Caros amigos leitores , gostaríamos, na medida do possível ,contar com a interação de todos ,através de comentários , tornando se seguidores deste blog divulgando para seus conhecidos ,para que assim possamos estudar e aprendermos juntos , solidários e fraternos. Inscrevam-se no blog!

terça-feira, 13 de novembro de 2012

No Limiar do Amanhã /A Terceira Revelação



Herculano Pires

“Por que o Espiritismo se apresenta como a Terceira Revelação, se sabemos que houve muito mais do que três revelações no mundo? Kardec não sabia disso?”
Kardec sabia, perfeitamente. Mas acontece o seguinte: as numerosas revelações que houve no mundo, desde a época primitiva, entre os povos primitivos, podemos classificar como as revelações entre os homens da caverna, porque sabemos que os mesmos, como crianças que se iniciavam na vida, tiveram os seus preceptores, aqueles Espíritos superiores que cuidaram deles e os orientaram.
Todas essas revelações têm um sentido preparatório, no tocante a uma revelação de importância fundamental para o desenvolvimento da civilização, que foi a revelação Mosaica, que, como sabemos, deu origem à Bíblia – a Bíblia dos judeus, que é também a Bíblia dos Cristãos. Porque o Cristianismo é uma reforma do Judaísmo, feita por Jesus, que era judeu. Essa revelação é de importância fundamental, porque estabelecia uma modificação muito profunda nos conceitos sobre Deus e o homem, sobre a vida na Terra e o destino do próprio homem.
A respeito de Deus, podemos acentuar um ponto capital: enquanto as revelações, ocorridas nas diversas partes do mundo, nos davam uma idéia de Deus como distanciado do homem, alguém que houvesse, por assim dizer, criado o mundo e depois pouco se tivesse importado com ele, a revelação judaica nos mostra um Deus providencial. É aquilo que estudam os filósofos e se chama providencialismo.
O providencialismo judeu modificou por completo o conceito de Deus. Deus não está ausente do mundo; Deus está presente; Deus faz a História. Ora, Deus, em fazendo a História, a sua participação no mundo dos homens é permanente, é constante. Essa primeira modificação é de uma importância decisiva. É para o homem uma concepção de Deus mais consentânea com a realidade daquilo que nós chamamos, hoje, a estrutura unitária do Universo.
Além disso, a revelação Mosaica nos deu a idéia de que Deus havia criado o mundo, não se servindo de material já existente, mas produzindo, ele mesmo, os materiais necessários. É o dogma bíblico da criação a partir do nada. Deus não criou o mundo do nada. O nada parece não ter condições para dar elemento algum a Deus, para que Ele pudesse criar o mundo. O nada bíblico, como nós o entendemos, na sua significação mais profunda, é como o nirvana de Buda, que parece ser o nada, a negação de tudo o que existe. Um nada apenas simbólico; um nada relativo; um nada em relação ao tudo que consideramos na Terra.
A matéria e todas as conseqüências da matéria, na vida terrena, não existem, no mundo espiritual superior. Então, vem daí a designação do nada. Além desse ponto, que é de importância fundamental para a compreensão do Universo e do processo criador de Deus, temos ainda um outro aspecto na revelação Mosaica, que é fundamental. Enquanto entre os povos das diversas religiões do mundo, não só mitológicas de que são exemplos típico e clássico as mitologias grega e romana, mas sim todas as religiões da Antigüidade, as revelações dessas religiões colocavam o problema de Deus numa situação múltipla. Havia deuses múltiplos, para todos os setores da natureza e para todos os aspectos da atividade humana. Alguns desses deuses sobreviveram até o nosso tempo. Hoje, quando falamos em Mercúrio, estamos nos referindo ao deus do comércio. Estamos voltando o nosso pensamento para os primórdios do desenvolvimento das religiões na Terra, e assim por diante.
A revelação Mosaica firmou a idéia do Deus único. Nasceu com ela o monoteísmo. Deus é um só. Isso foi de grande importância para a humanidade, porque mostrou que a humanidade havia atingido um plano de evolução mental capaz de encarar o Universo como um processo total, de maneira global; não só provou isto, como trouxe conseqüências sociais muito importantes. Quando nos lembramos de que no passado os povos tinham os seus deuses particulares, por exemplo, os egípcios, os babilônios, os gregos, os indianos e os judeus, que tinham seu Deus pessoal, Iavé, vemos que esses deuses, representando os protetores especiais de um desses povos e até mesmo seus criadores, estabeleciam diferenças fundamentais entre as raças, entre os povos.
Essas diferenças incentivavam as guerras de conquistas, de dominação e escravização dos povos. Os judeus, por exemplo, foram escravizados na Babilônia e no Egito; os gregos foram escravizados pelos romanos e assim por diante, porque quando Júpiter, o deus dos romanos, conseguiu vencer a batalha contra Zeus, o deus dos gregos, isso mostrou que o deus dos romanos era mais poderoso e o povo grego teve que se submeter, então, ao domínio e à escravização do povo romano.
Assim, a idéia do Deus único vinha abrir nova compreensão entre os homens, no sentido de uma maior possibilidade de harmonia entre as nações e os povos. Isso não quer dizer que as guerras se acabariam imediatamente, porque as mesmas têm vários motivos e elas continuam até os nossos dias. Mas aquelas guerras absolutas, do passado, em que o povo dominador tinha todos os direitos sobre o povo dominado, mudaram completamente de aspecto. Os povos conquistadores viam-se obrigados a respeitar, daí por diante, os outros povos, considerando que eles, embora subjugados temporariamente pela força, não obstante eram também filhos do mesmo Deus, que dera força ao povo conquistador.
Dessa maneira e graças a essas revelações especiais da revelação Mosaica, ela se tornou uma revelação de importância fundamental para o desenvolvimento da civilização no mundo. Por outro lado, a revelação Mosaica anunciava a vinda do Messias; a vinda de Jesus; a vinda do Cristo; conseqüentemente, essa revelação era também profética e já determinava uma relação entre ela e a próxima revelação que surgiria, ou seja, a vinda do Cristo.
Foi por isso que Kardec adotou a tese das três revelações fundamentais:
  primeira – a revelação judaica;
  segunda – a revelação cristã;
  terceira – a revelação espírita, que está prometida no Evangelho de Jesus.
Quando lemos, por exemplo, o capítulo 16 do Evangelho de João, encontramos a promessa do Consolador, do Espírito de Verdade, do Parácleto, que é aquele que virá restabelecer a verdade do destino do Cristo sobre o destino do homem na Terra. É aquela revelação que vem, ao mesmo tempo, completar a revelação cristã, a segunda revelação. É por isso, então, que Kardec chamou o Espiritismo de Terceira Revelação.

