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sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 41

 
 
"Deus renova o mundo, como renova os seres vivos" respondem os Espíritos a Allan Kardec. A renovação dos seres vivos, na linguagem dos Espíritos, são as mudanças de corpos para o despertar da mônada que vibra no seio da matéria. Não que ela se desfaça como a forma física, retornando à energia no grande suprimento, sem a consciência no estado de ser. A chama divina que anima a matéria, em qualquer posição evolutiva, sempre cresce. Crescimento que falamos é despertamento dos valores depositados por Deus, no coração daquilo que vive para sempre, no seio divino. É bom que sejamos conscientes de que nada se acaba. Não existe morte, nem para a própria matéria, ela também tem sua ascensão, de escala a escala, e é infinita a sua purificação. A sua evolução, se assim podemos dizer, é feita sob os cuidados dos iluminares da eternidade, na vigilância de Deus.
 

Aprendendo com o livro dos Espíritos questão 40

 
Vejamos: quando um cometa se aproxima da Terra, causa muitos desastres ecológicos na lavoura e pecuária. Às vezes desprende um magnetismo inferior por onde passa, atingindo os meridianos terrenos, de sorte a perturbar o equilíbrio da vida. O organismo humano, igualmente, é afetado por esse viajante sideral, porque o corpo humano é semelhante à Terra, como se fosse uma sua miniatura. O Espírito conhecedor destas leis, mesmo encarnado, se defende por métodos inúmeros, a sua própria conduta formará um campo de força de defesa em torno de si, queimando esses resíduos astrais pela força do amor em cadência, criando como que uma área viva de amparo em seu redor. A caridade é um dos meios que nos ajuda a nos proteger destes inimigos astrais. Também os cometas são chupões da poluição magnética: descarregam a atmosfera do planeta situado em sua rota.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Trabalho Maior na Casa Espírita:"A evangelização das criaturas constitui a função mais importante dentro do centro espírita..."

Trabalho Maior na Casa Espírita

"Urge, contudo, que os espiritistas, esclarecidos no Evangelho, procurem compreender a feição educativa dos postulados doutrinários, reconhecendo que o trabalho imediato dos tempos modernos é o da iluminação interior do homem, melhorando-se-lhe os valores do coração e da consciência. "
Emmanuel
O Consolador", Francisco Cândido Xavier, questão n. 255, cap. V - "Evolução", Editora FEB

A missão primordial do Espiritismo é a melhoria moral da Humanidade.

A evangelização das criaturas constitui a função mais importante dentro do centro espírita. Com este entendimento, cabe aos trabalhadores espíritas colocarem o Evangelho como instrução básica e fonte de iluminação de si mesmos, visando primeiramente: sua transformação moral, sua renovação íntima, seu aprimoramento do coração, sua educação cristã dos hábitos, seu desenvolvimento dos sentimentos de caridade e fraternidade, antes de se entregarem às tarefas de divulgação junto ao povo.

Todo espírita atuante, mormente os dirigentes, os expositores doutrinários, os explicadores do Evangelho, os evangelizadores da criança, os samaritanos abnegados da caridade nas atividades de assistência e os cooperadores na divulgação doutrinária necessitam refletir, seriamente, quanto à finalidade do Evangelho no mundo.

Inadiável ao espírita educar-se no Evangelho, transformando sua vida para melhores padrões de espiritualidade superior. Reformados em Jesus Cristo, possamos ensinar e iluminar, esclarecer e compreender, trabalhar e servir, objetivando a elevação da moral e do caráter das pessoas que adentram a casa espírita - a grande oficina do Bem na educação das almas.

Cultuemos Kardec e Jesus no santuário da consciência e do coração. Esta tarefa individual de kardequização do raciocínio e cristianização dos sentimentos em nós não é conquista muito fácil, pois demanda muita força de vontade e esforço perseverante para aprender e desenvolver-se nas linhas mestras do Evangelho de Luz Eterna.

Kardec é o mestre maior do pensamento lógico, do conhecimento doutrinário e dos tesouros inestimáveis da fé raciocinada.

Jesus é o mestre por excelência dos corações. Ofertou-nos, em seu Evangelho de tesouros celestes, os fundamentos do amor universal, as normas de boa conduta, as regras para correção de nossos defeitos, os princípios fraternais das boas maneiras, as disciplinas de aprimoramento dos sentimentos e os processos profundos de reeducação da alma, de modo livre e consciente.

Casa espírita é lar cristão dos trabalhadores de boa vontade, cujo Comandante Supremo é Jesus. E escola sublime das almas, é oficina abençoada do Bem Eterno e hospital atencioso aos espíritos atormentados.

Quem chega à casa espírita, pedindo apoio, não é mais um elemento, nem mais um adepto, nem mais um paciente, nem mais um doente, nem mais um cliente, nem mais um contribuinte financeiro, nem mais uma pessoa pobre: é, especialmente e acima de tudo, um irmão que Jesus enviou aos nossos corações, esperando a migalha do amor.

Toda movimentação de amor, verdade e luz na casa espírita, mais cedo ou mais tarde, provocará o despertar do espírito humano, por mais descrente e embrutecido seja, favorecendo suas necessidades de renovação e reforma íntima perante o Evangelho.

A Pergunta do Guia

A Pergunta do Guia

D. Maria Rita era médium de incorporação.

Embora os achaques constantes, era devotada ao serviço.

Trabalhava com afinco, organizando a sopa que o Centro Espírita oferecia aos mais carentes.

Confeccionava enxovais para os recém-nascidos.

Aplicava passes aos enfermos.

Orientava os jovens.

No entanto, estava sempre atormentada por muitas dores. Distúrbios estomacais, cefaléias, reumatismo...

Um dia, logo após deitar-se, saiu de forma consciente do corpo, encontrando-se com Logogrifo, o vigilante guia espiritual que lhe orientava as atividades da terra.

- Bondoso amigo – principiou por dizer à serva do bem – tenho feito o que posso...Luto comigo mesma para perseverar na tarefa, mas o meu fardo pesa muito...Peço-lhe que interceda por minha saúde, pois estou cansada de médicos e remédios...

E meio sem jeito, arrematou: Será que já não tenho merecimento suficiente para me livrar de vez dos males que me atormentam?!

