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quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Mensagem de Deolindo Amorim alerta sobre a necessidade do trabalho social :"se há pessoas padecendo a falta do pão, como manter-se indiferente ao fato e não socorrer o irmão?" ..."Suavizemos suas dores, sim; e, sobretudo, sejamos exemplos de esforço e dedicação..."


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Qui, 19 de Janeiro de 2012 10:12
deolindo3
Todo movimento social, político e religioso, embora fundamentado em ideias universais, é influenciado e em boa dose determinado pelo contexto em que se realiza. Com o espiritismo se deu e se dá algo semelhante, desde o primeiro momento.
Estava nos planos do Espírito da Verdade atribuir, à doutrina espírita, um caráter de tríplice aspecto, fundamental para a realização da sua proposta renovadora. De um lado, o exercício da capacidade investigativa, que nos fizesse utilizar as ferramentas da ciência para comprovação da imortalidade da alma e de suas consequências. De outro, a capacidade reflexiva, de modo que as grandes interrogações da filosofia nos conduzissem ao encontro de nós mesmos e do outro na construção de um projeto evolutivo. Por fim, a busca pela transcendência do “aqui e agora”, representada pela busca de Deus, a que uma religião pura nos conduz, uma religião isenta de dogmas, de rituais e de quaisquer outras exterioridades. Assim, ciência, filosofia e religião se conjugam num tripé que sustenta e dinamiza todo o conhecimento e toda a prática doutrinária.
Partindo-se da ideia inicial, a França do século XIX era o cenário mais propício para a sistematização dos três aspectos referidos. Primeiro, porque o fazer científico galopava velozmente em seu solo, graças às propostas de Augusto Comte, Francis Bacon e de outros teóricos de renome. Segundo, porque a capacidade de abstração e reflexão sempre foram marcas daquela nação. Terceiro, porque, apesar de tudo, as Revoluções de 1830 e 1848 de tal forma fragilizaram a economia e os projetos sociais daquele povo a ponto de impeli-los ao exercício da fraternidade e da beneficência, caminhos que, conduzindo-nos ao outro, fatalmente nos conduziria a Deus. Era inevitável, portanto, sob esses aspectos, que o Consolador, para ser consolidado como tal, surgisse em solo francês.
Compreendendo essa dinâmica, fácil é entender o que se deu com a doutrina espírita quando transportada para o Brasil. O contexto de sua chegada, bem como da sua consolidação, nos revela o encontro com uma população pobre e carente das luzes do raciocínio. A elite intelectual da época, rica e escravocrata, jamais suportaria as ideias da reencarnação e da igualdade entre escravos e senhores, muito menos a noção de solidariedade que deve existir entre as diversas camadas sociais.
Como suportar, também, uma lei de causa e efeito que nos vincula, inexoravelmente, às consequências de tudo o que fazemos, dizemos ou pensamos? Como conciliar uma doutrina de responsabilidade com os desmandos, a arrogância e a prepotência de uma elite viciada e corrompida pelo poder?
Embora melhor assimilada e compreendida por inteligências notáveis, foi no coração da gente simples, pobre e desesperançada que a doutrina espírita encontrou eco mais forte. Foi ali, onde a dor deixava pegadas profundas, que o Consolador fincou raízes e medrou, vistosamente.
Uma decorrência natural desse desenrolar foi o fortalecimento dos trabalhos sociais. Era preciso, para além do alimento da alma, saciar a fome, amenizar a miséria, minorar as diferenças materiais e tornar menos doloroso todo aquele processo de marginalização e aviltamento em que o fim da escravidão e a indiferença política lançavam milhares de pessoas.
O trabalho social foi, e ainda é, portanto, o meio pelo qual o espiritismo conseguiu se fixar em nossas terras. Graças a ele, a teoria da igualdade pôde ceder espaço à prática da caridade, exercitando homens e mulheres no ato da doação de si mesmos.
As possíveis distorções havidas nessas práticas, desde então, não são creditáveis à doutrina, mas às nossas próprias limitações. Somos nós que, ainda presos a antigos atavismos, costumamos perder o foco e seguir propostas indevidas.
Por vezes, esquecemos que a fome não existe para que a saciemos, para que sejamos caridosos. Ela é decorrente da ausência de políticas públicas adequadas que resolvam o problema da miséria e restitua as pessoas a sua condição de dignidade. Sua erradicação, com acerto, é de inteira responsabilidade das autoridades constituídas. Contudo, se há pessoas padecendo a falta do pão, como manter-se indiferente ao fato e não socorrer o irmão?
O trabalho social continua sendo a nossa ponte principal com o outro e com Deus, no contexto atual. Muito mais do que de discussões estéreis e de disputas intestinas, necessitamos trabalhar pelo outro, cedendo ao sentimento de solidariedade que deve mover os nossos corações.
Suavizemos suas dores, sim; e, sobretudo, sejamos exemplos de esforço e dedicação. Assim agindo, nosso trabalho, para além da fome física, será capaz de despertar consciência para a verdadeira vivência do evangelho.

Texto enviado pelo médium Pedro Camilo e de autoria atribuída ao jornalista Deolindo Amorim. A mensagem foi recebida em Votuporanga, BA, em 24 de outubro de 2010

Fonte: Site Correio Fraterno

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