No Limiar do Amanhã / A cura pela prece



A cura pela prece

“A cura espírita por meio de passes não é só uma sugestão? Por que o médium precisa esfregar a mão numa pessoa doente para curá-la? Os santos não curam, por meio de preces?”
Sim, todos nós podemos curar, por meio de preces. A prece é uma vibração. Essa vibração se dirige ao mundo espiritual e estabelece uma comunicação entre nós e os Espíritos, que nos podem atender. A prece, portanto, é uma maneira de falarmos com o mundo espiritual e ficou claramente explicada agora, com as investigações da Parapsicologia que, estudando o problema da transmissão do pensamento à distância, entre pessoas vivas, confirmou aquilo que o Espiritismo vem dizendo há mais de um século: que quando nós oramos, emitimos pensamentos que podem atravessar as maiores distâncias e podem comunicar-se com Espíritos que estejam nos planos mais elevados da Criação.
Muita gente diz: “Eu não acredito na prece, porque como Deus vai me ouvir? Deus é um Poder Superior, muito mais elevado do que qualquer um de nós. Está numa posição que não podemos nem imaginar; não sabemos a que distância ele se encontra de cada um de nós. Então, não adianta orar, porque a nossa prece não vai atingir a Deus”.
Em primeiro lugar, precisamos saber que Deus não é uma pessoa como nós, é uma Inteligência Suprema, criadora, e essa Inteligência é absoluta e não relativa, como a nossa. Nós nem mesmo podemos defini-la, descrevê-la. É praticamente impossível explicarmos o que seja Deus, a não ser por essa afirmação, que é a única que o Espiritismo admite: “Deus é a Inteligência Suprema do Universo, causa primária de todas as coisas”. Dessa Inteligência Suprema decorrem todas as criações do Universo.
Pode ser absurdo o que fazemos com Deus. Mas Deus não está apenas na distância; ele está também presente em nós. Ele está em nosso coração. Ele está em nossa mente, porque é onipresente, está em toda parte. Mas está em toda parte por que? Porque, sendo absoluto, tudo quanto existe está dentro Dele. Tudo quanto existe está ligado a Deus, está em Deus. É por isso que o apóstolo Paulo dizia, quando escreveu em suas epístolas: “Nós vivemos e nós morremos em Deus”.
Quando falamos a Deus, portanto, falamos dentro de nós mesmos, no nosso coração, na nossa inteligência, na nossa consciência. E Deus nos ouve. Deus nos pode responder. Quando estudamos o problema da prece, à luz do Espiritismo, nós vemos que ela representa uma das forças mais poderosas de que o homem pode dispor, na Terra.
É claro que a prece vale muito pela maneira como é feita; não a forma, mas a maneira. A maneira tem que ser espontânea, tem que ser real; nós temos de sentir aquilo que estamos pedindo. Temos que ter fé, acreditar, realmente, que estamos nos dirigindo a um Ser superior, que possa atender-nos. Essa crença, essa confiança, são importantes, porque estabelecem a ligação necessária entre nós e aquelas entidades espirituais a que nos dirigimos. Assim, a prece pode realmente produzir curas. Quantas pessoas já se curaram através da vibrações de uma prece?
Quanto ao médium dar passes, os mesmos são simplesmente a transmissão de fluidos e de vibrações, portanto de correntes energéticas, a um indivíduo doente. Existem o passe magnético, o passe hipnótico e o passe espírita. Esse último difere do passe hipnótico propriamente dito, porque é um passe em que o médium serve de instrumento para os Espíritos.

