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terça-feira, 4 de setembro de 2012

Entrevista com Cláudio Fajardo sobre o estudo do evangelho pelo espírita.

1-Pergunta: No capítulo XVII do Evangelho de S. Mateus, está evidente a reencarnação,
porque as pessoas não espíritas não concordam?
Cláudio: Todos nós, no decorrer de nosso processo evolutivo, criamos pontos de vistas
e temos enorme dificuldade de aceitar algo novo, principalmente se nossos interesses
mais imediatos são atingidos; mesmo que as coisas se tornem claras insistimos na
rebeldia de não enxergar o que é natural. Foi referindo-se a estes, que Jesus disse:
"eles vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem, nem compreendem." (Mateus, 13: 13)



http://www.cvdee.org.br/images/dot.gif


2-Pergunta: O espírita deve seguir apenas a decodificação do Evangelho trazida no ESE, ou se
 deve procurar ampliar o trabalho começado por Kardec?

Cláudio: A Doutrina Espírita é uma doutrina evolucionista, o próprio Kardec
deixou claro que a Codificação era o princípio e não o fim. Desta forma, entendo,
que não só no que diz respeito ao Evangelho, mas em todos os seus aspectos,
devemos ampliar o trabalho do ilustre codificador.

3-Pergunta: Qual a melhor forma para estudar o Evangelho segundo o Espiritismo?

Cláudio: O Espiritismo por ser a chave que nos permite compreender com mais clareza
a mensagem deixada pelo Meigo Rabi da Galiléia,deve ser sempre levado em conta no
estudo da Boa Nova. Assim, é preciso aplicar seus princípios a nortear-nos no
entendimento do texto evangélico.
Outra questão importante é realizar esse estudo em grupo para que várias idéias
 possam ser levadas em conta na interpretação dos textos, pois não podemos fechar
questão num único modo de compreender determinada passagem,pois o entendimento
se amplia à medida que evoluímos e um grupo de pessoas voltadas
para um interesse comum no bem, tem sempre mais a contribuir para um melhor
 andamento do estudo.
No livro Renúncia, do Espírito Emmanuel psicografado por Francisco Cândido Xavier,
nas páginas 331 a 333 temos ótima referência de como realizar o estudo
do Evangelho à luz da Doutrina Espírita. Ainda podemos sugerir o Livro
"Luz Imperecível" editado pela União Espírita Mineira, e um estudo de nossa
autoria disponibilizado para download no site do CEPAK, sobre como estudar o Evangelho: http://br.groups.yahoo.com/group/CEPAK/files/Novo%20Testamento/Evangelho.zip

4-Pergunta: Existem numerosos livros e metodologias de estudo do Evangelho
 na atualidade.
Em sua opinião, quais são mais enriquecedores: aqueles que exploram mais
minuciosamente os textos evangélicos ou os que partem da interpretação Kardequiana,
expressa na Codificação?

Cláudio: As duas formas se completam, como dissemos anteriormente é preciso levarmos
em conta os princípios espíritas na interpretação evangélica, e do mesmo modo
interpretarmos minuciosamente os versículos, pois como nos diz Alcíone na obra de Emmanuel 

citada:

"Chegamos à conclusão de que o Evangelho, em sua expressão total, é um vasto caminho
ascensional, cujo fim não poderemos atingir, legitimamente, sem conhecimento e aplicação
de todos detalhes. Muitos estudiosos presumem haver alcançado o termo da lição do Mestre,
com uma simples leitura vagamente raciocinada. Isso contudo, é erro grave. A mensagem
do Cristo precisa ser conhecida, meditada, sentida e vivida. Nesta ordem de aquisições,
não basta estar informado. Um preceptor do mundo nos ensinará a ler; o Mestre, porém,
nos ensina a proceder, tornando-se-nos, portanto, indispensável a cada passo da existência.
Eis por que, excetuados os versículos de saudação apostólica, qualquer dos demais
conterá ensinamentos grandiosos e imorredouros, que impende conhecer e empregar,
a benefício próprio."
(Renúncia, pág. 333)

5-Pergunta: Porque a obra de Kardec é chamada Evangelho "segundo Espiritismo"?

Cláudio: Na questão 625 de O Livro dos Espíritos, os Espíritos nos afirmam ser Jesus,
o Guia e o Modelo mais perfeito para que a humanidade se espelhasse na condução de
seu processo evolucional. Na conclusão do mesmo livro, dizem ser a moral espírita e a
moral cristã, a mesma.
Assim, era preciso estudar o Evangelho, mas não da mesma forma em que ele até então
vinha sendo estudado, era necessário dar um novo entendimento ao mesmo usando
os avanços da ciência espiritual. Por isso, Evangelho "segundo o Espiritismo", ou seja,
Evangelho segundo a ótica espírita.

6-Pergunta: Se Herodes morreu no ano -4 a.c, isso significa que Jesus nasceu entre
o ano -4 e o ano -7 a.c, e morreu entre o ano 26 e 30. Como se explica que no
livro Há Dois Mil Anos, Publio Lentulus coloque a data da morte de Jesus
no ano 33 (o convencional)? Se ele viveu na época de Jesus, narrando os acontecimentos,
jamais poderia errar a data da morte de Jesus.

Cláudio: Eu confesso que não sei responder essa questão com a precisão necessária,
porém tenho algumas opiniões, opiniões essas que é bom se fique claro, são pessoais.
Segundo entendemos, Emmanuel tem uma missão muito grande de evangelizador no
 Brasil.
Conforme palavras do próprio Chico Xavier em entrevista à Folha Espírita, ele foi um
dos Espíritos colaboradores na época da Codificação. Sendo assim, Emmanuel não
é um Espírito qualquer, e sim alguém não só bem informado, como de boa
evolução espiritual.
Portanto, Emmanuel sabe quando foi que Jesus desencarnou.
Então por que diz ele algo contrário à tendência dos estudos científicos atuais?
Como já disse, não sei, porém pensemos:
Pode ter havido erro por parte do médium. Segundo os próprios Espíritos, em
matéria de mediunidade, quando o médium é excelente, ele retrata numa proporção
de 50% o que o Espírito quer dizer, os outros 50 é por conta do médium.
O livro "Há Dois Mil Anos" foi um dos primeiros dos Chico, ele ainda tinha muito
a amadurecer.
Outra coisa que precisa ser levado em conta, é que nem a Ciência nem os historiadores
têm conclusão fechada sobre a morte de Jesus. Dizem alguns que não há nem mesmo
prova que ele tenha morrido na cruz. Dizem estes que o corpo não foi encontrado,
e se não há corpo, como comprovar a morte?
Ou seja, nem eles mesmos se entendem, desta forma, os Espíritos podem estar
aguardando,para no momento oportuno revelarem as coisas como realmente aconteceram.
Muita coisa poderia ainda ser dita sobre o assunto, mas talvez sem tanta importância.
Por isso preferimos priorizar o aspecto moral do Evangelho.
O próprio Emmanuel afirma no prefácio do Livro Paulo e Estevão:
"Desde já, vejo os críticos consultando textos e combinando versículos para trazerem
à tona os erros do nosso tentame singelo. Aos bem intencionados agradecemos
sinceramente, por conhecer a nossa expressão de criatura falível, declarando que
este livro modesto foi grafado por um Espírito para que os que vivam em espírito;
e ao pedantismodogmático, ou literário, de todos os tempos, recorremos ao próprio
Evangelho para repetir que, se a letra mata, o espírito vivifica."

