestações sexuais de ser, sentir, desejar e fazer, sem atitudes de estranheza e sem choque emocional, dar afeto sem excessos, a partir dos primeiros dias de vida, amar seu espírito (que merece o máximo de respeito e consideração) quanto mais exponha as tendências estranhas e dificuldades de afirmação sexual. Aproveitar o período infantil para fazer a interação afetiva com o filho/filha, não se importando com as disparidades de sua personalidade confusa, complexa e difícil.
Penetrar mais profundamente na mente e coração deles, usando conhecimento e lucidez, amor e entendimento, fé e coragem, inspiração e intuição, paciência e humildade, dedicação e perseverança, disciplina e determinação de metas educativas. Aprender a aceitar as grandes dificuldades espirituais e os fracassos educativos sem violência, sem desânimo e sem desespero. Buscar vencer nos trabalhos e lutas da vida familiar com o amor incondicional, a fé superior, a coragem destemida, a humildade da aceitação, a orientação espiritual, o diálogo amigo. Praticar o Espiritismo cristianizado com a luz, o silêncio e a paz de Deus. Procuraria, pois, estudar o maior número de obras espíritas que esclarecessem acerca da sexualidade para melhor compreendê-lo em espírito e amá-lo de coração, a fim de trabalhar com maior lucidez (sem ilusões) no processo educativo, principalmente de seus sentimentos.

14. O homossexual pode se converter num heterossexual ainda na própria encarnação?
A mente em cada espírito é reservatório incomensurável de energias psíquicas masculinas e femininas registradas na memória espiritual profunda, nascido de muitos milênios de experiências sexuais saudáveis ou desequilibrantes nas encarnações sucessivas. A mente, todavia, não guarda somente essas energias. Estão arquivados na forma de energias psíquicas, de forma indestrutível, todos os nossos defeitos morais, todos os nossos vícios, todos os nossos fracassos, todas as nossas ilusões e fantasias, todos os nossos sonhos de felicidade vividos ou não alcançados, todos os nossos ódios, nossos ciúmes, nossos complexos, nossos remorsos, todas as nossas virtudes morais e os nossos valiosos talentos.
Se o espírito possui enorme reservatório de energia sexual de feminilidade, reencarna em corpo de homem e traz todos os recursos da sensibilidade doentia, anotados acima, não acreditamos que o que fora formado ao longo de séculos e séculos de experiências sexuais seja transmudado completamente, como num passo de mágica, em alguns anos de tratamento médico, psicológico, psicanalítico, psicoterapêutico ou atividade religiosa. Poderá operar modificações saudáveis, em sua estrutura mental complexa se o espírito que enfrenta a expiação da homossexualidade exercer as transformações a partir da adolescência, com vontade resoluta, humildade sincera, disciplina permanente, obediência constante, auto-avaliação e estudo de seu mundo íntimo, resignação na mente e coração, esforço moral e dedicação para dominar os impulsos inferiores, desenvolver os bons sentimentos, doar maior carga de afeto, educar os bons hábitos, crescer na fé em Deus, agir com a confiança nas próprias forças internas para aprimoramento dos valores da mente e do coração.
A vitória da cura moral e elevação espiritual é fruto de muito esforço, muitas lágrimas e muita dor moral. Experimentar na caminhada evolutiva os fracassos do esforço não vencido e quedas do coração deprimido, todavia, levantar sempre para caminhar e subir mais alguns degraus na conquista de si mesmo para a glória do seu crescimento interior. O reservatório psiquicossexual guardado na mente de cada espírito é como se fora todas as águas do Oceano Pacífico, as quais desejamos esvaziar num processo contínuo, trabalhando somente com o dedal de nossas débeis forças morais. As energias psicossexuais são indeléveis e indestrutíveis; podemos, na verdade, corrigir, disciplinar e educar as energias da afetividade mal dirigida, porém, jamais eliminar as energias psicossexuais masculinas e femininas trabalhadas intensamente no ser imortal.
Quando ocorrem bem sucedidas mudanças na personalidade sexual do indivíduo com transtornos psíquicos homossexuais, supomos seja este processo psicossexual bem mais leve e ameno, em relação à grande maioria de casos mais graves. Talvez seja uma tenaz obsessão espiritual, uma poderosa possessão por parte de algum espírito perseguidor e vicioso. Neste caso, as causas serão mais externas do que internas. Desse caso poderá haver modificação bem relevante na mente e na personalidade do indivíduo que sofre estes transtornos psicossexuais. Estamos elaborando uma análise dentro de nossa visão da vida psíquica, moral e espiritual, neste caso particular. Os grupos de apoio especializados para darem orientação, segurança e saúde afetiva e mental a indivíduos homossexuais acreditamos serem muito poucos. Os homossexuais/lésbicos/transexuais são ainda muito incompreendidos e perseguidos na grande sociedade, nas famílias, no emprego e até mesmo nos grupos religiosos. Na verdade, os homossexuais encontram apoio, amor, respeito e consideração é por enquanto entre os pais amorosos e compreensivos e entre os companheiros de afinidade psicológico-sexual. Eles se entendem, se amam e ajudam mutuamente de alguma forma.
Os Sábios Espíritos, dissertando sobre esta complexa matéria, são bastante sintéticos e sucintos nas suas explicações doutrinárias. De nossa parte, devemos nos esforçar na busca de melhor entendimento, usando razão e análise, boa vontade e sinceridade, meditação e lógica, sinceridade e discernimento, para que não venhamos a resvalar para o fosso obscuro do fanatismo e preconceito, dogmatismo e rigorosidade, exigências e julgamentos, ilusões e falsidades. Precisamos escrever com seriedade, prudência e respeito, a fim de esclarecermos elevando e aprimorando o nível das idéias e sentimentos dos aprendizes interessados e de todos aqueles que passam pela experiência da homossexualidade.

15. A homossexualidade é um tipo de prova na qual o indivíduo deveria se abster de sexo?
A educação e cura dos transtornos psicossexuais são problemas que deverá ser resolvido unicamente pela própria pessoa que sofre tal experiência. Ninguém pode ditar normas de conduta moral, disciplina afetiva e corrigenda de hábitos a outrem.
O interessado (homossexual) é que vai saber quando agir deste ou daquele modo. Se optar pela abstinência sexual (bem melhor será para o interessado), que a faça aplicando as forças internas de fé e decisão, vontade e controle, coragem e determinação. Faça abstinência da comunhão sexual fisiológica, contudo não faça abstinência do amor em seu coração. Se esta pessoa, em conseqüência da rigorosa abstinência sexual, se desiludir de amar a vida e o próximo, tornar-se-á enferma espiritual da maior gravidade; será, na verdade, um cadáver ambulante, espírito extremamente desanimado, custando-lhe carregar o próprio corpo físico. Não é bastante executar apenas a abstinência sexual, julgando que tudo está resolvido. Não, não é assim! Isso será muita tortura mental, muita aflição dos sentimentos! Para compensar a solidão afetiva da abstinência sexual, o interessado deverá suprir os reservatórios da alma, da mente e do coração, com buscar a prática gradativa das boas ações: Aprender a amar a si mesmo, cuidando de seu mundo interior; amar com respeito, gratidão e afabilidade os queridos pais; desenvolver com dedicação algum talento pela música, pintura, literatura, artesanato, etc.; ouvir com os ouvidos da alma as notas celestes da música suave e relaxante; amar a Deus – o Pai Criador, com todas as forças da inteligência, da alma e do coração; interessar-se por conquistar, passo-a-passo, as virtudes ensinadas pelo Mestre Jesus; estudar com aplicação a Doutrina Espírita; amar o próximo como a si mesmo, a começar pelos próprios familiares mais difíceis; amar a Natureza com a alma cheia de respeito e gratidão, ante sua exuberância; Cuidados de amor de plantas e flores, Amar e tratar bem todos os animais; amar com carinho, ternura e atenção as crianças, os idosos e os doentes; cultivar a amizade sincera com criaturas de todos os níveis da sociedade humana; Privilegiar a conversação edificante; Manter o exercício da meditação superior; trabalhar com alegria em benefício dos mais pobres, desprotegidos e necessitados.
Abrir sem medo o coração para dar e receber, amar e ser amado, na divina simbiose do amor incondicional. Aprender a ser feliz, em todas as circunstâncias, extraindo alegria e paz das coisas e acontecimentos mais corriqueiros do cotidiano. Trabalhar para ter a mente equilibrada e o coração evangelizado. Buscar, diariamente, o sentido superior de crescer de forma incessante na conquista dos tesouros do espírito, aplicando amor cristianizado, humildade sincera e fé iluminada. Conviver com a abstinência sexual, mantendo a alma vazia de ideal superior, de conhecimento espiritual e o amor praticado é caminhar tristemente para o fosso sombrio da frustração e fracasso, desânimo e desilusão, desequilíbrio e viciação. Não queiramos viver inconscientemente com tal caminho de sombras, desorientação e desequilíbrio. O esforço pela prática do amor fraternal será bem mais importante para a nossa vida íntima do que todos os prazeres da união sexual fisiológica.

Vamos registrar o interessante depoimento do respeitado médium FRANCISCO CÂNDIDO XAVIER, em torno do assunto Homossexualismo.
O homossexual deve aceitar-se ou deve lutar contra as suas tendências?

“Já li, de um analista de mérito, que toda amizade e que toda ligação espiritual, do ponto de vista afetivo, é parcela da homossexualidade no homem e na mulher; mas o homossexual não poderá deixar a natureza de que é portador de um momento para outro, como se ele estivesse condenado a não trabalhar, a não servir, quando nós sabemos que há tanto enfermeiro, tanto professor, tanta senhora digna que executam os deveres que lhe competem commuita eficiência e devotamento. Agora, o homossexual em si deve evitar a pederastia; a pederastia, sim, é um problema suscitado pela ânsia do homem de experimentar sensações, mas a homossexualidade está vinculada a um processo afetivo entre os homens e mulheres do Planeta, de modo que é um estado natural em que as almas se afinam para fazer o bem.
Já a pederastia é muito diferente. Quando nós falamos homossexual, lembramo-nos logo de quadros infelizes, mas a verdade é que a homossexualidade está em toda pessoa que tem um amigo ou que tem deveres de fraternidade, de assistência para com o próximo. A pederastia é que é o grande problema que devemos evitar e entender como sendo uma condição desnecessária e mesmo imprudente da parte de todos os homens.
E vamos dar ao assunto a cor que o assunto traz consigo: todo homem deve evitar a pederastia; toda mulher pode estar perfeitamente fora do lesbianismo, porque a nossa formação nos leva sempre para o caminho do que já fomos, e às vezes nós viemos para não ser mais o que já fomos e sim para aprender a considerar o que devemos ser”.

16. Como você encara os homens casados, tendo filhos, que têm relacionamento
extraconjugal com outros homens?
O homem casado que tem filhos e mantém relacionamento sexual com outro homem é ao mesmo tempo heterossexual e bissexual. Possui a energia psicossexual para ter prazer com mulher e com outro homem. Sua alma guarda as experiências psicossexuais bem ativas com homem e com mulher. O homem casado pode ser “ativo” ou ‘passivo” na relação homossexual. Para nós, espíritas, isso pouco importa. Este comportamento emocional será sempre viciação sexual. Esse homem, na verdade, não está procurando viver o amor, cultivar o afeto e construir laços da amizade pura: está à procura unicamente do prazer sexual fisiológico fugaz, transitório e passageiro. A busca desenfreada de atender ao desejo carnal e prazer do instinto sexual constitui incontrolável descarga mentoeletromagnética de energias psicossexuais por parte de homossexuais, bissexuais e heterossexuais. Não traz saúde, alegria e paz ao coração. Tudo que constitui viciação sexual obterá certa satisfação, mas será sempre incompleta.
O casamento entre homossexuais é assunto pertinente às leis humanas, aos conceitos jurídicos do código Civil. O Espiritismo não condena e nem critica os costumes do casamento de homossexuais (porque não age com violência, radicalismo, preconceito e fanatismo), mas respeita as leis dos países que o adotam.
O de que mais precisamos na atualidade é compreender com o coração evangelizado a experiência afetivo-psicológico-psíquico do homossexual, amá-los, orientá-los e ajudá-los a superar suas ambigüidades e frustrações íntimas Devemos respeitar plenamente (sem condenar, sem criticar) qualquer união permanente de homossexuais. O que adianta nós, espíritas, julgá-los, condená-los e persegui-los! O tempo das perseguições inquisitoriais cruéis, felizmente Deus, já passou. Agora é a era do amor, da compreensão, do entendimento. Eles têm a liberdade de conviver com quem eles desejem, mesmo contrariando a família, os amigos e o próprio código da lei civil. Se eles não têm potencialidades psíquicas para conviver na união heterossexual, vão viver com quem eles encontrem afinidade na união homossexual. Querem sair da imensa solidão afetiva em que se encontram. Muitos homossexuais chegam a ter melhores dotes de coração do que muitos religiosos fanáticos e dogmáticos ou de espíritas inflexíveis, amantes da verdade teórica sem demonstração do amor evangelizado na convivência. Nenhum espírita ajuda, educa e soergue a alma sofredora, se detém o conhecimento sem amor e a sabedoria sem caridade.
Devemos observar as uniões homossexuais (que se multiplicam em todos os povos, grandes e pequenas cidades) sem alarde, sem estranheza, sem desapontamento a qualquer tipo de relacionamento afetivo-sexual: homem com homem e mulher com mulher. Não é dever de nós, espíritas, sermos: palmatórias do mundo, julgadores contumazes da conduta alheia, condenadores inflexíveis aos que titulamos pecadores, maledicentes das uniões homossexuais.
Comportando-nos assim, não passaremos de religiosos hipócritas, espíritas de coração endurecido, juízes impiedosos das criaturas infelizes em grandes lutas morais. Provamos ser espíritas radicais que não amam, não ajudam e não educam ninguém. Com nossa inflexibilidade, vamos desanimar almas, oprimir quem deseja melhorar aos poucos, destruir as mais nobres esperanças. Seremos espíritas sem Cristo, sem amor legítimo, sem a luz interna do coração.

