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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Aprendendo com o Livro dos Espíritos questão 10

 
“Não; falta-lhe para isso o sentido.”
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Comentários de Miramez da obra filosofia espírita psicografada por João Nunes Maia
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos Questão 09

 
 

Aprendendo com o Livro dos Espíritos Questão 08

 
 

Aprendendo com o livro dos Espíritos questão 07

 
 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

DEVERES DOS PAIS


Por impositivo da sabedoria divina, no homem a infância demora maior período do que em outro animal qualquer.
Isto porque, enquanto o Espírito assume, a pouco e pouco, o controle da organização fisiológica de que se serve para o processo evolutivo, mais fáceis se fazem as possibilidades para a fixação da aprendizaagem e a aquisição dos hábitos que o nortearão por toda a existência planetária.
Como decorrência, grande tarefa se reserva aos pais no que tange aos valores da educação, deveres que não podem ser postergados sob pena de lamentáveis conseqüências.
Os filhos - esse patrimônio superior que a Divindade concede por empréstimo - , através dos liames que a consangüinidade enseja, facultam o reajustamento emocional de Espíritos antipáticos entre si, a sublimação de afeições entre os que já se amam, o caldeamento de experiências e o delinear de programas de difícil estruturação evolutiva, pelo que merecem todo um investimento de amor, de vigilância e de sacrifício por parte dos genitores.
A união conjugal propiciatória da prole edificada em requisitos legais e morais constitui motivo relevante, e não deve ser confundida com as experiências do prazer, que se podem abandonar em face de qualquer conjuntura que exige reflexão, entendimento e renúncia de algum ou de ambos nubentes.
Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência.
Evidentemente as técnicas psicológicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento. Entretanto, o amor - que tem escasseado nos processos modernos da educação com lamentáveis resultados - possui os elementos essenciais para o feliz desiderato.
No compromisso do amor, estão evidentes o companheirismo, o diálogo franco, a solidariedade, a indulgência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo da aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais.
No lar, em conseqüência, prossegue sendo na atualidade de fundamental importância no complexo mecanismo da educação.
Nesse sentido, é de essencial relevância a lição, dos exemplos, a par da assistência constante de que necessitam os caracteres em formação, argila plástica que deve ser bem modelada.
No capítulo da liberdade, esse fator basilar, nunca deixar esquecido o dever da responsabilidade. Liberdade de ação e responsabilidade dos atos, ajudando no discernimento desde cedo entre o que se deve, convém e se pode realizar.
Plasma, na personalidade em delineamento do filhinho, os hábitos salutares.
Diante dele, frágil de aparência, tem em mente que se trata de um Espírito comprometido com a retaguarda, que recomeça a experiência com dificuldades, e que muito depende de ti.
Nem o excesso de severidade para com ele, nem o acúmulo de receios injustificados, em relação a ele, ou a exagerada soma de aflição por ele.
Fala-lhe de Deus sem cessar e ilumina-lhe a consciência com a flama da fé rutilante, que lhe deve lucilar no íntimo como farol de bençãos para todas as circunstâncias.
Ensina-lhe a humildade ante a grandeza da vida e o respeito a todos, como valorização preciosa das concessões divinas.
O que lhe não concedas por negligência, ele te cobrará depois ...
Se não dispões de maiores ou mais valiosos recursos para dar-lhe, ele saberá reconhecer e, por isso, mais te amará.
Todavia, se olvidaste de ofertar-lhe o melhor ao teu alcance também ele compreenderá e, quiçá, reagirá de forma desagradável.
Os pais educam para a sociedade, quanto para si mesmos.
Examina a tua vida e dela retira as experiências com que possas brindar a tua prole.
Tens conquistas pessoais, porquanto já trilhaste o caminho da infância, da adolescência e sabes de moto próprio discernir entre os erros e acertos dos teus educadores, identificando o que de melhor possuis para dar.
Não te poupes esforços na educação dos filhos. Os pais assumem, desde antes do berço, com aqueles que receberão na condição de filhos compromissos e deveres que devem ser exercidos, desde que serão, tambem, por sua vez, meios de redenção pessoal perante a consciência individual e a Cósmica que rege os fenômenos da vida, nos quais todos estamos mergulhados.
Joanna de Ângelis

