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terça-feira, 13 de novembro de 2012

No limiar do amanhã / Deus



Herculano Pires

“Ouvimos uma apresentadora de TV dizer que Deus é estático, porque é perfeito. E que toda perfeição é estática. Tenho a minha opinião, mas gostaria de ouvir a sua.”
A concepção da apresentadora, de que Deus é estático porque é perfeito, está atrelada, por assim dizer, à nossa lógica humana. Há uma lógica, determinada praticamente pelas concepções do século XVIII. Já no século XIX e nos fins do século XVIII tinha-se uma concepção diferente.
A perfeição não é estática. Perfeito não é aquilo que está acabado. Pode haver uma perfeição naquilo que está iniciado. É um início perfeito, naquilo que está em desenvolvimento, rumo àquilo que Kant chamava de “a perfectibilidade possível” de cada Ser. Assim, há na perfeição um dinamismo e uma estática. Há um dinamismo constante, porque a perfeição implica o processo de desenvolvimento das potencialidades do Ser.
No campo do homem, por exemplo, isto se torna bem claro. O homem aparece na Terra nos tempos primitivos, como selvagem, como quase um animal. Entretanto, ele traz, dentro de si, todas as potencialidades da sua perfeição. Ele é, portanto, perfeito em potência, isto é, potencialmente ele é perfeito; à proporção que se vai desenvolvendo, através das vidas sucessivas, na renovação das gerações, na humanidade, essas potencialidades vão se manifestando. Então nós dizemos: “Fulano é uma criatura imperfeita, ainda em desenvolvimento”. Mas esta é uma concepção humana. Para Deus, aquele fulano, que está em desenvolvimento, é perfeito, porque ele traz em si todos os elementos da perfeição, que estão apenas aflorando, desenvolvendo-se, maturando-se, amadurecendo, para chegar, enfim, a um ponto determinado, que nós humanos consideramos a perfeição, mas que ainda não é a perfeição, para Deus.
Para Deus, a perfeição é um incessante evoluir. Ela não está, de maneira alguma, em algo que se fez e se completou. Por isso, costumo dizer que as pessoas que dizem “Eu sou um homem que realmente me realizei”, se soubessem o que quer dizer a realização das potencialidades internas do Espírito da criatura humana, nunca usariam esta expressão. Um homem realizado, uma criatura realizada, seria uma criatura que não teria nada a realizar, não teria nada a fazer, estaria completa em si mesma.
Diz o filósofo Heidegger, uma das mais altas expressões do pensamento contemporâneo, que “o homem só está completo quando morre”. A passagem do homem pela vida é uma constante transformação, um constante evoluir. Assim, nós só podemos considerá-lo completo na morte, porque aí termina a sua vida de homem. Então este homem, que não é mais homem como criatura encarnada, mas um Espírito, irá prosseguir, continuando o desenvolvimento das suas potencialidades.
Deus é um renovador constante, incessante. Por exemplo: vamos a uma imagem que talvez nos dê uma idéia mais concreta, mais precisa disto, quando Zoroastro, na Pérsia – fundador da religião chamada, hoje, Madzeista, dando uma idéia de Deus aos seus adeptos, disse: “A única imagem possível de Deus, na Terra, é a do fogo. O fogo está continuamente se renovando, através das suas labaredas. O fogo produz a luz e afugenta as trevas, quando os selvagens precisam afugentar as feras que, no mato, os rodeiam, os rondam”.
Para Zoroastro, a única imagem perfeita de Deus é o fogo. E então, o que fizeram os homens? Passaram a usar o fogo.
Quando vemos velas acesas em algum lugar, no sentido devocional; quando vemos lâmpadas acesas, nos altares das igrejas, estamos diante de uma transposição do Zoroastrismo para outras religiões. Ou, em outras palavras, da adoração do fogo, da simbologia do fogo, presente nas manifestações religiosas.
Esta concepção de Zoroastro nos dá o exemplo concreto do que seja aquilo que poderemos imaginar como constante e incessante dinâmica da existência de Deus, se poderemos chamar assim; da sua vivência como uma inteligência, que é o centro de todo o Universo, que controla toda a movimentação dos astros, das galáxias, do espaço infinito. Deus é um dinamismo constante. Não poderia ser, portanto, estático, de maneira alguma.