17. Todos os meninos, ou pelo menos a maioria, descobrem o sexo com os colegas de turma, nas brincadeiras inocentes. Por que alguns, na adolescência, definem sua sexualidade pelo sexo oposto e outros pelo mesmo sexo?
Uma alma sempre será um enigma para outra alma. Que o digam os cônjuges que estão vivendo juntos até há mais de cinqüenta anos: impossível dizer que ela conhece o espírito do marido ou ele o da esposa de maneira integral.
Nossa alma será também grande enigma para nós mesmos! Como decifrarmos o porquê de retermos idéias tão diferentes, sentimentos dos mais nobres aos mais vingativos e cruéis, os desejos sexuais dos mais equilibrados aos mais escabrosos, os nossos bons ou maus hábitos, as atitudes das mais doces às mais violentas, os sonhos dos mais lindos e puros aos mais sombrios e tormentosos, as fantasias exageradas do amor sexual.
Cada espírito encarnado expõe, pouco a pouco, sua vida mental, nascida nos escaninhos profundos do inconsciente – imenso arquivo de reflexos mentais acumulados nas experiências de todas as eras passadas. O ser humano, a partir dos primeiros anos de vida (período infantil e pré-adolescência), vai mostrando a sua verdadeira identidade espiritual. No decorrer da adolescência, juventude e madureza, vai complicando mais e mais o seu mundo afetivo-psicológico-psíquico, porque passa a viver intensamente mais desejos, mais sonhos, mais conflitos, mais remorsos, mais recordações de crimes passionais, mais erros de amor, mais fracassos, mais ódios, mais sentimentos antagônicos, mais frustrações, mais quedas, mais viciações de séculos, mais defeitos morais antigos, tudo isso e muito mais sintomas desagradáveis, desafiando a própria criatura a buscar compreender a si mesma, adquirindo certa cota de luz da sabedoria espiritual, educação moral e controle dos desejos e emoções, a fim de conseguir a relativa saúde mental para ser mais feliz consigo mesmo. É o que nem sempre conseguimos, por não cuidarmos com carinho dos valores da alma.

18. Partindo das premissas de que o espírito é assexuado e de que o indivíduo é homossexual por escolha nesta encarnação e não por tendências de encarnações anteriores e que tal opção tenha sido feita em função de afinidade e não por desvarios da carne, haveria algum gravame espiritual em seu comportamento?
O espírito não é assexuado. Atentemos nas palavras dos Sábios Espíritos em O Livro dos Espíritos, na questão n.º 200 – Os Espíritos têm sexo?
“Não como entendeis, porque os sexos dependem da constituição orgânica. Entre os Espíritos há amor e simpatia, mas baseados na afinidade de sentimentos”.
Se interpretarmos bem a sutileza da resposta dada pelos Espíritos da Codificação, observaremos que eles dizem que o espírito tem sexo, mas “não como o entendeis”, ou seja, o sexo biofisiológico da vida corpórea. O sexo dos Espíritos é mental, é psicológico, é psíquico, é emocional, é afetivo: estes recursos psíquicossexuais o espírito carrega dentro de si mesmo onde estiver; é patrimônio indestrutível de sua personalidade. (Favor estudar para entender melhor a Entrevista N.º 2, nesta ENTREVISTA VIRTUAL). Em verdade, ele não tem o sexo biofisiológico com funções para produção de células reprodutoras e o poder de fecundação para formação e desenvolvimento do feto e o nascimento da criança. Não existe a gravidez e o parto no Plano Espiritual. A energia sexual biofisiológica nenhum espírito trabalha com ela no plano espiritual. Contudo todo espírito possui a verdadeira sexualidade psíquica, que está incorporada em sua delicada organização espiritual, em seu imenso arquivo mental, em seus registros psicossexuais masculinos e femininos oriundos de imensas experiências sexuais em vidas passadas, quando o espírito reencarnou diversas vezes em corpo de homem e em corpo de mulher, exercendo funções específicas e sofrendo lutas e sofrimentos, erros e acertos, amor e ódio, arquivando-os em sua estrutura mental para sempre. Estas energias desequilibras merecem um esforço moral de corrigenda, disciplina, controle, responsabilidade, educação e aprimoramento dos sentimentos, para ser mais feliz por dentro de si mesmo e para cumprir melhor suas missão de homem e mulher em futuras encarnações.
Nosso corpo de homem ou de mulher é criação de hoje, nossa ferramenta atual, mas o espírito que dá vida a esse corpo já soma milênios incontáveis de experiências sexuais na sucessão ininterrupta das encarnações. A vida psicológica de cada criança, de cada jovem acusa veementemente esta verdade. Por que Deus criaria uma vida psicológica bem diferente e com problemas graves em cada espírito. Se não houvesse reencarnação, por que Deus colocaria problemas bastante graves e complexos na organização física e psíquica de cada ser humano? Apenas a reencarnação explica e prova a origem do inconsciente em cada pessoa humana. Deus não seria justo. Pois muitas almas com transtornos psicossexuais da homossexualidade não aceitam esta posição, rejeitam estas tendências, revoltam-se contra a vida e contra Deus e algumas vezes chegam mesmo ao suicídio? Não, caros companheiros! Deus – Nosso Pai de amor e misericórdia – não é o culpado de nossos desequilíbrios íntimos. A única explicação racional e lógica é a reencarnação, pois cada espírito, cada criança, cada jovem, cada adulto herda psiquicamente de si mesmo e tem seu destino muito particular em virtude do livre arbítrio de suas ações em vidas pretéritas. Os desequilíbrios morais e sexuais das criaturas são a explicação clara, justa e real de que as causas se originam dos maus comportamentos em vidas passadas.
Os erros de amor, os crimes passionais e as viciações sexuais são gravames tornando nossa vida íntima mais torturante, mais tormentosa e mais alienada na vida após a morte e, com certeza, em futura encarnação na vida terrestre. Procuraremos fazer um esforço de explicação do que sejam os ‘defeitos” e as “virtudes” morais no campo psíquico de cada espírito.
Os defeitos morais da alma são negativos circuitos energéticos mentoeletro-magnéticos desarmoniosos e destrutivos, desagradáveis e perturbadores, malignos e viciosos, de ação radioativa desequilibradora, com baixíssima vibração espiritual tenebrosa, freqüência de tonalidade grosseira, muito lenta, e força motriz aprisionada. São usinas energéticas sombrias orientados apenas para a criação e ação no mal, em diversificadas graduações do coração humano.
As virtudes morais da alma são poderosos e positivos circuitos energéticos mentoeletromagnéticos harmoniosos e construtivos, agradáveis e saudáveis, benignos e educados, de ação radioativa equilibradora, com altíssima vibração espiritual luminescente, freqüência de tonalidade sutil, bastante dinâmica, força motriz libertadora. São usinas energéticas brilhantes direcionadas apenas para a criação e ação no bem, em diversificadas graduações do coração humano.

19. No caso específico dos homossexuais, que têm como "inata predileção psicológica" a "necessidade" deste intercâmbio afetivo-sexual, seria coerente intentar um relacionamento heterossexual para reequilíbrio das energias genésicas?
Todo espírito tem livre arbítrio para buscar meios e processos de vida que mais satisfaçam os seus desejos e ideais. É muito válida a tentativa. Contudo, se o espírito traz imensa carga eletromagnética de energias psicossexuais de feminilidade e se encontra transitoriamente em corpo de homem, a comunhão afetivo-sexual com uma mulher poderá dar certo por determinado tempo, mas não por todo o tempo, pois é impossível o espírito manter atitudes, comportamentos, desejos e sentimentos de masculinidade, se na sua organização mental a bagagem psicossexual masculina é a de menor percentagem.
Estamos fazendo uma análise à luz da Reencarnação. Não são os órgãos sexuais que determinam a masculinidade, pois esta tem origem nos imensos estoques de reflexos mentais masculinos guardados na subconsciência. Quantos homossexuais se casam para atender aos pedidos incansáveis dos pais amorosos que desejam a felicidade do filho, e muitas vezes eles aceitam a união matrimonial para atender os pais e o entusiasmo pela simpatia da jovem. Com o passar do tempo de casamento, este rapaz homossexual não assumido, publicamente, sempre terá enormes dificuldades de manter a masculinidade com a esposa e acaba abandonando-a sem nenhuma razão ou separando-se judicialmente. Todos os desajustes, fracassos e frustrações fazem parte das experiências expiatórias dolorosas do indivíduo homossexual que anseie pela concretização da felicidade íntima, afetividade saudável e união conjugal harmoniosa.

20. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a homossexualidade não é patológica: a ciência ainda não concluiu entre orientação ou opção sexual. O Espiritismo vê de modo geral como um desequilíbrio, proveniente da existência e do caminho o qual o espírito tenha percorrido. Sendo a reencarnação uma nova oportunidade de crescimento espiritual, qual seria a atitude mais proveitosa do espirito nessa situação: viver angustiado, sentindo-se fora do mundo, carente de uma companhia afetiva e, portanto, ter uma vida de tristeza sistemática ou viver sua homossexualidade (dito no sentido de ter uma companhia no casamento), sendo feliz e esforçar-se no trabalho do bem?
Quando o espírito retorna à vida física, adquirindo novo corpo físico, sua vida sexual já está escolhida e determinada, pois as tendências masculina ou feminina, desejos sexuais, manifestações afetivas, transtornos psíquicos, tormentos sexuais já estão todos registrados e armazenados na sua complexa organização mental. A opção, a escolha já foi feita muito tempo antes do nascimento.
Quanto à sexualidade, profunda ninguém faz opção depois que nasce no período infantil, pois isto seria impossível. O que determinaria a escolha de sexualidade dentro de uma criança ou de um adolescente? Acontece com muitos homossexuais estas tendências surgirem na fase infantil e pré-adolescente, porque o espírito já traz enorme bagagem psíquica de sexualidade, a qual com o passar dos dias e dos anos vai surgindo nos anseios e sonhos do indivíduo em procurar fazer acontecer, gradativamente, de maneira declarada ou de forma dissimulada, o que já existe, na abundante reserva psíquica, dentro dele mesmo. Devido aos seus transtornos psicossexuais, a pessoa vive revoltada, angustiada, com tristeza sistemática, sem belos ideais, sem alegria e sem esperança. São os frutos amargosos da criatura que não soube trabalhar a sua luz interior de fé, da espiritualidade, da coragem e da esperança em sua alma. Há necessidade de fazer nascer e desenvolver estes valores na mente e no coração enquanto temos tempo, saúde e oportunidades.
A busca desenfreada de experiências sexuais para ser feliz sem trabalhar os valores internos da espiritualidade, faz a alma do homossexual permanecer insatisfeita e infeliz, desorientada e desequilibrada. O irmão homossexual tem liberdade de procurar a companhia sexual que lhe traga amizade e afinidade, alegria e paz. Disse Jesus aos homens que apedrejavam a mulher adultera: “Atire a primeira pedra (da condenação, da crítica, da censura) aquele que estiver sem nenhum pecado”. Não podemos condenar, proibir e execrar os irmãos homossexuais.
Há necessidade de muita aceitação sensata, tolerância esclarecida, respeito da compreensão iluminada à sua individualidade psicológica. A melhoria moral, afetiva e dos sentimentos virá com o tempo, depois de sofrer muitas dores, muito esforço, muitas lágrimas, muitos erros, muitos acertos, muitas derrotas e grandes vitórias no continuismo incessante das encarnações sucessivas. A verdadeira e eficiente medicina da alma, que ensina o homem e a mulher a serem médicos de si mesmos, será a parte mais importante da Medicina, neste Terceiro Milênio. Será a Medicina do homem integral que cuidará somando a ciência da boa moral e da espiritualização do homem racionalista e da mulher sensibilizada, ambos carregando sintomas psicopatológicos que atormentam, arruínam e arrasam a organização supersensibilíssima da vida mental.
A excelente medicina da alma será, sem dúvida, aquela que prioriza a saúde moral da personalidade do homem cibernético da atualidade, que racionaliza muito mais e sente bem pouco. Nesta ciência curativa da psique humana, JESUS – o Divino Médico das Almas – é a receita educativa dos sentimentos, o bom prognóstico da mente e a ótima posologia do coração.
As enfermidades psicossexuais do homem cibernético da atualidade estarão em maior número entre os milhões de pacientes graves, nos superlotados consultórios de psiquiatras da mente desarvorada, psicanalistas do conflituoso inconsciente do espírito e psicólogos que tratam da emoção depressiva. Pressa nem Deus e nem Jesus têm com os espíritos gravemente enfermos e rebeldes da Terra. Agora, muita pressa têm mesmo todos os religiosos fanáticos, dogmáticos e endurecidos de coração, por exigirem apressadamente mudanças na psicologia e na moral do ser homossexual. Esses religiosos estão todos absolutamente enganados! Ostentam a crença muito mais para perturbar e arrasar com a vida íntima das pessoas do que para amar, compreender e ajudar! Que todo indivíduo em experiência homossexual procure desenvolver sempre os valores espirituais da fé em Deus, do amor à vida e ao próximo, do conhecimento superior, da caridade material e moral aos desafortunados do mundo, da educação afetiva, do controle emotivo, da responsabilidade sexual nos desejos, pensamentos e atos.