7-Pergunta: Será que eu como simpatizante e participante das palestras de um
centro espírita posso estudar o evangelho em casa, sozinha? Se posso, qual o
procedimento correto a ser tomado?

Cláudio: Pode sim, apesar de que, o estudo em grupo é sempre mais aconselhável.
Não existe um procedimento único, correto ou incorreto. É preciso alguns quesitos,
porém nada radical, como por exemplo: um estudo constante dos princípios espíritas,
uma mente aberta para aceitar o novo, uma boa disposição para o auto-conhecimento
e para o estudode obras ligadas ao Evangelho, entre outros.

8-Pergunta: O estudo pelo espírita do evangelho, deve-se apenas proceder através do
livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo",ou tem algum livro de apoio que servirá
de complemento didático para maior fixação do assunto estudado, como no caso
de perguntas e respostas de O Livro dos Espíritos?

Cláudio: O Evangelho Segundo o Espiritismo é um livro imprescindível no
estudo do Evangelho de Jesus, entretanto existem outros também importantes,
como a série de Emmanuel sobre o Evangelho, Estudando o Evangelho de Martins Peralva,
Jesus Terapeuta editado pela AME de Belo Horizonte, o já citado Luz Imperecível,
alguns livros do Djalma Mota Argolo, Vinícius, entre outros; inclusive os 6 Volumes
Sabedoria do Evangelho do Pastorino, que infelizmente já se acham entre os livros raros
e não mais editados.

9-Pergunta: Como deve ser feito o estudo do Evangelho em grupo?

Cláudio: Creio já ter respondido essa pergunta, quando da resposta da questão n° 3.

10-Pergunta: Pode acontecer de haver alguma manifestação espiritual, uma vez que
um grupo se reuna apenas para se fazerem estudos através do Evangelho? E já se
sabendo de antemão que dentre os participantes desse grupo se encontrem médiuns
ja desenvolvidos? Uma vez que isso venha a acontecer, e que o médium sinta a presença
de um espírito, deve ele deixar que esse se manifeste?

Cláudio: Pode acontecer sim, todavia não acho aconselhável. Deve-se deixar
manifestações mediúnicas para reuniões específicas dentro da Casa Espírita.
A reunião de estudos deve ser só para estudo, apesar de servir de apoio
para as próprias reuniões mediúnicas.

11-Pergunta: Por que o velho testamento não é abordado no Evangelho Segundo o
Espiritismo?

Cláudio: Por não ser essa a proposta dos Espíritos codificadores para aquela obra,
apesar de nele (ESE), existirem algumas citações do Velho Testamento. Kardec
ainda cita o Velho Testamento no Livro dos Espíritos, e faz um estudo mais amplo
no livro A Gênese.

12-Pergunta: Acho difícil o velho testamento. Por isso me dedico a leitura do novo,
onde os ensinamentos de Jesus são melhor absorvidos. Isto está correto?

Cláudio: Não é que esteja correto ou incorreto, pode ser um caminho.
No ESE Kardec fala nas 3 revelações, sendo que a 1a está contida no Velho Testamento.
Desta forma é importante estudá-lo; ele é útil até mesmo para compreensão de
algumas passagens do Novo Testamento, porém, como você mesmo disse, sua
compreensão não é simples, assim podemos num primeiro momento estudar mais
o Novo Testamento, e quando estivermos mais preparados, estudarmos o Velho.
Há muitos espíritas que têm excelente interpretação dos textos do Velho Testamento,
 podendo deste modo, nos auxiliarem.

13-Pergunta: Por que Jesus disse a Maria Madalena: "Não me toques, porque ainda não
subi ao Pai"? E ainda: Se Maria Madalena o tivesse tocado, o que poderia ter acontecido?
Como o espírita deve entender essa passagem?


Cláudio: Se me permite, para comentar esse versículo prefiro citar o texto conforme
a tradução de Almeida:

"Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai,
mas vai para meus irmãos e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai,
meu Deus e vosso Deus." (João, 20: 17)

Pensemos na cena como ela aconteceu segundo a narrativa dos evangelistas.
Jesus, a quem Maria amava, tinha sido sacrificado. Eles, os discípulos, estavam
profundamente tristes com a perda daquele que eles consideravam como uma referência,
aquele com quem há três anos ladeavam numa ampla relação de amizade. É de
se compreender, deste modo, a tristeza que reinava entre eles. Quem já viu um ser
amado partir para o além, sabe como é esse momento.
Neste clima Maria foi visitar o túmulo do Senhor, e não vendo o corpo no sepulcro
chora, pois pensava que tinham roubado o corpo do Rabi. Após uma conversa
com dois espíritos, ela viu Jesus e se certificou que ele não havia morrido, apenas
mudado de plano, pois a morte não existe. Imagine o que ela sentiu nesse momento.
Ela que já estava sensibilizada deve ter transbordado de emoção. Segundo a narrativa
de Mateus (Mt, 28:9), as mulheres que visitaram o túmulo abraçaram os pés do Senhor.
É aí que ele diz: "Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai."
Jesus queria dizer que ele já havia cumprido sua excelente missão de educador,
cabia a ela, agora, continuar seu processo auto educativo, ele,a partir daquele momento,
realizaria sua missão de um outro modo, não mais da mesma forma que vinha
desempenhando no corpo físico.
Fica para nós a lição de que não devemos nos vincular às pessoas a ponto de
prejudicá-las quando do seu desencarne, retendo-as emocionalmente a nós que aqui
 ficamos. A separação às vezes é necessária e cada um terá que cumprir sua nova
 missão, não podendo um prejudicar o outro no andamento natural da vida.Se a
vinculação é o meio, a desvinculação é o fim.
14-Pergunta: Nas casas espíritas ouço muito falar sobre "Ensinamento da Doutrina e
do Evangelho para as Crianças " mas nunca vi um programa aberto a todos direcionado
ao Adulto. No Centro que freqüento só pode passar por orientação se achar que necessita,
temos as palestra do dia e depois tomamos o passe. Mas sinto falta de ESTUDAR o
Evangelho "A BIBLIA", a palavra de DEUS e debate-las.
Cláudio: Você tem razão, Centro Espírita é local de trabalho e de estudo, é
preciso que os dirigentes das Casas Espíritas se apercebam disto. Além das
importantes palestras, dos passes, e da distribuição de água fluídica,
é preciso que se crie nas Centros Espiritas  grupos onde possa ser estudado com mais
profundidade os temas doutrinários e evangélicos. Há casas que já os possuem,
porém é imperioso que se criem grupos de estudos para que seja estudado o
Evangelho de Jesus, pois é nele que temos os fundamentos para
nossa reeducação; e o principal objetivo da Doutrina Espírita segundo Kardec e os
Espíritos envolvidos na Codificação é a melhoria moral do ser humano.