No Limiar do Amanhã/A busca da Verdade



A busca da Verdade
Herculano Pires

“Professor, considero o Espiritismo uma tentativa ingênua de racionalizar a Religião. As transmissões não são racionais. São realizações emocionais, para ajudarem o homem a suportar a vida. Como o senhor me responderia a isto?”
Respondo que continua em vigor o seu preconceito. O senhor está tratando com preconceito o problema religioso. Quem lhe disse que se chegou à conclusão, do ponto de vista científico e religioso, de que a religião seja isto, apenas um problema emocional? Não. O senhor conhece, por exemplo, a posição pragmática de William James, nos Estados Unidos, no tocante às religiões? O senhor sabe que ele encarou as religiões sob o ponto de vista racional e didático e chegou à conclusão de que a Religião tem uma finalidade prática, muito importante, na vida humana?
O senhor sabe que Augusto Comte, o grande filósofo do Positivismo, que fez a sua filosofia baseada inteiramente no estado subjetivo da ciência, acabou criando aquilo que ele chamou a religião da humanidade? Sabe que no Rio de Janeiro existem centros positivistas, onde o senhor pode assistir às cerimônias religiosas? Que Augusto Comte confirmou a existência da Metafísica baseando-se nas experiências concretas e positivas? Que para ele as religiões não tratavam de um Deus imaterial, abstrato, mas daquilo que ele chamava a Deusa, que é a própria humanidade, o culto da humanidade?
A religião não tem apenas um sentido emocional, mas também um sentido de busca da verdade. A religião faz parte do campo do conhecimento. No tocante ao Espiritismo, nós consideramos o seu conhecimento, no sentido geral, em três campos, três grandes províncias, por assim dizer, que são: a Ciência, a Filosofia e a Religião. As ligações entre esses campos do conhecimento são ligações praticamente genéticas. Por que? Porque sempre a Ciência nasce da experiência do homem, no contato com a natureza, da sua procura em conhecer a realidade das coisas, em descobrir as leis que as governam e servir-se delas, para poder utilizar-se delas.
A Ciência dá os dados sobre a realidade. Esses dados vão levar o homem a formular um conceito da natureza, a criar uma concepção do mundo, da vida. Essa concepção do mundo é a Filosofia. Então, a Ciência nasce da experiência humana na Terra. A Filosofia nasce das conquistas da Ciência. Essas conquistas se projetam na concepção do mundo formal, que é a Filosofia, e permitem que o homem tenha um comportamento adequado àquilo que ele considera ser o mundo, na feição moral. Mas a moral mostra que o homem não é um ser efêmero, como nos parece, pela sua aparência material. Assim, o ser, que sobrevive após a morte, nos leva, naturalmente, à Religião. A Religião é, então, a busca da verdade, da mesma forma que a Ciência, da mesma forma que a Filosofia. Cada uma testa e estrutura o seu conhecimento; cada uma no seu campo. Todas elas exercem, em conjunto, uma função, que é a busca da verdade.
O senhor se engana, portanto, ao considerar a Religião como apenas um campo da emoção. O senhor fala isso por causa da fé. Mas é preciso lembrar que Allan Kardec fez a crítica da fé e chegou à conclusão de que a fé verdadeira é a fé que se ilumina, à luz da razão.