O Evangelho no Lar

“Tenho um casal de filhos, com situação ótima financeira. Eles têm tudo o que querem, em matéria de conforto e outras necessidades, que muitas pessoas gostariam de alcançar. Mas minha filha é revoltada. Eu não tenho possibilidades de dialogar com ela. Qual o motivo dessa revolta? Faço o possível para compreender meus filhos. Será que o fato se dá por eu ter dado a eles carinho em demasia? Será falta de uma ocupação, como, por exemplo, o trabalho? O que o senhor me aconselha?”
Esse problema de relacionamento em família está muito em voga, no momento. Você não está em dificuldades em relação a outros familiares. Nós sabemos que estamos numa fase de transição na vida terrena. Estamos passando para um mundo melhor. Mas essa passagem não se faz facilmente. Temos que saldar os nossos débitos com muitas outras criaturas. E elas podem aparecer dentro da nossa própria família, pelas suas relações de afinidade conosco. Não são nossos inimigos, mas criaturas a quem devemos.
Elas, por sua vez, têm também as suas dívidas para conosco. É preciso fazermos aquilo que Jesus nos ensinou, no Evangelho: acertarmos o passo com o nosso companheiro, enquanto estamos a caminho com ele. E é preciso procurarmos compreender aquelas criaturas que se mostram difíceis, procurando sempre o apoio do Alto, o refúgio na oração e na prece, que nos trará o auxílio dos bons Espíritos, para o que o nosso familiar se harmonize conosco, em casa.
Eu pergunto à querida ouvinte se ela realiza, em sua casa, o Evangelho no Lar. É ímã para o trabalho, muito bom, salutar, que corta muitas arestas, na rotina da vida em família. Uma vez por semana, reunimos a família em torno da mesa, lemos um trecho de O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, e fazemos uma prece. É o suficiente, muitas vezes, para trazermos um novo clima, formarmos um novo ambiente e encontrarmos uma nova solução para os nossos problemas.

