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sábado, 21 de julho de 2012

O NATAL DO APÓSTOLO



 Este texto relata a vinda de Pedro ao plano espiritual, nos mostrando o quanto o trabalho é incessante .
Livro dos Espíritos:
969. Que se deve entender quando é dito que os Espíritos puros se acham reunidos no seio de Deus e ocupados em Lhe entoar louvores?
“É uma alegoria indicativa da inteligência que eles têm das perfeições de Deus,
porque o vêem e compreendem, mas que, como muitas outras, não se deve tomar ao pé da letra. Tudo em a Natureza, desde o grão de areia, canta, isto é, proclama o poder, a sabedoria e a bondade de Deus. Não creias, todavia, que os Espíritos bem-aventurados
estejam em contemplação por toda a eternidade. Seria uma bem-aventurança estúpida e monótona. Fora, além disso, a felicidade do egoísta, porquanto a existência deles seria uma inutilidade sem-termo. Estão isentos das tribulações da vida corpórea: já é um gozo.
Depois, como dissemos, conhecem e sabem todas as coisas; dão útil emprego à inteligência que adquiriram, auxiliando os progressos dos outros Espíritos. Essa a sua ocupação, que ao mesmo tempo é um gozo.”
Obs: O texto acima é de responsabilidade do Blog.
  O  NATAL  DO  APÓSTOLO   
 
         Quando Simão Pedro foi arrancado aos grilhões do cárcere para o derradeiro sacrifício, sentia o coração varado de angústia, conquanto mostrasse o passo firme.
     O velho apóstolo, que transpusera os oitenta de idade, levantava a cabeça branca, destacando-se na turba à maneira de um pai atormentado por filhos inconscientes.
     Irmãos do Evangelho ladeavam-no, tristes, escondendo o próprio desespero, diante da serenidade com que ele, encanecido em duras experiências, se acomodava ao martírio.
     Mulheres e crianças emaranhavam-se, cortejo adentro, para beijar-lhe as mãos. Transeuntes, ainda mesmo adversos ao Cristianismo nascente, fitavam-no, respeitosos, quais se vissem um soberano humilhado e pobremente vestido, a caminho de inesperado triunfo... E até soldados da escolta, recordando vários companheiros que Simão transfigurara, ao curar-lhe os parentes enfermos, abeiravam-se dele com veneração e carinho...
     Apenas um dos pretorianos, Sertório Aniceto, destacado elemento na expedição, não poupava o sarcasmo.
     Desejando quebrar a atmosfera de reverência e de êxtase que se fazia, desdobrava impropérios: - Para diante, velho impudente! Judeu Sujo! Lixo humano, que envergonharia os postes da arena!...
     E mais à frente:
- Não abuse da crendice do povo” Ladrão imundo, chegou seu fim!...
     Pedro, entretanto, contemplava o céu escaldante da tarde e orava em silêncio...
     Sentia-se, agora, fatigado e incapaz! Compreendia que a Boa Nova exigia servidores robustos e rogava ao Cristo enviasse obreiros novos e valorosos para a vinha do mundo... Mas não era só isso... No imo do coração, ardia-lhe a saudade do Mestre e ansiava retomar-lhe a companhia para sempre...
     Escalando a colina, via não longe o Campo de Marte, assinalado pelo monumento de Augusto, as cintilações do Tibre espreguiçando ao sol, o casario imenso, as termas e os jardins; no entanto, regressava pela imaginação à Galiléia distante, buscando Jesus em pensamento...
     Revia o lago de Genesaré, em seus dias mais belos, e as multidões simples e generosas com que o Senhor repartia o pão e a verdade, o consolo e a esperança...
     Por estranhos mecanismos da memória, respirava, de novo, o perfume das rosas de Betsaida, das romãzeiras de Dalmanuta, das quintas frutescentes de Magdala e dos pequenos vinhedos de Cafarnaum...
     Apesar do calor reinante, rememorava a pesca e supunha-se envolvido pelo sopro da brisa, quando a barca sobrestava as ondas calmas.
     Reconstituía, enlevadas, as pregações do Divino Amigo e parecia-lhe jornadear de retorno à família das crianças e dos enfermos, das mães sofredoras e dos velhinhos que ele próprio lhe entregara ao coração...
     Atingido o local do suplício, confiou-se automaticamente aos soldados que o desnudaram, e, como se estivesse hipnotizado pela idéia do reencontro, sofregamente aguardado quase nada percebeu dos martelos, rudemente manobrados, que lhe apresavam pés e mãos ao lenho que se lhe erguera de improviso...
     Em derredor, escutava os protestos velados das centenas de espectadores da lamentável exibição, de mistura com as preces dos companheiros agoniados... Detido, porém, na ânsia de repouso, Pedro não via que o tempo se escoava, sem que lhe desfechassem qualquer golpe...
     Aqui e além, grupos em orações e lágrimas salientavam-se de mãos postas; contudo, a morte tardava... Aniceto, entretanto, não o perdia de vista, e, reparando que o crepúsculo baixava, atirou-lhe pontiagudo calhau à cabeça e gritou:
- Morre, bruxo!
     O apóstolo observou que o sangue esguichava, mas, sem qualquer reação, rendeu-se o invencível torpor, qual se fosse repentinamente anestesiado por brando sono.
     Semelhante impressão, contudo, perdurou por momentos. O ancião, após desalgemar-se do corpo, identificou-se espiritualmente, livre e eufórico, ao pé dos próprios despojos, e, alheio à algazarra em torno, contemplou o firmamento, onde os astros se inflamavam, como se dedos invisíveis acendessem lumes deslumbrantes para uma festa no céu... Espantado, observou que um homem descia do alto, como que materializado pela fulguração das estrelas, e, decorridos alguns instantes de assombro, viu Jesus a dois passos, a endereçar-lhe o inolvidável sorriso.
-          Mestre! – clamou, inclinando-se para beijar o chão que ele pisava. O Messias redivivo tomou-o nos braços e partiu, conchegando-o ao coração, qual se transportasse frágil criança.
Por várias semanas restaurou-se Pedro na estância de luz que o Cristo lhe reservara.
     Junto dele, visitou paragens de inexprimível beleza, recolheu lições preciosas, presenciou espetáculos soberbos de grandeza cósmica e abraçou afeições inesquecíveis...
     Quando mais integrado se reconhecia no Plano Superior, eis que o Celeste Companheiro lhe anuncia nova separação.. Que o discípulo descansasse quanto quisesse, elevando-se às excelsas regiões... Ele, porém, devia ausentar-se...
- Senhor, aonde vais? – indagou o apóstolo, penosamente surpreendido.
E Jesus, indicando-lhe escuro recanto da vastidão, em que se adivinhava a residência planetária dos homens, informou, sereno:
- Pedro, enquanto houver um gemido na Terra, não me será lícito repousar...
- Então, Senhor, eu também...
     E, como outrora, demandaram, juntos, os quadros de ação, em que se lhes evidenciasse o amor sublime...
....................................................................................................................
     Atraídos por centenas de vozes, atravessaram Roma, parando, por fim, em espaçoso cemitério da Via Ápia, mergulhado na sombra noturna...
     A multidão cantava, glorificando o Senhor...
     Não obstante o Natal estivesse na lembrança de poucos, rememorava-se, ali, diante da imensidão constelada, a melodia dos mensageiros angélicos.
     Simão, fremindo de emotividade, começou a chorar de alegria. Anelava ser bom, aspirava a ser irmão da Humanidade, queria auxiliar a construção do Reino de Deus e homenagear a manjedoura de Belém, ofertando algo de si mesmo, em louvor do Evangelho...
     Nesse ínterim, aproximou-se Jesus e Disse-lhe ao ouvido:
- Pedro, alguém te chama...
     O apóstolo voltou-se e, admirado, enxergou na pequena comunidade um homem triste, carregando nos braços um pequenino agonizante... Era Aniceto, a rogar-lhe, mentalmente, se lhe compadecesse do filhinho que a febre devorava. Qual se lhe registrasse a presença, expunha-lhe os remorsos que amargava e pedia-lhe perdão...
     O antigo pescador não hesitou. Depois de oscular-lhe a fronte suarenta, afagou a criança atribulada, impondo-lhe as mãos, e, ali mesmo, magneticamente tocado por forças renovadoras e intangíveis, o menino despertou, lúcido e refeito, enlaçando-se ao pai, à feição da ave assustada quase torna à segurança do ninho.
     Aniceto, no íntimo, compreendeu o socorro e a bênção que recebia e, renovado, começou a cantar em lágrimas de júbilo: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra e boa vontade para com os homens!...”.
     Para o rude legionário de César começava nova vida e para Simão Pedro o serviço continuou...
  Espírito: IRMÃO X.
 