15-Pergunta:
Se o espiritismo não se baseia nos Evangelhos e é aberto a todos as religiões,
porque um livro da codificação dedicado somente ao Cristianismo.

Cláudio: Os Espíritos Codificadores entendem ser a moral cristã a mais elevada
entre todas. Dizem eles ser a mesma, a moral espírita e a moral cristã. Jesus quando
nos falou do Consolador disse que ele, o Consolador, nos faria lembrar de tudo que
ele estava ensinando.
Desta forma, é grande a ligação entre cristianismo e espiritismo. O Espiritismo é
uma filosofia cristã, por isso um livro dedicado ao Evangelho. O que é preciso que
não se confunda, é o que é cristianismo conforme os ensinamentos de Jesus, e o que
os homens fizeram dele.
É aí que está a diferença. A missão do Espiritismo é reviver na essência os
ensinamentos de Jesus.

16-Pergunta: O estudo da parte histórica dos evangelhos é importante para o espírita?

Cláudio: Importante sim, digo mesmo, importantíssimo; porém, não prioritário. Estou
com Kardec quando diz que o essencial é o aspecto moral do Evangelho. Devemos
no estudo dos textos da Boa Nova buscar sempre o componente reeducacional
contido nos mesmos. No entanto, por experiência própria, digo que o estudo da
parte histórica, dos costumes, e da geografia do Evangelho ajudam e muito no
objetivo maior de melhorar-nos a todo instante.

Site: CVDEE



Conceitos de Allan Kardec em relação ao caráter religioso do Espiritismo

Conceitos de Allan Kardec em relação ao caráter religioso do Espiritismo - (1)
Obras citadas no texto.


 
"...o Espiritismo se fundamenta em princípios gerais independentes de toda questão dogmática. É verdade que ele tem conseqüências morais, como todas as ciências filósóficas. Suas conseqüências são no sentido do cristianismo, porque é este, de todas as doutrinas, a mais esclarecida, a mais pura, razão por que, de todas as seitas religiosas do mundo, são as cristãs as mais aptas a compreendê-lo em sua verdadeira essência.
 
O Espiritismo não é pois uma religião. Do contrário teria seu culto, seus templos, seus ministros. Sem dúvida cada um pode transformar suas opiniões numa religião, interpretar à vontade as religiões conhecidas; mas daí à constituição de uma nova igreja há uma grande distância e penso que seria imprudente seguir tal idéia. Em resumo, o Espiritismo ocupa-se da observação dos fatos e não das particularidades desta ou daquela crença; da pesquisa das causas, da explicação que os fatos podem dar nos fenômenso conhecidos, tanto na ordem moral quanto na ordem física, e não impõe nenhum culto aos seus partidários,..."
 
(da Revista Espírita - Volume 2 - 1859 - Refutação de um artigo de "L'Univers")
* * *
 
Realmente senhor abade... ( ) ...o Espiritismo está fora de todas as crenças dogmáticas, com o que não se preocupa; nós o consideramos uma ciência filósofica, que nos explica uma porção de coisas que não compreendemos e, por isto mesmo, em vez de abafar as idéias religiosas, como certas filosófias, fá-las brotar naqueles em que elas não existem. Se, entretanto, o quiserdes elevar a todo o custo ao plano de uma religião, vós o atirais num caminho novo. É o que compreendem perfeitamente muitos eclesiásticos que, longe de empurrar para o cisma, esforçam-se por conciliar as coisas, em virtude deste racicínio: (...)
 
Se eu tivesse a honra de ser sarcedote, disto me serviria em favor da religião; dela faria uma arma contra a incredulidade e diria aos materialistas e ateus: Pedi provas? Ei-las: e é Deus quem as manda.
 
(da Revista Espírita - Volume 2 - 1859 - Resposta a réplica do abade Chesnel em "L'Univers")
 
* * *
 
O Espiritismo é ao mesmo tempo uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos; como filosofia, ele compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações.
 
Pode-se defini-lo assim:
 
O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal.
 
O que é o Espiritismo - Preâmbulo (1859)
 
* * *
 
O Espiritismo prova e faz ver o que a religião ensina pela teoria.
 
(...)
 
O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não se ocupa das questões dogmáticas. Essa ciência tem conseqüências  morais, como todas as ciências filosóficas. (...)
 
(...)
 
...O Espiritismo está portanto na própria Natureza...
 
(...)
 
...Seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma ciência e não o de uma religião. (...) Repousa então sobre princípios independente de toda e qualquer questão dogmática. Suas conseqüências morais estão na linha do Cristianismo, pois este é, de todas as doutrinas, a mais esclarecida e a mais pura, e é por essa razão que, de todas as seitas religiosas do mundo, os cristãos são os mais aptos a compreendê-lo em sua verdadeira essência.
 
O que é o Espiritismo - Terceiro diálogo: O padre (1859) 
 
* * *
 
O Espiritsmo independe de qualquer forma de culto, não aconselhando nenhum e não se preocupando com dogmas particulares, não constitui uma religião especial, pois não possui nem sacerdotes nem templos. Aos que lhe perguntam se fazem bem em seguir tal ou tal prática, apenas responde; "Se sua consciência aprova o que você faz, faça-o: Deus sempre considera a intenção". Numa palavra, o Espiritismo nada impõe a ninguém. Não se destina aos que tem fé, e a quem esta fé é suficiente, mas à numerosa classe de inseguros e dos incrédulos. Não os afasta da Igreja, porquanto ja estão dela moralmente afastados, de modo total ou parcial, mas os leva a fazer três quartos do caminho para nela entrarem; cabe à Igreja fazer o resto.
 
(...)
 
...Um venerável eclesiastíco dizia a esse respeito: "O Espiritismo faz crer em algo; ora, é melhor crer em alguma coisa do que não ter crença nenhuma".
 