21. Atualmente, a sociedade vem discutindo a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Podemos encarar isso como evolução moral da sociedade? Esse compromisso entre homossexuais poderia levá-los a uma vida mais regrada, fiel?
Não podemos encarar o casamento de homossexuais como uma evolução moral na prática da afetividade humana. É uma experiência afetivo-sexual transitória. No grande futuro, os homossexuais, reequilibrando sua energia encontrarão o seu parceiro heterossexual ideal, ajustando sua verdadeira psicologia sexual.
Entendemos o casamento de homossexuais fora dos padrões criados por Deus (união entre o homem e a mulher) sempre como um paliativo, um remendo psíquico, uma prótese afetiva, um reparo de pouca durabilidade, a união psíquicossexual incompleta.
Na verdade, casamento mesmo para constituir família e criar filhos fazendo aumentar o número dos habitantes da Humanidade, se dá somente no casamento heterossexual. Não sou contra o casamento de homossexuais, de coração isento de preconceito e ausente do endurecimento do coração; entendo as grandes necessidades afetivas deles, compreendo suas dores morais, sua grande solidão afetiva. Não posso, para demonstrar que sou espírita convicto, tornar-me juiz severo, exigente e mesmo cruel, a fim de manter a verdade doutrinária, vivendo muito distante do amor cristão. Prefiro amar e compreender, tolerar e ser indulgente, amando e ajudando com Jesus!
A homossexualidade e o casamento de homossexuais é fenômeno afetivo, mudança de comportamento sexual, todavia não é uma evolução da afetividade humana. No grande futuro da Humanidade (daqui uns dois milênios), quando os espíritos da Terra conquistarem valores espirituais e morais pautado nas leis, conceitos e normas do Evangelho de Jesus, não haverá mais em profusão devastadora os grandes erros da sexualidade desvairada: adultério, prostituição, viciação sexual, tortura do desejo insatisfeito, infidelidade conjugal, estupro, incesto, homicídio passional, suicídio por paixão amorosa, aberração sexual, homossexualismo, pedofilia, aborto e outros graves problemas. Os transtornos psíquicos homossexuais não mais existirão no psiquismo de homens e mulheres em todo o mundo, porque todos os espíritos se educarão e aprimorarão no campo dos sentimentos nobres, das poderosas virtudes do coração, da mente sublimada e do instinto sexual espiritualizado. A homossexualidade é desarmonia da consciência criminosa, no campo da afeição mal dirigida, é crise transitória dos sentimentos doentios, de duração de muitos e muitos milênios na história evolutiva da humanidade, porém não é problema que a alma vá carregar para toda a eternidade. A evolução espiritual é a meta de Deus e de Jesus para todos nós, humanos. Os homens e mulheres na humanidade terrestre em obediência à lei de evolução espiritual, precisam, com a lucidez da razão a administrar, controlar e aprimorar as nossas energias sexuais da alma e educar os sentimentos no amor incondicional.
No grande futuro espiritual da Humanidade, quando, bem mais educados moralmente, ao reencarnar na Terra, envergando novo corpo de homem ou novo corpo de mulher, sentirão harmonia e paz interior, não apresentarão: rejeição, rebeldia, revolta, choques e desequilíbrios psíquicos de vulto. Adaptando-se com mais naturalidade ao novo corpo, aplicará a competência moral e poder mental nas funções específicas de homem ou de mulher, procurando cumprir com responsabilidade tanto as tarefas masculinas ou femininas do novo corpo. Seremos mais versáteis em espírito. Administraremos em nós mesmos, com lucidez de raciocínio, vontade superior e educação mental, os fenômenos da bissexualidade psíquica que vige em nós mesmos. A meta para todas as almas é a felicidade: a harmonia de luz e amor, a sabedoria em espírito e verdade, o aperfeiçoamento do coração, o crescimento espiritual para a Perfeição e a conquista do Reino de Deus dentro de nós!

22. Uma mulher que ame outra mulher na vida presente pode ter sido o esposo que a fez sofrer em vida passada?
Obedecendo à lei universal da reencarnação, todo espírito encarna em corpo de homem e de mulher para aprender as duas funções psíquicas bem distintas, atividades específicas, experiências, trabalhos, lutas, sensibilidade, provações, virtudes e talentos diferentes. Quando uma mulher se apaixona por outra mulher e um homem se apaixona por outro homem, podemos acreditar que no meio de tantas pessoas, essa escolha mútua é decretada por uma afinidade sexual originada de vidas passadas nem sempre nascida da união conjugal de vidas passadas.
Devido às nossas múltiplas experiências sexuais na condição de homem, ora na condição de mulher, nas encarnações sucessivas, nosso psiquismo se viu forçado a registrar, arquivar e armazenar energias psíquicas, afetos e sentimentos direcionados ora a homens (namorado, marido, amante), ora a mulheres (namorada, esposa, amante). Criamos diversificadas energias de afeição sexual com pessoas dos ambos os sexos e somamos também em nossa personalidade espiritual características psicossexuais de feminilidade e masculinidade. Quase todas as pessoas, na atualidade, encontram-se com estrutura mental bastante complexa, carregando recursos de moralidade muito frágeis e acumulada de imperfeições morais. Deste modo, poucas são as criaturas que dominam seu instinto sexual usando consciência e responsabilidade, razão e discernimento, mantendo certo equilíbrio afetivo-sexual.

23. Na visão espírita, a prática sexual das relações homossexuais ocasiona danos
espirituais e perispirituais aos indivíduos envolvidos? Quais?
A simples condição psíquica de homossexualidade não causa danos espirituais e perispirituais a quem sofra estas experiências conflitantes. O que vai provocar o desequilíbrio, desajuste, desarmonia, disfunções, perturbações, deformidades perispirituais, mutilações afetivas, desgastes das energias psicossexuais será sem a menor dúvida, o triste resultado de nosso mau
comportamento do amor sexual, os desregramentos, as violências da afeição mal dirigida, o excesso do prazer sexual egoísta e os abusos e aberrações sexuais. Registraremos, a respeito deste assunto, dois excelentes textos da autoria do espírito André Luiz:
“Atender a santificada missão do sexo, no seu plano respeitável, (...) de modo algum significa desvios espirituais; no entanto, os excessos representam desperdícios lamentáveis de força, os quais retêm a alma nos círculos inferiores”.
(Missionários da Luz, Francisco Cândido Xavier, Cap. 03, pg. 33 – “Desenvolvimento mediúnico”, FEB)
“Inútil é supor que a morte física ofereça solução pacífica aos espíritos em extremo desequilíbrio, que entregam o corpo aos desregramentos passionais. A loucura, em que se debatem, não procede de simples modificações do cérebro: dimana da desassociação dos centros perispiríticos, o que exige longos períodos de reparação”.
(No Mundo Maior, Francisco Cândido Xavier, cap. 11, pg. 147 –“Sexo”, FEB)

24. O espírito que, ao reencarnar, traz, desde tenra idade, um direcionamento homossexual, mas, em idade adulta e, sob terapia psicanalítica, apaixona-se por pessoa do sexo oposto, vendo a vida transformar-se de forma surpreendente ao ponto de duvidar do passado homossexual. Porém o sofrimento se desdobra na impotência e o pavor de não corresponder à mulher amada traz uma angústia ainda maior que no passado. Por favor, me ajude a compreender!
Observo, neste interessante depoimento sincero, que nosso companheiro sofre a experiência conflitante da homossexualidade. Depois de passar pela terapia psicanalítica, alcançou um melhor padrão afetivo, tomando as rédeas da energia psicossexual masculina e se enamorou de uma mulher. Vivendo tal momento, chegou a não acreditar que tenha passado pelo processo da homossexualidade. Agora, desejando manter relação afetivo-sexual com normalidade, passa a sofrer conflitos íntimos bastante intensos, porque teme não corresponder psicologicamente e depois sexualmente com a mulher amada.
Esta insegurança íntima está a demonstrar que a nossa realidade sexual não é biofisiológica, nem química e nem hormonal. Está toda vinculada ao nosso psiquismo imenso, complexo e conflitante.
O corpo físico e os órgãos sexuais obedecem automaticamente ao menor impulso de nossa mente, de nossos desejos, de nossos anseios afetivos, de nossas fantasias e de nossos sonhos.
Aprendamos a cuidar com carinho de nosso mundo íntimo, iluminemos a consciência, esclareçamos a razão, eduquemos os sentimentos. Desenvolver a crença na fé racional, crescer espiritualmente com alegria no coração, sentindo-se como pessoa humana falível, contudo interessada em aumentar as reservas do amor fraternal e as potencialidades do espírito, sob a orientação amorosa e segura de Jesus – o maior e melhor psicanalista da alma humana.

25. Tendo em consideração o fato iniludível que determina que todas as manifestações da alma têm seu baseamento na mente e sendo ela a desvendadora das condições particulares de cada um: No caso de serem assim, a solução da temática sexual, porventura não vem dada por uma educação, não somente em função de princípios médicos e éticos, senão também como um planejamento vivencial em torno do amor verdadeiro e sua manifestação?
A homossexualidade não é um caso apartado da generalidade, pois este fenômeno da personalidade sexual já tem registro na história dos povos há muitos milênios: judeus, romanos, gregos, assírios e outros.
O fenômeno psíquico da homossexualidade conta-se hoje aos milhões em todo mundo. Este fato está sinalizando que são milhões de espíritos com profunda necessidade de reajuste, reequilíbrio e reeducação, portas a dentro da alma e do coração, para serem mais felizes por dentro de si mesmo, em sua vida afetiva, no mundo de seus sentimentos, em sua consciência.
Em todas as almas deseducadas devido à afeição mal dirigida, o desejo sexual é mais poderoso e determinante do que o amor sincero e puro. Somos criaturas a carregarem muitas imperfeições e amor ególatra, criando problemas para os parceiros sexuais e muitos conflitos conscienciais em nossa vida íntima. Há necessidade premente da educação do espírito imortal, dentro das normas libertadores do Evangelho, construindo um “mundo novo” alicerçado no amor, na humildade, na sinceridade, na obediência, na disciplina, no controle emotivo, na criação de reflexos psíquicos positivos nas cordas supersensíveis do coração espiritual.