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

NA PREPARAÇÃO DO REINO DA LUZ

Chamados a substancializar o Evangelho de Jesus no campo da vida humana, decerto, nós outros, os espíritos encarnados e desencarnados, somos constrangidos a levantar em nós mesmos os alicerces do Reino de Deus, adstritos à verdade de que o Céu começa em nós mesmos.


Em razão disso, os antigos processos de construção palavrosa, através dos quais o verbo, muita vez, pretende superar o nível do exemplo, não podem constituir padrão às nossas atividades.


Também nós possuímos o tesouro do tempo, muito mais expressivo do que a riqueza amoedada, e, por isso, ao invés de criticar o companheiro que padece a obsessão da autoridade e do ouro, será mais justo operar com o nosso próprio trabalho a lição da bondade incessante sem nos perder no vinagre da censura ou do nevoeiro da frase vazia.


 Nós, igualmente, guardamos conosco os talentos da fé raciocinada, muito mais sólidos que os da crença vazada em cegueira da alma, competindo-nos, desse modo, não a guerra de revide ou condenação aos que nos esposam os pontos de vista, mas, sim, a prática da tolerância fraterna e da caridade genuína, pelas quais os nossos companheiros de evolução e de experiência consigam ler a mensagem da Vida Maior, abandonando naturalmente as grilhetas da ignorância.


Não nos bastará, dessa forma, a confissão labial da fé como entusiasmo de quem se vê na iminência dos princípios superiores.


É necessário saibamos comungar a esperança e o sofrimento, a provação e a dificuldade dos outros, abençoando os irmãos que nos partilham a marcha e ensinando-lhes, pela cartilha de nossas próprias ações, o caminho renovador, suscetível de oferecer-lhes a bênção da paz.


Sem dúvida, milhões de inteligências se agregam à ilusão e à crueldade, descerrando aos homens resvaladouros calamitosos, preparando o domínio da morte e fortalecendo o poder das trevas, todavia, a nós outros se roga o cérebro e o coração para que o Cristo se manifeste em plenitude de sabedoria e de amor, nas vitórias do espírito, por intermédio das quais a Humanidade ainda na sombra será, finalmente, investida na posse da Eterna Luz.




Se a tristeza e o desânimo te procuram, acende a lanterna da coragem e resiste ao  sopro frio do desalento, prosseguindo no trabalho que a vida te confiou.



 Livro: ALVORADA DO REINO - Francisco Cândido Xavier - Emmanuel

sexta-feira, 20 de julho de 2012

A Transição Planetária

A Transição Planetária

“Opera-se, na Terra, neste largo período, a grande transição anunciada pelas Escrituras e confirmada pelo Espiritismo.

O planeta sofrido experimenta convulsões especiais, tanto na sua estrutura física e atmosférica, ajustando as suas diversas camadas tectônicas, quanto na sua constituição moral

Isto porque, os espíritos que o habitam, ainda caminhando em faixas de inferioridade, estão sendo substituídos por outros mais elevados que o impulsionarão pelas trilhas do progresso moral, dando lugar a uma era nova de paz e de felicidade.

Os espíritos renitentes na perversidade, nos desmandos, na sensualidade e vileza, estão sendo recambiados lentamente para mundos inferiores onde enfrentarão as conseqüências dos seus atos ignóbeis, assim renovando-se e predispondo-se ao retorno planetário, quando recuperados e decididos ao cumprimento das leis de amor.

Por outro lado, aqueles que permaneceram nas regiões inferiores estão sendo trazidos à reencarnação de modo a desfrutarem da oportunidade de trabalho e de aprendizado, modificando os hábitos infelizes a que se têm submetido, podendo avançar sob a governança de Deus.

Caso se oponham às exigências da evolução, também sofrerão um tipo de expurgo temporário para regiões primárias entre as raças atrasadas, tendo o ensejo de ser úteis e de sofrer os efeitos danosos da sua rebeldia.

Concomitantemente, espíritos nobres que conseguiram superar os impedimentos que os retinham na retaguarda, estarão chegando, a fim de promoverem o bem e alargarem os horizontes da felicidade humana, trabalhando infatigavelmente na reconstrução da sociedade, então fiel aos desígnios divinos.

Da mesma forma, missionários do amor e da caridade, procedentes de outras Esferas estarão revestindo-se da indumentária carnal, para tornar essa fase de luta iluminativa mais amena, proporcionando condições dignificantes, que estimulem ao avanço e à felicidade.

