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sexta-feira, 20 de julho de 2012

O Reino dos Céus

AUTOR: Amélia Rodrigues - IN: LIVRO "Dias Venturosos" - Psicografia de Divaldo P.Franco


Permaneciam, na musicalidade da natureza e na ressonância dos corações os acordos maviosos do incomparável Sermão da montanha.

A melodia daquele voz, que enunciara as prodigiosas lições de esperança e de paz, continuava em vibração doce no âmago de todos quantos a ouviram.

As palavras pareceram fundir-se nos sentimentos do público, assinalando de forma especial cada um dos que estiveram presentes, como jamais ocorrera anteriormente.

Qual se nunca houvesse existido o passado, tudo agora se resumia nas expectativas do futuro promissor.

As dores que, até então, significavam amargura, apreensão, pesar, perderam o significado perturbador, para assinalarem os seus portadores com diferentes expressões, que os tornariam eleitos para o porvir ditoso.

Antes, as dificuldades e os sofrimentos representavam desgraça, abandono do socorro divino, orfandade espiritual. A partir daquele momento, porém, não seria mais a mesma coisa, porque uma Era Nova se inciava, clareada por incomum sol de alegria, mensageiro de felicidade.

Desde quando Jesus se acercara da multidão às margens do lago de Genesaré, houve uma significativa alteração na vida antes tranquila e modorrenta dos habitantes da Região.

Acostumados à rotina e à submissão aos dominadores políticos e religiosos, todos cumpriam com os deveres lhes eram assinalados, deixando-se arrastar quase indiferentes pelos pequenos sucessos diários.

Todavia, quando se ouviram as primeiras notícias do Rabi, que Se transformou repentinamente no fulcro de todas as ansiedades, um bulício permanente passou a agitar as pessoas e as comunidades instaladas na sua orla.

De certo modo, aquelas águas piscosas, que refletiam os céus sempre azuis e transparentes, se tornaram a moldura fulgurante para a tela especial onde Ele começou a escrever a música sublime dos Seus ensinamentos, que jamais desapareceriam das paisagens terrenas.
Ao lado de todos esses sentimentos, incomuns para aquelas gentes simples e modestas da Galiléia, pairavam no ar dulcidas emoções que embalavam os corações em festa contínua.

Agora, a cada instante, chegavam novas notícias, informações a respeito dos Seus feitos e dos Seus ditos, de boca a boca, em festival de beleza e de encantamento incessante.

Os encontros sucediam-se, ora nas praias largas; em ocasiões outras, nas praças públicas onde se reuniam as pessoas de contínuo, na barca de Simão, que Ele havia elegido para tribuna de dissertações encantadoras, tendo em vista a avidez com que todos O buscavam.

O Seu contacto suavizava a aspereza dos comportamentos agressivos, das necessidades crescentes, dos sofrimentos sem quartel.

Estimulado por esse dealbar de ansiedades, após uma reunião, que tivera lugar no seu lar, quando o Mestre se dirigiu à praia para sintonizar com as forças vivas da Natureza e melhor comungar com Deus, Simão, enternecido aproximou-se, cuidadoso, e após sentir-se notado, justificou a presença, elucidando que necessitava de informações, a fim de acalmar o corcel desenfreado dos pensamentos que o dominavam naqueles dias.

A noite, esplêndida de estrelas, que lucilavam à distância, tinha quebrado o seu silêncio pelas ondas sucessivas que se arrebentavam nas areias de seixos e pedras miúdas, levemente sacudidas pela brisa, ou pelos indefiníveis sons que se misturavam ao perfume suave das flores silvestres.

Jesus sempre ouvia aqueles que O buscavam com um misto de ternura, bondade e mansidão, permitindo que se estabelecesse um intercâmbio de vibrações dulçurosas, que passariam a impregnar o interlocutor para sempre.

Animado pela expressão de doçura do Amigo silencioso e atento, o pescador inquiriu, de monstrando interessse justificado:
- Falas a respeito do reino dos Céus, enriquecendo-nos a imaginação com símbolos - incomuns para a nossa compreensão. Acreditamos nas Tuas palavras. No entanto, acostumados à pesca rude, aos trabalhos desgastantes, sem hábitos mentais diferentes, todos nos inquirimos como será esse lugar. Eu próprio me tenho interrogado onde fica e como é constituído.