FILHOS INGRATOS



A ingratidão - chaga pestífera que um dia há de desaparecer da Terra - tem suas nascentes no egoísmo, que e o remanescente mais vil da natureza animal, lamentavelmente persistindo na Humanidade.
A ingratidão sob qualquer forma considerada, expressa o primarismo espiritual de quem a carrega, produzindo incoercível mal-estar onde se apresenta.
O ingrato, isto é, aquele que retribui o bem pelo mal, a generosidade pela avareza, a simpatia pela aversão, o acolhimento pela repulsa, a bondade pela soberba é sempre um atormentado que esparze insatisfação, martirizando quantos o acolhem e socorrem.
O homem vitimado pela ingratidão supõe tudo merecer e nada retribuir, falsamente acreditando ser credor de deveres do próximo para consigo, sem qualquer compensação de sua parte.
Estulto, desdenha os benefícios recolhidos a fim de exigir novas contribuições que a própria insânia desconsidera. É arrogante e mesquinho porque padece atrofia dos sentimentos, transitando nas faixas da semiconsciência e da irresponsabilidade.
Sendo a ingratidão, no seu sentido genérico, detestável nódoa moral, a dos filhos para com os pais assume proporções relevantes, desde que resulta num hediondo ato de rebeldia contra a Criação Divina.
O filho ingrato é dilacerador do coração dos pais, ímpio verdugo que se não comove com as doloridas lágrimas maternas, nem com as angústias somadas e penosas do sentimento paterno.
Com a desagregação da família, que se observa generalizada na atualidade, a ingratidão dos filhos torna-se responsável pela presença de vários cânceres morais, no combalido organismo social, cuja terapia se apresenta complexa e difícil.
Sem dúvida, muitos pais, despreparados para o ministério que defrontam em relação à prole, cometem erros graves, que influem consideravelmente no comportamento dos filhos que, a seu turno, logo podem, se rebelam contra estes, crucificando-os nas traves ásperas da ingratidão, da rebeldia e da agressividade contínua, culminando, não raro, em cenas de pugilato e vergonha.
Muitos progenitores, igualmente, imaturos ou versáteis, que transitam no corpo açulados pelo tormento de prazeres incessantes - que os fazem esquecer as responsabilidades junto aos filhos para os entregarem aos servos remunerados, enquanto se corrompem na leviandade -, respondem pelo desequilíbrio e desajuste da prole, na desenfreada competição da utópica e moderna sociedade.
Todavia, filhos há que receberam dos genitores as mais prolíferas demonstrações e testemunhos de sacrifício e carinho, aspirando a um clima de paz, de saúde moral, de equilíbrio doméstico, nutridos pelo amor sem fraude e pela anegação sem fingimentos e revelam-se, de cedo, frios, exigentes e ingratos.
Se diante de pais irresponsáveis a ingratidão dos filhos jamais se justifica ou procede, a proporcionada por aqueles que tudo recebem e tudo negam, somente encontra explicação na reminiscência dos desajustes pretéritos dos Espíritos que, não obstante reunidos outra vez para recuperar-se, avivam as animosidades que ressumam do inconsciente e se corporificam em forma de antipatia e aversão, impelindo-os à ingratidão que os atira às rampas inditosas do ódio dissolvente.
A família é abençoada escola de educação moral e espiritual, oficina santificante onde se lapidam caracteres, laboratório superior em que se caldeiam sentimentos, estruturam aspirações, refinam ideais, transformam mazelas antigas em possibilidades preciosas para a elaboração de misteres edificantes.
O lar, em razão disso, mesmo quando assinalado pelas dores decorrentes do aprimorar das arestas dos que o constituem, é forja purificadora onde se devem trabalhar as bases seguras da Humanidade de todos os tempos.
Quando o lar se estiola e a família se desorganiza, a Sociedade combale e estertora.
De nobre significação, a família não são apenas os que se amam, através dos vínculos da consaguinidade, mas, também, da tolerância e solidariedade que devem doar os equilibrados e afáveis aos que constituem os elos fracos, perturbadores e em deperecimento no clã doméstico.
Aos pais cabem sempre os deveres impostergáveis de amar e entender até o sacrifício os filhos que lhes chegam pela vias sacrossantas da reencarnação, educando-os e depondo-lhes nas almas as sementes férteis da fé, das responsabilidades, instruindo-os e neles inculcando a necessidade da busca da elevação e felicidade. O que decorra serão conseqüências do estado moral de cada um, que lhes não cabem prever, recear ou sofrer por antecipação pessimista.
Aos filhos compete amar aos pais, mesmo quando negligentes ou irresponsáveis, porquanto e do Código Superior da Vida, o impositivo: "Honrar pai e mãe", sem excluir os que o são apenas por função biológica, assim mesmo, por cujo intermédio a Excelsa Sabedoria programa necessárias provas redentoras e pungitivas expiações líberativas.
Ante o filho ingrato, seja qual for a situação em que se encontre, guarda piedade para com ele e dê-lhe mais amor, ..
Agressivo e calceta, exigente e impiedoso, transformado em inimigo insensível quão odioso, oferta ainda, paciência e mais amor. ..
Se te falarem sobre recalques que ele traz da infância, em complexos que procedem desta ou daquela circunstância, em efeito da libido tormentosa com o que os simplistas e descuidados pretendem excusá-lo, culpando-te, recorda, em silêncio, de que o Espírito precede ao berço, trazendo gravados nas tecelagens sutis da própria estrutura gravames e conquistas, elevação e delinqüência, podendo, então, melhor compreendê-lo, mais ajudá-lo, desculpá-lo com eficiência e socorrê-lo com probidade, prosseguindo com a família inditosa e os filhos ingratos, resgatando pelo sofrimento e amor os teus próprios erros, até o dia em que, redimido, possas reorganizar o lar feliz a que aspiras.
Joana de Ângelis