Não serão apenas os cataclismos físicos que sacudirão o planeta, como resultado da lei de destruição, geradora desses fenômenos, como ocorre com o outono que derruba a folhagem das árvores, a fim de que possam enfrentar a invernia rigorosa, renascendo exuberantes com a chegada da primavera, mas também os de natureza moral, social e humana que assinalarão os dias tormentosos, que já se vivem.

Os combates apresentam-se individuais e coletivos, ameaçando de destruição a vida com hecatombes inimagináveis.

A loucura, decorrente do materialismo dos indivíduos, atira-os nos abismos da violência e da insensatez, ampliando o campo do desespero que se alarga em todas as direções.

Esfacelam-se os lares, desorganizam-se os relacionamentos afetivos, desestruturam-se as instituições, as oficinas de trabalho convertem-se em áreas de competição desleal, as ruas do mundo transformam-se em campos de lutas perversas, levando de roldão os sentimentos de solidariedade e de respeito, de amor e de caridade...

A turbulência vence a paz, o conflito domina o amor, a luta desigual substitui a fraternidade.


A fatalidade da existência humana é a conquista do amor que proporciona plenitude.

Há, em toda parte, uma destinação inevitável, que expressa a ordem universal e a presença de uma Consciência Cósmica atuante.

A rebeldia que predomina no comportamento humano elegeu a violência como instrumento para conseguir o prazer que lhe não chega da maneira espontânea, gerando lamentáveis conseqüências, que se avolumam em desaires contínuos.

É inevitável a colheita da sementeira por aquele que a fez, tornando-se rico de grãos abençoados ou de espículos venenosos.

Como as leis da vida não podem ser derrogadas, toda objeção que se lhes faz converte-se em aflição, impedindo a conquista do bem-estar.

Da mesma forma, como o progresso é inevitável, o que não seja conquistado através do dever, sê-lo-á pelos impositivos estruturais de que o mesmo se constitui.


A melhor maneira, portanto, de compartilhar conscientemente da grande transição é através da consciência de responsabilidade pessoal, realizando as mudanças íntimas que se tornem próprias para a harmonia do conjunto.

Nenhuma conquista exterior será lograda se não proceder das paisagens íntimas, nas quais estão instalados os hábitos.

Esses, de natureza perniciosa, devem ser substituídos por aqueles que são saudáveis, portanto, propiciatórios de bem-estar e de harmonia emocional.

Na mente está a chave para que seja operada a grande mudança.

Quando se tem domínio sobre ela, os pensamentos podem ser canalizados em sentido edificante, dando lugar a palavras corretas e a atos dignos.

O indivíduo, que se renova moralmente, contribui de forma segura para as alterações que se vêm operando no planeta.

Não é necessário que o turbilhão dos sofrimentos gerais o sensibilize, a fim de que possa contribuir eficazmente com os espíritos que operam em favor da grande transição.


Dispondo das ferramentas morais do enobrecimento, torna-se cooperador eficiente, em razão de trabalhar junto ao seu próximo pela mudança de convicção em torno dos objetivos existenciais, ao tempo em que se transforma num exemplo de alegria e de felicidade para todos.

O bem fascina todos aqueles que o observam e atrai quantos se encontram distantes da sua ação, o mesmo ocorrendo com a alegria e a saúde.

São eles que proporcionam o maior contágio de que se tem notícia e não as manifestações aberrantes e afligentes que parecem arrastar as multidões.

Como escasseiam os exemplos de júbilo, multiplicam-se os de desespero, logo ultrapassados pelos programas de sensibilização emocional para a plenitude.


A grande transição prossegue, e porque se faz necessária, a única alternativa é examinar-lhe a maneira como se apresenta e cooperar para que as sombras que se adensam no mundo sejam diminuídas pelo Sol da imortalidade.

Nenhum receio deve ser cultivado, porque, mesmo que ocorra a morte, esse fenômeno natural é veículo da vida que se manifestará em outra dimensão.

A vida sempre responde conforme as indagações morais que lhe são dirigidas.

As aguardadas mudanças que se vêm operando trazem uma ainda não valorizada contribuição, que é a erradicação do sofrimento das paisagens espirituais da Terra.

Enquanto viceje o mal, no mundo, o ser humano torna-se-lhe a vítima preferida, em face do egoísmo em que se estorcega, apenas por eleição especial.

A dor momentânea que o fere, convida-o, por outro lado, à observância das necessidades imperiosas de seguir a correnteza do amor no rumo do oceano da paz.


Logo passado o período de aflição, chegará o da harmonia.

Até lá, que todos os investimentos sejam de bondade e de ternura, de abnegação e de irrestrita confiança em Deus.

Joanna de Ângelis.


(Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, no dia 30 de julho de 2006, no Rio de Janeiro, RJ)

Reino dos Céus

Pesquisaste, arrebatado, páginas comoventes e nobres que
encerravam a linguagem do Reino dos Céus.

Ouviste expositores fluentes, informando as excelências do
Reino dos Céus.

Acompanhaste missionários que erigiram templos onde se
pudessem guardar as mensagens do Reino dos Céus.

Meditas, extasiado, sobre as paisagens do Reino dos Céus.

E sonhas, fascinado, ante a esperança de entrares no Reino
dos Céus.

Todavia estás na Terra...
Lama e dor em toda parte.
Ignomínia e crime em enxurradas de ódio onde flutuam venenos
 e pestes.
Mentiras e traições emoldurando as telas mentais dos homens.

E deixas que a amargura vinque a tua face, macerando tua alma...

Desejarias saltar do trampolim da fé as cristas procelosas do
oceano dos homens em aflição, atingindo a plataforma celeste,
de um só impulso.

Mal sabes que o escritor das páginas impregnadas de beleza
sofre também no vale das sombras, sedento de luz.

Ignoras que o pregador carrega urzes no coração e tem as mãos
feridas no trato com o trabalho.

Desconheces as lágrimas que se derramam pelas faces dos
apóstolos, no labor abençoado.

Não estás informado das distâncias entre o ensino e a ação,
nem te percebes de que há muito céu a descobrir nos corações
humanos e muita luz a esconder-se nas paisagens da aflição.

O céu do gozo começa na terra do trabalho, como a árvore gigante
surge na semente minúscula.

Desdobra as percepções e apura os ouvidos.

Muitos preconizam a paz social em guerrilhas familiares a que se
não podem furtar.

Outros ensinam a verdade, utilizando a astúcia, como se a
sagacidade fosse o instrumento de manejo nobre  a serviço
do ideal.

