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segunda-feira, 15 de outubro de 2012

A DECANTADA DESCIDA DE JESUS



"Ora, isto - ele subiu - que é senão que também tenha descido
às partes mais baixas da Terra? (Paulo aos Efésios, 4:9)
Qual o significado da afirmação de Paulo de Tarso de ter Jesus descido às partes mais baixas da Terra? Com fundamento na teoria de que o tão decantado Inferno está localizado no interior da Terra, teoria essa esposada por algumas religiões, estas interpretaram que o Mestre teria descido ao Inferno, consagrando isso como verdade incontestável e até incluindo a suposta ocorrência num dos seus credos: O Credo dos Apóstolos.

No entanto, nenhum dos quatro Evangelhos faz qualquer referência a essa insinuação. Demais, o Inferno não existe como lugar confinado ou localizado. O Inferno é a consciência do culpado e o lugar, qualquer que este seja, onde expia suas faltas. Não se trata de espaço limitado. O lugar, seja qual for, que o Espírito sofredor ocupe, quando na erraticidade, é bem o que chamam Inferno, um lugar onde o Espírito que atentou contra as leis de Deus se ache submetido a contínuas penalidades.
Os Espíritos benfeitores falam em regiões umbralinas, próximas da Terra, onde os Espíritos, que prevaricaram no decurso de suas existências terrenas, experimentam, após a morte do corpo, sofrimentos inenarráveis, de natureza transitória, enquanto se preparam ou são preparados para novas reencarnações. Desde tempos imemoriais, os Espíritos estiveram, após abandonarem o envoltório carnal, em seguida a cada uma das existências da Terra, expostos à expiação por meio de sofrimentos ou torturas morais, apropriadas e proporcionadas aos crimes ou faltas cometidas, aguardando novas reencarnações que os levariam a subir a escada do progresso, cujos degraus todos hão de subir, correspondendo cada um às fases das diferentes existências que lhes cumpre percorrerem para atingir o cimo. Para isso é necessário nascer, morrer, renascer, progredir sempre até alcançar os limites da perfeição.

Os antigos judeus chamavam as regiões de sofrimento de Sheol. Na septuaginta, o Sheol foi traduzido por Hades que, na Teologia grega, era também região subterrânea povoada das almas dos mortos. Na Vulgata Latina, Hades foi traduzido por Infernus, um substantivo derivado do adjetivo Infernus, significando que está em baixo, de região inferior, ou ainda de local subterrâneo. O emérito dr. Canuto Abreu, em sua obra Iniciação Espírita, escreveu: "A Teologia cristã afirma que, descendo aos Infernos, Jesus levou consigo os Espíritos de Abraão e de todos os patriarcas e heróis que faleceram antes dele, os quais aguardavam o Messias Redentor nos planos inferiores e só com ele puderam dali sair."

Afirmou Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, que o Inferno cristão foi copiado do Inferno pagão, acrescentando: "O Inferno dos pagãos continha, de um lado os Campos Elísios e, de outro, o Tártaro. (Um era lugar de gozo, e outro de sofrimento); o Olimpo, morada dos deuses, dos homens divinizados, ficava nas regiões superiores. Segundo a letra do Evangelho, Jesus desceu aos Infernos, isto é, aos lugares baixos para deles tirar as almas dos justos que aguardavam a sua vinda. Os Infernos não eram, portanto, um lugar unicamente de suplício; estavam tal como os pagãos acreditavam nos lugares baixos. A morada dos anjos, como o Olimpo, era nos lugares elevados. Esta mistura de idéias cristãs e pagãs nada tem de surpreendente."

Como pode Jesus ter descido aos Infernos, se os Infernos não existem nos moldes apregoados pelas Teologias, ou seja, um lugar circunscrito e destinado ao sofrimento eterno e irremissível das almas pecaminosas! Isso seria um atentado contra a infinita misericórdia de Deus, o Criador de todos os Espíritos, e aos quais sempre concede a oportunidade ilimitada de redenção.