terça-feira, 16 de outubro de 2012

AS Bases para transformar-se item 5

5 - O CONHECER-SE NO CONVÍVIO COM O PRÓXIMO

5 - O CONHECER-SE NO CONVÍVIO COM O PRÓXIMO

"Amar ao próximo como a si mesmo, fazer aos outros o que quereríamos que os outros nos fizessem, é a mais completa expressão da caridade, pois que resume todos os deveres para com o próximo." (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XI. Amar ao Próximo como a Si Mesmo.)
No relacionamento entre os seres humanos, as experiências vividas ensinam constantemente lições novas. Aprendemos muito na convivência social, através de nossas reações com o meio e das manifestações que o meio nos provoca. O campo das relações humanas, já pesquisado amplamente, talvez seja a área de experiências mais significativa para a evolução moral do homem.

O tempo vai realizando progressivamente o amadurecimento de cada criatura, na medida em que aprendemos, no convívio com o próximo, a identificar nossas reações de comportamento e a discipliná-las. O relacionamento mais direto acha-se no meio familiar, onde desde criança brotam espontaneamente nossos impulsos e reações. Nessa fase gravam-se impressões em nosso campo emocional que repercutirão durante toda nossa existência. Quantos quadros ficam plasmados na alma sensível de uma criança, quadros esses que podem levá-la a inconformações, angústias profundas, desejos recalcados, traumas, caracterizando comportamentos e disposições na fase da adolescência e na adulta.

Guardamos, do relacionamento com os pais, irmãos, tios, primos e avós, os reflexos que mais nos marcaram. Começamos, então, numa busca tranquila, a conhecer como reagimos e por que reagimos, na infância e na adolescência, aos apelos, agressões, contendas, choques de interesses. Essas reações emocionais, que normalmente não se registram com clareza nos níveis da consciência, deixam, entretanto, suas marcas indeléveis nas profundidades do inconsciente. Importantes são as suaves e doces experiências daqueles primeiros períodos da nossa vida, quando os corações amorosos de uma mãe, de um pai, de um irmão, de uma professora, pelas expressões de carinho e de compreensão, aquecem nossa alma em formação e nela gravam o conforto emocional que tantos benefícios nos fizeram, predispondo-nos às coisas boas, às expressões de amor, que, por termos conhecido e recebido, aprendemos a dar e a proporcionar aos outros.
Essas ternas experiências constituem necessários pontos de apoio ao nosso espírito, para que possamos prosseguir e ampliar nossas obras nas expressões do coração. No convívio escolar, iniciamos as primeiras experiências com o meio social fora dos limites familiares. As reações já não são tão espontâneas. Retraímo-nos às vezes; a timidez e o acanhamento refletem de início a falta de confiança nas professoras e nos colegas de turma. Aprendemos paulatinamente a nos comportar na sociedade, com reservas.

Sufocamos, por vezes, desejos e expressões interiores, e até mesmo defendemos com violência nossos interesses, mesmo que ainda infantis. E também brigamos com aqueles que caçoam de alguma particularidade nossa. Quase sempre retribuímos com bondade aos que são bondosos conosco. E devolvemos insultos aos que nos agridem. Sem dúvida são reações naturais, embora ainda bem primárias.