Encontrarás missionários atarefados com as igrejas e almas abandonadas sem pastores nem agasalhos.
Não intentes um paraíso para ti, longe do trabalho fraternal aos
irmãos da margem.

Nem acredites em repouso justo sem a contribuição do necessário cansaço.
Há muita felicidade que é ociosidade negativa, como muita
expressão que é veneno verbal.

"O Reino de Deus - disse o Mestre - está dentro de vós mesmos."

Atende ao aflito, vigia as tuas atitudes, espalha a luz do
entendimento, trabalha sem cansaço, verificando que o terreno
desolado, quando arroteado com amor e perseverança, se
transforma em jardim colorido e perfumado.

Busca, desse modo, os céus da santificação; primeiro, porém,
santifica-te na Terra, transformando-a em bendito pomar de
felicidade perene, a um passo da glória da Imortalidade.


[Joanna de Ângelis]
[Divaldo Franco]
[Messe de Amor]
[Editora LEAL]

O Reino dos Céus

AUTOR: Amélia Rodrigues - IN: LIVRO "Dias Venturosos" - Psicografia de Divaldo P.Franco


Permaneciam, na musicalidade da natureza e na ressonância dos corações os acordos maviosos do incomparável Sermão da montanha.

A melodia daquele voz, que enunciara as prodigiosas lições de esperança e de paz, continuava em vibração doce no âmago de todos quantos a ouviram.

As palavras pareceram fundir-se nos sentimentos do público, assinalando de forma especial cada um dos que estiveram presentes, como jamais ocorrera anteriormente.

Qual se nunca houvesse existido o passado, tudo agora se resumia nas expectativas do futuro promissor.

As dores que, até então, significavam amargura, apreensão, pesar, perderam o significado perturbador, para assinalarem os seus portadores com diferentes expressões, que os tornariam eleitos para o porvir ditoso.

Antes, as dificuldades e os sofrimentos representavam desgraça, abandono do socorro divino, orfandade espiritual. A partir daquele momento, porém, não seria mais a mesma coisa, porque uma Era Nova se inciava, clareada por incomum sol de alegria, mensageiro de felicidade.

Desde quando Jesus se acercara da multidão às margens do lago de Genesaré, houve uma significativa alteração na vida antes tranquila e modorrenta dos habitantes da Região.

Acostumados à rotina e à submissão aos dominadores políticos e religiosos, todos cumpriam com os deveres lhes eram assinalados, deixando-se arrastar quase indiferentes pelos pequenos sucessos diários.

Todavia, quando se ouviram as primeiras notícias do Rabi, que Se transformou repentinamente no fulcro de todas as ansiedades, um bulício permanente passou a agitar as pessoas e as comunidades instaladas na sua orla.

De certo modo, aquelas águas piscosas, que refletiam os céus sempre azuis e transparentes, se tornaram a moldura fulgurante para a tela especial onde Ele começou a escrever a música sublime dos Seus ensinamentos, que jamais desapareceriam das paisagens terrenas.
Ao lado de todos esses sentimentos, incomuns para aquelas gentes simples e modestas da Galiléia, pairavam no ar dulcidas emoções que embalavam os corações em festa contínua.

Agora, a cada instante, chegavam novas notícias, informações a respeito dos Seus feitos e dos Seus ditos, de boca a boca, em festival de beleza e de encantamento incessante.

Os encontros sucediam-se, ora nas praias largas; em ocasiões outras, nas praças públicas onde se reuniam as pessoas de contínuo, na barca de Simão, que Ele havia elegido para tribuna de dissertações encantadoras, tendo em vista a avidez com que todos O buscavam.

O Seu contacto suavizava a aspereza dos comportamentos agressivos, das necessidades crescentes, dos sofrimentos sem quartel.

Estimulado por esse dealbar de ansiedades, após uma reunião, que tivera lugar no seu lar, quando o Mestre se dirigiu à praia para sintonizar com as forças vivas da Natureza e melhor comungar com Deus, Simão, enternecido aproximou-se, cuidadoso, e após sentir-se notado, justificou a presença, elucidando que necessitava de informações, a fim de acalmar o corcel desenfreado dos pensamentos que o dominavam naqueles dias.

A noite, esplêndida de estrelas, que lucilavam à distância, tinha quebrado o seu silêncio pelas ondas sucessivas que se arrebentavam nas areias de seixos e pedras miúdas, levemente sacudidas pela brisa, ou pelos indefiníveis sons que se misturavam ao perfume suave das flores silvestres.

Jesus sempre ouvia aqueles que O buscavam com um misto de ternura, bondade e mansidão, permitindo que se estabelecesse um intercâmbio de vibrações dulçurosas, que passariam a impregnar o interlocutor para sempre.

Animado pela expressão de doçura do Amigo silencioso e atento, o pescador inquiriu, de monstrando interessse justificado:
- Falas a respeito do reino dos Céus, enriquecendo-nos a imaginação com símbolos - incomuns para a nossa compreensão. Acreditamos nas Tuas palavras. No entanto, acostumados à pesca rude, aos trabalhos desgastantes, sem hábitos mentais diferentes, todos nos inquirimos como será esse lugar. Eu próprio me tenho interrogado onde fica e como é constituído.

Fez uma pausa, emocionado, como se estivesse concatenando as idéias, para logo prosseguir:
- Gostaria, Senhor, que me explicasses, a fim de que, entendendo, também eu o pudesse dizer aos companheiros que participam das mesmas interrogações.

Abarcando a noite luminosa que dominava a paisagem à vista, o Mestre, paciente, elucidou:
- O reino dos Céus é o recanto calmo e silencioso do mundo interior onde repousam todas as ansiedades. Enquanto se está na Terra, os seus domínios se ampliam pela consciência em tranquilidade, pelo dever rectamente cumprido, e domina o coração com bem-estar, envolvendo todo o mundo íntimo em harmonia.

Proporciona alegria de viver, confiança no futuro, equilíbrio de acção, e dá sentido à existência corporal. E mesmo quando advém a morte física do ser, ei-lo que se transfere para a Imortalidade.

Silenciou momentaneamente, a fim de facultar ao discípulo compreender o conteúdo da lição, logo prosseguindo:
- A vida na Terra é constituída pelo elementos que existem no Reino Eterno e que são adaptados pelas necessidades humanas ao seu desenvolvimento e progresso. Porque a criatura ainda se encontra em processo de evolução, as suas construções primárias e grosseiras, que lentamente se vão transformando para melhor, a esforço de cada um e de todos reunidos.