O Espiritismo em sua mais simples Expressão. (1862)
 
* * *
 
"Se a religião, apropriada em começo aos conhecimentos limitados do homem, tivesse acompanhado sempre o movimento progressivo do Espírito humano, não haveria incrédulos, porque está na própria natureza do homem a necessidade de crer, e ele crerá desde que se lhe dê o pábulo espiritual de harmonia com as suas necessidades intelectuais"
 
(do livro "O Ceu e o Inferno" - Allan Kardec, capítulo I) (1865). 
 
* * *
 
Se assim é, perguntarão, então o Espiritismo é uma religião?  Ora, sim, sem duvida, senhoresNo sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza.
 
Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião?  Porque não há uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma idéia de forma, que o Espiritismo não tem.  Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, si se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.
 
Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um titulo sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado.  Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral.
 
As reuniões espíritas podem, pois, ser feitas religiosamente, isto é, com o recolhimento e o respeito que comporta a natureza grave dos assuntos de que se ocupa.  Pode-se mesmo, na ocasião, aí fazer preces que, em vez de serem ditas em particular, são ditas em comum, sem que por isto as tomem por “assembléias religiosas.  Não se pense que isto seja um jogo de palavras; a nuança é perfeitamente clara, e a aparente confusão é devida à falta de um vocábulo para cada idéia.
 
(Discurso pronunciado na Sociedade Espírita de Paris em 01/11/1868 - Revista Espírita).
 
* * *
 
"Ele não apresenta nenhuma característica de uma religião na acepção usual do vocabulário; não podia nem devia enfeitar-se com um título sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral"
 
(da Revista Espírita - Volume 12 - 1868).
 
* * *
 
"Dissemos que o verdadeiro objetivo das assembléias religiosas deve ser a comunhão de pensamentos; é que com efeito, a palavra religião quer dizer laço. Uma religião, em sua acepção nata e verdadeira, é um laço que religa os homens numa comunidade de sentimentos, de princípios e de crenças" ...
 
(da Revista Espírita - 1868 - página 357).
 
* * *
 
"Sim, sem dúvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas da natureza"
 
(da "Revista Espírita" - 1868 - página 357).
 
* * *
 
"A contradição existente entre certas crenças religiosas e as leis naturais fez a maioria dos incrédulos, cujo número aumenta à medida que se populariza o conhecimento dessas leis. Se fosse impossível o acordo entre a ciência e a religião, não haveria religião possível. Proclamamos altamente a possibilidade e a necessidade desse acordo porque, em nossa opinião, a ciência e a religião são irmãs para a maior glória de Deus e se devem completar reciprocamente, em vez de se desmentirem mutuamente. Estender-se-ão as mãos, quando a ciência não ver na religião nada de incompatível com os fatos demosntrados e a religião não mais tiver que temer a demonstração dos fatos.
 
Pelas revelações das leis que regem as relações entre o mundo visível e o invisível, o Espiritismo será o traço de união que lhes permitirá olhar-se face a face, uma sem rir, a outra sem tremer. É pela concordância da fé e da razão que diariamente tantos incrédulos são trazidos a Deus."
 
(trecho do discurso de Allan Kardec na Sociedade Espírita de Paris em 1868 - Revista Espírita). 
 
* * *
 
"O Espiritismo foi chamado a desempenhar uma papel imenso na Terra. Reformará a legislação tantas vezes contrárias às leis divinas; retificará os erros da História; restaurará a religião do Cristo ... Instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus"
 
(do livro "Obras Póstumas" de Allan Kardec, página 299 - edição FEB). 
 
* * *
"O Espiritimo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adpetos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão de reciprocidade. Da liberdade de consciência decorre o direito de livre exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque ela impõe ao homem que abdique da sua própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade".
 
Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe a quem quer que seja; quer ser aceito livremente e por efeito de convicção. Expõe suas doutrinas e acolhe os que voluntariamente o procuram.
 
Não cuida de afastar pessoa alguma das suas convicções religiosas; não se dirige aos que possuem fé e a quem essa fé basta; dirige-se aos que, insatisfeitos com o que se lhes dá, pedem alguma coisa melhor"
 
(do livro "Obras Póstumas" - Allan Kardec).
 
* * *
 
"O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos ... Não é uma religião constituida, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que entre seus adeptos, nenhum recebeu o título de sacerdote ..."
 
(do livro "Obras Póstumas" - página 260 - Edição FEB)

Fonte: Site a era do espírito

Vida e Valores (O anticoncepcional)



A Dra. Susan Blackmore, da Universidade de Bristol, na Inglaterra, juntamente com o Dr. Colin Blackwell, estabeleceram suas visões a respeito do anticoncepcional. Sim, a respeito da pílula.

E, nas falas de ambos, conseguimos ler que eles interpretam a pílula anticoncepcional como tendo sido um grandíssimo movimento revolucionário na década de 1960, que teve o poder, teve o condão de dar liberdade às práticas sexuais.

Asseveram que o anticoncepcional deu à mulher essa possibilidade de dirigir seu corpo e não permitir a fecundidade, quando não tivesse nela qualquer interesse.

Foram mostrando como é que o anticoncepcional mexeu na maneira como a mulher era vista no contexto social. A visão machista da mulher foi forçada a sofrer alterações de monta.

Também lembraram que, graças ao incremento dos anticonceptivos, a mulher pôde ocupar o lugar que lhe cabia e que lhe era negado, no contexto social.

O anticoncepcional igualmente promoveu uma grandíssima revolução na questão que era bastante discutida sobre a divisão do trabalho. O que cabia à mulher, o que cabia aos homens.

Ao longo de muitas décadas, desde a de 1960, essa questão do anticoncepcional ganhou bastante destaque. No entanto, desde a década de 1940, bioquímicos, químicos trabalharam buscando uma solução para o que chamavam de grave problema das relações sexuais: a procriação.

E, a partir disso, na América do Norte, nos Estados Unidos, os pesquisadores trataram de investigar um produto à base da testosterona, o hormônio masculino, para que houvesse uma pílula para os homens. E isso porque eram os homens tradicionalmente, historicamente, que tinham uma vida mais liberada, que tinham uma vida mais solta, mais libertina. Então, seria válido, pensavam eles, criar-se uma pílula para os homens.

O que acontece é que, depois da pílula criada e em fase de testes, os pesquisadores foram a muitos presídios norte-americanos e ofereceram aos presidiários, com a devida autorização da Justiça, a oportunidade de eles servirem de cobaia ao uso da pílula, sob a condição de que receberiam indultos e, até mesmo, liberações totais de suas penas.