Fitando-a, sorridente e afável, o protetor simplesmente indaga:
- Minha irmã, e se você se liberasse dessas pequeninas indisposições orgânicas que a mantêm vinculada à fé, distanciando-se do caminho em que vem cumprindo com fidelidade os deveres que competem?!

D. Maria Rita nada respondeu, contudo dali para frente, o seu semblante, antes carregado e taciturno, iluminou-se de uma nova alegria.

Livro: Tende Bom Ânimo
Carlos Baccelli/Chico Xavier- Espíritos Diversos

Irmão José

Batismo para Salvar-se."...devemos procurar fazer tudo quanto Jesus fez, e não praticar tudo o que com Ele fizeram os homens ..."



* Se vocês, espíritas, não são batizados, como é que poderão salvar-se?

Esta pergunta me foi feita por um amigo em cama. Já houve quem me dissesse que o espírita deve batizar-se, sim, porque até Jesus o foi. A esta pessoa, baseando-me numa argumentação do médium e orador espírita José Raul Teixeira, respondi que, de fato, João Batista batizou Jesus nas águas do Jordão; no entanto, Jesus a ninguém batizou. Demais, os espíritos devemos procurar fazer tudo quanto Jesus fez, e não praticar tudo o que com Ele fizeram os homens porque, senão, neste descompassado, dentro em breve estaremos pregando um nosso semelhante qualquer numa cruz com uma coroa de espinhos.!

Outros alegam que o batismo evita que se morra pagão. Ouvi muito esta afirmativa quando eu era criança. Aproveito a oportunidade para explicar que a palavra pagão vem do Latim paganus e não designava, cm absoluto, o morador do Pagus, não. Quem informa é o ilustre catedrático paulista Silveira Bueno, católico convicto. Designava aquele que, para não servir na milícia romana, fugia das cidades, ia residir nos campos longe de Roma. Quando o Cristianismo triunfou com a aliança dos líderes políticos com os líderes religiosos, ao tempo de Constantino, século III depois de Cristo, deu-se à palavra paganus uma nova semântica', um novo significado. Desde então pagão seria todo aquele que não desejasse servir nas milícias celestiais, quer dizer, todo aquele que não quisesse pertencer ao Catolicismo.

O batismo é um ritual muito mais antigo do que comumente se pensa. Vem dos povos mais antigos, dos gregos, dos egípcios, dos hindus. As religiões tradicionalistas, ainda hoje, às panas do século XXI, insistem em conservá-lo, no que nada temos que ver. É um direito que elas têm e não seremos nós, os espíritas, que iremos cercear o livre-arbítrio de quem quer que seja, desde que não haja prejuízo alheio. Só que a Doutrina Espírita pura e simplesmente dispensa este ritual. Ou qualquer outro ritual também como preces especiais, casamentos religiosos, oferendas ou coisas do gênero. Perdão se me torno repetitivo, porém penso como Napoleão, segundo o qual a mais importante figura da retórica é a repetição.

O meu missivista, como ia dizendo, indagava como é que o espirita iria salvar-se pois que não fora batizado. A ele remeti longa cama. E porque talvez algum leitor amigo se defronte com esta mesma questão, atrevo-me sumariar a resposta enviada a ele. Devemos sempre fazer o devido esclarecimento espírita dos assuntos que nos são apresentados.

Bem, pessoalmente, para usar de sinceridade, eu não aprecio esta palavra salvação, não. Prefiro a expressão redenção ou libertação espiritual .Salvação, a meu ver, no que posso até estar errado, porque sou míope para longe e para perto, seria o oposto de perdição. Como não aceito a idéia de que Deus, definido por Jesus como Amor, deixe perder-se para sempre um só de seus filhos, dou preferência à redenção ou libertação espiritual. Mesmo porque Jesus declarou: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará João, Cap. 8 vens. 32).

O que liberta a criatura do sofrimento, decorrente da violação às leis divinas, é a prática genuína e desinteressada do Bem. É a vivência espontânea da Fraternidade. É a vontade ardente de ver no semelhante um seu irmão voltando ao proscêncio terrestre para progredir, daí ser merecedor de melhores demonstrações de estima e consideração.

Nesse contexto, cabem duas palavras acerca do preconceito. Do preconceito racial, por exemplo. Determinado confrade fez um teste com um grupo de espíritas. Cada um dos componentes daquela brincadeira deveria fechar os olhos e imaginar-se sendo assaltado. Depois diria que emoção sentiu se fosse realidade o assalto. O leitor amigo poderá dizer qual foi a cor do assaltante imaginado pelos confrades espíritas envolvidos naquela experiência brejeira, porém muito significativa !

O que liberta a criatura é a Caridade, que, segundo uma definição do Irmão X, escrevendo pelo médium Chico Xavier, é servir sem descanso, é cooperar espontaneamente nas boas obras da comunidade, sem aguardar o convite ou o agradecimento dos outros, é não incomodar aquele que trabalha, é suportar sem revolta as (imitações alheias, auxiliando o próximo a supera-las.

O que liberta a criatura da ignorância é a paciente leitura de livros que nos dizem porque vivemos, para onde iremos depois da morte do corpo fisico (se é que ele morra, pois em verdade até ele simplesmente se transforma), de onde viemos ames do berço. Contudo, não basta a leitura. É necessária a sua reflexão. Impõe-se a vivência dos seus ensinos. Pois como já reconhecia Daudet, quanta gente há, em cuja biblioteca, poder-se-ia escrever "para uso externo", como nas garrafas das farmácias. Quer dizer, ler por ler simplesmente não vale a pena. Mister se faz modificar o comportamento, ampliar o horizonte cultural, aprofundar a análise do porquê da vida e sobretudo, repito, vivenciar o que os bons livros nos ensinam em termos de crescimento moral e espiritual.

O que liberta a criatura de suas imperfeições é o seu desejo de despojar-se de seus vícios morais como a inveja, a cobiça, o ciúme, a ira et caterva, forcejando por ser mais paciente, mais humilde, mais prudente, mais humano diante das dores alheias, mais tolerante diante das falhas da outra pessoa, sem cair na alienação dizendo amém a tudo e a todos, com esta atitude muito cômoda concordando com erronias que não podem de jeito nenhum contar com a nossa anuência.