Vamos assim caminhando para a adolescência, fase em que nossos desejos se acentuam. O querer começa a surgir, a auto-afirmação emerge naturalmente, a nossa personalidade se configura. Aparecem as primeiras desilusões, as amizades não correspondidas, os sonhos frustrados, as primeiras experiências mais profundas no campo sentimental. De modo particular, cada um reage de forma diferente aos mesmos aspectos do relacionamento com os outros: uns aceitam e resignam-se com os desejos não alcançados; outros, inconformados, reagem com irritação e violência e, porisso mesmo, sofrem mais. E o sofrimento é maior porque é necessário maior peso para dobrar a inflexibilidade do coração mais endurecido, como ensina a lei física aplicada à nossa rigidez de temperamento. Os mais dóceis e flexíveis sofrem menos, porque menor é a carga que lhes atinge o íntimo. Esses não oferecem resistência ao que não podem possuir.

A resignação é o meio de modelação da nossa alma, característica de desprendimento e da mansuetude que precisamos cultivar. Inúmeros aspectos desconhecidos da nossa personalidade abrem-se para a nossa consciência exatamente quando conseguimos identificar, nos entrechoques sociais, aquilo que nos atinge emocionalmente. As reações observadas nos outros que mais nos incomodam são precisamente aquelas que estão mais profundamente marcadas dentro de nós. As explosões de gênio, os repentes que facilmente notamos nos outros e comentamos atribuindo-lhes razões particulares, espelham a nossa própria maneira de ser, inconscientemente atribuída a outrem e dificilmente aceita como nossa. É o mecanismo de projeção que se manifesta psicologicamente.

Poucas vezes entendemos claramente as manifestações de nossos sentimentos em situações específicas, principalmente quando alguém nos critica ou comenta nossos defeitos. Normalmente reagimos: não Incitamos esses defeitos e procuramos justificá-los. Nesse momento passam a funcionar os nossos mecanismos de defesa, naturais e presentes em qualquer criatura.

No convívio com o próximo, desde a nossa infância, no lar, na escola, no trabalho, agimos e reagimos emocionalmente, atingindo os domínios dos outros e sendo atingidos nos nossos. Vamos, assim, nos aperfeiçoando, arredondando as facetas pontiagudas do nosso ser ainda embrutecido, à semelhança das pedras rudes colocadas num grande tambor que, ao girar continuamente, as modela em esferas polidas pela ação do atrito de parte a parte.

É interessante notar que as pedras de constituição menos dura modelam-se mais rapidamente, enquanto aquelas de maior dureza sofrem, no mesmo espaço de tempo, menor desgaste, demorando mais, portanto, para perderem a sua forma original bruta. Esse aperfeiçoamento progressivo, no entanto, vem se realizando lentamente nas múltiplas existências corpóreas como processo de melhoramento contínuo da humanidade.

As vidas corpóreas constituem-se, para o espírito imortal, no campo experimental, no laboratório de testes onde os resultados das experiências se vão acumulando. "A cada nova existência, o espírito dá um passo na senda do progresso; quando se despojou de todas as suas impurezas, não precisa mais das provas da vida corpórea." (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo IV. Pluralidade das Existências. Pergunta 168.) Instruirmo-nos através das lutas e tribulações da vida corporal é a condição natural que a Justiça Divina a todos impõe, para que obtenhamos os méritos, com esforço próprio, no trabalho, no convívio com o próximo.

O conhecer-se implica em tomarmos consciência de nossa destinação como participantes na obra da Criação. Dela somos parte e nela agimos, sendo solicitados a colaborar na sua evolução global; Deus assim legislou. O limitado alcance de nossa percepção e de nossa vivência em profundidade, no íntimo do nosso espírito, dessa condição de co-participantes da Criação Universal é decorrente de nossa mínima sensibilidade espiritual, o que só podemos ampliar através das conquistas realizadas nas sucessivas reencarnações.

Parece claro que caminhamos ainda hoje aos tropeços, caindo aqui, levantando acolá, nos meandros sinuosos da estrada evolutiva que ainda não delineamos firmemente. Constantemente alteramos os rumos que poderiam nos levar mais rapidamente ao alvo. Os erros nos comprometem e nos levam às correções, por isso retardamos os passos e repetimos experiências até que delas colhamos bons resultados, para daí avançarmos.