Observa a delicada flor do espinheiro, que oscila ao vento e constatarás que é elaborada com a mesma substância dos acúleos que existem nas hastes. A luz prateada do astro que se engasta no Infinito e que nos parece repousante quão fria, é ardente e insuportável na superfície dele. No orvalho que nos humedece a face e os cabelos tens o mar miniaturizado, mas não é o mar gigantesco em si mesmo, que está à nossa frente ...

Assim é o reino dos Céus, a que me refiro e que a todos nos aguarda.

As suas fronteiras não podem ser conhecidas, porque são infinitas; a sua constituição escapa a qualquer definição, somente podendo ser apreendida pela emoção e a razão que dispensam palavras. Lá, não existe sofrimento, nem medo. A alma, que o alcança, liberta-se de preocupações e ansiedades, usufruindo das alegrias que na Terra jamais experimentou. O amor é vivo e pulsante, irradiando-se em todas as direcções, qual música divina que enternece e sustenta a esperança, fundindo os corações uns nos outros, sem desconfiança, nem precipitação.

Envolvendo o discípulo, que tinha os olhos iluminados de esperança e sorria de júbilos ante a possibilidade de transladar-se para esse paraíso, prosseguiu:
- O homem no mundo tudo mede pela pequenez de sua capacidade de entender a vida, não conseguindo possuir capacidade mental para superar os limites nos quais se encontra, enjaulado pelo corpo. No entanto, porque a vida orgânica é transitória, momento chega em que ele se liberta do carcere pela morte e defronte o mundo da realide, que ultrapassa a sua capacidade de antecipação,no qual se não foi vitorioso na luta contra as paixões e os vícios que o infelicitam, prossegue sofrendo, apegado aos interesses doentios a que se entregou. No entanto, quando consegue libertar-se das algemas do pecado, das rudes injunções afligentes que o apequenam, havendo superado os desejos malsãos, a inferioridade, porque cultivou o amor e a virtude, adentra-se pelo reino dos céus, como triunfador após a refrega das batalhas vencidas e a superação dos sentimentos animais.

Calou-se, por instante, para logo concluir:
- A morte do justo, a grande libertadora, transporta-o para o país da felicidade total, que já carrega interiormente, e onde nunca mais se acabará.

Hoje estamos lançando as bases colossais desse futuro, e porque ainda não é conhecido, experimentaremos a incompreensão dos sensualistas e gozadores, dos que desfrutam o poder enganoso e a propriedade injusta... Dia virá, porém, que não está próximo nem longe, no qual, as criaturas compreenderão a necessidade de preparar-se para conquistá.lo e envidarão todos os esforços, entregando a própria vida física, a fim de desfrutarem dele por toda a Eternidade...

Não foi necessário dizer mais nada. O silêncio, que se fez natural, estava saturado de bençãos, e Simão, emocionado, deixou-se arrastar pelas esperanças de o conseguir, quase em êxtase de felicidade.

FONTE: Revista de Espiritismo (Federação Espírita Portuguesa) - Artigo Jan - Março 2006 nº.67
Autor Espíritual: Amélia Rodrigues
Psicografia de: Divaldo P. Franco
IN: "Dias Venturosos"

quinta-feira, 19 de julho de 2012

Iluminação de Consciências

Natanael Ben Elias, o paralítico de Cafarnaum, acabara de ser completamente curado por Jesus, voltando a andar.
Todos estavam em festa, exceto o Mestre, que meditava seriamente.
Simão, buscando romper o silêncio de Jesus, então pergunta:
Por que dizes que não Te compreendemos,Rabi? Estamos todos tão felizes!
Simão, neste momento, enquanto consideras o Reino de Deus pelo que viste, Natanael, com alegria infantil, comenta o acontecimento entre amigos embriagados e mulheres infelizes.
Outros que recobraram o ânimo ou recuperaram a voz, entre exclamações de contentamento, precipitam-se nos despenhadeiros da insensatez, acarretando novos desequilíbrios, desta vez, irreversíveis.
Não creias que a Boa Nova traga alegrias superficiais, dessas que o desencanto e o sofrimento facilmente apagam.
O Filho do Homem, por isso mesmo, não é um remendão irresponsável, que sobre tecidos velhos e gastos costura pedaços novos, danificando mais a parte rasgada com um dilaceramento maior.
A mensagem do Reino, mais do que uma promessa para o futuro, é uma realidade para o presente.
Penetra o íntimo e dignifica, desvelando os painéis da vida em deslumbrantes cores...
Eu sei, porém, que Me não podeis entender, tu e eles, por enquanto. E assim será por algum tempo.
Mais tarde, quando a dor produzir amadurecimento maior nos Espíritos, Eu enviarei alguém em Meu nome para dar prosseguimento ao serviço de iluminação de consciências.
As sepulturas quebrarão o silêncio que guardam e vozes, em toda parte, clamarão, lecionando esperanças sob os auspícios de mil consolações.
* * *
Séculos se passaram depois destes dizeres preciosos.
A dor amadureceu muitos corações desnorteados, e novamente a Humanidade suplicou a Jesus pela cura de suas mazelas.
Os sepulcros foram rompidos. O silêncio dos aparentemente mortos foi quebrado, e os descobrimos vivos, imortais e reluzentes.
Sim, as estrelas caíram dos céus. Estrelas de primeira grandeza espiritual se uniram em uma constelação admirável, e voltaram seu feixe de luz poderoso para aTerra.
Os Espíritos falaram, ensinaram, provaram que a vida futura prometida por Jesus é real.
A iluminação de consciências, proposta por Jesus, ganhou uma dimensão nova e maior.
A mensagem do Cristo se faz novamente presente como uma proposta para o presente, para a renovação imediata, urgente.
Na grande transição que o planeta atravessa, são eles, os Missionários do Mestre, que semeiam a verdade em todos os povos.
O amor volta a tomar seu lugar de evidência, nas propostas elevadas que são apresentadas aqui e acolá.
Atiramos as roupas velhas no tempo, e vestimos a roupagem do ESPIRITISMO, entendendo que a vida do Espírito, esta sim, é a verdadeira.

O Consolador - o Espiritismo - já está entre nós... Escutemo-Lo!