O que liberta a criatura não é o batismo que recebeu em criança ou já adulto ao aceitar esta ou aquela solta religiosa. Não. O que liberta a criatura de seus erros do passado e de suas limitações anuais é este esforço diuturno de observar, na vida diária, tudo quanto o Cristo nos ensinou através da força do exemplo ! ...

Celso Martins

Desunião e Divergência:"Uma comunidade que não admite o diálogo está condenada, por si mesma, a ficar parada no tempo..."



Nem sempre divergência significa desunião. Se é verdade que as divergências ou discordâncias algumas vezes já comprometeram a união entre pessoas e grupos, não se deve dar a este fato a extensão de uma regra geral, pois é apenas um episódio discrepante. Onde há duas pessoas frente a frente sempre há o que ou em que discordar. Seria impossível a existência de um grupo humano, por menor que fosse, sem um pensamento discordante, sem uma opinião contrária a qualquer coisa. Entre dois amigos, como entre dois irmãos muito afins pode haver divergência frontal ou inconciliável em matéria política, religiosa, social etc., sem que haja qualquer “arranhão” na amizade. Discutem, discordam, assumem posições opostas, mas continuam unidos.
Justamente por isso e pelo que observo na vida cotidiana, não creio que seja necessário abafar as divergências ou evitar qualquer discussão, ainda que em termos altos, simplesmente para preservar a união de um grupo ou de uma coletividade inteira. Seria o caso, em última hipótese, de acabar de vez com o diálogo e adotar logo um tipo de vida conventual. O diálogo é uma necessidade, pois é dialogando que trocamos idéias e permutamos opiniões e experiências. Uma comunidade que não admite o diálogo está condenada, por si mesma, a ficar parada no tempo. Cada qual naturalmente deve preparar-se ou educar-se espiritualmente para discutir ou divergir sem prevenções ou ressenti­mentos. O fato de não concordarmos com a opinião de um companheiro neste ou naquele sentido ou de não adotarmos a linha de pensamento de uma instituição deve ser encarado com naturalidade, mas não deve servir de motivo (jamais!) para que mudemos a maneira de tratar ou viremos as costas a alguém. Seria o caso de perguntar: e onde está o Evangelho, que se prega a todo momento?... Como falar em Evangelho, que é humildade e amor, e fugir a um abraço sincero ou negar um aperto de mão por causa de uma divergência ou de um ponto de vista?
Então, não é a divergência aqui ou ali que porventura “cava o abismo da desunião”, é a incompreensão, o personalismo, o radicalismo do elemento humano em qualquer campo do pensa­mento. Já ouvi dizer mais de uma vez que os espíritas são desunidos por causa das divergências internas. Sinceramente, não acompanho este ponto de vista. Acho que não há propriamente desunião, mas apenas desencontro de idéias, fora dos pontos cardeais da Doutrina. Somos uma comunidade composta de gente emancipada e, por isso mesmo, o campo está sempre aberto ao estudo e à crítica. Certos observadores gostariam, por exemplo, que o Movimento Espírita fosse um “bloco maciço sem nenhuma nota fora do conjunto. É uma pretensão utópica, pois não há um movimento religioso, político ou lá o que seja sem alguma voz discordante, aqui ou ali.
Tomava-se como referência, até bem pouco tempo, a “unidade monolítica” da Igreja Católica. Unidade relativa, diga-se de passagem. E o que se vê hoje? O fracionamento cada vez mais acentuado. Os grupos conservadores, porque se batem pela manutenção da Igreja tradicional, estão enfrentado os grupos renovadores, partidários de modificações estruturais; grupos que querem a Igreja fora da política estão em conflito com os grupos que querem justamente uma Igreja participante no campo político. Há, portanto, demanda de alto a baixo, com pro­gramas de reforma na teologia, como na administração e na disciplina eclesiástica. Logo, a Igreja não oferece hoje a unidade doutrinária que nos apontam às vezes, como modelo. E o Protestantismo, que é outro grande movimento religioso, não se divide em denominações e seitas, com características diferentes entre si? Batistas, presbiterianos, adventistas, congregacionistas etc. Não desejo criticar procedi­mentos religiosos, pois todos os cultos são respeitáveis, mas estou anotando fatos.
Voltemo-nos para mais longe, fora da faixa ocidental, e lá está o Budismo, também um movi­mento expressivo. Não cabe, aqui, discutir se o Budismo é ou não religião. Seja como for, ocupa um espaço considerável, mas também se ramificou. Existe, hoje, pelo menos mais de uma escola budista. O Positivismo, que viera da França, teve muita força no Brasil, mas não se manteve íntegro, pois o grande bloco se desmembrou entre científicos e religiosos no século passado. Sobrevive, hoje, uma religião sem Deus, sem cogitação acerca da vida futura, mas um culto ritualizado, com sacerdócio.
Muitos discípulos de Augusto Comte não queriam, de forma alguma, que o Positivismo se transformasse em religião e, por isso, eram chamados de científicos, ao passo que muitos outros absorveram logo o Positivismo como Religião da Humanidade. E realmente implantaram um culto religioso no Apostolado Positivista. Logo, também o Positivismo não conseguiu sustentar um padrão uniforme.
O fenômeno que se observa no meio espírita é muito diferente.
Sempre houve divergências, mas não se quebrou a unidade doutrinária, que é fundamental. O Espiritismo continua a ser um só, inconfundível, não se dividiu em diversos espiritismos. Há, entre nós, opiniões discordantes em determinados aspectos, porém, os princípios são os mesmos, não se alteraram. Não formamos sei­tas nem correntes à parte, apesar das divergências. Então, não há motivo para que estejamos vendo desunião onde há simples­mente desacordo de idéias.

Deolindo Amorim.

Mensagem de Deolindo Amorim alerta sobre a necessidade do trabalho social :"se há pessoas padecendo a falta do pão, como manter-se indiferente ao fato e não socorrer o irmão?" ..."Suavizemos suas dores, sim; e, sobretudo, sejamos exemplos de esforço e dedicação..."