26. Desde a adolescência, mantive inclinação homossexual, embora, pelo menos fisicamente, não mantivesse relações sexuais. Aos 31 anos, depois de estudar muito as ciências psíquicas e o Espiritismo, resolvi namorar com pessoa do sexo oposto, idealizando formar uma família. Para meu espanto, sinto uma atração enorme por ela e a atração que sentia por outros homens não tem mais intensidade. Isso me deixa confuso, pois a ciência humana não endossa o que eu estou sentindo. Gostaria de saber sua opinião.
O seu sincero depoimento psicológico é importante para você mesmo e relevante para nossos estudos e análises à luz do Espiritismo. Em poucas palavras, você descreve suas manifestações inconscientes, extraídas com espontaneidade de seu reservatório de reflexos psicossexuais de seu mundo mental: arquivo de experiências sexuais masculinas e femininas das múltiplas existências pretéritas. Esta realidade psíquica profunda pertence à sua personalidade integral. Não poderá ser extraída e nem eliminada. Em verdade você manifestou esse desejo afetivo, com naturalidade (ou seja, sem esforço de sua vontade), os impulsos psicossexuais femininos (atração afetiva por homem), vazados de seu inconsciente. Estes impulsos psíquicos femininos, expostos na forma de desejo afetivo, estão a demonstrar que não estão muito sobrecarregados em seu psiquismo; daí, o seu poder de controle através da vontade, podendo dominá-los relativamente, direcionando seus impulsos afetivo-sexuais para o sexo oposto, em quem deposita certa afinidade e simpatia.
Não se esqueça de que os impulsos psicossexuais femininos estão totalmente arquivados na subconsciência e poderão emergir mais cedo ou mais tarde, detonando desejos sexuais por outros homens. Em inúmeras vidas passadas, manifestamos desejos sexuais, amor possessivo e afeto intenso por muitos homens e por muitas mulheres. Muitos desses impulsos afetivo-sexuais encontram-se qual braseiro vivo debaixo das cinzas de nosso consciente, vindo à tona ao leve sopro dos ventos das paixões. Poderão, sim ou não, aflorar em nossa afetividade sexual, contudo continuarão arquivados no inconsciente profundo. São recursos psíquicos que fazem parte da personalidade espiritual.
Assim me expresso porque nós não conhecemos perfeitamente o nível do reservatório de reflexos psicossexuais masculinos e femininos que detemos em nós.
Fique sempre alerta para com seu mundo emotivo-sexual e cuide de administrar com razão e compreensão, lucidez e sensatez a diversidade de impulsos sexuais que lhe são próprios. Todos nós, humanos, somos espíritos que apresentam a bissexualidade, não no sentido biofisiológico, mas no contexto do nosso psiquismo de profundidade.

27. Tenho vida sexual ativa com pessoa do sexo oposto, o que me dá enorme prazer. Porém sinto atrações momentâneas por pessoas do mesmo sexo, o que corto imediatamente. Isto é comum no ser humano ou eu posso considerar-me bissexual? Existem homens que nunca sentem atrações por outros homens?
Você expôs um sintoma psíquico muito verdadeiro na mente de boa parte das pessoas as quais não têm coragem de revelá-lo, com receio da análise de seu inconsciente, titulando-o de homossexual. Este impulso psíquico afetivo-sexual surge em grande parte de espíritos acentuadamente masculinos, tudo porque o espírito também carrega uma certa bagagem de recursos psíquicos femininos na complexa organização mental. Trata-se do fenômeno humano da bissexualidade psicológica no contexto de nossas características psicossexuais masculinas e femininas arquivadas na mente. O espírito Emmanuel explica, com racionalidade e lógica, o complexo psiquismo sexual humano:
“A vida espiritual pura e simples se rege por afinidades eletivas essenciais; no entanto, através de milênios e milênios, o espírito passa por fieira imensa de reencarnações, ora em posição de feminilidade, ora em condição de masculinidade, o que sedimenta o fenômeno da bissexualidade [psiquismo sexual feminino e masculino], mais ou menos pronunciado, em quase todas as criaturas. O homem e a mulher serão, deste modo, de maneira respectiva, acentuadamente masculino ou acentuadamente feminino, sem especificação psicológica absoluta”. (Vida e Sexo, Francisco Cândido Xavier, lição 21, pg. 80: “Homossexualidade”, Edição FEB)
Tão somente a lei universal da Reencarnação explica com racionalidade admirável a origem do inconsciente em todo ser humano e justifica, com lógica insofismável, as intricadas manifestações conflituosas da homossexualidade e bissexualidade nos misteriosos escaninhos da organização mental de grande percentagem de criaturas em todo o mundo.

28. Tenho 17 anos, sou espírita e tenho um amigo da mesma idade que eu (conheço-o desde os sete anos). Ele é homossexual e relaciona-se com um homem de 51 anos. Mas essa não é a minha preocupação. Eu não tenho problema com o fato de ele ser homossexual e namorar. Queria saber se o fato de eu não ter nenhum problema com isso é de alguma forma algo fora dos ensinamentos da Doutrina Espírita. E, se for, como eu deverei agir em relação a ele?
Você está agindo com naturalidade, diante do amigo que pratica a homossexualismo.
Aos 17 anos, ele já adota o homossexualismo de forma declarada, sem procurar escondê-lo de familiares, amigos e da sociedade. Conviva com esse amigo da melhor maneira possível, sem desapontamento, sem criticar hábitos, sem exigir melhor comportamento, sem zombarias à maneira de ser, sem desrespeito à pessoa dele. Cada espírito deve viver dentro de seu próprio livre arbítrio, e não devemos interferir na sua vida. Não cabe a você a iniciativa de querer modificar a conduta, os gostos, os costumes, a sexualidade, os hábitos diferentes dele.
Seja-lhe amigo leal, irmão compreensivo, colega alegre e companheiro sincero. Procure ser o autêntico espírita, usando a razão esclarecida que produz os frutos do discernimento e da prudência, e o coração bondoso e misericordioso que frutifica o amor purificado. Você não tem nada a perder, sendo amigo e humano, bom e compreensivo!

29. É correto os pais tentarem fazer de tudo para o filho mudar sua "opção" sexual? Regressão e terapia de vidas passadas poderiam resolver?
Os pais, quando deparam com tendências homossexuais, no filho, naturalmente ficarão perplexos, chocados e traumatizados. Sentem-se abalados emocionalmente, indecisos uns, revoltados outros – dependendo da estrutura psicológica e estrutura moral de cada pai e de cada mãe. Não sabem o que fazer e como se comportar diante da embaraçosa problemática.
É desafio bem grande aos corações das mães e ao entendimento dos pais para enfrentarem o problema cujas causas não são bioquimiofísicas. Em verdade, são causas psíquicas, que se originam no campo mental do ser e que na maioria dos casos se revelam a partir da infância e da pré-adolescência. Os filhos homossexuais de classes menos abastadas são aceitos com mais naturalidade pelos pais mais sofredores. Estes, com menos recursos econômicos, pouca cultura intelectual e menos preocupações com a opinião da sociedade, não têm muito o que indagar, discutir e criar problemas com médicos e psicológicos. Eles vão com o tempo, tomando o seu rumo, sem muita exigência e controle dos pais, fazendo a sua própria vida, criando sua própria identidade psicológica e partindo para sua vida particular.
Os filhos homossexuais de classe média e rica, devido às facilidades financeiras, são levados aos consultórios médicos de orientação neurológica e psicológica, onde os genitores recebem fartas explicações, facilitando seu entendimento e aliviando sua carga de preocupação perturbadora. Algumas vezes, tais filhos são internados em clínicas especializadas para tratamento com psicoterapias específicas, tendo o objetivo de trabalhar o mundo psicológico, os impulsos psicossexuais e tendências afetivas. Visam estes tratamentos a direcionar o seu mundo afetivo-sexual, para alcançar a disciplina das idéias de identidade opostas à função corporal, a contenção dos desejos sexuais, o controle das emoções exaltadas, o reequilíbrio da afetividade descontrolada, a moderação nas vestes e simplicidade nos gestos.
Alguns pais, desejosos de resolver os transtornos psicossexuais do filho, tentam a Terapia de Regressão a Vidas Passadas, com o intuito de desvendar as origens dessas anomalias espirituais, objetivando aliviar suas causas e destruir os seus efeitos danosos na personalidade da criança e do jovem. São tentativas reparadoras bastante respeitáveis, bem saudáveis e de solução muito relativa. Essas terapias realmente interferem no mundo psicológico do paciente, promovendo algumas mudanças em sua conduta, atitudes e comportamento, contudo tal ação psicológica não vai modificar a imensa estrutura complexa do inconsciente no espírito do filho em tratamento. O espírito acha-se sobrecarregado de energias psicossexuais provindas de infelizes experiências sexuais intensamente vividas em vidas passadas.
As terapias ajudam no retemperamento dos desejos, emoções e da afetividade, trabalhando o consciente e a psicologia sexual do filho. Que os pais e mães responsáveis e amorosos aprendam a lidar com a problemática, crescer na aceitação esclarecida, a bem relacionar-se afetivamente e a conviver de maneira pacífica com os impulsos e manifestações da complexa alma do filho.

30. Como o Espiritismo vê a questão da adoção de crianças por um casal homossexual? É permitida?
Veja bem, meu amigo, não cabe ao Espiritismo avaliar as ações das pessoas e normatizar a conduta de cada um, com tolher seu livre arbítrio, aprisionar o seus sentimentos ou amedrontar a sua iniciativa. Isto o Espiritismo não faz. Ele não é a doutrina de censura e condenação, exigência e banimento da sociedade religiosa por seu comportamento estranho ou indecoroso.
Ensina e explica as leis morais divinas, as leis espirituais, a condição real de cada espírito em seu grau evolutivo e oferece, com sabedoria e amor, as luminosas coordenadas libertadores para a criatura aprender a se comportar da melhor maneira possível – primeiro, consigo mesma: mente e corpo; depois, com o seu próximo mais próximo.
Na verdade, já existem, muitos casais de homossexuais que querem sair do enorme peso da solidão afetiva e fugir da desagradável sensação de inutilidade dentro de casa, adotando de forma legal uma criança e cuidam dela com amor, respeito e carinho. Nós, os espíritas, que ansiamos por aprender, seguir e praticar as lições de amor do Amado Mestre Jesus, devemos ver com os olhos do coração evangelizado: compreender e saber conviver com essa nova realidade, sentirmo-nos felizes pela criança que é amada, protegida, assistida, orientada e educada, por um casal homossexual responsável.

31. O que fazer, quando você ministra aulas de Evangelização (Departamento de Infância e Juventude - DIJ) e detecta que existe jovem com problemas de homossexualismo? Como conduzir essa situação?
Podemos encontrar-nos com pessoas de personalidade homossexual em todos os lugares e situações. No centro espírita também!
O evangelizador da criança ou o coordenador de grupo de jovens não podem ficar desapontados, horrorizarem-se, sentirem-se contrariados ou ficarem desagradados, quando se deparam com jovens que manifestam sintomas psicossexuais de inversão. Pense e medite: não caberá a você a
responsabilidade de resolver a problemática sexual de seu aluno. Você está relacionando-se com um jovem, está convivendo bem de perto com a problemática e deseja fazer alguma coisa. Essa atitude é boa, é cristã, mas devemos ter muito cuidado. Seu dever maior será compreendê-lo, amá-lo, respeitá-lo, considerá-lo. Não queira modificá-lo ministrando com simples palavras evangélicas os reflexos psicossexuais que estão sendo acumulados, há séculos, na sua estrutura mental. Toda atitude para modificar esses jovens será violência, pressa e desrespeito à sua personalidade espiritual.
Cumpra seu dever de orientador espírita da juventude com muito amor fraternal e alegria de servir em nome de Jesus.
Se acontecer desrespeitos e zombarias por parte dos colegas da classe, busque trazer para o estudo em grupo assuntos doutrinários pertinente ao Evangelho, que explica com clareza e beleza o valor das virtudes morais: a compreensão, o respeito, a compaixão, a indulgência, a humildade que compete a todo espírita exemplificar.
Estude com seriedade e constância os assuntos de sexualidade nas obras espíritas e ministre aulas bem dialogadas para todos os alunos. Aplique o processo psicoafetivopedagógico dedicando carinho e amor para realmente bem orientar seus evangelizandos. Que todos aprendam com a fé racional e o amor espiritualizado como enfrentarem os seus próprios desafios e problemas na esfera da sexualidade.