Ao longo das consequências, os pesquisadores notaram algo que não esperavam. Em função dos órgãos sexuais masculinos serem externos, aquele produto gerou sobre os homens, primeiro, uma impotência precoce; depois, uma retração do órgão genital.

Pode-se bem perceber que os pesquisadores interromperam ali o trabalho. Não era conveniente, à época, criar-se uma pílula para o homem, capaz de produzir tamanho desastre na autoestima masculina.

Então, se voltaram para a mulher, cujos órgãos sexuais são internos e à base de estrogênio, de progesterona, ainda em quantidades nada científicas, apresentaram as primeiras pílulas. As primeiras mulheres que se decidiram por usá-las, se saíram muito mal.

Os problemas de mama, os cânceres abundaram até que, ao longo do tempo, a própria farmacologia, a bioquímica foram ajustando os níveis de estrogênio, de progesterona para que os médicos, ao conhecer o funcionamento orgânico de suas pacientes, pudessem indicar essa ou aquela pílula.

Deste modo, o problema grave foi atenuado, mas cada mulher responde por si, em virtude do uso que faça indiscriminado ou não, de anticonceptivos.

Não há dúvida de que a mulher tem o direito de se proteger, de se cuidar, mas não apenas em termos corporais.

*   *   *

O cuidado com o corpo é fundamental. Nenhuma mulher tem a obrigação de reproduzir aleatoriamente, reproduzir por reproduzir. Ela tem direito a se cuidar, tem o dever de se cuidar.

 Nada obstante, a mulher obedece a um programa no plano da Divindade. Lemos em O livro dos Espíritos, uma pergunta que é dirigida aos Imortais a respeito da missão do homem e da mulher: Qual é a mais importante para o Criador?

E a resposta incisiva das Entidades Espirituais, que orientam o planeta, é que a missão que Deus concedeu à mulher é superior àquela concedida ao homem, porque é a mulher que o educa.

Dessa maneira, começamos a perceber que seria lamentável se a mentalidade feminina descesse para esses patamares e fizesse com que a mulher se convertesse meramente numa máquina de fazer sexo. Cabe a ela a procriação, sem dúvida, mas cabe a ela o amor.

A mulher é essencialmente mãe, mesmo quando não tenha filhos do seu próprio corpo. A mulher é essencialmente mestra, professora. É essencialmente orientadora.

A natureza, nas mãos de Deus, fez com que a mulher tivesse uma sensibilidade maior. Então, qualquer produto químico que no organismo do homem realize um determinado efeito, em razão da sensibilidade feminina, no seu organismo, esse efeito será mais drástico.

É por essa razão que, quando percebemos esse uso indiscriminado de pílulas, desde as meninas novas até suas mães, até mulheres maduras, apenas para evitar-se a gravidez, lamentamos profundamente.

Porque naturalmente pensamos que a pílula, o anticoncepcional, não deveria existir apenas com esse propósito. Originalmente mesmo, o anticoncepcional surgiu para equilibrar o ciclo menstrual das mulheres. Não era chamado de anticoncepcional.

Os médicos descobriram que, ao regularizar o ciclo feminino, também agia sobre a hipófise, provocando sobre essa glândula um estado orgânico na mulher como se ela estivesse grávida. E, a partir daí, ela simulando essa gravidez, impede o amadurecimento de novos óvulos.

Essa era a função do anticoncepcional, como elemento utilizável pelas mulheres: fazer com que o organismo simulasse o tempo todo que a mulher está num estado de gestação, pela não ação da hipófise. Verificamos que a mulher simula, durante um longuíssimo tempo, algo que não é real e, obviamente, haverá consequências sobre o seu organismo.

Muitas alegam: Mas foi recomendação do meu médico!

Mas a orientação médica desses dias, com as exceções louváveis, é uma orientação materialista.

Grande número de facultativos não admite a existência da alma, do ser espiritual, não admite que nós sejamos Espíritos e que não estamos na Terra apenas para fazer sexo pelo sexo.

O sexo, ao lado da função procriadora, deve alimentar as almas que se unem pelos vínculos do respeito e do amor.

Deve servir para os grandes feitos da inteligência, para iluminar as criaturas e esses hormônios trocados, esses elementos trocados, do psiquismo de um para o psiquismo de outro, tem um endereço mais alto, que é a felicidade íntima da criatura.

É por essa razão que, quando o homem visita o bordel, o lupanar, para apenas auferir o prazer sensorial, aquilo não o satisfaz e ele tem que voltar de novo, como alguém que, na sede, decidir-se por beber água do mar. Pela sua salinidade, ela não sacia a sede.

É a partir disso então que, diante do anticoncepcional tão desbragadamente utilizado, vale a pena pensar que a mulher tem uma função diante das Leis Divinas. Usando ou não o contraceptivo, pensar que ela é a grande geradora da vida, a grande colaboradora de Deus, pelo mundo afora.



Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 198, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná.

Programa gravado em agosto de 2009.

Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 15.08.2010.                                                                                           Em 16.11.2010.
      

Vida e Valores (Magnetismo pessoal)



Cada criatura humana é um magneto que caminha pela Terra.

A Terra em si mesma é um grande corpo magnético. Mas, cada criatura humana é um corpo magnético sobre outro corpo magnético.

Cada qual de nós carrega a sua capacidade magnética, e essa capacidade magnética é assim chamada pelo poder de atrair que cada um de nós detém.

Essa experiência o ser humano alcançou, graças a essas experiências remotas que vimos trazendo ao longo da evolução dos seres, dos mundos, dos planetas, desde quando o átomo é dotado de uma capacidade de atrair as partículas ao seu redor, desde que o núcleo atômico se tornou responsável por atrair a sua volta a nuvem de elétrons, até a criatura que atrai a sua volta um conjunto de pessoas.

Ao longo da História da Humanidade,  em toda e qualquer sociedade, desde que os grupos humanos deixaram de ser grupos anômicos, sem coordenação, sem regulação, para se tornar grupos sociais, nunca mais encontramos um  desses grupos que não tivesse uma liderança.

As criaturas humanas, de uma maneira ou de outra, exigem alguém que as conduza, um líder, e nunca houve falta desses líderes em toda e qualquer sociedade da Terra.

Houve um período em que as comunidades planetárias, as comunidades humanas entendiam que a virtude do conhecimento, a virtude da moralidade, a virtude da sabedoria estaria com os idosos, os anciães. E surgiu na Terra a chamada aristocracia dos patriarcas, dos anciães.

Acreditava a criatura humana que, quanto mais velha fosse a pessoa, maior a soma de suas experiências, maior a gama de suas experiências, melhor o poder de dirigir outras criaturas.