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Qui, 19 de Janeiro de 2012 10:12
deolindo3
Todo movimento social, político e religioso, embora fundamentado em ideias universais, é influenciado e em boa dose determinado pelo contexto em que se realiza. Com o espiritismo se deu e se dá algo semelhante, desde o primeiro momento.
Estava nos planos do Espírito da Verdade atribuir, à doutrina espírita, um caráter de tríplice aspecto, fundamental para a realização da sua proposta renovadora. De um lado, o exercício da capacidade investigativa, que nos fizesse utilizar as ferramentas da ciência para comprovação da imortalidade da alma e de suas consequências. De outro, a capacidade reflexiva, de modo que as grandes interrogações da filosofia nos conduzissem ao encontro de nós mesmos e do outro na construção de um projeto evolutivo. Por fim, a busca pela transcendência do “aqui e agora”, representada pela busca de Deus, a que uma religião pura nos conduz, uma religião isenta de dogmas, de rituais e de quaisquer outras exterioridades. Assim, ciência, filosofia e religião se conjugam num tripé que sustenta e dinamiza todo o conhecimento e toda a prática doutrinária.
Partindo-se da ideia inicial, a França do século XIX era o cenário mais propício para a sistematização dos três aspectos referidos. Primeiro, porque o fazer científico galopava velozmente em seu solo, graças às propostas de Augusto Comte, Francis Bacon e de outros teóricos de renome. Segundo, porque a capacidade de abstração e reflexão sempre foram marcas daquela nação. Terceiro, porque, apesar de tudo, as Revoluções de 1830 e 1848 de tal forma fragilizaram a economia e os projetos sociais daquele povo a ponto de impeli-los ao exercício da fraternidade e da beneficência, caminhos que, conduzindo-nos ao outro, fatalmente nos conduziria a Deus. Era inevitável, portanto, sob esses aspectos, que o Consolador, para ser consolidado como tal, surgisse em solo francês.
Compreendendo essa dinâmica, fácil é entender o que se deu com a doutrina espírita quando transportada para o Brasil. O contexto de sua chegada, bem como da sua consolidação, nos revela o encontro com uma população pobre e carente das luzes do raciocínio. A elite intelectual da época, rica e escravocrata, jamais suportaria as ideias da reencarnação e da igualdade entre escravos e senhores, muito menos a noção de solidariedade que deve existir entre as diversas camadas sociais.
Como suportar, também, uma lei de causa e efeito que nos vincula, inexoravelmente, às consequências de tudo o que fazemos, dizemos ou pensamos? Como conciliar uma doutrina de responsabilidade com os desmandos, a arrogância e a prepotência de uma elite viciada e corrompida pelo poder?
Embora melhor assimilada e compreendida por inteligências notáveis, foi no coração da gente simples, pobre e desesperançada que a doutrina espírita encontrou eco mais forte. Foi ali, onde a dor deixava pegadas profundas, que o Consolador fincou raízes e medrou, vistosamente.
Uma decorrência natural desse desenrolar foi o fortalecimento dos trabalhos sociais. Era preciso, para além do alimento da alma, saciar a fome, amenizar a miséria, minorar as diferenças materiais e tornar menos doloroso todo aquele processo de marginalização e aviltamento em que o fim da escravidão e a indiferença política lançavam milhares de pessoas.
O trabalho social foi, e ainda é, portanto, o meio pelo qual o espiritismo conseguiu se fixar em nossas terras. Graças a ele, a teoria da igualdade pôde ceder espaço à prática da caridade, exercitando homens e mulheres no ato da doação de si mesmos.
As possíveis distorções havidas nessas práticas, desde então, não são creditáveis à doutrina, mas às nossas próprias limitações. Somos nós que, ainda presos a antigos atavismos, costumamos perder o foco e seguir propostas indevidas.
Por vezes, esquecemos que a fome não existe para que a saciemos, para que sejamos caridosos. Ela é decorrente da ausência de políticas públicas adequadas que resolvam o problema da miséria e restitua as pessoas a sua condição de dignidade. Sua erradicação, com acerto, é de inteira responsabilidade das autoridades constituídas. Contudo, se há pessoas padecendo a falta do pão, como manter-se indiferente ao fato e não socorrer o irmão?
O trabalho social continua sendo a nossa ponte principal com o outro e com Deus, no contexto atual. Muito mais do que de discussões estéreis e de disputas intestinas, necessitamos trabalhar pelo outro, cedendo ao sentimento de solidariedade que deve mover os nossos corações.
Suavizemos suas dores, sim; e, sobretudo, sejamos exemplos de esforço e dedicação. Assim agindo, nosso trabalho, para além da fome física, será capaz de despertar consciência para a verdadeira vivência do evangelho.

Texto enviado pelo médium Pedro Camilo e de autoria atribuída ao jornalista Deolindo Amorim. A mensagem foi recebida em Votuporanga, BA, em 24 de outubro de 2010

Fonte: Site Correio Fraterno

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL.