O conhecer-se é o próprio processo de autoconscientização, de conhecimento de nossas limitações e dos perigos a que estamos sujeitos no campo das experiências corpóreas. É ponderar sempre, é refletir sobre os riscos que podem comprometer a nossa caminhada ascensional e tomar decisões, definir rumos, dar testemunhos.

É precisamente no convívio com o próximo que expressamos a nossa condição real, como ainda estamos — não o que somos, pois entendemos que, embora ainda ignorantes e imperfeitos, somos obra da Criação e contamos com todas as potencialidades para chegarmos a ser perfeitos, listamos todos em condições de evoluir. Basta querermos e dirigirmos nossos esforços para esse mister.
Uma das melhores diretrizes para chegarmos a isso nos é oferecida pelo educador Allan Kardec (O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sede Perfeitos. O Dever):
"O dever começa precisamente no momento em que ameaçais a felicidade e a tranquilidade do vosso próximo, e termina no limite que quereríeis alcançar para vós mesmos".

As Bases do transformar -se item 4

4 - COMO CONHECER-SE?
4 - COMO CONHECER-SE

"Reconhece-se o verdadeiro espirita pela sua transformação moral e pelo esforço que empreende no domínio das más inclinações."
(Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVII. Sede Perfeitos. Os Bons Espiritistas.) A disposição de conhecer-se a si mesmo pode surgir naturalmente como fruto do amadurecimento de cada um, de forma espontânea, nata, resultante da própria condição espiritual do indivíduo, ou poderá ser provocada pela ação do sofrimento renovador que, sensibilizando a criatura, desperta-a para valores novos do espírito. Uns chegam pela compreensão natural, outros, pela dor, que também é um meio de despertar a nossa
compreensão.

Um grande número de indivíduos são levados, devido a desequilíbrios emocionais, a gabinetes psiquiátricos ou psicoterápicos para tratamentos específicos. Através desses tratamentos vêm a conhecer as origens de seus distúrbios, aprendendo a identificá-los e a controlá-los, normalizando, até certo ponto, a sua conduta. Porém, isso ocorre dentro de uma motivação de comportamento compatível com os padrões de algumas escolas psicológicas, quase todas materialistas.

Na Doutrina Espírita, como Cristianismo Redivivo, igualmente buscamos o conhecimento de nós mesmos, embora dentro de um sentido muito mais amplo, segundo o qual entendemos que a fração eterna e indissolúvel de nosso ser só caminha efetivamente na sua direção evolutiva quando pautando-se nos ensinamentos evangélicos, únicos padrões condizentes com a realidade espiritual nos dois planos da nossa existência.

É preciso, então, despertar em nós a necessidade de conhecer o nosso íntimo, objetivando nossa transformação dentro do sentido cristão original, ensinado e exemplificado pelo Divino Mestre Jesus. Conhecer exclusivamente as causas e as origens de nossos traumas e recalques, de nossas distonias emocionais nos quadros da presente existência é limitar os motivos dos nossos conflitos, olvidando a realidade das nossas existências anteriores, os delitos transgressores do ontem, que nos vinculam aos processos reequilibradores e aos reencontros conciliatórios do hoje.

As motivações que nos induzem a desenvolver nossa remodelação de comportamento projetam-se igualmente para o futuro da nossa eternidade espiritual, onde os valores ponderáveis são exatamente aqueles obtidos nas conquistas nobilitantes do coração. Percebendo o passado longínquo de erros, trabalhamos livremente no presente, preparando um futuro existencial mais suave e edificante. Esse é o amplo contexto da nossa realidade espiritual, à qual almejamos nos integrar atuantes e produtivos.

O emérito professor Allan Kardec, em sua obra O Céu e o Inferno 1ª parte, capítulo VII, mostra, nos itens 16° do Código Penal da Vida Futura, que no caminho para a regeneração não basta ao homem o arrependimento. São necessárias a expiação e a reparação, afirmando que "A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal", e também "praticando o bem em compensação ao mal praticado, isto é, tornando-se humilde se tem sido orgulhoso, amável se foi rude, caridoso se foi egoísta, benigno se perverso, laborioso se ocioso, útil se foi inútil, frugal se intemperante, exemplar se não o foi".