Autor: Amélia Rodrigues
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Primícias do Reino

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Jesus aproximou-se da Terra em Luz - Ivone A Pereira

A força do amor O encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro, na visão dos Espíritos, relatado por Yvonne A. Pereira. Amigos e irmãos, abraço-os fervorosamente. Nesta oportunidade desejo compartilhar com os companheiros um fato relacionado ao suicídio que resultou numa serie de ações, desenvolvidas ao longo de 18 meses, aproximadamente, mas cujo desfecho superou todas as expectativas, mesmo as inimagináveis. As regiões de sofrimento onde vivem os suicidas, de todas as categorias, são inúmeras e vastas nos planos do Espírito. Brotam de um dia para outro, pois os excessos da Humanidade têm reduzido o tempo de reencarnação para um numero significativo de pessoas. Os atentados contra a manutenção da saúde física, mental e psicológica atingem cifras realmente assustadoras. A campanha Em Defesa da Vida, conduzida pelos espíritas, é ação que ameniza a situação. Mas algo mais intenso e abrangente, que envolva a sociedade, urge ser desenvolvido. Assim, passamos ao nosso relato. Localizamos em determinado nicho, em nosso plano, uma comunidade de suicidas vivendo em situação precária, em todos os aspectos. Chamava a nossa atenção que tal reduto de dor nunca reduzia de tamanho. Ao contrario, contabilizávamos um número crescente, dia após dia. Procurando analisar a problemática por todos os seus ângulos, verificamos que no local, incrustado em espaço de difícil acesso, existia uma espécie de ?escola? ? se este é o nome que se pode utilizar ? cujos integrantes se especializaram em indução ao suicídio; técnicas, recursos e equipamentos sofisticados eram desenvolvidos para que encarnados cometessem suicídio. O suicida era, então, conduzido à instituição e, sob tortura, a alma sofredora fornecia elementos mentais que serviam de alimentos à manutenção de diferentes desarmonias que conduzem o homem ao desespero. Fomos surpreendidos pela existência de tal organização e estarrecidos diante do fato, de como a alienação, associada à maldade, pode desestruturar o ser humano. Após tomar conhecimento dos detalhes, um plano de trabalho foi definido, depois que um mensageiro de elevada região veio até nós. Durante algum tempo pelejamos para sermos adequadamente preparados, inclusive aprendendo a liberar vibrações mais sublimadas, a fim de fornecer a matéria mental e sentimentos puros que pudessem erguer um campo de força energético ao redor do local. Almas devotadas estiveram conosco permanentemente, instruindo-nos, fortificando-nos e nos revelando a excelsitude do amor. Entretanto, era preciso fazer algo mais. Desfazer a organização não representaria, em princípio, maiores problemas; o desafio seria convencer os instrutores a não fazer mais aquele tipo de maldade. Várias tentativas foram envidadas, neste sentido. Orientadores esclarecidos da Vida Maior foram rejeitados e até ridicularizados. Nada conseguíamos com os dirigentes daquela instituição, voltada para a prática do suicídio. Mas a vitória chegou, gloriosa, no final da tarde do domingo ultimo, [1] quando, convidados a participar do encerramento do Congresso, aqueles dirigentes presenciaram a luminosidade do amor. Conseguiram, finalmente, ver o significado da vida, a sua importância e fundamentos. Foram momentos de grande emoção que envolveu a todos nós, quando uma nesga de luz desceu sobre os encarnados e desencarnados no exato instante em que todos, em ambos os planos da vida, se deram as mãos e cantaram a música em prol da paz. A nesga de luz se alargou, cresceu, envolveu a todos. A força do amor jorrou plena e, em sublime explosão, rompeu o ar, circulou sobre a cabeça de todos, espalhou-se como poderosa onda para além do recinto, ganhando a cidade. Brasília se nimbou de luz, no ar, no solo, nas águas. À nossa visão estupefata e maravilhada parecia que uma nova estrela estava surgindo. Os seres da Criação, vegetais, animais e hominais, os elementos inertes, rochas e minerais, as construções humanas, prédios, edifícios, avenidas, bancos, repartições públicas e privadas, residências, tudo, enfim, foi banhado por luz pura e cristalina que jorrava do Alto. Célere, a bela luminosidade espalhou do coração da Pátria para todos os recantos do Brasil, das Américas, da Europa, África, mais além, no Extremo e Médio Oriente, atingindo todos os continentes, países e cidades. Alcançou os pólos do Planeta, girou, em bailado sublime, por breves minutos ao redor da Terra e se prolongou mais além, em direção ao infinito. Jesus tinha se aproximado do Planeta, em brevíssima visita de luz, amor e compaixão. Jamais presenciei tanta beleza e tanta paz! Com afeto. Yvonne Pereira (Mensagem psicográfica recebida por Marta Antunes de Moura, na Federação Espírita Brasileira, em Brasília, no dia 22 de abril de 2010). [1] Domingo, 18 de abril de 2010: dia do encerramento do 3º Congresso Espírita Brasileiro. Todos os presentes cantavam, emocionados, a música pela paz.

O Evangelho e a Responsabilidade. "(...) O Evangelho serve para aliviar as dores da alma, serve para justificar as faltas dos homens, etc., mas é preciso notar que o Evangelho também chama à responsabilidade, exige de cada um de nós o esforço próprio para ser melhor. Há no Evangelho muitas consolações, mas também se encontram muitas advertências, muitas admoestações e muitas reprovações claras. Jesus ensinou e praticou o perdão em toda a sua plenitude, mas Jesus também reprovou o procedimento daqueles que reincidem no erro, daqueles que querem ser perdoados, querem receber muitos benefícios espirituais, mas não se corrigem, não procuram realizar a sua própria reforma moral...".

Artigo publicado na Revista Internacional de Espiritismo - Dezembro de 1953 - Número 11