32. Um homossexual que vivencia a prática sexual poderá ser um médium passista, sem abdicar de seus relacionamentos afetivo-sexuais?
Esta problemática é deveras bem complicada, de difícil entendimento e aceitação nos grupos espíritas. Não estamos na casa espírita para sermos fiscais da conduta alheia, transformando-nos em censores implacáveis do comportamento emocional dos outros. O comportamento religioso radical, na verdade é muito sentimento de fanatismo sem conteúdo de compreensão, amor e fraternidade.
Muitos grupos religiosos têm prática bem rigorosa e condenatória para com as pessoas que apresentam problemas afetivos, sexuais, conjugais. São indiciados, julgados e banidos do templo. Os grupos espíritas, cujos membros apreciam a rigorosidade na conduta, o endurecimento do coração e a inflexibilidade nas normas do grupo não sabem conviver com esses irmãos homossexuais. Estes podem receber sentimentos de antipatia e serão afastados e banidos por força do cochicho, da fofoca, da maledicência e do isolamento proposital dos espíritas severos. Nós, espíritas, que desejamos ser cristãos, não podemos tomar a atitude infeliz de juizes implacáveis. Conheço grupos espíritas que convivem de maneira pacífica, ordeira e respeitosa com casais homossexuais, que participam das atividades de estudo, assistência fraterna, práticas mediúnicas e pregações doutrinárias.
Os irmãos homossexuais, como qualquer ser humano, têm todo o direito de participar das atividades do grupo espírita, mesmo que estejam na condição de casais. Devem ser respeitados como qualquer ser humano, têm o pleno direito de ser expositores doutrinários, médiuns psicofônicos, médiuns passistas, evangelizadores de criança, trabalhadores da assistência a famílias carentes.
O que não podemos aceitar na casa espírita são os abusos de conduta, os arroubos da afetividade amorosa, vestuário desrespeitoso a ferirem os bons costumes e a harmonia emocional do grupo.
Se esses casais convivem em união pacífica e serena, se trabalham com amor e dedicação, se não provocam escândalos, e nem se atiram a aventuras de conquista amorosa dentro do centro espírita, podem muito bem trabalhar em todas as atividades.
A casa espírita é casa de Jesus para convivência fraternal de muito amor com todos os irmãos, muito especialmente com aqueles que carregam pesadas e dolorosas cargas provacionais do coração e da mente.

33. Entre os animais, existe homossexualidade?
Não sou especialista neste assunto, nunca li nada a respeito da homossexualidade entre os animais, contudo, há poucos dias assisti interessante reportagem no canal especializado Mundo Animal, quando estudava o comportamento sexual de um grupo de leões machos, que ficaram confinados e separados, por muito tempo, sem o contato com as fêmeas e começaram a praticar o homossexualismo. Estes leões não tendo nenhuma leoa no grupo, quando o instinto sexual se manifesta muito forte , talvez o leão líder passe a procurar por instinto algum companheiro mais fraco que possa fazer as vezes da fêmea e, se consegue esta violência física sexual, todos os demais copiam o líder na prática do homossexualismo. Estou formando uma interpretação pessoal dentro de minha pobre compreensão do instinto animal que ainda faz parte de nosso psiquismo sexual.
Soube, por relato de particular amigo, que, conforme observou, certa vez, no galinheiro de sua casa, situação semelhante. As poucas galinhas sobreviventes a um surto de gogo [doença que ataca a língua das aves, em especial as galináceas] estavam retidas nos ninhos, em choco. Só ciscavam a terra um garboso galo e um frango bem crescido. Viu-se, então, o bravo “dono do terreiro”, por mais de uma vez, servir-se sexualmente do companheiro, quase galo, o qual, intimidado, não lhe opôs resistência. Vejamos bem, o animal possui predominante o instinto sexual. O animal macho violentado não tem desejo sexual, não desejava ser parceiro sexual de outro macho, não trazia transtornos em seu psiquismo, não tinha comprometimento com a consciência, não carrega conflitos de sentimentos: inveja, ciúme, ressentimentos, vícios; não conserva remorso por crimes perpetrados em vidas passadas. O macho violentado, devido talvez ao seu psiquismo ser mais fraco, foi escolhido, dominado e submetido ao poder sexual truculento do grupo.
O homossexualismo entre os animais, acredito tenha origem numa condição especial de vida dos animais machos e não uma problemática biológica e muito menos psíquica deles. É uma espécie de possessão animal coletiva do instinto sexual do macho, qual a fúria do canibalismo. Enfim, pelo acima exposto, tudo leva a crer que os animais machos não são homossexuais por natureza.

34. Por que a homossexualidade está virando uma opção tão normal em nossos dias?
O fenômeno da homossexualidade vigora no psiquismo humano há milênios. Temos notícia dela junto ao povo hebreu, na Grécia antiga, no grande Império Romano, nas cidades antigas de Babilônia, Sodoma e Gomorra e muitas outras.
Na atualidade, a população mundial cresceu assustadoramente, os novos costumes transformaram as sociedades humanas, a cultura, antes muito fechada, tornou-se popular e globalizada, a imprensa escrita, falada, televisiva e o cinema propagaram todos os vícios e maus comportamentos. Hoje em dia, há muitos livros científicos e de educação sobre sexualidade.
O direito social de liberdade hoje é quase mundial, as pessoas estão tendo o direito e a liberdade de manifestar suas opiniões, praticar os seus gostos e pendores, viver a sua sexualidade com mais liberdade do que há algum tempo.
O século XX sofreu profundas transformações no campo da liberdade sexual, a partir de 1970, com expressão mundial, e essa expansão libertária do instinto, continua invadindo os países orientais de religião ortodoxa, tirânica e absolutista que persegue, proíbe e pune severamente os homossexuais. Hoje em dia, a liberdade dos homossexuais já está muito boa, principalmente nos países ocidentais. Eles não têm tanto medo, pavor e vergonha como tinham os homossexuais, há alguns decênios ou séculos. Hoje em dia, há muito mais livros científicos e de educação sobre a sexualidade humana. O tema é diário de estudos, debates e reportagens nas revistas, jornais, programas de televisão, peças de teatro, estudos nas igrejas, debates nas escolas e faculdades.
Os homossexuais criaram sérias associações que, ao longo do tempo, se transformaram em instituições gigantes, que atuam na sociedade, nas leis jurídicas e até mesmo nos governos, trazendo proteção e orientação, segurança e benefícios para eles. Nos dias atuais, vivem com espontaneidade, com relativa liberdade, usando vestimentas especiais, andando alegres nas ruas namorando, vivendo em lares como casais, promovendo movimentos culturais, grandes festas e enormes passeatas com participação das massas; chamando a atenção de toda a sociedade para o respeito às suas condições psíquico-emocionais e costumes diferentes de viver, de amar e de ser feliz.
A bibliografia sobre a temática sexual à luz do Espiritismo, por enquanto, ainda é pequena. Relacionamos algumas obras:
1 – Vida e Sexo, Emmanuel – Francisco Cândido Xavier, edição FEB.
2 – Sexo e Destino, André Luiz – Francisco Cândido Xavier, edição FEB.
3 – Sexo e Evolução, Walter Barcelos, edição FEB.
4 – No Mundo Maior, André Luiz - Francisco Cândido Xavier, cap. 11: “Sexo”, edição FEB.
5 – Outra Face do Sexo, Emídio Brasileiro/Marislei Brasileiro, AB Editora
6 – Sexualidade à luz da Doutrina Espírita, Américo Domingos Nunes Filho, Edição CELD.

35. Qual mensagem daria a tantos irmãos e irmãs que passam pela dura prova (ou
expiação) da homossexualidade?
Primeiramente, congratulo-me com os responsáveis pelo Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo, por este belo trabalho de ENTREVISTA VIRTUAL para a promoção de estudos, debates e a divulgação de temas doutrinários espíritas, beneficiando o grande público que merece todo o nosso respeito, simpatia e admiração.
Desejo aos nossos irmãos que passam pela experiência da homossexualidade que estudem a temática segundo o Espiritismo com seriedade, atenção e amor, a fim de aprenderem a conhecer as verdades espirituais, a penetrarem com maior facilidade nos escaninhos de seu próprio inconsciente, conhecendo-se com a claridade da razão iluminada, buscando disciplinar-se e educar-se, aprimorar-se e crescer no amor incondicional para a vida afetivo-sexual mais feliz em espírito e verdade: onde estiverem, como estiverem, com quem estiverem, sabendo administrar, controlar, dominar e usar com grandeza de alma e de coração as forças sexuais da alma.
Muita paz em seus bondosos corações!


Fonte: http://www.cvdee.org.br

O Médium e o Estudo

  - O Médium e o Estudo


"Que o médium que não sinta com forças de perseverar no ensino espírita se abstenha, pois, não tornando proveitosa a luz que o esclareceis, será mais culpado e terá de expiar a sita cegueira."
Pascal - "O Livro dos Médiuns ", Allan Kardec, cap. XXXI - Dissertação nº 13

Toda empresa humana responsável exige de seu operário que seja esforçado e atencioso, que estude sempre e aprenda continuadamente para se desenvolver, adquirindo competência e eficiência. Da mesma forma, o Espiritismo isto espera de seus profitentes

A Doutrina Espírita não alimenta ilusões nem fantasias de menor esforço para nenhum adepto, muito menos para aqueles que pertencem ao quadro de trabalhadores efetivos. No trecho em referência, o espírito Pascal em outras palavras quer nos dizer: ao médium que não se interessar pelo conhecimento da Doutrina Espírita, melhor será para ele abster-se da prática medianímica, ou seja, que paralise suas atividades, porque assim estará se isentando de cometer absurdos doutrinários, por permanecerem voluntária cegueira espiritual.

Não se justifica nenhum médium ficar longo período da vida em estado de ignorância doutrinária e estagnação moral, pois necessita alcançar a posição respeitável de bom instrumento psíquico afinado com as notas divinas da Doutrina dos Espíritos, para agir proveitosamente, tirando o máximo de crédito e lucros espirituais.

O médium espírita não poderá contar somente com a luz de seus guias espirituais. Indispensável conquistar sua própria luz interior, porque o guia nem sempre estará de sentinela, protegendo-o e livrando-o das dificuldades e tentações. Como manter o médium a sintonia mental elevada, a inspiração superior e a intuição construtiva, se pouco se interessa pelo estudo sério e aprofundado do Espiritismo, muito especialmente as obras de Allan Kardec? Como amar uma doutrina que muito mal conhece? O espírito Emmanuel no livro "O Consolador", na questão n° 392, afirma, quanto ao dever de todo medianeiro espírita:

"O médium tem obrigação de estudar muito, observar intensamente e trabalharem todos os instantes pela sua própria iluminação".

Quem serão esses médiuns? Obviamente, são todos aqueles engajados na casa espírita, principalmente das equipes de desobsessão, trabalho de passes, tratamento e cura espirituais.

Aqueles que se destacam pela sua força mediúnica e faculdades psíquicas avantajadas deveriam, com maior devotamento, se entregar à sagrada obrigação de estudar com mais seriedade e disciplina as obras espíritas, pois estão se posicionando como orientadores da multidão e aglutinadores das atenções para o Espiritismo.

No contato com dirigentes de centros espíritas, conversando sobre grupos mediúnicos, chegamos à conclusão de que diminuta é a percentagem de medianeiros que verdadeiramente gostam de estudar e aprender manuseando, principalmente, as obras básicas do Espiritismo.

Na atualidade, o médium espírita precisa estudar Kardec com método e perseverança, seja em particular - em sua residência - ou em equipe, principalmente na casa espírita, na forma de "Círculo de Estudos", onde encontrará a luminosa oportunidade de dialogar, debater, opinar, ouvir diversas interpretações e dar também o seu entendimento, tudo dentro de um ambiente fraterno e familiar, promovendo luzes de verdade para todos.

Os médiuns que não gostam de estudar a Doutrina estão numa posição muito estranha, porque desejam servir com os espíritos da luz para consolar e esclarecer multidões de criaturas ignorantes, sendo que, por sua vez, permanecem com o cérebro embotado ao discernimento kardequiano. Os médiuns levianos fogem do esclarecimento espírita, alegando:

"Eu gosto mesmo é de trabalhar na mediunidade e ajudar os que mais sofrem, enfim fazer a caridade que Jesus nos ensinou. Não gosto da teoria! É muita falação! Eu prefiro a prática!

O que conheço de Espiritismo, somado à minha experiência, já é o bastante. Não preciso de mais estudo. Estudar muito a Doutrina perturba minha mente e o meu trabalho".

Quanto de presunção e de vaidade encontramos nestas palavras saídas da boca de médiuns orgulhosos!

Devido aos médiuns, em grande maioria, não buscarem a pureza dos ensinos kardecistas, encontramos com facilidade por toda parte, centros espíritas realizando trabalhos mediúnicos os mais absurdos e exóticos, com absoluta ausência de disciplina, discernimento e prudência tão apregoados por Allan Kardec.

Alguém poderá indagar: Por que o bom médium precisa estudar, se ele sempre está com os mentores espirituais? Responderemos: Naturalmente, porque ele não é uma criatura infalível e nem possui privilégios e proteção especial dos Espíritos Superiores. O médium espírita é um aprendiz como qualquer outro companheiro de fé; um aluno necessitado de se iluminar constantemente; um discípulo chamado a conquistar as virtudes cristãs; um canal mediúnico sujeito a receber e aceitar tanto a inspiração de entidades benfazejas como das inteligências perversas e mistificadoras, dependendo sempre da direção e uso que dê à sua força mediúnica.

O estudo sério nunca perturbou ou fez adoecer pessoa alguma. Sendo assim, o médium precisa amar mais a Doutrina Espírita, estudando-a com prazer e disciplina, aplicação e perseverança.