O chamado "Credo dos Apóstolos", adotado amplamente pela Igreja, diz que Jesus desceu ao Inferno antes de subir aos Céus; entretanto, dada a pouca aceitação que está tendo a teoria do tão decantado Inferno, teoria que sofreu um desgaste profundo no decorrer dos séculos, já surgem algumas versões do Credo, eliminando a palavra Inferno, e substituindo-a por Mansão dos Mortos, coisa bem diferente, que também não existe como lugar circunscrito ou limitado.

É uma aberração afirmar-se que Espíritos missionários, como o foram Abraão e outros Patriarcas e heróis hebreus, ao terminarem suas gloriosas missões terrenas, tenham permanecido nos planos inferiores, aguardando o advento de Jesus Cristo, o Redentor, muitos séculos após, para poderem, acompanhados dele, sair desses lugares baixos, a fim de ascenderem às regiões elevadas. O escritor teosofista, C.W. Leadbeater, afirma em seu livro O Credo Cristão que "a descida ao mundo inferior, não ao grosseiro inferno cristão, e sim ao Hades ou mundo dos desaparecidos, cabia ao Iniciado (além de muitos outros encargos), o de 'pregar aos Espíritos em prisão', conforme a tradição cristã.

Não se tratava, porém, como essa tradição ignorantemente supõe, de pregar aos Espíritos daqueles que, havendo tido o infortúnio de viver em tempos remotos, só podiam alcançar a salvação, ouvindo e aceitando post-mortem essa forma particular de fé. Tratava-se, sim, de pregar aos Espíritos daqueles que, por haverem deixado recentemente esta vida, se achavam ainda aprisionados, retidos no plano astral pelos desejos insaciados e pelas paixões ainda não subjugadas".

Em seus ensinamentos, Jesus Cristo, por reiteradas vezes, fez alusão a esse decantado Inferno, denominando-o Geena — um sítio existente nas proximidades de Jerusalém, onde se atiravam os detritos da cidade e os cadáveres de animais. Ali o fogo crepitava incessantemente. Era um lugar terrível, por isso, o Mestre dizia que os transgressores das leis de Deus, após a desencarnação, iriam para a Geena, onde "o fogo é inextinguível e o verme jamais deixa de corroer". Um simbolismo empregado por Ele com o fito de demonstrar o fogo do remorso que avassala aqueles que prevaricam no decorrer da vida terrena, corroendo-os, fazendo, assim, com que expiem as suas faltas, a fim de poderem enfrentar novas reencarnações, muitas vezes entrecortadas de grandes sofrimentos, mas com o escopo de se situarem novamente na senda do progresso, colimando a redenção espiritual que os aproximarão cada vez mais de Deus, o Criador de todas as coisas.

Embora o Espírito de Jesus se tenha manifestado na Terra, durante 40 dias, após a sua crucificação, conforme consta do livro dos "Atos dos Apóstolos", é lógico que o Espírito do Mestre não ficou todo esse tempo em nosso Planeta, ou melhor, nos planos baixos, uma vez que, sendo Espírito da mais elevada hierarquia espiritual, podia voltar quantas vezes quisesse aos planos espirituais, pois estava desprovido do corpo carnal que havia perecido na cruz e fora sepultado. Os Evangelhos registram várias aparições de Jesus, após a sua morte, mas era apenas o seu corpo perispirítico. É óbvio, também, que Ele podia dispor de uma legião quase que infinita de Espíritos desencarnados, a fim de elucidar as almas daqueles que permaneciam ergastulados nas paixões terrenas.

A história religiosa nos dá conta que além dos quatro Evangelhos conhecidos existiram 40 que foram considerados apócrifos. Em sua obra Cristianismo e Espiritismo, o preclaro Léon Denis nos legou a informação de que "Esses Evangelhos, hoje desprezados, não eram, entretanto, destituídos de valor aos olhos da Igreja, pois que num deles ela foi buscar a crença na descida de Jesus aos Infernos, crença imposta a toda a Cristandade pelo símbolo do Concílio de Nicéia, e de que não fala nenhum dos Evangelhos canônicos.

Paulo A. Godoy

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