Já houve quem dissesse, talvez com ironia ou com intuito depreciativo, que o Evangelho serve para tudo, segundo as necessidades ou as conveniências dos homens. De fato, as aplicações do Evangelho, nas diversas circunstâncias da vida, são muito elásticas, senão incalculáveis, pois não há situação em que, tanto na alegria, como na dor, deixem de ter cabimento os ensinos evangélicos. Parece, porém, que o sentido daquela frase é outro. Quando se diz, ali, que “o Evangelho serve para tudo...”, naturalmente o que se pretende afirmar é que os homens se utilizam do Evangelho para tudo, até mesmo para encobrir as suas mazelas ou para justificar as suas fraquezas.
Realmente assim é. Que o diga a experiência da vida prática. Cita-se o Evangelho, constantemente, a propósito de tudo, mas, quase sempre, quando convém buscar apoio da palavra de Jesus para justificar uma atitude incorreta.
É muito raro citar-se o Evangelho com o desejo sincero de encontrar nele a carapuça que cabe a cada um... O Evangelho serve para aliviar as dores da alma, serve para justificar as faltas dos homens, etc., mas é preciso notar que o Evangelho também chama à responsabilidade, exige de cada um de nós o esforço próprio para ser melhor. Há no Evangelho muitas consolações, mas também se encontram muitas advertências, muitas admoestações e muitas reprovações claras. Jesus ensinou e praticou o perdão em toda a sua plenitude, mas Jesus também reprovou o procedimento daqueles que reincidem no erro, daqueles que querem ser perdoados, querem receber muitos benefícios espirituais, mas não se corrigem, não procuram realizar a sua própria reforma moral.
Que disse Jesus à pecadora? Vai, e não peques mais. Veja-se bem: não peques mais... Que quer dizer isto? Que não basta apelar para o Alto, não basta orar muito, não basta pedir o amparo divino: é necessário, é indispensável, também, não Reincidir na falta, esforçar-se para não cair de novo.
O Evangelho não exime o homem da responsabilidade, das conseqüências de seus atos. Cada um tem livre-arbítrio, embora relativo. Quando, porém, o homem quer aliviar a sua responsabilidade ou atenuar as suas faltas, recorre geralmente a uma saída fácil: a carne é fraca, ainda não sou perfeito etc. etc. E lá vem o Evangelho, citado na ponta da língua, para justificar a falta de educação espiritual, a falta de dignidade, a falta de prudência, a falta de “oração e vigilância”, finalmente. Daí dizer-se que o “Evangelho serve para tudo...” Sim, para tudo, porque os homens acham que, com o Evangelho na mão, podem fazer tudo e, depois, se apresentarem como Irresponsáveis. Afinal de contas, ninguém é responsável, porque a carne é fraca; ninguém é responsável, porque este mundo é imperfeito, e aqui não há criaturas perfeitas; ninguém é responsável, porque as exigências do mundo ainda são muito pesadas etc. etc.
Cada um, portanto, quer fugir à responsabilidade e, por isso, recorre logo ao Evangelho. No entanto, o Evangelho ensina claramente o principio da responsabilidade individual, quando diz: coloca, primeiro, o reino de Deus dentro de ti, e tudo o mais virá por acréscimo.
Que significa isto? Significa, simplesmente, que cada um, antes de pedir que as coisas venham do Alto, antes de querer a proteção divina, Deve melhorar-se interiormente, deve fazer um exame de consciência.
Que vem a ser isto, senão o principio da responsabilidade? Jesus disse mais: a cada um segundo as suas obras. Aí está, de maneira clara e iniludível, o principio da responsabilidade.
Muita gente cita o Evangelho apenas quando convém apontar um versículo, uma sentença que possa favorecer uma pretensão ou desculpar um procedimento reprovável. É que nem sempre convém citar o Evangelho, em certos pontos, porque há nas palavras de Jesus expressões fortes e incisivas, com endereço, indistintamente, para quem têm olhos de ver.
Não devemos, finalmente, procurar no Evangelho somente aquilo que nos alivia, que nos dá consolo ou que nos dá justificativa para as nossas faltas, mas devemos procurar no Evangelho, de preferência, aquilo que nos chama ao cumprimento do Dever e ao sentimento de responsabilidade.
Artigo : Deolindo Amorim

Só entrarão no reino dos céus...

Artigo extraído do livro "O Sermão da Montanha" - FEB -
 

 7ª Edição - 6/1989.

“Nem todos os que dizem: Senhor! Senhor! Entrarão no reino dos céus; apenas entrarão aqueles que fazem a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E eu então lhes direi em voz muito inteligível: nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que obrais a iniqüidade”. (Mateus, 7:21-23).
O texto em epígrafe, vazado em linguagem clara e precisa, não deixa a menor dúvida que a entrada no reino dos céus é uma questão de observância das leis divinas e não de filiação a esta ou àquela organização eclesiástica, de nada valendo as cerimônias ritualísticas, os exercícios religiosos, ou as confissões de fé que não se façam acompanhar de boas obras.
Os que dizem: “crede, e sereis salvos”; ou: “crede, e não precisareis guardar a lei”, coitados! – são cegos condutores de cegos.
Jesus sempre condenou com veemência as práticas meramente formalistas de religiosidade, e jamais acoroçoou a idéia de que seja suficiente a aceitação deste ou daquele “credo”, para que alguém tenha assegurado sua entrada nas mansões celestiais.
É a obediência aos mandamentos que prova a sinceridade de nossas convicções e a excelência da doutrina que aceitamos.
Quando essa doutrina é de molde a transformar-nos, erradicando de nós as características do “homem velho”, repleto de imperfeições, vícios e mazelas, para substituí-las pelas do “homem novo”, fazendo que em nossa vida se manifestem a honestidade, a brandura, a tolerância e a alegria de fazer o bem, então podemos saber que estamos trilhando o caminho certo, pois “é pelos frutos que se conhece a qualidade da árvore”.
Serão dignos do nome de cristão, os que se limitam a pregar os ensinamentos do Cristo (profetizar em seu nome), mas cujo caráter não se modifica para melhor, e não se mostram nem mais solícitos nem mais fraternos para com os outros? Não!
Os que, segundo os processos kardecistas ou umbandistas, doutrinam Espíritos obsessores, afastando-os daqueles que lhes sofriam o assédio, mas não se doutrinam a si mesmos, continuando com as mesmas fraquezas morais e a mesma falta de caridade no trato com seus semelhantes? Tampouco!
Os que fazem promessas, impondo-se penosas macerações, em demonstrações prodigiosas de fanatismo religioso (que a ninguém beneficiam), mas só cuidam da própria salvação, indiferentes à miséria e ao sofrimento do próximo? Também não!
À semelhança dos fariseus, os quais o Mestre comparou a sepulcros branqueados, formosos por fora, mas que por dentro estão cheios de asquerosidade, esses tais têm piedade apenas nos lábios, pois em seus corações o que há, realmente, é só frieza e hipocrisia.
Batendo na mesma tecla, disse Jesus de outra feita:
“Todo aquele que me confessar diante dos homens, também eu o confessarei diante de meu Pai que está nos céus; mas, ao que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante de meu Pai que está nos céus”. (Mateus, 10:32-33).
Portanto, chamar Jesus Cristo de Nosso Senhor ou Nosso Salvador, entoar-lhe hinos e louvores, será de todo inútil se lhe não seguirmos os preceitos.
Sim, porque “confessar o Cristo diante dos homens” tem o sentido de proceder de conformidade com sua doutrina; significa devotar-se ao auxílio da Humanidade, sem exceção de espécie nenhuma, amparando, ensinando e servindo sempre, tornando-se um veículo da manifestação do Amor e da Verdade no mundo.
Enquanto formos movidos pelo egoísmo e pela vaidade, vivendo tão-somente para a exaltação do próprio “eu”; enquanto nos mantivermos insensíveis à má sorte de nossos irmãos, conquanto nos proclamemos seguidores do Cristo, estaremos negando-o diante dos homens, pois “amando-nos uns aos outros” é que nos daremos a conhecer como verdadeiros discípulos seus. E como “o amor é o cumprimento da Lei”, só quando soubermos amar é que faremos jus ao galardão celestial.