Nossos leitores se lembram, sem dúvida, do caso de cura quase instantânea de uma
entorse, operada pelo Espírito do doutor Demeure, poucos dias depois de sua morte, e
que relatamos na Revista do mês de março último, assim como o relato da cena tocante
que teve lugar nessa ocasião. Esse excelente Espírito vem ainda assinalar sua boa
vontade por uma cura mais maravilhosa ainda sobre a mesma pessoa. Eis o que se nos
escreve de Montauban, em 14 de julho de 1865:
O Espírito do doutor Demeure vem de nos dar uma nova prova de sua solicitude e
de seu profundo saber: eis em que ocasião.
Na manhã de 26 de maio último, a Senhora Maurel, nosso médium vidente e
escrevente mecânico, teve uma queda infeliz e quebrando o antebraço, um pouco abaixo
do cotovelo.
Essa fratura, complicada com distenções do punho e do cotovelo estava bem
caracterizada pelo estalo dos ossos e o inchaço que lhe são os sinais mais certos.
Sob a impressão da primeira emoção produzida por esse acontecimento, os pais da
Senhora Maurel foram procurar o primeiro médico encontrado, quando esta, retendo-os,
tomou um lápis e escreveu medianimicamente com a mão esquerda: "Não vades procurar
um médico; eu me encarrego disso. Demeure." Esperou-se, pois, com confiança.
Segundo as indicações do Espírito, faixinhas e um aparelho foram imediatamente
confeccionados e colocados. Uma magnetização espiritual foi em seguida praticada pelos
bons Espíritos que ordenaram, provisoriamente, o repouso.
Na noite do mesmo dia, alguns adeptos convocados pelos Espíritos se reuniram na
casa da Senhora Maurel, que, adormecida por um médium magnetizador, não tardou em
entrar em sonambulismo. O doutor Demeure continuou então o tratamento que não tinha
senão esboçado de manhã, agindo mecanicamente sobre o braço fraturado. Já, sem
outro recurso aparente que sua mão esquerda, nossa doente tinha tirado prontamente o
primeiro aparelho, sendo mantidas somente as tirinhas, quando se viu esse membro
tomar insensivelmente, sob a influência da atração magnética espiritual, diversas
posições próprias para facilitar a redução da fratura. Parecia ser, então, o objeto de
toques inteligentes, sobretudo no ponto onde deveria se efetuar a soldadura dos ossos;
alongando-se em seguida sob a ação de trações longitudinais.
Depois de alguns instantes dessa magnetizações espiritual, a senhora Maurel só
procedeu à consolidação das tirinhas e a uma nova aplicação do aparelho, consistente
em duas tabuinhas se ligando entre si e ao braço por meio de uma correia. Tudo, pois,
tinha se passado como se um cirurgião hábil tivesse operado ele mesmo visivelmente; e,
coisa curiosa, ouvia-se durante o trabalho estas palavras que o aperto da dor, escapava
da boca da paciente: "Não aperteis tão forte!... Vós me fazeis mal!..." Ela via o Espírito do
doutor, e era a ele que se dirigia, suplicando para poupar sua sensibilidade. Era, pois,
realmente um ser invisível para todos exceto para ela, e que lhe apertava o braço,
servindo-se inconscientemente de sua própria mão esquerda.
Qual era o papel do médium magnetizador durante esse trabalho? Parecia inativo
aos nossos olhos; sua mão direita, apoiada sobre a espádua da sonâmbula, contribuía
com sua parte no fenômeno, pela emissão dos fluidos necessários à sua realização.
Na noite de 27 para 28, a Senhora Maurel, tendo desarranjado seu braço em
conseqüência de uma falsa posição tomada durante seu sono, uma forte febre tinha se
declarado, pela primeira vez; era urgente remediar esse estado de coisas. Reuniram-se,
pois, de novo, em 28, e uma vez o sonambulismo declarado, a cadeia magnética foi
formada, a convite dos bons Espíritos. Depois de vários passes e diversas manifestações,
em tudo semelhantes às descritas mais acima, o braço foi recolocado em bom estado,
não sem ter feito sentir a essa pobre senhora muitos sofrimentos cruéis. Apesar desse
novo acidente, o membro já sentia o efeito salutar produzido pelas magnetizações
anteriores; é o que prova o que segue, de resto. Desembaraçada momentaneamente de
suas tirinhas, ela repousava sobre os cotovelos, quando, de repente, foi levantada alguns
centímetros numa posição horizontal e dirigida docemente da esquerda para direita e
reciprocamente; abaixou-se em seguida obliquamente e foi submetida a uma nova tração.
Depois os Espíritos se puseram a torcê-lo, a retorcê-lo em todos os sentidos e de tempo
em tempo, fazendo movimentar jeitosamente as articulações do cotovelo e do punho. De
tais movimentos automáticos impressos a um braço fraturado, inerte, sendo contrários a
todas as leis conhecidas da gravidade e da mecânica, só à ação fluídica que se pode
atribuir-lhe a causa. Se não fosse a certeza da existência dessa fratura, assim como os
gritos dilacerantes dessa infeliz senhora, eu teria tido muita dificuldade, confesso-o, para
admitir esse fato, um dos mais curiosos que a ciência possa registrar. Posso, pois, dizer,
com toda a sinceridade, que me sinto muito feliz por ter podido ser testemunha de um
semelhante fenômeno.
Em 29,30,31 e dias seguintes, magnetizações espirituais sucessivas, acompanhadas
de manipulações variadas de mil maneiras, levaram a uma melhora sensível ao estado
geral de nossa doente; o braço tomava todos os dias novas forças. O dia 31, sobretudo, é
de se assinalar, como marcando o primeiro passo feito para a convalescença. Nessa
noite, dois Espíritos que se faziam notar pelo brilho de sua irradiação, assistiam nosso
amigo Demeure; pareciam lhe dar conselhos, e este se apressava em pô-los em prática.
Um deles mesmo se punha, de tempos em tempos, à obra, e, por sua doce influência,
produzia sempre um alívio instantâneo. Pelo fim da noite, as tabuinhas foram, enfim,
definitivamente abandonadas e as faixinhas ficaram sozinhas para sustentar o braço e
mantê-lo numa posição determinada. Devo acrescentar que, além disso, o aparelho de
suspensão vinha se juntar à solidez suficiente da bandagem. Assim, no sexto dia após o
acidente, e apesar da deplorável recaída sobrevinda em 27, a fratura estava em um tal
caminho de cura, que o emprego dos meios postos em uso pelos médicos durante trinta
ou quarenta dias teria se tornado inútil. No dia 4 de junho, dia fixado pelos bons Espíritos
para a redução definitiva dessa fratura complicada com distensões, se reuniram à noite. A
senhora Maurel, apenas em sonambulismo, se pôs a desenrolar as faixinhas que
envolviam ainda seu braço, imprimindo-lhe um movimento de rotação tão rápido que o
olho tinha dificuldade em seguir os contornos da curva que descrevia. A partir desse
momento, ela se servia de seu braço como de hábito; ela estava curada.
No fim da sessão, ocorreu uma cena tocante, que merece ser narrada aqui. Os bons
Espíritos, em número de trinta, formavam no começo uma cadeia magnética paralela
àquela que nós mesmos formávamos. A senhora Maurel, estando colocada, pela mão
direita, em comunicação direta sucessivamente com cada par de Espíritos, recebia,
colocada como estava no interior das duas cadeias, a ação benfazeja de uma dupla
corrente fluídica enérgica. Radiante de alegria, esperava com solicitude a ocasião para
agradecer-lhes efusivamente pelo concurso poderoso que tinham prestado à sua cura. A
seu turno, recebia deles encorajamentos para perseverar no bem. Isto terminado, ela
tentou suas forças de mil modos; apresentando seu braço aos assistentes, fazendo-os
tocar as cicatrizes da soldadura dos ossos; ela lhes apertava a mão com força,
anunciando-lhes com alegria a sua cura operada pelos bons Espíritos. Em seu despertar,
vendo-se livre em todos seus movimentos, ela desmaiou, dominada por sua profunda
emoção!....