No Limiar do amanhã /A evolução do Espírito




“Se existem mundos melhores do que este, por que vivemos aqui: Deus tem os seus privilegiados, que vivem em mundos melhores?”
O senhor está encarando o problema dentro de uma concepção estreitamente humana, que respeita, inclusive, o condicionamento social em que nós vivemos. Não. Deus não é um chefe político. Deus não é um administrador de empresas, que possa ter os seus privilegiados. Deus é a suprema inteligência do Universo, causa primária de todas as coisas. Ele é o Criador. Ele impulsiona na sua criação o desenvolvimento de todas as criaturas num mesmo e único sentido.
Nós todos temos de evoluir, de progredir. Mas se aqui estamos na Terra e outras criaturas habitam mundos superiores, é porque ainda não atingimos, na nossa evolução, a condição necessária para habitar esses mundos mais elevados. A vida é uma ascensão contínua. Bastaria isso para nos mostrar a sua grandeza e a grandeza do poder de Deus. Nós subimos, desde os planos inferiores da criação, através da evolução, e quando chegamos ao homem nós partimos para o mundo superior, o que no Espiritismo chamamos de angelitude, quer dizer, o plano dos anjos.
Os anjos não são mais do que homens evoluídos. São Espíritos humanos depurados, aperfeiçoados, que se desprenderam dos planos inferiores da criação e conseguiram desenvolver as suas potencialidades internas, a sua inteligência, a sua afetividade, a sua vontade, num plano extremamente superior, extremamente elevado.
As religiões os chamam de anjos, mas para nós, espíritas, esses anjos são os Espíritos puros, que já desenvolveram os seus mais elevados sentimentos. Na proporção em que os Espíritos se elevam, eles passam a habitar mundos superiores. Mas ninguém está privado de habitar esses mundos. Todos caminhamos para lá.
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“Por que temos que renascer neste mundo? Não progrediremos melhor nos planos espirituais onde, segundo o Espiritismo, tudo é melhor?”
A evolução é um progresso contínuo. Nós temos que conceber o problema não apenas através da nossa concepção humana das coisas. Precisamos ir um pouco além. Precisamos compreender que estamos lidando com um processo universal, cósmico, e que todo o Cosmo está implicado nesse processo. Assim, quando estamos aqui na Terra, passando por uma evolução necessária, é porque o nosso Espírito, dotado de potências que ainda não foram desenvolvidas, precisa, na vida terrena, dos choques da vida material, do contato, ainda, com as condições dos reinos inferiores, de que ele partiu.
O senhor pode ler na Bíblia aquele trecho alegórico, bastante importante, que diz assim: “Deus fez o homem do barro e da terra”. Ora, esta expressão nos coloca diante de uma verdade que o Espiritismo comprova pela experiência. Deus tira o Espírito humano do princípio inteligente do Universo, que é um motivo de organização e de estruturação de todas as formas da matéria, desde o reino mineral até o reino hominal. Assim sendo, esse princípio inteligente tem potências que vão sendo desenvolvidas, através desses reinos. Portanto, se ainda estamos aqui na Terra é porque não estamos em condições, não poderíamos viver num mundo superior, onde nossa inteligência e nossa sensibilidade não estariam em condições de se relacionarem com as coisas circundantes. Não teríamos sensibilidade para captarmos as sutilezas desse mundo, para percebermos as coisas que nele existem e para convivermos com os seus habitantes. É por isso que continuamos a nos preparar na Terra até que atinjamos a condição necessária para subirmos a mundos elevados.

No Limiar do Amanhã-Programa de Rádio onde Herculano Pires era o apresentador, respondendo dúvidas sobre a doutrina espírita.



Fluido e fluído

“Meu caro professor, tenho ouvido oradores espíritas – até de renome – confundirem a pronúncia fluido, que designa substâncias líquidas ou gasosas, com a pronúncia fluído, do verbo fluir. Afinal, por que esta confusão?”
A pronúncia correta é “flúido”, (mas sem o acento); não é fluído, como muita gente diz. A palavra fluído vem do verbo fluir, ao passo que a palavra fluido (onde a letra “u” é a vogal tônica), sem acento, é adjetivo referente às substâncias líquidas ou gasosas.
Para melhor esclarecimento, recorremos ao Novo Dicionário da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira:
FLUIDO (do latim fluidu) adj.: 1) fluídico: 2) diz-se das substâncias líquidas ou gasosas; 3) que corre ou se expande à maneira de um líquido ou gás; fluente; 4) frouxo, mole, flácido. Ex.: carnes fluídicas; 5) suave, brando. Ex.: movimentos fluídicos; 6) espontâneo, fácil, corrente, fluente. Ex.: linguagem fluídica; 7) corpo que, em repouso e em contato com outros, exerce apenas forças normais às superfícies de contato; 8) corpo (líquido ou gasoso) que toma a forma do recipiente em que está colocado. Ex.: o ar e a água são fluidos. Fluido ideal: aquele em que a viscosidade é nula.
FLUIR (do latim fluere) Verbo intransitivo. 1) correr em estado líquido; manar. Ex.: “e a suave, musical tagarelice / da água murmura a fluir do manancial...”; 2) correr com abundância; manar. Ex.: um filete de sangue fluía-lhe do canto da boca entreaberta; 3) provir, proceder, derivar. Ex.: as coisas fluem de Deus.
MANAR (do latim “manare”): Verter incessantemente e / ou em abundância. Ex.: a fonte manava de uma água límpida.