No Limiar do Amanhã / Os mundos habitados



Os mundos habitados
Herculano Pires

“Ouvi falar que o Espiritismo traçou uma escala dos mundos. Isso é verdade? Como é esta escala?”
Existe realmente uma escala dos mundos, mas não no sentido absoluto. Não como um sistema rígido. Kardec, como sabemos, era um homem de ciência e sabia tratar desses problemas com a flexibilidade necessária, para não transformar certas afirmações ou tentativas de esclarecer as coisas em formas dogmáticas. Então Kardec, examinando o problema da pluralidade dos mundos no Universo e considerando que logicamente essa pluralidade deve corresponder, também, à expansão da humanidade, que não pertence apenas à Terra, mas a todos os mundos do Espaço, procurou estabelecer uma idéia, como ele diz, uma sugestão, referente às diferentes espécies de mundos que existem. E criou a escala dos mundos, da seguinte maneira:
  Mundos primitivos, em estado de provação – Isso nos vem da própria sugestão da História da Terra. Quando examinamos a Terra no seu desenvolvimento, vemos que ela já foi um mundo onde não havia a existência humana, não havia o homem, nem sequer animais; enfim, não havia vida de espécie alguma. Depois surgiu a vida, que se foi desenvolvendo, do reino mineral para o reino vegetal, do vegetal para o animal, até atingir o reino hominal, com o surgimento do homem. Sendo assim, a própria Terra nos oferece uma idéia bem positiva, bem clara, do que são as várias formas do mundo. Os mundos primitivos são aqueles que estão ainda em desenvolvimento, onde a vida começa a surgir e se desenvolver.
  Mundos de Provas e expiações – Esses, como a Terra, são mundos onde a vida já se desenvolveu, em que o homem apareceu e em que se desenvolve, também, a civilização. Como o próprio nome indica, nesses mundos o homem está sendo provado pelas dificuldades terrenas e passando pelas expiações e atrocidades derivadas do uso do seu livre-arbítrio, cometidas em vidas anteriores.
  Mundos de regeneração – nesses mundos a humanidade se liberta das expiações e passa a enfrentar apenas as provas evolutivas, porque já adquiriu um grau evolutivo que lhe permite libertar-se daquilo que popularmente se conhece como “pagamento das dívidas do passado”.
  Mundos felizes - esses são mundos onde a Humanidade, já regenerada, está em condições morais que lhe permitem viver uma vida divina, que podemos considerar semelhante à vida dos deuses. Sua constituição é de natureza etérea, de matéria mais estratificada que a do nosso planeta. O homem vive aí uma vida paradisíaca.
  Mundos celestes ou divinos – Considerado pelo Espiritismo como os mundos superiores, estes são os mundos habitados pelos Espíritos puros.
Assim, temos uma escala do mundo sobreposta à variedade de formas de mundos habitados pela Humanidade, que não é terrena, é cósmica. A Humanidade é cósmica, isto é, existe no Cosmos.
Esta é a posição do Espiritismo a respeito do assunto e, como o ouvinte naturalmente já percebeu, pelas muitas manifestações científicas que têm surgido, divulgadas, inclusive, nos noticiários dos jornais, do rádio e da televisão a respeito de pesquisas sobre tudo isso, essa concepção espírita está de pleno acordo com a era cósmica que estamos vivendo.
– 0 –
“Camille Flammarion foi espírita. Disseram-me mesmo que ele foi médium de Allan Kardec, o que eu duvido. Foi ele quem deu a Kardec a idéia de que existem outros mundos habitados?”
Não, não foi Flammarion quem deu essa idéia. Foram os Espíritos, nas suas comunicações com Kardec, que explicaram a existência dos mundos habitados no Universo. O ouvinte duvida que Flammarion tenha sido médium de Kardec. Por que duvida disso? É tão conhecido o problema de Flammarion, nas suas relações com o Espiritismo! Ele, realmente, aceitou a teoria da pluralidade dos mundos habitados e escreveu um livro sobre isso. Trabalhou com Kardec, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, como médium psicógrafo. Posso adiantar-lhe que o Capítulo de A Gênese, de Allan Kardec, intitulado “Uranografia Geral”, foi recebido psicograficamente por Flammarion. Nesse capítulo, ele recebeu informações do Espírito Galileu Galilei sobre a pluralidade dos mundos habitados.