Quando se é testemunha de tais fatos, não se pode senão proclamá-los bem alto,
porque merecem atrair a atenção das pessoas sérias.
Por que, pois, encontra-se, no mundo inteligente, tanta resistência para admitir a
intervenção dos Espíritos sobre a matéria? Porque se encontram pessoas que crêem na
existência e na individualidade do Espírito, e que lhes recusam a possibilidade de se
manifestarem, é porque não se dão conta das faculdades físicas do Espírito que se
afigura imaterial de maneira absoluta. A experiência demonstra, ao contrário, que, por sua
natureza própria, ele age diretamente sobre os fluidos imponderáveis, e,
conseqüentemente, sobre os fluidos ponderáveis, e mesmo sobre os corpos tangíveis.
Como procede um magnetizador comum? Suponhamos que queira agir sobre um
braço, por exemplo: concentra sua ação sobre esse membro, e por um simples
movimento de seus dedos, executado à distância e em todos os sentidos, agindo
absolutamente como se o contato da mão fosse real, ele dirige uma corrente fluídica
sobre o ponto desejado. O Espírito não age de outro modo; sua ação fluídica se transmite
de perispírito a perispírito, e deste para o corpo material. O estado de sonambulismo
facilita consideravelmente essa ação, em conseqüência do desligamento do perispírito,
que se identifica melhor com a natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influência
espiritual elevada à sua maior força.
Toda a cidade está ocupada com essa cura obtida sem o concurso da ciência oficial
e cada um disse a sua palavra. Uns pretenderam que o braço não tinha sido quebrado;
mas a fratura tinha sido muito e devidamente constatada por numerosas testemunhas
oculares, entre outras pelo doutor D... que visitou a doente durante o tratamento; outros
disseram: "É muito surpreendente" e ficaram nisso; é inútil acrescentar que alguns
afirmaram que a senhora Maurel tinha sido curada pelo diabo; se ela não tivesse estado
nas mãos de profanos, teriam visto ali um milagre. Para os Espíritas, que se dão conta do
fenômeno, nisso vêem muito simplesmente a ação de uma força natural desconhecida até
nós, e que o Espiritismo veio revelar aos homens.
Notas. - Se há fatos espíritas que poderiam, até certo ponto, atribuir à imaginação,
como os de visões, por exemplo, não poderia ocorrer o mesmo aqui; a senhora Maurel
não sonhou que tinha quebrado o braço, não mais do que as numerosas pessoas que
seguiram o tratamento; as dores que ela sentia não eram da alucinação; sua cura em oito
dias não é uma ilusão, uma vez que se serve de seu braço. O fato brutal está aí, diante do
qual é preciso necessariamente se inclinar. Ele confunde a ciência, é verdade, porque, no
estado atual dos conhecimentos, parece impossível; mas não foi assim todas as vezes
que se revelaram novas leis? É a rapidez da cura que vos espanta? Mas é que a
medicina não descobriu muitos agentes muito mais ativos do que aqueles que ela
conhecia para apressar certas curas? Não se encontrou nestes últimos tempos o meio de
cicatrizar quase instantaneamente certas feridas? Não se encontrou aquele de ativar a
vegetação e a frutificação? Por que não haveria aquele para ativar a soldadura dos
ossos? Conheceis, pois, todos os agentes da Natureza, e Deus não tem mais segredos
para vós? Não é mais lógico negar hoje a possibilidade de uma cura rápida, do que não o
foi, no século último, negar a possibilidade de fazer, em algumas horas, o caminho que se
gastavam dez dias para percorrer? Esse meio, direi, não está no códice, é verdade; mas é
que antes de que a vacina ali estivesse inscrita, seu inventor não foi tratado de louco? Os
remédios homeopáticos não são, não mais, o que impede os médicos homeopatas se
encontrarem por toda a parte e curar. De resto, como não se trata aqui de um preparado
farmacêutico, é mais do que provável que esse meio não figurará por muito tempo na
ciência oficial.
Mas, dir-se-á, se os médicos vierem exercer sua arte depois de sua morte, vão fazer
concorrência aos médicos vivos; é muito possível; no entanto, que estes últimos se
tranqüilizem se lhes tiram
algumas práticas, não é para suplantá-los, mas para lhes provar que não estão
inteiramente mortos, e oferecer o seu concurso desinteressado àqueles que quiserem
bem aceitá-lo; para melhor fazê-los compreender, mostram-lhes que, em certas
circunstâncias, pode-se passar sem eles. Sempre houve médicos, e assim o será sempre;
somente aqueles que aproveitarem as novidades que lhe trazem os desencarnados, terão
uma grande vantagem sobre aqueles que ficarão para trás. Os Espíritos vêm ajudar o
desenvolvimento da ciência humana, e não suprimi-la.
Na cura da senhora Maurel, um fato que surpreendeu talvez mais do que a rapidez
da soldadura dos ossos, foi o movimento do braço fraturado que parecia contrário a todas
as leis da dinâmica e da gravidade. Contrário ou não, o fato aí está; uma vez que existe, é
que tem uma causa; uma vez que se renova, e que está submetida a uma lei; ora, é esta
a lei que o Espiritismo vem nos dar a conhecer pelas propriedades dos fluidos
perispirituais. Esse braço que, submetido somente às leis da gravidade, não poderia se
levantar, supondo-o mergulhado num líquido de uma densidade muito maior do que o ar,
todo fraturado que está, sendo sustentado por esse líquido que lhe diminui o peso, poderá
se mover nele sem dificuldade, e mesmo ser levantado sem o menor esforço; é assim
que, num banho, o braço que parece muito pesado fora da água parece muito leve na
água. Ao líquido substitui um fluido gozando das mesmas propriedades e tereis o que se
passa neste caso presente, fenômeno que repousa sobre o mesmo princípio que o das
mesas e das pessoas que se mantêm no espaço sem ponto de apoio. Este fluido é o
fluido perispiritual que o Espírito dirige à sua vontade, e do qual modifica as propriedades
unicamente pelo ato de sua vontade. Na circunstância presente, deve-se, pois, se
representar o braço da senhora Maurel mergulhado num meio fluídico que produz o efeito
do ar sobre os balões.
Alguém perguntou a esse respeito se, na cura dessa fratura, o Espírito do doutor
Demeure tinha agido com ou sem o concurso da eletricidade e do calor. A isso
respondemos que a cura foi produzida, naquele caso, como em todos os de cura pela
magnetização espiritual, pela ação do fluido emanado do Espírito; que esse fluido embora
etéreo, não é menos da matéria; que pela corrente que lhe imprime, o Espírito pode
impregná-lo e saturar todas as moléculas da parte enferma; que pode modificar-lhe as
propriedades, como o magnetizador modifica as da água, e lhe dá uma virtude curativa
apropriada às necessidades; que a energia da corrente está em razão do número, da
qualidade e da homogeneidade dos elementos que compõem a cadeia das pessoas
chamadas a fornecer seu contingente fluídico. Essa corrente, provavelmente, ativa a
secreção que deve produzir a soldadura dos ossos, e leva assim a uma cura mais pronta
do que quando ela é entregue a si mesma.
Agora, a eletricidade e o calor desempenham um papel nesse fenômeno? Isto é
tanto mais provável quanto o Espírito não cura por um milagre, mas por uma aplicação
mais judiciosa das leis da Natureza, em razão de sua clarividência. Se, como a ciência é
levada a admiti-lo, a eletricidade e o calor não são fluidos especiais, mas modificações ou
propriedades de um fluido elementar universal, eles devem fazer parte dos elementos
constitutivos do fluido perispiritual; sua ação, no caso presente, é, pois, implicitamente
compreendida, absolutamente como quando se bebe vinho, bebe-se necessariamente a
água e o álcool.
Revista Espírita 1865/Setembro