Prefácio .Um convite para ler Herculano




O meu amigo Altamirando foi, como sempre, muito feliz na tarefa que realiza na divulgação do Espiritismo, quando resolveu organizar um livro com os programas de rádio de Herculano Pires, realizados na Rádio Mulher, de São Paulo.
Alguns indivíduos possuem as gravações dos programas de Herculano; Altamirando soube aproveitá-las publicando-as neste livro que constitui, como ele mesmo escreve, um presente magnífico. A Doutrina Espírita aparece sintetizada nas respostas inteligentes e inspiradas do professor Herculano às perguntas bem formuladas.
“O metro que melhor mediu Kardec”, como fala Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, mostra o porquê dessa afirmação do amigo espiritual, quando explica à luz da razão a síntese do processo do conhecimento, o Espiritismo; em um dos programas o professor fala sobre o conceito de perfeição, explicando como o Pai nos criou perfeitos na essência, destinados a nos expressarmos na “angelitude”, através do progresso conseguido após várias encarnações.
A apresentação de Deus, através da resposta à pergunta “se Deus seria estático (porque perfeito) ou não”, é completa. Herculano analisa filosoficamente o que é a perfeição, permitindo-nos a compreensão do conceito esclarecedor. É a incompreensão dos conceitos, diz Herculano, que causa tão grande confusão sobre o que é o Espiritismo, entre os próprios espíritas, e a dificuldade para entenderem a doutrina como o triângulo divino de Emmanuel, “Ciência, Filosofia e Religião”. Herculano nos lembra ainda Jesus: “sois deuses, sois luzes”. O irmão mais velho, Jesus, já nos apresenta como criaturas luminosas. Herculano encerra a resposta lindamente, lembrando Zoroastro: “A única imagem possível na Terra (de Deus) é a do fogo. O fogo nunca está parado, não é estático. O fogo se renova através de suas labaredas...”. Herculano diz: “Deus é um dinamismo constante. Não poderia ser, portanto, estático de maneira alguma...”. Que segurança, clareza, objetividade, a do mestre em Filosofia, José Herculano Pires.
Nos vários programas, Herculano explica Deus e reúne as suas reflexões sobre o Criador em um livro importantíssimo, Concepção Existencial de Deus. Belíssimo o capítulo sobre a força do pensamento e as explicações sobre essa “energia física, mas de tipo desconhecido, porque nenhuma barreira física consegue impedi-la”. Nesse ponto Rhine não concorda com Ransiliev e diz que o pensamento é extrafísico. Herculano mostra a importância da fé raciocinada, explica o valor da prece como o pensamento positivo que “atrai para o indivíduo as melhoras imediatas”, como nos explica O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Deus está presente em nossa consciência e em nosso coração. Ele nos ouve, está dentro de nós. Basta dirigirmos uma prece a Ele e conseguimos realmente nos comunicarmos com o Pai Criador”. A nossa fé aumenta através das explicações de Herculano.
Altamirando, através deste livro, convida-nos a ler Herculano para dilatarmos o nosso respeito ao trabalho do grande mestre de Lyon, Allan Kardec.
São Paulo, 20 de janeiro de 2001
Heloísa Pires