Como podemos nos reabilitar, dentro dessa visão panorâmica da nossa realidade espiritual, infinitamente ampla, é o que pretendemos, à luz do Espiritismo, abordar neste trabalho de aplicação prática. Reabilitar-se exige modificar-se, transformar o comportamento, a maneira de ser, de agir; é reformar-se moralmente, começando pelo conhecimento de si mesmo. Múltiplas são as formas pelas quais vamos conhecendo a nós mesmos, nossas reações, nosso temperamento, o que imprime as nossas ações ao meio em que vivemos, aquilo que é a maneira como respondemos emocionalmente, como reagimos aos inúmeros impulsos externos no relacionamento social.

Podemos concluir que a nossa existência é todo um processo contínuo de reformulação de nossos próprios sentimentos e de nossa compreensão dos porquês, como eles surgem e nos levam a agir. Quando não procuramos deliberadamente nos conhecer, alargando os campos da nossa consciência, dirigindo-a rumo ao nosso eu, buscando identificar o porquê e a causa de tantas reações desconhecidas, somos Igualmente levados a nos conhecer, exatamente nos entrechoques com aqueles do nosso convívio, no seio familiar, no meio social, nos setores de trabalho, nos transportes coletivos, nos locais públicos, nos clubes recreativos, nos meios religiosos, enfim, em tudo o que compreende os contatos de pessoa a pessoa.

Ney P. Peres

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A DECANTADA DESCIDA DE JESUS



"Ora, isto - ele subiu - que é senão que também tenha descido
às partes mais baixas da Terra? (Paulo aos Efésios, 4:9)
Qual o significado da afirmação de Paulo de Tarso de ter Jesus descido às partes mais baixas da Terra? Com fundamento na teoria de que o tão decantado Inferno está localizado no interior da Terra, teoria essa esposada por algumas religiões, estas interpretaram que o Mestre teria descido ao Inferno, consagrando isso como verdade incontestável e até incluindo a suposta ocorrência num dos seus credos: O Credo dos Apóstolos.

No entanto, nenhum dos quatro Evangelhos faz qualquer referência a essa insinuação. Demais, o Inferno não existe como lugar confinado ou localizado. O Inferno é a consciência do culpado e o lugar, qualquer que este seja, onde expia suas faltas. Não se trata de espaço limitado. O lugar, seja qual for, que o Espírito sofredor ocupe, quando na erraticidade, é bem o que chamam Inferno, um lugar onde o Espírito que atentou contra as leis de Deus se ache submetido a contínuas penalidades.
Os Espíritos benfeitores falam em regiões umbralinas, próximas da Terra, onde os Espíritos, que prevaricaram no decurso de suas existências terrenas, experimentam, após a morte do corpo, sofrimentos inenarráveis, de natureza transitória, enquanto se preparam ou são preparados para novas reencarnações. Desde tempos imemoriais, os Espíritos estiveram, após abandonarem o envoltório carnal, em seguida a cada uma das existências da Terra, expostos à expiação por meio de sofrimentos ou torturas morais, apropriadas e proporcionadas aos crimes ou faltas cometidas, aguardando novas reencarnações que os levariam a subir a escada do progresso, cujos degraus todos hão de subir, correspondendo cada um às fases das diferentes existências que lhes cumpre percorrerem para atingir o cimo. Para isso é necessário nascer, morrer, renascer, progredir sempre até alcançar os limites da perfeição.

Os antigos judeus chamavam as regiões de sofrimento de Sheol. Na septuaginta, o Sheol foi traduzido por Hades que, na Teologia grega, era também região subterrânea povoada das almas dos mortos. Na Vulgata Latina, Hades foi traduzido por Infernus, um substantivo derivado do adjetivo Infernus, significando que está em baixo, de região inferior, ou ainda de local subterrâneo. O emérito dr. Canuto Abreu, em sua obra Iniciação Espírita, escreveu: "A Teologia cristã afirma que, descendo aos Infernos, Jesus levou consigo os Espíritos de Abraão e de todos os patriarcas e heróis que faleceram antes dele, os quais aguardavam o Messias Redentor nos planos inferiores e só com ele puderam dali sair."