De certo modo é verdade. Quanto mais vivida seja a pessoa, mais experiências ela carrega e, com essas experiências, terá mais chance de abordar os outros, de orientar os outros, uma vez que se orienta a si mesma.

No entanto, na medida em que o tempo foi passando, essas aristocracias e, particularmente, essa aristocracia dos patriarcas ou do patriarcado, foi cedendo lugar a outras porque se os anciães tinham experiência, maturidade, não tinham força física. E as comunidades precisavam de alguém que tivesse força física para as defender.

Surgiu a aristocracia da força bruta. E, nessa aristocracia da força bruta, os líderes que, a princípio, defendiam as comunidades que os houveram convidado, atraído e solicitado sua ajuda e seu socorro, passaram a dominar essas comunidades, a se atribuir poderes que não lhes haviam sido dados e depois a transferi-los para seus herdeiros, filhos, irmãos, sobrinhos, etc.

Naturalmente, a aristocracia da força bruta, que foi mais uma liderança pela Terra, foi cedendo lugar à aristocracia do nascimento, o nome que a pessoa detinha; a aristocracia do poder econômico, o dinheiro que a pessoa detinha; à aristocracia do intelecto: quanto mais o indivíduo soubesse, maiores poderes teria, até chegarmos à necessidade de uma aristocracia que, de fato, conduzisse bem os homens pela Terra.

Já que precisamos instintivamente, pela nossa natureza social, de uma liderança, por que não uma liderança que pudesse nos orientar intelectualmente? Uma liderança que, ao mesmo tempo, nos pudesse conduzir em níveis morais?

Sentimos, por isso, a importância de que, ao longo dos tempos da Terra, possamos encontrar, possamos desenvolver, possamos ter uma aristocracia de poder intelectual e de poder moral. Uma aristocracia intelecto-moral.

Essa certamente nos dará possibilidades de desenvolver os campos mais diversos de nossa vida.

Essa liderança, essa aristocracia nos permitirá desenvolver nosso potencial intelectual, nosso saber, nosso conhecimento, mas também nos ensinará a dar boa vazão a esse saber, a esse conhecimento; nos ensinará a trabalhar tais conhecimentos que tenhamos para o bem. E a nossa aristocracia intelecto-moral, a nossa liderança intelecto-moral nos endereçará para a felicidade.

*   *   *

Essa felicidade naturalmente terá muito a ver com o esforço que tenhamos feito por conquistá-la.

Como falamos, cada qual de nós é um magneto que se desenvolve, que se move na Terra, sobre o planeta, que também é um gigantesco corpo magnético.

É por isso que os analistas e psicanalistas de várias idades do mundo, desde o século XIX, vêm nos trazendo com Freud, com Adler, com Gustav Jung, essas noções de que cada qual de nós carrega em si o chamado “it”, ou se quisermos, um magnetismo pessoal.

Não é à toa que vemos pessoas capazes de atrair para o seu derredor um contingente imenso de outros indivíduos, que se sente bem junto delas, que acata as suas determinações.

Encontramos diversos indivíduos espalhados mundo afora, que afugentam as pessoas do seu derredor, que ninguém suporta estar ao seu lado, mesmo a sua família, mesmo as pessoas que lhes deveriam ser mais próximas E a que se deve isso?

A princípio, podemos cogitar desse nosso magnetismo pessoal. Liberamos determinadas energias, se quisermos dizer assim, liberamos de nós determinados fluidos, que fazem com que as criaturas sintonizadas com os mesmos ideais nossos tenham vontade de se aproximar. Elas não sabem porque, mas sabem que alguma coisa em nós as atrai.

Por outro lado, liberamos de nós determinadas substâncias psíquicas que impõem aos outros um afastamento de nós. Criaturas que até gostariam de estar ao nosso lado, não sabem explicar bem porquê mas, alguma coisa lhes impõe fugir de nós: nosso magnetismo pessoal.

Quanto mais sejamos criaturas egoístas, personalistas, individualistas, a tendência é que se aproximem de nós as pessoas de mesmo matiz psicológico, de mesmo teor idealístico, e passamos a compor os grupos, os bandos, passamos a compor as falanges.

De acordo com a inclinação dos nossos sentimentos, atraímos indivíduos com inclinações similares.

O mundo fala, por exemplo, que Hitler matou a seis milhões de judeus, que Hitler fomentou isso, fomentou aquilo. Não discutimos a tragédia que o caráter de Adolf Hitler impôs ao mundo ocidental.

No entanto, ele não fez isso sozinho. Ele fez isso com dezenas e centenas de oficiais, de homens comuns, mulheres comuns da sociedade que, com ele, com suas ideias compactuavam.

Vejamos o magnetismo de Hitler, capaz de reunir, depois daquele célebre encontro na cervejaria de Munique, aquele contingente enorme de criaturas que o aplaudiu, até deparar-se com a tragédia que ele fomentou no solo europeu e no mundo.

Mas, ao mesmo tempo, notamos indivíduos como Gandhi, com sua fala mansa e firme, com seu caráter de não querer fazer uma guerra contra a violência, porque ele afirmava que qualquer movimento contra a violência teria que ser violento também.

Ele promoveu um movimento pela não violência de qualquer teor. Reuniu ao seu redor toda a Índia. Os seus jejuns se tornaram famosos, porque com esses jejuns ele promovia a religação dos seus irmãos, da Índia, do Paquistão, que surgiu depois.

Gandhi foi esse líder excepcional, com sua energia, e até hoje, depois da sua morte em 1946, Gandhi é para nós esse ícone da liberdade, atraindo em torno do seu nome legiões de criaturas de boa vontade, de homens e mulheres que prezam a liberdade.

Mas, de todos os seres que passaram pela Terra, o magnetismo pessoal mais atraente foi o de Jesus de Nazaré. Nada obstante, nós não conseguimos entendê-Lo.

Ele era tão especial que não conseguimos compreendê-Lo. Mas Ele, pacientíssimo, nos disse:

Quando Eu for erguido no madeiro atrairei todos os homens a Mim.

E foi somente depois da Sua crucificação que passamos a nos interessar por Ele.

No entanto, quando na Terra, onde estava? Estava cercado pelas multidões de famintos, famintos de comida, famintos de amor, famintos de paz, famintos de esperança, famintos de Deus.

Esse Deus que Jesus Cristo exprimiu tão bem com a Sua vivência, e espalhou tão bem entre nós, com o Seu luminoso e formidável magnetismo pessoal.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 93, apresentado por Raul Teixeira,
sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em agosto de 2007.
Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 8 de março de 2009.
Em 13.07.2009.

Vida e Valores (Felicidade)


Costumeiramente, a felicidade é considerada a partir de valores de ordem material. É bem compreensível que assim seja no mundo em que nós vivemos. Afinal, vivemos num mundo cujas referências são todas elas, ou quase todas elas, a partir de coisas do mundo físico.