MEDIUNIDADE DA INFÂNCIA.."Daí podeis ver que todos os homens possuem, ao menos no estado de germe, o dom da mediunidade..."


(Sociedade de Paris, 6 de janeiro de 1865. - Médium, Sr. Delanne.)
Quando, depois de ter sido preparado pelo anjo guardião, o Espírito que vem se
encarnar, quer dizer, sofrer novas provas tendo em vista o seu adiantamento, começam
então a se estabelecer os laços misteriosos que o unem ao corpo para manifestar sua
ação terrestre. Aí está todo um estudo, sobre o qual não me estenderei; mas não vos
falaria senão do papel e da disposição do Espírito durante o período da infância no berço.
A ação do Espírito sobre a matéria, nesse tempo de vegetação corpórea, é pouco
sensível. Também os guias espirituais se apressam em se aproveitarem desses instantes,
em que a parte carnal não obriga a participação inteligente do Espírito, a fim de preparar
este último, de encorajá-lo nas boas resoluções das quais sua alma está impregnada.
É nesses momentos de desligamento que o Espírito, todo em saindo da perturbação
em que teve que passar por sua encarnação presente, compreende e se lembra dos
compromissos que contraiu para o seu adiantamento moral. É então que os Espíritos
protetores vos assistem, e vos ajudam a vos reconhecer. Também, estudai a figura da
criancinha que dorme; vós a vedes freqüentemente "sorrir aos anjos", como se diz
vulgarmente, expressão mais justa do que se pensa. Com efeito, ela sorri aos Espíritos
que a cercam e devem guiá-la.

Vede-a desperta, essa cara criança; ora ela olha fixamente: parece reconhecer os
seres amigos; ora balbucia as palavras, e seus gestos alegres parecem se dirigir aos
rostos amados; e como Deus jamais abandona as suas criaturas, esses mesmos Espíritos
lhe dão, mais tarde, boas e salutares instruções, seja durante o sono, seja por inspiração
no estado de vigília. Daí podeis ver que todos os homens possuem, ao menos no estado
de germe, o dom da mediunidade.

A infância propriamente dita é uma longa sucessão de efeitos medianímicos, e se as
crianças um pouco mais avançadas em idade, quando o Espírito adquiriu mais força, às
vezes não temem as imagens das primeiras horas, poderíeis constatar muito melhor
esses efeitos.
Continuai a estudar e, a cada dia, como grandes crianças, a vossa instrução
crescerá, se não vos obstinardes em fechar os olhos sobre o que vos cerca.
UM ESPÍRITO PROTETOR.

Revista Espírita 1865/Fevereiro

CRIANÇA AFETADA DE MUTISMO.