O Reino dos Céus

Artigo publicado no jornal Unificação - Ano IX - Agosto
 

de  1961 - Número 101

“E, interrogado pelos fariseus sobre quando havia de vir o Reino de Deus, respondeu-lhes, e disse: O Reino de Deus não vem com aparência exterior. Nem dirão: Ei-lo aqui, ou, Ei-lo ali, porque eis que o Reino de Deus está entre vós”.
(Lucas, Cap. XVII, v. 20/21).

“ E dizia: A que é semelhante o Reino de Deus, e a que o compararei? É semelhante ao grão de mostarda que um homem, tomando-o, lançou na sua horta, e cresceu, e fez-se grande árvore, e em seus ramos se aninharam as aves do céu.

E disse outra vez: A que compararei o Reino de Deus?
É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou”.
(Lucas, Cap. XIII, v. 18/21).

“O reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo que um homem achou e escondeu, e, pelo gozo dele, vai, vende tudo quanto tem, e compra aquele campo”.


(Mateus, Cap. XIII, v. 44).

“ O reino dos céus é semelhante ao homem negociante, que busca boas pérolas.
E, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a.
O reino dos céus é semelhante a uma rede lançada no mar, e que apanha toda a qualidade de peixes.
E, estando cheia, a puxam para a praia; e assentando-se, apanham para os cestos os bons; os ruins, porém, lançam fora”.
(Mateus, Cap. XIII, v. 45/48).

Nos trechos evangélicos supra, o Mestre fez evidenciar que o Reino dos Céus não existe como lugar confinado, como mansão de repouso ou plano de contemplação beatífica.

Asseverando que o Reino dos Céus virá sem qualquer demonstração exterior, e ainda mais, que o tão almejado reino está perenemente entre nós, Jesus definiu, de modo inequívoco, como deveremos concebê-lo.
Evidentemente, se uma criatura vive em paz com sua consciência e é perseverante na observação dos ensinamentos evangélicos, estará, obviamente, vivendo num paraíso. Por outro lado, se qualquer indivíduo apenas pratica iniqüidades e reluta em seguir as veredas do Bem, estará, implicitamente, vivendo num verdadeiro inferno.
O Espiritismo proclama a existência dos planos superiores da Espiritualidade, onde os Espíritos que bem desempenharam o aprendizado nas “múltiplas moradas da casa do Pai”, gozam das bem-aventuranças peculiares àqueles que souberam assimilar as leis do amor. Essas regiões elevadíssimas não são destinadas à inação, ao descanso ou a servirem de reduto para espíritos egoístas que consideram a humanidade como parias ou intocáveis relegados à própria sorte.
No intuito de revelar aos seus pósteros a premente necessidade da preparação das almas para a tarefa dignificante de assimilação do reino dos Céus, o Nazareno fez várias comparações concludentes em torno do verdadeiro sentido em que devemos conceber a existência daquele reino. Naquelas felizes demonstrações o Reino dos Céus foi apresentado sob vários prismas que giram em torno do mesmo significado. Comparou-o, Jesus, ao grão de mostarda, que apesar de ser uma das mais minúsculas sementes, produz enorme vegetação; ao fermento que é capaz de levedar grande quantidade de massa; ao tesouro escondido, que, quando é achado por uma criatura, esta vende tudo quanto tem para adquiri-lo; a uma pérola de grande valor, que, quando achada serve de incentivo para quem a descobrir vender tudo quanto tem a fim de adquiri-la e, finalmente, a uma rede lançada ao mar e que, apanhando grande quantidade de peixes, uns são lançados fora como ruins e outros guardados como bons.
A máxima: “Buscai antes o Reino de Deus e sua justiça e tudo vos será acrescentado”, por si só é suficiente para demonstrar que, abrindo o coração para que nele se aninhe o sentimento do Bem, a criatura estará, tacitamente, recebendo pequena semente que se traduzirá em coisas empolgantes e gigantescas a ponto da criatura se sentir em íntimo contacto com as entidades boas e puras da Espiritualidade Superior, as quais, como aves do céu, dela aproximar-se-ão atraídas pelos vários ramos de virtude que emanam da sua alma.
Aquele que sentir em seu íntimo o despertar para as coisas de Deus deverá se desvencilhar de todas as imperfeições, deixando à margem todos os impulsos menos edificantes. Nesse caso deverá agir como aquele homem que, encontrando uma pérola de alto valor ou um tesouro escondido, se decidiu a dispor de tudo quanto tinha a fim de adquiri-los. O ser que pressentir, no âmago da sua alma, que as primícias do Reino dos Céus o estão bafejando com seus influxos, dada a sua qualidade de pessoa que pretende palmilhar a senda do Bem, deverá abandonar todas as preocupações escusas, os vícios, os maus pendores, a fim de possuir aquele Bem maior.
Fazendo analogia entre o Reino dos Céus e uma rede cheia de peixes, da qual o pescador separará os bons, guardando-os na cesta, e atirando os maus para fora, o Messias nos legou um ensino velado do qual temos que subtrair o espírito que vivifica.
O Reino dos Céus é para todas as criaturas de Deus. A rede generosa é lançada para toda a humanidade, indistintamente, assim como o Senhor derrama da sua infinita misericórdia sobre todos os seus filhos. Muitos, porém, não se contagiam por essas coisas sublimes e, quando ultrapassarem o limiar do túmulo, ocorrerá àquela separação lógica que os Evangelhos nos retratam, simbolizada no levantamento da rede e separação dos peixes: aqueles que se compenetraram dos seus deveres entrarão no gozo das coisas do Alto e aqueles que perverteram suas obrigações, que apenas aninharam o mal em seus corações, serão atirados para os lugares onde haverá choros e ranger de dentes – os planos terra-a-terra onde os espíritos ociosos curtirão as dores oriundas de um dever não cumprido, o umbral tenebroso servirá de cenário para essas criaturas que prevaricaram com os seus deveres.
Quando alguém nos disser que o Reino dos Céus está ali ou acolá, não devemos dar crédito. O tão aspirado Reino está dentro de nós e sua penetração em nosso coração se fará sem qualquer manifestação exterior, ou seja, pela simples prática das boas obras, conforme nos ensina o Cristo, através dos versículos 20 e 21 do Capitulo XVII do Evangelho de Lucas.

Paulo Alves de Godoy