Afirmou Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, que o Inferno cristão foi copiado do Inferno pagão, acrescentando: "O Inferno dos pagãos continha, de um lado os Campos Elísios e, de outro, o Tártaro. (Um era lugar de gozo, e outro de sofrimento); o Olimpo, morada dos deuses, dos homens divinizados, ficava nas regiões superiores. Segundo a letra do Evangelho, Jesus desceu aos Infernos, isto é, aos lugares baixos para deles tirar as almas dos justos que aguardavam a sua vinda. Os Infernos não eram, portanto, um lugar unicamente de suplício; estavam tal como os pagãos acreditavam nos lugares baixos. A morada dos anjos, como o Olimpo, era nos lugares elevados. Esta mistura de idéias cristãs e pagãs nada tem de surpreendente."

Como pode Jesus ter descido aos Infernos, se os Infernos não existem nos moldes apregoados pelas Teologias, ou seja, um lugar circunscrito e destinado ao sofrimento eterno e irremissível das almas pecaminosas! Isso seria um atentado contra a infinita misericórdia de Deus, o Criador de todos os Espíritos, e aos quais sempre concede a oportunidade ilimitada de redenção.

O chamado "Credo dos Apóstolos", adotado amplamente pela Igreja, diz que Jesus desceu ao Inferno antes de subir aos Céus; entretanto, dada a pouca aceitação que está tendo a teoria do tão decantado Inferno, teoria que sofreu um desgaste profundo no decorrer dos séculos, já surgem algumas versões do Credo, eliminando a palavra Inferno, e substituindo-a por Mansão dos Mortos, coisa bem diferente, que também não existe como lugar circunscrito ou limitado.

É uma aberração afirmar-se que Espíritos missionários, como o foram Abraão e outros Patriarcas e heróis hebreus, ao terminarem suas gloriosas missões terrenas, tenham permanecido nos planos inferiores, aguardando o advento de Jesus Cristo, o Redentor, muitos séculos após, para poderem, acompanhados dele, sair desses lugares baixos, a fim de ascenderem às regiões elevadas. O escritor teosofista, C.W. Leadbeater, afirma em seu livro O Credo Cristão que "a descida ao mundo inferior, não ao grosseiro inferno cristão, e sim ao Hades ou mundo dos desaparecidos, cabia ao Iniciado (além de muitos outros encargos), o de 'pregar aos Espíritos em prisão', conforme a tradição cristã.

Não se tratava, porém, como essa tradição ignorantemente supõe, de pregar aos Espíritos daqueles que, havendo tido o infortúnio de viver em tempos remotos, só podiam alcançar a salvação, ouvindo e aceitando post-mortem essa forma particular de fé. Tratava-se, sim, de pregar aos Espíritos daqueles que, por haverem deixado recentemente esta vida, se achavam ainda aprisionados, retidos no plano astral pelos desejos insaciados e pelas paixões ainda não subjugadas".

Em seus ensinamentos, Jesus Cristo, por reiteradas vezes, fez alusão a esse decantado Inferno, denominando-o Geena — um sítio existente nas proximidades de Jerusalém, onde se atiravam os detritos da cidade e os cadáveres de animais. Ali o fogo crepitava incessantemente. Era um lugar terrível, por isso, o Mestre dizia que os transgressores das leis de Deus, após a desencarnação, iriam para a Geena, onde "o fogo é inextinguível e o verme jamais deixa de corroer". Um simbolismo empregado por Ele com o fito de demonstrar o fogo do remorso que avassala aqueles que prevaricam no decorrer da vida terrena, corroendo-os, fazendo, assim, com que expiem as suas faltas, a fim de poderem enfrentar novas reencarnações, muitas vezes entrecortadas de grandes sofrimentos, mas com o escopo de se situarem novamente na senda do progresso, colimando a redenção espiritual que os aproximarão cada vez mais de Deus, o Criador de todas as coisas.

Embora o Espírito de Jesus se tenha manifestado na Terra, durante 40 dias, após a sua crucificação, conforme consta do livro dos "Atos dos Apóstolos", é lógico que o Espírito do Mestre não ficou todo esse tempo em nosso Planeta, ou melhor, nos planos baixos, uma vez que, sendo Espírito da mais elevada hierarquia espiritual, podia voltar quantas vezes quisesse aos planos espirituais, pois estava desprovido do corpo carnal que havia perecido na cruz e fora sepultado. Os Evangelhos registram várias aparições de Jesus, após a sua morte, mas era apenas o seu corpo perispirítico. É óbvio, também, que Ele podia dispor de uma legião quase que infinita de Espíritos desencarnados, a fim de elucidar as almas daqueles que permaneciam ergastulados nas paixões terrenas.