OS ESPÍRITOS INSTRUTORES DA INFÂNCIA.
CRIANÇA AFETADA DE MUTISMO.
Uma senhora nos transmite o fato seguinte:
"Uma de minhas filhas tem um menininho de três anos que, desde que nasceu, lhe
deu as mais vivas inquietações; restabelecida sua saúde, ao fim do mês de agosto último,
andava com dificuldade, não dizia senão papá, mama, o resto de sua linguagem não era
senão uma mistura de sons inarticulados. Há um mês mais ou menos, em conseqüência
das tentativas infrutíferas para fazer seu filho pronunciar as palavras mais usuais,
tentativas freqüentemente renovadas sem nenhum sucesso, minha filha deitou-se, muito
entristecida por essa espécie de mutismo, desolando-se sobretudo porque, em seu
retorno, seu marido, capitão de longo curso, cuja ausência havia durado mais de um ano,
não encontraria mudança na maneira de falar de seu filho, quando, às cinco horas da
manhã, ela foi despertada pela voz da criança que articulava distintamente as letras A, B,
C, D, que jamais havia tentado fazê-lo pronunciar. Crendo sonhar, ela sentou-se em sua
cama, a cabeça pendida sobre o berço, o rosto junto do menino que dormia, ela o ouviu
repetir, em alta voz, várias vezes, pontuando cada uma por um pequeno movimento da
cabeça, as letras A, B, C, depois um pequeno tempo de parada, em se apoiando sobre a
pronúncia, D.
"Quando entrou em seu quarto às seis horas, a criança dormia sempre, mas a mãe,
ainda muito feliz e muito emocionada por ter ouvido seu filho dizer essas letras, não tinha
tornado a dormir. No despertar do menino, e então depois, tentamos em vão fazê-lo dizer
essas letras (das quais nunca tinha ouvido falar quando as disse em seu sono, ao menos
nesta vida), todas as nossas tentativas fracassaram. Ainda hoje mesmo, ele disse A, B,
mas nos foi impossível obter, para C, D, outra coisa senão dois sons, um da garganta, o
outro do nariz que não lembram de nenhum modo as duas letras que queríamos fazê-lo
dizer.
"Não é a prova de que essa criança já viveu? Detenho-me aí, sentindo-me bastante
instruída por ousar concluir. Tenho necessidade de aprender ainda, de ler muito tudo o
que trata do Espiritismo, não para me convencer: o Espiritismo responde a tudo, ou pelo
menos quase tudo; mas, vo-lo repito, senhor, não sei bastante. Isto virá: o desejo não me
falta. Deus que não me abandonou há dezessete anos que sou viúva; Deus, que me
ajudou a educar meus filhos e a estabelecê-los; Deus, em quem tenho fé, provera o que
me falta, porque espero nele, e lhe rogo de todo o coração para que permita aos seus
bons Espíritos esclarecer-me, guiar-me para o bem. Orai, pois, por mim, senhor, que
estou em comunhão de pensamento convosco, e que desejo acima de tudo caminhar no
bom caminho."
Este fato é, sem contradita, o resultado de conhecimentos adquiridos anteriormente.
Se ele é uma aptidão inata, é a que se revela espontaneamente durante o sono do corpo,
quando nenhuma circunstância não tinha podido desenvolvê-la no estado de vigília. Se as
idéias fossem um produto da matéria, por que surgiria uma idéia nova quando a matéria
está entorpecida, ao passo que ela é, não só nula, mas impossível de se exprimir quando
os órgãos estão em plena atividade? A causa primeira, pois, não deve estar na matéria. É
assim que o materialismo se choca a cada passo contra os problemas aos quais é
impotente para dar a solução. Para que uma teoria seja verdadeira e completa, é preciso
que ela não seja desmentida por nenhum fato; o Espiritismo não a formula nenhuma
prematuramente, a menos que isso não seja a título de hipótese, caso em que se guarda
de dá-la como verdade absoluta, mas somente como um objeto de estudo. É a razão pela
qual ele caminha infalivelmente.
No caso de que se trata, é, pois, evidente que o Espírito não tendo aprendido
durante a vigília o que disse durante o sono, é preciso que haja aprendido em alguma
parte; uma vez que não foi nesta vida, é preciso que isso seja numa outra, e, o que é
mais, numa existência terrestre onde falasse francês, uma vez que foram letras francesas
que ele pronunciou. Como explicarão esses fatos aqueles que negam a pluralidade das
existências ou a reencarnação sobre a Terra?
Mas resta saber como ocorre que o Espírito não possa dizer, desperto, o que
articulou no sono?
Eis a explicação que disso foi dada por um Espírito à Sociedade de Paris.
(24 de novembro de 1864. - Médium, senhora Cazemajour.)

"É uma inteligência que poderá permanecer ainda velada algum tempo pelo
sofrimento material da reencarnação à qual esse Espírito teve muita dificuldade em se
submeter, e que tem, momentaneamente, aniquiladas as suas faculdades. Mas seu guia o
ajuda com uma terna solicitude a sair desse estado pelos conselhos, os encorajamentos e
as lições que lhe dá durante o sono do corpo, lições que não são perdidas e que se
reencontrarão vivazes quando essa fase do entorpecimento tiver passado, e que será
determinada por um choque violento, uma emoção extrema. Uma crise desse gênero é
necessária para isso; é preciso esperá-la, mas não temer o idiotismo: este não é o caso."
Há ali um ensinamento importante e até certo ponto novo: o da primeira educação
dada a um Espírito encarnado por um Espírito desencarnado. Certos sábios, sem dúvida,
desdenhariam esse fato como muito pueril e sem importância; não veriam nisso senão
uma bizarrice da Natureza, ou o explicariam por uma superexcitação cerebral que apaga
momentaneamente as faculdades; porque é assim que eles explicam todas as faculdades
medianímicas. Sem dúvida, conceber-se-ia, em certos casos, a exaltação em uma pessoa
de idade madura, que eleva a imaginação por aquilo que vê, ou o que ouve, mas não se
compreenderia que isso pudesse superexcitar o cérebro de uma criança de três anos que
dorme. Eis, pois, um fato inexplicável por essa teoria, ao passo que encontra sua solução
natural e lógica pelo Espiritismo. O Espiritismo não desdenha nenhum fato, por medíocre
que seja em aparência; ele os espia, os observa e os estuda todos; é assim que progride
a ciência espírita, à medida que os fatos se apresentam para afirmar ou completar a sua
teoria; se eles se contradizem, procura-lhes uma outra explicação.
Uma carta datada de 30 de dezembro de 1864, escrita por um amigo da família,
contém o que se segue:
"Uma crise, disseram os Espíritos, determinada por um choque violento, uma
emoção extrema, livrará a criança do entorpecimento de suas faculdades. Os Espíritos
disseram verdadeiramente: a crise ocorreu por um choque violento, e eis de que maneira.
A criança foi causa para que sua avó tivesse uma queda terrível, na qual deixou de rachar
a cabeça, esmagando a criança. Depois desse abalo, a criança surpreende seus
parentes, a cada instante, pronunciando frases inteiras, como esta, por exemplo: "Tome
cuidado, mamãe, de cair."
A articulação das letras durante o sono da criança era, bem evidentemente, o
resultado do exercício que o Espírito lhe fazia praticar. Numa sessão ulterior da
Sociedade, onde não se ocupava de nenhum modo do fato em questão, a dissertação
seguinte foi dada espontaneamente, e vem confirmar e desenvolver o princípio desse
gênero de mediunidade.
Continuação
Revista Espírita 1865 Fevereiro