Nada obstante, em todos os tempos se haja falado que nós somos seres espirituais, ainda que as religiões hajam dito, desde sempre, que nós somos filhos de Deus e somos seres espirituais, essas informações, essas referências, quase sempre, deixaram a desejar. Elas não eram bem exatas, não eram bem completas.

A Humanidade passou a ter, a respeito das coisas espirituais, uma reflexão um tanto inadequada, porque passamos a associar o Espírito a fantasmas, às almas doutro mundo, a esses seres que são forjados na mente coletiva, na mente humana e, por causa disso, são fantasias que as mentes costumam criar.

Sempre que se fala em alma, em Espírito, se imaginam seres vestidos de lençois brancos, ou arrastando correntes ou uivando pelas noites, ou coisas desse gênero.

Poucas vezes se pensou na realidade nossa como Espíritos, em termos intelectuais, em termos mentais, em termos morais. Desse modo, as referências da felicidade estão atreladas a essas questões do mundo físico.

Costuma se pensar que felicidade está vinculada às posses que se tem. Muita gente imagina que só será feliz quando tiver o carro, quando tiver a casa, quando tiver dinheiro no banco, quando puder viajar, quando comprar roupas de grife, quando, quando, quando... Vamos sempre jogando a felicidade para patamares mais distantes.

Jamais fruímos a felicidade agora, já, no momento em que estamos vivendo. Há sempre um ritual intelectual que nos faz arremessar essa felicidade ou encontro com essa felicidade, para os dias do futuro.

Os discursos nossos, os discursos de todos ou de quase todos, estão sempre vinculados a: Quando eu tiver, quando eu comprar, quando eu for....

Então, a riqueza é uma das referências para a felicidade. No dia em que o indivíduo ganhar na loteria, no dia que conseguir uma herança, no dia em que ficar rico, ele será feliz.

Até conseguir ganhar na loteria, que dificilmente acontecerá; até o dia em que lhe surgir uma herança, que é uma coisa quase inabordável; até o dia em que ficar rico através do seu trabalho comum, o que também é, francamente, muito difícil, ele não consegue ser feliz.

O indivíduo não consegue ser feliz no momento em que está, com as pessoas com quem está, na realidade em que vive. Está sempre procrastinando, empurrando para trás, retardando a felicidade.

É muito interessante, porque Vicente de Carvalho, um poeta nosso, brasileiro, santista escreveu, um dia, que a felicidade é como um pomo, que nunca o pomos onde nós estamos, e nunca estamos onde nós o pomos.

Ele fez um jogo de palavras francamente verdadeiro, porque nunca pomos a felicidade onde estamos.

A felicidade está sempre além, num lugar, numa situação, numa condição social, numa condição de vida que não é aquela que estamos usufruindo agora. E onde pomos a felicidade, nós nunca estamos lá, porque a projetamos para somente quando determinadas coisas aconteçam.

É muito comum que o menino diga que ele será feliz quando fizer dezoito anos, e com dezoito anos, ele terá a chave da casa, ele poderá guiar carros, ele poderá fazer muitas coisas. Até chegar aos dezoito anos ele se impede de ser feliz aos treze, aos quatorze, aos quinze, etc.

Mas, depois que ele faz dezoito anos, a felicidade será quando ele conseguir uma namorada ou quando se casar. E ele vai empurrando isso. Quando se casa e não consegue a felicidade com o casamento, ele projeta quando tiver filhos. Desse modo, vamos empurrando para trás a felicidade que é como um pomo, como um fruto, nós nunca o pomos onde estamos, e jamais estamos onde nós o pomos.

É por causa disto que deveremos começar a refletir e a pensar que somos seres espirituais e que a felicidade não pode ser uma coisa projetada para longe, ela deve estar bem junto a nós.

* * *

É natural pensar que todo esse conforto material perseguido pelas pessoas, perseguido por nós, de fato nos dá uma gama de satisfação.

Quem é que não gostaria de ter dinheiro, quem é que não gostaria de ter uma boa posição social, econômica? Quem é que não gostaria de ser famoso e ser conhecido, de desfrutar dessas considerações do mundo, ainda que passageiras?

Poucas seriam as pessoas que responderiam que não.

No entanto, a felicidade decorre da maneira como nós encaramos a vida. Sim, a felicidade tem dimensões psicológicas.

Por isso, visitamos, muitas vezes, hospitais onde as pessoas sofrem, lugares de padecimentos, de dores, às vezes atrozes. Vamos visitar essas pessoas, cheios de angústias, com os nossos problemas cá de fora, do mundo e ao lhes perguntar como estão, elas nos surpreendem com uma bofetada de luvas: Eu estou bem, estou muito bem. E nós não conseguimos entender como é que uma pessoa operada, muitas vezes esperando morrer, com uma doença incurável ou com um mal grave, possa nos dizer que está bem.

Tudo com ela está bem, exatamente porque ela não está considerando o seu estado de felicidade a partir do corpo físico, embora o corpo físico também faça parte da nossa felicidade, ou deva fazer. Mas ela está além dessa consideração material. Porque é o modo como a gente vive por dentro que estabelece como é que vamos considerar a vida de fora.

Como o Cristo disse que o reino dos céus não tem aparências exteriores, está dentro de cada um de nós, é verdade que muitas vezes nós, ainda que passemos apertos materiais, carregamos uma certa satisfação interna, não por passar dificuldades, isso seria masoquismo, mas pela maturidade com que passamos essas dificuldades.

Daí encontrarmos pessoas pobres contentes e acharmos pessoas ricas desgraçadas.

É por isso que, ao pensarmos na felicidade como uma dimensão psicológica, uma dimensão psíquica, uma dimensão espiritual, verificamos que muitas pessoas que vivem dificuldades materiais conseguem extrair dessa dificuldade, alegrias íntimas, alegrias para sua vida, capazes de causar inveja a muita gente rica.

É por isso que muita gente rica, nada obstante tenha muito dinheiro, tenha posição social, tenha todas as facilidades, vive infeliz.

No meio dos ricos, quantas vezes achamos suicídios incompreensíveis a princípio, porque as pessoas dizem: Mas tinha tudo, tinha poder, tinha riqueza, tinha beleza! Mas não tinha harmonia íntima. Muitas vezes não tinha objetivo de vida. Então, a saída para esses indivíduos foi a tentativa de se autodestruir.

Encontramos, por vezes, nos meios ricos, homicídios. Mas como?

Pessoas às quais não faltava nada, pelo menos na suposição do vulgo. Faltava-lhes quase sempre o essencial, a harmonia interior. A felicidade nasce dessa harmonia.