Atendimento Fraterno parte 4

Cap.3
PROBLEMAS DE PERSONALIDADE
Suely Caldas Schubert
É muito importante para o Atendimento Fraterno que o atendente conheça
algumas noções básicas (ainda que bem simples) acerca dos problemas de
personalidade, a fim de evitar-se o equívoco, diante de certos casos,
considerados como processos obsessivos quando, na realidade, expressam
conflitos, desajustes, traumas, transtornos psíquicos, enfim, que têm como
origem o próprio indivíduo, que é um Espírito enfermo, digamos assim.
É propício o esclarecimento de Jorge Andréa a respeito:
“Essas estruturas doentes, do Espírito ou da individualidade, imprimem nas
células nervosas desvios metabólicos a refletirem uma intensa gama de
personalidades doentias, conseqüência de autênticas respostas cármicas.”
A palavra personalidade deriva de “persona”, palavra latina que significa máscara.
Designava antigamente a máscara usada no teatro por um ator.
Modernamente, define-se personalidade como o conjunto das
características intelectivas, afetivas e volitivas que constituem o modo de ser e
de sentir de uma pessoa.
A personalidade resulta de uma interação social. ou seja, do
relacionamento do indivíduo com as pessoas que constituem os grupos sociais
de que faz parte: lar, escola, trabalho, lazer.
Em sentido mais amplo pode-se dizer que a personalidade de uma pessoa
forma-se a partir de uma conjugação de fatores genéticos, pela educação que
lhe é transmitida, pelo contexto histórico em que vive, pela interação social, etc.
Em Psicologia há um conjunto muito vasto das Teorias da Personalidade,
com uma diversidade muito grande de pontos de vista.
Quando desejamos a solução de um problema, o primeiro passo é buscar
a sua causa, a sua origem. Qual a origem dos problemas de personalidade?
Segundo Rollo May, a origem “é uma falta de ajustamento das tensões dentro
da personalidade.”

O processo de ajustamento das tensões ocorre continuadamente, por isto
a personalidade nunca é estática. E viva, dinâmica, em constante mutação.
Como ocorrem essas tensões? Sempre que uma pessoa experimente um
sentimento de que “deve” fazer isso ou aquilo, ou um sentimento de
inferioridade, de triunfo ou desespero, as tensôes de sua personalidade estão
sofrendo um processo de reajustamento. Por exemplo: lendo
um livro ou ouvindo uma palestra toda idéia que nos atraia a atenção e nos
convide a uma reflexão mais profunda provoca um novo ajustamento das
tensões em nossa personalidade.
Portanto, estabilidade ou equilíbrio da personalidade não significa que ela
deva tornar-se estática. Em verdade, viver é ajustar-se, continuamente, a
novas experiências de cada dia.
Para Rollo May, a característica básica da personalidade é a liberdade. Ele
afirma que existem quatro princípios essenciais para a personalidade humana:
liberdade, individualidade, integração social e tensão religiosa. “
Infere-se, pois, que a falta de ajustamento das tensões pode ocasionar
conflitos a manifestar-se sob variadas formas e sintomas, desde a timidez,
excessivo acanhamento, medo de relacionar-se com as pessoas, ansiedade,
angústia, fobias, depressão, até desaguar nos transtornos psíquicos como as
neuroses ou, em casos mais graves, como a esquizofrenia, as psicoses, etc.
Essa dificuldade de ajustamento às injunções do dia-a-dia acarreta um
conflito íntimo prejudicando o relacionamento com o meio social em que o
indivíduo está inserido e, não raro, pode alcançar até mesmo as pessoas mais
íntimas de sua convivência.
Portanto, existe neurose quando os conflitos não podem ser trabalhados,
superados, tornando-se desproporcionais à capacidade do indivíduo de lidar
com eles. Em decorrência, surgem os mecanismos de defesa neuróticos, que
são situações que a pessoaengendra tentando disfarçar ou fugir de seus
problemas interiores. Essa fuga passa por uma vasta gama de subterfúgios,
como os vícios, por exemplo, que
constituem supostas válvulas de escape, ou o fechar-se em si mesmo,
tentando evitar o confronto com as tensões naturais da vida.
Jorge Andréa elucida:
“Devemos considerar, como personalidade desviada, as condições
dinâmicas que atingem o caráter e cuja intensidade ou grau modificarão a
conduta e conseqüentemente a vida social. Desse modo, estarão enqüadrados
os indivíduos que destoam da média, apresentando tanto agressividade
exagerada como passividade extrema, os desvios sexuais, os alcoólatras, e
uma série de disfunções da personalidade. Geralmente são individuos que
acham que suas reações são mais desencadeadas pelo meio em que vivem do
que partindo deles próprios.”
O ajustamento, a estrutura da personalidade, faz-se pela interação dos
componentes bio-psico-sócio-espirituais.
Esses problemas de origem cármica, cujas causas estão no Espírito
endividado perante as Leis Divinas, encontram nos esclarecimentos da
Doutrina Espírita os recursos terapêuticos imprescindíveis para que alcancem a
própria libertação.