("Mediunidade e Discernimento")

Walter Barcelos

MUITO MAIS QUE PROFETA


“Convém que ele cresça e que eu diminua.”
(João, 3:30)
Foi João Batista um dos mais destacados médiuns do passado. Sua atuação foi das mais marcantes, principalmente pela circunstância de ter sido o precursor do
advento de Jesus Cristo.
O Mestre corroborou esta assertiva quando disso: “entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João” (Lucas, 7: 28), deixando transparecer a importância da vinda do Batista à Terra e o caráter singular da sua missão.
O filho de Zacarias, a exemplo de Jesus, era manso e tolerante para com os humildes e os desajustados, e enérgico e incisivo para com os orgulhosos e hipócritas.
Os escribas e fariseus eram, no dizer do Cristo, “os cegos que não queriam ver e os surdos que não queriam ouvir”. Palavras de brandura certamente não lhes tocavam os corações, Estas tinham que ser fortes, severas e veementes.
Exclamou João, quando alguns escribas e fariseus foram atraídos às margens do Rio Jordão, buscando as vantagens espirituais que ele oferecia: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira porvindoura? Produzi, pois, frutos dignos do arrependimento, e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão: porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.
Os escribas e fariseus procuravam João mais por temor da influência espiritual que o Batista pudesse exercer do que propriamente porque estivessem contagiados pelas verdades por ele apregoadas.
A prisão de João foi também motivada pelo seu extremado zelo em salvaguardar os bons princípios de moral. Verberando publicamente o procedimento do rei Herodes, o seu arrojo lhe valeu a prisão e conseqüentemente a degolação. Em todos os tempos, todos os grandes missionários que ousaram atacar frontalmente a mentira e os interesses mais imediatos dos potentados, tiveram como resposta a
espada, a cruz ou a fogueira.
A mais apoteótica afirmação do valor e da importância da missão desempenhada pelo Batista, partiu do próprio Jesus, quando obtemperou: Que saístes a ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Que saístes a ver? Um homem vestido de roupas finas? Os que se vestem bem e vivem no luxo assistem nos palácios dos reis. Sim, que saístes a ver? Um profeta? Sim, eu vos digo, e muito mais que profeta.
João não era um caniço agitado pelo vento dos interesses humanos, curvando para um lado ou para outro, ao sabor das conveniências dos grandes da Terra.

Ele foi mais que profeta, porque foi o precursor da vinda de Jesus Cristo. As antigas profecias já rezavam, no tocante à sua missão: Eis aí envio diante da tua face o meu mensageiro, o qual preparará o teu caminho diante de ti. — Voz do que clama no deserto; Endireitai o caminho do Senhor. — Eis que eu vos envio o profeta Elias, antes que venha o dia grande e terrível do Senhor (Malaquias, 4:6).
As profecias asseveravam que um anjo viria na frente do Mestre, com as virtudes de Elias. Como a virtude não se transfere, mas é inerente a quem a tenha conquistado, é óbvio que João foi a reencarnação de Elias, o que é confirmado por Jesus quando descia do Monte Tabor: De fato Elias virá e restaurará todas as coisas.
Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com
ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer nas mãos deles. Então os discípulos entenderam que lhes falara a respeito de João Batista
(Mateus, 17:9).
A missão de João foi algo mais que um roteiro de profecias, pois, conforme assevera Lucas, no Capítulo 3, versículo 9, do seu evangelho: E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda árvore, pois, que não produz bom fruto, é cortada e lançada ao fogo. O Batista veio para colocar o machado na raiz da árvore de um sistema religioso impregnado de imperfeições e tradições inócuas, sistema esse
representado pela velha religião judaica.
Dizia Jesus: Na cadeira de Moisés se assentaram os escribas e os fariseus.
Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Se os escribas e fariseus não praticavam as boas obras é lógico que o machado do qual falava o Batista estava colocado de modo a derrubar “essas árvores”, para que em seu lugar fosse lançada a semente da Boa Nova revelada pelo Nazareno.
Foi João o primeiro profeta (médium) do Cristianismo, e o seu advento entre os homens traduz bem a extensão do amor de Deus para com todas as criaturas. Tanto o precursor que foi João, como o próprio Cristo, pagaram com a vida, pela espada ou pela cruz, a ousadia de trazerem ao gênero humano uma mensagem de amor e luz.

Livro: Os Padrões Evangélicos
Paulo Alves de Godoy

MAIOR QUE SALOMÃO. . .


“E eis aqui está quem é maior do que Salomão.”
(Lucas, 11:31)
Nínive era uma cidade cuja população vivia subvertida pela imoralidade e desregramentos de toda a sorte.
Um Espírito do Senhor apresentou-se ao médium Jonas e ordenou-lhe que fosse lançar uma advertência à sua população. Jonas obedeceu, e, visando a cidade, conclamou os seus habitantes a interromperem a prática daqueles atos escândalos, sugerindo que todos elevassem rogativas a Deus, suplicando-lhe que poupasse Nínive de uma eventual destruição.
Dizia então o médium: “Quem sabe se Deus mudará os seus desígnios e desistirá de destruir a cidade”.
O povo de Nínive aceitou a admoestação de Jonas e se penitenciou, segundo os
costumes da época, vestindo-se com sacos e assentando-se na cinza, prometendo não
mais reincidirem no erro.
Em face dessa atitude da população, Deus poupou a cidade, uma vez que ele está sempre pronto a dar novas oportunidades a seus filhos.
O médium Jonas, vendo que a cidade não fora destruída, ficou ressentido.
Segundo o seu modo de pensar passaria aos olhos da população de Nínive como
autêntico falso profeta. Essa situação levou-o a lastimar-se amargamente de ter assumido aquela incumbência.
Retirando-se, edificou uma cabana e abrigou-se nela, na expectativa de uma
reconsideração dos Céus. Pensava ele que, devido ao seu modo de pensar e ao seu
protesto, Deus voltaria atrás em seus propósitos e destruiria a cidade, dando
autenticidade às suas palavras e evitando que passasse aos olhos dos ninivitas como
embusteiro e mentiroso.
Os Espíritos do Senhor, diante desse mesquinho capricho de Jonas, resolveram propiciar-lhe um edificante ensinamento: fizeram brotar perto da cabana de Jonas uma aboboreira, a qual, crescendo, cobriu-a, produzindo agradável sombra.
Esse fato causou grande satisfação a Jonas, o qual passou a nutrir afeição pela
planta. Entretanto, logo surgiu um bichinho que cortou a aboboreira perto da raiz e ela secou-se.
Logo surgiu um sol causticamente que fez com que Jonas desmaiasse. O profeta insurgiu-se contra os Céus, protestando contra aquele ato de fazer secar a planta que o resguardava do sol.
Nisso os Espíritos do Senhor lhe ponderaram: “Tiveste compaixão da aboboreira, que surgiu sem lhe dar qualquer trabalho e para cuja efêmera vida nada fizeste. E acha razoável que Deus não tenha compaixão da grande cidade de Nínive, cuja população soma cento e vinte mil almas, sem contar os animais, e cujos
habitantes não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua esquerda?”
O ponto alto desta passagem do Velho Testamento foi o fato de ter o povo de Nínive aceitado a advertência de Jonas e se encaminhado para a reforma, a ponto de evitar a destruição da cidade. Aproveitou Jesus essa ocorrência a fim de pôr em confronto a maleabilidade do povo de Nínive e o endurecimento do povo de Israel.
Os israelitas esperavam um Messias, entretanto o queriam nos moldes vaticinados por Moisés — “Um profeta igual a mim”. Um Cristo guerreiro e conquistador igual a Moisés e a Davi. Um Cristo que levasse a dor e a destruição a todos os povos que não comungassem com os ideais monopolistas dos escribas e
fariseus.
Quando surgiu um Cristo dócil, meigo, amoroso, fraternal, combatendo a
guerra e o ódio, os israelitas o repeliram. Passaram a exigir comprovações! Queriam
sinais. Aquele não era o Messias que eles aguardavam.
Mas o Mestre não quis dar-lhes outros sinais senão os que estava dando. Por isso exclamou: “Maligna é esta geração, ela pede um sinal; e não lhe será dado outro sinal, senão o sinal do profeta Jonas”.
O endurecimento do povo de Israel foi posto em confronto com o do povo de Nínive. Os ninivitas aceitaram Jonas e ali estava quem era maior do que Jonas.
O coração empedernido do povo de Israel repeliu o Cristo e o levou ao Calvário, apesar de ter dado ele a mais patente demonstração da sua autoridade, a despeito de enquadrar-se perfeitamente nos vaticínios de todos os antigos profetas e de estar produzindo fatos espantosos de curas de todos os matizes, de pleno
conhecimento de toda a cidade de Jerusalém.
O Mestre, por si só, era um sinal. Preenchia tudo aquilo que dele estava escrito.
Expulsava maus Espíritos, curava cegos, limpava leprosos e fazia levantar os paralíticos, e, além disso, discorria sobre a excelência do Reino de Deus. Nem assim conseguiu abalar o preconceito e o falso zelo religioso dos escribas, dos fariseus e do sumo sacerdote.
Na atualidade os homens ainda persistem na recalcitrância, não aceitando os sinais propiciados pelos Evangelhos, continuando a aguardar o advento de um Cristo moldado segundo os figurinos das velhas teologias: um Cristo intolerante, unilateral e eivado de imperfeições.
O Consolador prometido, novo sinal dos Céus, já está entre nós, personificado no Espiritismo, e com a missão primária de restabelecer todos os ensinamentos de
Jesus Cristo em seus devidos lugares.
A mensagem do Espírito de Verdade está em pleno processo de implantação na Terra e assim como “o Espírito sopra onde quer e nós não sabemos de onde vem e nem para onde vai”, segundo o dizer judicioso de Jesus a Nicodemos, essa mensagem fará com que a Humanidade descortine novos horizontes, fato novo que fará com que ele se liberte do jugo do fanatismo, dos dogmas e dos formalismos da letra que mata.
E, assim como: “a rainha de Sabá veio dos confins da Terra para apreciar a sabedoria de Salomão”, e a população de Nínive ouviu a advertência do profeta
Jonas, torna-se imperioso que demos guarida aos ensinamentos de Jesus, que é muito
maior do que Jonas e que Salomão.
Não aconteça que “os homens de Nínive” se levantem para também julgar esta
geração, pela sua inépcia e falta de assimilação dos preceitos evangélicos, contidos as
verdades reveladas há quase vinte séculos.

Os padrões Evangélicos
Paulo Alves de Godoy

Conhecendo o Livro Céu e o Inferno " Criminosos Arrependidos" parte 5: ..."Não posso acreditar que, no mundo dos Espíritos, a dor diminua pouco a pouco à força de hábito. Não. O que eu depreendo é que as vossas preces salutares me aumentaram as forças, de modo que, pelas mesmas dores, com mais resignação, eu menos sofro..."