Quantas vezes achamos no meio de gente rica a prostituição, de todos os sentidos. A prostituição dos costumes, a prostituição sexual. Encontramos a drogadição, no meio de gente que pode pagar caro pelas doses de cocaína, de heroína e de tudo mais que infelicita a vida.

Podemos garantir sim, como estabelece o brocardo popular que o dinheiro, a fortuna material não traz a felicidade. Indubitavelmente, ajuda no conforto, ajuda na harmonia material, mas não resolve os nossos enigmas da alma.

Desse modo, a felicidade vai sempre depender da nossa visão de mundo, da maturidade com que nós experimentamos o mundo.

Se estou no mundo como quem se acha numa penitenciária, a minha vida será um tormento, uma infelicidade. Se eu estiver no mundo como quem se acha numa escola, eu farei das dificuldades elementos de progresso, de crescimento, de harmonia.

Se eu me sentir na Terra como quem está num lar, entenderei que todas as dificuldades me são necessárias para que eu as supere, porque eu estou rodeado de irmãos, de criaturas com as quais eu posso interagir positivamente.

A felicidade não é, de fato, uma regalia deste mundo, ela está dentro de nós.

É por isto que Allan Kardec perguntou se no mundo se poderia experimentar a felicidade no grau maior, e os Seres Imortais responderam-lhe que não, porque a Terra é um mundo de provas e expiações. No entanto, poderemos ser tão felizes quanto a Terra permite que sejamos. Vamos buscar essa felicidade maior, que o mundo nos enseja.

Transcrição do Programa Vida e Valores, de número 142, apresentado por Raul Teixeira, sob coordenação da Federação Espírita do Paraná. Programa gravado em abril de 2008. Exibido pela NET, Canal 20, Curitiba, no dia 1º de março de 2009.
Em 25.06.2009.

Influência paralisante

Influência paralisante

A subjugação é uma constrição que paralisa a vontade daquele que a sofre e o faz agir a seu mau grado. Numa palavra: o paciente fica sob um verdadeiro jugo.



(O Livro dos Médiuns, 2.a parte, cap. XXIII, item 240, § 1.o)



Sem desconsiderarmos os casos de patologias que agem sobre os centros da motricidade de certos indivíduos, fazendo-os ancilosados, mencionamos um gênero de perturbação obsessiva, que vem, sem dúvida, dominando companheiros desavisados ou desassisados que, gradualmente, se aprofundam em miasmas infelizes, sem que disso se apercebam.

Referimo-nos ao que poderíamos chamar de obsessão anestesiante.

É válida a consideração pelos anestésicos, quando eles representam conquistas abençoadas do progresso do mundo, objetivando o impedimento das dores torturantes. Entretanto, identificamos outros tipos de substâncias, trabalhadas por psiquismos cruéis e infelicitadores que, quando assimiladas pela alma, têm o poder de detê-las na caminhada para a frente.

Variados têm sido os que se deixam conduzir pelas influências narcóticas de muitas mentes atreladas ao mal ou ao marasmo, do Mundo Invisível, naturalmente desleixados com relação à vigilância íntima, realizando seus afazeres, quando os realizam, como quem se desincumbe de um fardo pesado e difícil, mas não como quem participa do alevantamento espiritual da Humanidade.

Encontram-se elementos que se acostumaram a deixar tudo para que seja feito amanhã, quando o dia de hoje pede disposição e não adiamento.

Ninguém pode, em sanidade de consciência, afirmar que estará no corpo somático no dia seguinte. Temos aí, então, maior razão para que não retardemos os labores que têm regime de urgência em nossa pauta de tarefas.

Diversos irmãos da Terra, portadores de enorme quota de má vontade ou deixando as próprias mentes mergulhadas na displicência, são envolvidos nos vapores letárgicos, paralisantes, que impedem a continuidade dinâmica da obra sob seus cuidados.

Há sempre uma providência que se pode procrastinar.

Surgem problemas a solucionar na esfera de renovação do Espírito, sempre postergados, sem que os companheiros se deem conta de que poderão estar sendo minados por fluidos anestesiantes da vontade.

Uma vez que não puderam impedir que muitas criaturas aceitassem e desejassem servir na Seara do Cristo, Entidades do Além, inimigas do progresso e da luz, que não se dão por vencidas com a primeira perda, fazem com que esses mesmos indivíduos não se movimentem no bem, que tem caráter de premência e que depende tão somente da boa vontade dos lidadores. Estão no movimento do bem, mas não atuam com o bem, o que é sempre lastimável.

Não fazemos apologia das neuroses da pressa. Não estamos aconselhando desequilíbrios e irreflexão, seriamente comprometedores. Estamos, isto sim, conclamando aos que costumam meditar nas questões da alma, para que não se permitam o amolentamento, a preguiça, a pachorra, em pleno labor de Jesus, quando da Terra inteira se erguem gritos de imensa necessidade de equilíbrio e de paz.

*   *   *

É importante cuidar do corpo, repousar, quando os trabalhos imponham desgastes. É da Lei Divina.

Se o problema é de enfermidade física ou estafa orgânica ou mental, é justo se providencie o devido tratamento.

O que não nos cabe fomentar ou aplaudir é a postura dos que estão sempre esgotados, por pouco ou nada que façam, exigindo largos períodos de estacionamento, e, quando se decidem por algo fazer, demoram sem rendimento positivo, complicam a atividade geral, francamente embriagados por energias anestesiantes que, ameaçadoramente, têm tomado em seu bojo a muitos seareiros irrefletidos, preparando-lhes grandes tormentos de remorsos e angústias para logo mais, quando a hora propícia e ideal para o trabalho do bem já houver passado.

Quando sintas que, não obstante o repouso, não tens ânimo para as leituras e que fazeres edificantes, ou quando a sonolência tornar-se presença comum em suas horas de estudo ou de necessária atenção aos chamados do Infinito, ergue a tua oração e roga dos Benfeitores Celestes o socorro, a assistência de que careças, a fim de te desviares desses dardos morbíficos que se destinam a retardar a ação do bem na Terra, produzindo narcose nos combatentes invigilantes, exatamente porque esse bem, em última análise, é a atuação de Jesus Cristo reafirmando o Seu amor a todos nós, ovelhas desgarradas do Seu rebanho, da esperança e da ação.

Camilo.

Psicografia de J. Raul Teixeira.

Em 05.07.2010.
      

Espalhamento Obsessivo partes 1 e 2 -Raul Teixeira


Cura e Pensamento- Raul Teixeira


Entre a Terra e o Céu- Haroldo Dutra Dias


O Reino de Deus -Palestra de Haroldo Dutra Dias