Mundos sem vida

“Como o Espiritismo explica a existência de um mundo sem vida alguma, como a Lua e provavelmente Marte?”
O senhor, agora, me lembrou de uma falha que cometi, na lição passada, ao expor o problema sobre a escala espírita dos mundos. Realmente, há nessa escala um outro tipo de mundo que eu não citei, porque está incluída na própria fase dos Mundos Primitivos. São os Mundos Transitórios, que, segundo os Espíritos disseram a Kardec, são completamente áridos, muitos deles sem mesmo terem atmosfera, como acontece com a Lua.
Alguns deles, porém, já possuem atmosfera. São aqueles em que a vegetação se desenvolveu, em que houve a possibilidade, em virtude da existência de água nas suas entranhas, do desenvolvimento da própria atmosfera. Esses mundos transitórios, assim considerados, não têm condições de habitabilidade e, justamente por isso, não têm habitantes permanentes. Ninguém pode, por exemplo, viver permanentemente na Lua, a não ser de maneira artificial, servindo-se dos recursos da Terra, porque a Lua não tem atmosfera. Entretanto, nos Mundos Transitórios, os Espíritos se acomodam, por assim dizer, nos seus trabalhos que realizam no Cosmos.
O senhor vai dizer que isto é, por certo, um caso de imaginação, tirado da mitologia ou coisa semelhante. Mas a verdade é que os Espíritos somos nós mesmos. É preciso lembrar dos Espíritos não como fantasmas, não como criaturas abstratas, imaginárias, mas como criaturas humanas, desprovidas do corpo material. Nós não somos animais. Temos um corpo animal como instrumento de nossa manifestação, na vida terrena. Somos provenientes do Reino Animal, na nossa evolução, mas por termos atingido um plano superior, em que se manifesta a consciência, nós superamos a animalidade, porque a nossa essência é espiritual e não material.
Temos, pois, de nos lembrar dos Espíritos como seres humanos, dotados de todas as capacidades que possuímos, aqui na Terra, sendo que as mesmas são criadas em virtude de eles estarem revestidos de um corpo mais leve do que o nosso corpo material, que é o perispírito. O senhor teria a possibilidade de dizer que tudo isso é imaginação. E se eu lembrar ao senhor que as pesquisas existentes neste caso demonstraram a existência real do perispírito, o corpo espiritual do homem? O senhor poderá objetar-me, como costumam fazer os céticos, que essas pesquisas nunca chegaram a comprovações decisivas. Na verdade, chegaram. Chegaram, sim senhor.
Se o senhor ler os trabalhos científicos a respeito, verá que chegaram a resultados conclusivos, mas foram rejeitados pela maioria dos cientistas, que não se importaram em pesquisar nesse campo. Por que William Crookes se dedicou a estudar os fenômenos espíritas? Por que ele era espírita? Não, porque ele nem acreditava nisso. Depois da investigação da sociedade Dialética de Londres, que quis acabar com o Espiritismo e acabou, na verdade, se dividindo em duas partes, uma a favor e outra contrária, depois desse fracasso William Crookes foi chamado à liça. Era um homem de grande prestígio, de grande capacidade científica no campo da investigação, principalmente para fazer aquilo que a Sociedade Dialética não havia conseguido fazer.
É bem conhecido o episódio de Crookes. Ele trabalhou apenas três meses na investigação espírita, afastando-se, portanto, do campo das suas pesquisas habituais, do seu trabalho costumeiro. Pois bem, Crookes ficou mais de três anos na pesquisa espírita e provou a existência de todos os fenômenos espíritas. Então, o que fizeram aqueles mesmos que haviam solicitado a sua presença nesse campo? Disseram que ele havia perdido a razão.
Como ter provado a existência dos Espíritos, pelo mesmo Crookes, que havia provado a existência da matéria radiante? As conquistas de Crookes antes do seu trabalho espírita eram válidas, mas as conquistas no campo da investigação espírita não deveriam ser válidas. Veja o senhor o preconceito, a falta de arejamento espiritual para enfrentar os problemas. Ainda recentemente, um grande cientista francês afirmou, através de um trabalho muito bem feito, sobre a tradição dos cientistas no mundo atual, em face dos problemas parapsicológicos, que existe na Ciência uma lei de conservação da estrutura científica, denominada Lei de Alergia ao Futuro, que funcionou na Ciência.
Quanto a Crookes, saiu do campo do presente imediato e investigou a realidade dos fenômenos espíritas, com o que se projetava no futuro. Então os seus próprios colegas se voltaram contra ele. Temos também o caso de Charles Richet, que projetou suas pesquisas em Argel, provocando as manifestações de um Espírito materializado, que ele examinou como fisiologista, em todas as minúcias de sua manifestação; comprovou e afirmou a realidade da materialização e foi acusado, pelos seus próprios colegas, de que tinha cometido um grave erro de ter sido ludibriado por afirmações do cocheiro do general Noel, em cuja casa foram feitas as experiências. Acontece que esse cocheiro havia sido despedido pelo general Noel; era ladrão e bêbado. Então Richet perguntou a seus colegas na França: vocês preferem ficar com as afirmações do cocheiro bêbado ou com as minhas?
Como o senhor vê, o problema é muito sério, muito grave e nós precisamos compreender que temos que deixar de lado os preconceitos e encarar a verdade. Vamos examinar as pesquisas científicas em si e verificar a constância com que essas pesquisas não mudam. Desde os tempos de Kardec até hoje, estão sempre terminando, concluindo, pela existência real do fenômeno. Então a realidade se impõe, através da pesquisa científica, e não pode ser absolutamente negada com essa simplicidade, essa facilidade com que tem sido feita.