JACQUES LATOUR
(Assassino condenado pelo júri de Foix e executado em setembro de 1864)
Em reunião íntima de sete a oito pessoas, havida em Bruxelas a 13 de setembro de 1864 e à qual assistíamos, foi pedido a um médium que tomasse do lápis, sem que aliás houvéssemos feito qualquer evocação especial.
Possuído de extraordinária agitação, ei-lo a traçar caracteres muito grossos, e depois, rasgando o papel,
exclama:
“Arrependo-me! arrependo-me! Latour!”
Surpreendidos com a inesperada comunicação, de modo algum provocada, visto como ninguém pensara nesse infeliz, cuja morte até então era ignorada por uma parte dos assistentes, dirigimos ao Espírito palavras de conforto e comiseração, fazendo-lhe em seguida esta pergunta:
— Que motivo vos levou a manifestar-vos aqui, de preferência a outro lugar, quando não vos evocamos?
Responde o médium de viva voz:
Vi que, almas compassivas, teríeis piedade de mim, ao passo que outros ou me evocavam mais por curiosidade que por caridade, ou de mim se afastavam horrorizados.”
Depois começou por uma cena indescritível que não durou mais de meia hora. O médium, juntando os gestos e a expressão da fisionomia à palavra, deixava patente a identificação do Espírito com a sua pessoa; às vezes, esses gestos de cruel desespero desenhavam vivamente o seu sofrimento;
o tom da sua voz era tão compungido, as súplicas tão veementes, que ficávamos profundamente comovidos. Alguns estavam mesmo aterrorizados com a superexcitação do médium, mas nós sabíamos que a manifestação de um  ente arrependido, que implora piedade, nenhum perigo poderia
oferecer. Se ele buscou os órgãos do médium, é que melhor desejava patentear a sua situação, a fim de que
mais nos interessássemos pela sua sorte, e não como os Espíritos obsessores e possessores, que visam apoderar-se dos médiuns para os dominarem. Tal manifestação lhe fora talvez permitida não só em benefício próprio, como também para edificação dos circunstantes.
Ei-lo a exclamar:
“Oh! sim, piedade... muito necessito dela... Não sabeis o que sofro... Não o sabeis, e não podereis compreendê-lo.
É horrível! A guilhotina!... Que vale a guilhotina comparada a este sofrimento de agora? Nada! — é um instante. Este fogo que me devora, sim, é pior, porque é uma morte contínua, sem tréguas nem repouso... sem-fim!... E as minhas vítimas, ali estão ao redor, a mostrar-me os ferimentos, a perseguir-me com seus olhares...
“Aí estão, e vejo-as todas... todas... sem poder fugir- -lhes! E este mar de sangue?! E este ouro manchado de sangue?! Tudo aí está... tudo... e sempre ante meus olhos! E o cheiro de sangue... Não o sentis? Oh! Sangue e sempre sangue! Ei-las que imploram, as pobres vítimas, e eu a feri-
-las sempre... sempre... impiedosamente!... O sangue inebria-
-me... Acreditava que depois da morte tudo estaria terminado, e assim foi que afrontei o suplício e afrontei o próprio Deus, renegando-O!... Entretanto, quando me julgava aniquilado para sempre, que terrível despertar... oh! sim, terrível, cercado de cadáveres, de espectros ameaçadores, os pés
atolados em sangue!!... Acreditava-me morto, e estou vivo!
Horrendo! horrendo! mais horrendo que todos os suplícios da Terra! Ah! se todos os homens pudessem saber o que há para além da vida, saberiam também quanto custam as conseqüências do mal! Certo não haveria mais assassínios, nem criminosos, nem malfeitores! Eu só quisera que todos os assassinos pudessem ver o que eu vejo e sofro...
“Oh! então não mais o seriam, porque é horrível este sofrimento! Bem sei que o mereci, oh! meu Deus, porque também eu não tive compaixão das minhas vítimas; repelia as mãos súplices quando imploravam que as poupasse...
Sim, fui cruel, decerto, matando-as covardemente para roubá-las! E fui ímpio, e fui blasfemo também, renegando o vosso sacratíssimo Nome... Quis enganar-me, porque eu queria persuadir-me de que Vós não existíeis... Meu Deus, eu sou grande criminoso! Agora o compreendo. Mas... não tereis piedade de mim?... Vós sois Deus, isto é, a bondade, a misericórdia! Sois onipotente! Piedade, Senhor! Piedade!
Eu vo-lo peço, não sejais inexorável; libertai-me destes olhares odiosos, destes espectros horríveis... deste sangue... das minhas vítimas... olhares que, quais punhaladas, me varam o coração.
“Vós outros que aqui estais, que me ouvis, sede bondosos, almas caritativas. Sim, eu o vejo, sei que tendes piedade de mim, não é verdade? Haveis de orar por mim...
“Oh! eu vo-lo suplico, não me abandoneis como fiz outrora aos outros. Pedireis a Deus que me tire este horrível espetáculo de ante os olhos, e Ele vos ouvirá porque sois bons... Imploro, orai por mim.”
Os assistentes, sensibilizados, dirigiram-lhe palavras
de conforto e consolação. Deus, disseram-lhe, não é inflexível; apenas exige do culpado um arrependimento sincero, aliado à vontade de reparar o mal praticado. Uma vez que o vosso coração não está petrificado e que lhe pedis o perdão dos vossos crimes, a sua misericórdia baixará sobre vós.
Preciso é, pois, que persevereis na boa resolução de reparar o mal que fizestes. Certo, não podeis restituir às vítimas as vidas que lhes arrancastes, mas, se o impetrardes com fervor, Deus permitirá que as encontreis em uma nova encarnação, na qual lhes podereis patentear tanto devotamento quanto o mal que lhes fizestes. E quando a reparação lhe parecer suficiente, para logo entrareis na sua santa graça.
Assim, a duração do vosso castigo está nas vossas mãos, dependendo de vós o abreviá-lo. Comprometemo-nos a auxiliar- vos com as nossas preces e invocar para vós a assistência
dos bons Espíritos. Vamos pronunciar em vossa intenção a prece que se contém em O Evangelho segundo o
Espiritismo, referente aos Espíritos sofredores e arrependidos.
Não pronunciaremos a que se refere aos maus Espíritos, porque desde que vos arrependeis, que implorais, que renunciais ao mal, não passais para nós de um Espírito infeliz e não mau.
Feita essa prece, o Espírito continua, depois de breves instantes de calma:
“Obrigado, meu Deus!... Oh! obrigado! Tivestes piedade
de mim... Eis que se afastam os espectros... Não me abandoneis, enviai-me os vossos bons Espíritos para me sustentarem... Obrigado...
Depois desta cena o médium fica alquebrado, abatido, os membros lassos por algum tempo. A princípio, apenas tem vaga idéia do que se há passado, mas pouco a pouco vai-se lembrando de algumas das palavras que pronunciou sem querer, reconhecendo que não era ele quem falara.
No dia seguinte, em nova reunião, o Espírito tornou a manifestar-se, reencetando a cena da véspera, porém por minutos apenas, e isso com a mesma gesticulação expressiva, posto que menos violenta. Depois, tomado de agitação febril, escreveu:
“Grato às vossas preces. Experimento já uma sensível melhora. Foi tal o fervor com que orei, que Deus me concedeu um momentâneo alívio; não obstante, terei de ver ainda as minhas vítimas... Ei-las! Ei-las! Vedes este sangue?...”
(Repetiu-se a prece da véspera. O Espírito continua dirigindo- se ao médium.)
Perdoai o ter-me apossado de vós. Obrigado pelo alívio que proporcionais aos meus sofrimentos. Perdoai o mal que vos causei, mas eu tenho necessidade de me comunicar, e só vós o podeis...
“Obrigado! obrigado! que já sinto algum alívio, posto não tenha atingido o fim das provações. As minhas vítimas voltarão dentro em breve. Eis a punição a que fiz jus, mas, Deus meu, sede indulgente.
“Orai todos vós por mim, tende piedade. Latour.”
Um membro da Sociedade Espírita de Paris, que tinha orado por este infeliz, evocando-o, obteve intervaladamente as seguintes comunicações:
I
Fui evocado quase imediatamente depois da minha morte, porém não pude manifestar-me logo, de modo que muitos Espíritos levianos tomaram-me o nome e a vez. Aproveitei a estada em Bruxelas do Presidente da Sociedade de Paris, e comuniquei-me, com a aquiescência de Espíritos superiores.
Voltarei a manifestar-me na Sociedade, a fim de fazer revelações que serão um começo de reparação às minhas faltas, podendo também servir de ensinamento a todos os criminosos que me lerem e meditarem na exposição dos meus sofrimentos. É somente sobre o Espírito dos homens fracos ou das crianças que a narrativa de penas infernais pode produzir efeitos terroristas. Ora; um grande malfeitor
não é um Espírito pusilânime, e o temor de um polícia é para ele mais real que a descrição dos tormentos do inferno.
Eis por que todos os que me lerem ficarão comovidos com as minhas palavras e com os meus padecimentos, que não são ficções. Não há um só padre que possa dizer que viu o que tenho visto, porque tenho assistido às torturas dos danados. Mas, quando eu vier dizer: —“Eis o que se
passou após a minha morte, a morte do corpo; eis a minha enorme decepção ao reconhecer-me vivo, ao contrário do que supunha e tinha tomado pelo termo dos suplícios, quando
era o começo de outras torturas, aliás indescritíveis!” —então, mais de um ser estará à borda do precipício em que ia despenhar-se, e cada um dos desgraçados, desviados por mim da senda criminosa, concorrerá para o resgate das minhas faltas.
Foi-me permitido libertar-me do olhar das minhas vítimas transformadas em carrascos, a fim de comunicar
convosco; ao deixar-vos, entretanto, tornarei a vê-las e só esta idéia me causa tal sofrimento que eu não poderia descrevê-lo. Sou feliz quando me evocam, porque assim deixo o meu inferno por alguns instantes.
Orai sempre ao Senhor por mim, pedi-lhe que me liberte do olhar das minhas vítimas.
Sim, oremos juntos. A prece faz tanto bem... Estou mais aliviado; não sinto tão pesado o fardo que me acabrunha.
Vejo um resquício de esperança luzindo-me aos olhos e, contrito, exclamo: Bendita a mão do Senhor e seja feita a sua vontade!
II
O médium. — Em vez de pedir a Deus para vos furtar ao olhar das vossas vítimas, eu vos convido a pedir comigo para que vos dê a força necessária a fim de suportardes essa tortura expiatória.
Latour. — Eu preferiria livrar-me de tais olhares. Se soubésseis o quanto sofro... O homem mais insensível comover- se-ia vendo impressos na minha fisionomia, como que a fogo, os sofrimentos de minha alma. Farei, entretanto, o que me aconselhais, pois compreendo ser esse um meio de expiar um pouco mais rapidamente as minhas faltas.
É qual dolorosa operação que viesse curar um corpo gravemente adoentado. Ah! Pudessem ver-me os culpados da Terra, e ficariam apavorados das conseqüências de seus crimes, desses crimes que, ignorados dos homens, são, no entanto, vistos pelos Espíritos. Como a ignorância é fatal para tantas pessoas!
Que responsabilidade assumem os que recusam instrução às classes pobres da sociedade! Acreditam que com polícia e soldados se previnem crimes... Que grande erro!
III
Terríveis são os meus sofrimentos, porém, depois que por mim orais, sinto-me confortado por bons Espíritos, os quais me dizem tenha esperança. Compreendo a eficácia do remédio heróico que me aconselhastes e peço a Deus me dê forças para suportar esta dura expiação, aliás igual, posso
afirmá-lo, ao mal que fiz. Não quero escusar-me das minhas atrocidades; mas o certo é que, para nenhuma das minhas vítimas, salvo a precedência de alguns instantes,na morte, a dor não existia, e as que tinham terminado a provação terrena foram receber a recompensa que as aguardava.
Para mim, entretanto, ao voltar ao mundo dos Espíritos, só houve sofrimentos infernais, excetuados os curtos instantes em que me manifestava.
Em que pesem aos seus quadros terroristas, os padres só têm uma fraca noção dos verdadeiros sofrimentos que a justiça divina reserva aos infratores da lei do amor e da caridade.
Como insinuar a pessoas sensatas que uma alma, isto é, uma coisa imaterial, possa sofrer ao contacto do fogo material? É absurdo, e por isso tantos e tantos criminosos se riem desses painéis fantásticos do inferno. O mesmo porém não se dá quanto à dor moral do condenado, após a morte física. Orai para que o desespero não se aposse de mim.
IV
Muito grato vos sou pela perspectiva que me trouxestes e a cujo fim glorioso sei que devo chegar quando purificado.
Sofro muito, mas parece-me que os sofrimentos diminuem.
Não posso acreditar que, no mundo dos Espíritos, a dor diminua pouco a pouco à força de hábito. Não. O que eu depreendo é que as vossas preces salutares me aumentaram as forças, de modo que, pelas mesmas dores, com mais resignação, eu menos sofro.