A história religiosa nos dá conta que além dos quatro Evangelhos conhecidos existiram 40 que foram considerados apócrifos. Em sua obra Cristianismo e Espiritismo, o preclaro Léon Denis nos legou a informação de que "Esses Evangelhos, hoje desprezados, não eram, entretanto, destituídos de valor aos olhos da Igreja, pois que num deles ela foi buscar a crença na descida de Jesus aos Infernos, crença imposta a toda a Cristandade pelo símbolo do Concílio de Nicéia, e de que não fala nenhum dos Evangelhos canônicos.

Paulo A. Godoy

A CHEGADA A JERUSALÉM


"Hosana ! Bendito o que vem em nome do Senhor !" - (Marcos, 11:9)
A despeito de ser o Rei dos Reis, o Mestre dos Mestres, Jesus Cristo não veio ao mundo, a fim de exercer um reinado efêmero, ou um poder temporal. A sua missão foi algo muito mais relevante. Ele veio, precipuamente, para libertar as consciências dos homens, rompendo os grilhões das superstições, do obscurantismo e do fanatismo.

Conforme esclarece o evangelista João: "Ele veio para o que era seu, mas os seus não o compreenderam", acrescentando, ainda: "Os homens temeram a luz, porque suas obras eram más."

Jesus Cristo não foi um Salvador, pois, para Deus, ninguém está perdido. Ele foi e é o Redentor, o Mestre incomparável, o bom pastor, que ama as suas ovelhas, a ponto de dar a vida por elas.

Longe dele, pois, a acanhada figura de um Rei dos Judeus. Ele representa o grande Enviado dos Céus, cujo escopo maior é de exercer o seu poder sobre toda a Humanidade, o que, obviamente, se dará, quando esta estiver suficientemente preparada, para assimilar a plenitude dos seus ensinamentos.

A chegada de Jesus a Jerusalém, poucos dias antes de ser preso e condenado, constituiu motivo de grande festividade. A multidão soltou gritos de júbilo por um visitante tão ilustre.

O barulho provocado pelo povo era tão estridente que alguns fariseus se acercaram dos apóstolos e lhes pediram que fizessem o povo calar, ao que os discípulos responderam: "Se estes se calarem as próprias pedras clamarão".
Quem era, no entanto, o personagem assim homenageado: o Messias Prometido, o Maior dos Profetas, o Médico das Almas, o Mestre dos Mestres, o fazedor de milagres, ou um provável libertador de Israel?

Dentre os gritos de alegria, partidos do meio do povo, houve um que dizia: "Bendito o reino do nosso pai Davi", o que indica que, pelo menos, alguns viam no Mestre um eventual libertador, que vinha abalar o poder político que Roma ali exercia.

No entanto, pelo menos parte dessa multidão, decorridos poucos dias, estava diante do Pretório, pedindo a crucificação do tão esperado Messias.

É óbvio que muitos encaravam Jesus com simpatia, com afeto e com amor, mas muitos viam nele o libertador político, que se insurgiria contra o Império Romano, devolvendo à nação o seu "status" de país livre.

O seu dizer "o meu reino não é deste mundo" fez com que se esfriasse a esperança de muitos, e isso foi um dos fatores que contribuíram para a indiferença e sentimentos negativos, demonstrados por um segmento da população que, diante do Pretório, preferiu a libertação do fascínora Barrabás e exigiu a crucificação de Jesus Cristo.

Muitos judeus aguardavam o advento do Messias, acreditando, porém, que Ele seria um guerreiro indômito, que colocaria sobre a sua cabeça a coroa outrora usada por Davi, e, com sua espada fulgurante, baniria os invasores romanos, dilatando, assim, as acanhadas fronteiras do reino de Israel.

No entanto, o Mestre veio à Terra nas condições as mais humildes, nascendo em uma cidade pacata e no meio de uma família despretensiosa, atestando, assim, a grandiosidade, a elevação do seu Espírito. O seu advento representou o desempenho de uma missão transcendental, pois Ele veio para empunhar o cetro de um poder espiritual, suscetível de impulsionar os homens para Deus, para que a glória do Criador fosse manifesta para todas as criaturas humanas.

E óbvio que os mais exaltados, que pediram a Pilatos que condenasse Jesus, foram adredemente preparados, foram instruídos pelo Sumo Sacerdote, pelos escribas e pelos fariseus.

Paulo A. Godoy