Fez uma pausa, emocionado, como se estivesse concatenando as idéias, para logo prosseguir:
- Gostaria, Senhor, que me explicasses, a fim de que, entendendo, também eu o pudesse dizer aos companheiros que participam das mesmas interrogações.

Abarcando a noite luminosa que dominava a paisagem à vista, o Mestre, paciente, elucidou:
- O reino dos Céus é o recanto calmo e silencioso do mundo interior onde repousam todas as ansiedades. Enquanto se está na Terra, os seus domínios se ampliam pela consciência em tranquilidade, pelo dever rectamente cumprido, e domina o coração com bem-estar, envolvendo todo o mundo íntimo em harmonia.

Proporciona alegria de viver, confiança no futuro, equilíbrio de acção, e dá sentido à existência corporal. E mesmo quando advém a morte física do ser, ei-lo que se transfere para a Imortalidade.

Silenciou momentaneamente, a fim de facultar ao discípulo compreender o conteúdo da lição, logo prosseguindo:
- A vida na Terra é constituída pelo elementos que existem no Reino Eterno e que são adaptados pelas necessidades humanas ao seu desenvolvimento e progresso. Porque a criatura ainda se encontra em processo de evolução, as suas construções primárias e grosseiras, que lentamente se vão transformando para melhor, a esforço de cada um e de todos reunidos.

Observa a delicada flor do espinheiro, que oscila ao vento e constatarás que é elaborada com a mesma substância dos acúleos que existem nas hastes. A luz prateada do astro que se engasta no Infinito e que nos parece repousante quão fria, é ardente e insuportável na superfície dele. No orvalho que nos humedece a face e os cabelos tens o mar miniaturizado, mas não é o mar gigantesco em si mesmo, que está à nossa frente ...

Assim é o reino dos Céus, a que me refiro e que a todos nos aguarda.

As suas fronteiras não podem ser conhecidas, porque são infinitas; a sua constituição escapa a qualquer definição, somente podendo ser apreendida pela emoção e a razão que dispensam palavras. Lá, não existe sofrimento, nem medo. A alma, que o alcança, liberta-se de preocupações e ansiedades, usufruindo das alegrias que na Terra jamais experimentou. O amor é vivo e pulsante, irradiando-se em todas as direcções, qual música divina que enternece e sustenta a esperança, fundindo os corações uns nos outros, sem desconfiança, nem precipitação.

Envolvendo o discípulo, que tinha os olhos iluminados de esperança e sorria de júbilos ante a possibilidade de transladar-se para esse paraíso, prosseguiu:
- O homem no mundo tudo mede pela pequenez de sua capacidade de entender a vida, não conseguindo possuir capacidade mental para superar os limites nos quais se encontra, enjaulado pelo corpo. No entanto, porque a vida orgânica é transitória, momento chega em que ele se liberta do carcere pela morte e defronte o mundo da realide, que ultrapassa a sua capacidade de antecipação,no qual se não foi vitorioso na luta contra as paixões e os vícios que o infelicitam, prossegue sofrendo, apegado aos interesses doentios a que se entregou. No entanto, quando consegue libertar-se das algemas do pecado, das rudes injunções afligentes que o apequenam, havendo superado os desejos malsãos, a inferioridade, porque cultivou o amor e a virtude, adentra-se pelo reino dos céus, como triunfador após a refrega das batalhas vencidas e a superação dos sentimentos animais.

Calou-se, por instante, para logo concluir:
- A morte do justo, a grande libertadora, transporta-o para o país da felicidade total, que já carrega interiormente, e onde nunca mais se acabará.

Hoje estamos lançando as bases colossais desse futuro, e porque ainda não é conhecido, experimentaremos a incompreensão dos sensualistas e gozadores, dos que desfrutam o poder enganoso e a propriedade injusta... Dia virá, porém, que não está próximo nem longe, no qual, as criaturas compreenderão a necessidade de preparar-se para conquistá.lo e envidarão todos os esforços, entregando a própria vida física, a fim de desfrutarem dele por toda a Eternidade...

Não foi necessário dizer mais nada. O silêncio, que se fez natural, estava saturado de bençãos, e Simão, emocionado, deixou-se arrastar pelas esperanças de o conseguir, quase em êxtase de felicidade.

FONTE: Revista de Espiritismo (Federação Espírita Portuguesa) - Artigo Jan - Março 2006 nº.67
Autor Espíritual: Amélia Rodrigues
Psicografia de: Divaldo P. Franco
IN: "Dias Venturosos"

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