No Limiar do Amanhã / A comunicação com Deus



A comunicação com Deus

Herculano Pires

“O Espiritismo é uma doutrina racional e científica, mas adota a prece e o passe e se diz continuador do Cristianismo. Vejo nisso uma tremenda contradição. O que o senhor me diz?”
Não há contradição nenhuma. Quando o Espiritismo se diz uma doutrina racional e científica, ele se pauta através dos seus princípios. Basta ler O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, a obra fundamental do Espiritismo, para certificar-se de todas as questões científicas e de pesquisas, de acordo com os princípios da doutrina. Então, a Doutrina Espírita é realmente racional e científica.
Quanto à prece, ela não é irracional. Pode ser irracional para, por exemplo, os selvagens, que pronunciam a prece sem saber o seu significado. Assim, a formulam, impulsionados pelas emoções de momento. Mas quando uma pessoa já tem o desenvolvimento mental para entendê-la, ela é uma forma de comunicação, e a forma de comunicação não é, absolutamente, mágica ou supersticiosa. Ela existe em todos os campos.
Há dois tipos de comunicação humana:
1)    a comunicação horizontal, ou seja, no plano social, de homem para homem, entre as criaturas humanas;
2)    a comunicação vertical, isto é, com as entidades espirituais e com Deus.
O homem pode, inclusive, falar com Deus, quando dirige a Ele, por exemplo, a prece do Pai Nosso, repetindo aquelas palavras que Jesus deixou, no Evangelho. Essa comunicação é racional, pois o Pai Nosso traduz uma série de pedidos, de solicitações, que correspondem exatamente às nossas necessidades humanas. Tentamos, então, nos comunicar com Deus. E Deus nos ouve. Há essa comunicação com aquele que sabe usá-la, compreendendo o seu sentido e o seu alcance.
A prece dos espíritas não é dirigida somente a Deus, mas a todos os bons Espíritos, que podem não ser angélicos, mas são bons. São Espíritos de criaturas boas, que viveram na Terra, que vêm nos auxiliar, porque são nossos amigos. Todos nós, como dizia o apóstolo Paulo, temos as nossas testemunhas, que são os Espíritos que se aproximam de nós, os que são simpáticos a nós, por isso, vêm nos auxiliar; ou aqueles que nos detestam e que procuram nos atingir e prejudicar-nos. Mas todos eles estão à nossa volta e há aqueles que nos ajudam e nos defendem da maldade daqueles que nos detestam. Então, quando dirigimos a nossa prece a esses Espíritos, estamos quase na própria comunicação horizontal, de criatura humana para criatura humana, porque eles estão ao nosso redor e convivem conosco na Terra.
A prova de que isso não é uma superstição está, por exemplo, nas pesquisas atuais da parapsicologia, principalmente no campo da transmissão do pensamento. Por que é que a Rússia, neste momento, investiga com tanto interesse esse assunto, pois a Parapsicologia não cuida de problemas materiais, mas daqueles fenômenos paranormais, que se passam fora daquilo que é considerado material, na vida terrena? Por que os Estados Unidos empenham-se em verdadeiras campanhas, no sentido do desenvolvimento das pesquisas parapsicológicas? Por que há uma verdadeira corrida parapsicológica, entre os Estados Unidos e a União Soviética? Porque as experiências científicas já demonstraram essa coisa extraordinária, para todos aqueles que podem pensar um pouco a respeito.
A prece não é, absolutamente, um elemento mágico. É uma realidade no campo das comunicações, hoje em dia. Na Universidade de Moscou, por exemplo, a telepatia figura nas escolas de comunicação, como pertencente ao campo das comunicações biológicas.
Quanto ao passe, no Espiritismo ele não é considerado como uma varinha mágica. É como um elemento que permite a transmissão de energias vitais do passista. Essa transmissão de energias vitais está provada em pesquisas, na Rússia e Estados Unidos, sobre a aura humana e a aura das coisas, de acordo com o sentimento das criaturas, com a posição mental da pessoa, das suas emoções. Há variações não só na intensidade, como no colorido da aura.
A alma representa a energia vital do homem, que pode extravasar-se pelo corpo e que forma, então, essa aura verdadeiramente de luminosidade, em torno da pessoa. A aura existe, também, nos objetos, na pedra, no vegetal, porque todos os seres são dotados dessa energia íntima, que determina a sua expressão luminosa, além dos limites da estrutura material.
Assim, o passe é considerado uma transmissão energética, de uma pessoa para outra. Esse passe é mais poderoso quando auxiliado por uma entidade espiritual. Porque ocorreram, muitas vezes, a fraqueza das energias. Não há, portanto, nenhuma contradição no Espiritismo, ao se dizer racional e científico e admitir a prece e o passe.