O pensamento se me volve então para a última existência e vejo as faltas que teria conjurado se soubesse orar.
Hoje compreendo a eficácia da prece; compreendo o valor dessas mulheres honestas e piedosas, fracas pela carne, porém fortes pela fé; compreendo, enfim, esse mistério ignorado pelos supostos sábios da Terra. Preces! palavra que por si só provoca o riso dos espíritos fortes. Aqui os espero no mundo espiritual, e, quando a venda que encobre a verdade se romper para eles, então, a seu nuto se prosternarão aos pés do Eterno a quem desprezaram e serão felizes em se humilhar para que seus pecados e crimes
sejam revelados! Hão de compreender então a virtude da prece.
Orar é amar, e amar é orar! E eles amarão o Senhor e lhe dirigirão preces de reconhecimento e de amor, regenerados pelo sofrimento. E, pois que devem sofrer, pedirão como eu peço a força necessária ao sofrimento e à expiação.
Em deixando de sofrer, hão de orar ainda para agradecero perdão merecido por sua submissão e resignação.
Oremos, irmão, para que mais me fortaleça... Oh! obrigado à tua caridade, meu irmão, pois que estou perdoado. Deus me liberta do olhar das minhas vítimas. Oh! meu Deus! Bendito sejais vós por toda a eternidade, pela graça que me concedeis! Oh! meu Deus! Sinto a enormidade dos meus
crimes e curvo-me ante a vossa onipotência. Senhor! eu vos amo de todo o meu coração e vos suplico a graça de me permitirdes, ao vosso arbítrio, sofrer novas provações na Terra; voltar a ela como missionário da paz e da caridade, ensinando as crianças a pronunciar com respeito o vosso nome. Peço-vos que me seja possível ensinar que vos amem, a vós, Pai que sois de todas as criaturas. Obrigado, meu Deus! Sou um Espírito arrependido, e sincero é o meu arrependimento.
Tanto quanto meu impuro coração pode comportá-lo, eu vos amo com esse sentimento que é pura emanação da vossa divindade. Irmão, oremos, pois meu coração transborda de reconhecimento. Estou livre, quebrei os grilhões, não sou mais um réprobo.
Sou um Espírito sofredor, mas arrependido, a desejar que o meu exemplo pudesse conter nos umbrais do crime todas as mãos criminosas que vejo prestes a levantarem-se.
Oh! para trás, recuai, irmãos, pois as torturas que preparais serão atrozes! Não acrediteis que o Senhor se
deixará tão prontamente submeter à prece dos seus filhos.
São séculos de torturas que vos esperam.
O guia do médium. — Dizes que não compreendes as palavras do Espírito. Procura ter uma idéia da sua emoção e do seu reconhecimento para com o Senhor, coisas que ele acredita não poder testemunhar melhor do que tentando demover todos esses criminosos por ele vistos, mas que tu não podes ver. Aos ouvidos desses, quereria ele que chegassem as suas palavras; mas o que te não disse ele, porque o ignora ainda, é que lhe será permitido o início de missões reparadoras. Irá para junto dos que lhe foram cúmplices,
procurando inspirar-lhes arrependimento, implantando em seus corações o gérmen do remorso.
Freqüentemente se vêem na Terra pessoas, tidas por honestas, lançarem-se aos pés de um sacerdote para se acusarem de um crime.
É o remorso quem lhes dita a confissão da culpa. Pois se o véu que te encobre o mundo invisível se desfizesse, verias muitas vezes o Espírito cúmplice ou instigador de um crime, tal como o fará Jacques Latour, inspirando o remorso ao Espírito encarnado, no afã de reparar a própria falta.

Teu guia protetor.
Mais tarde, o médium de Bruxelas, o mesmo que recebera o primeiro ditado, obteve o seguinte:
“Nada mais receeis de mim, que estou tranqüilo, em que pese ao sofrimento que ainda tenho. Vendo o meu arrependimento, Deus teve compaixão de mim. Agora sofro por causa desse arrependimento, que me demonstra a enormidade dos meus crimes. Bem aconselhado na vida, eu não teria jamais praticado todo esse mal, mas, sem repressão, obedeci cegamente aos meus instintos. Se todos os homens
pensassem mais em Deus, ou, antes, se nele acreditassem, tais faltas não seriam cometidas.
“Falha é, porém, a justiça dos homens; uma falta muita vez passageira leva o homem ao cárcere, que não deixa de ser um foco de perversão. Daí sai ele completamente corrompido pelos maus exemplos e conselhos. Dado porém que a sua índole seja boa e forte para se não corromper,
ainda assim, de lá saído, ele vai encontrar fechadas todas as portas, retraídas todas as mãos, indiferentes todos os corações! Que lhe resta pois? O desprezo, a miséria, o abandono e o desespero, se é que o assistem boas resoluções de se corrigir. Então a miséria o leva aos extremos, e assim é
que também ele se toma de desprezo por seu semelhante, assim é que o odeia e perde a noção do bem e do mal, por isso que repelido se encontra, a despeito das suas boas intenções. Para angariar o necessário, rouba, mata às vezes, e depois... depois o executam! Meu Deus, ao ser presa novamente das minhas alucinações, sinto que a vossa mão se estende por sobre mim; sinto que a vossa bondade me
envolve e protege.
“Obrigado, meu Deus! na próxima existência empregarei toda a minha inteligência no socorro aos desgraçados que sucumbiram, a fim de os preservar da queda. Obrigado a vós que não desdenhais de comunicar comigo; nada receeis, pois bem o vedes, eu não sou mau. Quando pensardes em mim, não vos figureis o meu retrato pelo que de mim vistes, mas o de uma alma angustiada que agradece a
vossa indulgência.
“Adeus; evocai-me ainda e orai a Deus por mim.
Latour.”

(Estudo sobre o Espírito de Jacques Latour)
Não se pode desconhecer a profundeza e a alta significação de algumas das frases encerradas nessa comunicação.
Além disso, ela oferece um dos aspectos do mundo dos Espíritos em castigo, pairando ainda assim sobre ele a misericórdia divina. A alegoria mitológica das Eumênides não é tão ridícula como parece, e os demônios, carrascos oficiais do mundo invisível, que as substituem perante as
modernas crenças, são menos racionais com seus cornos e forcados, do que estas vítimas que servem elas próprias ao castigo do culpado.
Admitindo-se a identidade deste Espírito, talvez se estranhe tão pronta mudança do seu moral. É o caso da ponderação já feita, de que pode um Espírito brutalmente mau ter em si melhores predicados do que o dominado pelo orgulho ou pela hipocrisia. Esta reversão a sentimentos mais benéficos indica uma natureza mais selvagem que perversa, à qual apenas faltava boa direção. Comparando esta linguagem com a de outro Espírito, adiante consignada sob
a epígrafe: castigo pela luz, é fácil concluir qual dos dois seja mais adiantado moralmente, apesar da disparidade de instrução e hierarquia social, obedecendo um ao natural instinto de ferocidade, a uma espécie de superexcitação, ao passo que o outro empresta à perpetração dos seus crimes a calma e sangue-frio inerentes às lentas e obstinadas combinações, afrontando ainda depois de morto o castigo, por
orgulho. Este sofre e não o confessa, ao passo que aquele prontamente se submete. Também por aí podemos prever qual deles sofrerá por mais tempo.
Diz o Espírito de Latour: “Eu sofro por causa desse arrependimento, que me demonstra a extensão dos meus crimes.”
Aí está um pensamento profundo. O Espírito só compreende a gravidade dos seus malefícios depois que se
arrepende.
O arrependimento acarreta o pesar, o remorso, o sentimento doloroso, que é a transição do mal para o bem, da doença moral para a saúde moral. É para se furtarem a isso que os Espíritos perversos se revoltam contra a voz da consciência, quais doentes a repelirem o remédio que os há de curar. E assim procuram iludir-se, aturdir-se e persistir no mal. Latour chegou a esse período no qual se extingue o
endurecimento, acabando por ceder. Entra-lhe o remorso pelo coração, o arrependimento o assedia, e, compreendendo o mal que fez, vê a sua degradação e sofre dela. Eis por
que ele diz: “Sofro por causa desse arrependimento.” Na precedente encarnação, ele devia ter sido pior que na última, visto que, se se tivesse arrependido como agora, melhor lhe teria sido a vida subseqüente. As resoluções, por ele ora tomadas, influirão sobre a sua vida terrestre no futuro; e a encarnação que teve nem por ser criminosa deixou de assinalar-lhe um estádio de progresso. E é muito provável que antes de a iniciar ele fosse na erraticidade um desses muitos Espíritos rebeldes, obstinados no mal. A muitas pessoas ocorre perguntar qual seja o proveito dessa anterioridade de existência, desde que dela nos não lembramos
e nem temos idéia do que fomos nem do que fizemos.
Esta questão está assaz liquidada pela razão de que tal lembrança seria inútil, visto como de todo apagado o
mal cometido, sem que dele nos reste um traço no coração, também com ele não nos devemos preocupar.
Quanto aos vícios de que porventura não estejamos inteiramente despojados, nós os conhecemos pelas nossas tendências atuais, e para elas é que devemos voltar todas as atenções. Basta saber o que somos, sem que seja necessário
saber o que fomos.
Se considerarmos as dificuldades que há na existência para a reabilitação do Espírito, por maior que seja o seu arrependimento, as reprovações de que se torna objeto, devemos louvar a Deus por ter cerrado esse véu sobre o passado.
Condenado a tempo ou absolvido que fosse, os antecedentes de Latour fá-lo-iam um enjeitado da sociedade.
Quem o acolheria com intimidade, apesar do seu arrependimento?
Entretanto, as intenções que ora patenteia, como Espírito, nos dão a esperança de que venha a ser na
próxima encarnação um homem honesto e estimado. Suponhamos que soubessem que esse homem honesto fora Latour, e a reprovação continuaria a persegui-lo. Esse véu sobre o passado é que lhe franqueia a porta da reabilitação, porque pode sem receio e sem pejo ombrear-se com os mais
honestos. Quantos há que desejariam poder apagar da memória de outrem certas fases da própria vida?
Qual a doutrina que melhor se concilia com a bondade e justiça de Deus? Demais, esta doutrina não é uma teoria, porém o resultado de observações. Por certo não foram os Espíritos que a imaginaram, porém eles viram e observaram as situações diferentes que muitos Espíritos apresentam, e daí o procurarem explicá-las, originando-se então a doutrina.
Aceitaram-na, pois, como resultante dos fatos, e ainda por lhes parecer mais racional que todas as emitidas até hoje relativamente ao futuro da alma.
Não se pode recusar a estas comunicações um grande fundo moral. O Espírito poderia ter sido auxiliado nesses raciocínios e, sobretudo, na escolha das suas expressões, por outros mais adiantados; mas o fato é que estes apenas influem na forma, que não na essência, e jamais fazem que
o Espírito inferior esteja em contradição consigo mesmo.
Assim é que em Latour poderiam ter poetizado a forma do arrependimento, mas não lho insinuaram contra sua vontade, porque o Espírito tem o seu livre-arbítrio.
Em Latour lobrigaram o gérmen dos bons sentimentos e por isso o auxiliaram a exprimir-se, contribuindo assim para desenvolvê-lo, ao mesmo tempo que em seu favor imploravam
comiseração.
Que há de mais digno, mais moralizador, capaz de impressionar mais vivamente, do que o espetáculo deste grande criminoso exprobrando-se a si mesmo o desespero e os remorsos?
Desse criminoso que, perseguido pelo incessante olhar de suas vítimas e torturado, eleva a Deus o pensamento implorando misericórdia? Não será isso um exemplo salutar para os culpados? Posto que simples e desprovidos de fantasmagóricas encenações, compreende-se a natureza
dessas angústias, porque elas, apesar de terríveis, sãoracionais.
Poder-se-ia talvez estranhar tão grande transformaçãonum homem como Latour... Mas por que havia de ser
inacessível ao arrependimento? Por que não possuir tambémele a sua corda sensível? O pecador seria, pois, votadoao mal eternamente? Não lhe chegaria, por fim, um momento
em que a luz se lhe fizesse nalma? Era justamenteessa hora que chegara para Latour; e ali está precisamente
o lado moral dos seus ditados; é a compreensão que ele temdo seu estado, são os seus pesares, os seus planos de reparação,que tornam tais mensagens eminentemente instrutivas.
Que haveria de extraordinário se Latour confessasse um arrependimento sincero antes da morte, se dissesse
antes da morte o que veio dizer depois? Não há, quanto a isso, inúmeros exemplos? Uma regeneração antes da morte passaria, aos olhos do maior número dos seus iguais, por fraqueza; mas essa voz de além-túmulo é seguramente a revelação daquilo mesmo que os aguarda. Ele está em absoluto com a verdade, quando afirma ser o seu exemplo mais eficaz que a perspectiva das chamas do inferno, e até
do cadafalso.
Por que não lhes ministrar esses sentimentos no cárcere?
Eles fariam refletir, do que aliás já temos alguns exemplos.
Mas como crer nas palavras de um morto, quando ninguém acredita que para além da morte não esteja tudo
acabado? Entretanto, dia virá em que se reconheça esta verdade: — os mortos podem vir instruir os vivos.
Outras muitas instruções importantes se podem tirar dessas comunicações; assim, a confirmação deste princípio de eterna justiça, pelo qual ao culpado não basta o arrependimento
apenas, sendo este o primeiro passo para a reabilitação que atrai a divina misericórdia. O arrependimento é o prelúdio do perdão, o alívio dos sofrimentos, mas porque Deus não absolve incondicionalmente, faz-se mister
a expiação, e principalmente a reparação. Assim o entende Latour, e para tanto se predispõe. Se compararmoseste criminoso àquele de Castelnaudary, veremos ainda uma
diferença nos castigos. Naquele o arrependimento foi tardio,e, conseqüentemente, mais longa a pena. Além disso,essa pena era quase material, ao passo que para Latour o foi antes moral, porque, como acima dissemos, havia grandediferença intelectual entre eles.
Ao outro, impunha-se coisa que pudesse ferir-lhe os sentidos obliterados; mas é preciso notar que as penas
morais não serão menos pungentes para todo aquele que esteja em condições de compreendê-las. Podemos inferi-lo dos clamores do próprio Latour, que não são de cólera, mas antes a expressão dos remorsos, de perto seguidos de arrependimento e desejo de reparação, visando o progresso.